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DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS 1. Hipernatremia: ➢ Perda maior de água do que sódio → aumento da osmolaridade sérica → ADH/sede. ➢ A correção dos níveis séricos de sódio é feira através da água – perda de água (urina); ingestão de água (sede). ➢ Hipovolemia (sangramento, vômito, diarreia – perda de água + sódio): taquicardia, hipotensão, má- perfusão, sonolência. ➢ Desidratação – perda de água livre – tendência a hipernatremia. ➢ Hipernatremia grave (>150mEq/L): ➢ Falta de água (maioria das vezes). ➢ Excesso de sódio. ➢ Causas da hipernatremia: ➢ Falha na produção do ADH (Diabetes insipidus central) – no ambulatório o pct vai estar com o sódio normal (devido ao mecanismo da sede – paciente perde muita água, mas também ingere muita água); paciente internado com acesso a água negado terão, então, a elevação do sódio. ➢ Falha na ação do ADH (Diabetes insipidus nefrogênico) – sódio normal no ambulatório e, elevado, com acesso a água negado. ➢ Pacientes de risco para hipernatremia (pacientes que não tem livre acesso a água): ➢ Idosos com quadro demencial. ➢ RN ou lactente. ➢ Pacientes intubados. ➢ Pacientes com alteração no centro da sede (tálamo) – sódio ≥ 150mmol/L e não sentem sede – hipodípsia. ➢ Atenção a reação cerebral na hipernatremia! ➢ Elevação da osmolaridade → perda de água pelos neurônios. ➢ Adaptação rápida → acúmulo de eletrólitos. ➢ Adaptação lenta (>24-48h) → acúmulo de osmóis orgânicos (p. ex. proteínas). ➢ Se a hipernatremia for rapidamente corrigida (terapia imprópria) o paciente não tem mais capacidade de eliminas os osmóis orgânicos rapidamente → edema cerebral. ➢ Causas de hipernatremia: Causas de hipernatremia Minutos- horas Ingestão de grandes quantidades de sal. Infusão de grandes volumes de solução hipertônica. Erros na máquina de diálise. 1-2 dias Perdas por diurese não reposta: - Diurese osmótica (DM). - Diabetes insipidus central. - Diabetes insipidus nefrogênico. ≥ 2 dias Crônica: osmois orgânicos. RN ou lactentes com diarreia que não conseguem ingerir líquidos. Adultos com alteração do estado mental ou hipodispia. ➢ Sintomas de hipernatremia: Sintomas de hipernatremia Minutos- horas (Aguda) Convulsão. Coma. Hipertonia. Febre. Hemorragia intracraniana. Trombose do seio venoso. 1-2 dias Coma. ≥ 2 dias (Crônica) Sonolência. Coma. ➢ Tempo para correção da hipernatremia: ➢ Min-h/1-2 dias: não há comprovação que a correção rápida possa ser prejudicial. ➢ ≥ 2 dias: não reduzir mais que 10 mEq/L (risco de edema cerebral). ➢ Tratamento da hipernatremia aguda (< 2 dias) grave sintomática: ➢ Reposição de glicose 5%. ➢ Tratamento da hipernatremia crônica (≥ 2 dias) sintomática ou quando não se sabe o tempo de instalação: ➢ Reposição de solução glicosada ou salina 0,45%. ➢ Calcular a taxa de infusão pela fórmula de Adrogue-Madias. ➢ Objetivo: redução máxima de 10mmol/L em 24h. Caso 1: Hipernatremia hipovolêmica. 1- Expansão inicial com solução fisiológica com objetivo de reestabelecer volemia. 2- Hidratação com solução hipotônica (solução glicosada ou salina 0,45% - hipernatremia sem duração documentada). Caso 2: Hipernatremia euvolêmica – Diabetes insipidus nefrogênico pelo lítio. 