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INSTITUTO FEDERAL DO SUDESTE DE MINAS GERAIS CAMPUS JUIZ DE FORA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA CURSO TÉCNICO EM EDIFICAÇÕES MECÂNICA DOS SOLOS 1 2sem2020 Caderno de Aulas Remotas Walcyr Duarte Nascimento Professor Titular Juiz de Fora - MG Versão Modular, 2020 1 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II SUMÁRIO ETAPA 1: INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS SOLOS, 2 1. Diferenciar solos residuais de solos sedimentares; 2. Identificar uma obra de geotecnia (ou engenharia de solos); 3. Conhecer as aplicações da Mecânica dos Solos; 4. Identificar os perfis de terrenos para construção; 5. Diferenciar solos moles de solos resistentes e reconhecer os tipos de fundações. ETAPA 2: TERMOS DA MECÂNICA DOS SOLOS, 7 6. Entender a importância da visita ao terreno (local da construção) antes de se iniciar uma construção; 7. Entender a importância da investigação do subsolo e da retirada de amostras (deformadas e indeformadas) e Identificar os processos de reconhecimento do subsolo: abertura de poços e sondagem SPT; 8. Distinguir solos e rochas e entender a relevância da análise granulométrica (peneiramento e sedimentação); 9. Identificar e utilizar as normas da ABNT relativas a terminologia e simbologia de solos e rochas (NBR 6502 Solos e Rochas - Terminologia; e NBR 13441 Solos e Rochas – Simbologia); 10. Entender a influência da água nas características e resistência dos solos; e Reconhecer as propriedades das argilas e das areias; 11. Entender o processo de movimento da água no solo: infiltração e capilaridade 12. Entender o processo de Adensamento do solo (retirada de água do solo por compressão); 13. Entender os processos de deformação, recalque e recalque diferencial de areias e argilas. ETAPA 3: TERMOS DA ENGENHARIA GEOTÉCNICA, 16 14. Caracterizar a geotecnia e suas três sub-áreas; 15. Identificar o sistema trifásico de um solo; 16. Amostra cilíndrica e indeformada do solo 17. Noções de geologia 18. Caracterizar e classificar as rochas 19. Caracterizar Intemperismo e sua classificação; 20. Classificar o solo segundo sua origem; 21. Estabelecer a porção líquida do solo; ETAPA 4: CARACTERIZAÇÃO DO SOLO, 28 22. Desenhar o diagrama de fases de um solo com as relações de pesos e volumes; 23. Relacionar os principais ensaios de caracterização de um solo; 24. Estimar o teor de umidade de um solo; 25. Estimar o peso específico dos grãos de uma amostra de solo; 26. Distinguir os estados de um solo e os limites de consistência (LL e LP) de um solo. 2 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II ETAPA 1: INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS SOLOS Ao final desta etapa, o aluno estará apto a: 1. Diferenciar solos residuais de solos sedimentares; 2. Identificar uma obra de geotecnia (ou engenharia de solos); 3. Conhecer as aplicações da Mecânica dos Solos; 4. Identificar os perfis de terrenos para construção; 5. Diferenciar solos moles de solos resistentes e reconhecer os tipos de fundações. 1. Diferenciar solos residuais de solos sedimentares O objetivo geral do curso é fazer com que o aluno entenda as particularidades dos solos segundo os conceitos da engenharia civil, desde sua composição até seu comportamento na presença da água. Ênfase será dada à reação do solo quando sujeito a cargas externas, pois o solo pode se deformar além de seu limite de resistência. A Figura 1 apresenta uma trincheira aberta nos fundos do Bloco H do Campus JF para retirada de amostras, na qual se observa a variação de cores das camadas. Esta variação é uma característica de solos residuais. Quanto à formação, os solos são classificados em dois tipos: residuais e sedimentares. Os solos residuais são aqueles que permanecem no local da intemperização. Os solos sedimentares são aqueles que são transportados para outros locais, como por exemplo, as dunas de areias, que são transportadas pelo vento. Figura 1 - Trincheira para retirada de amostras - Bibliografia de Mecânica dos solos: 1. CAPUTO, H.P.. Mecânica dos Solos e suas aplicações. Vol. 1, 2 e 3. RJ: LTC, 1983. 2. PINTO, C.S.. Curso básico de mecânica dos solos. SP: Oficina de Textos, 2002. 3. VARGAS, M. Introdução à Mecânica dos Solos, SP: McGraw-Hill, 1977. 