Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção APOSTILA DA DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO (versão 2011/1) Prof. Henrique Martins Rocha 2 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Programa da disciplina Ementa Planejamento. Programação e Controle da Produção nos Diversos Níveis. Previsão de Vendas. Modelos de Programação da Produção e Mão-de-obra. Controle de Estoques. Métodos Modernos de Gerenciamento da Produção. Distribuição da Carga Horária 4 horas/aula semanais (60 horas-aula semestrais) Objetivos Prover conhecimentos básicos necessários para a estruturação e gerenciamento do sistema de produção. Propiciar a análise de situações envolvendo problemas de gerenciamento de produção. Conteúdo programático 1. Introdução 1.1 Administração de Operações (definição) 1.2 Diferenças e semelhanças entre manufaturas e serviços 1.3 O rumo da gerência de operações 1.4 A gerência de operações e a organização 2. Gerenciamento dos processos e dos estoques 2.1 Gerenciamento de processos (definição) 2.2 Decisões no gerenciamento 2.3 Principais conceitos de estoques 2.4 Gerenciamento dos estoques 3. Sistemas de estoques – demanda independente 3.1 Lote econômico de encomenda 3.2 Estoques de segurança 3.3 Sistemas de revisão contínua 3.4 Sistema de revisão periódica 4. Planejamento agregado, planos de produção e mão de obra 4.1 Introdução 4.2 Conceitos principais 4.3 O processo de planejamento 4.4 Ilustrações práticas 5. Programa mestre da produção 5.1 Programa – mestre de produção (definição ) 5.2 O processo de programa - mestre da produção 5.3 Desenvolvimento de um programa mestre 3 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO 5.4 Questões gerenciais na programação – mestre 6. Sistemas de estoques com demanda dependente – MRP 6.1 Introdução 6.2 Ilustrações práticas 6.3 Conceitos principais 7. Programação de mão-de-obra e operações 7.1 Programação de mão-de-obra 7.2 Programação de operações 7.3 Uma abordagem para programação de operações 8. Tópico especial 8.1 Sistemas de produção em grandes volumes: Just – in – time (JIT) e Kanban Metodologia Exposição verbal dos conceitos e debates (discussão dirigida), com troca de experiências entre os participantes. Exercícios para aplicação prática dos conceitos vistos, por meio de tarefas individuais e em grupo. Critério de Avaliação � Prova individual, versando sobre itens 1 a 5 do conteúdo programático (peso 80%), bem como exercícios de fixação a serem feitos em sala de aula (peso 20%) comporão a N1. � Trabalho em grupo, versando sobre demais itens do conteúdo (peso 80%) e exercícios de fixação em sala de aula (peso 20%) comporão a N2. � Exame final na forma de prova individual, cobrindo todo o conteúdo da disciplina. Obs: as datas das avaliações serão informadas na primeira semana de aula. Bibliografia recomendada BUFFA, E. Modern Production/Operation Management. New York, USA: Jonh Wiley & Sons, 1987. CHASE, R. B,; JACOBS, R.; AQUILANO, N. J. Administração da produção para a vantagem competitiva. 10. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A., Administração da produção e operações: manufatura e serviços – uma abordagem estratégica, 2. ed., São Paulo: Atlas, 2006. CORREA, H.L. et al. MRPII / ERP – Conceitos, uso e implantação, São Paulo: Editora Atlas, 2000. DAVIS, M.M. et al. Fundamentos da administração da produção. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. LAUGENI, F. P.; MARTINS, P. G. Administração de produção. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. MONKS, J. G. Administração da produção. São Paulo: McGraw Hill, 1987. MOREIRA, D. A. Administração da produção e operações, 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2008. PAIVA, E. L.; CARVALHO JUNIOR, J. M.; FENSTERSEIFER, J. E. Estratégia de produção e de operações. Porto Alegre: Bookman, 2004. 4 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO RITZMAN, L. P.; KRAJEWSKI, L.J. Administração da produção e operações. 2. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2008. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção, 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. Currículo resumido do professor Henrique Martins Rocha é Doutor em Engenharia pela UNESP, com pós-doutorado na mesma instituição, Mestre em Sistemas de Gestão (UFF), Especialista em Gestão Empresarial (FGV) e em Finanças Corporativas (UFRRJ). Engenheiro Mecânico (UERJ) com aperfeiçoamento em Engineering Excellence pelo Rochester Institute of Technology, foi avaliador líder do PQRio. Sua experiência profissional de 27 anos na área industrial, em empresas como Xerox, White Martins, Flextronics, Remington, CBV e Siemens, inclui funções como gerente de Planejamento e Controle de Produção e Exportação, gerente de Customer Care, gerente de Produção, gerente de Programas (novos produtos), gerente de Design Center, engenheiro de Processos e Manufatura, etc. Participou da implementação de sistemas integrados de gestão, implantação, balanceamento e realocação de diversas linhas de produção, desenvolvimento de cadeias de suprimento, incluindo logística reversa, seleção de equipamentos, desenvolvimento de processos produtivos e de novos produtos, manutenção industrial, etc. Atuou por 5 anos nos USA e Canadá, integrando diversos times de desenvolvimento de produtos, desenvolvendo fornecedores e coordenando grupo multinacional de design. Atua há dez anos na área acadêmica, como professor, coordenador de cursos de graduação e pós-graduação e pesquisador. Possui dezenas de publicações científicas: artigos em periódicos e anais de eventos científicos e capítulos de livros. Endereço para acessar CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/0532941206355027. 5 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO 1. INTRODUÇÃO A presente apostila se presta a servir de fonte inicial de esclarecimento e orientação sobre o conteúdo da disciplina Planejamento e Controle da Produção (PCP), não devendo, no entanto, ser considerada a única fonte de informação e estudo. O aprofundamento conceitual, bem como aplicações práticas, devem ser consultados nas obras indicadas na Bibliografia da disciplina. 1.1 ADMINISTRAÇÃO DE OPERAÇÕES (definição) A Administração da Produção ou Administração de operações é a função administrativa responsável pelo estudo e pelo desenvolvimento de técnicas de gestão da produção de bens e serviços. Segundo Slack (1996, p.34) a produção é a função central das organizações já que é aquela que vai se incumbir de alcançar o objetivo principal da empresa, ou seja, sua razão de existir. A função produção se preocupa principalmente com os seguintes assuntos: � Estratégia de produção: as diversas formas de organizar a produção para atender a demanda e ser competitivo. � Projeto de produtos e serviços: criação e melhora de produtos e serviços. � Sistemas de produção: arranjo físico e fluxos produtivos. � Arranjos produtivos: produção artesanal, produção em massa e produção enxuta. � Ergonomia � Estudo de tempos e movimentos � Planejamento da produção: planejamento de capacidade, agregado, plano mestre de produção e sequenciamento. � Planejamento e controle de projetos. Figura 1 – Operações como parte da cadeia de valor (SLACK et al., 2002) 1.2 DIFERENÇASE SEMELHANÇAS ENTRE MANUFATURAS E SERVIÇOS Manufatura � Geralmente o produto é concreto � A posse é transferida quando uma compra é efetuada � O produto pode ser revendido � O produto pode ser demonstrado � O produto pode ser estocado por vendedores e compradores FORNECEDOR COMPRAS FABRICAÇÃO DISTRIBUIÇÃO CLIENTES Operações Fluxo de materiais e valor agregado Fluxo de informações sobre necessidades 6 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO � O consumo depende da produção � Produção, venda e consumo são feitos em locais diferentes � O produto pode ser transportado � O vendedor fabrica � É possível contato indireto entre empresa e cliente Serviços � Geralmente o serviço é intangível � Geralmente a posse não é transferida � O serviço não pode ser revendido � Normalmente o serviço não pode se demonstrado � com eficácia (ele não existe antes da compra) � O serviço não pode ser estocado � Produção e consumo geralmente coincidem � Produção, consumo e, frequentemente, a venda, são feitos no mesmo local. � O serviço não pode ser transportado (embora os “produtores” frequentemente possam) � O comprador/cliente participa diretamente da produção � Na maioria dos casos, o contato direto é necessário Figura 2 – características dos serviços e implicações (SANTOS et al., 2004) 1.3 O RUMO DA GERÊNCIA DE OPERAÇÕES A abertura dos mercados criou uma nova ordem econômica, baseada fundamentalmente na estruturação de novas formas de organização da produção, com ênfase na competitividade e na inovação tecnológica. Novas formas de organização industrial são rapidamente incorporadas à cultura das empresas, como resposta aos novos desafios de mercado (TÁLAMO; CARVALHO, 2004). Conforme Rocha (2002), com a proliferação das técnicas japonesas, que mostraram ao resto do mundo os conceitos de Kanban, Just-in-time, Círculos de Qualidade, Total Productive Maintenance, etc., percebeu-se que a pulverização