1- Hidratação com solução hipotônica (solução glicosada). 2- Solução glicosada 5% (3-6mL/Kg/h) para reduzir a natremia. 2. Hiponatremia: ➢ Excesso de água (maioria das vezes) → faz com que a concentração de sódio esteja baixa. ➢ Falta de sódio. *Sódio (Na) normal: 130-145. *Intervir em hiponatremias mais graves (<120). *Pesquisar TODAS medicações que o pct faz uso! 2-II. Classificação pelo status volêmico: ➢ Hipovolemia: perdas GI (diarreia, vômitos), pernas renais (DIU – tiazídicos, mais frequentemente). ➢ Normovolemia: SIADH (mais comum), polidipsia primária, baixa ingestão de solutos, insuficiência renal avançada. ➢ Hipervolemia: IC, cirrose, insuficiência renal avançada com retenção de sódio e edema. 2-III. Medicações que causam hiponatremia: ➢ Anti-hipertensivos (Hidroclorotiazida, IECA, BRA, Amlodipina). ➢ Anticonvulsivantes (Carbamazepina, ácido valproico e lamotrigina). ➢ Antidepressivos (tricíclicos e ISRS). ➢ Antipsicóticos (haloperidol e fenotiazinas). ➢ Quimioterápicos (cisplatina, carboplatina, metotrexato, vincristina, vimblastina). ➢ Outros (amiodarona, bactrim, ciprofloxacina, AINE, IBP). Caso 1: DM descompensado → Água passa para o meio extracelular, devido a alta concentração de glicose, tornando o meio extracelular hiponatrêmico devido ao aumento da quantidade de água e, consequente, diminuição da concentração de sódio. *Correção do sódio pela glicemia. Caso 2: Potomania (desejo de beber água sem causa fisiológica – acompanhamento psiquiátrico). Caso 3: IC agudamente descompensada (má adesão ao TTO) – Hiponatremia secundária a IC → TTO: tratar a IC com IECA e DIU. *Na sérico baixo é marcador de mal prognóstico na IC (diminui a sobrevida do paciente com IC). Caso 4: Hiponatremia no CTI. *SIADH – Síndrome da secreção inapropriada de ADH (produz muito ADH – oposto ao diabetes insipidus). ➢ Pode ser causada por: ➢ Trauma crânio-encefálico grave. ➢ AVEh. ➢ Lesão neurológica (tumor). ➢ Esses fatores geram uma disfunção no hipotálamo e começar a produzir ADH em excesso pela hipófise. ➢ TTO: Restrição hídrica e reposição de sódio. TTO muito rápido da hiponatremia → aumenta o risco de mielinólise (lesão neuronal que acontece principalmente na ponte, mas pode ocorrer em outras partes do SNC). 2.IV: Manejo da hiponatremia: depende da duração, gravidade e presença de sintomas. ➢ Duração: ➢ Hiperaguda: poucas horas (corredores de maratona, psicóticos e uso de ecstasy). ➢ Aguda: <24h. ➢ Subaguda: 24-48h. ➢ Crônica: >48h ou duração desconhecida. ➢ Gravidade: ➢ Leve: Na+ sérico 130-135 mEq/L. ➢ Moderada: Na+ sérico 121-129 mEq/L. ➢ Grave: Na+ sérico ≤120 mEq/L. ➢ TTO hiponatremia aguda (<24h) grave sintomática: ➢ Reposição de solução hipertônica – NaCl 3% 100mL endovenoso, repetindo se necessário, monitorizando o sódio. ➢ TTO hiponatremia crônica (>48h) sintomática: ➢ Reposição de solução hipertônica – NaCl 3%, calcular o volume e a velocidade de infusão (lentamente). 3. Hipercalemia: ➢ Pseudo-hipercalemia: ➢ Erro de laboratório - técnica de punção: lise de hemácias durante a coleta? Uso de torniquete? Contrações musculares repetidas antes da punção? *Material hemolisado - provavelmente haverá erro na contagem do K. ➢ Plaquetose (>500.000/mm3). ➢ Leucocitose (>120.000/mm3). ➢ O que fazer nesses casos? Repetir a dosagem de K e quantificar rapidamente quando colido. 