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Casos Transtornos de Humor

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CASO 1 
 
Ana Clara (nome fictício), de etnia caucasiana, solteira, 26 anos de idade, sem 
filhos, morava sozinha havia 10 anos e residia longe da família de origem. Formara-se 
jornalista havia três anos, porém não exercia sua profissão. Cursava duas especializações 
em sua área, sendo muito estudiosa e dedicada. Procurou terapia queixando-se de 
sintomas de tristeza, desânimo, choro e falta de vontade para finalizar os cursos de pós-
graduação. Os motivos principais de sua tristeza, segundo a paciente, relacionavam-se ao 
envolvimento em uma relação amorosa com um homem casado e às dificuldades em 
conseguir um trabalho no seu ramo de formação. Ana Clara não se submeteu a nenhum 
tratamento psiquiátrico e/ou psicológico anteriormente ao início das sessões e não fazia 
uso de medicações. Em relação à área familiar, relatava boa relação com a família (pais, 
mãe, irmão e cunhada), apesar de residir em uma cidade diferente da dos pais. Suas 
atividades de lazer e sociais ficavam restritas quando se sentia deprimida, além de não 
praticar atividade física nesses períodos. Quando se sentia melhor, frequentava a 
academia. Tinha poucos amigos na cidade, contribuindo para que desenvolvesse suas 
atividades de lazer e sociais, quando aconteciam, sozinha. 
Na esfera profissional, apresentava bom rendimento acadêmico, porém 
procrastinava a elaboração da monografia de conclusão de curso, tendo abandonado, 
temporariamente, os estudos para concurso público. Além disso, não trabalhava devido à 
dificuldade em encontrar um emprego de que gostasse. Apresentava boa saúde física e 
mental, fazia exames regulares, não tinha doenças crônicas importantes ou histórico de 
uso ou abuso de substâncias. 
Na área afetiva, relatou ter sido abandonada por seus parceiros nas relações 
amorosas desde a adolescência, não tendo a oportunidade de assumir um relacionamento. 
Seus relacionamentos anteriores não foram duradouros. Tanto nessa área como na social, 
relatava não saber fazer ou negar pedidos, além apresentar grande dificuldade em fazer 
cobranças, pois, em alguns momentos, era passiva e, em outros, agressiva com as pessoas. 
 
 
 
 
 
 
CASO 2 
 
Rafaela, uma técnica de laboratório de 35 anos, foi encaminhada para o 
departamento de psiquiatria ambulatorial de um centro médico acadêmico pelo programa 
de assistência ao funcionário de seu empregador, uma empresa farmacêutica de grande 
porte. Seu supervisor havia encaminhado Rafaela após uma crise de choro por receber 
uma crítica leve durante uma análise anual de desempenho que havia sido, de modo geral, 
positiva. Um pouco constrangida, disse ao psiquiatra que estava “se sentindo triste há 
anos” e que ouvir uma crítica a seu trabalho havia sido “demais”. Ela havia se mudado de 
cidade para fazer uma pós-graduação em química. Deixou a universidade antes de 
completar seu doutorado e começou a trabalhar como técnica de laboratório. Sentia-se 
frustrada com o trabalho, que ela encarava como um “beco sem saída”, mas temia não 
dispor de talento para encontrar um trabalho mais gratificante. Em consequência, lidava 
com sentimentos de culpa de que “não havia feito muito” de sua vida. Apesar de seus 
problemas no trabalho, ela achava que conseguia se concentrar sem dificuldade. Negou 
pensamentos suicidas, mas às vezes se perguntava: “Qual é o sentido de viver?”. Ao ser 
indagada, relatou que eventualmente tinha dificuldades para dormir. Contudo, negou 
mudanças em seu peso ou no apetite. 
 Embora ocasionalmente saísse com colegas de trabalho, afirmou que se sentia 
tímida e pouco à vontade em situações sociais a menos que conhecesse bem as pessoas. 
Gostava de correr e de ficar ao ar livre. Embora seus relacionamentos românticos 
normalmente não “durassem muito”, achava que sua libido era normal. Havia percebido 
que os sintomas aumentavam e diminuíam de intensidade, mas permaneciam constantes 
ao longo dos últimos três anos. Rafaela ficou deprimida pela primeira vez no ensino 
médio, quando o pai sofreu várias hospitalizações após desenvolver leucemia. Na época, 
foi tratada com psicoterapia, com boa resposta. Não tinha outra história psiquiátrica ou 
médica e seus medicamentos eram um composto multivitamínico e contraceptivos orais. 
Diante das opções de tratamento, manifestou preferência por uma combinação de 
medicamentos e psicoterapia. Começou a tomar citalopram e iniciou um curso de 
psicoterapia. Depois de vários meses de tratamento, revelou que havia sido abusada 
sexualmente por um amigo da família na infância. Revelou-se também que ela tinha 
poucas amigas mulheres e um padrão persistente de relacionamentos disfuncionais e 
ocasionalmente abusivos com homens. 
 