dos esforços não era a forma mais eficaz de desenvolver e manufaturar produtos. Conceitos como Engenharia 7 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Simultânea e times multifuncionais passaram a ser utilizados dentro das organizações ocidentais e seus benefícios puderam ser sentidos: Shuler (1994) cita que o tempo médio para desenvolvimento de produtos foi reduzido em 30 a 45% e o custo de desenvolvimento em 25-30% em poucos anos. A dimensão global da competição tem exigido que as empresas industriais passem a administrar a manufatura necessariamente sob uma perspectiva estratégica e integrada às estratégias e aos objetivos gerais da organização empresarial. Essa maneira estratégica de se administrar a manufatura tem sido defendida nas últimas duas décadas por vários autores, dentro do que passou a ser rotulado de estratégia de manufatura – manufacturing strategy (SANTOS et al., 1999). Maia et al. (2005) discutem a evolução da gerência de Operações: Diversas definições para o conceito de Estratégia de Operações podem ser encontradas na literatura, cada uma enfocando um aspecto particular da gestão de operações, ou uma escola de pensamento a respeito de estratégia. Será aqui adotada a definição de Hayes et al. (2004), para os quais "a estratégia de operações é um conjunto de objetivos, políticas e restrições auto-impostas que conjuntamente descrevem como a organização se propõe a dirigir e desenvolver todos os recursos investidos nas operações, de forma a melhor executar (e possivelmente redefinir) sua missão". [...] Quando os autores comentam sobre objetivos e políticas, direcionamento de investimentos e execução da missão, estes se pautam na escola de planejamento estratégico – um processo formal e top-down que abrange o plano estratégico, tático e operacional (Oliveira, 2001) [...]. Sob a ótica do planejamento estratégico, a Estratégia de Operações é uma estratégia funcional e, portanto, deve promover sustentação à estratégia competitiva. Dado o fato de os elementos que compõem o sistema produtivo terem de ser concebidos para atingir determinados fins e realizar determinadas tarefas, estratégias competitivas diferentes poderão exigir configurações distintas do sistema de produção. Neste sentido, cada tipo de estratégia demanda certas tarefas da produção e especifica determinados objetivos, os quais são conhecidos por "prioridades competitivas" e foram inicialmente identificados por Skinner (1969) como sendo produtividade, serviço, qualidade e retorno sobre investimento. Talvez a primeira abordagem mais sistemática sobre gestão de operações deve-se aos trabalhos de Frederick Taylor. Taylor analisou, usando estudos de micromovimentos, a execução tarefas, no sentido de eliminar desperdícios de movimentos durante o período em que o trabalhador estava de fato agregando valor ao produto. Deu origem ao estudo dos tempos e movimentos que aprofundou as análises, ainda voltadas a tornar a tarefa mais eficiente. Toda a área de conhecimento que derivou daí e tornou-se muito influente por boa parte do século XX de certa forma os intervalos entre os períodos durante os quais diferentes trabalhadores agregavam valor ao produto. Esses intervalos referem-se a atividades como transporte, esperas e outros que, se não agregam valor ao produto, certamente agregam custos. Em meados do século XX, os processos produtivos haviam mudado em relação ao paradigma de produção em massa vigente nos anos 10, 20 e 30. A variedade de produtos ampliava-se e, com ela, a variedade de roteiros produtivos percorridos pelos diversos produtos dentro das unidades produtivas. Isso fez com que, em certas situações, em fábricas dos anos 40 e 50, em menos de 5% do tempo que um produto permanecia numa unidade de operações houvesse de fato valor sendo agregado a ele. Ou seja, os custos 8 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO referentes aos intervalos passaram a ser muito relevantes e as oportunidades de aumento de eficiências eram muito mais referentes ao relacionamento entre atividades, ou, em outras palavras, à rede de atividades como um todo, que a possíveis ações referentes às tarefas em si (afinal, por décadas, esforço houvera sido dedicado para aumentos de eficiências nas tarefas em si). No período do pós-guerra, nos anos 40 e 50, o Just in Time desenvolveu-se com uma lógica diferente da lógica tradicional Taylorista. A ênfase no melhoramento contínuo e do combate aos desperdícios, interessantemente, passou a focalizar-se nas atividades que não agregavam valor ao produto, ou seja, nos "intervalos" entre atividades de agregação de valor. Combateu-se fortemente o desperdício de transporte (entre atividades), de espera (entre atividades), entre outros, com ênfase muito maior numa melhor gestão das "redes de atividades" internas à empresa, mais que nas atividades em si. A gestão de produção tornou-se mais holística, de certa forma. Os anos 70 e 80 viram uma difusão intensa das técnicas e abordagens Just in Time pelo mundo ocidental. Aumentos substanciais de eficiência foram obtidos pelas empresas que reduziram drasticamente seus estoques e seus outros desperdícios. Nos anos 90, o retomo sobre o investimento em melhoria dentro das organizações, devido aos intensos esforços já colocados ao longo das décadas anteriores, começou a decrescer - em outras palavras, como muito já houvera sido feito em termos de eliminação de desperdícios e aumento de eficiências, melhorias incrementais só poderiam ser obtidas com esforço desproporcionalmente grande. Notou-se, entretanto, que as empresasfazem parte de redes de empresas que se inter-relacionam. As atividades gerenciais referentes ao relacionamento (transporte de produtos entre empresas, tipos de contrato, trocas de informação) não tinham recebido até então nem uma pequena fração da atenção gerencial que o gerenciamento interno das empresas tinha. Isso significava que melhorias incrementais nos níveis de desempenho gerencial nas atividades de interface ainda custavam relativamente pouco, comparado aos melhoramentos internos. Foi quando passou a ficar claro que valeria pena para as empresas debruçarem-se sobre os relacionamentos entre empresas e sobre o desempenho das redes de empresa como um todo e não apenas como desempenho isolado das empresas. Neste esforço, surgiu a idéia que hoje é genericamente conhecida como gestão de redes de suprimento. 1.4 A GERÊNCIA DE OPERAÇÕES E A ORGANIZAÇÃO Para Bateman e Snell (1998, p.33): “Uma organização é um sistema administrado, projetado e operado para atingir determinado conjunto de objetivos”. Uma organização não é um grupo aleatório de pessoas que estão juntas por acaso. Ela se estabelece consciente e formalmente para atingir certos objetivos que seus membros não estariam capacitados a atingir por si sós. O trabalho de um administrador é atingir alto desempenho relativamente aos objetivos organizacionais. Por exemplo, uma organização com fins lucrativos tem os objetivos de: (1) realizar lucros para seus donos; (2) fornecer bens e serviços aos clientes; (3) prover renda para seus funcionários; e (4) aumentar o nível de satisfação de cada um dos envolvidos. Um hospital fornece serviços de saúde. Uma equipe esportiva profissional está organizada para vencer jogos e ganhar dinheiro. Uma organização de caridade tenta angariar fundos para aliviar certos problemas sociais. Os administradores dessas organizações são responsáveis pelo atingimento desses objetivos. 9 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO O papel da estratégia de operações é estabelecer um plano para a função operações de modo que esta possa fazer o melhor uso de seus recursos. A estratégia de operações, conforme Reid e Sander (2002), é o plano que especifica o projeto e a utilização desses recursos para apoiar a estratégia empresarial. Isso inclui qualidade, projeto de bens e serviços, projeto de processos e de capacidade, seleção da localização, projeto de layout, recursos humanos, gestão da cadeia de fornecedores, estoques, programação e manutenção. 