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ESTÉTICA DA RECEPÇÃO

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CENTRO TÉCNICO-EDUCACIONAL SUPERIOR DO OESTE PARANAENSE - 
CTESOP 
 
 
 
 
 
 
 
JOSEMEIRE GONSALVES PEREIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ESTÉTICA DA RECEPÇÃO – A PRÁTICA EM SALA DE AULA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ASSIS CHATEAUBRIAND – PR 
2009 
JOSEMEIRE GONSALVES PEREIRA 
 
 
 
 
ESTÉTICA DA RECEPÇÃO – A PRÁTICA EM SALA DE AULA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado ao curso de pós graduação 
em Letras Abordagens lingüísticas e 
literárias da Centro Técnico-Educacional 
Superior Do Oeste Paranaense como 
requisito parcial para obtenção do título de... 
 
Orientador: Profª Msc. André Ulysses de 
Salis 
 
 
 
 
 
 
 
 
ASSIS CHATEAUBRIAND – PR 
2009 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a minha 
filha Maria Eduarda e minha mãe 
Lucília, pelo apoio emocional e 
carinho permanente. 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
RESUMO................................................................................................................IX 
 
ABSTRACT.............................................................................................................X 
 
Capítulo I 
 
INTRODUÇÃO.......................................................................................................05 
 
OBJETIVOS...........................................................................................................07 
1.3.1Objetivo Geral................................................................................................07 
1.3.2Objetivos Específicos.....................................................................................07 
 
1.4 JUSTIFICATICA...............................................................................................08 
 
CAPÍTULO II 
 
1 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................09 
 
2 PROJETO.......................................................................................................19 
 
3 
 
 
 CAPÍTULO IV 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 RESUMO 
 
Neste trabalho apresentamos uma reflexão sobre a Estética da Recepção 
na literatura enquanto obra de arte na evolução mental do adolescente, isto é, o 
facilitador do papel da educação escolar na formação do indivíduo leitor, 
defendendo a tese de que esse papel é o mediador entre a esfera da vida 
cotidiana e as esferas literárias da prática de leitura do indivíduo. Tal reflexão 
situa-se no interior de um projeto realizado com alunos de uma escola particular, 
na faixa etária de 13 anos, da qual é dedicado desde a tese da Estética da 
recepção até sua prática, iniciando pelo processo contínuo das expectativas do 
leitor, através da incorporação ou recepção da literatura de acordo com o 
desenvolvimento intelectual e cognitivo do aluno no seu contexto sócio histórico 
cultural. E, enfim, a aplicação da obra clássica intertextualizada como ruptura 
deste processo em sala de aula. Desta forma a diversidade de obras 
apresentadas aos alunos privilegiou um paradigma de leitura significativo 
correlacionando um amadurecimento literário na escolha de obras segundo 
características de intertextualização. 
 
Palavras-chave: Estética da recepção, literatura, sala de aula. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ABSTRACT 
 
In this work we present a reflection on the Aesthetic one of the Reception 
in literature while work of art in the mental evolution of the adolescent, that is, the 
facilitador of the paper of the pertaining to school education in the formation of the 
reading individual, defending the thesis of that this paper is the mediator enters the 
literary sphere of the daily life and spheres of the practical one of reading of the 
individual. Such reflection is placed in the interior of a project carried through with 
pupils of a particular school, in the etária band of 13 years, of which he is 
dedicated since the thesis of the Aesthetic one of the reception until practical its, 
initiating for the continuous process of the expectations of the reader, through the 
incorporation or reception of literature in accordance with the intellectual and 
cognitivo development of the pupil in its context cultural historical partner. e at last 
the application of intertextualizadas classic workmanships as rupture of this 
process in classroom. 
 
Keywords: Reception aesthetic, literature, classroom. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
INTRODUÇÃO 
 
Comumente ao procurarmos uma definição para leitura valemo-nos da 
legitimação do discurso de outros autores ou, então, de experiências próprias 
relacionadas ao ato de ler. Fazendo uso desses dois recursos é que propomos a 
conceituação de leitura. E, através desse advento, avançamos para um 
amadurecimento intelectual dos parâmetros incipientes ao do indivíduo como leitor. 
Ao discorrer sobre a importância do ato de ler, Freire (1995) recupera 
momentos diversos por ele vivenciados, desde sua infância até a vida adulta, a fim 
de reconstituir experiências de leitura. 
A Teoria da Recepção considera o sentido um efeito experimentado pelo 
leitor, não um objeto rigidamente predeterminado pelo autor. Isto é, o objeto literário 
realiza-se na interação com um interlocutor, na medida em que este reage aos 
estímulos do texto, construindo sentidos, estabelecendo conexões, misturando o seu 
universo ao universo textual. E, para que esta ideia não leve à aceitação de um 
verdadeiro caos interpretativo, o texto passa a ser considerado um esquema virtual 
capaz de instruir a sua leitura desejada. Assim, há um tipo de leitor solicitado pela 
obra, com habilidades e competências adequadas para que este esquema funcione. 
A leitura é, portanto, uma atividade que pode se realizar em vários níveis e, para que 
seja cada vez mais eficiente, é preciso que o leitor seja submetido a esquemas de 
textos gradualmente mais complexos, que o levem a ampliar suas habilidades. Essa 
ideia, particularmente, tem motivado reflexões úteis ao ensino da leitura nas escolas. 
Principalmente, ao trabalho de formação de leitores, considerado hoje uma das 
principais preocupações dos docentes e dos projetos pedagógicos. 
Então, a Estética da Recepção mostra que a interação entre leitor e texto 
tem como pré-condição o fato de ambos estarem em horizontes diferentes. Assim, é 
necessário fundir-se para que aconteça a comunicação. A tarefa 
é preencher os vazios, reconstruir o processo de significação da obra, 
buscando a intencionalidade textual. O resultado de uma combinação da linguagem 
e do sentido, apresenta vazios e ausências que possibilitam a iniciação da 
comunicação. A Estética da Recepção ajuda a compreender o sentido e a forma da 
obra literária. E considera a literatura um conjunto que se manifesta por produção, 
recepção e comunicação, compondo uma relação de diálogo entre autor, obra e 
leitor. No ato de produção e recepção, a fusão de expectativas acontece 
6 
 
