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1ª. Parte Diagramas de Equilíbrio de Ligas Binárias ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II – 10/2/2009 Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 2 / 68 Diagrama de fases Generalidades: Diagramas de fases são representações gráficas das fases presentes no material, para diferentes temperaturas, pressões e composições. Os diagramas de fases são construídos admitindo-se condições de equilíbrio para serem utilizados pelos engenheiros e cientistas, cujos objetivos serão: compreender e prever o comportamento dos materiais. A partir dos diagramas de fases, é possível obter informações importantes, tais como: 1. Em condições de resfriamento lento (equilíbrio), as fases pre- sentes para diferentes composições e temperaturas. 2. Indica, em condições de equilíbrio, a solubilidade no estado sólido de um elemento (ou composto) em outro. 3. Indica a temperatura à qual uma liga, resfriada em condições de equilíbrio, inicia a solidificação, assim como o intervalo de temperaturas em que a solidificação ocorre. 4. Indica a temperatura à qual as diferentes fases começam a fundir. Os diagramas de equilíbrio são determinados em condições de resfriamento lento. Na maioria dos casos o equilíbrio é quase atingido, mas nunca completado. Um exemplo familiar de duas fases de uma substancia pura em equilíbrio, é o copo de água com cubos de gelo. Neste caso, a água solida e água líquida constituem duas fases distintas, que estão separadas por um limite ou fronteira de fase que é a superfície dos cubos de gelo. Sistemas Binários Isomorfos Consideremos uma mistura ou liga de dois metais. Uma mistura de dois metais é designada por liga binária e constitui um sistema com dois _______________________________________Materiais para Construção Mecânica II –Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 3 / 68 componentes, já que cada um dos elementos metálicos da liga é considerado um componente distinto. Assim, o cobre puro constitui um sistema com um só componente, enquanto que uma liga de cobre e níquel constitui um sistema com dois componentes. Por vezes, um composto também é considerado um componente numa liga. Por exemplo, os aços-carbono contendo principalmente ferro e carbeto de ferro são considerados sistemas com dois componentes. Em alguns sistemas metálicos binários, os dois elementos são completamente solúveis um no outro, quer no estado líquido, quer no estado sólido. Nestes sistemas, existe apenas uma única estrutura cristalina qualquer que seja a composição e, por esta razão, são designados sistemas isomorfos. Para que dois elementos tenham solubilidade total no estado sólido, têm de verificar-se uma ou mais das seguintes condições, formuladas por Hume- Rothery, e conhecidas por regras de “Hume-Rothery” para a solubilidade no estado sólido: � A estrutura cristalina dos dois elementos da solução sólida deve ser a mesma. � Os tamanhos dos átomos de cada um dos dois elementos não devem diferir mais do que 15%. � Os elementos não devem formar compostos, isto é, as electronegatividades dos dois elementos não devem ser apreciavelmente diferentes. � Os elementos devem ter a mesma valência. Nem sempre todas as regras de “Hume-Rothery” são aplicáveis a todos os pares de elementos que apresentam solubilidade total no estado sólido. Um exemplo importante de um sistema binário isomorfo é o sistema cobre- níquel (Cu-Ni). Na fig.1.1, será mostrado o diagrama de fases deste sistema, com a temperatura no eixo das ordenadas e a composição química, em porcentagem em peso ou porcentagem ponderal (% pond.), no eixo das abcissas. Este diagrama foi determinado à pressão atmosférica, em resfriamento lento, ou seja em condições de equilíbrio, e não se aplica a ligas resfriadas rapidamente no intervalo da temperatura de solidificação. O ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II – 10/2/2009 Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 4 / 68 diagrama de equilibrio para o sistema isomorfo é formado por duas linhas principais, a linha superior chamada de linha liquidus, indicando a formação do primeiro solido e a linha inferior chamada de linha solidus, indicando o final do processo de solidificação. A região acima da linha superior do diagrama, apresentará a fase totalmente liquida, corresponde à região de estabilidade da fase líquida, e a região abaixo da linha inferior, designada por fase solida, representa a região de estabilidade da fase sólida. A área entre as duas linhas representa uma região bifásica, na qual coexistem as fases líquida e sólida. Para localizar um ponto na região monofásica do diagrama de fases correspondente à solução sólida α, tem que se especificar a temperatura e a composição da liga. Por exemplo, a temperatura 1050ºC e 20% Ni, especificará o ponto no diagrama de fases Cu—Ni da fig.1.1. A esta temperatura e composição, a microestrutura da solução sólida � é idêntica a do metal puro. Isto é, utilizando o microscópio óptico, somente será observado os limites de grão. Portanto, a liga é uma solução sólida com 20% Ni em Cobre tendo resistência mecânica e resistividade elétrica superiores as do cobre puro. _______________________________________Materiais para Construção Mecânica II –Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 5 / 68 FIGURA 1.1- Diagrama de fases cobre-níquel. O cobre e o níquel têm solubilidade total no estado líquido e no estado sólido. As soluções sólidas cobre-níquel fundem num intervalo de temperatura, em vez de fundirem a uma determinada temperatura como, acontece no caso dos metais puros. Na região entre as linhas liquidus e solidus coexistem as fases líquida e sólida. A quantidade de cada uma das fases presentes depende da temperatura e da composição química da liga. Consideremos uma liga com 53%Ni e 47%Cu a 1300ºC. Dado que, a 1300ºC, esta liga contém as fases: líquida e sólida, nenhuma destas fases pode ter a composição média de 53% Ni e 47% Cu. A 1300ºC, as composições das fases líquida e sólida podem ser determinadas, traçando uma linha conjugada horizontal a esta temperatura entre as linhas liquidus e solidus e, em seguida, traçando linhas verticais até ao eixo horizontal das composições. A 1300ºC, a composição da fase líquida (wL) é 45%Ni e a composição da fase sólida (wS) é 58%Ni, conforme indicado pelos pontos de intersecção das linhas verticais tracejadas com o eixo das composições. Os diagramas de equilíbrio de fases de sistemas binários em que os componentes são completamente solúveis um no outro no estado sólido, podem ser construídos a partir de um conjunto de curvas de resfriamento, conforme se mostra na fig. 1.2 para o sistema Cu—Ni. ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II – 10/2/2009 Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 6 / 68 FIGURA 1.2- Construção do diagrama de equilíbrio de fases Cu—Ni, a partir de curvas de resfriamento tempo x Temperatura. (a) Curvas de resfriamento, (b) diagrama de equilíbrio de fases. _______________________________________Materiais para Construção Mecânica II –Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 7 / 68 As curvas de resfriamento para os metais puros apresentam, àtemperatura de solidificação, patamares horizontais, como aparece representado na fig. 1.2a pelos traços AB e CD para o cobre e o níquel puros. As curvas de resfriamento de soluções sólidas binárias apresentam variações de declive nos pontos correspondentes às linhas liquidus e solidus, conforme se mostra na fig. 1.2a para as composições 80% Cu e 20% Ni, 50% Cu e 50% Ni e 20% Cu e 80% Ni. As variações de declive em L1, L2 e L3 da fig. 1.2a, correspondem aos pontos L1, L2 e L3 da linha liquidus da fig. 1.2b. Do mesmo modo, as variações de declive em S1,S2 e S3 da fig. 1.2a,correspondem aos pontos S1, S2 e S3 sobre a linha solidus da fig. 1.2b Pode ser obtido com maior precisão na construção do diagrama de fases Cu—Ni, considerando mais curvas de resfriamento correspondentes a ligas com composições