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Literatura Infanto Juvenil

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Prévia do material em texto

Literatura Infanto JuvenilLiteratura Infanto Juvenil
AUTORIA
Greicy Juliana Moreira 
Paula Regina Dias de Oliveira 
Bem vindo(a)!
Olá, aluno(a)!
Seja muito bem-vindo à disciplina de Literatura Infanto-Juvenil, uma encantadora
viagem pelo maravilhoso mundo dos livros infanto-juvenis.
O contexto escolar é o local, no qual diversas aprendizagens são desenvolvidas e
nesse momento, vamos dialogar especi�camente sobre o desenvolvimento de
competências e habilidades por meio do ensino da literatura, em sala de aula. Além
disso, vamos destacar o importante papel do professor, no processo de ensino e
aprendizagem, em especial na formação do leitor competente, habilidade essencial
para atuação do indivíduo na sociedade.
Este livro é de extrema importância para a sua jornada acadêmica. Ele é  composto
por uma introdução, quatro unidades e conclusão. Ao �nal de cada unidade, você
encontrará as seções #saibamais” e #re�ita# que foram preparadas objetivando
ampliar seus horizontes e somar novos conhecimentos.
Aqui, todos os conteúdos apresentados foram criteriosamente e selecionados e
analisados, pois você merece ter acesso a um material de alta qualidade.
Para tanto, na unidade I, intitulada de “A literatura infanto-juvenil”, vamos
apresentar informações sobre o conceito desse termo. Depois, nosso estudo será
direcionado para os aspectos históricos e por �m, entender as especi�cidades desse
da literatura infanto-juvenil.
Já na unidade II, denominada “Relações entre cultura e literatura infanto-
juvenil”, você irá saber mais sobre, Cultura popular e cultura literária, a formação do
leitor e ainda, literatura e o conceito letramento.
Na sequência, na unidade III, “Ensino da literatura infanto-juvenil”, falaremos a
respeito da narrativa infanto-juvenil e o trabalho com gêneros textuais por meio da
literatura. Para �nalizar vamos conhecer a vida e obra dos mais renomados autores
de gênero, no Brasil: Principais autores – Monteiro Lobato, Pedro Bandeira, Ruth
Rocha e Ziraldo.
Em nossa unidade IV, “Prática pedagógica e literatura infanto-juvenil”, vamos
�nalizar o conteúdo dessa disciplina abordando a questão da prática de projetos
com literatura, desenvolvidos em sala de aula. Depois nosso diálogo percorrerá os
campos da literatura como recurso de aprendizagem da leitura e da escrita os e por
último e não menos importante, os recursos didáticos manuais e tecnológicos
utilizados  para narração de histórias.
Caro(a) graduando(a), os conteúdos aqui apresentado vão corroborar para sua
formação acadêmica, contudo, para uma prática pedagógica de excelência, faz-se
necessária constante atualização pro�ssional, ou seja, a busca incessante por novos
saberes.
Então, venha, embarque conosco nessa jornada literária!
Sumário
Essa disciplina é composta por 4 unidades, antes de prosseguir é necessário que
você leia a apresentação e assista ao vídeo de boas vindas. Ao termino da quarta da
unidade, assista ao vídeo de considerações �nais.
Unidade 1
A literatura infanto-juvenil I
Unidade 2
A literatura infanto-juvenil II
Unidade 3
Ensino da Literatura Infanto-Juvenil
Unidade 4
Prática Pedagógica e Literatura
Infanto-juvenil
A literatura infanto-juvenil
I
AUTORIA
Greicy Juliana Moreira 
Paula Regina Dias de Oliveira 
Sumário
Introdução
1 - Conceito
2 - Aspectos históricos
3 - Especi�cidades
Considerações Finais
Introdução
Nos dias atuais, formar leitores literários tem se tornado um grande desa�o, pois
circulam em nossa sociedade discursos variados e muitas são as formas de expressão,
e o texto literário tem tentado se manter ativo em meio a essa imensa variedade de
textos. Mais a�nal, o que é a literatura? O que a diferencia dos demais gêneros e por
que ela é tão importante na formação da criança e do adolescente?
A literatura infanto juvenil é formada por um conjunto de textos diversi�cados em
que a classi�cação desse gênero se dá pelo público que deseja atingir. Essa
característica é fundamental e compartilhada entre os diversos gêneros.
Falar um pouco sobre a importância dos textos literários, seu conceito, sua história e
especi�cidades é um dos objetivos desta unidade, pois a literatura infanto juvenil
exerce uma função importante na formação, cultural social e educativa da criança e
do adolescente.
Assim, abordaremos primeiramente o conceito e com base nele, para após traçarmos
um percurso histórico mostrando suas transformações desde a Idade Média até a
Idade Contemporânea. Com base em uma visão crítica e pedagógica deste gênero
falaremos sobre suas especi�cidades e suas características e o impacto que ela
produz no leitor.
Espero com esse percurso, contribuir para seus estudos no que se refere a conhecer e
compreender a importância da literatura infanto juvenil na formação pedagógica,
social e cultural dos estudantes e na formação de futuros leitores.
Venha comigo e bons estudos!
Plano de Estudo:
1. Conceito
2. Aspectos históricos
3. Especi�cidade
Objetivos de Aprendizagem:
1. Apresentar e discutir alguns conceitos de literatura infanto juvenil, discutir suas
concepções, promover a compreensão crítica no que se refere a literatura
infanto juvenil.
2. Apresentar uma introdução à História da Literatura Infanto juvenil, bem como
compreender o seu desenvolvimento desde a Idade Medieval até os dias atuais.
3. Discutir algumas questões acerca dessa literatura, a relação entre o leitor e o
texto, além das suas características e especi�cidades.
Conceito
O que é Literatura?
O texto a seguir inicia com uma intenção de se realizar um passeio pela imaginação
que permeia a Literatura Infanto-juvenil. Para tanto, é preciso conhecer alguns
conceitos básicos sobre Literatura.  Os primeiros conceitos se referem a Arte e a
Literatura, seguidos da Literatura para crianças e adolescentes.
Ao falar-se em Literatura, logo se remete ao ato de ler, a interação entre o leitor e um
texto literário. Todavia, a obra de arte literária vai além de uma simples leitura, pois
possui especi�cidades e características que outros textos não possuem. É importante
ressaltar aqui que que a discussão que permeia o conceito de Literatura, suas
singularidades e especi�cidades não são fáceis. Diversas correntes teóricas tentaram
de�ni-las, porém não obtiveram sucesso, pois são discussões que ocorreram em
sentidos diferentes, sociedades e épocas distintas.
Assim percebe-se que a Literatura está em constante modi�cação, e que ao longo do
tempo desenhou-se uma linha que demonstra esse vai e vem que nas palavras de
Coelho 2000, (p.14) “se re�ete nas de�nições que o fenômeno literário recebeu desde
Platão e Aristóteles no século IV a.C., os quais deram início a discussão do tema”.
O fato de o fenômeno literário não possuir uma única de�nição só demonstra a sua
complexidade e a sua capacidade de se renovar ao longo do tempo. Por esse motivo,
conceituar a Literatura depende de muitas vertentes. E mesmo que não haja um
consenso entre os teóricos sobre esse assunto como já mencionado anteriormente,
sabe-se que existem algumas especi�cidades e características que são próprias do
texto literário.
Souza (2000), sugere a seguinte de�nição para a Literatura,
CONCEITUANDO
A Literatura expressa uma experiência humana, porém de maneira
especí�ca e isso di�cilmente poderá ser de�nido com exatidão. Cada
época produziu e compreendeu a literatura do seu jeito. E conhecer esse
jeito, é conhecer a singularidade de cada momento histórico da
caminhada humana, bem como a sua evolução no decorrer desse
período. (COELHO, 2000).
[…] parte do conjunto da produção escrita e, eventualmente, certas
modalidades de composições verbais de natureza oral (não escrita),
dotadas de propriedades não especí�cas, que basicamente se resumem
numa elaboração especial da linguagem e na constituição de universos
�ccionais e imaginários. (p.42). 
Corroborando com os estudos até aqui, Souza se refere a literatura como uma das
possibilidades de utilização e exploração da linguagem e da �cção, ou seja, pela
capacidade que o indivíduo tem de criar umuniverso �ccional por meio do
fenômeno literário. Neste sentido, pressupõe-se que a autora de�ne a obra literária
como uma construção interna, o qual há um domínio da linguagem e do seu criador,
no entanto, não se pode esquecer que o que dá corpo à obra literária é a interação
que se dá entre o texto e o leitor por meio da leitura. É o leitor que atribui o
signi�cado àquilo que antes era apenas um amontoado de sinais grá�cos que foram
impressos em uma folha de papel.
Foi com o passar dos séculos que a distinção entre o lógico e o imaginário se
consagrou. De acordo com Costa (2007), o “texto literário traz a marca da invenção e
da quebra de padrões de escrita e de representação do mundo e do homem” (p. 16).
Foi com base nessa diferenciação entre o lógico e o imaginário que que foi possível
chegar aos conceitos de Literatura que temos hoje.
SAIBA MAIS
Alguns Teóricos nos apresentam diferentes conceitos sobre a Arte e
Literatura.
De acordo com Tavares (1981), a Arte no seu conceito amplo ou real se
refere a aplicação do conhecimento a ação. “o meio adequado à
realização de qualquer obra”. Já no conceito �losó�co ou estético, a Arte
é uma forma superior de conhecimento intuitivo, para ele “É a
representação sensível da beleza, através da intuição”.
Já para o autor, na época clássica no que se refere ao sentido amplo, a
“Arte Literária consiste na realização dos preceitos estéticos na invenção,
da disposição e da elocução, porém no sentido restrito, a Arte Literária é a
arte que cria, pela palavra, uma imitação da realidade”. (p. 17-30).
Fonte: TAVARES, Hênio. Teoria Literária. Belo Horizonte: Itatiaia, 1981.