necessariamente, pois as expectativas do autor se traduzem na obra e as do leitor 
são transferidas a obra. Assim o texto é o espaço em que ambos podem estranhar-
se ou identificar-se. Portanto, poderá tomar a relação entre expectativas de leitor e a 
obra em si como parâmetro da avaliação do estético da literatura. A atitude de 
recepção do texto inicia-se com a aproximação entre texto e leitor. As possibilidades 
de comunicação com a obra dependem das experiências sociais e culturais em que 
o leitor esteja inserido. 
Ainda, cientes de que há muito tempo, a introdução de obras literárias deu-
se muito mais pelos pontos de vista do estudo de gêneros literários, vinculados ao 
modeloclássico de literatura, parece confirmar que o mesmo fica tratado, neste 
contexto, como peça etilizada e que, portanto, sua leitura distanciou-se dos 
propósitos prazerosos de se ler, preconizados por um processo em que o leitor 
tivesse papel ativo e interpretativo da obra lida. Isso veio conferir ao estudo literário 
um afastamento de professor e aluno do contato perceptivo dos elementos que 
constitui supostamente um desejo significativo pela leitura. 
Esse processo revela a fragilidade na concretização da escolha por uma 
obra que estimula uma leitura competente diagnosticada nos alunos adolescente, 
jovens e até mesmo adultos sem níveis de escolaridade requerida. 
O processo inferencial da obra x alunos, constitui um trabalho árduo que 
requer uma dedicação e conhecimento enquanto código compreensivo do trabalho 
da estética da recepção. 
Para tanto, o mundo literário é satisfatoriamente abrangente em obras de 
especificidade enriquecedora do universo intelectual, o que rege a relação de 
sentidos interrelacionados a vivencia das tradições literárias e a experiência do 
individuo enquanto leitor, isso favorece a atuação estratégica do professor e sua 
ação introdutória de leitura diferenciada na fase escolar, através da Estética da 
recepção. 
Com isso, o estudo a seguir, demonstra a importância da introdução do 
aluno, e os meios pelo qual se deve introduzi-lo ao mundo dos clássicos literários, 
levando-os ao universo intelectual reconhecido como conteúdo pragmático da vida 
literária e suas conseqüentes práticas na vida particular do indivíduo. 
 
 
 
7 
 
OBJETIVOS 
 
Objetivo Geral 
 
Pretende-se ao longo da pesquisa verificar a relação existente entre a 
prática da leitura no cotidiano do adolescente e a iniciação de leitura das obras 
clássicas através da estética da recepção, sendo que esta é uma das formas 
marcantes do estudo literário, visto que outorgam, de forma nítida, métodos 
acessíveis ao educador e ao educando. 
 
 
Objetivos Específicos 
 
Estudar a disponibilidade na aplicação da estética da recepção em sala de 
aula; 
Haurir conhecimentos pré-conceituais salientado o horizonte de expectativas 
literário dos alunos; 
Enfatizar a literatura a partir da perspectiva da recepção, intertextualizando 
conhecimentos perceptíveis dos alunos e literatura clássica; 
Salientar o papel que a literatura desempenha na pré-formação da 
compreensão do mundo do leitor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 Justificativa 
 
A leitura em sala de aula, atualmente é considerada um grande déficit no 
desenvolvimento intelectual do aluno, pois os mesmos demonstram desinteresse em 
conhecer e ampliar seus conhecimentos através da literatura. O conhecimento de 
obras clássicas trás um preenchimento intelectual a visão de mundo do educando, 
repercutindo assim, no seu comportamento social. 
Na busca pelo interesse literário dos alunos, ressalta-se o estudo e 
aplicação da estética da recepção, pois, a mesma é uma leitura 
de hermenêutica que oferece possibilidade de escolhas de obras para 
intertextualização considerando determinados aspectos teóricos. 
A estética da recepção converge na recepção do texto pelos leitores, que no 
decorrer de sua história subseqüente preenche os vãos de seu entendimento, 
intermediando a mensagem da obra através de sua intelectualidade e emoção. 
Com isto, o leitor desenvolve um conhecimento fluido do substrato e de sua pré 
formação intelectual constituindo a mensagem. 
Na intenção de levar o aluno ao conhecimento de estilos diferentes na 
literatura brasileira, busca-se na estética da recepção, depois do estudo e aplicação 
do horizonte de expectativa, a ruptura do mesmo, levando o individuo a 
intertextualizar a obra estudada à obra clássica introduzida pelo professor. Assim 
rompe-se a visão de que a literatura clássica converge ao estilo de vida atual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 Alguns pressupostos teóricos 
 