intermediarias. REGRA DA ALAVANCA Em qualquer região bifásica de um diagrama de fases binário, as porcentagens de cada uma das fases podem ser determinadas utilizando a regra da alavanca. Por exemplo, utilizando a regra da alavanca, pode ser determinadas as porcentagens ponderais das fases líquida e sólida presentes numa liga com uma determinada composição e a uma determinada temperatura, na região bifásica “líquido mais sólido” do diagrama de fases cobre-níquel da fig. 1.1 e também em uma região monofásica (100%S), calculando a fração volumétrica dos constituintes das fases analisadas. Para deduzir as equações correspondentes à regra da alavanca, consideremos o diagrama binário de equilíbrio de fases, de dois elementos A e B que são completamente solúveis um no outro, conforme se mostra na fig. 1.3. Designemos por x a composição da liga e por w0 a fração em peso de B em A na liga. Consideremos a temperatura T e tracemos, a esta temperatura, a linha conjugada entre as linhas liquidus e solidus (linha LS). A temperatura T, a liga x é constituída por uma ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II – 10/2/2009 Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 8 / 68 Figura 1.3 – Diagrama de equilíbrio A-B de ligas binárias. mistura de líquido, cuja fração ponderal de B é wL, e de sólido, cuja fração ponderal de B é wS. Podem deduzir-se as equações correspondentes `a regra da alavanca a partir de balanços mássicos. Uma das equações para a dedução da regra da alavanca é obtida a partir da soma da fração ponderal da fase líquida, XL, com a fração ponderal da fase sólida, XS, soma essa que tem de ser igual a 1. Assim: XL+XS=1 XL=1 - XS Xs=1 - XL A segunda equação para a dedução da regra da alavanca é obtida pelo balanço mássico de B na liga como um todo e da soma de B nas duas fases. Consideremos 1 g de liga e façamos o seu balanço mássico: Gramas de B na mistura bifásica = gramas de B na fase líquida + gramas de B na fase sólida ( )( ) � � � � � � 100 % 11 0 w g = ( )( ) � � � � � � 100 % 1 11 w Xg + ( )( ) � � � � � � 100 % 1 SS w Xg _______________________________________Materiais para Construção Mecânica II –Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 9 / 68 Legenda: (1g) (1) = fração ponderal da mistura de fases � � � � � � 100 %0w = fração ponderal média de B na mistura de fases (1g) (XL) = fração ponderal da fase líquida � � � � � � 100 %Lw = fração ponderal de B na fase líquida (1g) (XS) = fração ponderal da fase sólida � � � � � � 100 %Sw = fração ponderal de B na fase sólida Combinando: SSLL wXwXw +=0 SL XX −=1 Obtem-se: ( ) SSLS wXwXw +−= 10 Reordenando: LLSSS wwwXwX −=− 0 Fracção ponderal de fase sólida: LS L S ww ww X − −= 0 (1) Do mesmo modo para a fase líquida: LS S L ww ww X − −= 0 (2) As equações (1) e (2) são as equações da regra da alavanca. As equações da regra da alavanca estabelecem que, numa mistura bifásica, para calcular a fração em peso de uma fase, devemos utilizar o segmento da linha conjugada no lado oposto da liga e que está mais afastado da fase cuja fração em peso se pretende determinar. O quociente entre esse segmento da linha conjugada é a linha conjugada total dá a fração em peso da fase. Assim, na Fig. 1.3, a fração em peso da fase líquida é dada pelo quociente OS/LS e a fração em peso da ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II – 10/2/2009 Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 10 / 68 fase sólida é dada pelo quociente LO/LS. As frações ponderais podem ser convertidas em percentagens ponderais multiplicando por 100. L O S wL w0 wS EXEMPLO DE DIAGRAMA DE EQUILIBRIO ISOMORFO _____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II -Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 11/68 SISTEMA EUTÉTICO PARA AS LIGAS BINÁRIAS CUJOS ELEMENTOS NÃO SE MISTURAM NA FASE SOLIDA. Resfriamento da liga Eutética para o Sistema Bi-Cd (Composição da liga 39,7%Cd) T1 (200ºC) ���� 100%L ; L{39,7%Cd e 60,3%Bi} T2(145,5ºC) ���� Reação Eutética para a fase líquida L � S (100%PE) T3(100ºC) ���� 100%S � 100% PE 100%Bi liga 100%Cd 0 39,7 100 → % Cd 100 100 7,39100 % xBi −= � 60,3%Bi 100 100 7,39 % xCd = � 39,7%Cd PE {39,7%Cd e 60,3%Bi} ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II –Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 12/68 Resfriamento da Liga Hipoeutética para o Sistema Cd-Bi ( Composição da liga 10%Cd) T1 (300ºC) ���� 100%L ; L{10%Cd e 90%Bi} T2 (225ºC) ���� L � L + S ; L{10%Cd e 90%Bi} e S {100%Bi} T3 (200ºC) ���� L + S L{20%Cd e 80%Bi} e S {100%Bi} 100%S liga 100%L 0 10 20 → %Cd 100 020 1020 % xS − −= ���� 50 % fase Sólida 100 020 010 % xL − −= ���� 58,6% fase Liquida T3(145,5ºC) ���� Reação Eutética para a fase líquida L � S (Bi+PE) T5(100ºC) ���� 100%S � Bi + PE 100%Bi liga 100%PE 0 10 39,7 → %Cd 100 07,39 107,39 % xBi − −= ���� 75% da fase solida é Bismuto (1) _____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II -Teoria Faculdade de Tecnologia deSorocaba 13/68 100 07,39 010 % xPE − −= ���� 25% da fase sólida é produto eutético Comparando com a liga eutética onde temos o 100%PE: 100 % PE - 39,7 %Cd - 60,3 %Bi 25%PE - x - x Então: 25% PE � 9,9%Cd e 15,1%Bi (2) Concluindo: Nesta fase solida foi encontrada: Somando (1) + (2) 100%S = 10%Cd + 90%Bi Resfriamento da Liga Hipereutética para o Sistema Cd-Bi ( Composição da liga 80%Cd) T1 (300ºC) ���� 100%L ; L{80%Cd e 20%Bi} T2 (275ºC) ���� L � L + S ; L{80%Cd e 20%Bi} e S {100%Cd} T3 (200ºC) ���� L + S L{52%Cd e 48%Bi} e S {100%Cd} 100%L liga 100%S 52 80 100 → %Cd ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II –Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 14/68 100 52100 80100 % xL − −= ���� 41,6 % fase Liquida 100 52100 5280 % xS − −= ���� 58,6% fase Sólida T4(145,5ºC) ���� Reação Eutética para a fase líquida L + S � S ( PE+Cd) T5(100ºC) ���� 100%S � PE + Cd 100%PE liga 100%Cd 39,7 80 100 → %Cd 100 7,39100 80100 % xPE − −= ���� 33,2% da fase solida é produto eutético 100 7,39100 7,3980 % xCd − −= ���� 66,8% da fase sólida é Cádmio (1) Comparando com a liga eutética onde temos o 100%PE: 100 % PE - 39,7 %Cd - 60,3 %Bi 33,2%PE - x - x Então: 33,2% PE � 13,2%Cd e 20%Bi (2) Concluindo: Nesta fase solida foi encontrada: Somando (1) + (2) 100%S = 80%Cd + 20%Bi _____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II -Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 15/68 SISTEMA EUTÉTICO, CUJOS ELEMENTOS SE MISTURAM PARCIALMENTE NA FASE SÓLIDA Resfriamento da liga Eutética (Composição da liga 60%Bi) T1 (200ºC) ���� 100%L ; L{60%Bi e 40%Sn} T2(138,5ºC) ���� Reação Eutética para a fase líquida L � S (100%PE) T3(100ºC) ���� 100%S � 100% PE (� + �) 100% � liga 100% � 11 60 98 → % Bi 100 1198 6098 % xi − −=α � 43,6% � 100 1198 1160 % x − −=β � 56,4% � ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II –Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 16/68 Concluindo: Nesta fase solida foi encontrada: 100%S = 43,6% � e 56,4% � T4(50ºC) ���� 100%S � 100% PE (� + �) 100% � liga 100% � 4 60 99 → % Bi 100 499 6099 % xi − −=α � 41% � 100 499 460 % x − −=β � 59% � Concluindo: Nesta temperatura, a fase solida encontrada foi: 100%S = 41% � e 59%� T5(Temp. Amb.) ���� 100%S � 100% PE (� + �) 100% � liga 100% � 0 60 100 → % Bi 100 100 60100 % xi −=α � 40% � 100 100 60 % x=β � 60% � Concluindo: Nesta temperatura, a fase solida encontrada foi: 100%S = 40% � e 60% � _____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II -Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 17/68 Resfriamento da liga Hipoeutética (Composição da liga 30%Bi) T1 (250ºC) ���� 100%L ; L{30%Bi e 70%Sn} T2 (175ºC) ���� L � L + S ; L{30%Bi e 70%Cd} e S {100% � } T3 (150ºC) ���� L + S L{50%Cd e 50%Bi} e S {100% � } 100%S liga 100%L 15 30 50 → %Bi 100 1550 3050 % xS − −= ���� 57 % fase Solida 100 1550 1530 % xL − −= ���� 43% fase Líquida ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II –Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 18/68 T4(138,5ºC) ���� Reação Eutética para a fase líquida L + S � S (100% � + PE) T5(100ºC) ���� 100%S � � + PE 100% � liga 100% PE 11 30 60 → % Bi 100 1160 3060 % xi − −=α � 61,2% da fase sólida é � (1) 100 1160 1130 % xPE − −= � 38,8%da fase solida é PE Comparando com a liga eutética onde temos o 100%PE: 100 % PE - 43,6 % � - 56,4 % � 38,8%PE - x - x Então: 38,8% PE � 17% � e 21,8% � (2) Concluindo: Nesta temperatura, a fase solida encontrada foi: Somando (1) + (2) 100%S = 78,2% � e 21,8% � T6(50ºC) ���� 100%S � � + PE 100% � liga 100% PE 4 30 60 → % Bi 100 460 3060 % xi − −=α � 54% da fase sólida é � (1) 100 460 430 % xPE − −= � 46%da fase solida é PE Comparando com a liga eutética onde temos o 100%PE: 100 % PE - 41 % � - 59 % � 46%PE - x - x Então: 46% PE � 18,8% � e 27,2% � (2) Concluindo: Nesta temperatura, a fase solida encontrada foi: Somando (1) + (2) 100%S = 72,8% � e 27,2% � _____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II -Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 19/68 T7(Temp. Amb.) ���� 100%S � � + PE 100% � liga 100% PE 0 30 60 → % Bi 100 60 3060 % xi −=α � 50% da fase sólida é � (1) 100 60 30 % xPE = � 50%da fase solida é PEComparando com a liga eutética onde temos o 100%PE: 100 % PE - 40 % � - 60 % � 50%PE - x - x Então: 50% PE � 20% � e 30% � (2) Concluindo: Nesta temperatura, a fase solida encontrada foi: Somando (1) + (2) 100%S = 70% � e 30% � ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II –Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 20/68 Resfriamento da liga Hipereutética (Composição da liga 75%Bi ) T1 (250ºC) ���� 100%L ; L{75%Bi e 25%Sn} T2 (200ºC) ���� L � L + S ; L{75%Bi e 25%Sn} e S {100% � } T3 (150ºC) ���� L + S L{64%Bi e 36%Sn} e S {100% � } 100%L liga 100%S 64 75 100 → %Bi 100 64100 75100 % xL − −= ���� 70 % fase Líquida 100 64100 6475 % xS − −= ���� 30% fase Solida T4(138,5ºC) ���� Reação Eutética para a fase líquida L + S � S (PE+�) T5(100ºC) ���� 100%S � PE+� _____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II -Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 21/68 100%PE liga 100% � 60 75 98 → % Bi 100 6098 7598 % xPE − −= � 60,5% da fase sólida é PE 100 6098 6075 % x − −=β � 39,5%da fase solida é � (1) Comparando com a liga eutética onde temos o 100%PE: 100 % PE - 43,6 % � - 56,4 % � 60,5%PE - x - x Então: 60,5% PE � 26,3% � e 34,2% � (2) Concluindo: Nesta temperatura a fase solida encontrada foi: Somando (1) + (2) 100%S = 26,3% � e 73,7% � T6(50ºC) ���� 100%S � PE+� 100%PE liga 100% � 60 75 99 → % Bi 100 6099 7599 % xPE − −= � 61,5% da fase sólida é PE 100 6099 6075 % x − −=β � 38,5%da fase solida é � (1) Comparando com a liga eutética onde temos o 100%PE: 100 % PE - 41 % � - 59 % � 61,5%PE - x - x Então: 61,5% PE � 25,2% � e 36,3% � (2) Concluindo: Nesta temperatura a fase solida encontrada foi: Somando (1) + (2) 100%S = 25,2% � e 74,8% � T7(Temp. Amb.) ���� 100%S � PE+� ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II –Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 22/68 100%PE liga 100% � 60 75 100 → % Bi 100 60100 75100 % xPE − −= � 62,5% da fase sólida é PE 100 60100 6075 % x − −=β � 37,5%da fase solida é � (1) Comparando com a liga eutética onde temos o 100%PE: 100 % PE - 40 % � - 60 % � 62,5%PE - x - x Então: 62,5% PE � 25% � e 37,5% � (2) Concluindo: Nesta temperatura a fase solida encontrada foi: Somando (1) + (2) 100%S = 25% � e 75% � _____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II -Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 23/68 2ª.PARTE AÇOS COMUNS RESFRIADOS LENTAMENTE ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II –Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 24/68 O SISTEMA FERRO-CARBONO 2.1 O ELEMENTO FERRO O ferro apresenta as seguintes transformações (Fig.2.1) 9 Figura 2.1 – Mudanças de fase do ferro puro Observa-se que o ferro sólido, ao ser aquecido a partir da temperatura ambiente, muda a sua estrutura de cúbica de corpo centrado (CCC) Fig. 2.2 e para cúbica de face (CFC) Fig.2.3 a 911ºC. Continuando o aquecimento, a 1400ºC, o ferro muda novamente de estrutura, passando de CFC para CCC. _____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II -Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 25/68 � � Figura 2.2 - Estrutura Cúbica de Corpo Centrado� � Figura 2.3 - Estrutura Cúbica de Faces Centradas ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II –Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 26/68 Para se medir a densidade volumétrica da célula unitária, ou seja, a porcentagem do volume da célula que é efetivamente ocupada pelos átomos, utiliza-se o fator de empacotamento (F.E.) : F.E. = n Va / Vc onde : n = número de átomos inteiros dentro da célula Va = número do átomo ( = 4/3 π r3) Vc = número da célula (= a 3 no caso de células cúbicas). Calculando-se o fator de empacotamento (FE) para estruturas cúbicas encontra-se: F.E CCC = 0,68 F.E CFC = 0,74 ou seja, na estrutura de corpo centrado 68% do volume é ocupado por átomos, e na estrutura cúbica de face centrada 74% do volume da mesma é ocupado por átomos, sendo o restante vazio. 2.2. SOLUÇÕES SÓLIDAS DE FERRO Quando dois metais se misturam para formar uma solução sólida, os átomos do soluto podem substituir uma fração dos átomos da matriz (solução sólida substitucional), ou se alojar nos espaços vazios da matriz (solução sólida intersticial). Para que uma solução sólida substitucional seja formada, será necessário: • Raio atômico deve ter uma diferença de no máximo 15%, caso contrário pode promover distorções na rede e assim formação de nova fase. • Estrutura cristalina mesma • Eletronegatividade próximas • Valência mesma ou maior que a do hospedeiro _____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II -Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 27/68 Para que uma solução sólida intersticial seja formada, será necessário: • Os átomos de impurezas ou os elementos de liga ocupam os espaços dos interstícios • Ocorre quando a impureza apresenta raio atômico bem menor que o hospedeiro • Como os materiais metálicos tem geralmente fator de empacotamento alto as posições intersticiais são relativamente pequenas • Geralmente, no máximo 10% de impurezas são incorporadas nos interstícios • Fe + C solubilidade máxima do C no Fe� é 2,05% a 1146º C (Fe� CFC) O C tem raio atômico bastante pequeno se comparado com o Fe�. rC= 0,071 nm= 0,71 Å rFe�= 0,129 nm= 1,29 ÅO ferro apresenta vãos octaédricos e tetraédricos em suas estruturas CCC e CFC (Fig. 2.4 e Fig.2.5). Figura 2.4 – Ferro � (Ferro alfa CCC) Figura 2.5 – Ferro � (Ferro Gama CFC) Para elementos de estrutura de cúbica, como o ferro, as relações entre o raio (r) do átomo que se alojaria num vão tetraédrico ou octaédrico e o raio (R) da matriz são apresentadas na Tabela 2.1: ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II –Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 28/68 Estrutura Relação r R F.E Octaédrico Tetraédrico CFC 0,414 0,225 0,74 CCC 0,154 0,291 0,68 Tabela 2.1 -Relações entre o raio do átomo intersticial ( r ) e o raio do átomo de matrizes ( R ) com estrutura cúbica. Pela Tabela 2.1 observa-se que além da estrutura CFC ser mais compacta que CCC, ela apresenta vãos maiores. Antes de analisarmos o diagrama Fe-C, vamos comparar o tamanho do átomo de carbono com os interstícios da matriz de ferro (Tabela 2.2). Ferro Carbono Intersticial Substitucional Temperatura ºC Estrutura Raio Fe 0 A � � � � � � Raio do vão Octaédric o 0 A � � � � � � Raio do vão Tetraédrico 0 A � � � � � � ±15% do raio do Fe 0 A � � � � � � Raio do Carbono 0 A � � � � � � a 15º C (grafite) 500 CCC 1,25 0,19 0,36 1,06- 1,44 0,71 1000 CFC 1,29 0,53 0,29 1,10- 1,48 Tabela 2.2 - Comparação entre o raio atômico do carbono e os vãos da estrutura do ferro. A análise da Tabela 2.2 indica que : a) O carbono não forma solução sólida substitucional com o ferro . b) O raio atômico do carbono é maior que o maior raio do vão octaedrico da estrutura CFC. c) O raio atômico do carbono é muito maior que o maior raio do vão tetraédrico da estrutura