Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
VIROLOGIA Módulo 1 ✓ Propriedades gerais dos vírus ✓ Estrutura ✓ Classificação ✓ Ciclo viral ✓ Viroses 1. Propriedades gerais dos vírus Os vírus, palavra derivada do latim virus que significa “veneno” ou “toxina”, são sistemas biológicos microscópicos e simples que só conseguem replicar-se dentro de células vivas, pois não possuem metabolismo próprio, sendo fundamental, então, parasitar uma célula para que isso possa acontecer. Em consequência dessa característica, os vírus são chamados de parasitas intracelulares obrigatórios. Os vírus podem parasitar qualquer ser vivo, desde bactérias a plantas e animais. Fora de um organismo hospedeiro cristalizam-se como os minerais. Ser vivo ou não? Diferentemente de todos os seres vivos, esses organismos não possuem célula e metabolismo próprio, e não têm qualquer atividade metabólica quando fora da célula hospedeira, ou seja, eles não podem captar nutrientes, utilizar energia ou realizar qualquer atividade biossintética e, por isso, não são considerados por muitos autores como formas de vida. Entretanto, em virtude da capacidade de se autoduplicar e possuir variabilidade e ácidos nucleicos, outros especialistas consideram esses organismos como seres vivos. Ainda que tal reprodução seja totalmente diferente da reprodução celular que crescem, duplicam seu conteúdo e dividem-se em duas células filhas, enquanto os vírus usam da invasão celular. Não há um consenso na comunidade científica. O que sabemos é que as partículas virais são entidades naturais sujeitas a todas as forças evolutivas, inclusive mutação, recombinação, seleção natural e derivação gênica. Os vírus são super pequenos, não sendo vistos, inclusive, em microscópicos óticos, apenas nos eletrônicos. Apresentam diâmetro entre 15 e 300 nm. Para se ter uma ideia, os vírus que possuem cerca de 20 nm de diâmetro são menores que o ribossomo. A característica mais marcante dos vírus é a ausência de células. Eles carregam uma quantidade mínima de material genético constituído por uma ou várias moléculas de DNA ou RNA. Os vírus não possuem organização celular nem organelas ou ribossomos, não são capazes de produzir sua própria energia metabólica e precisam necessariamente invadir e controlar uma célula para poder se replicar e se dispersar. Aminoácidos, nucleotídeos, ribossomos e energia metabólica são obtidos a partir de seus hospedeiros. Além disso, diferentemente dos organismos formados por células, os vírus são incapazes de crescer em tamanho e de se dividir autonomamente. Atualmente há duas grandes correntes: a que considera os vírus como derivados de seres celulares e, portanto, mais recentes na árvore da vida, e a que considera os vírus como as primeiras formas de vida. 2. Estrutura Os vírus possuem estrutura bem simples quando comparado as células procarióticas, por exemplo. • Ácidos nucleicos: são as informações contidas no vírus que deverão ser utilizadas para sintetizar proteínas na célula invadida, podendo ser um DNA ou um RNA, com exceção de poucos vírus que apresentam os dois tipos; • Capsídeo: é uma cápsula proteica que envolve e protege o ácido nucleico viral da digestão por enzimas. Além disso, possui regiões que permitem a passagem do ácido nucleico para injetar no citoplasma da célula hospedeira. O capsídeo pode apresentar diferentes simetrias, responsável pelo formato do vírus tais como a icosaédrica, helicoidal ou complexa (mostrados respectivamente abaixo); • Nucleocapsídio: é o conjunto do capsídio com o ácido nucleico. • Envelope de glicoproteínas: revestimento formado por lipídios e proteínas ao redor do capsídeo, que são utilizadas para invadir a membrana celular e se ligar a ela, facilitando a fixação do vírus. Somente alguns vírus, chamados de envelopados, apresentam essa proteção lípidica externa, o envelope viral. Esse envelope é derivado de membranas da célula hospedeira. Como exemplo de vírus envelopado, podemos citar o HIV, o vírus causador da AIDS. No capsídio e no envelope dos vírus envelopados, há proteínas ligantes, que se ligam aos receptores encontrados na membrana da célula que será infectada. Cada vírus é capaz de infectar um tipo de célula, sendo assim, dizemos que os vírus possuem especificidade. 