Por tempos, os estudos sobre a teoria literária centraram-se, enquanto 
objeto de estudo, no autor e no texto e não no sentido que seria pretendido por ele. 
Seria, apenas em meados do sec. XX que algumas correntes literárias viriam 
estudar, que, o papel do leitor, e o sentido que ele atribuiria no ato da leitura se 
tornariam elemento fundamental para a sua compreensão. 
Neste contexto, surge a Estética da Recepção. Seus pressupostos foram 
lançados por Hans Robert Jauss em 13 de abril de l967, em comemoração ao 
aniversário do reitor da Universidade de Constância. Ao se referir ao ensino de 
literatura em seu país, Jauss disse as seguintes palavras “a história da literatura vem 
, em nossa época se fazendo cada vez mais mal afamada e, aliás, não de forma 
imerecida”. Ainda segundo ele, o ensino de literatura deveria se pautar para que se 
tornasse efetivamente parte da formação do indivíduo. 
Jauss formou seu método de análise literária, sedimentando sua teoria em 
sete postulados. 
Primeiramente, discute sobre a historicidade da literatura, estabelecendo 
assim, que esta não se pauta numa sequência de fatos /classes literárias que 
trabalham a literatura com roteiros preestabelecidos, mas sim na interação 
leitor/obra. Para Jauss, o leitor deve atuar de forma a interagir com o texto, tornando 
seu co-produtor, trazendo consigo suas vivências, dando, dessa forma, sentindo ao 
texto. Sem essa relação, dificilmente formará pessoas que possam apreciar a leitura, 
muito menos, literatura. 
O segundo postulado analisa que cada leitor, ao interagir com o texto, traz 
consigo uma forma também singular, que caracterizam sua interpretação o que a 
torna singular, já que cada leitor é um ser único. Porém, Jauss explica que a própria 
obra apresenta “avisos, sinais visíveis e invisíveis, traços familiares ou indicações 
implícitas, predispõe seu público para recebê-la de uma maneira bem definida” 
(JAUSS, 1994, p.28). Dessa forma, impede que no momento da leitura, abram-se 
caminho para o subjetivismo e psiquismo do leitor, já que esses “sinais visíveis” 
apontam ao leitor um possível cominho para sua recepção. 
O terceiro postulado trata do valor estético de uma obra. Segundo o autor, 
esta vem da possibilidade da obra romper com que o leitor está acostumado. O 
caráter artístico de uma obra é atribuído à distância entre ela o horizonte de 
10 
 
expectativa do leitor. Assim, quanto menos a obra se aproximar do horizonte de 
expectativa do leitor, maior será seu valor artístico. Um exemplo: quando se é leitor 
apenas de um gênero, seu horizonte fica reduzido, seus conhecimentos não se 
expandem. Ficar preso só ao familiar, não o faz crescer como leitor. Um leitor de 
romance de banca de jornal, não conseguirá mergulhar nas estruturas de um 
romance de Machado de Assis, dessa forma, segundo Jauss, o “estranhamento” 
deve causar no leitor rupturas, perturbando assim, estrutura já sedimentada, 
ampliando seu horizonte de expectativa e tornando-se um leitor machadiano, ao 
invés de romances de banca de jornal. 
No quarto postulado, Jauss propõe uma atitude hermenêutica em relação à 
obra. Afirma ser necessária a reconstrução do horizonte de expectativa sob o qual 
uma obra foi criada e recebida no passado, para que ela não fique sujeita a 
nenhuma forma de compreensão clássica ou modernizante. Se é importante 
entender a recepção da obra no momento em que é lida, da mesma forma é 
importante resgatar fatos que apontem para o momento histórico do seu surgimento. 
Uma mesma obra pode ser recepcionada de formas diferentes em relação à época 
em que foi lida, e por um mesmo leitor, já que o mesmo trará para a obra, vivências 
diferentes, em diferentes momentos da vida. 
Os três últimos postulados são mais específicos para o campo de ação. 
No quinto postulado, Jauss enfatiza a recepção de uma obra sob o aspecto 
diacrônico e sincrônico. A diacronia considera que umaobra não deve ser vista 
apenas em seu momento histórico de sua leitura mais se faz pertinente uma revisão 
de leituras anteriores em relação à atual. O que remete ao fato de obras literárias 
não perderem seu sentido ao longo do tempo. Considerar uma obra sob seu 
momento de criação mostra como uma obra que tem valor artístico perdura pelo 
tempo e sempre se atualiza. Já a sincronia refere-se à articulação entre obras de um 
mesmo período histórico, Jauss entende que a analise de várias obras de um 
mesmo momento histórico permite determinar as tendências literárias características 
desse período histórico, e a essas tendências atribui um caráter de ruptura que 
desencadeia um processo de evolução literária. 
O último postulado procura estabelecer a relação da literatura com a 
sociedade. Este ponto se refere à história particular dos leitores e à função social 
que é dada à literatura, Jauss afirma que a “função social somente se manifesta na 
plenitude de suas possibilidades quando a experiência literária do leitor adentra o 
11 
 
horizonte de expectativa de sua vida pratica, pré-formado seu entendimento do 
mundo, e, assim retroagindo sobre sue comportamento social” (JAUSS, 1994, P.50). 
 