3 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II 2. Identificar uma obra de geotecnia (ou engenharia de solos) A Figura 2 apresenta as obras com as quais o técnico vai trabalhar na área geotécnica (mecânica dos solos, geologia de engenharia e mecânica das rochas). Figura 2 – Obras geotécnicas A Figura 3 apresenta as imagens de um talude natural (à esquerda) e de um talude artificial com corte em patamares de um trecho de estrada (à direita). Figura 3 - Talude natural e Talude artificial A Figura 4 apresenta a imagem de uma barragem para reservação de água. Figura 4 - Barragem 4 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II A Figura 5 apresenta a etapa de concretagem de uma fundação superficial (à esquerda) e um muro de contenção do tipo cortina-prancha (à direita). Figura 5 – Fundação e Muro de contenção A Figura 6 apresenta um trecho de um aterro rodoviário em construção (à esquerda) e túnel em plena atividade (à direita). Figura 6 – Aterro rodoviário e Túnel 3. Conhecer as aplicações da Mecânica dos Solos O conhecimento da mecânica aplicada aos solos é importante para se projetar obras geotécnicas seguras, econômicas e, evidentemente, evitar desastres. A Figura 7 apresenta o problema causado pelo excesso de chuva em um muro contenção que se mostrou inadequado devido a um erro projeto (muro de bloco) e a um erro de execução (falta de drenagem). Figura 7 – Imagem de uma residência antes e depois de uma chuva 5 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II A Figura 8 apresenta a imagem de dois solos, um fofo e outro compacto. O solo fofo possui vazios entre os grãos. Ao se construir em cima de um solo fofo, ele tende a se deformar em excesso devido ao peso. Um solo compacto não sofrerá tais deformações excessivas quando comparado a um solo fofo. A deformação do solo em excesso pode levar uma obra à ruína. Figura 8 – Imagens de microscópio de um solo fofo e um solo compacto. 4. Identificar os perfis de terrenos para construção A Figura 9 apresenta alguns perfis de terrenos típicos para a construção. Figura 9 – Terrenos de perfis suaves e severos 6 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II 5. Diferenciar solos moles de solos resistentes e reconhecer os tipos de fundações As obras se apóiam nas fundações e estas se apóiam em solos resistentes (compactos). Se a camada resistente do solo está próximo da superfície, então se projeta fundações superficiais. Caso contrário, se o solo resistente está há muito metros abaixo da superfície, se projeta fundações profundas. A Figura 10 mostra um exemplo de fundação superficial do tipo sapata (à esquerda) e, ao lado, um exemplo de fundação profunda do tipo estaca. A Figura 11 apresenta os detalhes construtivos de uma sapata. Figura 10 – Fundações apoiadas em solos resistentes A Figura 11 - Detalhe de uma sapata isolada após a concretagem. 7 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II ETAPA 2: TERMOS DA MECÂNICA DOS SOLOS Ao final desta etapa, o aluno estará apto a: 6. Entender a importância da visita ao terreno (local da construção) antes de se iniciar uma construção; 7. Entender a importância da investigação do subsolo e da retirada de amostras (deformadas e indeformadas) e Identificar os processos de reconhecimentodo subsolo: abertura de poços e sondagem SPT; 8. Distinguir solos e rochas e entender a relevância da análise granulométrica (peneiramento e sedimentação); 9. Identificar e utilizar as normas da ABNT relativas a terminologia e simbologia de solos e rochas (NBR 6502 Solos e Rochas - Terminologia; e NBR 13441 Solos e Rochas – Simbologia); 10. Entender a influência da água nas características e resistência dos solos; e Reconhecer as propriedades das argilas e das areias; 11. Entender o processo de movimento da água no solo: infiltração e capilaridade 12. Entender o processo de Adensamento do solo (retirada de água do solo por compressão); 13. Entender os processos de deformação, recalque e recalque diferencial de areias e argilas. 6. A importância da visita ao terreno (local da construção) antes de se iniciar uma construção Para fins de obras de engenharia, não adianta analisar as camadas superficiais do solo. É necessário pesquisar as camadas do subsolo através de sondagens com retiradas de amostras. 7. A importância da investigação do subsolo e da retirada de amostras O reconhecimento do solo pode ser feito através de sondagem por meio de abertura de poços ou usando o método do SPT. A abertura de poços permite a descida de um trabalhador para reconhecer a natureza das várias camadas in loco até encontrar a camada resistente (“um solo bom”). 