Conceitos que envolvem a Literatura Infanto-juvenil
No que se refere a literatura infanto-juvenil, ela é composta por histórias �ctícias
infantis e está destinada a crianças, adolescentes e jovens. Essas obras incluem,
poemas, novelas, obras que envolvam a cultura e o folclore ou simplesmente textos
(obras que retratam a vida real). Tais obras são desenvolvidas de acordo com a idade
do leitor. Ao analisar uma obra literária desenvolvida para crianças com faixa etária
entre três e quatro anos, por exemplo, verá que esta é repleta desenhos, com poucas
palavras, além de serem obras muito coloridas. Já uma obra escrita para o público
adolescente e jovem, raramente haverá desenhos, em sua maioria são constituídas
apenas por textos.
Conceitos que envolvem a Literatura Infantil
A Literatura Infantil está destinada, como o nome diz, ao público infantil com faixa
etária entre dois e dez anos de idade. Essas obras precisam ser de fácil leitura e
entendimento pela criança que a lê, além disso deve despertar o interesse e,
principalmente estimular a imaginação da criança.
Criados por professores e pedagogos no �nal do século no �nal do século XVII, os
primeiros livros infantis tinham como objetivo apenas criar hábitos e valores. Hoje,
além desses objetivos, a leitura deve apresentar uma outra visão da realidade, ou seja,
a diversão e o lazer, que são importantes fatores no que se refere ao desenvolvimento
psicossocial do leitor.
Neste sentido pode-se dizer que a Literatura Infantil de acordo com Aguiar (2001,
Apud Costa, 2007), trata-se de um “objeto cultural. São histórias ou poemas que ao
longo dos séculos cativam as crianças. Alguns livros nem foram escritos para elas,
mas passaram a ser considerados literatura infantil (p.16)”.
Abaixo pode-se veri�car algumas características das obras literárias destinadas as
crianças, bem como suas características e exceções:
1. As obras literárias desenvolvidas para atender ao público infantil com faixa etária
entre dois e quatro anos, são compostas por pequenos grupos de palavras e
frases simples. São coloridos, com muitas imagens. Isso acontece, pois nesta fase
as crianças iniciando o processo de aprendizagem da leitura e codi�cação dos
signos.
2. Os livros destinados aos leitores com idade entre quatro e seis anos, são
compostos por grupos maiores de palavras e frases, porém sem lançar mão dos
estímulos visuais.
3. Para as crianças com idade entre sete e dez anos as obras literárias possuem um
número reduzido de imagem, já priorizando o texto. Como nessa idade a criança
já está na fase escolar, e já conseguem racionalizar, os textos passam a ser mais
complexos, com o intuito de estimular a criança a encontrar por si só as
respostas as indagações que estão no texto.
Apesar de ser possível veri�car que as obras literárias possuem algumas
características em comum, elas também possuem algumas exceções, como temas
não apropriados para tais faixas etárias, livros que retratam guerras, que abordam
fatos como crimes e vícios.
Essas obras especi�camente, possuem entre oitenta a cem páginas, ou seja, são
relativamente pequenas, além disso, contam com estímulos visuais, a linguagem e a
escrita são simples e as histórias são retratadas de maneira clara. Em alguns casos
possuem caráter didático, explicando ao leitor regras e comportamentos sociais, e
geralmente contam com um �nal feliz.
Ademais, pode-se então considerar que a literatura infantil, apesar de estar associada
a criança, é aquela que vai ao encontro das necessidades do leitor e que se
identi�cam com ele, não sendo necessariamente desenvolvida somente para atender
ao público infantil. Ela deve ser considerada como uma arte e deleite, e deve ir além
da intenção pedagógica e didática ou como um estímulo ao hábito da leitura, ela
deve despertar a criança que existe em cada um de nós por meio do imaginário e da
fantasia.
Conceitos que envolvem a Literatura Juvenil
A Literatura Juvenil é aquela obra destinada ao público com faixa etária entre dez e
quinze anos de idade. Essas obras costumam incluir temas e fatores que podem
despertar o interesse do jovem adolescente, como temas controversos e romances.
Alguns aspectos relacionados ao seu futuro no que se refere a sua escolha
pro�ssional, na busca por autoa�rmação, também são temas muito comuns para
essa faixa etária, além de personagens que possuem a mesma faixa etária dos
leitores, bem como o número elevado de páginas. Tais obras costumam ter em média
duzentas a trezentas páginas.
Diante das abordagens acima sobre as características da Literatura infanto-juvenil, é
possível perceber que a produção literária precisa atender há alguns critérios e
especi�cidades, uma vez que eles é que vão distinguir um texto literário de um texto
não literário. No tópico três desta unidade trataremos de forma mais aprofundada
sobre algumas especi�cidades do texto literário.
REFLITA
“Dentro do contexto da literatura infantil, a função pedagógica implica a
ação educativa do livro sobre a criança. De um lado, relação
comunicativa leitor-obra, tendo por intermediário o pedagógico, que
dirige e orienta o uso da informação; de outro, a cadeia de mediadores
que interceptam a relação livro-criança: família, escola, biblioteca e o
próprio mercado editorial, agentes controladores de usos que di�cultam
à criança a decisão e escolha do que e como ler. Extremamente
pragmática, essa função pedagógica tem em vista uma interferência
sobre o universo do usuário através do livro infantil, da ação de sua
linguagem, servindo-se da força material que palavras e imagens
possuem, como signos que são, de atuar sobre a mente daquele que as
usa; no caso, a criança”.(PALO; OLIVEIRA 2006, p.13)
Fonte: PALO, Maria José; OLIVEIRA, Maria Rosa D. Literatura Infantil: Voz
de Criança. 4 Ed. São Paulo: Ática, 2006.
Aspectos históricos
O Discurso na Literatura Infanto juvenil da
Idade Média e Moderna
A partir do momento em que a literatura deixou de sofrer in�uência religiosa, a
concepção de leitura sofreu mudanças. Essas mudanças se deram na época moderna
e teve como aporte o Romantismo que fazia reconhecer a burguesia como classe
social dominante na época. Esse resgate tem repercutido até os dias atuais. A nova
maneira de escrita que já in�uencia o público adulto, passou a favorecer o público
infantil com a �nalidade de modi�car o comportamento da criança, apresentando
em suas obras situaçõesque vão reforçar valores sociais já existentes e que são
apresentados a sociedade como modelo a serem compreendidos e seguidos.
Desta forma, ao apresentar algum aspecto histórico no que se refere a literatura
infanto-juvenil, bem como compreender as características que marcaram esse
gênero, deve-se levar em conta que ela surge atrelada a um dado momento histórico,
o que nos permite vincular a esse período o surgimento da literatura infantil. Fator
esse importante, uma vez que no período que antecede tais fatos, a literatura tinha a
função apenas de formadora, a �m apenas de integrar a criança a sociedade.
Contribuindo com os pensamentos aqui explicitados, Zilberman (1987), descreve que
na sociedade antiga não existia infância,
[...]nenhum espaço separado do mundo adulto. As crianças trabalhavam
e viviam junto com os adultos, testemunhavam os processos naturais da
existência (nascimento, morte, doença), participavam junto deles da vida
pública (política), nas festas, guerras, audiências, execuções, etc., tendo
assim seu lugar assegurado nas tradições culturais comuns: na narração
de histórias, nos cantos, nos jogos (p.5).
Da mesma forma, Lajolo e Zilberman, ainda pressupunham que por ter apenas
caráter formador da moral burguesa e por constituir uma atividade que era realizada
somente dentro dos lares daquela época, a valorização da família serviu como
principal incentivo da leitura como sendo apenas uma prática social, ou seja,   “ser
leitor, papel que, como pessoa física, exercemos, é função social, para a qual se
canalizam ações individuais, esforços coletivos e necessidades econômicas” (LAJOLO;
ZILBERMAN, 1999, p.14). Este contexto histórico de�ne qual o papel a criança deve
assumir na sociedade, bem como o avanço da burguesia demonstrando assim, a
função da literatura infantil na Idade Média.
Essa de�nição se origina da estrutura social rígida que existia na Idade Média e que
era caracterizada pela divisão das classes sociais, onde o poder era centralizado nas
propriedades, em que a linhagem hierárquica existente não dava voz a família
nuclear. Somente alguns séculos após o período medieval é que a burguesia passa a
ganhar força e a partir daí é que começam as transformações na sociedade moderna.
Assim, de acordo com Zilberman (1987),
A entidade designada como família moderna é um acontecimento do
Século das Luzes. Os diferentes historiadores coincidem na a�rmação de
que foi ao redor de 1750 que se assistiu à complementação de um
processo que principiou no �nal da Idade Média, com a decadência das
linhagens e a desvalorização dos laços de parentesco, e culminou com a
conformação de uma unidade familiar unicelular, amante da privacidade
e voltada a preservação das ligações efetivas entre pais e �lhos. (p.5).  
Diante do exposto acima pode-se perceber que essa nova con�guração é a principal
responsável pelas transformações que aconteceram entre a Idade Média e Moderna,
em que, mudam-se não só as relações sociais mais também a subjetividade do
indivíduo em detrimento de um modo de vida que antes não existia e o qual a partir
dele emerge um novo sujeito.
É a partir do século 18 que, com a ascensão da burguesia a situação da criança passa
por mudanças, o qual a infância começa a ser valorizada. Há então a separação entre
a vida pública e o setor privado, entre a família e o setor de negócios. A infância e a
idade adulta passam a ser fases diferentes da vida, opondo-se casa e trabalho,
preparando a criança para os compromissos futuros. (ZILBERMAN, 1988). Dentro
@freepik
Lajolo e Zilberman (1999) ainda
de�nem a família como
centralizadora, que fortalecem o
Estado e que dá privilégios a criança
a tendo como merecedora de uma
atenção especial, que possui status
próprio, o qual sobre elas recaem as
preocupações com a religião, saúde e
educação. 
desse cenário �ca então explícito a valorização e os cuidados que a criança passa a
receber podendo assim ser mais bem orientada com o intuito de se tornar um adulto
capaz de se adaptar a sociedade daquele período histórico.
