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• Linfomas são neoplasias malignas do sistema linfoide. • Timo e MO: Órgãos linfoides primários. • Baço e linfonofos: órgãos linfoides secundários. • Linfócitos T amadurecem no timo, enquanto linfócitos B amadurecem na própria MO. • Os linfócitos B vão para a periferia como naive (“virgens”), dirigindo-se para o baço e par os linfonodos para entrar em contato com as APC (células apresentadoras de an- tígenos) para desencadear a res- posta imune. Linfomas: São proliferações clonais que resultantes da transformação neoplásica1 de uma célula linfoide em um ponto específico2 de seu processo de maturação. • 1 Ocorrem lesões em genes relacio- nados à síntese de proteínas envol- vidas na regulação do ciclo celular, levando à desregulação do ciclo celular e à vantagem proliferativa. • • 2 Os vários tipos de linfomas (com características moleculares, citoge- néticas, imunológicas, morfológicas e clínicas distintas) são determina- dos de acordo com a célula aco- metida (Linfócitos T ou B) e com fase evolutiva na qual ocorre a lesão. Fatores de risco para linfomas • Imunossupressão ou imunodefici- ência. • Agentes infecciosos (que podem gerar efeito permissivo para onco- gênese ou efeito oncogênico di- reto) – Epstein Barr Vírus (EBV), HCV, HIV, HHV-8, HTLV I e II, Helicobacter Pilory. • História familiar de linfomas. • Doenças do tecido conjuntivo. • Radiação ionizante. • Linfoma de Hodgkin Hematologia Medicina 2 Linfomas: Classificação • Linfoma de Hodgkin (LH). • Linfomas não-Hodgkin (LNH) – Vários subtipos. Linfoma de Hodgkin • Descrito inicialmente em 1832 – sendo uma doença invariavel- mente fatal à época. • Steinberg 1898, e Reed, 1902, des- creveram a célula característica da doença – Célula de Reed-Sternberg (célula R-S). • Incertezas quanto ao seu caráter neoplásico até o final do século XX – quando foi denominada “doença de Hodgkin” após estudos molecu- lares comprovarem ser um tumor do tecido linfoide. • LH é um linfoma com características específicas! (biológicas e clínicas). • Acometimento de áreas nodais contíguas (apesar dos linfomas se- rem doenças sistêmicas, o LH cos- tuma se comportar + como tumor sólido – podendo acometer, por exemplo, cabeça, pescoço e axi- las). • Modelo de abordagem diagnós- tica e terapêutica em oncologia • Estadiamento clínico (áreas aco- metidas) consiste em um bom indi- cador de prognóstico. • Modelo clínico para primeiros tra- tamentos oncológicos – radiotera- pia e quimioterapia. • Neoplasia de origem linfoide ca- racterizada por proliferação de cé- lulas neoplásicas de morfologia va- riável denominadas células de Reed-Sternberg, imersas em subs- trato celular característico, de as- pecto inflamatório (costuma haver mais células inflamatórias do que células de Reed-Sternberg nas lâmi- nas de biópsia). • Origem da célula: centro germi- nativo do Folículo Linfoide(aproxi- madamente 98% derivam de linfóci- tos B e 2% de linfócitos T). • A maioria das células pre- sentes no linfonodo acometido são células linfoides policlonais (reati- vas), e não células neoplásicas. Obs.: leucemia linfoide é uma neoplasia linfoide que se originam na MO, de início generalizado. Dife- rentemente, o linfoma possui início localizado, e pode acometer qual- quer órgão linfoide, principalmente os linfonodos. Hematologia Medicina 3 Célula de Reed-Steinberg (RS) Variantes da Célula de RS Epidemiologia • 1% de todas as neoplasias (baixa incidência e p revalência) e 30% dos Linfomas. • Taxa de incidência estável nas 2 últimas décadas. • Curva de incidência bimodal em países desenvolvidos (em países ágrícolas a curva permanece unimodal). • Primeiro pico em torno dos 20 anos (15-30 anos). • Segundo pico a partir dos 50-55 anos. • Seguno o Instituto Nacional do Câncer (Inca): 3.530 novos casos/ano, sendo 1.480 em homens e 1.050 em mulheres. • Predomina em homens, a exceção do subtipo esclerose nodular. Epidemiologia e Etiopatogenia • Dados epidemiológicos e sorológicos sugerem que o vírus EBV desempenha papel na patologia. ▪ Padrão de resposta à infecção anômalo. ▪ Infecção latente, com expressão de proteínas que conferem vantagem proliferativa às células. • Antecedente de Mononucleose Infecciosa por sorologia