 
O papel do leitor para a Estética da Recepção 
 
Tendo por base o que já foi discutido até aqui, o leitor é considerado sob o 
ponto de vista de sua historicidade, suas experiências individuais, sua cultura, seu 
mundo social, enfim, tudo que o rege enquanto ser humano, o leva a concretizar e a 
dar significado a uma obra literária no momento em que esta é lida. 
Em sua teoria, Jauss, deu enfoque ao papel do leitor, uma vez que os 
autores já tiveram seus momentos em outras teorias. Ao considerar o leitor , a 
Estética da Recepção baseia-se em duas categorias: o horizonte de expectativas e a 
emancipação. 
O horizonte de expectativas e no que já foi visto até aqui, diz respeito à toda 
experiência social adquirida pelo leitor dentro de um determinado contexto. Sempre 
que o leitor realiza uma nova leitura, ele pauta-se em experiências de leituras 
anteriores, essa é sua referencia, esse é seu horizonte de expectativas. Quando 
essa nova leitura não condiz com seus conhecimentos preexistentes, que o 
possibilite entendê-la, então seu horizonte foi rompido, o que se faz necessário a 
esse leitor é reestruturar seu conhecimento, buscando novas referências, de forma 
que estes se tornem suficientes para dar significado ao novo texto literário. Ou isso 
ocorre, ou ele fecha o livro e desiste. 
Quanto não desiste e, ao buscar novas referências, consegue interagir com 
o texto, então se dá o processo de emancipação, “finalidade e efeito alcançado pela 
arte, que libera seu destinatário das percepções usuais e confere-lhe nova visão da 
realidade” (ZILBERMAN; 1989, P.50) 
Então emancipar, segundo Jauss, é o crescer como leitor, que ao longo do 
percurso, torna-se um ser capaz de enveredar por novas leituras, e tendo seu 
horizonte é amplia-se continuamente sempre que não fecha um livro e desiste. 
Ainda segundo Bordini e Aguiar (1993, p. 85-86): 
 O sucesso do método recepcional no ensino da 
literatura é assegurado na medida em que seus 
objetivos com relação ao aluno sejam alcançados, a 
saber: 1- Efetuar leituras compreensivas e críticas; 
12 
 
2- Ser receptivo a novos textos e a leituras de 
outrem; 3- Questionar as leituras efetuadas em 
relação a seu próprio horizonte cultural; Transformar 
os próprios horizontes de expectativas bem como os 
do professor, da escola, da comunidade familiar e 
social. O método recepcional de ensino de literatura 
enfatiza a comparação entre o familiar e o novo, 
entre o próximo e o distante no tempo e no espaço. 
 
 Considerando esses aspectos, torna-se favorável a associação do antigo e 
do novo, dentro da contextualização atual do aluno, sendo asism, compete ao 
professor fazer a mediação adequada conectando o eu com universo cultural da 
literatura literária. 
 
O papel da escola diante do que foi analisado é ajudar o aluno leitor a 
vencer aos obstáculos, a não desistir e assim, crescer como leitor, usufruindo da 
leitura e de todo o prazer que esta proporciona. 
 
 
 Dos pressupostos teóricos à prática 
 
A teoria da Estética da Recepção de Hans Robert Jauss, foi “traduzida” e 
veiculada no Brasil por Regina Zilberman e Luiz Costa lima e pelas pesquisadoras 
Maria da Gloria Bordini e Vera Teixeira de Aguiar. Estas últimas trataram de 
implementar essa teoria em método de ensino para a sala de aula do ensino básico. 
Pensando da teoria à prática, quais seriam as contribuições do método 
recepcional para a leitura literária na escola? É isso que o presente trabalho 
científico visa responder. 
A Estética da Recepção, enquanto método de ensino, pode contribuir 
significativamente no processo ensino/aprendizagem literária, uma vez que, “o 
método recepcional de ensino de literatura enfatiza a compreensão entre o familiar e 
o novo, entre o próximo e o distante no tempo e espaço” (BORDINI E AGUIAR, 1988 
: 86) de forma que parte do que o aluno já conhece, tem facilidade para 
compreender e aprecia, até chegar às obras que são, tematicamente semelhantes, 
porém, são esteticamente mais complexas. Envolvendo-o no seu processo de 
desenvolvimento leitor, procurando torná-lo um leitor competente para fruição e 
13 
 