CCC do ferro (≅ 0 71, Å e 0,36 Å respectivamente), o que acarretará uma solubilidade quase nula do carbono no ferro α (máxima de 0,02%C a 723ºC). Figura 2.6 – Solução Sólida Intersticial que o carbono forma com o Ferro. _____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II -Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 29/68 2.3 DIAGRAMA FERRO - GRAFITA A combinação do carbono e ferro, em equilíbrio termodinâmico, dará origem a diferentes fases para as diversas temperaturas avaliadas. Isto é indicado no diagrama de equilíbrio Fe-C (grafita) da Fig. 2.7. Este diagrama, construído em escala logarítmica para concentrações, indica que na temperatura ambiente os constituintes do sistema Fe-C seriam: ferrita ( α) e grafita. Figura 2.7 – Diagrama de Equilíbrio Fé- grafita 2.4 DIAGRAMA FERRO - CEMENTITA Na produção industrial do aço, os processos da solidificação e resfriamento são muito rápidos, para que o equilíbrio termodinâmico seja alcançado. Ocorre, então, a formação de uma fase metaestável a Fe3C (cementita ou carboneto de ferro) no lugar da grafita. Embora essa fase seja termodinamicamente metaestável, em termos de aplicações práticas é considerada estável, pois na temperatura ambiente, a difusão do carbono no ferro é muito baixa ( Dc = 2,9 x 10 –19 cm2/s), e ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II –Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 30/68 a transformação de cementita em grafita é praticamente nula. O diagrama de fase (e não equilíbrio, como é erroneamente chamado) entre o ferro e a cementita é mostrado na Fig. 2.8. As fases que aparecem no diagrama da Fig. 2.9 são descritas a seguir: FERRITA (αααα) Solução sólida de carbono em ferro CCC, Fig. 2.8a, existente até a temperatura de 911ºC. Nesta faixa de temperatura, a solubilidade do carbono no ferro é muito baixa, chegando ao máximo de 0,022% a 723ºC. Na temperatura ambiente, a solubilidade máxima do carbono no ferro é de 0,008%. Assim, até 0,008% de carbono, o produto siderúrgico seria chamado de ferro comercialmente puro. AUSTENITA (γγγγ) Solução sólida de carbono em ferro CFC, Fig.2.8b, existindo entre as temperaturas de 911 e 1493ºC, e com solubilidade máxima de carbono no ferro de 2,05% a 1146ºC. O teor de carbono 2,05% é adotado como separação teórica entre os dois principais produtos siderúrgicos: Aços - teores de carbono menores que 2,05% Ferros Fundidos - teores de carbono maiores que 2,05% Ferrita Austenita Figura 8 – Micoestruturas da: a) Ferrita b) austenita _____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II -Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 31/68 Figura 2.9 – Diagrama de fases Fe – Fe3C – campo dos aços. ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II –Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 32/68 FERRITA (�) Para pequenos teores de carbono, acima de 1400ºC, o ferro muda novamente para cúbico de corpo centrado, dando origem á ferrita �, que é uma solução de carbono em ferro CCC, sendo estável até 1536ºC, quando o ferro se liquefaz. Tendo o ferro uma estrutura CCC, a solubilidade do carbono é baixa, atingindo um máximo de 0,09% a 1493ºC. Os nomes de ferrita α e ferrita � são usados para indicar a mesma solução sólida de carbono em ferro CCC, porém ocorrendo em diferentes faixas de temperatura. A solubilidade máxima de carbono na ferrita � é um pouco maior que na ferrita α (0,09 e 0,02%, respectivamente), devido ao fato de que a ferrita � ocorre em temperatura maiores, onde a agitação térmica da matriz de ferro é também maior, favorecendo a maior dissolução do carbono. Quando não houver referência contrária, o termo ferrita, neste texto, subentenderá a ferrita α CEMENTITA ( Fe3C) É um carbeto de ferro com estrutura ortorrômbica e de alta dureza. A cementita dá origem a um eutetóide de extrema importância no estudo dos aços, a perlita, que será vista posteriormente, com mais detalhes. 2.5 PONTOS RELEVANTES DO DIAGRAMA FERRO-CEMENTITA Existem várias temperaturas e linhas de importância prática no diagrama de fase ferro-cementita. LINHA A1 (A utilização da letra "A" para designar estas linhas foi primeiramente utilizada pelo francês Le Chatelier, e indica a ocorrência de uma parada (“Arrêt”) durante a transformação.) Indica a transformação γ → α + Fe3C. LINHA A2 _____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II -Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 33/68 Transformação magnética do ferro CCC, ocorrendo a 769ºC (também chamada de temperatura CURIE da ferrita). Nesta temperatura o ferro muda de paramagnético para ferromagnético. LINHA A3 Temperatura de transformação γ → α . LINHA ACM Temperatura de transformação γ → Fe3C. LINHA A4 Temperatura de transformação γ → �. LINHA LIQUIDUS Acima desta linha, todo o aço está na forma líquida. A temperatura na qual o aço começa a solidificar abaixa com aumento do teor de carbono, partindo de um máximo a 1536ºC no ferro puro, até atingir 1146ºC na liga Fe - 4,30%C. O aspecto tecnológico imediato que resulta desta observação é que é mais fácil fundir ferros fundidos do que aços, pois as temperaturas de fusão são menores. LINHA SOLIDUSAbaixo desta linha todo o material estará no estado sólido. Na região entre as linhas Liquidus e Solidus haverá, no equilíbrio, a coexistência de fases sólidas e líquidas. 2.6 EFEITOS DO RESFRIAMENTO E AQUECIMENTO NAS LINHAS DE TRANSFORMAÇÃO No diagrama da Fig. 2.9, as transformações limitadas pelas linhas A1, A2, ACM etc. são supostas de ocorrer no equilíbrio. Nas condições industriais de processamento metalúrgico, estas transformações ocorrem fora do equilíbrio termodinâmico, e as linhas de transformações para aquecimento e resfriamento apresentam-se defasadas ( Fig. 2.10). Para as condições de equilíbrio utilizam-se as notações : A1,A2 etc. ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II –Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 34/68 Para aquecimento, utiliza-se Ac1, Ac2 etc., pois a sigla vem do francês ( c = “chauffage” = aquecimento). Para o resfriamento, utiliza-se Ar1 , Ar2 etc., que vem de “ refroidissement”. Figura 2.10 – Influências do aqucimento e resfriamento nas linhas de Transformação 2.7 REAÇÕES INVARIANTES Reações invariantes são as que ocorrem com temperatura constante. As reações invariantes encontradas no diagrama Fe-Fe3C para o campo dos aços são: 1. Reação Invariante Peritética: � + L Austenita (�) Ponto Peritético: 0,3%C em 1493ºC. Produto Peritético: Austenita. 2. Reação Invariante Eutetóide: Austenita (�) � + Fe3C (Perlita) Ponto Eutetóide: 0,8%C em 723ºC. Produto Eutetóide: Perlita. Esta reação invariante ocorre a ~723º C com 0,8% C, o produto formado é a perlita, que não é uma fase, mas uma mistura de duas fases - ferrita e cementita - com uma estrutura lamelar característica. _____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II -Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 35/68 Figura 2.11: Resfriamento para as ligas com Carbono igual a 0,8%. – Ligas Eutetóides Figura 2.12a. Cinética de formação da perlita. ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II –Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 36/68 Figura 2.12b: Representação da formação das lamelas da perlita Um aço com 0,8% C é chamado de eutetóide. Aços com menos 0,8% C são chamados hipoeutetóides (Fig. 2.13) e com mais de 0,8 % C são hipereutetóides (Fig. 2.14). Figura 2.13: Resfriamento para as ligas com Carbono inferior a 0,8%. – Ligas Hipoeutetóides _____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II -Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 37/68 Figura 2.14: Resfriamento para as ligas com Carbono superior a 0,8%. – Ligas Hipereutetóides Embora a perlita não seja uma fase, e sim um constituinte, é possível interpretar o diagrama de fase Ferro-Cementita de modo a prever sua ocorrência e quantidade relativa na microestrutura. Assim, aços com menos de 0,8% C possuem ferrita e perlita em sua microestrutura; com 0,8% C, só perlita; e acima de 0,8% C, perlita e cementita. Isto, obviamente, se obtidos através de um resfriamento lento (dentro do forno, por exemplo). Se o resfriamento for mais rápido (em óleo, em água etc.), aparecerão outras fases, metaestáveis, e que não são previstas pelo diagrama Ferro-Cementita. 