A pedagogia e a literatura infanto-juvenil estão vinculadas, no sentido de formar
futuros cidadãos que sejam pensantes, atuantes e capazes de desempenhar de
maneira adequada o seu papel social. Neste dado momento histórico o que é
considerado relevante é o caráter formador que a literatura tem para oferecer. A
literatura infanto juvenil ganha uma roupagem adaptada e acessível ao público
jovem, com base em obras literárias já existentes, como os contos de fadas, ou
clássicos da literatura adulta. Neste modelo é valorizado o potencial educativo que é
proposto pelo material a �m de garantir pela escola burguesa uma formação de
qualidade aos leitores. Daí a importância da escola nas transformações sociais, pois o
êxito no processo de privatização da família - que tem sua a�rmação na burguesia e
que é menor na classe operária – acabou por gerar uma lacuna no tocante a
socialização da criança, pois conforme relata Zilberman (1987),
Se a con�guração da família burguesa leva a valorização dos �lhos e à
diferenciação da infância enquanto faixa etária e estrato social, há
concomitantemente, e por causa disto, um isolamento da criança,
separando-a do mundo adulto e da realidade exterior. Nesta medida, a
escola adquirirá nova signi�cação, ao tornar-se o traço de união entre os
meninos e o mundo, restabelecendo e unidade perdida. (p.9).
@freepik
Ainda neste contexto, observa-se que
a educação ganha um novo sentido e
que a pedagogia encontra um lugar
de destaque em meio a con�guração
e transmissão que emerge da
ideologia burguesa daquele período,
promovendo a necessidade de uma
formação social, pessoal, pro�ssional,
cognitiva e ética. 
Os clássicos e os contos de fadas que
provém dos folclores e que são frutos
de duas fontes distintas e
contrapostas de materiais literários,
passam por uma renovação e
adaptação, contribuindo desta forma
para a formação cultural.
(ZILBERMAN, 1988).  
Como é a escola que faz essa ligação entre a criança e o mundo, cabe a ela decidir e
apresenta-lo de forma adequada, selecionando e �ltrando os aspectos que
consideram mais importantes ao indivíduo em formação, bem como informar a
criança de que maneira ela deve se portar diante deste mundo e o que a sociedade
espera dela.
Os primeiros textos de literatura infanto juvenil surgiram dentro deste contexto, com
base em adaptações folclóricas e de textos da literatura adulta, constituindo- se o
gênero literário, porém como fruto de interesses pedagógicos para �ns educativos,
culminado que as primeiras obras literárias para o público infanto-juvenil chamaram
mais a atenção dos pedagogos do que dos estudiosos de literatura. Somente
posteriormente é que os textos destinados a criança passaram a ser estudado por
estudiosos da literatura, dando uma atenção especial a esse primeiro material que foi
produzido a �m de estudá-lo.
REFLITA
Leitura e Oralidade:
As obras de Literatura infanto juvenil buscam o resgatar a oralidade na
escritura, indo desta forma ao encontro da narração. A fala é natural ao
ser humano e já existia antes mesmo da descoberta da escrita. 
Expressões faciais e corporais, além dos gestos eram importantes
recursos da comunicação oral e permitiam a troca de informações e
sentimentos entre os interlocutores de maneira mais direta. 
Palo e Oliveira (2001) relatam que “[...] o discurso oral cria uma cena
múltipla (verbal e não verbal) e inclusiva, na qual, o que menos conta é o
que se diz, já que tudo está no modo como se diz e, mais ainda, na
tensão dialética entre o dito e o calado; entre aquilo que a fala articula e a
gestualidade desarticula e ega. Sua vida faz-se na fugacidade do
presente, instante em que tudo está não estando. Discurso precário, um
quase discurso, sempre em disponibilidade para incorporar um novo
dado em risco com o acaso.” (p.44) Neste sentido, oralidade é, um
aspecto característico e fundamental do texto literário infanto juvenil.
A Literatura Infanto juvenil na
Contemporaneidade e o seu retrato na
Educação BrasileiraA literatura Infanto juvenil, na contemporaneidade ainda é considerada como objeto
de análise por teóricos e críticos literários, mesmo sendo reconhecida pelo alto
potencial pedagógico que possui. Fato esse que é demonstrado pela inclusão do
estudo da literatura infanto juvenil nas últimas décadas em disciplinas dos cursos de
Letras no Brasil.
A sua valorização se dá devido a sua função representativa que é própria da arte
�ccional, proporcionando uma visão da realidade. Eram obras originalmente criada
para uso das crianças, porém passou a receber status cientí�co a partir do momento
em que foi possível perceber que além dos adultos produzirem as obras, eles também
as manipulavam com o objetivo de dominar a infância. Entretanto é preciso que haja
não somente uma integração, mais uma re�exão sobre a organização da disciplina e
dos cursos ligados a ela. Ela deve servir como um instrumento que visa enfrentar as
di�culdades que di�cultam o trabalho realizado com as crianças. (ZILBERMAN, 1998).
A instrumentalização do professor para trabalhar com a literatura infanto juvenil na
escola, conforme a autora diz, se torna importante. Não obstante a isso, primeiro fez-
se necessário que os textos destinados às crianças fossem reconhecidos como arte
literária, passassem por uma nova apreciação analítica, para que, enquanto um
material cultural destinado a criança, pudesse se melhor avaliado, já que diversas
vezes esses materiais eram prejudicados em sua forma artística em detrimento das
intenções de domínio e doutrinação da infância.
Ao retratar os princípios da educação no Brasil, Mauad (1999) observa que juntamente
com a literatura de caráter universal, prevalecia uma literatura moralista, advinda do
século XIX. Tal literatura tinha como objetivo a formação do caráter, da moral, e
serviam como modelos a serem seguidos por crianças e jovens.
Publicações em que os títulos já indicavam quando o conteúdo era destinado a
meninos, onde algumas delas traziam relatos sobre condutas e códigos morais e, para
as meninas, onde algumas obras, eram dedicadas as mães de família, com histórias
morais cujo objetivo era ensinar princípios, usos e costumes. Entretanto foi somente
na virada da modernidade para a pós-modernidade que a literatura brasileira se
desenvolveu, e a partir daí “passou a re�etir de maneira estética esse sistema social
complexo vivendo entre o pré-capitalismo de algumas regiões [...] e as grandes
cidades”. (RICHE 1999, p.130).
Vislumbra-se então dois cenários distintos, em que de um lado estão crianças com
pouco ou nenhum acesso a livros infantis e obras literárias, enquanto do outro lado o
acesso é de sobremaneira facilitado aos livros e obras literárias, bem como a outros
bens de consumo. Apesar desta discrepância existente no Brasil, a intenção aqui é
enfatizar que atualmente o livro infantil busca retratar a realidade, os problemas
sociais, políticos e econômicos do País, porém sem fugir as suas especi�cidades como
o uso do lúdico, o despertar e transmitir sentimentos, emoções, curiosidades e
produzir novas experiências ao leitor. Em contrapartida, tem como função levar o
pequeno leitor a compreender a realidade que o cerca de maneira intensa.
Os contos clássicos, por sua vez, têm como função instigar a sensibilidade artística da
criança equilibrando fantasia e realidade. Apesar de saber que o que está lendo não é
verdade, ela entra no mundo imaginário �ngido acreditar no que lê. Esses contos não
impedem que a criança desenvolva o raciocínio lógico, pois não atenuam a sua
inteligência e viajar no mundo da imaginação é sobremaneira importante e
necessária para o desenvolvimento infantil. A leitura do texto literário “pode se
constituir num fator de liberdade e transformação dos homens”. (SILVA 1986, p. 21).
Resultado disso é que a leitura literária, seja ela de um texto que retrata a realidade ou
um texto divertido, ao permitir a criança re�etir e pensar de forma crítica, está
cumprindo o seu papel social.
A função social no que se refere a uma coletividade contemporânea só se cumpre,
quando os códigos culturais que fazem parte do conhecimento acadêmico são
compreendidos, uma vez que constituem uma forma de sobrevivência e poder.   A
@freepik
A leitura de uma obra literária
permite a re�exão e o
questionamento, podendo dessa
forma facilitar ao homem a
compreensão dos ensinamentos
impostos pela sociedade, mas para
que isso aconteça é preciso que se
concentre na infância essa formação. 
Diante disso entende-se que esse
movimento que circunda literatura
contemporânea , a transforma   em
suporte para as experiências do
mundo real  a partir do momento
que oferecer   um formato de texto
que esteja aberto as múltiplas
leituras, ou seja, ao despertar na
criança, dúvidas referentes ao
mundo, as histórias contemporâneas
dão oportunidade a crianças de
elaborar   questionamentos que a
levarão a re�etir. Ações e atitudes
essas, que provém da leitura.  
transmissão do conhecimento literário permanece e acontece por meio da leitura,
seja ela propagada e armazenada por meio do livro físico ou eletrônico.
Especi�cidades
A diferença entre leitura literária e demais
gêneros textuais
A leitura literária por possuir características e especi�cidades próprias se difere dos
demais textos que que circulam na sociedade, uma vez que, a comunicação
diferenciada que existe entre o leitor e o texto são fatores importantes ao considerar
um objeto como sendo literário, bem como os efeitos que o texto produz ao leitor e a
subjetividade que esse objeto empresta na concretização da leitura são
características marcantes e  especí�cas da leitura literária.
Essas especi�cidades tornam possível ao leitor expandir suas fronteiras do conhecido
que são absorvidas por meio da imaginação, porém sem esquecer suas próprias
dimensões, tais fronteiras são decifradas por meio do intelecto. A leitura literária
ainda constitui uma atividade sintetizadora à medida que permite ao leitor penetrar
no âmbito da alteridade sem que este perca de vista a sua subjetividade e história.