3-I. Gravidade da hipercalemia: ➢ Leve: 5,5-6,4 mmol/L. ➢ Moderada: 6,5-7,4 ➢ Grave: >7,5. *Sempre que K >6 → Traçar ECG. 3-II. Causas de hipercalemia: Aumento da liberação de potássio da célula ➢ Acidose metabólica. ➢ Deficiência de insulina e hiperglicemia. ➢ Beta-bloqueador. ➢ Succinilcolina. Redução na excreção urinária de potássio ➢ Redução na secreção de aldosterona: - Insuficiência adrenal primária. - Uso de medicações: beta-bloqueador, alisquireno, IECA (captopril, enalapril), BRA (losartana). ➢ Resistência a ação da aldosterona: - Uso de medicações: espironolactona/eplerenone, amilorida → Poupadores de k. ➢ Disfunção renal (DRC ou LRA). Caso 2: Paciente assintomático, com ECG normal e K elevado (K< 6,5 – hipercalemia leve). Conduta? ➢ Orientar dieta pobre em potássio. ➢ Aumentar furosemida para 40mg 2x/dia (aumentar a perda de potássio renal). ➢ Iniciar bicarbonato de sódio 500mg 2x/dia (tratar a acidose metabólica favorece a entrada de K na célula – pois a acidose metabólica faz com que o K saia da célula). ➢ Suspender losartana. Caso 3: Alteração da função renal e uso de enalapril.Creatinina = 3,4mg/dL e K = 9,1mmol/L (hipercalemia GRAVE). 3-III. Quando realizar o TTO emergencial para hipercalemia? ➢ Qualquer alteração eletrocardiográfica secundária a hipercalemia. ➢ K >6,5mmol/L. ➢ K>5,5mmol/L com disfunção renal importante e: ➢ Rabdomiólise (lesão muscular generalizada). ➢ Lise tumoral. ➢ Sangramento intestinal mantido. *São situações em que o K pode subir muito rapidamente! TRATAMENTO Estabilização da membrana miocárdica Redistribuição do potássio para o intracelular Remoção do potássio do organismo *Gluconato de cálcio NÃO altera o potássio sérico (atua apenas como antagonista e estabiliza a membrana cardíaca). Tem ação rápida e de curta duração. 3-IV: Alterações emergenciais em relação a hipercalemia: ➢ Alargamento do QRS. ➢ FC < 50 bpm (bradicardia). ➢ Ritmo juncional (desaparecimento da onda P). GLUCONATO DE CÁLCIO ➢ Objetivo: corrigir o alargamento do QRS. ➢ Não reduz nível sérico de potássio. ➢ Efeito protetor miocárdico. ➢ Nunca indicar em monoterapia. ➢ Principal indicação: ALTERAÇÃO DO ECG! *Bicarbonato de sódio – corrige a acidose metabólica – fator que favorece a entrada de K na célula – utilizar somente se houver acidose metabólica. *Insulina (solução polarizante) – potencializa a ação da bomba de Na-K – aumenta a entrada de K para dentro da célula + glicose (para evitar hipoglicemia). *Beta-agonista – atua diretamente potencializando a bomba de Na-K – jogando K p/ dentro da célula. MEDIDAS DE REDISTRIBUIÇÃO DO POTÁSSIO ➢ Objetivo: reduzir transitoriamente o potássio até que as outras medidas reduzam o potássio corporal. ➢ Só utilizar bicarbonato se houver acidose associada ao quadro. ➢ Utilizar inalação e/ou insulina com glicose, preferencialmente. ➢ Acompanhar nível sérico de potássio e glicose. SOLUÇÃO DE GLICOSE E INSULINA ➢ Não fazer glicose se glicemia >250mg/dL. ➢ Se paciente com insuficiência renal, reduzir dose de insulina (10 → 8). ➢ É possível utilizar SG 10% 500mL