2. GERENCIAMENTO DOS PROCESSOS E DOS ESTOQUES 2.1 GERENCIAMENTO DE PROCESSOS (definição) Um processo é uma série de ações que geram um resultado (PMI, 2000), ou seja, vai permitir a transformação de alguma(s) coisa(s) em outra(s). Vamos a um exemplo: suponhamos a existência de uma parede sem qualquer tipo de acabamento; esta parede pode ser transformada, através de um processo, por exemplo, um processo de pintura. Desta forma, o que se tinha antes do processo (a parede sem acabamento) se transforma em algo diferente (no caso, uma parede pintada). Pois bem, para que esse processo (pintura) seja executado, seu executor (o pintor) precisará fazer uso de ferramentas, como, por exemplo, pincel, rolo, etc., e também técnicas (a técnica de pintura propriamente dita). A falta de qualquer destes elementos (ferramentas e técnicas) dificultará ou impossibilitará a conclusão do processo. Vamos entender porque: pensemos em outro processo, o processo de fazer um bolo. Neste processo, temos algo a ser transformado: os ingredientes (ovos, farinha, etc) e no que eles se transformarão (o bolo propriamente dito). São necessárias as ferramentas (forma, forno, etc), sem as quais não podemos fazer o bolo. Mas não é só isso: a técnica precisa ser conhecida para que se possam transformar os ingredientes em um bolo de verdade. Sem esse conhecimento, bem, digamos, é melhor nem experimentar um bolo feito por quem não sabe cozinhar (ou que, pelo menos, não tenha seguido uma receita). Aproveitaremos o exemplo para definirmos alguns componentes do processo, tendo como base a Figura 3: Figura 3 – Processo, suas entradas, ferramentas e técnicas e saídas � As entradas (inputs) representam o que será transformado. Por exemplo, a parede e os ingredientes; � As saídas (outputs) representam o que é gerado do processo, o que foi transformado. No caso, temos a parede pintada e o bolo pronto; � As ferramentas são os meios utilizados para execução do processo, mas que não acompanham ou seguem junto com o que foi transformado. Por exemplo, pincéis e rolos de tinta e também o forno, formas, pegadores, etc; PROCESSO ENTRADAS SAÍDA(S) Ferramentas e Técnicas 10 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO � As técnicas são as formas de se executar o processo, seja por conhecimento tácito, instrução escrita, etc.; � Por último, temos o executor do processo, que é quem utiliza as ferramentas e técnicas para fazer a transformação da entrada na saída, ou seja, o processo propriamente dito. Nem todos os processos serão de transformação de algo tangível. Ou seja, nem sempre se perceberá tão facilmente a transformação de uma parede sem acabamento numa parede pintada ou a transformação de ingredientes num bolo pronto: existem diversos processos em que as entradas e saídas não são tangíveis. Por exemplo, neste exato momento você está executando um processo de leitura, utilizando as ferramentas que você dispõe (seus próprios olhos... às vezes com auxílio de óculos...) e a técnica de leitura, que lhe foi ensinada há muitos anos. A entrada desse processo é o material de leitura, um conhecimento disponível, porém não disseminado até que passe por um processo em que esse conhecimento é absorvido pelo leitor. Usualmente não existem processos isolados, mas o encadeamento de diversos processos. Por exemplo, uma linha de montagem não tem um processo único para montagem dos produtos que fornece, mas uma série de processos nas diversas estações. Por exemplo, a 1ª estação de uma linha vai receber alguns componentes e o executor (montador) vai utilizar ferramentas e técnicas para fazer uma montagem que é ainda parcial (não contempla o produto completo); a 2ª estação vai também executar seus processos, e assim sucessivamente até que no final da linha de montagem tenha-se o produto pronto. Mas os processos não são somente estes: para que os componentes chegassem às estações de montagem, uma série de pessoas, grupos e departamentos foram envolvidos: compradores, inspetores, motoristas, almoxarifes, etc. Desta forma, percebe-se a existência de uma infinidade de processos por toda a organização, processos estes que precisam estar encadeados para que se possa gerar resultados satisfatórios para a empresa. 2.2 DECISÕES NO GERENCIAMENTO O gerente de operações procura criar estruturas e regras de decisão que permitam o sistema desempenhar de acordo com o esperado. Isso é feito, por exemplo, através do desenvolvimento e implementação de políticas que propiciem o uso eficaz e eficiente dos recursos destinados à produção e entrega dos produtos e serviços aos clientes. Em função da natureza dos objetos de decisão, pode-se dividir as operações em cinco áreas de decisão: � Qualidade (o que produzir – concepção e controle das características); � Processo (como produzir – instalações, equipamento); � Capacidade (quando produzir – planejamento e programação); � Estoques (com o que produzir e quando - necessidades de matérias e do mercado); � Força de Trabalho (com quem produzir – qualificação, desempenho, motivação). Classificação de algumas decisões a tomar na gestão de estoques, por categorias e sub- categorias: Periodicidade1.Encomenda única 2.Mais de uma encomenda 11 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Origem 1.Exterior ao fornecedor 2.Do fornecedor Demanda 1.Demanda constante 2.Demanda variável 3.Demanda independente 4.Demanda dependente Lead time ou tempo de aprovisionamento 1.Lead time constante 2.Lead time variável Sistemas de gestão 1.Revisão contínua 2.Revisão periódica 3.MRP 4.Quantidade ótima de encomenda 2.3 PRINCIPAIS CONCEITOS DE ESTOQUES No meio empresarial, se por um lado o excesso de estoques representa custos operacionais e de oportunidade do capital empatado, por outro lado níveis baixos de estoque podem originar perdas de economias e custos elevados devido à falta de produtos. Uma das principais vantagens dos estoques é poderem ser usados para enfrentar uma situação de falta, de privação do que é necessário. Quando apesar de não se verificar uma produção constante, um estoque consegue satisfazer uma procura uniforme, de modo a enfrentar variações ou balanços da procura, mesmo sendo essa procura mais ou menos constante. Há também a possibilidade de se poder adquirir a baixos preços para se revender quando os preços são elevados. Evita o desconforto devido a entregas e aquisições com elevada frequência. Em síntese, devido ao fato das operações entre entregas e utilizações se efetuarem a cadências diferentes, pode-se dizer que os estoques servem de reguladores, entre esses dois processos. Do ponto de vista do processo produtivo, numa empresa industrial,podemos ter: Estoque de produtos em processo: Este tipo de estoques baseia-se essencialmente em todos os artigos necessários à fabricação ou montagem do produto final, que se encontram nas várias fases de produção. Estoque de matéria-prima e materiais auxiliares: Nestes estoques encontramos materiais secundários, como componentes que irão integrar o produto final. São usualmente compostos por materiais brutos destinados à transformação. Estoque operacional: É um tipo de estoque destinado a evitar possíveis interrupções na produção por defeito ou quebra de algum equipamento. É constituído por lubrificantes ou quaisquer materiais destinados à manutenção, substituição ou reparos tais como componentes ou peças sobressalentes. 12 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Estoque de produtos acabados: É o estoque composto pelo produto que teve seu processo de fabricação finalizado. Em empresas comerciais é chamado de estoque de mercadorias. Usualmente são materiais que se encontram em depósitos próprios para expedição. São formados por materiais ou produtos em condições de serem vendidos. Estoque de materiais administrativos: É formado de materiais destinados ao desenvolvimento das atividades da empresa e utilizados nas áreas administrativas das mesmas, tais como, impressos, papel, formulários, etc. 2.4 GERENCIAMENTO DOS ESTOQUES A gestão de estoques é um conceito que está presente em praticamente todo o tipo de empresas, assim como na vida cotidiana das pessoas. Desde o início da sua história que a humanidade tem usado estoques de variados recursos, de modo a suportar o seu desenvolvimento e sobrevivência, tais como ferramentas e alimentos. Dentre os principais objetivos da gestão e estoques temos: � Eliminar estoque de materiais defeituosos, inoperacionais, ou em excesso; � Manter à disposição dos utilizadores os artigos de material quando ocorrer a procura; � Garantir o abastecimento constante de materiais necessários à empresa, pelo conhecimento dos dados necessários para as previsões de procura (consumo); � Providenciar a reposição a um custo mínimo de aquisição e posse e controlar e conhecer os níveis de estoque existentes; � Manter os investimentos em estoque no nível mais econômico possível, considerando as capacidades de armazenamento e as possibilidades financeiras. Já, como inconveniente, há a própria fragilidade de certos produtos, que não possuem condições de serem mantidos em stock ou poderão ser mantidos em períodos muito curtos. Outro problema, diz respeito ao custo de posse traduzido no fato de existir material não vendido que vai acabar por imobilizar capital sem acrescentar valor. A ruptura apresenta-se como um enorme inconveniente, visto que a ocorrência desta irá provocar vendas perdidas e em casos extremos poderá levar à perda de clientes. 3. SISTEMAS DE ESTOQUES – DEMANDA INDEPENDENTE Demanda Independente é uma classificação utilizada em controle e planejamento de inventario e demanda de um item que não possui que não possui relação especifica com um outro item. Um item também pode eventualmente, possuir uma correlação com um evento, item ou variável econômica, mas que é difícil de ser identificada e validada estatisticamente. Nesse caso, ele também será tratado como item de demanda independente. Seu comportamento de demanda por modelos de séries históricas ou por métodos qualitativos baseados em informações de Mercado. 