Por este motivo torna-se uma atividade completa e que di�cilmente poderá ser
substituída por outra. (ZILBERMAN, 1990). 
Ela também permite uma interação entre leitor e texto, que resulta da atividade
intelectual e fantasiosa, permitindo ao indivíduo experimentar o outro sem se perder
de vista. Quando isso ocorre, há uma ampliação de horizontes e expectativas que que
se dá a partir do momento em que o texto oferece ao leitor uma nova visão da
realidade ou lhe causa algum impacto. Desta forma, pressupõe-se a leitura literária
como sendo uma atividade ampla que proporciona novos saberes.  
Ao se referir a literatura, Machado (2001), nos mostra dois caminhos que se encontram
intimamente ligados no texto literário,
Ler literatura, livros que levem a um esforço de decifração, além de ser
um prazer, é um exercício de pensar, analisar, criticar. Um ato de
resistência cultural. Perguntar “para onde queremos ir?” “e como?”
pressupõe uma recusa de estereótipo e uma aposta na invenção. Pelo
menos, uma certa curiosidade de uma opinião que não é exatamente a
nossa - e o benefício da dúvida, sem a convicção do monopólio da
verdade. Só a cultura criadora, com sua exuberância, pode alimentar
permanentemente essa verdade pujante e nova. (p.88).  
É possível perceber no texto da autora que ela apresenta a leitura literária como uma
forma de resistência cultural, além disso ela ainda enfatiza não só o saber mais
também o prazer. Demonstrando assim o caráter individual e social da literatura. A
capacidade de re�etir e criticar desenvolvida por meio da leitura é o que torna o
indivíduo um ser ativo na transformação social, além disso a leitura o prepara para
interpretar a sua realidade social de maneira mais aprofundada e em contrapartida
pode prepará-lo para ser atuante e consciente no seu dia a dia. 
O adolescente por sua vez, como um sujeito que está em fase de transição deve ter
sua passagem entre a infância e vida adulta concebida de maneira satisfatória. A
literaturaneste contexto tem como função auxiliar o adolescente no enfrentamento
dos con�itos decorrentes desta fase, mostrando a ele que não é o único a enfrentar
tais di�culdades e que é possível superá-las. Para o adolescente o interesse pelo
conteúdo é um diferencial na escolha de um livro, seja ele em seu aspecto
educacional ou apenas por diversão, o que pressupõe que a necessidade de que os
temas literários abordados sejam diversi�cados.
Diante disso, as temáticas propostas para essa faixa etária precisam apresentar um
equilíbrio, não ser muito sério, de difícil interpretação, nem muito simples, ou
irrelevante. Esses aspectos devem ser considerados principalmente se a leitura estiver
relacionada às experiências do adolescente leitor. Mas como acontece a resolução dos
con�itos existentes, uma vez que a literatura pressupõe como objetivo a promoção do
aprendizado?
O que se percebe nessas narrativas é que con�itos são encerrados de�nitivamente
onde os �nais são mais tradicionais. Todavia aquele modelo de conclusão em que se
vê somente a tomada de decisão e um encorajamento a mudança não é possível
saber se os con�itos foram realmente encerrados. Nos dois modelos, entretanto, o
conceito de �nal feliz é subjetivo e pode haver �nais tristes, mas ainda assim se faz
válido o otimismo na literatura infanto juvenil e que de fato buscam a reconciliar
indivíduo e sociedade, mesmo que está possa se mostrar contrária ao indivíduo. Isso
demonstra um sutil conservadorismo que ainda existe mais que pode passar
despercebido.   
Em estudos realizados sobre a literatura juvenil, é aceitável que a
“literatura tem a capacidade de dar [aos adolescentes] um lugar no
mundo, algo tangível em que eles podem se apegar enquanto passam
pelas suas próprias versões dos processos de transição presentes em
cada [livro].” (BICKMORE; YOUNGBLOOD, 2014, p.262, tradução livre).
Uma das características deste gênero textual e que indicam a sua heterogeneidade é
a idade do leitor e do protagonista da história, devendo ser parecidas, além disso o
estilo da linguagem e o vocabulário utilizado também são determinadas pelo leitor,
tendo em vista as diferentes necessidades de acordo com a idade, di�cultando assim
a sua classi�cação. Outro fator que di�culta falar sobre suas especi�cidades   é a
interação com outras mídias e formatos, pois tanto a literatura infantil quanto a
juvenil são um campos que compreendem quase todos os gêneros literários, e por
compartilhar com o público infantil conforme descrito por Hunt (2010) “gêneros
especí�cos: a narrativa para escola, textos dirigidos a cada um dos sexos entre
outros[...]”, (p.44). Apesar da interação com outros gêneros esses textos estão divididos
entre fantasia e �cção.
A literatura infanto juvenil contribui com a formação social, a compreensão de
mundo, mostrando para o leitor a realidade ao seu redor e como estas funcionam,
além de possui caráter educativo, podendo ser utilizada na escola com o objetivo de
trabalhar habilidades nas crianças e não só uma forma de diversão e lazer, como
acontece com a literatura adulta.
En�m, a literatura infanto juvenil está em constante evolução, sempre se
transformando e se reinventando, dado que “uma característica central da literatura
da juventude seria ter como �nalidade descrever e identi�car o que é juventude”
(CHAMBERS, 2010, p.273) e a literatura precisa acompanhar os processos de mudança
que envolvem a criança e o adolescente.
Diante dos nossos estudos, este tópico teve como intuito apresentar de maneira
simples um panorama básico sobre as especi�cidades e características da literatura
infanto juvenil a �m de contribuir um pouco com o conhecimento acerca do assunto. 
CONCEITUANDO
E o que de fato dizer sobre as características da literatura infanto juvenil?
Hunt (2010) a�rma que a literatura infantil e juvenil “se de�ne
exclusivamente em termos de um público que não pode ser de�nido"
(p.27). Neste sentido entende-se é que a literatura infanto-juvenil é,
heterogênea, e que conforme a idade do leitor vai aumentando, sua
compreensão em relação aos textos literários e ao mundo vão se
ampliando e assim também o nível de complexidade e exigências de
leitura. (COLOMER, 2003).
Livro
Filme
A literatura infanto-juvenil
II
AUTORIA
Greicy Juliana Moreira 
Paula Regina Dias de Oliveira 
Sumário
Introdução
1 - Relação entre cultura e literatura
2 - A formação do leitor
3 - Literatura e conceito de letramento
Considerações Finais
Introdução
Caro leitor,
A arte está presente a séculos na vida do homem, seja qual for sua forma de
apresentação. Por meio dos livros, das músicas, en�m, ela é vista como um fazer,
como um conjunto de atos e situações que transformam. Ela é um produto oferecido
pelo homem, porém in�uenciado pela cultura. Essa arte também pode ser expressa
por meio de textos escritos, o que denominamos de literatura.
A literatura é responsável por transformar a experiências dos discursos em obras
literárias. Mais qual a relação que se estabelece entre a cultura e a literatura? E como
essa relação pode contribuir para a formação do leitor e na sua formação social?
Nos tópicos a seguir discutiremos um pouco sobre esses questionamentos, buscando
compreender essa relação, em seguida conheceremos alguns dos aspectos que
compreendem a cultura, bem como a importância da cultura na escola e da literatura
de cordel como forma de ensino-aprendizagem da língua materna.
Estudaremos algumas questões que estão relacionadas ao uso da literatura infantil
na escola, como a contação de histórias e a iniciação a leitura, que são alguns dos
aspectos fundamentais na formação do leitor.
E para �nalizarmos nossos estudos, discutiremos sobre o letramento literário e qual o
seu objetivo na formação de futuros leitores, também relembraremos alguns
conceitos de letramento literário e traremos algumas sugestões metodológicas sobre
como trabalhar este assunto em sala de aula para uma escolarização correta do texto
literário.
Esperamos que este estudo o ajude a ampliar seus conhecimentos sobre a
importância da literatura em sala de aula, além do papel que a escola deve exercer
nesse processo de ensino-aprendizagem para que a prática da leitura, ao mesmo
instigante e prazerosa para o aluno.
Então, vamos começar?
Plano de Estudo:
1. Relação entre cultura e literatura
2. A formação do leitor
3. Leitura e conceito de letramento
Objetivos de Aprendizagem:
1. Compreender a relação entre a cultura e a literatura, como forma conhecimento,
mais também como uma função social na formação do indivíduo;
2. Entender algumas questões relacionadas ao uso da literatura infantil na escola,
como aspectos fundamentais na formação do leitor;
3. Relembrar os conceitos de letramento, e entendê-lo como caminho para uma
adequada escolarização e formação de leitores em idade escolar.
Relação entre cultura e literatura
Na unidade I deste material veri�camos que a literatura é uma forma de
comunicação em que se trabalham emoções, sensações, sentimentos, desenvolvem-
se a�nidades entre leitor e personagens, bem como a representação da realidade ou
�cção, que são criados pelo autor por meio do texto. A literatura, é um sistema
semântico, onde a conotação se destaca e está intimamente relacionada às
diferenças sociais. (PROENÇA FILHO, 2009). Diante da a�rmação de Proença, deve-se
trazer a mente que a literatura está ligada a uma cultura, um povo e a sociedade. 
Assim sendo, ela se torna um produto cultural, onde o escritor busca os elementos
que precisa para compor e organizar suas representações. Pode-se dizer que:
Língua, cultura e literatura, estão intrinsecamente ligados, isso acontece,
pois, a literatura por se tratar de uma produção cultural, acompanha o
desenvolvimento social e cultural, se utiliza da língua para formar-se, e
esta mesma língua é responsável por passar os conhecimentos da
sociedade para o ser humano. A linguagem é literária é conotativa, pois
se amplia em função do universo dos falantes, além de se prender às
diferenças sociais e, tambémao desenvolvimento da cultura (LIPPE,
2016, p. 71).