3. Classificação Os vírus são classificados de acordo com o tipo de ácido nucleico, de acordo com a forma do capsídeo e também pelos organismos que eles são capazes de infectar. • Arbovírus: transmitidos por insetos, por exemplo o vírus da dengue. • Bacteriófagos: vírus que infectam bactérias. • Micófagos: vírus que infectam fungos. O genoma dos vírus pode ser organizado de diversas formas, sendo essa uma característica dos vírus diferente de qualquer outro grupo biológico. Diferentemente da maioria dos organismos que utiliza apenas DNA para armazenar a informação genética, os vírus podem também utilizar RNA. Em termos de formato, os genomas virais podem estar organizados em círculos, lineares ou até mesmo ser compostos de diversos pequenos fragmentos lineares. O genoma viral pode ainda estar organizado como uma fita simples ou uma fita dupla. A grande variedade de arquiteturas genômicas encontradas nos vírus é atribuída às diferentes estratégias que utilizam para penetrar células. No entanto, essa organização do genoma não determina a letalidade ou infecciosidade do vírus. • Vírus de DNA (Adenovírus): formados por DNA, e o fluxo da informação genética é, em linhas gerais, DNA → RNA → proteínas. Um exemplo desse grupo é o vírus da herpes. • Vírus de RNA (Retrovírus): formados por RNA possuem a enzima transcriptase reversa, que produz primeiramente uma das cadeias do DNA, que, por sua vez, serve de molde a outra cadeia. Ao final, esse processo gera uma molécula de DNA, que poderá ser integrada ao genoma do hospedeiro no núcleo e utilizada para a síntese de RNAm viral. O vírus representante deste grupo é o HIV. • Vírus de RNA (não retrovírus): o material genético é o RNA e não possuem a enzima transcriptase reversa. O fluxo da informação genética é RNA → RNA → proteínas. Exemplo: vírus da gripe Influenzavírus A. 4. Ciclo viral Como dito anteriormente, o vírus é incapaz de se reproduzir de maneira independente, sendo fundamental, assim, a participação de uma célula. Cada vírus apresenta a capacidade de infectar um tipo específico de célula e, portanto, diz-se que ele possui especificidade de hospedeiro. Inicialmente, o vírus identifica a célula que será parasitada, e, posteriormente, ele garante que o genoma viral entre na célula. Essa etapa varia de um vírus para outro, enquanto alguns injetam o material genético no interior da célula hospedeira, outros, literalmente, entram na célula, porém o princípio geral infeccioso é o mesmo: utilizar a célula hospedeira para produzir mais partículas virais. Quando o material viral está no interior da célula, ele passa a ser replicado pelo hospedeiro e, posteriormente, os ribossomos sintetizam as proteínas virais. Abaixo temos o exemplo do bacteriófago, um vírus que ataca especificamente bactérias. Após se multiplicarem, os vírus podem romper as células infectadas para a liberação de novas estruturas, constituindo, assim, um ciclo lítico. Outras vezes, o material genético viral pode manter-se ligado ao da célula hospedeira, e a transmissão desse material para novas células ocorre à medida que ela se divide, caracterizando um ciclo lisogênico. • Ciclo lítico: observamos 6 etapas básicas: adsorção, penetração, desnudação, síntese do material genético e proteínas do vírus, maturação e liberação. Na liberação, ocorre o rompimento da célula bacteriana e a liberação dos novos vírus. • Ciclo lisogênico: ocorre a replicação do material genético viral, porém não ocorre a destruição da célula hospedeira. O material genético viral passa a fazer parte do DNA da célula infectada, e a cada divisão celular esse material viral é repassadopara as células-filhas. De uma maneira geral, podemos dividir a replicação viral básica nas seguintes etapas: 1- Adsorção: Etapa em que o vírus liga-se à receptores de membrana na célula hospedeira; 2- Penetração: após a adesão, a partícula viral insere seu material genético no interior da célula. Diferentes vírus utilizam diferentes estratégias para alcançar esse objetivo. Bacteriófagos injetam seu DNA na célula hospedeira. Em vírus envelopados, toda a partícula viral pode ser englobada pela célula por endocitose (processo pelo qual as células ingerem material formando vesículas chamadas endossomos) ou poder haver fusão do envelope viral com a membrana plasmática da célula hospedeira. 