3.1 LOTE ECONÔMICO DE ENCOMENDA Lote Econômico de Encomenda (ou de Compras) é a quantidade a ser comprada que vai minimizar os custos de estocagem e de aquisição. Para que o LEC seja considerado, algumas suposições precisam ser atendidas: • A demanda considerada é conhecida e constante; 13 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO � Não há restrições quanto ao tamanho dos lotes (os caminhões de transporte não têm capacidade limitada e o fornecedor pode suprir tudo o que desejarmos); � Os custos envolvidos são apenas de estocagem (por unidade) e de pedido (por ordem de compra); � O lead time é constante e conhecido; � Não é considerada a possibilidade de agregar pedidos para mais de um produto do mesmo fornecedor. Algumas dessas suposições não são totalmente realistas, mas elas simplificam muito o modelo do LEC, e, portanto, são consideradas para estimar a melhor quantidade a ser comprada. Essa estimativa pode depois ser ajustada para que a quantidade realmente comprada não esteja muito distante da melhor quantidade. Assim, o custo total por um período é composto pelo número de pedidos feitos (multiplicado pelo custo de pedido) mais o estoque médio (multiplicado pelo custo unitário de manutenção de estoques), ou seja: Sendo D, Cp e Ce conhecidos, se desejarmos saber o CT mínimo, devemos derivar a expressão acima em relação a Q e igualar a zero (de forma a acharmos o ponto de inflexão da função CT): dCT = -D.Cp.Q -2 + Ce/2 = 0 dQ Resolvendo a equação, encontramos que o tamanho do lote Q que minimiza o custo total é então: Cabe observar que Ce é o custo unitário de estocagem e, desta forma, pode ser um dado fixo (por exemplo, custa R$5/ano estocar cada unidade de determinado produto) ou uma função financeira (exemplo: o custo anual de manter em estoque determinado item é de 15% de seu valor). Vamos observar as figuras 4 e 5 e discutir o conceito de custo total e lote econômico em sala de aula, quando abordaremos também o conceito de lote econômico de produção e faremos exercícios de fixação, ok? 14 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Figura 4 – Gráfico dente de serra Figura 5 – Lote econômico 3.2 ESTOQUES DE SEGURANÇA O estoque de segurança é caracterizado pelo ato de manter níveis de estoque suficientes para evitar faltas de estoque diante da variabilidade da demanda e a incerteza do ressuprimentodo produto quando necessário. Quando se trabalha sem essa segurança, o atraso na entrega de uma mercadoria pelo fornecedor normalmente causa o esgotamento do estoque do período previsto da entrega até a efetiva chegada do produto. Já no caso das vendas ou consumo da mercadoria estocada ser maior que o previsto enquanto o produto fornecido estiver em trânsito para o local de estocagem, também é possível que esse produto não se encontre disponível quando necessário. E por esses motivos as empresas mantêm mais estoque em seus armazéns que o planejado para ser consumido no período, evitando assim problemas de corte no fornecimento. Para 15 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO complementar a administração dos estoques é necessário estabelecer os níveis dos estoques de segurança do sistema. Estes estoques são desenvolvidos como sendo um amortecedor que se deve prever para minorar os efeitos de variações, tanto no consumo médio mensal como no tempo de reposição, ou de ambos. Também conhecido como estoque mínimo, estoque isolador ou ainda estoque reserva, é o estoque de produto para suprir determinado período, alem do prazo de entrega para consumo ou vendas, prevenindo possíveis atrasos na entrega por parte do fornecedor e garantindo o andamento do processo produtivo caso ocorra um aumento na demanda do item. Deverão ser maiores quanto maior for a distância do fornecedor ou mais problemático for o fornecedor com relação aos prazos de entregas. Os estoques de segurança impedem que ocorram problemas inesperados em alguma fase produtiva interrompendo as atividades sucessivas de atendimento da demanda. A existência de estoques de segurança em uma unidade fabril, evita que o processo produtivo pare em caso de uma avaria, alimentando as máquinas subsequentes durante a reparação. São ainda utilizados para salvaguardar uma empresa de incertezas nas suas operações logísticas. Os estoques de segurança têm por finalidade não afetar o processo produtivo e, principalmente, não acarretar transtornos aos clientes por falta de material e, consequentemente, atrasar a entrega do produto ao mercado. Lead times (tempo entre colocar e receber um pedido), procura dos clientes, e quantidades recebidas são exemplos de fatores que podem apresentar variações não esperadas. Os gráficos apresentados nas Figuras 6 e 7 demonstram o estoque máximo que vai diminuindo ao longo do tempo até ao ponto de reposição. É neste ponto que a requisição do pedido é feita. Perante as duas incertezas inerentes ao processo, sendo estas o nível da procura e o lead time, o estoque de segurança é determinado de acordo com dados históricos do nível de serviço ao cliente, das médias, dos desvios padrão da procura por unidade de tempo e do [lead time] de reposição. Figura 6 - Estoque de segurança para variâncias do lead time (OLIVEIRA et al., 2008) 16 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Figura 7 - Estoque de segurança para variâncias da procura (OLIVEIRA et al., 2008) Entretanto, há uma grande dificuldade em determinar o ES com exatidão, dada a variedade de fatores, tais como: � maior ou menor velocidade na razão de consumo; � a variação na frequência com que a peça é requisitada no almoxarifado; � falha no abastecimento do fornecedor. A determinação dos estoques de segurança leva em consideração dois fatores que devem ser equilibrados: os custos decorrentes do esgotamento do item e os custos de manutenção dos estoques mínimos, como serão visto mais adiante. O momento de emissão de uma ordem de ressuprimento vai depender do tipo de sistema adotado para controle de estoque. Existem dois tipos de tipos de sistemas: sistema de revisão contínua ou sistema de revisão periódica. 3.3 SISTEMAS DE REVISÃO CONTÍNUA Este sistema parte da premissa de analisar o nível de estoque continuamente, ou seja, a cada retirada ou cada dia, por exemplo, sendo de maneira manual, eletrônica, entre outras. E assim que o estoque chegar no seu nível de segurança, ou na sua quantidade mínima, é feita uma recolocação seguindo o lote econômico de compra pré-determinado anteriormente. Sendo assim, este sistema de revisão tem o período de tempo variável e o tamanho do lote invariável. Ou ainda o sistema de revisão contínua, que também pode ser chamado de ponto de recolocação do pedido, “acompanha o estoque remanescente de um item cada vez que uma retirada é feita, a fim de determinar a necessidade de reposição” (RITZMAN; KRAJEWSKI, 2008, p. 305). O ponto de pedido ou ponto de ressuprimento é o nível de estoque necessário para suprir a demanda durante o tempo de ressuprimento (lead-time de compra). Em condições de certeza absoluta esse valor seria facilmente calculado, pois a demanda o e lead-time seriam conhecido. Por exemplo, suponha-se que tem uma demanda de três unidades por dias e seu lead-time de compras seja de dois dias. O ponto de pedido seria o produto da demanda diária pelo seu lead-time de compras, neste caso igual a seis unidades. A condição de certeza citada, de acordo com Silva et al. (2008), dificilmente acontece na prática. No mundo real existem incertezas, tanto na demanda quanto no lead-time de compras, que forçam o uso de um estoque de segurança para garantir a disponibilidade do item no período de ressuprimento. Desta forma o ponto de pedido é calculado como a soma do estoque necessário para cobrir o lead-time de compras com o estoque de segurança: 17 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO PR = D x LT + ES Sendo, PR � ponto de ressuprimento (pó ponto de pedido); LT � lead time de ressuprimento; e ES � estoque de segurança. Quanto maiores forem os custos de falta atribuídos ao item, maiores serão os níveis de estoques mínimos que deverão ser mantidos, e vice versa. Trabalharemos com o conceito e o cálculo proposto por Corrêa e Corrêa (2004): ES = FS x σ x LT1/2 Sendo: FS � fator de segurança, que é uma função do nível de serviço que se pretende, conforme constante na Tabela 1; σ � desvio-padrão estimado para a demanda futura. Tabela 1 – Fatores de segurança Nível de serviço Fator de segurança 50% 0 60% 0,254 70% 0,525 80% 0,842 85% 1,037 90% 1,282 95% 1,645 96% 1,751 97% 1,880 98% 2,055 99% 2,325 99,9% 3,100 99,99% 3,620 Fonte: Corrêa e Corrêa (2004) Exemplo (extraído do livro de Corrêa e Corrêa, 2004, p.531): Supondo que se deseja dimensionar o estoque de segurança em uma situação em que se tem uma demanda média de 120,1 unidades, com um desvio-padrão de 1,911 unidade, com um lead time de obtenção do item de 3 semanas, para o qual se pretenda um nível de serviço de 95% (em média, deixando 5% não atendidos a partir da disponibilidade de estoque), temos: ES = 1,645 . 1,911 . (3/1)1/2 = 5,44 ou, arredondando, 6. O ponto de ressuprimento dessa situação seria, então: PR = 120,1 x 3 + 5,44 = 365,64 ou, arredondando, 366. 