2.8 OBSERVAÇÕES DA MICROESTRUTRA Para se observar as fases presentes no aço, serão necessárias realizar o polimento da amostra até que a mesma fique “ como espelho”, seguindo-se um ataque com reagentes químicos apropriado. Um dos reagentes químicos mais empregados para aços carbono é o NITAL, que consiste em uma mistura de 0,5 a 2% de ácido nítrico em álcool etílico. ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II –Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 38/68 A amostra apenas polida e não atacada revela descontinuidades como trincas, poros, inclusões etc. Na amostra atacada quimicamente consegue-se observar as fases e sua distribuição, o que permite avaliar aspectos estruturais de fabricação (regiões afetadas pelo calor da soldagem, linhas de deformação ocorridas no forjamento) e características como segregações etc. Possui ferrita e perlita na estrutura; a granulação da mesma é fina ( grãos pequenos); e ainda que o teor de carbono do aço deve ser de 0,2%. Ainda na Fig.2.15, observa-se que o ataque químico revela o contorno de grão da ferrita, e diferencia, por coloração, a ferrita da perlita. Com o NITAL, a ferrita aparece “branca” e a perlita “preta”, que não significa que este ataque químico tenha colorido de maneira distinta as duas fases, ou o contorno de grão da ferrita, mas sim que o reagente químico ataca mais uma fase do que outra, produzindo diferenças de altura em relação à superfície, e com isto refletindo mais ou menos luz para a ocular do microscópio. No contorno de grão o processo é semelhante: como os contornos de grão são regiões mais desordenadas que as regiões centrais dos mesmos, é mais fácil para o ácido remover os átomos do contorno, essa corrosão química mais profunda no contorno de grão formará uma região mais escura durante a observação no microscópio. Deve-se notar que, com baixo aumento (100x), a perlita apresenta-se como uma massa escura homogênea. Porém, utilizando-se ampliações maiores, conseguimos notar que a mesma é formada por lamelas alternadas de ferrita e cementita. Figura 2.15 - Microestrutura de uma liga com ~o,2%C (matriz ferritica e pontos escuros de perlita). _____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II -Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 39/68 Figura 2.16- Microestrutura de uma liga com ~o,45%C (matriz ferritica e pontos escuros de perlita) Figura 2.17 - Microestrutura de uma liga com ~o,8%C (100% perlita). Figura 2.18- Microestrutura de uma liga com ~o,95%C (perlita mais cementita) ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II –Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 40/68 2.9 DETERMINAÇÃO DA FRAÇÃO VOLUMÉTRICA DAS FASES Quando um lingote de aço solidifica, observa-se pelo diagrama de fase que o mesmo sofre uma série de transformações, desde o estado líquido até a temperatura ambiente. Analisando como exemplo, no resfriamento de uma liga Fe-0,25% c a partir do seu estado líquido (1600ºC), até a temperatura ambiente. Em duas ocasiões a liga é monofásica, ou seja, apresenta uma única fase (no estado líquido e no campo austenítico). Neste caso é obvio que a amostra tem 100% líquido ou 100% γ (austenita). Existem situações, entretanto, em que amostra se apresenta bifásica ( σ + L, L + γ, γ + α ,α + “P”). Nestes casos podemos calcular a fração volumétrica de cada fase utilizando a “regra da alavanca” . Supondo que a liga apresente uma composição C0 (por ex. 0,25%C na liga Fe-C). na temperatura T1 a liga apresentará duas fases α e β , cujas frações volumétricas são dadas por: % * % * % % αααα ββββ αααα ββββ ββββ ββββ αααα αααα ββββ αααα = − − � � � � � � = −− � � � � � � + = C C C C C C C C0 0 100 100 100% Desta mesma forma, para um aço hipoeutetóide de composição C0, resfriado lentamente, a fração de ferrita livre (ou seja, somente os grãos isolados de ferrita, sem levar em conta a ferrita presente na perlita) seria dada por: 100* 8,0 1% 100* 008,0*8,0 8,0 % 0 0 � � � � � � −= � � � � � � −= C ou C L L α α e a quantidade de perlita seria dada por: _____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II -Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 41/68 100* 8,0 100* 008,08,0 008,0 % 00 CC P ≅� � � � � � − − = Assim, um aço com C0 = 0,2% apresentará aproximadamente 25% de perlita e 75% de ferrita . Um aço com 0,4% C apresentará, aproximadamente, 50% de perlita e 50% de ferrita. E um aço com 0,8 % C apresentará 100% de perlita e nenhuma ferrita. Então, se soubermos o teor de carbono do aço, podemos avaliar qual vai ser sua estrutura em termos de ferrita e perlita, desde que o mesmo seja resfriado lentamente. De maneira inversa, se avaliarmos através da microscópica seu teor de ferrita e perlita, poderemos estimar seu teor de carbono utilizando a equações acima. Por exemplo: ( ) % , , % P C ou C P = = 100 0 8 0 8 100 0 Assim, se microscopicamente observamos que aço tem 40% de perlita e 60% de ferrita, pela equação acima estimamos o seu teor de carbono em: ( ) CC C %3,0 %3,0 100 408,0 0 0 ≅ ≅= 2.10 EFEITO DA VELOCIDADE DE RESFRIAMENTO NA FRAÇÃO VOLUMÉTRICA DA FERRITA E PERLITA O teor de carbono do aço carbono só pode ser avaliado em função de suas áreas de ferrita e perlita se o resfriamento for muito lento (no forno, por exemplo). Se o resfriamento for mais rápido, mesmo que a microestrutura seja ainda de ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II –Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 42/68 ferrita e perlita, a quantidade de ferrita será menor que prevista pelo diagrama de fase, pois a perlita começa a se formar antes de finalizar a formação da ferrita, interrompendo o seu processo de crescimento ( Figs. 2.15;2.16; 2.17;2.18). 2.11 IMPUREZA DOS AÇOS Além dos elementos adicionados propositadamente na fabricação dos aços (elementos de liga), existem outros cuja introdução no aço é decorrente do processo de fabricação. Entre eles pode-se citar: P, S, Mn, Si, Al, N, O e H. As influencias dos elementos de liga sobre o ponto eutetóide e sobre o So (espaçamento interlamelar) podem ser analisadas na Fig. 2.19., onde recebem as seguintes denominações: Elementos gamagenicos: Abaixa a temperatura de A1 e diminui o teor de carbono do eutetóide. Elementos alfagenicos: Aumenta a temperatura de A1 e diminui o teor de carbono do eutetóide. Fósforo O fósforo dissolve-se na ferrita, endurecendo-a, ocasionando fragilidade a frio. Isto significa baixa resistência ao choque e baixa tenacidade, o que é acentuado pelo aumento da porcentagem de carbono. Além disto, é um dos responsáveis pelos fenômenos de fragilidade de revenido. Por isso o teor máximo deste elemento é rigorosamente controlado nos aços e situa-se entre 0,005 e 0,1%, dependendo da qualidade desejada e da aplicação a que se destina o aço. Embora o fósforo apresente algumas vantagens, como aumento da resistência ao desgaste e à corrosão, melhoria na usinabilidade dos aços de corte rápido e aumento na resistência mecânica, seus aspectos prejudiciais nos aços predominam, sendo ele considerado como uma impureza. _____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II -Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 43/68 Enxofre Quando ocorre a formação de FeS, o enxofre torna os aços frágeis durante os processos de trabalho a quente. O manganês, combinado-se com o enxofre, forma o sulfeto (MnS) e elimina este problema, desde que a relação Mn/S e teor máximo de S sejam adequadamente controlados. Em aços de corte rápido adiciona-se enxofre para formar, sob efeito do trabalho a quente, inclusões alongadas. Isso provoca o rompimento dos cavacos na usinagem, prolongando a vida da ferramenta de corte. Silício O silício é empregado durante a fabricação do aço como desoxidante. Além disto, aumenta a