3- Desnudamento: Este estágio é necessário para os vírus que penetraram o meio intracelular por endocitose ou fusão. A digestão do capsídeo por enzimas presentes no citoplasma da célula invadida ou dentro da vesícula de fagocitose contendo o vírus resulta na liberação do material genético viral dentro da célula hospedeira. Vírus como os bacteriófagos não necessitam deste estágio uma vez que o material genético viral é diretamente injetado na bactéria infectada. 4- Transcrição e tradução: o vírus impede a síntese de proteínas da célula hospedeira e promove a transcrição e tradução de seu próprio material genético, utilizando a maquinaria da célula hospedeira. 5- Maturação: consiste na montagem de diversos componentes virais em partículas virais completas. 6- Liberação: consiste na dispersão das novas partículas virais formadas, pela lise da célula hospedeira ou por brotamento. Na lise – mais comum em vírus não envelopados –, os vírus promovem a síntese da lisozima, uma enzima capaz de romper a membrana plasmática. O rompimento resulta na morte da célula hospedeira e na liberação dos novos vírus formados para o meio extracelular. Já o mecanismo de liberação por brotamento é utilizado apenas por vírus envelopados (como o HIV), que saem para o meio extracelular ao adquirir o envelope a partir da membrana plasmática da célula hospedeira, ou por vesículas que se fundem com a membrana plasmática. Os novos vírus são, assim, capazes de infectar novas células, repetindo o ciclo da multiplicação viral. Quando o número de vírus liberados por brotamento é muito elevado, a célula estoura e morre. 5. Viroses Os vírus podem ser encontrados em praticamente todos os locais e infectar qualquer tipo de célula, seja animal ou vegetal, eucariótica ou procariótica, unicelulares ou pluricelulares. As doenças causadas por eles são chamadas de viroses. Como exemplos de infecções virais podemos citar: AIDS, COVID-19, caxumba, dengue, ebola, febre amarela, gripe, hepatites, herpes, HPV, meningite, raiva, catapora, rubéola, sarampo, poliomelite e varicela. As características de cada uma serão abordadas no resumo seguinte. Devido ao uso da maquinaria das células do hospedeiro, os vírus tornam-se difíceis de matar. As mais eficientes soluções médicas para as doenças virais são, até agora, as vacinas para prevenir as infecções, e medicamentos que tratam os sintomas das infecções virais. Vale ressaltar que antibióticos não são eficazes no tratamento de doenças virais, visto que a finalidade dos antibióticos são doenças bacterianas. Além de ser um tratamento inútil contra os vírus, seu uso excessivo é uma das causas de resistência antibiótica em bactérias. Referências https://www.biologianet.com/biodiversidade/virus.htm https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/virus.htm https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Seresvivos/Ciencias/biovirus.php https://escolakids.uol.com.br/ciencias/virus.htm https://escolakids.uol.com.br/ciencias/reproducao-dos-virus.htm Tópico 9 – Vírus; Sônia Godoy Bueno Carvalho Lopes & Fanly Fungyi Chow Ho · USP/ Univesp (pdf online) https://www.todamateria.com.br/virus/ https://www.biologianet.com/biodiversidade/virus.htm https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/virus.htm https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Seresvivos/Ciencias/biovirus.php https://escolakids.uol.com.br/ciencias/virus.htm https://escolakids.uol.com.br/ciencias/reproducao-dos-virus.htm https://www.todamateria.com.br/virus/
Compartilhar