18 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Obs: Chase et al. (2006) apontam uma forma alternativa para o cálculo do ES, utilizando a função DIST.NORMP do Excel (distribuição cumulativa normal padrão): dado um valor z (número de desvios-padrão para uma probabilidade de serviço especificada), multiplica-se o mesmo pelo desvio-padrão de demanda durante o lead time. Laugeni e Martins (2005) apresentam outro exemplo, quando a demanda segue uma lei de probabilidades discreta,quando deve-se decidir o nível de serviço em se operará e calcular, a partir daí o ponto de reposição (PR), calculando, em seguida a demanda média e o ES, por diferença, como visto no exemplo que se segue. Exemplo (extraído do livro de Laugeni e Martins, 2005, p.38): Um estoque de segurança tem sido reposto com 20 dias e sua demanda tem seguido a distribuição a seguir. Calcular o ES. Tabela 2 – Demanda durante o tempo de reposição Unidades/dia 100 150 200 250 280 300 320 Probabilidade 0,10 0,15 0,20 0,30 0,15 0,08 0,02 Probabilidade acumulada 0,10 0,25 0,45 0,75 0,90 0,98 1,00 Fonte: Laugeni e Martins (2005) Se o nível de serviço escolhido fosse 90%, a demanda correspondente seria de 280 unidades, o ponto de reposição deveria ser de 5.600 unidades (20 x 280). E a demanda média diária seria dada pela ponderação dos valores: 100 x 0,10 + 150 x 0,15 + 200 x 0,20 + 250 x 0,30 + 280 x 0,15 + 300 x 0,08 + 320 x 0,02 = 219,9 unidades. Pois bem, como o ponto de reposição estabelece a quantidade a ser coberta durante o lead time em que a reposição ocorre, acrescida de um estoque de segurança (ou seja, PR = D x LT + ES), substituindo os valores, temos que: 5.600 = 219,9 x 20 + ES. Logo, ES = 1.202 unidades. Corrêa e Corrêa (2004) destacam ainda que existe outra fonte de variação, que é a variabilidade a qual está sujeito o lead time de ressuprimento: em função do desempenho passado do fornecedor, avaliar a distribuição de tempos que efetivamente levaram as entregas, a partir dos pedidos colocados, caracterizá-la em termos de uma média e um desvio-padrão. Neste caso, o estoque de segurança seria dado por: ES = FS x σLT x D Sendo, σLT � desvio-padrão da distribuição dos lead times; e D � demanda, considerada, para este caso, constante e conhecida. Os autores destacam ainda que nas situações em que a variabilidade ocorre tanto na demanda como no lead time, a formulação matemática do cálculo do estoque de segurança é controversa. Sugere-se, portanto, que seja utilizada simulação computacional nestas situações. 19 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO 3.4 SISTEMAS DE REVISÃO PERIÓDICA De acordo com Silva et al. (2008), em geral sistemas de revisão contínua operam com níveis menores de estoque de segurança, porém em muitos casos os sistemas de intervalo padrão são mais vantajosos por que nos permite emitir ordens de vários produtos ao mesmo tempo, proporcionando economia de escala sobre os custos fixos de emissão de pedido e permitindo consolidação de cargas. Sistemas de revisão periódica também se tornam úteis em ambientes poucos informatizados, pois os custos de controle de estoque são menores. No sistema de revisão periódica, o nível de estoque tem seu ponto máximo pré-estipulado e então a cada período, que pode ser semanal, mensal, entre outros, o estoque é revisado e compra-se apenas a quantidade que somada ao que já existe atualmente, resultará na quantidade máxima de estoque desejada. Ao contrário do sistema de revisão contínua, este sistema tem o período de tempo invariável e o tamanho do lote variável. Segundo Ritzman e Krajewski (2008), o sistema de revisão periódica, também chamado de sistema de recolocação do pedido em intervalos fixos, revisa a posição de um determinado item em estoque periodicamente ao invés de continuamente, estabelecendo uma rotina pela qual um pedido novo é colocado ao final de cada revisão e o intervalo entre pedidos é fixo. Conforme Silva et al. (2008), neste método de revisão, o gerenciamento dos estoques neste método acontece da seguinte forma: Primeiro estabelece-se um intervalo para ser feita a contagem dos estoques e um nível máximo de estoque para cada item a ser controlado. Toda vez que for feita à contagem dos estoques, faz-se um pedido de ressuprimento para os itens de forma que eles alcancem o nível máximo de estoque estipulado, conforme cálculo mostrado a seguir. Q = Dm x (P + LT) + ES – (E + QP) Sendo, Q � quantidade a pedir; Dm � demanda média, ou taxa de demanda; P � período de revisão; E � estoque atual (ou seja, encontrado durante a contagem); e QP � quantidade pendente (já pedida e não recebida). Cabe destacar que, como o período em que não há o acompanhamento do consumo (ou seja, a demanda) agora ocorre entre as contagens, a variação deve ser levada em consideração não somente no lead time de suprimento, mas também entre contagens, ou seja, entre pedidos. O cálculo do ES se dá então por: ES = FS x σ x (P + LT)1/2 Exemplo (adaptado do livro de Corrêa e Corrêa, 2004, p.538-539): O período de revisão periódica de um item é P = 15 dias, seu lead time LT = 3 dias e a taxa de demanda Dm = 6 litros/dia e o estoque presente E = 18 litros e a quantidade pendente é zero, ou seja, não há pedidos pendentes. Supondo que se pretenda um nível de serviço de 95% (o que significa que FS = 1,645) e o desvio-padrão dos erros de previsão seja de i unidade/dia, de quanto seria a quantidade a pedir se fosse o momento da revisão e pedido? Resposta: Devemos inicialmente calcular o ES: 20 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO ES = 1,645 x 1 x (15 +3)1/2= 6,98 ou, arredondando, 7 litros. A partir daí, calcula-se Q: Q = 6 x (15 + 3) + 7 – (18 +0) = 97. A quantidade a pedir seria 97 litros. De acordo com Moreira (2008), não existe uma regra definida para se fixar o período entre 2 encomendas (revisões e pedidos),comas empresas procurando concentrar os pedidos dos diferentes itens, otimizando os procedimentos envolvidos. No entanto, o autor aponta uma forma empírica aproximada de se fixar o período entre revisões, de maneira que a quantidade encomendada seja, em média, próxima ao LE, conforme demonstrado a seguir: A quantidade de pedidos em 1 ano, caso a quantidade pedida de cada vez fosse o LEC seria dado por: Quantidade de pedidos = D/LEC O intervalo entre 2 pedidos seria dado, portanto, por: P = LEC/D (em anos) Substituindo-se na fórmula o cálculo de LEC, chega-se ao seguinte resultado: P = [(2 x Cp)/(Cm x D)]1/2 A resposta é dada em anos (ou seja, intervalo em fração de ano), sendo, no entanto, facilmente entendida e utilizada em dias ou semanas, devendo-se multiplicar o resultado pela quantidade de dias ou de semanas consideradas no ano. Moreira (2008) apresenta também outra situação, denominada sistema de encomenda única, aplicada quando deve-se encomendar uma dada mercadoria para atender a uma demanda em futuro próximo, não sendo, no entanto, conhecida com exatidão tal demanda, sabendo-se, no entanto, sua distribuição de probabilidades. O problema seria então determinar a quantidade de geraria o maior lucro médio possível, o que é feito, inicialmente, pela determinação do nível de serviço ótimo em termos de lucro, de acordo com a fórmula: NS = L/(L + C – R) Sendo, L � lucro auferido em cada unidade de mercadoria vendida; C � custo de cada unidade de mercadoria; e R � valor residual de cada unidade não vendida (que pode ser ou não suficiente para cobrir C). Exemplo (extraído do livro de Moreira, 2008, p.497-498): A demanda mensal de determinada revista em uma banca varia uniformemente entre um mínimo de 100 e um máximo de 150. A revista é comprada por $2,50 e vendida pó $3,00 o exemplar. Revistas não vendidas ao término do período são colocadas à venda sob 21 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO condições especiais a $1,00 cada exemplar. Quantas revistas devem ser pedidas de cada vez? Resposta: L = 3 - 2,5 = 0,50; C = 2,5; e R = 1 Logo,NS = 0,5/(0,5 + 2,5 – 1) = 0,25 (25%) Ou seja, deve-se encomendar uma quantidade que corresponda a um nível de atendimento de 25% da parte variável da demanda, a qual oscila entre 100 e 150 exemplares, ou seja, é de 50 exemplares. Como a distribuição é uniforme, temos: 0,25 x 50 = 13 exemplares. A quantidade a encomendar, formada pela parte fixa da demanda (100) mais a parte variável será de 100 + 13 = 113 exemplares, para que se obtenha o máximo lucro. 4. PLANEJAMENTO AGREGADO, PLANOS DE PRODUÇÃO E MÃO DE OBRA 4.1 INTRODUÇÃO Planejamento agregado é um processo que balanceia a produção e a demanda, projetado a médio prazo geralmente para um período de seis a doze meses. Ele procura ajustar a velocidade de produção, mão-de-obra disponível, estoque, matéria-prima, contratação, demissão e outras variáveis controláveis. O objetivo do planejamento agregado é atender as oscilações da demanda no mercado de acordo com os recursos disponíveis na empresa (humanos, materiais, equipamentos, instalações, etc.), procurando com isso custos mínimos, ou seja, conciliar a capacidade com as exigências do mercado. O planejamento agregado é composto por basicamente três etapas: � Prever a demanda, que pode ser obtida utilizando cálculos matemáticos como regressão, média, dentre outros; � Escolher um conjunto base de alternativas que serão usadas para influenciar a demanda ou a produção; � Determinar dentro das características já escolhidas quais serão as utilizadas. Esta escolha deve se basear em critérios para minimização dos custos de produção e maximização dos lucros. 