compreensão de obras literárias de diferentes níveis de profundidade, ampliando, 
assim, seu horizonte de expectativa “o entendimento é sempre o processo de fusão 
de tais horizontes” (JAUSS, 1994:37). 
O método recepcional é estranho à escola brasileira. Sua discussão é 
realizada em meios acadêmicos, mas, daí a chegar mas salas de aulas, será um 
grande caminho, que se torna ainda mais complicado, segundo Bordini e Aguiar, 
pela não valorização do leitor/aluno, uma vez que a preocupação com o ponto de 
vista do leitor, não faz parte da tradição no universo escolar. 
O processo de recepção se inicia antes mesmo do contato do leitor com o 
texto. O leitor possui um horizonte limitador, mas que, diante de estímulos, podem se 
transformar continuamente, se expandido. Esse horizonte é o que povoa sua vida: 
vivências pessoais, históricas, sócias, e tudo o mais que as orientam e as explicam. 
Diante disso, o individuo munido de suas referências, insere o texto no esquadro de 
seu horizonte de valores. No caminho oposto, o texto pode quebrar ou readequar 
esses valores, o que se define como ampliação do horizonte de expectativa, uma 
vez que se distancia do que o leitor espera por hábito. 
A partir dessa constatação, nota-se que para iniciar o método recepcional, 
são necessárias duas etapas: a determinação do horizonte de expectativas e sua 
possível ampliação. Porém, segundo Bordini e Aguiar, são necessárias mais três 
etapas, sendo, então o método recepcional composto de por cinco etapas, sendo 
elas: 
1ª - Determinação do Horizonte de Expectativas; 
2ª- Atendimento do Horizonte de Expectativas; 
3ª-Ruptura do Horizonte de Expectativas; 
4ª- Questionamento do Horizonte de Expectativas; 
5ª-Ampliação do Horizonte de Expectativas; 
Uma vez determinadas as cinco etapas do método recepcional, como aplicá-
las numa sala de aula do ensino fundamental? 
Inicialmente, deverá ser determinado, pelo docente, o horizonte de 
expectativa dos alunos/leitores, de forma, que, tomando conhecimento desses 
horizontes, possa ser elaborada estratégias que visam sua ampliação. Nesta etapa, 
devem-se considerar os valores, preferências e comportamentos dos alunos. Para 
levantar essa perspectiva, podem se lançar mão de conversas informais com os 
alunos, observação de comportamentos em sala, entrevistas, questionários e outros. 
14 
 
Uma vez detectado, o horizonte de expectativa deve ser atendido pelo 
docente mais sem ser desconsiderado dois aspectos importantes: no primeiro, deve 
ser oferecido aos alunos, textos que justamente atendam ao que é esperado poreles; e no segundo, entram estratégias que estejam de acordo com o conhecimento 
dos alunos, e, aos poucos, acrescentar novas elementos na atividade. 
Devidamente atendido o horizonte de expectativas dos alunos/leitores, o 
docente iniciará a terceira etapa, a ruptura. Para tanto, será necessário a introdução 
de texto que se distanciem do conhecimento do aluno, que lhe cause estranheza. 
Porém, vale ressaltar que essa ruptura não deve ser total para que os alunos não 
rejeitem a nova experiência totalmente, mas, para que percebam, eles próprios, 
elementos novos, que os levem a refletir sobre o grau de dificuldade e qual lhe 
proporcionou maior satisfação, ou seja, é um momento de comparação. 
Esta é uma etapa que resulta realmente da reflexão por parte dos alunos, 
uma vez que ela é produto de sua tomada de consciência sobre s mudanças que 
ocorreram em seu aprendizado sobre o ensino de literatura. O papel do docente é 
fundamental, pois cabe a ele dar condições aos alunos para que eles percebam seu 
crescimento e o que pode ser feito para ampliar cada vez mais seu horizonte de 
expectativas. 
O processo dinâmico da recepção conta com uma enorme vantagem na 
formação de leitores literários, pois, conta com a participação dos alunos desde o 
início do processo. O que torna a contribuição bastante valiosa, tendo em vista que, 
a partir do momento em que se parte do próprio conhecimento dos alunos/leitores, o 
interesse pela leitura literária tende a ser cada vez maior. Uma vez seguida as cinco 
etapas, os alunos/leitores terão seus horizontes de expectativas cada vez mais 
ampliados, o que fará com que, por sua vez, seu conhecimento literário seja, 
também, cada vez maior, “as possibilidades de diálogo com a obra dependem então, 
do grau de identificação ou de distanciamento do leitor em relação à ela, no que 
tange às convenções sociais e culturais a que está vinculada e é consciência que 
delas possui” (BORDINI E AGUIAR, 1988: 84) 
 
 
 
 
 