resistência da ferrita, sem sacrificar a ductilidade e a tenacidade, para porcentagens de até 1%. Na maioria dos aços, a porcentagem de silício chega até 0,3% no máximo. Manganês O manganês é utilizado para controlar os efeitos negativos do enxofre, formando inclusões de MnS, e como desoxidante. Para essas finalidades sua adição em geral é menor que 1%. Para aços estruturais, teores de até 1,5% são usuais. Alumínio É um dos mais efetivos agentes desoxidantes utilizados na fabricação dos aços. Através da formação do nitreto de alumínio, permite o controle do tamanho de grão, porém é necessário um controle rigoroso em sua dosagem, dado que o excesso deste nitreto pode fragilizar o aço. Estanho Sua presença se deve a chapas soldadas ou estanhadas na sucata, originando superfícies defeituosas e fragilidade no trabalho a quente. Nos aços ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II –Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 44/68 temperados e revenidos o estanho contribui para fragilidade de revenido. O estanho tem os mesmos efeitos prejudiciais que o fósforo. Hidrogênio Juntamente com o oxigênio e nitrogênio, o hidrogênio contamina o aço durante sua elaboração. Causa fragilização do aço. Pode ser eliminado através da desgaseificação. Oxigênio O oxigênio tem elevada solubilidade no aço líquido e baixíssima solubilidade no aço sólido. Esta diferença de solubilidade pode conduzir à precipitação de diferentes óxidos durante a solidificação. Quando o CO é formado durante a solidificação tem-se aços efervescentes ou semi-acalmados. Outros óxidos (alumina, silicatos etc.) terão influência como inclusões não-metálicas. Nitrogênio Forma nitretos quando combinados com alumínio, vanádio e cromo, conferindo ao aço uma elevada dureza e grande resistência ao desgaste. Também dissolve-se na ferrita endurecendo-a e pode formar o nitreto de ferro, que também provoca o endurecimento por precipitação. Contribui para a ocorrência de escoamento nítido, prejudicial para chapas para embutimento profundo. _____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II -Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 45/68 Figura 2.19 – Efeito dos elementos de liga sobre o eutetíde e o espaçamento inter lamelar (So). 2.12 CLASSIFICAÇÃO E SELEÇÃO DE AÇOS AÇOS ESTRUTURAIS Vergalhões para concreto Os vergalhões para concreto armado são especificados segundo a norma NBR 7480, sendo designados CA xx, onde os dois algarismos representam o limite de escoamento mínimo, em Kgf/ mm2 ( ex.: CA-25, CA-50, etc.). ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II –Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 46/68 Pertencem à duas classes: A- laminados a quente e B- encruados ( aminados a frio ou torcidos). É importante notar que, enquanto os CA’s da classe A quando soldados não apresentam enfraquecimento,os aços encruados podem recristalizar e sofrer transformações, durante a soldagem, que reduzam seu limite de escoamento. Para concreto pretendido, a NBR 7482 designa os aços CO-xxx, onde os algarismos indicam o limite de ruptura em Kgf/ mm2, havendo 3 classes: A- laminados a quente, B- encruado e C- temperado. Novamente deve-se observar os possíveis efeitos negativos da soldagem nas classes B e C. É sempre recomendável, entretanto, quando se deseja soldar vergalhões, obter a composição química do material, para verificar sua soldabilidade. Chapas e Perfis Estruturais Chapas e perfis são, em geral, fornecidos pelas grandes siderúrgicas, ou fabricados ( no caso de perfis dobrados ou soldados) a partir de materiais desta procedência. Perfis são especificados de acordo com as normas NBR 7007 ( aços para perfis laminados...), NBR 6109 ( cantoneiras de abas iguais) e NBR 6352 (cantoneiras de abas desiguais), entre outras. No caso de perfis e chapas laminados, as grandes siderúrgicas os fornecem de diversas resistências. É importante ter-se em mente que plasticidade para conformação a frio é uma propriedade que merece cuidados especiais. Sempre que se desejar aço estrutural para posteriores dobramentos, é conveniente contactar o fornecedor, verificando especialmente a adequação do material à operação desejada. É importante especificar também o sentido do dobramento- longitudinal ou transversal - de vez que a anisotropia destes materiais é bastante elevada, em decorrência do próprio processo de elaboração. É conveniente, em casos de dúvida, conduzir-se testes. No caso de perfis fabricados(soldados ou dobrados), é necessário certificar-se da capacidade desejado, seus métodos de inspeção, etc. Novamente, neste caso, é necessário que o projetista mantenha alerta seu bom senso. Em aplicações de pouca importância, onde o custo é o fator dominante, não há sentido em se exigir inspeção das soldas, por exemplo. AÇOS DE ALTA RESISTÊNCIA E BAIXA LIGA (ARBL) _____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II -Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 47/68 A classificação de aços como de “Alta resistência e baixa liga” é bastante genérica e freqüentemente, conduz mal entendidos. Há uma superposição natural entre o conceito de aços ARBL e classificações baseadas no emprego, isto é, aços ARBL são empregados como aços estruturais, aços para embutimento, aços para tubulações, vasos de pressão, etc. Além disto, alguns destes aços têm sido agrupados em famílias em função de alguma características comum, como: aços bi-fásicos (dualphase), aços de perlita-reduzida (reducerd-pearlite), aços laminados controladamente, aços “spray- quenched”,etc. Evidentemente, todas as classificações ou agrupamentos são válidos ou úteis dentro de determinadas condições; é importante , entretanto, não se deixar confundir pelas diversas nomenclaturas, pois assim como o próprio “nome” dado ao aço, elas não podem alterar suas propriedades e características. Estas decorrem, fundamentalmente, de sua composição química, processamento e, conseqüentemente, estrutura (macro e micro), e não dependem da “etiqueta” que se coloca no produto. As últimas décadas viram grandes desenvolvimentos na tecnologia dos aços ARBL (ou HSLA, em inglês). estes desenvolvimentos foram baseados, em sua maioria, na compreensão da correlação entre propriedades e microestrutura. Historicamente, pontos notáveis da evolução destes aços, segundo Pickering, são: Inicialmente, o projeto de estruturas era baseado no limite de ruptura e o carbono era principal elemento de liga. Apesar do baixo custo, tenacidade e soldabilidade eram baixas. O advento da soldagem exigiu a redução do teor de carbono. para manter a resistência, o teor de manganês foi aumentado. Falhas catastróficas de estruturas soldadas levaram ao reconhecimento da importância do controle da tenacidade. Ao mesmo tempo, os critérios de projetos passaram a dar mais importância ao limite de escoamento. O teor de C foi reduzido ainda mais, mantendo-se o teor de Mn elevado. A importância do tamanho de grão na resistência e tenacidade foi reconhecida. ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II –Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 48/68 Aços de grão-fino (condições de AIN, por exemplo) foram desenvolvidos. As vantagens associadas as estas adições são obtidas na condição normalizada. Limites de escoamento da ordem de 300 Mpa e temperaturas de transição abaixo de 0ºC foram obtidos. Aumentos adicionais no limite de escoamento passaram a ser obtidos nos aços de grão-fino, através de endurecimento por precipitação ( Carbetos de vanádio, nióbio e titânio). Posteriormente, o reconhecimento da importância do tamanho de grão na resistência e na tenacidade levou à pesquisa de meios de se obter grãos cada vez mais finos. Um processo que permita obter, durante a laminação, austenita de grão fino e, eventualmente, encruada, favorece, naturalmente, a nucleação de ferrita no resfriamento e resulta em microestruturas de grão extremamente fino. Para se atingir estas condições, tratamentos termomecânicos em que deformações significativas são realizadas a temperaturas inferiores à temperatura de recristalização do material, são necessários. Devido à baixa temperatura de recristalização dos aços C-Mn, para estes aços isto só é possível com laminadores de alta potência. Uma alternativa é o uso de elementos microligantes, como o Nb que, dissolvido na austenita ou precipitados como carbonitretos, aumentam a temperatura de recristalização, retardam o crescimento do grão austenítico. Tais tratamentos termomecânicos permitem o aproveitamento máximo dos elementos de liga e (ou) micro liga e, corretamente empregados, conduzem a excelentes combinações de propriedades mecânicas e tecnológicas. Aços assim produzidos vêm sendo extensivamente utilizados em diversas aplicações, como tubulações (oleodutos, gaseodutos) construção naval, vasos de pressão, etc). AÇOS PARA EMBUTIMENTO E ESTAMPAGEM Estas operações de conformação a frio podem variar grandemente em severidade, desde um dobramento com raio várias vezes superior à espessura da chapa até embutimentos complexos, com repuxamentos severos, como no caso diversas peças de carrocerias de automóveis. Além disto, dependendo do _____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II -Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 49/68 acabamento desejado na peça, estrias e outros defeitos superficiais podem não ser aceitáveis. Associa-se a estas operações graus de severidade, enquanto as siderúrgicas fornecem chapas em grupos de diferentes resistências ao embutimento. Apesar de diversos testes para determinar o grau de estampabilidade serem aceitáveis pelo material (Ex.: Testes de Copo: Olsen, Erichsen), é bastante difícil correlacionar a severidade do teste com a severidade da operação. Em geral, a seleção pode ser baseada na experiência do projetista, seguida de testes visando determinar o material de custo mínimo capaz de aceitar a deformação do processo. Adicionalmente, o desenvolvimento de conceitos como o Diagrama Limite de Conformação vem permitindo uma análise mais sistemática destas operações e uma melhor caracterização do comportamento do material. AÇOS PARA CONSTRUÇÃO MECÂNICA Enquanto aços estruturais são normalmente fornecidos para atender a requisitos mecânicos ( com alguns limites de composição químicacom vistas a soldabilidade, por exemplo), aços para construção mecânica são usualmente fornecidos para atender faixas de composição química. O SISTEMA ABNT O sistema de classificação de aços empregados pela ABNT (NBR 6006) é basicamente o mesmo usado pelo AISI ( American Iron and Steel Instute) e pela SAE (Society of Automotive Engineers). Nestes sistemas, os aços são divididos em grupos principais e, dentro destes grupos, em famílias de características semelhantes. Estas famílias são designadas por conjuntos de algarismos, em geral 4, da seguinte forma: XX XX Família Teor de C em centésimos de porcento (0,01%) ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II –Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 50/68 Assim, um aço 4340, é formado da família 43, isto é, com 1,8%Ni, 0,08%Cr, 0,25%Mo e com 40 centésimos de porcento de C, isto é, 0,40%C. Além dos algarismos, são empregadas letras na classificação, principalmente “H”, após os algarismos, que indica temperabilidade assegurada e “B” entre dois grupos de dois algarismos que indica a presença de boro, para aumento da temperabilidade. Por exemplo, um aço 8620H é um aço com resposta ao tratamento térmico mais consistente que o 8620, sendo que suas propriedades se situam na parte superior da faixa de dureza do 8620. Do mesmo modo, o aço 10B46, é essencialmente um aço 1046 (aço carbono com 0,46%C) ao qual adiciona-se um mínimo de 5 ppm de boro, que melhora a temperabilidade. Nos casos dos aços inoxidáveis e aços-ferramenta, os algarismos finais não representam o teor de carbono. Para aços inoxidáveis (NBR 5601) da série 3xx, a letra L após os algarismos indica carbono extra-baixo, com melhores características de resistência à corrosão. Os aços que são, comercialmente mais comuns. São exemplos típicos : 8620, 8640, 4140, 4340, 1045, 3310, 9315, 52100, 304, 410, 420. É claro que, ao projetar uma peça que requererá pequena quantidade de aço e será fabricada com pouca freqüência, deve ser dada preferência a um dos aços comercialmente mais comuns, pois são estes aços que se encontram, em geral, em estoque no produtor. Assim, as chances de se obter o material em curto prazo, por preço razoável, aumentarão bastante. Por outro lado, na especificação de um aço para peças a serem produzidas em série, em grandes quantidades, é conveniente selecionar o material realmente necessário, evitando excessos (especificar aços com teores de elementos de liga superiores aos necessários, por exemplo) que, certamente, aumentarão os custos da produção seriada. A partir de 1975, num esforço para estabelecer um sistema único para a designação de metais e ligas, a ASTM e a SAE passaram a publicar o UNS (Unified Numbering System). Neste sistema ( ASTM E 527), um prefixo de uma letra é seguido por cinco algarismos. A letra dá uma indicação da família do metal ou liga indicado e os algarismos identificam a liga específica. _____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II -Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 51/68 Para os aços normalizados pela SAE, o UNS tentou manter o mesmo código numérico, como mostrado na tabela 2.3. Aços Aços de alta resistência e baixa liga (ARBL) Aços Ferramenta Aços rápidos Aços para trabalho a quente Aços indeformáveis Aços resistentes ao choque Etc. Aços Inoxidáveis Martensíticos Ferríticos Austeníticos Aços Carbono 10xx Aço Carbono 11xx Aço Carbono Ressulfurado ( corte fácil) 12xx Aço Carbono Ressulfurado e Refosforado ( corte fácil) Aços de Baixa Liga ( Construção Mecânica) 13xx Mn 1.75 23xx Ni 3.5 25xx Ni 5.0 31xx Ni 1.25 Cr 0.65 33xx Ni 3.50 Cr 1.55 40xx Mo 0.25 41xx Cr 0.50 ou 0.95, Mo 0.12 ou 0.20 43xx Ni 1.80, Cr 0.50 ou 0.80, Mo 0.25 46xx NI 1.55 ou 1.80, Mo 0.20 ou 0.25 47xx Ni 1.05, Cr 0.45, Mo 0.20 48xx Ni 3.50, Mo 0.20 50xx Cr 0.28 ou 0.40 51xx Cr 0.80 a 1.25 5xxx Cr 0.50 ou 1.00 ou 1.45, C 1.00 61xx Cr 0.80 ou 0.95, V 0.10 ou 0.15 min. 86xx Ni 0.55, Cr 0.50 ou 0.65, Mo 0.20 87xx Ni 0.55, Cr 0.50, Mo 0.25 92xx Mn 0.85, Si 2.00 93xx Ni 3.25, Cr 1.20, Mo 0.12 98xx Ni 1.00, Cr 0.80, Mo 0.25 Aços Inoxidáveis ( Resistentes ao calor e à corrosão) 2xx Cr, Ni, Mn Austenítico 3xx Cr, Ni Austenítico 4xx Cr Ferrítico 4xx Cr Martensítico 5xx baixo cromo-resistente ao calor Tabela 2.3 – aços normalizados pela SAE ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II –Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 52/68 3ª Parte Ferro Fundido _____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II -Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 53/68 FERROS FUNDIDOS GENERALIDADES: Introdução Dentre as ligas ferro-carbono, os ferros fundidos constituem um grupo de ligas de importância fundamental para indústria, não só devido as características inerentes ao próprio material, como também pelo fato de, mediante introdução de elementos de liga, aplicação de tratamentos térmicos adequados e pelo desenvolvimento do ferro fundido nodular, ter sido viável ao seu emprego em aplicações que, de certo modo, eram exclusivas dos aços. Assim sendo, o seu estudo é fundamental para engenheiro mecânico e tecnólogo, ao qual se oferece mais uma opção no sentido da seleção de materiais metálicos para as diversas aplicações industriais. Definições Pelo conhecimento do diagrama de equilíbrio Fe-C, costuma-se definir ferro- fundido como “ligas Fe-C cujo teor de carbono se situa acima de 2,05% aproximadamente”. Face à influência do silício nessa liga, sobretudo sob o ponto de vista de sua constituição estrutural, o ferro fundido é normalmente considerado uma “liga ternária Fe-C-Si”, pois o silício está freqüentemente presente em teores superiores ao do próprio carbono. Por outro lado, em função de sua constituição estrutural, o carbono está geralmente presente, em grande parcela, na