Assim, ao falarmos de literatura, é importante considerar que ela é fruto da existência
de uma cultura, se não houver cultura, não há literatura, uma vez que a cultura
depende das pessoas que se organizam dentro de uma determinada sociedade.
Baseados nesta concepção, pode-se dizer que o leitor é in�uenciado pelo autor da
obra, e dessa maneira vai construindo seu ambiente social. 
Aspectos que compreendem a cultura
A cultura pode ser compreendida por meio de três aspectos a seguir:
1. A cultura visa orientar o senso emocional do leitor, sendo considerada um tronco
que abarca normas, linguagens, mitos e símbolos.
2. Na concepção católica a cultura deve servir como um espelho para o homem
onde as qualidades do corpo e da alma são aprimoradas por meio do
conhecimento, visando manter conservadas as experiências de espírito.
3. Já para a antropologia a cultura busca as soluções para os problemas da
humanidade por meio da integração entre o pensar e sentir de uma
determinada comunidade.
Os aspectos acima deixam visível que a cultura está intrinsecamente relacionada ao
homem e sociedade, considerando ainda, o que já foi e o que ainda está sendo feito
todos os dias. Dessa forma pressupõe que a literatura acompanha as transformações
que ocorrem na cultura de uma sociedade e as re�ete nas obras literárias.
Aqueles conhecimentos que são adquiridos desde a infância em forma
de linguagem, são produtos da sociedade o qual estamos inseridos e
fazemos parte. Deste modo, em termos sociais, a caracterização da
cultura permite que ela seja setorizada, podendo ser tratada como
literatura europeia, ocidental, romana, e consequentemente literatura
brasileira. (PROENÇA FILHO, 2009).
Pode-se dizer então que a língua está inclusa na relação existente entre cultura e
literatura, e que a linguagem literária é conotativa, sugerindo signi�cados diferentes
do original. Ainda é correto dizer que a literatura representa o nível de cultura
existente em uma determinada sociedade. Lembrando que, uma obra �ccional não
indica necessariamente a realidade social e que a literatura, por sua vez apresenta
questionamentos a serem respondidos por uma sociedade, ou seja, ela surge da
sociedade e depois volta para ela. (LIPPE, 2016).
A Cultura popular
A leitura é um ato social, é uma atividade peculiar ao sujeito contemporâneo e que
está presente em seu cotidiano. Neste contexto é sabido que a literatura popular
consiste em produções de uma sociedade, onde se mantém viva a memória dessas
produções que constituem de uma tradição. Com o passar do tempo novos
elementos foram acrescentados, principalmente no campo das práticas modernas e
da oralidade, estas responsáveis pelo aumento do contingente tradicional. (BARROS,
2002).
Embora a tecnologia e do uso em massa de outros canais de comunicação, as
transformações ocorridas no decorrer dos tempos modernos não conseguiram
extinguir com as culturas populares tradicionais. Na contramão da modernidade,
essas culturas se desenvolveram nas últimas décadas transformando-se. Há uma
Como mencionando anteriormente em nossos estudos, são essas
tradições que nos tornam legítimos enquanto nação e sociedade. Fato
este que faz com que se acredite que a literatura popular, tanto oral
quanto escrita se tornam vivas nos dias atuais em diversas festas e
comemorações. (CANCLINI, 2000).
interação com as tradições tecendo ligações com outros setores fazendo com que a
literatura não permaneça estável, mas que ela se transforme juntamente com a
sociedade. (BARROS, 2002).
Ao se falar em cultura popular no Brasil é preciso considerar ainda a existência de dois
sistemas de conhecimento que atuam de maneira mais ou menos dialógica e
mesmo que em graus diferentes, um in�uencia o outro e implica hábitos mentais, e
padrões sociais, éticos e estéticos. (AZEVEDO, 2008).
O quadro a seguir descreve as principais características desses dois sistemas de
conhecimento:
Mesmo que muitas vezes desprezadas pelo modelo de cultura o�cial, a cultura
popular é conhecida em seu discurso pelo vínculo que possui com a oralidade, sendo
marcada pela transmissão feita de maneira informal e espontânea através do boca a
boca, essa cultura ainda é chamada de cultura é a chamada empírica, uma vez que o
Quadro 1: Principais características dos sistemas de conhecimento
SISTEMAS DE CULTURA
OFICIAL OU MODERNA
Representado pelo poder público, elites
culturais e econômicas;
Padrões, conteúdos e valores organizados
de forma sistemática, formatada e
esquematizada;
Paradigmas transmitidos por escolas e
universidades;
Totalmente dependente da escrita;
Utiliza livros, metodologias, teorias, jornais,
revistas, publicidade, etc;
É homogêneo, com informações �xadas em
textos escritos.
 
SISTEMA DE
CONHECIMENTO DE
CULTURA POPULAR
É paralelo à cultura o�cial;
Possui um conjunto imenso de
manifestações;
Se desenvolve de forma caótica, espontânea
e não programada;
Se constrói no dia a dia da vida cotidiana;
É diversi�cada, heterogênea e heterodoxa;
Possui variadas facetas e graduações nas
diferentes regiões do país.
Não é a mesma cultura da escola, do saber
sistemático, erudito, cientí�co, técnico e
impessoal;
Como conhecimento, costuma ser
desprezada pelo modelo o�cial.
Fonte: AZEVEDO, Ricardo. Cultura popular, literatura e padrões culturais. Acesse o link 
Disponível aqui
http://www.ricardoazevedo.com.br/
Brasil é um país muito abrangente, marcada pela diversidade cultural, com costumes
e crenças diferentes. Diferente do texto escrito - cultura o�cial - que por estar �xado, o
seu discurso escrito pode atravessar o tempo.
Além disso, o discurso do texto deve ser mais complexo, seguir uma ordem, ser
esclarecedor e, também prever alguns questionamentos do possível leitor. Em
síntese, pode-se dizer que tanto o discurso escrito quanto o discurso oral possuem
objetivos diferentes, exigem diferentes estratégias de pensamento, bem como
seguem a modelos construtivos diferentes. (AZEVEDO, 2008).
SAIBA MAIS
Cultura é um termo com muitíssimos signi�cados. A seguir três dos mais
importantes:
Cultura no pensamento da sociologia: “Uma cultura constitui um corpo
complexo de normas, símbolos, mitos e imagens que penetram o
indivíduo em sua intimidade, estruturam os instintos, orientam as
emoções”. (MORIN, apud PROENÇA FILHO, 2009, p. 37).
Cultura no pensamento católico: “pela palavra ‘cultura’ em sentido
geral, indicam-se todas as coisas com as quais o homem aperfeiçoa e
desenvolve as variadas qualidades da alma e do corpo; procura submeter
a seu poder pelo conhecimento e pelo trabalho, o próprio orbe terrestre,
torna a vida social mais humana, tanto na família quanto na comunidade
civil, pelo progresso dos costumes e da instituição; en�m, exprime,
comunica e conserva, em suas obras, no decurso do tempo, as grandes
experiências espirituais e as aspirações, para que sirvam ao proveito de
muitos e ainda, de todo o gênero humano”. (PROENÇA FILHO, 2009, p.
37).
Cultura no pensamento antropológico: “o conjunto e a integração dos
modos de pensar, sentir e fazer adotados por uma comunidade, na
busca de soluções para os problemas da vida humana associativa”.
(PROENÇA FILHO, 2009, p. 37).
Fonte: PROENÇA FILHO, D. A linguagem literária. 8 ed. rev. São Paulo:
Ática, 2009. (Série Princípios).
A cultura na escola e literatura de cordel
como forma de ensino-aprendizagem da
língua materna
A escola é um lugar onde se pode vislumbrar a diversidade cultural, todavia, apesar
de estar tão presente neste ambiente, muitas vezes ela não tem sido tão valorizada e
trabalhada como deveria. Os livros literários estimulam a imaginação, a fantasia, que
são fundamentais para o desenvolvimento, por esse motivo, eles precisam ser
explorados de maneira que o aluno se sinta envolvido pela leitura. Colaborando com
nossos estudos Cosson (2006, p. 16), diz que:
Na escola, a leitura literária tem a função de nos ajudar a ler melhor, não
apenas porque possibilita a criação do hábito da leitura ou porque nos
fornece,como nenhum outro tipo de leitura faz, os instrumentos
necessários para conhecer e articular com pro�ciência o mundo feito
linguagem.
Neste sentido �ca claro que a linguagem está presente em todos os lugares, e
oportuniza contatos, interação, aprendizagem, conhecimento, e por meio dela os
indivíduos se tornam humanizados. A poesia contida na literatura desenvolve no
aluno a sensibilidade e o caráter humanizador, daí a sua importância na escola. 
Considerando a função cultural social que a arte e a obra literária exercem na vida do
indivíduo, é necessário escolher um gênero literário que revele essa diversidade
cultural existente no Brasil, com intuito de respeitar tais diferenças. (AUGUSTI; SILVA,
2016)
Diante disso �ca evidente a importância do uso da literatura de cordel no ambiente
escolar, mais para isso é preciso repensar o processo de ensino-aprendizagem e as
metodologias utilizadas, tanto no que se refere a sua história quanto ao seu modelo
ideológico, sem que haja paradigmas em relação ao caráter literário. A �nalidade da
literatura de cordel deve ser a de levar o aluno a compreender e reconhecer a função
social do cordel enquanto linguagem literária na formação do leitor. Sendo assim,
compreende-se que:  
[...] crescemos como leitores quando somos desa�ados por leituras
progressivamente mais complexas. Portanto, é papel do professor partir
daquilo que o aluno já conhece para aquilo que ele desconhece, a �m de
proporcionar o crescimento do leitor por meio da ampliação de seus
horizontes de leitura. (COSSON, 2006, p. 35)
Tal desa�o é pertinente, uma vez que possibilita por meio da diversidade de textos
literários, uma ação didática que é sobremaneira necessária para a formação do leitor
amadurecido.