15 
 
Literatura X literatura 
 
O que foi discutido até aqui, reflete sobre o modo de aplicar o método da 
Estética da Recepção. E que para aplicá-lo é necessário, primeiramente, a 
determinação do horizonte de expectativas dos alunos. Na literatura, ao se 
determinar esse horizonte, aponta que a maioria dos alunos volta-se para a literatura 
popular, ou seja, pra a leitura de best-sellers. Os clássicos são deixados para serem 
lidos na escola, quando a professora de literatura o aponta como tema da próxima 
prova. O que levanta muitas críticas, uma vez que esses livros são considerados 
uma leitura de baixa qualidade. Mais até que ponto a leitura de best-sellers é ruim? 
Partindo da premissa de que no Brasil ler é um hábito raro, os alunos chegam ao 
colégio achando livro algo quase esquisito, e a leitura como algo enfadonho, o que 
precisa ser feito é seduzi-lo: percebendo que ler pode ser divertido, interessante, 
pode entusiasmar, distrair, dar prazer. Além disso, cada um deve descobrir o que 
gosta de ler, e vai gostar, talvez, pela vida afora. Quem se interessa por ler, pode ser 
encarado de forma que metade do caminho já percorrido. Por que então a leitura de 
desses livros são tão criticadas? (LYA LUFT – REVISTA VEJA) 
Para responder essa pergunta, é preciso entender que a literatura é dividida 
por alguns teóricos em duas: a literatura Culta e a literatura de Massa. Considera-se 
como literatura culta, obras reconhecidas por críticos, academias e outros 
estudantes literários, ou seja, a linha divisória é posta por um pequeno grupo de 
pessoas. Segundo Sodré, “o objeto essencial ou específico de toda literatura culta 
moderna é reestruturar recombinar as práticas lingüísticas, contraditórias em toda 
sociedade, visando interpelar de uma maneira particular o sujeito da consciência” 
(SODRÉ, 1988, p.24). 
A literatura de massa é considerada por muitos críticos como subliteratura, 
ou literatura de consumo “a função claramente normativa da literatura de massa é, 
portanto ajustar a consciência do indivíduo ao mundo (confirma-lo com sujeito das 
variadas formações ideológicas), mas divertindo-o como num jogo. Por isto, a 
narrativa trabalha com formas já conhecidas ou facilitadas de composição 
romanesca” (SODRÉ, 1988, p.35). 
Ao comparar a literatura culta com a literatura de massa, suas diferenças 
são logo evidenciadas. A maior diferença está no estético da obra, já que a literatura 
culta abrange aspectos como formação de discurso, condições de produção, a forma 
16 
 
como o autor escreveu sua obra, dentre outros. Na literatura de massa o valor está 
na intriga, no clímax, no desfecho e na catarse. Os temas mais freqüentes nesse tipo 
de literatura são: crime, amor, sexo, magia e aventura, “aquele prazer dos afetos 
provocados pelo discurso ou pela poesia, capaz de conduzir o ouvinte e o 
espectador tanto à transformação de suas convicções, quanto à libertação da 
psique.” (JAUSS, 1979, p.81). Diante disso, é grande a quantidade de leitores que 
sente prazer na leitura de literaturas de consumo, uma vez que considera complexa 
a Literatura Culta. 
Dessa forma, encorajar a leitura não pode ser considerado uma missão 
valiosa da literatura de massa? Não se pode ignorar o fato de que, nas últimas 
décadas, as listas de mais vendidos arrolam títulos e mais títulos desse gênero, mas 
raramente se vê um clássico entre eles. O número de títulos vendidos também 
cresce a cada ano. Investir e incentivar a literatura de massa como uma primeira 
etapa que prepare o leitor médio para textos mais significativos é uma alternativa 
sugerida pelo método da estética da recepção o que se torna mais produtivo do que 
fazer da leitura um dever, uma obrigação que só acaba por afastar e privar o lei tor 
do prazer de fruir suas próprias descobertas literárias. No Brasil, infelizmente, ainda 
é comum, na maioria das escolas onde há aulas de Literatura e, sobretudo a partir 
da 6ª série, a velha prática de obrigar o aluno a ler um livro com o qual ele 
dificilmente terá alguma afinidade, seguido de um teste maçante de avaliação. Em 
boa parte das vezes, isso cria nos jovens uma forte ojeriza aos livros, que se 
perpetua pelo resto da vida, contrariando o propósito fundamental de qualquer aula 
de Literatura que deveria ser o de estimular a paixão pela leitura. Como formar 
leitores nessas circunstâncias? 
De acordo com o método recepcional, ao se trabalhar com a literatura em 
sala de aula, não se deve descartar o que os alunos gostam de ler, mas usar essas 
leituras como gancho para conduzir os mesmos à leitura de obras com grau de 
complexidade maior. Impor a leitura de clássicos para estudantes e condenar os 
livras apreciados por eles, pode ser um erro fatal que os levariam a fechar os livros e 
desistir. Formar bons leitores significa encantar, enfeitiçar com o poder que vem dos 
livros. Mas isso não acontece muito menos com leituras obrigatórias. 
Foi testado, em uma pesquisa de campo, um projeto de leitura literária, com 
alunos de 7ª série do ensino fundamental, através da Estética da Recepção, 
desenvolvendo as cinco etapas do processo, segundo a teoria de Jauss discutida 
17 
 
por outros estudiosos e retomada por Bordini e Aguiar. Para estimular a leitura e 
criar um vínculo mais sólido do aluno com a literatura, foi realizada uma pesquisa 
com alunos de 12 a 13 anos afim de melhor conhecer o âmbito literário e suas 
perspectivas em relação às obras literárias que suprem seus anseios. Através da 
pesquisa, foi constatado que os mesmos têm gostos semelhantes, e as obras de 
Harry Potter são unânimes entre os alunos. Uma vez determinado o horizonte de 
expectativas do grupo, deu-se continuidade às quatro etapas seguintes. 
 