forma “livre”. Então ferro-fundido: “É a liga ferro-carbono-silício, de teores de carbono geralmente acima de 2,05% em quantidade superior à que ser retida em solução sólida na austenita, de modo a resultar carbono parcialmente livre, na forma de veios ou lamelas de grafita”. Componentes estruturais dos Ferros Fundidos • o mais importante é a grafita em veios, • cementita, Perlita, ferrita, ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II –Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 54/68 • ledeburita: ocorre nos ferros fundidos brancos formado de pequenos glóbulos de Perlita sobre um fundo de cementita. • steadita: constituinte de natureza eutética, compreendendo o Fe3P e carbeto de ferro. Ocorre quando a quantidade de fósforo presente é superior a 0,15%. É muito dura e frágil. Dentro da denominação geral de “ferro fundido”, podem ser distinguidos os seguintes tipos de liga: FERRO FUNDIDO BRANCO Neste tipo de ferro fundido, o carbono apresenta na forma combinada de Fe3C, mostrando uma fratura clara. Apresenta alta dureza e alta resistência ao desgaste esua usinabilidade é prejudicada, mesmo com os melhores materiais de corte. A composição química é balanceada entre o C e Si além da velocidade de resfriamento, lançando mão da coquilha ou seja derramar o metal líquido em moldes metálicos onde o metal resfria em condições tais ou com tal velocidade que praticamente toda a grafitização é eliminada e o carbono apresenta na forma combinada. Efeito dos elementos de liga: Níquel, Cromo, Molibdênio = aumentam a resistência ao desgaste. Cromo = em teores baixos corrige a composição do ferro fundido de 1 a 4% aumenta a dureza e a resistência ao desgaste, estabilizando a cementita impedindo a formação da grafita; de 12 a 35% aumenta a resistência a corrosão e a oxidação á altas temperatura aumentando a resistência á corrosão. Níquel = em teores de 4 a 5% aumenta a dureza apresentando uma microestrutura martensítica. _____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II -Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 55/68 Molibdênio = endurece e melhora a tenacidade da matriz perlítica, quando combinado com o Ni ou Cr confere matriz martensítica melhorando a resistência á abrasão. Cobre = abaixo de 4% diminui a profundidade de endurecimento. Vanádio = estabilizador do Carbeto. Para resumir estes efeitos temos a fig. 3.1. . ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II –Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 56/68 Figura 3.1 - Efeito comparativo de vários elementos de liga que diminuem e aumentam a profundidade de coquilhamento Diagrama Ferro-Carbono: O seu estudo é realizado nas porcentagens acima de 2,05% de carbono como verificado no anexo 1 e também mostrado na figura Fig. 3.2. Pela analise do diagrama acima, verificamos que em 4,3%C em 1146ºC, uma nova reação invariante irá ser encontrada. A reação é a Eutética. L S Produto eutético = ledeburita Ponto eutético = 1146ºC com 4,3%C. • teor de carbono de 4,3% á temperatura de 11460C: corresponde a liga eutética de mais baixo ponto de fusão, chamada de liga eutética. • ligas entre 2,05 e 4,3%C são chamadas de ligas hipoeutéticas e acima de 4,3%C são chamadas de ligas hipereutéticas. Figura 3.2 – Diagrama Fe-Fe3C – acima de 2,05%C – transformação para o ferro fundido Resfriamento de uma liga eutética: _____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II -Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 57/68 Ao resfriar lentamente a liga eutética, no ponto C, a mesma se solidifica havendo austenita + Fe3C. Este Eutético é conhecido por “Ledeburita” e é constituído de um fundo de cementita com aproximadamente 6,7%C e cristais de dendritas de austenita com 2,05%C. Continuando o resfriamento da liga, o teor de carbono da austenita diminui por acompanhar a inclinação da linha Acm. Ao atingir a temperatura de 7230 C com 0,8%C na linha A1, a austenita inicia a transformação em perlita. Abaixo de A1 a ledeburita será constituída de um fundo de cementita com glóbulos de perlita. Esta microestrutura é representado na fig.3.3 . Figura 3.3 - Aspecto micrográfico da ledeburita. Estrutura típica de um ferro fundido eutético com 4,3%C. matriz de cementita com glóbulos de cementita. Ataque pícrico com aumento de 530X Resfriamento de uma liga hipoeutética: Ao resfria agora uma liga com 3,0%C, por exemplo, verificamos que acima da linha liquidus, a liga está totalmente na fase liquida. Ao atingir X1, os primeiros cristais precipitados são de austenita, cujo teor de carbono é dado pela intersecção da horizontal passando a partir de X1 até encontrar a linha solidus. Continuando o resfriamento ao atingir X2 a liga com 3,0%C apresenta em equilíbrio duas fases a fase liquida e austenita que enriquece de carbono paulatinamente. Ao atingir a temperatura X3, estão em equilíbrio a fase austenítica com 2,0%C e a ledeburita com 4,3%C. Prosseguindo o resfriamento, a austenita isolada de um lado e a austenita da ledeburita de outro terão seu teor de carbono alterado para valores decrescentes, percorrendo a linha Acm até atingir A1 quando toda a austenita ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II –Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 58/68 inclusive a da ledeburita transforma em perlita. Daí até a temperatura ambiente não haverá mais transformações, então abaixo de 7230C a liga com 3,0%C será constituída de cristais de perlita envolvidos por ledeburita. Sua micrografia é mostrado na fig 3.4. Figura 3.4 - Micrografia apresenta em um ferro fundido hipoeutético. A estrutura apresenta dendritas de perlita, áreas pontilhadas de ledeburita e algumas áreas brancas de cementita. Ataque picral com aumento de 530X Resfriamento de uma liga hipereutética: A liga estudada será com 5,0%C, adotando o mesmo tipo de resfriamento, ter-se-á entre as linhas liquidus e sólidus, cristais de cementita de forma alongada, formados em primeiro lugar, e líquido, cuja composição percorre a linha liquidus , no sentido do ponto eutético. Ao atingir a temperatura de 11460C, dar-se-á a solidificação total e as fases em equilibrio serão: cementita de um lado e ledeburita de outro. Entre as linhas solidus e A1, nada ocorre com a cementita, mas a austenita do eutético terá seu teor alterado percorrendo a linha Acm até atingir A1, quando ela passa a perlita. Assim abaixo de A1 a liga será constituída de cristais alongados de cementita e um fundo de ledeburita. A microestrutura será mostrado na fig. 3.5. _____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II -Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 59/68 Figura 3.5 - Micrografia de um ferro fundido hipereutético onde sua estrutura apresenta longos cristais de cementita sobre um fundo de ledeburita. Ataque pícrico com aumento de 150X. As ligas apresentadas acima são típicas de ferro fundido branco, pois não apresentam qualquer percentual de silício. Tais ligas apresentam aplicações restritas, face ás propriedades desfavoráveis para as aplicações mais comuns. FERRO FUNDIDO CINZENTO Características: Fácil fusão e moldagem, boa resistência mecânica, excelente usinabilidade, boa resistência ao desgaste, etc. Figura 3.6 – Ferro fundido Cinzento. Ferrita, Perlita, grafita, steadita e inclusões de sulfeto de manganês. Ataque Pícrico, 770x. Composição:C = 2,00 - 4,00% Si = 1,00 - 3,00% Mn = 0,30 - 1,00% P = 0,10 - 1,00% S = 0,05 - 0,25% Classificação dos ferros fundidos cinzentos: utiliza-se a tabela 3.1 ____________________________________________Materiais para Construção Mecânica II –Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 60/68 NOMENCLATURA • Não se faz pela composição química, mas sim pela resistência • ASTM A48 Classe 20, 30, ... • A Classe determina a resistência à tração mínima, em 1000 psi Classe Resist. mínima tração (psi) (MPa) 20 20 000 138 25 25 000 172 30 30 000 207 35 35 000 241 40 40 000 276 45 45 000 310 50 50 000 344 55 55 000 380 60 60 000 414 Tabela 3.1 –Nomenclatura do ferros fundidos cinzentos.