De acordo com Bordini; Aguiar (1993, p. 86), uso da literatura de cordel como método
de ensino em que se reconhece a função social do gênero, enfatiza a comparação
entre o familiar e o novo, entre o próximo e o distante no tempo e no espaço por meio
de cinco etapas a seguir:
@wikipedia
No Brasil, a literatura ou poesia de
cordel como é chamada, é uma
manifestação cultural muito
importante por suas características.
Composta por poemas escritos, em
formato de músicas ou mesmo
vídeos que enfatizam a
cultura/literatura nordestina, são
capazes de despertar nos alunos o
interesse pela leitura literária e o
respeito pela diversidade. Esse
gênero carrega consigo expressões e
histórias que estão relacionadas com
a cultura popular e por suas
peculiaridades literárias, em relação a
outros gêneros não literários.
(AUGUSTI; SILVA, 2016).  
A Primeira Etapa refere-se à Determinação do Horizonte de Expectativas- momento
de veri�cação dos interesses dos alunos, a �m de prever estratégias de ruptura e
transformação dos discentes. A Segunda Etapa destaca o Atendimento do Horizonte
de Expectativas -momento de proporcionar aos alunos experiências com textos
literários que satisfaçam suas necessidades quanto ao objeto escolhido e às
estratégias de ensino. A Terceira Etapa apresenta a Ruptura do Horizonte de
Expectativas momento de trabalhar com textos e atividades de leitura que abalem as
certezas e costumes dos alunos. A Quarta Etapa está relacionada ao Questionamento
do Horizonte de Expectativas- fase em que serão comparados os dois momentos
anteriores relacionando texto com vivência pessoal. A Quinta e última Etapa refere-se
à Ampliação do Horizonte de Expectativas- etapa em que os alunos tomarão
consciência das alterações e aquisições através da experiência com a literatura. 
Neste contexto o professor deve ser o mediador do processo de ensino-
aprendizagem, em que seu papel é o de estar atento às di�culdades do aluno. O
professor de intervir apresentando ao aluno o autor do texto, trazer para o ambiente
de aprendizagem o contexto histórico que envolve o texto apresentado, comentar
sobre o local em que a história acontece, a época, qual o objetivo do texto, en�m,
juntos, professor e alunos deverão explorar juntos os textos, analisar as informações
nele contidas, utilizar das pistas que ele oferece a �m de descobrir as informações
que estão implícitas por meio da interpretação e assim dar signi�cado ao texto.
(AUGUSTI; SILVA, 2016)
Essas ações farão com que o aluno desenvolva a autonomia  e o gosto pela leitura,
porém é preciso levar em conta que este é um trabalho progressivo e gradual que
deve acontecer de maneira frequente nas aulas, mais que deve ser realizado de forma
que não sufoque a viva interação do aluno com a obra literária, o que pode prejudicar
a formação do futuro leitor literário. Ainda é válido ressaltar que o professor é
referência para os alunos, portanto a leitura deve ser uma prática em sua vida.
Quando o professor ama a leitura literária e faz dela uma prática, ao ler para os alunos
ele mergulha no contexto da história, e consegue transmitir ao aluno seu entusiasmo,
podendo até contagiá-los. (AUGUSTI; SILVA, 2016)
Como já estudado na unidade I deste material, o acesso aos livros na Idade Média era
algo que pertencia a classe alta, e o acesso à escola era privilégio dos senhores
detentores de posse. Entretanto nos dias atuais ainda é possível perceber fragmentos
da desigualdade social daquela época.  Desta maneira, os livros devem estar
presentes nas aulas, em locais onde os alunos possam manuseá-los livremente, os
livros devem ser diversi�cados, pois muitas vezes o aluno só tem acesso a eles na
escola.
Para �nalizar nossos estudos acerca do uso da literatura de cordel no ambiente
escolar, não podemos deixar de enfatizar a importância de o professor intermediar o
contato do aluno com o texto escrito, porém sem desmerecer seu potencial, pois a
leitura é um processo de constante aquisição.
Sob esta perspectiva, o aluno quando vem para a escola já traz consigo uma
bagagem de conhecimento denominado conhecimento empírico, é na neste espaço
que ele ampliará seus conhecimentos e os transformará em conhecimentos
cientí�cos e estes precisam ser signi�cativos para ele. O aluno precisa entender que a
escola vai ensinar o que ele precisa saber para se tornar um cidadão autônomo,
participativo e crítico garantindo assim seu espaço na sociedade.
A formação do leitor
Neste tópico estudaremos algumas questões que estão relacionadas ao uso da
literatura infantil na escola, como a contação de histórias e a iniciação a leitura, que
são alguns dos aspectos fundamentais na formação do leitor.
A contação de histórias na formação do
leitor
Iniciaremos nossa conversa com uma questão muito comum em nossa área, que é
“como formar um leitor”? Na área da educação alguns questionamentos referentes a
formação de um leitor, são fundamentais.  O trabalho que o professor vai exercer e as
escolhas que ele pode fazer ajudarão na compreensão do seu trabalho.
O professor é responsável por escolher a obra que seja apropriada ao leitor infantil,
escolher   recursos metodológicos que sejam mais efetivos e que estimulem tanto a
leitura, quanto a compreensão das obras, em que os alunos consigam verbalizar o
que aprendeu.(ZILBERMAN, 1982, p.26 apud COSTA, 2007). Porém para que o
professor consiga alcançar esses objetivos é preciso que ele esteja habilitado para
isso. E isso acontecerá no ensino superior.
Costa (2007, p. 41-42), ainda menciona alguns fatores que são necessários a essas
habilidades,
[...]como o conhecimento de um acervo literário representativo; o
domínio de critérios estéticos de modo a discernir quais são as obras de
valor; conhecer o conjunto literário destinado às crianças, com destaque
para a sua trajetória histórica, bem como os autores da atualidade de
maior representatividade; saber manipular técnicas e métodos de
leitura.
Se o professor possuir essas habilidades, pode-se pressupor que ao realizar um
trabalho com a literatura infantil, este produza resultado satisfatório e e�caz. A
construção da literatura é algo que depende de alguns princípios que vão norteá-la,
pois é um processo lento que vai se formando gradativamente, uma vez que ler é
encontrar sentido e se interessar pelaleitura, aprender e se sentir competente para
realizar as tarefas de leitura, além de sentir que a aprendizagem como uma
experiência emocional e grati�cante. (SOLÉ, 1998 p. 172, apud COSTA, 2007). 
Aprender a ler, também signi�ca aprender a ser ativo ante a leitura, ter objetivos para
ela, se auto interrogar sobre o conteúdo e sobre a própria compreensão. Em suma,
signi�ca aprender a ser ativo, curioso e a exercer controle sobre a própria
aprendizagem, (SOLÉ 1998, p. 172 apud COSTA 2007, p. 44).
Entende-se então que o papel do professor é o de conduzir o aluno e orientá-lo, mais
sem lhe dar uma resposta pronta. Ele deve estimular o pensamento do leitor,
incentivá-lo, instigá-lo a levantar questionamentos sobre o que leu, deixando que ele
chegue sozinho às respostas. Costa (2007, p. 44), a�rma que, “professor e aluno
devem integrar-se com igual determinação e vontade na aprendizagem do
intercâmbio produtivo com textos literários”. Para que esse processo de
desenvolvimento dê certo, é preciso que ele esteja estruturado em três pilares, são
eles: autor, leitor e professor.
O autor é o responsável pela produção da obra, é ele quem vai atribuir a ela as
intenções e sua beleza. O leitor é o aluno que busca sentido no texto por meio de sua
experiência pessoais e também pelo repertório que já possui e por último vem o
professor, tão importante quanto o autor, pois devido a sua maturidade, seu
conhecimento e metodologia, vai mediar o aluno, possibilitando a ele um ambiente
favorável à leitura.
@freepik
Diante disso é claro que a qualidade
e a dedicação quando empreendidas
no ensino da leitura produzirão no
leitor infantil o prazer em ler , fará
com que se sinta satisfeito com a
leitura e com o resultado obtido por
meio do texto lido. Tal prazer pode
ser resultante da emoção motivada
por um poema, ou por se identi�car
com algum personagem ou mesmo
com a história, ou simplesmente por
ter aprendido algo com a leitura. 
A formação do hábito da leitura na visão
de Richard Bamberger
Sobre o hábito da leitura, Bamberger (2000, p. 24-25 apud COSTA 2007, p. 45-54), diz
que para a formação do leitor é importante:
Promover a prontidão para a leitura em todos os níveis
1. Ler em voz alta e falar, sobre a leitura os alunos na pré-escola e nos primeiros
anos do ensino fundamental é de extrema importância, pois ajuda a desenvolver
o vocabulário e desperta o interesse pela leitura.
2. Proporcionar o contato da criança com textos diversi�cados, desde poemas,
contos, mostrar �guras, ajudam a estimular a imaginação, fazendo com que a
REFLITA
Você sabia que ler desenvolve o cognitivo, amplia vocabulário, ativa o
senso crítico e estimula a percepção intelectual? Além disso, favorece a
inserção do indivíduo na sociedade, onde os textos escritos estão acima
dos textos verbais, ou seja, a leitura o capacita a exercer sua cidadania.
Porém nem sempre foi assim:
“Do ponto de vista histórico, a situação de desigualdade entre elementos
alfabetizados e analfabetos produziu uma relação de domínio dos
primeiros sobre os segundos, que se acrescentou a todas as outras
formas de dominação social. Já a Revolução Francesa de 1789 postulará a
abertura de escolas públicas com o �m de levar as letras até o povo, de
modo a promover uma maior igualdade social” (BORDINI; AGUIAR 1993,
p.10).
Ainda neste contexto histórico , surgiu a escola pública, porém as
diferenças sociais permaneceram, uma vez que a escola constituiu um
caráter dominador e da elite, fazendo com que os menos favorecidos
permanecessem excluídos e não tivessem acesso a essa cultura, o que
acontece até os dias atuais, pois muitos ainda continuam sem acesso e
excluídos da sociedade.