aumenta o risco de Linfoma de Hodgkin 3 vezes. • Suscetibilidade genética: correlação com agregados familiares, incidência maior em gêmeos homozigóticos e maior incidência em judeus. Hematologia Medicina 4 Patologia e Imunohistoquímica • Lindoma de Hodgkin com predomi- nância linfocitária nodular (LHPL) – 5%. • Forma Clássica (LHC) – 95% ▪ Caracteriza-se pela identifica- ção da célula de Reed-Stern- berg com o imunofenótipo clás- sico CD15+, CD30+, CD45-. ▪ Subtipos: ▪ Esclerose Nodular (mais co- mum) 70%. ▪ Celularidade Mista: 20%. ▪ Rico em Linfócitos (raro). ▪ Depleção Linfocitária (rara): 5%. o Predominância Linfocitária, forma nodular (LHPL) - 4-5%. Quadro clínico • Queixa mais comum: linfonodomegalia ou adenomegalia. • Massas nodais indolores de crescimento progressivo, tamanho variável, por aumento de um linfonodo ou grupo de linfonodos. ▪ 75% são cervicais, mas podem ser axilares ou inguinais (geralmente, com disseminação por contiguidade). ▪ Pode haver coalescência (“cachos de uva”) dos linfonodos. ▪ LH tem preferência supradiafragmática. ▪ Sintomas locais: dor ou prurido com ingestão alcóolica. ▪ Pode haver múltiplas áreas envolvidas. • Em geral massa indolor, expansiva, de descoberta ocasional, móvel, consistência elástica, sem sinais de inflamação (calor, rubor, dor). • Acometimento de forma centrípeta. Hematologia Medicina 5 • Pode acometer cadeias ganglionares profundas (pode se detectado mediante radiografia, que demonstra alargamento de mediastino). • Detectadas em exames radiológicos. • Supradiafragmática. • Mediastino 60-65 % - gânglios paratraqueais e traqueobrônquicos. • Infradiafragmáticas: gânglios para- aórticos (10-30%). • Envolvimento visceral – pulmão (15%), fígado (10%), medula óssea (10%). • Esplenomegalia presente em 30%: detectável em exame clínico ou radiológico. Consisite em um mau preditor. • Todo acometimento infradiafragmático de Linfoma de Hodgkin tem mau preditor. Obs.: No Linfoma de Hodgkin Predominância Linfocitária (LHPL): ▪ A doença costuma de manifestar de forma localizada e compromete sobretudo linfonodos periféricos. ▪ Raramente acomete mediastino. ▪ 5-20% dos casos evoluem para doença avançada. ▪ Curso clínico indolente, com recaídas. • • Sintomas B (comum a Linfoma Hodgkin e Linfoma não Hodgkin, ocorrendo em 25-30% dos casos): ▪ Perda de peso (> 10%). ▪ Sudorese noturna . ▪ Febre: pode ocorrer em horários específicos, podendo ser vespertina, autolimitada e de baixa intensidade . ▪ Prurido (raro). ▪ Fadiga, anorexia. • Sintomas respiratórios (podem ocorrer, por exemplo, na presença de massa mediastinal): tosse, dispneia, dor torácica, rouquidão, estridor . • Síndrome de Veia Cava Superior: compressão vascular por massa mediastinal, com vasodilatação cervical, pletora facial e cianose, Hematologia Medicina 6 edema de membros superiores, cefaleia. • Síndrome anêmica: sequestro do Ferro pelas citocinas inflamatórias. • Anormalidades imunológicas (paraneoplásicas). ▪ Síndrome Nefrótica. ▪ Anemia Hemolítica Auto-Imune. • Complicações infecciosas ▪ O Linfoma de Hodgkin cursa com imunossupressão relacionada à doença. ▪ Logo, as complicações infecciosas são comuns, como: ▪ Herpes zoster; Pneumocystis carinii (em Qt).▪ Infecções pneumocócicas. ▪ Tuberculose. Diagnóstico Diferencial • Causas de linfonodomegalia 1) Infecciosas ▪ Infecções granulomatosas: tuberculose, histoplasmose. ▪ Infecções virais: Mononucleose (pode gerar adenomegalia com linfócitos atípicos), sarampo, hepatites infecciosas, SIDA, Dengue, CMV, Rubéola, Herpes. ▪ Infecções piogênicas com sítio de drenagem no linfonodo acometido. Obs.: LH pode ser totalmente assintomático inicialmente, já as doenças de diagnóstico diferencial costumam dar sintomas desde o início. ▪ 2) Neoplásicas ▪ Linfoma não Hodgkin; ▪ Leucemias linfóides e Leucemias mielóides (rara). ▪ Carcinoma metastático. 3) Outras causas: ▪ Doenças auto-imunes: Lúpus Eritematoso Sistêmico, Artrite Reumatoide, Sjögren, Ttireoidite de Hashimoto – podem ter poliadenopatias. ▪ Doença de Kawasaki, Doença de Castleman. o Obs.: O desafio clínico diante de um paciente com linfonodomegalia é decidir quais casos são de risco para doenças neoplásicas ou graves e quais casos são mais provavelmente benignos. Hematologia Medicina 7 Exames laboratoriais para investigação inicial • Hemograma: ▪ Anemia de doença crônica, leve (pode ser grave em doenças avançadas ou pode ser ausente). ▪ Leucocitose com neutrofilia, eosinofilia, linfopenia. ▪ Trombocitose. ▪ Hemograma normal na maioria dos pacientes. • VHS, LDH, Sorologias (EBV, CMV, Toxoplasmose, Hepatites B e C, HIV, Sífilis...). Obs.: HIV aumenta o risco de linfoma de 100 a 200 vezes, portando deve-se fazer sorologia em todos os pcts com LH. • FR (fator reumatoide), FAN (fator antinúcleo). Exames radiológicos para diagnóstico inicial • Radiografia de tórax: pode revelar alargamento de mediastino (se gânglios grandes o suficiente). • Ultrassonografia da região com adenomegalia: medidas e aspecto pode sugerir a natureza benigna (reacional) ou provavelmente maligna do linfonodo . Obs.: O linfonodo não necessita estar aumentado para ser alterado. Diagnóstico definitivo • Biópsia com estudo anátomo-pa- tológico e imuno-histoquímica (quando o gânglio possuir tamanho suficiente) Estadiamento do Linfoma de Hod- gkin • Exames para localizar o linfoma • Objetiva assegurar a identifica- ção de todas as áreas acometi- das, que deverão ser rea valia- das ao final do tratamento para documentar graus de resposta (remissão parcial, remissão com- pleta, refratariedade). • Importância: Tem valor prognós- tico e subsidia a definição da abor- dagem terapêutica de acordo com a extensão da doença. Hematologia Medicina 8 • Tomografias computadorizadas de corpo inteiro são o procedi- mento radiológico padrão. • TC com emissão de pósitrons – PET/CT: fornece informação funcio- nal (áreas acometidas, mas ainda sem aumento tecidual. • PET-CT também pode ser feito ao final o tratamento para a identifica- ção de massas residuais. • Biópsia de medula óssea– realizar se PET-CT não disponível ou se houver sintomas B. Tratamento do Linfoma de Hodgkin • Quimioterapia combinada ou não com radioterapia. • De acordo com estádio e fatores de risco. • Doença com elevado potencial curativo (~80% dos pacientes serão curados). • Tratamento é tóxico e tem compli- cações tardias. • Há protocolos de quimioterapia “de segunda linha”, para pacientes que têm recaídas após tratamento ini- cial. • Linfoma de Hodgkin responde bem à radioterapia. • A radioterapia tem efeito adicional à quimioterapia, sendo utilizado em associação, como terapia de con- solidação ou como terapia isolada em casos específicos. • Transplante autólogo de medula óssea é utilizado como terapia adicional após recaídas da do- ença. • Desafio: ▪ Identificar os fatores preditores de resposta e garantir melhores respostas com menor toxici- dade. ▪ Incluir pacientes em categorias de risco para orientar trata- mento. ▪ Otimizar resultados nos pacien- tes com doenças mais agressi- vas. ▪ Diminuir toxicidades tardias em pacientes com doenças em es- tádios mais iniciais. Hematologia Medicina 9 Fatores prognósticos em linfoma de Hodgkin • Estadiamento tem valor prognós- tico. • Dados clínicos e laboratoriais combinados – “índices prognósti- cos”. • Na doença localizada (estadios I e II) são fatores prognósticos: ausên- cia de sintomas B, se VHS elevado, idade > 50 anos, número de áreas acometidas, por exemplo. • Na doença avançada (estádios III e IV), são fatores prognósticos: sexo masculino, idade > 45 anos, estadio IV, albumina < 4,0g/dl, Hb < 10,5g/dl, leucócitos > 15mil/mm3, lin- fócitos < 600/mm3. • Esses fatores são utilizados para dividir os pacientes em categorias de risco e orientar tratamento. Tratamento do LH – complicações • Precoces: ▪ Toxicidade à medula óssea, In- fecções, neuropatia, e toxici- dade miocárdica à Adriamicina. • Tardias – elevada morbidade ▪ Hipotireoidismo – área irradiada. ▪ Infertilidade. ▪ Aumento do risco de DAC. ▪ Aumento do risco de neoplasias em áreas irradiadas: tireoide, mama, pele, tumores cabeça e pescoço. ▪ Aumento do risco de leucemias agudas e síndromes mielodisplási- cas. Referências • MARTINS, Mílton de Arruda; CARRI- LHO, Flair José; ALVES, Venâncio Avancini. Clínica Médica, volume 3: Doenças Hematológicas, Onco- logia, Doenças Renais e Genituri- nárias. 2. ed. Barueri: Manole, 2015. v. 3. • Anotações de aula.
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