 
Um parêntese para refletir sobre a obra de J.K. Rowling 
 
Antes de continuar com a explanação sobre a aplicação do método 
recepcional, abre-se um parêntese para a reflexão sobre essa obra. 
Desde o lançamento,há seis anos, do primeiro título da série, Harry Potter e 
a Pedra Filosofal (Rocco; 263 páginas; 2000), milhões de exemplares foram 
vendidos em solo brasileiro e, por meio deles, muitos adolescentes ingressaram no 
mundo da leitura 
Como sempre acontece com livros que são sucesso de vendas e caem no 
gosto popular (independente da sua qualidade), o fenômeno Harry Potter atraiu a ira 
cega de muita gente. A autora, Joanne K. Rowling, foi acusada de produzir 
subliteratura barata ao se apropriar de toda a simbologia das antigas histórias de 
bruxas e de magia e dar-lhe uma roupagem moderna, despida de profundidade e 
sem qualquer critério. Inúmeros foram os críticos e escritores a atacar os escritores 
sem piedade, muitos inclusive admitindo textualmente nunca terem lido uma única 
página sequer do que ela escreveu. Fala-se como se o dilema estivesse entre formar 
leitores de best-sellers e leitores de obras-primas da Literatura, quando a questão, 
na verdade, se divide entre formar leitores de best-sellers e não formar nenhum 
leitor. Ou seja, o adolescente não vai deixar de ler o que lhe interessa, seja um Harry 
Potter ou a mais nova febre editorial, o fenômeno Crepúsculo, para ler um clássico 
machadiano. Além do mais, é sabido que a leitura regular, ainda que apenas 
de best-sellers, traz inúmeros benefícios ao leitor, tais como capacidade de 
concentração, rapidez de raciocínio, familiaridade com a palavra escrita e com o 
idioma no qual se está lendo. Portanto, se os jovens estão se iniciando nos livros, a 
http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha/resenha.asp?nitem=370935&sid=015716124845852589507732&k5=202A98B7&uid=
http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha/resenha.asp?nitem=370935&sid=015716124845852589507732&k5=202A98B7&uid=
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partir dessas literaturas, não deixa de ser um grande avanço, pois a outra opção 
para muitos deles seria nunca ler nada, o que é infinitamente pior. 
Porém, se o trabalho em sala de aula for bem desenvolvido sabendo 
introduzir as obras mais clássicas no momento e contexto certos, o aluno não vai 
deixar de gostar dessas literaturas, mais vai apreciar também uma literatura mais 
complexa. A comunidade escolar tem o que aprender com o fenômeno Harry Potter: 
a maneira espontânea como ele entrou na vida dos jovens é a mais eficiente para 
conquistar leitores naturalmente. E que a leitura só existe e se multiplica, quando é 
prazerosa, despida de todo o cerimonial e de todo o rebuscamento que norteia o 
ensino de Literatura no Brasil. Seria de grande proveito se os professores 
passassem a levar em consideração as leituras apreciadas pelos alunos e que tanto 
é proposto pelo método recepcional, encarando a realidade e as necessidades dos 
jovens contemporâneos e, assim, ajudasse a revolucionar o ensino de Literatura nas 
nossas escolas, condição fundamental para a democratização de fato do livro no 
Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O PROJETO 
 
A reação quanto ao aspecto inferencial subjacente e ao estilo produzido 
cinematograficamente da obra Harry Potter, levou os alunos a busca pela 
interativadade do livro e sua expectativas quanto a inserção que privilegia o autor na 
sua criação, motivação para escrever e busca histórica na pré-leitura. Percorrendo 
essa relação de leitura entre livro e filme, confirmou-se a fragilidade cinematográfica 
da obra o que trouxe um fortalecimento da leitura do livro e libertação dos paradoxos 
que o mesmo sustenta. Esse estímulo foi a marca inicial para o desenvolvimento do 
trabalho de pesquisa. 
A concepção da leitura da obra Harry Potter, evidenciou a pluralidade 
contida nas expectativas de leitura do aluno. Requerido esse dialogo, partiu-se para 
análise dos pressupostos embasamentos teóricos da estética da recepção. 
Uma vez atendido o horizonte de expectativas dos alunos, a fase seguinte 
foi a ruptura. Incorporou-se um estudo e discussão sobre mitologia, já que a obra de 
Harry Potter é povoada de elementos mitológicos, e seus aspectos na literatura, 
ampliando e consolidando o conhecimento e interesse pelo assunto. 
Na construção do conhecimento capacitou-se, assim, a leitura de outras 
obras que, de certa forma, intertextualizavam com a de Harry Potter, de forma linear. 
Através do reconhecimento da preferência dos personagens míticos fizeram-se 
inferências da obra Ilíada de Homero. 
Após a leitura, constatou-se que e o entusiasmo pela mesma e sua 
interpretação foi brilhantemente alcançada em monitoramento das discussões e dos 
trabalhos realizados em sala de aula. A participação constante de cada aluno foi 
avaliada de acordo com o seu empenho, a fim de enriquecer e adquirir novos 
conhecimentos. 
A sistemática do método recepcional possibilitou o envolvimento do aluno, 
com base no resgate dos conhecimentos que já possuía, crescendo e ampliando 
seu intelecto de forma gradativa a partir de textos conhecidos e apreciados por ele. 
Esse método visa rever vários conceitos e visualizar como o ensino pode melhorar a 
partir do momento em que a escola passa a ver por outro prisma, ou seja, o lado do 
leitor. Conduzida dessa forma, a escola tornar-se-á capaz de atingir seu verdadeiro 
objetivo: a construção do saber. 
20 
 