Fonte: BORDINI, Maria da Glória; AGUIAR, Vera Teixeira. Literatura: a
formação do leitor (alternativas metodológicas). 2.ed. Porto Alegre:
Mercado Aberto, 1993.
criança mergulhe no universo da imaginação.
3. Promover um ambiente que seja agradável e que favoreça a leitura.
Com esse processo a criança aprenderá a reconhecer o herói da história, o tempo da
história, espaço, movimento, personagens, ação narrativa, bem como se familiarizar
com as metáforas, sinestesias e imagens. A criança também pode demonstrar que
sente prazer na leitura de determinada história, ao pedir que contem para ela várias
vezes a mesma narrativa. Isso é importante e deve ser estimulado.
Prática da leitura silenciosa
É muito importante na formação do leitor que ele se habitue a leitura silenciosa, pois
ela é quem dá a base da educação individual e ajuda a desenvolver o imaginário, as
emoções, sem que precise da intervenção do adulto.
Nos dias atuais, os livros infantis são bem proveitosos, pois vem repleto de ilustrações
e textos escritos, permitindo a criança que ainda não está alfabetizada a convivência
com os livros através das imagens que estes oferecem. A leitura dessas imagens leva
a criança a entrar no universo da leitura mesmo que não verbalmente. Daí a
importância de estimular esse comportamento na criança pois ele irá prepará-la para
os textos mais complexos que ela terá contato futuramente.
Ensino individualizado da leitura em todos os níveis da escolarização
Pesquisas indicam que quando o método de ensino da leitura é individualizado,
o prazer e interesse são maiores.
Apesar da leitura individualizada despertar maior prazer, ele não deve ser
dogmatizado e o professor deve estar preparado para perceber em quais
momentos a leitura deve ser trabalhada individualmente ou em grupo.
Alternar entre a leitura silenciosa e leitura em voz alta é recomendável na literatura,
essa leitura em voz alta geralmente é realizada pelo professor, para que o ritmo e a
entonação da leitura não se percam. (COSTA, 2007).
Adaptação das habilidades envolvidas na leitura quanto ao material e
aos objetivos da leitura
O leitor passa a ler melhor e assimilar mais rápido o conteúdo à medida que vai
ganhando prática e autonomia na leitura.
Levar em consideração que cada texto requer uma desenvoltura diferente é um
fator importante na prática pedagógica que deve adequar a escolha dos textos
de acordo com os objetivos que desejam alcançar.
Assim, exercitar a leitura em voz alta é importante, pois ela exige do leitor entonação
vocal e interpretação, mais sempre levando em consideração a importância de
realizar uma leitura prévia a �m de se familiarizar com o conteúdo.
Se a leitura for realizada pela criança, o professor deve prepará-la para que realize a
interpretação em voz alta da forma mais adequada possível. Deve-se evitar
improvisos, erros e defeitos de prosódia e dicção e balbucios que comprometem a
qualidade da entonação. (COSTA, 2007).
Treinamento sistemático de consecução da leitura
Neste momento, avaliar a velocidade e compreensão em relação a leitura é:
Primeiramente, é importante delimitar o sentido de velocidade e de
compreensão do texto. A velocidade se refere a habilidade de ampliação do
período de �xação e de aumento da concentração. Já a compreensão se refere a
capacidade do leitor assimilar o conteúdo na mesma proporção em que o texto
progride, ou seja, conforme o aluno lê, ele assimila e compreende o signi�cado
do texto lido.
Ao �nal o professor poderá avaliar o progresso do aluno levantando
questionamentos, testes e discutindo sobre o tema trabalhado.
É válido ressaltar que não se deve utilizar a leitura silenciosa ou em voz alta como
parâmetro para a avaliação do domínio da ortogra�a, ela deve ser, na verdade, um
exercício que desperte prazer no leitor.
Mensuração e avaliação do progresso
Acompanhar de perto o progresso do aluno é importante. É necessário que
sejam realizadas avaliações diferenciadas, de acordo com o desenvolvimento de
formação do leitor.
O professor deve evitar o uso de �chas e resumos que forcem a interpretação e
avaliação do aluno, esses processos são engessados e não contribuem para o
desenvolvimento.
Durante o processo de avaliação é interessante que o professor utilize sua
criatividade para encontrar formas de avaliação que sejam coerentes e e�cazes
no decorrer darotina escolar.
Seleção de material de leitura para o ensino
É importante que o aluno tenha acesso a um material diversi�cado, assim ele
terá a chance de descobrir o que mais lhe agrada, o que é mais interessante e o
que é mais divertido para ele. Isso faz com que sua capacidade de leitura
aumente, além de contribuir para a que o hábito da leitura se torne algo
constante na vida do leitor.
Os bons livros infantis, por conseguinte, são o fundamento do ensino da leitura. Os
interesses pelo enredo e pelo destino das personagens levam a criança a terminar o
livro num certo prazo de tempo. Quando isso acontece, obtém-se o efeito prático tão
necessário à compreensão na leitura. É nesse ponto que a in�uência da sala de aula
se combina com as inclinações na esfera pessoal (BAMBERGER, 2000, p. 24 apud
COSTA, 2007, p. 52).
Ademais, é importante que o professor que ensina a literatura e a prática da leitura
esteja ciente dos interesses dos alunos, conheça os livros infantis da atualidade, sem
deixar de lado os clássicos da literatura infantil,  tenha consciência �losó�ca, seja
desprovido de preconceitos, goste de textos que promovam a emancipação e sejam
inovadores.  Devem ser bons leitores, ter conhecimento e uma formação sólida das
letras, ter fundamentação teórico-metodológica.  Essas são algumas das
características positivas que poderão contribuir para um trabalho produtivo e e�caz
para o desenvolvimento e formação do leitor.
Em contrapartida, ao papel do professor, a escola também precisa estar adaptada e
habilitada oferecendo subsídios ao professor, para que este consiga desempenhar
seu papel. Possuir uma biblioteca que disponha de um bom acervo, é fundamental
neste processo e, sobretudo, ter programas de ensino que valorizem a leitura e a
integração entre aluno e professor, esta, por sua vez deve ser democrática e simétrica.
(COSTA, 2007).
Para �nalizarmos nossos estudos em relação a formação do leitor, e não menos
importante, é a qualidade empregada na literatura infantil brasileira, uma vez que, o
uso do lúdico e o descompromisso textual, atrelados a linguagem empregada e
diversidade dos temas torna mais prazerosa a experiência da leitura.
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Neste sentido, o professor, deve ter
consciência de que para que seu
trabalho com o texto literário seja
efetivo, ele deve ter sua sensibilidade
em relação às obras bem apuradas e
desenvolvidas. Deve conhecer as
obras, quais são mais apropriadas,
quando foram publicadas, quantas
edições possuem, além de conhecer
um pouco da história dos autores. Ele
também precisa ter um
conhecimento detalhado sobre as
funções que a literatura possui, de
forma que por meio desses
conhecimentos saiba como utilizar
cada texto.  
Literatura e conceito de
letramento
O letramento é um assunto muito discutido entre os pro�ssionais da educação, e
apesar de ser um tema novo, tem sido propagado não só no mundo acadêmico, ele
vem ganhando espaço  na escolas, nos cursos de formação para professores e
também em pesquisas acadêmicas, sendo assim pode-se perceber que de certo
modo o letramento é algo que está intrinsecamente ligado a vida em sociedade. No
ambiente escolar, é um fator de grande relevância para o processo de ensino que o
professor saiba como lidar com os diversos tipos de letramento e consiga guiar o
aluno para que este também seja capaz de desenvolver outros tipos de letramento.
Neste tópico destacaremos o letramento literário, o qual tem como objetivo a
formação de futuros leitores que sejam críticos, que possam compreender a literatura
em seu contexto, e para que isso aconteça é importante que o aluno seja inserido no
mundo da literatura. Será apresentado também os conceitos de letramento literário,
bem como algumas sugestões sobre como trabalhar este assunto em sala de aula
para uma escolarização correta do texto literário. Não obstante, a literatura é um
recurso importante para a educação e ler serve como uma base para o início e o �m
do letramento literário. 
O que é o letramento a�nal?
O letramento surgiu no Brasil, a pouco mais de duas décadas, pela necessidade que
emergia de caracterizar e nomear comportamentos e práticas sociais na área da
leitura e escrita. Comportamentos estes que iam além do domínio do alfabeto e da
ortogra�a. A partir do momento em que a vida social e as atividades pro�ssionais se
tornaram cada vez mais direcionadas e dependentes da linguagem escrita, expondo
assim ser insu�ciente apenas alfabetizar a criança e ou o adulto, foram se tornando
mais visíveis os comportamentos e práticas sociais de leitura. (SOARES, 2004).
Lembrando ainda que alfabetização e letramento são dois processos distintos cada
um com suas características e especi�cidades. De acordo com Soares, (2003, p. 90): 
Soares reforça ainda que o letramento é aquilo que a pessoa faz com as habilidades
da leitura e da escrita em um determinado contexto, e também como essas
habilidades vão se relacionar com as necessidades, com os valores e as práticas
sociais de determinado indivíduo. (SOARES, 2004). Desta forma, é válido ressaltar que
o letramento é uma prática social não sendo apenas um processo pessoal.
Relembrando sobre o conceito de
letramento
O conceito de letramento engloba a leitura e a escrita, que embora sejam fenômenos
distintos se complementam e constituem conforme Soares (2004, p. 48-49) um “[…]
conjunto de habilidades, comportamentos, conhecimentos que compõem um longo
e complexo continuum”, ou seja, conforme explicitado pela autora, o indivíduo pode
ter facilidade em escrever o seu nome, mais não ser capaz de escrever um bilhete, ou
ainda, ser capaz de ler um bilhete, mas não conseguir ler uma reportagem. Neste
sentido corroborando com nossos estudos Soares (2004) diz que “[…] há diferentes
tipos e níveis de letramento, dependendo das necessidades, das demandas do
indivíduo e de seu meio, do contexto social e cultural” (SOARES, 2004, p. 48- 49).
Contribuindo com a fala de Soares, Kleiman (1995) enfatiza o letramento como uma
prática discursiva de um determinado grupo social, mas que não necessariamente
envolvem atividades de leitura e escrita, mas que tem como função tornar
signi�cativa a interação oral por meio da sua relação com a escrita.   Assim, o
letramento é um conjunto de práticas sociais que que vai além da escrita. Ela ainda
ressalta o letramento como termos de práticas sociais, e que estes são aspectos não
só culturais, mas também de estruturas de poder que se fazem presentes na
sociedade. Isto posto, as práticas letradas são produtos da cultura, da história e dos
discursos. (KLEIMAN, 1995).
CONCEITUANDO
Embora correndo o risco de uma excessiva simpli�cação, pode-se dizer
que a inserção no mundo da escrita se dá por meio da aquisição de uma
tecnologia – a isso se chama alfabetização, e por meio do
desenvolvimento de competências (habilidades, conhecimentos,
atitudes) de uso efetivo dessa tecnologia em práticas sociais que
envolvem a língua escrita – a isso se chama letramento.
Já Street (2014), apresenta uma visão mais ampla e atualizada do conceito de
letramento. O autor vê o letramento como uma prática social que salienta a natureza
social da leitura e da escrita, bem como o múltiplo caráter das práticas de letramento.
Ele se vale de perspectivas transculturais, da natureza social do letramento para se
opor àquilo que chama de perspectiva “autônoma”, orientada para as habilidades. Ele
ainda: 
Ainda de acordo com o autor, “recentemente, porém, a tendência tem sido no rumo
de uma consideração mais ampla de letramento como uma prática social e numa
perspectiva transcultural.” (STREET, 2014, p. 17).
Desta forma �nalizamos nossos estudos sobre os conceitos de letramento na visão
dos três autores citados veri�cando a importância de compreendermos o letramento
como algo que vai além da leitura e da escrita, mas como uma prática social que faz
parte da formação social dos alunos.
Reconhece a existência de múltiplos letramentos praticados em
contextos reais;
Sugere aos leitores que rejeitem uma visão etnocêntrica e
hierárquica;Orienta que os leitores privilegiem uma forma particular de
letramento diante das muitas variedades existentes;
Em oposição a essa perspectiva, o autor propõe um modelo
ideológico de letramento reconhecendo que as práticas de leitura e
escrita estão inseridas não em signi�cados culturais, e também nas
alegações ideológicas sobre o que é considerado como letramento, e
nas relações de poder que estão a ela associadas (STREET, 2014).
O letramento literário como caminho para
uma adequada escolarização e formação
de leitores em idade escolar
Um dos fatores que tem contribuído para uma má formação dos leitores em fase
escolar é a escolarização inadequada da literatura neste ambiente. Soares (2006), abre
uma discussão sobre essa escolarização e traz exemplos de como acontece e mostra
caminhos que podem levar a mudanças que são possíveis e necessárias neste
contexto. A autora ainda divide as instâncias de escolarização em três níveis,
conforme demonstra o quadro a seguir:
É possível veri�car que na última instância, a escolarização da literatura é inadequada
, uma vez que promove a leitura de fragmentos de textos literários fora de seus
contextos, apresenta, títulos e gêneros em quantidade limitada, não obtém critérios
na escolha de autores e obras, as atividades propostas não visam à textualidade ou
literalidade, transformando o texto literário em um mero texto informativo, que tem
como pretexto exercícios de metalinguagem. Essa conclusão foi obtida, após análise
de livros didáticos utilizados por alunos do 1º ao 4º ano do ensino fundamental I.
(SOARES, 2006).
A autora ressalta que é papel da escola a didática dos conhecimentos e as práticas
culturais, mas que também é possível fazer uma escolarização adequada,
Quadro 2: Instâncias de escolarização
1. Biblioteca escolar O espaço de guardar livros e de acesso à literatura
2. A leitura e estudos
de livros de
literatura
É orientada, determinada e avaliada
3. A leitura e o
estudo de texto
A literatura é apresentada por meio de fragmentos
para serem lidos, compreendidos e interpretados
Fonte: SOARES, Magda. A escolarização da literatura infantil e juvenil. In:
EVANGELISTA, Aracy A.M.; BRANDÃO, Heliana M.B.; MACHADO, Maria Z. V. (ORG.)
Escolarização da leitura literária. 2º. ed., Belo Horizonte: Autêntica, 2006. 
Distinguimos entre uma escolarização adequada e uma escolarização
inadequada da literatura: adequada seria aquela escolarização que
conduzisse e�cazmente às práticas de leitura literária que ocorrem no
contexto social e às atitudes e valores próprios do ideal do leitor que se
quer formar; inadequada é aquela escolarização que deturpa, falsi�ca,
distorce a literatura, afastando, e não aproximando, o aluno das práticas
de leitura literária, desenvolvendo nele resistência ou aversão ao livro e
ao ler. (SOARES, 2006, p. 47)
Assim sendo, se o processo de escolarização for realizado de forma caracterizada,
respeitando sua função social ela pode contribuir signi�cativamente para a formação
do aluno leitor dentro daquilo que chamamos de uma perspectiva do letramento
literário.
Letramento literário como uma proposta
de trabalho nas escolas
Quando se trata de leitura literária, muitos se enganam com o fato de achar que a
leitura é somente prazer. As pessoas não nascem gostando ou não de ler. Essa é uma
habilidade que deve ser despertada no indivíduo.
Em sala de aula, é comum ver os professores utilizando os gêneros literários apenas
como pretexto para ensinar alguns aspectos gramaticais da língua (COSSON, 2006).
Infelizmente isso é um erro, pois a literatura deveria ser vista com prioridade nas
escolas. Mas para que isso aconteça é necessário repensar o conceito de literatura, e
torná-lo uma prática signi�cativa de ensino-aprendizagem, considerando também
seu valor e a função social que ela exerce na vida do leitor.
Visando melhorar a prática do ensino da literatura no ambiente escolar, estudiosos
mostram o letramento literário, como sendo uma forma mais amplas do ensino da
literatura (SILVA; SILVEIRA, 2011). Autores como Paulino (1998), de�ne que, embora
passem pela escola, o letramento literário ainda é uma apropriação pessoal de
práticas de leitura e escrita, assim como os outros tipos de letramento. Neste tipo de
letramento, muitas vezes não são cobradas as habilidades de escrita literária, por
serem constituídas apenas como escolhas individuais (PINHEIRO, 2006). 
Formar um leitor literário consiste em torná-lo alguém que saiba escolher as suas
leituras e que aprecie as construções e signi�cações verbais que compõe as obras
literárias, além de saber usar estratégias de leituras que sejam adequadas a esses
textos, aceitar o pacto �ccional proposto, reconhecer as marcas linguísticas, entre
outras características que são especí�cas das obras literárias. (PAULINO,1998).
Cosson (2006) apresenta algumas estratégias que visam contribuir com o
desenvolvimento do letramento literário na escola, e que serão elencadas a seguir:
Apresentamos os passos da sequência básica, conforme quadro a seguir:
Ele vê a leitura como objetivo principal desse tipo de letramento;
A leitura deve ser discutida, questionada e analisada;
Essa proposta consiste em uma sequência básica e uma sequência
expandida de letramento literário.
A sequência expandida, tem como função orientar os professores do ensino médio,
em que pretende deixar em evidência as articulações entre experiência, saber e
educação literária. Nesta sequência permanecem a motivação, introdução e leitura. A
Quadro 3: Passos da sequência básica
1º
PASSO
Motivação, preparação do aluno para entrar no texto;
Esse primeiro encontro vai de�nir se ouve ou não sucesso no
encontro do leitor com a obra.
2º
PASSO
Apresentação do autor e da obra por meio da introdução;
Função: permitir ao aluno receber de forma positiva a obra
literária;
A introdução deve ser breve.
3º
PASSO
Leitura em si;
É uma atividade escolar, portanto precisa ser acompanhada pelo
professor;
O professor deve auxiliar os alunos em suas di�culdades,
principalmente no ritmo de leitura;
No caso de textos extensos, orienta-se que a leitura seja feita em
casa, em bibliotecas ou em salas de leitura respeitando o tempo.
Em sala de aula é importante os alunos apresentarem o
resultado da leitura, como sendo um processo de apropriação do
letramento literário.
4º
PASSO
Interpretação;
Deve ser pensado em dois momentos: interior e exterior;
Momento interno: individual, acompanha a obra palavra por
palavra, decifra cada capítulo, até chegar à apreensão global da
obra, é realizada após o término da leitura;
Momento externo: concretização do ato de construção de
sentido em uma determinada comunidade de leitores;
Nesse ponto, o letramento literário feito na escola se distingue da
leitura literária.
Fonte: COSSON, Rildo. Letramento Literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto,
2006.
interpretação passa a ser dividida em duas partes: primeira e segunda interpretação,
em que a primeira se refere a apreensão global da obra, onde o aluno traduz a
impressão geral do título e o impacto que este causou na sua senilidade enquanto
leitor, em seguida conduz o aluno ao entendimento do contexto da obra e
aprofundamento da leitura, essa contextualização está dividida em contextualização
teórica, histórica, estilística, poética, crítica, presenti�cadora e temática (COSSON,
2006).
É válido ressaltar que as sequências são apenas propostas de como o professor
trabalhar o letramento literário em sala de aula, todavia, nada impede que este
encontre novos caminhos para trabalhar adequadamente este tema. É preciso que as
práticas de leitura no contexto escolar sejam revistas e problematizadas e o professor
enquanto o mediador entre o aluno e o livro, tem a responsabilidade de apresentar
em sala de aula obras literárias visando o letramento literário. (FERNANDES, 2011).
Desta maneira, é importante e necessário que a escola utilize estratégias de ensino
que privilegiem a formação literária por meio da leitura, e ao professor enquanto
principal

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