4.2 CONCEITOS PRINCIPAIS O Planejamento Agregado é considerado por Monks (1987, p. 230) como "uma decisão negociada de alto nível que coordena as atividades de marketing, finanças e outras funções". O Planejamento Agregado é o processo de planejamento das quantidades a produzir a médio prazo, através do ajuste da velocidade de produção, mão-de-obra disponível, estoques e outros, sendo seu objetivo atender às demandas irregulares, empregando os recursos disponíveis na empresa (ibidem). Os administradores têm à sua disposição algumas estratégias para a tomada de decisão no Planejamento Agregado, sendo relacionadas por Monks (1987): � Variação de tamanho de equipe de trabalho; � Tempo extra e tempo ocioso; � Variação de níveis de estoque; � Aceite de pedidos para atendimento futuro; 22 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO � Subcontratação; � Utilização da capacidade. Atuação na Oferta de Recursos � Usar estoques para absorver as flutuações na demanda (nivelar a produção) � Contratar e demitir pessoal para ajustar a demanda (correr atrás da demanda) � Manter recursos para altos níveis de demanda � Aumentar ou diminuir o turno de trabalho � Subcontratar trabalho de outras firmas � Usar trabalho em tempo parcial � Fornecer serviço ou produto mais tarde Atuação na Demanda � Mudar demanda para outros períodos: incentivos, promoções de vendas, redução de preços, campanhas publicitárias; � Oferecer produtos ou serviços nos períodos de baixa demanda: criar demanda para recursos ociosos. 4.3 O PROCESSO DE PLANEJAMENTO De acordo com Monks (1987) as atividades de planejamento e controle, inseridas no Subsistema de Planejamento, vão desde o planejamento de alto nível, como a introdução de novos produtos e lucros por ação da empresa, até o exame e controle da fábrica. Figura 8 – Processo de planejamento (Slack et al., 2002) 23 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO 4.4 ILUSTRAÇÕES PRÁTICAS Figura 9 – Modelo do sistema de PCP (adaptado de Stoner, 1985, apud Souza, 1996) 24 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Um aspecto importante no processo de planejamento, diz respeito à previsão de demanda. Previsão vem do latim previus, privisionis que significa antever, ver antes, antecipar a visão sobre algo. Assim, previsão da demanda (quantidade de um bem ou serviço que as pessoas estariam dispostas a adquirir sob determinadas condições) é um processo pelo qual se procura antever o que irá ocorrer no futuro para antecipar as providências necessárias para atender àqueles objetivos. As previsões de demanda são fundamentais para auxiliar na determinação dos recursos necessários para uma empresa. Em tempos de abertura de mercados, essa atividade torna-se estratégica. Os mercados que podem ser acessados pela empresa, assim como a concorrência, mudam continuamente, exigindo novas previsões de demanda em períodos mais curtos. As previsões são usadas pelo PCP em dois momentos distintos: para planejar o sistema produtivo (longo prazo) e para planejar o uso (curto prazo) deste sistema produtivo. � Longo prazo: produtos/serviços, instalação, equipamentos, etc. � Curto prazo: planos de produção, armazenagem e compras, sequenciamento Previsões de demanda são utilizadas nas empresas em diversas situações (p.e. administração de materiais, estudo de lançamento de novos produtos, planejamento da produção, planejamento da capacidade etc.). Para tratar destas diferentes situações, vários métodos foram desenvolvidos. Estes métodos podem ser classificados em quantitativos e qualitativos: 1. Métodos quantitativos: As técnicas quantitativas envolvem a análise numérica dos dados passados, isentando-se de opiniões pessoais ou palpites. Empregam-se modelos matemáticos para projetar a demanda futura. Podem ser subdivididas em dois grandes grupos: as técnicas baseadas em séries temporais, e as técnicas causais. � Séries Temporais (métodos de projeção): assumem que o futuro será uma reprodução do passado. O princípio das previsões dos métodos de projeção está baseado na extrapolação de padrões como estabilidade, tendência, sazonalidade e ciclicidade da série temporal da demanda. Uma vez identificados um ou mais destes padrões, os métodos supõem que eles irão se repetir no futuro. Assim, pode-se dizer que eles tratam a demanda como uma caixa preta, na medida em que perpetuam o comportamento de seus dados históricos, sem tentar descobrir os fatores que a influenciam. Em geral, são métodos mais indicados para projeções de curto prazo. Os modelos presumem que os dados históricos da demanda se ajustam a uma função matemática, utilizada para projeção das demandas futuras Exemplos de métodos: média móvel, suavização exponencial, autocorrelação. � Causais (modelos de regressão): baseiam-se na premissa de que as mesmas leis de dependência entre variáveis explicativas e a demanda permanecerá no futuro. Buscam estabelecer uma função matemática, correlacionando a demanda com uma série de variáveis independentes (VI’s), e utilizam esta função para gerar novas previsões. Existe a preocupação em se estabelecer correlações da demanda com outras variáveis. A vantagem destes métodos é que eles podem servir como ferramenta para o entendimento mais amplo da demanda, pois tentam identificar e quantificar os principais fatores que a influenciam. Para previsões de médio/longo prazo estes são os métodos mais recomendados. Exemplos de métodos: regressão (simples e múltipla), modelos econométricos. 2. Métodos qualitativos: as previsões são baseadas em julgamento de especialistas. Diferentemente dos modelos quantitativos, a demanda não é explicada matematicamente. As técnicas qualitativas privilegiam principalmente dados subjetivos, os quais são difíceis de representar numericamente. Estão baseadas na opinião e no julgamento de pessoas chaves, 25 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO –Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO especialistas nos produtos ou nos mercados onde atuam estes produtos. Exemplos de métodos: Delphi, composto de forças de vendas. Alguns fatores merecem destaque na escolha da técnica de previsão: � Decidir em cima da curva de troca “custo-acuracidade”; � A disponibilidade de dados históricos; � A disponibilidade de recursos computacionais; � A experiência passada com a aplicação de determinada técnica; � A disponibilidade de tempo para coletar, analisar e preparar os dados e a previsão; � O período de planejamento para o qual necessitamos da previsão. Estes métodos são aplicados de acordo com a realidade de demanda de cada empresa, por meio da análise de dados históricos. Gerentes em todas as organizações fazem previsões de muitas variáveis distintas da demanda futura, como estratégias dos concorrentes, alterações na regulamentação, mudanças tecnológicas, tempos de processamento, prazos de entrega dos fornecedores e perdas de qualidade. Figura 10 - Metodologias de Seleção de Modelo (MARINS, 2009) O processo de previsão por toda organização abrange todas as áreas funcionais. A previsão da demanda geral normalmente começa com marketing, porém, os clientes internos na organização inteira dependem de previsões para formular e executar seus planos. Previsões são insumos importantes para planos de negócios, planos anuais e orçamentos. Finanças precisam de previsões para projetar fluxos de caixa e necessidades de capital. Recursos humanos precisam de previsões para prever as necessidades de contratação e treinamentos. Marketing é uma fonte primária para as informações sobre previsão de vendas, por estar mais próxima dos clientes externos. A área de operações precisa de previsões a fim de planejar níveis de produção, aquisições de materiais e serviços, programação da mão-de-obra e da produção, estoques e capacidade a longo prazo. Um processo adequado de previsão gera: � Melhor planejamento orçamentário e de capital, com menor variação entre o custo previsto e o realizado � Melhor alocação dos recursos físicos nos processos operacionais 26 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO � Atendimento aos requisitos de nível de serviço aos clientes, garantindo a competitividade dos produtos e serviços da empresa no mercado � Redução de custos operacionais através da otimização de processos e melhor planejamento pelo uso eficiente da informação de previsão � Melhor gerenciamento da operação pela redução de uma das fontes de variabilidade dos processos – informação da previsão � Maior integração e melhor comunicação entre as áreas funcionais da empresa (marketing, finanças, vendas e logística) devido a uma maior credibilidade da previsão. 