no lugar de SG 50% 100mL. TRATAMENTO Gluconato de cálcio 10% Bicarbonato de sódio 8,4% Solução polarizante (insulina + glicose) Beta-2-agonista inalatório Furosemida Sorcal (resina de troca) Diálise (se hipercalemia refratária ao TTO) *Furosemida – DIU de alça – especialmente útil para pacientes edemaciados. *Resinas de troca (funciona apenas VO ou via enema) – libera cálcio e segura potássio com ela, para ser eliminado nas fezes. *Diálise – mais efetiva e mais agressiva (quando todas as medidas falharam – hipercalemia refratária – indicação para diálise de emergência). MEDIDAS DE REMOÇÃO DO POTÁSSIO ➢ Objetivo: reduzir o potássio corporal. ➢ Outras indicações: - Pct com K >5,5mmol/L com doença renal associada. - Pct com K >5,5mmol/L com necessidade de realizar cirurgia (risco de aumentar o K durante o processo cirúrgico – cirurgia lisa as células). 4. Hipocalemia: ➢ Fontes de potássio: ➢ Dieta. ➢ Infusão endovenosa (medicação). ➢ Eliminação de potássio: ➢ Fezes (capacidade ↓ de eliminar K). ➢ Urina (regulador de K – excreção mínima de 5- 25 mEq/dia). ➢ Suor (não é regulada – perde pouco K). *Baixa ingestão de potássio NÃO é causa isolada de hipocalemia! - 98% do K é intracelular (bomba de Na-K). - Condições em que a bomba de Na-K tem sua atuação intensificada podem fazer o paciente evoluir com hipocalemia. 4-I. Causas de hipocalemia: ➢ Redistribuição para o intracelular: ➢ Bloncodilatadores β2. ➢ Excesso de insulina (p. ex. num TTO de cetoacidose diabética). ➢ Alcalose metabólica. ➢ Tratamento da anemia megaloblástica. ➢ Hipotermia. ➢ Intoxicação por bário. ➢ Acidente escorpiônico (descarga adrenérgica – hipocalemia transitória). ➢ Perdas extra-renais: ➢ Diarreias. ➢ Fístulas digestivas. ➢ Adenoma viloso. ➢ Laxativos. ➢ Vômitos. ➢ Preparo de colonoscopia. ➢ Diálise. ➢ Perdas renais: ➢ DIU de alça/tiazídicos. ➢ Anfotericina B. ➢ Aminoglicosídeo. ➢ Hipomagnesemia (magnésio baixo dificulta a reposição de potássio – enquanto o rim não reestabelecer níveis normais de Mg, ele continua perdendo K na urina – fundamental corrigir a hipomagnesemia). ➢ Hiperaldosteronismo primário. Caso 1: cãibras, uso de medicação manipulada para perder peso. *Aparecimento da onda U na hipocalemia (melhor lugar para ver onda U – V3 e V4). 4-II. Reposição do potássio: ➢ Se K ≥ 3, repor VO (cuidados na reposição de K) – xarope de cloreto de potássio 6% ou comprimido slow K. ➢ Reposição mais segura. ➢ Resolver causa da hipocalemia. ➢ Se K< 3,0, necessário reposição EV – regras para concentração máx. e velocidade de infusão máx. (reposição VO pode ser associada). ➢ Preferir reposição em solução salina (0,45% ou 0,9%); solução glicosada fará com que o K entre na célula (não deve ser usada). ➢ Usar sempre bomba de infusão contínua (BIC). Continuação caso 1: após 2 dias de reposição adequada de potássio, a paciente permanecia com K = 2,9mmol/L. ➢ Repor magnésio de forma empírica. *Hipomagnesemia pode ser responsável por uma hipocalemia refratária a reposição; níveis baixos de cálcio podem sinalizar que os níveis de Mg estão baixos! Atenção a K e Ca baixo – pode sugerir Mg baixo – reposição empírica de Mg pode ser necessária.
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