CASO 3 
 
Eduardo era um menino de 12 anos encaminhado por seu psiquiatra a um 
programa de hospitalização parcial para adolescentes devido aos constantes conflitos que 
assustavam tanto seus colegas de aula quanto seus familiares. De acordo com seus pais, 
Eduardo geralmente era instável e irritável, com episódios frequentes em que agia como 
“um monstro enfurecido”. Desse modo, ficou quase impossível estabelecer limites. Mais 
recentemente, ele quebrou a porta de um armário para pegar o videogame que havia sido 
retido para convencê-lo a fazer o dever de casa. Na escola, ele era conhecido por ter pavio 
curto e recentemente havia sido suspenso por socar outro garoto no rosto depois de perder 
uma partida de xadrez. Durante a infância, Eduardo era um menino extremamente ativo, 
“sempre correndo”. Também era um “garoto sensível”, constantemente preocupado que 
as coisas dessem errado. Seu nível de tolerância à frustração sempre foi inferior ao de 
seus pares, de modo que seus pais desistiram de levá-lo às compras porque sabiam de 
antemão que ele ficaria histérico se não lhe comprassem os brinquedos que queria. Os 
relatos no boletim da escola indicavam inquietude, oscilação na atenção e impulsividade. 
Quando ele tinha 10 anos, um psiquiatra infantil o diagnosticou com transtorno de déficit 
de atenção/hiperatividade (TDAH), tipo combinado. Ele foi encaminhado para um 
terapeuta comportamental e começou a tomar metilfenidato, com melhora nos sintomas. 
Ao chegar à 5a série, sua instabilidade emocional se tornou mais acentuada e 
persistente. Ele geralmente estava de mau humor, reclamando que a vida era “injusta”. 
Eduardo e seus pais começaram a travar batalhas diárias para estabelecer limites durante 
o café da manhã, enquanto ele demorava para se aprontar para ir à escola e – no final da 
tarde – continuavam discutindo sobre deveres de casa, videogames e horário de dormir. 
Durante essas discussões, o menino frequentemente gritava e atirava objetos próximos. 
Quando chegou à 7a série, seus pais estavam cansados e os irmãos o evitavam. De acordo 
com os pais, ele não tinha problemas de apetite e, embora discutissem sobre o horário de 
dormir, ele não parecia apresentar um distúrbio do sono. Aparentemente gostava de suas 
atividades diárias, mantinha uma boa energia e não tinha história de euforia, 
grandiosidade ou redução da necessidade de sono que durasse mais de um dia. Embora o 
descrevessem como “instável, isolado e solitário”, seus pais não achavam que ele estava 
deprimido. Negaram história de alucinações, abuso, trauma, conduta suicida ou homicida, 
desejo de autoagressão ou qualquer desejo premeditado de ferir os outros. Ele e seus pais 
negaram que o menino tivesse alguma vez consumido álcool ou drogas. Sua história 
médica não tinha informações relevantes. Sua história familiar era relevante em relação a 
ansiedade e depressão no pai, alcoolismo nos avós paternos e possivelmente TDAH sem 
tratamento na mãe. 
Durante a entrevista, Eduardo estava levemente ansioso, mas participativo. Seu 
corpo se virava para a frente e para trás enquanto estava sentado na cadeira. Ao analisar 
seus ataques de raiva e sua agressividade física, ele disse: “É como se eu não conseguisseevitar. Não tenho a intenção de fazer nada disso, mas quando fico com raiva, não penso 
em nada. É como se me desse um branco”. Ao ser perguntado sobre como se sentia em 
relação a seus ataques, ele pareceu bastante triste e afirmou seriamente: “Odeio quando 
fico assim”. Quanto a se pudesse mudar três coisas em sua vida, ele respondeu: “Teria 
mais amigos, me sairia melhor na escola e pararia de me irritar tanto”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CASO 4 
 