8 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II Exemplo de retirada de amostra no fundo de um poço. A seguir, apresenta-se o SPT (standard Penetration Test), processo mais praticado hoje em dia para a retirada de amostras de solo, que utiliza um tripé ou um bate-estaca para a cravação de hastes de ferro no solo e um aparelho cilíndrico na ponta denominado amostrador (onde o solo fica retido até ser levado à superfície). Neste caso as amostras são denominadas como amostras indeformadas. As amostras Indeformadas são aquelas retiradas com o mínimo de alterações na estrutura do solo. Caso contrário, se há alteração na estrutura da amostra, elas são denominadas de amostras deformadas. 9 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II 8. Distinguir solos e rochas e entender a relevância da análise granulométrica O solo é formado por quatro tipos de grãos (em ordem crescente de tamanho): argilas, siltes, areia e pedregulho. A parte fina dos solos é composta por argilas e siltes. A parte grossa do solo é composta por areias e pedregulhos. Para as argilas e os siltes (parte fina do solo), emprega-se o processo de sedimentação (que é a decantação do material pesado). Para as areias e os pedregulhos (parte grossa do solo), emprega-se o processo de peneiramento. 10 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II - Peneiramento: - Sedimentação: 11 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II 9. Identificar e utilizar as normas da ABNT relativas a terminologia e simbologia de solos e rochas (NBR 6502 Solos e Rochas - Terminologia; e NBR 13441 Solos e Rochas – Simbologia); Esta Norma define os termos relativos aos materiais da crosta terrestre, rochas e solos, para fins de engenharia geotécnica de fundações e obras de terra. ARGILA: Solo de granulação fina constituído por partículas com dimensões menores que 0,002 mm, apresentando coesão e plasticidade. SILTE: Solo que apresenta baixa ou nenhuma plasticidade, e que exibe baixa resistência quando seco o ar. Suas propriedades dominantes são devidas à parte constituída pela fração silte. É formado por partículas com diâmetros compreendidos entre 0,002 mm e 0,06 mm. AREIA: Solo não coesivo e não plástico formado por minerais ou partículas de rochas com diâmetros compreendidos entre 0,06 mm e 2,0 mm. PEDREGULHO: Solos formados por minerais ou partículas de rocha, com diâmetro compreendido entre 2,0 mm e 60 mm. Quando arredondados ou semi-arredondados, são denominados cascalho ou seixo. - Legendas: 12 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II - Símbolos: - Sedimentos e Solos: 13 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II 10. Para entender a influência da água nas características e resistência dos solos; e Reconhecer as propriedades das argilas e das areias; “Escavando massas de solo no seu estado natural e repositando-as sem cuidado especial, a porosidade média, a permeabilidade e a compressibilidade do solo aumentam e a capacidade para resistir à erosão interna, causada por veios d’água, fica muito reduzida.” (Terzaghi) Sabe-se que uma argila seca é dura, isto é, não se quebra com facilidade, e uma argila úmida é plástica e deformável. A argila é considerada impermeável, ao contrário da areia. 14 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II 11. Entender o processo de movimento da água no solo: infiltração e capilaridade A água pode circular no solo de diferentes maneiras. Em habitações não servidas por rede de esgoto a água penetra no solo pelas fossas (vide Figura ao lado). Por meio delas, a água se dispersa lentamente através das camadas permeáveis. A água pode também subir por CAPILARIDADE (mesmo fenômemo que faz a seiva subir nas vegetações e árvores. 15 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II 12. Entender o processo de Adensamento do solo (retirada de água do solo por compressão); 13. Entender os processos de deformação, recalque e recalque diferencial de areias e argilas. Por esta razão, a Torre de Pisa está inclinada. Para evitar estes inconvenientes é necessário que se façam ensaios de laboratório que permitam o conhecimento das propriedades dos solos de fundação. 16 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II ETAPA 3: TERMOS DA ENGENHARIA GEOTