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UN 02 - EB 02 - Aula 06 - Princípios do Desenvolvimento Sustentável Novos Cenários sobre o Tema

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Direito Ambiental1
Direito Ambiental
Aula 06 - Princípios do 
Desenvolvimento Sustentável: 
Novos Cenários sobre o Tema
Direito Ambiental2
Introdução da Aula
Na aula “Princípios do Desenvolvimento Sustentável: Novos Cenários sobre o Tema”, a 
proposta será analisar os princípios aplicados ao direito ambiental e que se relacionam 
com a ideia de sustentabilidade. Dentre estes, se destaca o princípio da precaução, ins-
trumento jurídico de relevância ímpar para a aplicação e compreensão dos conceitos em 
matéria ambiental.
Ao final desta aula, você deverá:
• Compreender a dinâmica do desenvolvimento sustentável enquanto 
princípio fundamentador;
• Avaliar a relação do desenvolvimento sustentável com os princípios do direito 
ambiental e
• Identificar os diferentes tipos de aplicação do princípio da precaução no 
plano ambiental.
É possível mapear o desenvolvimento? Enten-
der as incertezas e os riscos oriundos do pro-
cesso de tomada de decisão? Qual a melhor 
maneira de enquadrar a sustentabilidade no 
progresso civilizatório?
Reflexão
Direito Ambiental3
Tópico 1 - Princípios Aplicados ao Direito 
Ambiental em Espécie
Evidenciado que o desenvolvimento sustentável está nos holofotes, é importante exami-
ná-lo da perspectiva metodológica. A partir da análise do desenvolvimento sustentável 
como princípio, as matérias que ainda não foram objeto de legislação específica podem ser 
tratadas pelos diferentes atores envolvidos no direito ambiental.
Um dos fundamentos normativos aplicáveis ao princípio do desenvolvimento sustentável 
é o artigo 4º da Lei de Introdução das Normas do Direito Brasileiro (LINDB):
Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os 
costumes e os princípios gerais de direito.
À época em que foi forjado, o princípio do desenvolvimento sustentável poderia se 
enquadrar como princípio geral do Direito. No entanto, nos dias atuais, acredita-se que o 
desenvolvimento sustentável deve atuar como princípio normativo. 
Ainda que não tenha a redação expressa no texto constitucional de 1988, a interpreta-
ção sistemática dos artigos 225, 170 e 3º permitem alcançar a ideia de sustentabilidade 
progressista contida na expressão meio ambiente ecologicamente equilibrado.
Atenção
Assim, não há consenso doutrinário sobre a 
aplicação dos tipos de princípios e sua nature-
za quando da proteção e regulação ambiental. 
Logo, ora se defende que o desenvolvimento 
sustentável é um princípio explícito, ora apre-
senta-se como implícito (ANTUNES, 2016). 
Direito Ambiental4
Atualmente, o princípio do desenvolvimento sustentável apresenta-se como fundamen-
tador – capaz de lastrear as ações dos Estados e demais atores na proteção ambiental – e 
como princípio normativo, dotado de capacidade sancionaria no âmbito dos sistemas 
nacionais e em determinadas esferas internacionais.
Estudo 
Complementar
A leitura do artigo sobre “O julgamento da Corte In-
ternacional de Justiça (CIJ) em aspectos ambientais”, 
de Luciana Fernandes Coelho, demonstra os diferentes 
níveis de sanção. 
Há a crítica sobre os princípios de que eles podem ser objeto de justificativa para excessos. 
Creio que é uma crítica pertinente, motivo pelo qual deve se apreciar alguns dos princípios 
mais relevantes aplicados à regulação ambiental.
O princípio da dignidade da pessoa humana é considerado o núcleo fundador da ordem 
jurídica democrática. Tendo em vista esta qualificação, no texto constitucional de 1988 ele 
é classificado como princípio fundamentador. No plano internacional, a sua repercussão se 
apresenta como princípio pro homine.
A sua incursão para forjar a aplicação do princípio do desenvolvimento sustentável apre-
senta-se na Declaração de Estocolmo, proclamada em 1972, nos princípios 1 e 2:
Princípio 1
O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições 
de vida adequadas em um meio ambiente de qualidade, tal que lhe permita levar uma vida 
Direito Ambiental5
digna e gozar de bem-estar, tendo a solene obrigação de proteger e melhorar o meio am-
biente para as gerações presentes e futuras. 
A este respeito, as políticas que promovem ou perpetuam o apartheid, a segregação racial, 
a discriminação, a opressão colonial e outras formas de opressão e de dominação estran-
geira são condenadas e devem ser eliminadas.
Princípio 2
Os recursos naturais da terra incluídos o ar, a água, a terra, a flora e a fauna e especialmente 
amostras representativas dos ecossistemas naturais devem ser preservados em benefício 
das gerações presentes e futuras, mediante uma cuidadosa planificação ou ordenamento.
Posteriormente, na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvi-
mento – a Rio 92 – ele encontra posição de destaque:
Princípio 1 – Os seres humanos constituem o centro das preocupações relacio-
nadas com o desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e 
produtiva em harmonia com o meio ambiente.
Atualmente, a dignidade humana apresenta-se como principal fundamentador para tratar 
o meio ambiente em uma perspectiva antropocêntrica.
Direito Ambiental6
Nesta linha antropocêntrica, o princípio do desenvolvimento tem o seu papel de desta-
que nesta relação. Antunes (2016) defende que o grau maior de proteção ambiental está 
conectado à razão direta do maior nível de bem-estar social e renda da população. 
Por essa razão, as principais declarações internacionais sobre meio ambiente sempre 
enfatizam a necessidade de desenvolvimento econômico e que este deverá ser sustentável.
No Relatório Brundtland, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento 
estabeleceu que o meio ambiente e o desenvolvimento não constituem desafios separados. 
Estão inevitavelmente interligados, porquanto o desenvolvimento não se mantém se a 
base de recursos ambientais se deteriora.
De outro lado, o meio ambiente não pode ser protegido se o crescimento não leva 
em conta as consequências da destruição ambiental. Esses problemas não podem ser 
tratados separadamente por instituições e políticas fragmentadas, vez que fazem parte de um 
sistema complexo de causa e efeito.
Como visto, os principais problemas ambientais se encontram nas áreas mais pobres e que 
as grandes vítimas do descontrole ambiental são os mais desafortunados. Há uma relação 
perversa entre condições ambientais e pobreza, de modo que a qualidade ambiental so-
mente poderá ser melhorada com melhor distribuição de renda.
Por essa razão, houve ênfase no surgimento da ideia de “consciência ambiental” ou 
“pegada ambiental”. 
1. Como desdobramento, é possível verificar o texto da Declaração sobre o Direi-
to ao Desenvolvimento – artigo 1º, § 1º:
Direito Ambiental7
O direito ao desenvolvimento é um direito humano inalienável, em virtude do 
qual toda pessoa e todos os povos estão habilitados a participar do desenvolvi-
mento econômico, social, cultural e político, a ele contribuir e dele desfrutar, no 
qual todos os direitos humanos e liberdades fundamentais possam ser plenamente 
realizados.
2. Tal disposição deve ser interpretada conjuntamente com o § 1º do artigo 2º, 
que define:
A pessoa humana é o sujeito central do desenvolvimento e deveria ser participan-
te ativo e beneficiário do direito ao desenvolvimento.
3. A Declaração considera o conceito de Desenvolvimento com a conexão de ele-
mentos-chave diferenciados:
Os Estados devem tomar, em nível nacional, todas as medidas necessárias para 
a realização do direito ao desenvolvimento e devem assegurar, igualdade de 
oportunidade para todos, no acesso aos recursos básicos, educação, serviços de 
saúde, alimentação, habitação, emprego e distribuição equitativa da renda. Medidas 
efetivas devem ser tomadas para assegurar que as mulheres tenham um papel 
ativo no processo de desenvolvimento. Reformas econômicas e sociais apropria-
das.
4. E arremata no seu artigo 9º:
Todos os aspectos do direitoao desenvolvimento estabelecidos na presente 
Declaração são indivisíveis e interdependentes, e cada um deles deve ser conside-
rado no contexto do todo.
O princípio do desenvolvimento materializa-se no direito ao desenvolvimento 
sustentável. É a reunião e a interpretação sistemática de diferentes textos normativos 
nacionais e internacionais.
A zona de fricção está na relação do princípio do desenvolvimento com o princípio da 
precaução. O nível ótimo de proteção ambiental encontra-se na compreensão e na 
harmonização de ambos os princípios.
Direito Ambiental8
Sem este atrito (zona de fricção) não há movimento. Por essa razão, o desenvolvimento 
sustentável reúne a conciliação das condições que permitem a melhoria da qualidade de 
vida com a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento (PEREIRA, 2012).
Por sua vez, o princípio democrático coloca a democracia como alicerce do direito ambien-
tal. Suas principais origens estão nos movimentos reivindicatórios dos cidadãos.
Na regulação ambiental, sua expressão normativa encontra-se nos direitos à informação e 
à participação.
Quanto ao direito à informação, o artigo 5º, XXXIII, da Constituição Federal estabelece 
que: 
Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse 
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, 
sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à 
segurança da sociedade e do Estado.
Por sua vez, a Lei de Acesso à Informação (LAI) complementa em seu artigo 2º:
Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, às entidades privadas sem 
fins lucrativos que recebam, para realização de ações de interesse público, recur-
sos públicos diretamente do orçamento ou mediante subvenções sociais, contrato 
de gestão, termo de parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumentos 
congêneres.
A partir desta normativa, organizações não governa-
mentais, por exemplo, que recebam verbas da compen-
sação ambiental deverão dar publicidade às informações 
sobre a aplicação e a gestão de tais recursos.
No âmbito privado, depende do conserto entre os atores 
(se influentes, ou não), ou do nível de Governança sobre 
o tema. Como exemplo, a Convenção CITES (de 1973), implementada pelo Decreto Legis-
lativo 54/1975 e pelo Decreto 3.607/2000, demonstra a oscilação deste tipo de governança.
Direito Ambiental9
O princípio democrático também avança no direito dos cidadãos de participar de discus-
sões para a elaboração de políticas públicas ambientais, bem como na possibilidade de ob-
ter informações dos órgãos públicos sobre matéria referente à defesa do meio ambiente e 
de empreendimentos utilizadores de recursos ambientais e que tenham significativas re-
percussões sobre o ambiente, resguardado o sigilo industrial.
A participação do cidadão e da sociedade civil no processo de tomada de decisão é um dos 
aspectos mais importantes que compõe o conteúdo do princípio democrático.
Desde a década de 1990 a participação social tornou-se um dos princípios organizativos 
dos processos de formulação de políticas públicas e de deliberação democrática no âmbito 
local (MILANI, 2008).
De acordo com o pensamento de MILANI (2008, p. 552):
Fomentar a participação dos diferentes atores políticos e criar uma rede que 
informe, elabore, implemente e avalie as políticas públicas são, hoje, peças 
essenciais nos discursos de qualquer política pública (auto) considerada 
progressista.
Além do desdobramento da participação social (em especial em políticas públicas), 
avanço do conteúdo democrático alcança o direito de petição, estabelecido no artigo 5º, 
inciso XXIV da Constituição. Concentra-se na possibilidade que o cidadão tem de acionar o 
Poder Público para que este, no exercício de sua autotutela, ponha fim a uma situação de 
ilegalidade ou de abuso de poder. 
Diversos exemplos podem surgir desta situação, como:
1. Exigência de que o Estado puna o possuidor de um depósito clandestino de 
produtos tóxicos 
2. Estudo prévio de impacto ambiental, nos moldes do artigo 225, § 1º, inciso IV 
da Constituição, cuja exigência constitucional é dirigida para toda instalação de 
obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio 
ambiente
Direito Ambiental10
3. Ingresso de ação popular contra conduta que pode ser considerada lesiva ao 
meio ambiente
4. Ingresso com (impetração de) mandado de segurança para resguardar direito 
líquido e certo contra possível dano ambiental e
5. Ajuizamento de tutela inibitória para impedir que determinado agente (público 
ou privado) cause dano irreparável ou de difícil reparação em matéria ambiental.
O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) está “impregnado” com o conteúdo democrático. 
Além de ser tornado público, o EIA deve ser submetido à audiência pública.
Atenção
É importante frisar que a exigência de EIA só 
é legal nas hipóteses em que o órgão ambien-
tal demonstre a potencialidade de um impacto 
negativo a ser causado ao meio ambiente (AN-
TUNES, 2016), pois a exigência da Avaliação Am-
biental Prévia não se confunde com a exigência 
de prévio Estudo de Impacto Ambiental.
Vale destacar também medidas judiciais fundadas no princípio democrático. A Ação Popu-
lar – dotada de envergadura constitucional (artigo 5º, LXXIII) – tem como finalidade anu-
lar ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade da qual o Estado participe, à moralidade 
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.
Por sua vez, outros instrumentos que acionam a tutela do Poder Judiciário podem ser 
manejados para concretizar o princípio democrático. Dentre eles, é importante destacar 
a Ação Civil Pública (Constituição, artigo 129, inciso III e artigo 134, com redação dada 
pela Emenda Constitucional 80/2014) e o Controle de Constitucionalidade (concentrado e 
difuso) em matéria ambiental (como, por exemplo, a ADPF 101).
Direito Ambiental11
Há também o déficit de aplicação do princípio democrático no âmbito ambiental (AN-
TUNES, 2016). Concentra-se na prática administrativa do Direito Ambiental brasileiro, 
em que o licenciamento ambiental é o carro-chefe. Transforma a participação de tercei-
ras partes interessadas em mera assistência privilegiada, sem que as suas opiniões sejam, 
efetivamente, levadas em consideração, ou sem que elas possam estabelecer mecanismos 
formais de solução de conflitos.
É importante tratar também de outros princípios que – até implicitamente – estão no 
texto constitucional, mas possuem envergadura acadêmica e científica própria. É o caso do 
princípio da precaução.
Direito Ambiental12
Tópico 2 - O Princípio da Precaução 
A doutrina (ANTUNES, 2016) considera o princípio da 
precaução o mais destacado dentre os princípios, o de 
maior polêmica e o de maior complexidade. Com origem 
no Direito alemão (Vorsorgeprinzip), na década de 1970, 
iniciou-se preocupação com a necessidade de avaliação 
prévia das consequências sobre o meio ambiente dos diferentes projetos e empreendimen-
tos que se encontravam em curso ou em vias de implantação.
A concepção foi incorporada no projeto de lei de proteção da qualidade do ar – aprovado 
em 1974. Este projeto estabelecia controles para uma série de atividades potencialmente 
danosas, tais como ruídos, vibrações e muitas outras relacionadas à limpeza atmosférica 
(ANTUNES, 2016).
Em sua formulação original, a precaução tinha como 
escopo desenvolver em todos os setores da econo-
mia processos que reduzissem significativamente as 
cargas ambientais, principalmente aquelas originadas 
por substâncias perigosas.
Com o passar do tempo, houve a construção de outras 
formulações do princípio. Houve a expansão de seu conteúdo para o direito internacional 
(constitucionalização do direito internacional e, posterior Internacionalização do Direito).
Atualmente, não existe um consenso internacional quanto ao seu significado(ANTU-
NES, 2016). Com isso, consegue-se estabelecer apenas a definição negativa, isto é, o que o 
princípio da precaução não é. Não é baseado na ideia de “risco zero”. Porém, pretende 
alcançar riscos ou riscos mais baixos ou mais aceitáveis.
Referido princípio não é baseado em ansiedade ou emoção, pois tem a pretensão de 
ser uma regra de decisão racional, baseado na ética, que tem como objetivo usar o me-
lhor dos “sistemas de ciências” de processos complexos para tomar decisões mais 
sábias (ANTUNES, 2016).
Direito Ambiental13
A conceituação deste princípio apresenta problemas, sobretudo no que diz respeito à legi-
timidade dos seus termos. O que é decisão racional? O que é decisão sábia?
Esta argumentação sobre o que seria “decisão racional” ou “decisão sábia” abre espaço para 
críticas como a de Marti Koskenniemi (2005), em que argumentos ascendentes (fundados 
na norma jurídica estabelecida entre os Estados no plano internacional) e argumentos des-
cendentes (fundamento estabelecido em elementos morais).
Estudo 
Complementar
A leitura sobre “O risco na sociedade con-
temporânea e o princípio da precaução no 
direito ambiental”, de Denise Hammersch-
midt, avança na discussão desta questão. 
O princípio da precaução não pode garantir a consistência 
entre os casos. Cuida-se do típico princípio que obedece a ca-
suística, isto é, cada caso será um pouco diferente, tendo os 
seus próprios fatos, incertezas, circunstâncias e tomadores de 
decisão e o elemento de julgamento não pode ser eliminado.
De outro lado, há restrição doutrinária (ANTUNES, 2016) 
quanto à precaução. Para determinados autores, o princípio não pode ser interpretada 
como uma cláusula geral, aberta e indeterminada.
Direito Ambiental14
Mirra (2001, p. 93-94) defende que:
Com a sua consagração, diversamente, a orientação que passou a ser seguida é a 
de que, mesmo diante de controvérsias no plano científico com relação aos efeitos 
nocivos de determinada atividade ou substância sobre o meio ambiente, presente 
o perigo de dano grave ou irreversível, a atividade ou substância em questão de-
verá ser evitada ou rigorosamente controlada.
Assim, é necessário definir o que se pretende prevenir e qual o risco a ser evitado.
Só é possível interpretar o princípio da precaução com os parâmetros do caso concreto. 
Confira o exemplo.
Como exemplo desta relação, existe outro ditado popular interessante: “se correr o bicho 
pega, se ficar, o bicho come”. Isso pode ser visto no inseticida DDT (diclorodifeniltricloro-
etano), que foi o primeiro pesticida moderno, pós Segunda Guerra Mundial, para comba-
ter os mosquitos transmissores da malária e do tifo. 
Ao aplicar o princípio da precaução – Silent Spring, de Rachel Carson (citada por ANTU-
NES, 2016) – o DDT é um dos causadores de câncer nas pessoas e alta taxa de mortalidade 
entre os pássaros.
A Lei Federal 11.936/2009 baniu o DDT do Brasil. Como resultado preliminar, houve 
aumento de 35% dos casos de malária em 1 ano, com 71 mil casos no Estado do Amazonas. 
Em 2016, houveram 18 mil casos em Cruzeiro do Sul, sobretudo em virtude do aumento 
do desmatamento (no Estado do Pará).
Venezuela e Equador não baniram o DDT – e não tiveram aumento nos casos de Malária. 
Então, o que fazer?
A questão representa o que se pode chamar de equidade intergeracional, isto é, as ações 
presentes devem ser pautadas por um comportamento ético em relação às gerações futuras.
Direito Ambiental15
Encerramento
Complexidade. Esta é a definição mais interessante de como enquadrar a metodologia 
do desenvolvimento sustentável. Suas ações estão conectadas à ideia de desenvolvimen-
to e progresso científico, mas é necessário compreender os riscos e as consequências das 
escolhas tomadas no processo de tomada de decisão.
Agora que finalizamos, você está apto a realizar os exercícios desta aula.
Fique atento a sua performance e frequência nas atividades!

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