Jane era a esposa de um conhecido cirurgião e a mãe amorosa de três filhos. A 
família morava em uma antiga casa de campo à beira da cidade, com espaço de sobra para 
os familiares e animais de estimação. Jane tinha quase 50 anos; os filhos mais velhos 
tinham saído de casa; o filho mais novo, de 16 anos, Mike, estava com dificuldades 
acadêmicas substanciais na escola e parecia ansioso. Jane trouxe Mike para a clínica para 
descobrir por que ele estava tendo problemas. 
 Quando entraram no escritório, observei que Jane estava bem vestida, asseada, 
cheia de vida e era agradável; ela tinha uma vivacidade em seu caminhar. Ela começou a 
falar sobre sua família maravilhosa e bem sucedida antes mesmo de ela e Mike se 
sentarem em seus lugares. Mike, pelo contrário, era quieto e reservado. Ele parecia 
resignado e talvez aliviado de que ele teria que dizer pouco durante a sessão. No momento 
em que Jane se sentou, ela havia mencionado as virtudes pessoais e realização material 
de seu marido e o brilho e beleza de um de seus filhos mais velhos e ela estava a ponto 
de falar sobre o segundo filho. Porém, antes que terminasse, ela notou um livro sobre 
transtorno de ansiedade e depois de ler vorazmente o título, começou uma ladainha de 
vários problemas relacionados à ansiedade que poderiam estar perturbando Mike. 
Enquanto isso, Mike sentou-se no canto com pequeno sorriso nos lábios que 
parecia estar mascarando um sofrimento considerável e incerteza sobre o que sua mãe 
poderia fazer a seguir. Tornou-se claro, conforme a entrevista progredia, que Mike sofria 
de transtorno obsessivo, que perturbava sua concentração dentro e fora da escola. Ele 
estava falhando em todas as matérias. 
Jane tinha um entusiasmo desenfreado, percepções grandiosas, discurso 
“ininterrupto” e relato de que precisava de pouco sono nos últimos dias. Ela também se 
distraía facilmente, como quando mudou rapidamente de assunto, de descrever seus filhos 
ao livro sobre a mesa. Quando perguntada sobre seu próprio estado psicológico, Jane 
prontamente admitiu que alternava de forma bastante rápida entre sentir-se no topo do 
mundo e sentir-se deprimida; estava tomando medicação para a sua condição. Eu 
imediatamente me perguntei se as obsessões de Mike tinham alguma coisa a ver com a 
condição de sua mãe. Mike foi tratado intensivamente por suas obsessões e compulsões, 
mas fez pouco progresso. Ele disse que a vida em casa era difícil quando sua mãe estava 
deprimida, As vezes ela ia para a cama e ficava lá por três semanas. Durante esse tempo, 
parecia estar em um estado de estupor depressivo, essencialmente incapaz de se mover 
por alguns dias, Cabia às crianças cuidar de si mesmas e de sua mãe, a quem davam 
comida na boca. Grande parte da carga caiu sobre e, ao passo que as crianças mais velhas 
já tinham saído é e casa. Os episódios depressivos profundos de Jane remitiam depois de 
cerca de três semanas, e ela tornava-se engraçada, divertida e uma ótima companhia – se 
você conseguisse uma palavra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CASO 5 
 
Eu não sentia vontade de fazer nada, não tinha força, nem objetivo. Se eu pudesse, 
ficaria o dia todo na cama. Procurei um psiquiatra e ele me diagnosticou com depressão 
pós-parto. Comecei a tomar alguns remédios e melhorei um pouco, mas ainda me sentia 
instável. Eu tinha muitas alterações de humor, mas eu não percebia isso, as pessoas mais 
próximas comentavam que o meu temperamento era difícil. 
Às vezes eu ficava triste, chorava, me isolava e não queria falar com ninguém. Eu 
não me importava com nada. Numa das vezes, cheguei a ficar três dias sem tomar banho 
e perdi quase 10 kg. Parecia um zumbi. Eu não limpava a casa e me arrastava para cuidar 
dos meus filhos pequenos. Dava banho e comida para eles chorando. Pedia para eles não 
conversarem comigo. 
Outras vezes eu era explosiva, ficava dias sem dormir, era muito agitada, falava 
alto, gesticulava bastante e gastava compulsivamente sem ter dinheiro. Eu fui ao salão de 
beleza e gastei mais de R$ 1.200 fazendo unha, cabelo, depilação. Numa outra vez, entrei 
num site de utilidades domésticas e decoração e gastei R$ 3 mil. 
A doença também afetou a minha carreira como vendedora. Meus colegas de 
trabalho tinham medo de mim, porque eu era uma pessoa agressiva. Teve uma vez que eu 
gritei com o meu gerente no meio da loja, na frente de alguns clientes porque eu queria 
que ele resolvesse um problema com o meu salário. Meus colegas eram orientados a não 
me contrariar. 
Em casa, a situação era complicada. Havia fases em que eu gritava, batia a porta 
e quebrava alguns objetos quando meus filhos sujavam a casa ou não limpavam alguma 
coisa direito. Eles ficavam paralisados me olhando assustados. A minha reação era muito 
desproporcional ao que tinha acontecido, mas eu não fazia isso conscientemente, era do 
sintoma do transtorno. No início, meu marido achava que minhas crises eram frescura e 
ficamos afastados por causa disso. Eu e minha família sofremos bastante porque não 
entendíamos o que estava acontecendo comigo. 
O pior momento foi quando eu tomei um monte de remédio e tentei me suicidar. 
Foi um ato de desespero, eu queria sair daquele buraco no qual eu me encontrava, queria 
acabar com a dor e a angústia que eu estava sentindo. Meu marido me encontrou 
inconsciente no quarto e me levou ao hospital. Fui internada seis vezes em dez anos. Eu 
me sentia culpada por estar longe do meu marido e dos meus filhos. A médica me 
explicava que eu estava doente e que eu não deveria me sentir mal.

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