4.4.1. Previsões Baseadas em Séries Temporais (baseado em Marins, 2009) Partem do princípio de que a demanda futura será uma projeção dos seus valores passados, não sofrendo influência de outras variáveis. É o método mais simples e usual de previsão, e quando bem elaborado oferece bons resultados. Para se montar o modelo de previsão, é necessário plotar os dados passados e identificar os fatores que estão por trás das características da curva obtida (Previsão final = composição dos fatores). Uma curva temporal de previsão pode conter tendência, sazonalidade, variações irregulares e variações randômicas (há técnicas para tratar cada um destes aspectos). Figura 10 - Previsões Baseadas em Séries Temporais (MARINS, 2009) Series Temporais – ST (existem mais de 60 modelos!!!): � Média simples (MS) - Não é indicada quando há Tendência ou Sazonalidade: 27 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO � Média Móvel Simples (MMS) - Não é indicada quando há Tendência ou Sazonalidade: � Média Móvel Dupla (MMD) – Previsão de séries que apresentam tendência. Devem- se efetuar os cálculos: 28 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO � Amortecimento Exponencial Simples (AES) - Sem Tendência. Método permite atribuir um maior peso (α) em valores mais recentes. Devem-se efetuar os seguintes cálculos: � Amortecimento Exponencial Duplo (Método de Brown) - Método para séries com tendências, com atribuição de pesos diferentes aos dados históricos. Seguem-se os cálculos: Obs: Ao utilizar o AED deve-se atentar aos valores iniciais “A0” e “A’ 0”, pois a utilização da primeira observação para estes valores implica em subestimar a tendência existente em uma série. Usar: 29 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Regressão Linear: O objetivo da regressão linear simples consiste em encontrar uma equação linear de previsão, do tipo Y = a + bX (onde Y é a variável dependente a ser prevista e X a variável independente da previsão), de forma que a soma dos quadrados dos erros de previsão (b) seja a mínima possível. Este método também é conhecido como “regressão dos mínimos quadrados”. Exemplo: Uma cadeia de fastfood verificou que as vendas mensais de refeições em suas casas estão relacionadas ao número de alunos matriculados em escolas situadas num raio de 2 quilômetros em torno da casa. A empresa pretende instalar uma nova casa numa região onde o número de alunos é de 13750. Qual a previsão da demanda para esta nova casa? 30 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO � Amortecimento Exponencial Duplo (Método de Holt) - Utilizado também para séries que apresentam tendência. Existem dois coeficientes de amortecimento. Cálculos: 31 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO � Amortecimento Exponencial Triplo (Método de Winter) - Adequado para previsão de séries que apresentam tendências e sazonalidades: � Modelo de decomposição de séries temporais: consultar Moreira (2008), o qual apresenta um exemplo um exemplo completo (páginas 308 a 311) de previsão de demanda, considerando os componentes de tendência e sazonalidade. 5. PROGRAMA MESTRE DA PRODUÇÃO 5.1 PROGRAMA–MESTRE DE PRODUÇÃO (definição) O Programa Mestre de Produção (PMP), Plano Mestre de Produção ou Planejamento Mestre da Produção (do inglês Master Production Schedule – MPS) é um documento que diz quais itens serão produzidos e quando cada um será produzido, em determinado período. Geralmente este período cobre algumas poucas semanas, podendo chegar de seis meses a um ano. O PMP faz o calculo das necessidades de produtos finais, indicando a quantidade e período de tempo em que deverão estar prontos. Para isso, são utilizados dados sobre a demanda os produtos em carteira e do nível de estoque dos produtos. Entretanto esta etapa não detalha o planejamento da produção dos componentes de cada produto. Assim, o resultado do Plano Mestre, alimenta uma próxima etapa que virá 32 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO verificar essas necessidades. Chegar a um Plano Mestre de Produçãoque compatibilizem as necessidades de produção com a capacidade disponível pode-se revelar uma tarefa complexa, principalmente se os produtos envolvidos exigirem muitas operações, em regime intermitente, ou seja, com a utilização do mesmo equipamento para diversos produtos. O processo é conduzido por tentativas, testando-se cada PMP para verificar a capacidade produtiva que ela exige, além de servir para transladas o planejamento agregado e programações individualizadas, portanto, o PMP serve também para avaliar as necessidades imediatas de capacidade produtiva, além disso, servirá também para definir compras eventualmente necessárias, bem como estabelecer prioridades entre os produtos na programação. Figura 11 – Fluxo de informações no PCP (Moura Júnior, 1996) O Plano Mestre pode ser entendido como a formalização da programação da produção, expressa em necessidades específicas de material e capacidade. Assim, o desenvolvimento do Plano Mestre exige uma avaliação das necessidades de mão-de-obra, equipamentos e materiais para cada tarefa a realizar (ibidem). De acordo com Giannesi e Correia (1993), o Plano Mestre considera as limitações de capacidade e a conveniência de sua utilização, podendo determinar a produção prévia de itens ou até mesmo, não programar suas produções, ainda que o mercado pudesse consumi-los. Entre as funções do Plano Mestre algumas são consideradas por Monks (1987) como funções-chave: � Transferência de Planos Agregados em itens finais específicos; � Avaliação de programas alternativos; � Dimensionamento dos requisitos de materiais; � Dimensionamento dos requisitos de capacidade; � Simplificação do processamento das informações; � Manutenção de prioridades; � Utilização eficiente da capacidade produtiva. 33 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO 5.2 O PROCESSO DE PROGRAMA-MESTRE DA PRODUÇÃO Conforme relaciona Monks (1987) o Plano Mestre da Produção apresenta como inputs: � Previsões - entre as estimativas utilizadas no Plano Mestre encontram-se aquelas relacionadas a itens finais, peças de serviço e demanda interna, sendo esta última, determinante para a produção de itens destinados a suprir os estoques. � Pedidos de Clientes - Para empresas que fabricam por encomenda, os pedidos minimizam os riscos de excesso de produção. Contudo, como a fabricação baseada na previsão de pedidos aumenta o grau de competitividade da organização, é também utilizada por este tipo de empresa. 5.3 DESENVOLVIMENTO DE UM PROGRAMA MESTRE O programa mestre de produção é um programa gerado a partir do plano agregado de produção, onde este plano deve se desdobrar para que o programa mestre de produção se desenvolva, o (MPS) na verdade é um planejamento de produção de estrutura global que gerado a partir do plano agregado de produção, guiará as ações no em um horizonte de tempo de normalmente 4 à 12 meses em base semanal considerando os pedidos existentes, desagregando os produtos acabados em função desses produtos acabados e dos componentes críticos e não em termos agregados como no processo do plano agregado de produção. Estabelecendo assim quando e em qual quantidade cada produto deverá ser produzido dentro do horizonte de tempo estabelecido, executando a função de conciliar a capacidade disponível e demanda existente para o período, com o intuito de atender, os pedidos dentro dos prazos estabelecidos, podendo fazer uma previsão de quando poderá ocorrer algum atraso nesses pedidos. Isso possível, pois o programa mestre de produção permite a simulação de planejamento da linha de montagem, podendo assim medir a quantidade de estoque gerado, o custo médio do produto fabricado e o número de pedidos atrasados, estabelecendo então a melhor programação dos pedidos da fábrica. Para a realização da simulação do (MPS) deve se considerar informações importantes como: pedidos atrasados, pedidos em carteira, capacidade disponível, pedidos programados, produtos e listas de materiais entre outras informações. O (MPS) tem como uma atividade importante a chamada gestão de pedidos, que através de uma verificação automática da capacidade durante o processo de entrada de pedido e da disponibilidade de materiais, possibilita saber se a empresa é capaz ou não de cumprir o prazo estipulado pelo cliente visando garantir o atendimento do pedido desde o processo de vendas. 5.4 QUESTÕES GERENCIAIS NA PROGRAMAÇÃO–MESTRE Giannesi e Correia (1993) sugerem a análise de algumas questões para uma eficiente gestão de estoques: � Incertezas de demanda - Geralmente a opção de manter certos níveis de estoque de segurança é adequada quando há incerteza da demanda; � Importância estratégica da minimização de atrasos e não atendimento de pedidos - É necessária a avaliação das consequências do não cumprimento dos pedidos, tanto a curto prazo quanto a longo prazo. 34 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO � Importância estratégica de se minimizarem os níveis de estoques - Deve-se ter em mente que a redução de estoques pode não ser adequada em função da concorrência. Por outro lado, a manutenção de altos níveis de estoque aumenta o custo financeiro e consequentemente, elevam o custo de produção. � Custos financeiros e organizacionais das variações nos níveis de produção - A variação excessiva de níveis de produção tendem a acarretar complexidade nos processos de controle da produção, prejudicando o desempenho global da organização. 