É como afirmam Regina Zilberman e Ezequiel Theodoro da Silva (2005, 
p.16): 
Eis por que se faz necessária a retomada das bases 
da experiência e das teorias, não numa perspectiva 
individualizante, mas sob foco interdisciplinar que 
faculte o exame das articulações e também das 
contradições existentes. 
Uma reflexão desse calibre amplia a probabilidade 
de compreender os pressupostos das ciências da 
linguagem nas suas respectivas particularidades e 
relações que estabelecem mutuamente. Do outro 
lado, leva a analisar o tipo de prática que podem 
desencadear e/ ou vêm desencadeando no âmbito 
da atuação do professor que lida com leitura. Noutra 
formulação, permite entender os resultados 
metodológicos da aplicação de suas teses à 
educação brasileira, com conseqüências na ação da 
escola e na determinação do papel do professor. 
 
 A partir do contexto apresentado é possível perceber as contribuições que o 
método recepcional desenvolvido por Bordini e Aguiar, a partir da teoria da estética 
da recepção de Robert Hans Jauss, trouxe para sala de aula. Pois, através da 
fundamentação teórica e perspectivas sobre leitura das obras, trazida à pratica 
escolar, constituiu o interagismo entre aluno e literatura clássica, partindo do 
interesse do individuo na busca pela satisfação intelectual. 
O reflexo do trabalho desenvolvido ultrapassou as esferas de expectativas 
trazidas pelos alunos de 7ª série, emergindo a literatura infanto-juvenil para uma 
literatura clássica intertextualizada. Com isso, garantiu-se um aspecto inovador, 
quanto a estética da recepção em estudo segmentar para introdução dos alunos a 
vida das obras literárias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
Considerações finais 
 
O processo em que se desenvolve o método recepcional, possibilitou o 
desenvolvimento do aluno, na medida em que a base do projeto partiu de seus 
conhecimentos prévios, de textos conhecidos e, sobretudo, apreciados por ele. Uma 
vez que foi atendido seu horizonte de expectativas, o conhecimento literário do aluno 
foi se desenvolvendo, gradual e sutilmente, o que resultou por envolvê-lo no 
processo ensino-aprendizagem sem impactos e de maneira a não ser esquecidos. 
Torna-se muito importante esclarecer que a aplicação do método 
recepcional não opera milagres e nem existe, como em todas as tendências 
educacionais, receita pronta. Sua maior contribuição deve-se, sobretudo, como foi 
frisado anteriormente, por levar o conhecimento pré-existente do aluno em 
consideração. É papel dos profissionais da educação buscar formas diferentes de 
melhorar o processo educacional, descobrindo ou redescobrindo a literatura como 
instrumentoeducativo primordial. 
A adoção do método recepcional nas escolas aconteceria somente através 
de um trabalho árduo, que exigiria mudanças dos docentes, inovação a fim de 
buscar novas e ricas formas de ensinar, tendo como objetivo principal a construção 
do saber, como Ginouvrier e Peytard e Braga afirmam “as condições do saber 
descansam numa permanente contestação. Toda pesquisa é aventura – risco e 
promessa. O pedagógico não escapa dessa lei. Assim é”. 
É papel dos professores abraçarem o risco e promessa, uma vez que são 
inerentes ao processo educacionais e como tal, inseparáveis. Ninguém melhor que 
professor para saber da realidade de seus alunos, o inadmissível é ser complacente 
a ela, deve melhorá-la. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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BIBLIOGRAFIA 
 
 
 
AGUIAR, Vera Teixeira de. BORDINI, Maria da Glória. Literatura: A formação do 
leitor: Alternativas metodológicas. 2ª ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993. 
 
BORDINI, Maria da Glória; AGUIAR, Vera Teixeira de. Literatura. A formação do 
leitor: alternativas metodológicas. 2. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993. 
 
_______________. Literatura: a formação do leitor: alternativas metodológicas. 2. 
ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993 p. 85-86 
 
BORDINI, Maria da Glória; AGUIAR, Vera Teixeira de. Literatura: a formação do 
leitor: alternativas metodológicas. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988. 
 
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 
São Paulo: Paz e Terra, 1996. 95 
 
ISER, Wolfgang. O ato da leitura: uma teoria do efeito estético, vol. 1. São Paulo: 
Editora 34, 1996. 
 
JAUSS, Hans Robert, et al. A Literatura e o Leitor: textos de estética da recepção. 
Coordenação e Tradução de Luiz costa Lima. Rio de Janeiro: Paz e Terra: 1979. 
 
JAUSS, Hans Robert. A história da literatura como provocação a teoria literária. São 
Paulo: Ática, 1994. 
 
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Mercado Aberto, 1997. 2005 
 
SODRÉ, M. Best-Seller: a literatura de mercado. Rio de Janeiro: Ática, 1988. 
 
ZILBERMAN, Regina. Como e por que ler a literatura infantil brasileira. Rio de 
Janeiro: Objetiva, 2005. 
 
ZILBERMAN, Regina. Estética da Recepção e História da Literatura. 1ª edição, 2ª 
impressão. São Paulo: Ed. Ática, 2004. 156 
 
 
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