6. SISTEMAS DE ESTOQUES COM DEMANDA DEPENDENTE – MRP 6.1 INTRODUÇÃO De acordo com Laurindo et al. (2002), merece destaque as aplicações de TI voltadas à produção, as quais operacionalizam diferentes modelos usados no PCP. Neste sentido, o aparecimento dos sistemas MRP (Material Requirements Planning), ainda nos anos 70, permitiu equacionar o problema do cálculo de necessidades de materiais para produção de mix de produtos cujas estruturas contenham um grande número de componentes. Os sistemas MRP evoluíram para sistemas MRP II (Manufacturing Resources Planning), que passaram a ter maior abrangência, permitindo incluir no planejamento outros aspectos, como planejamento da capacidade (CRP – Capacity Requirements Planning), e permitindo a gestão de outros recursos (equipamentos, mão-de-obra etc.), além dos materiais. Os sistemas MRP II foram, por algum tempo, o estado da arte em termos de instrumento de planejamento da produção, principalmente em sistemas de produção intermitente. A partir dos anos 80, passam a rivalizar com o modelo just-in-time (JIT), introduzido pelos japoneses para controle de estoques na produção automobilística (produção em massa). O próximo passo foi a inclusão, além do módulo industrial (MRP II), de vários outros aspectos, como, por exemplo, contabilidade, finanças, comercial, recursos humanos, engenharia, entre outros. Esta nova geração de sistemas foi denominada de "Sistemas ERP", chamados genericamente de Sistemas de Gestão Empresarial. A próxima evolução consiste na TI integrando as diversas etapas da cadeia de suprimentos, inicialmente pelo EDI e atualmente via e-commerce B2B – business to business. Embora os sistemas ERP sejam passíveis de implantação em empresas de prestação de serviços, são as indústrias as que mais procuram esse tipo de sistema. Nessas empresas, há a preocupação crescente de que haja um ambiente integrado de sistemas de informação que dêem suporte aos objetivos da produção. Uma alternativa recente para a integração de sistemas é a estratégia chamada best of breed (BoB), na qual as melhores soluções são adquiridas (de diferentes fornecedores) para cada parte da empresa e posteriormente integradas. Na mesmalinha, cabe citar a integração de aplicações APS (Advanced Planning and Scheduling) com sistemas ERP, no intuito de buscar soluções mais elaboradas para o PCP. 35 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO 6.2 ILUSTRAÇÕES PRÁTICAS Figura 12 - Fluxo de informações de um Sistema MRP (Martins, 1993, apud Moura Jr, 1996) 6.3 CONCEITOS PRINCIPAIS Conforme Giannesi e Correia (1993), o Planejamento de Recursos de Manufatura (MRP II) é um sistema integrado e hierárquico de administração da produção, baseado na lógica do cálculo de necessidades, onde os planos de longo prazo da produção são detalhados sucessivamente, até alcançar o nível do planejamento de componentes e máquinas específicas. O MRP II possui como módulos principais: � Módulo de Planejamento da Produção; 36 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO � Módulo de Planejamento Mestre da Produção; � Módulo de Cálculo de Necessidades de Materiais; � Módulo de Cálculo de Necessidade de capacidade; � Módulo de Controle de Fábrica. O MRP II consiste em um sistema integrado de informações, o qual apresenta como principal vantagem o fato de ser dinâmico, suportando alterações do planejamento da produção que se façam necessárias para o bom desempenho do sistema produtivo (ibidem). Entre as limitações atribuídas por Giannesi e Correia (1993) ao MRP II, relaciona-se a complexidade do sistema, exigindo alto custo para manutenção das alterações que possam ser necessárias no processamento. Outro aspecto considerado como restrição para sua utilização é a disciplina imposta aos seus usuários, no que diz respeito à entrada de dados do sistema, determinando um ambiente altamente computadorizado (ibidem). Figura 13 - Circuito fechado de informações do MRP II (Martins, 1993, apud Moura Jr, 1996) 7. PROGRAMAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA E OPERAÇÕES 7.1 PROGRAMAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA Moreira (2008) apresenta algumas situações quanto à programação (e dimensionamento) de mão de obra em uma olaria, com a seguinte demanda prevista: Tabela 3 – Previsão de vendas (em milhões de tijolos) Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Demanda 1,1 1,2 1,2 1,5 1,6 1,4 1,7 1,8 2,0 2,3 1,8 1.6 Fonte: adaptado de Moreira (2008, p.342) 37 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Sabidos: � Quantidade atual de funcionários: 16; � Capacidade de produção: 100 milheiros/mês por funcionário; � Capacidade máxima de produção: 2,3M de tijolos/mês; � Custo de contratação de pessoal: $1.000/funcionário; � Custo de demissão de pessoal: $3.500/funcionário; � Custo de estocar: $5/milheiro por mês; � Custo regular de produção: $20/milheiro ($10 por material e $10 por mão-de- obra)1; � Custo de produção em horas extras: $24/milheiro ($10 por material e $14 por mão-de-obra). Avaliam-se três diferentes estratégias: � Nivelar a produção: manter a força de trabalho constante, usando estoques para amortecer a demanda; � Correr atrás da demanda: contratar e demitir sempre que necessário; e � Aumentar carga de trabalho: manter força de trabalho atual, não deixar estoque e usar horas extras sempre que necessário (trabalhar com premissa que não há limite nas horas). Estratégia 1 Nivela-se a produção em 1,6M de tijolos/mês, sendo necessário, para isso o uso pleno dos atuais 16 funcionários. Tem-se, desta forma, o seguinte cenário planejado: Tabela 4 – Usar estoque (em milhões de tijolos) Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Demanda 1,1 1,2 1,2 1,5 1,6 1,4 1,7 1,8 2,0 2,3 1,8 1,6 Produção 1,6 1,6 1,6 1,6 1,6 1,6 1,6 1,6 1,6 1,6 1,6 1,6 Estoque final 0,5 0,9 1,3 1,4 1,4 1,6 1,5 1,3 0,9 0,2 0 0 Fonte: adaptado de Moreira (2008, p.343) Para esta alternativa teríamos: � Custo de produção regular: 1.600 milheiros/mês x 12 meses x $20/milheiro = $384.000; � Custo de estocagem: $5/milheiro/mês x (500 + 900 + ... + 0 + 0) = $55.000; � Custo total (produção + estocagem): $439.000. Estratégia 2 Admitir e demitir funcionários, tanto quanto seja necessário para cumprir a demanda, para o que se tem: 1 Observar que como o custo da mão de obra é de $10/milheiro e cada funcionário produz 100 milheiros/mês, o custo de cada funcionário é de $1.000 por mês. 38 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Tabela 5 – Contratar e demitir (demanda em milhões de tijolos) Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Demanda 1,1 1,2 1,2 1,5 1,6 1,4 1,7 1,8 2,0 2,3 1,8 1,6 Funcionários (início) 16 11 12 12 15 16 14 17 18 20 23 18 Funcionários (final) 11 12 12 15 16 14 17 18 20 23 18 16 Contratações 0 1 0 3 1 0 3 1 2 3 0 0 Demissões 5 0 0 0 0 2 0 0 0 0 5 2 Fonte: adaptado de Moreira (2008, p.345) Para esta alternativa teríamos: � Custo de produção regular: sem alteração: $384.000; � Custo de estocagem: zero; � Custo de contratação de pessoal: $1.000 x (1 + 3 + 1 + 3 + 1 + 2 + 3) = $14.000; � Custo de demissão de pessoal: $3.500 x (5 + 2 + 5 + 2) = $49.000; � Custo total (produção + admissão + demissão): $447.000. Estratégia 3 Manter força de trabalho atual, não deixar estoque e usar horas extras sempre que necessário, o que resultaria em: Tabela 6 – Usando horas extras (em milhões de tijolos) Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Demanda 1,1 1,2 1,2 1,5 1,6 1,4 1,7 1,8 2,0 2,3 1,8 1,6 Produção regular 1,1 1,2 1,2 1,5 1,6 1,4 1,6 1,6 1,6 1,6 1,6 1,6 Produção em horas extras 0 0 0 0 0 0 0,1 0,2 0,4 0,7 0,2 0 Fonte: adaptado de Moreira (2008, p.351-352) Para esta alternativa teríamos: � Custo de produção regular (pessoal): 16 funcionários x $1.000/mês x 12 meses = $192.000; � Custo de produção regular (material): $10/milheiro x 17.600 milheiros = $176.000; � Custo de produção em horas extras: 1.600 milheiros x $24/milheiro = $38.400; � Custo de estocagem: zero; � Custo de contratação e demissão de pessoal: zero; � Custo total de produção: $406.400. Observa-se que, neste exemplo, mesmo mantendo os funcionários ociosos durante grande parte do ano, a terceira estratégia se mostrou vantajosa com relação às outras duas. Para fixação: verifique no livro de Moreira (2008, p.353-356) outro exemplo (exercício 2), que utiliza também a opção de subcontratação (terceirização da manufatura), estabelecendo também limites máximos para as alternativas de produção regular e com horas extras. 39 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO 7.2 PROGRAMAÇÃO DE OPERAÇÕES As atividades de programação e controle da produção estão relacionadas com o gerenciamento das atividades, passo a passo, envolvidas no processo produtivo. Production Activity Control (PAC), como é chamado em inglês, visa direcionar a programação detalhada e controlar as tarefas individuais nos centros de trabalho. O processo de programação e controle da produção executa a gestão do nível mais detalhado do processo de gestão da produção. Está relacionado com a execução dos planos realizados nos processos anteriores. De modo geral, o processo de programação está relacionado com: o registro gerado pelo cálculo das necessidades de materiais, as ordens liberadas, o plano de capacidade, o roteiro de produção, o status da ordem, a performance
Compartilhar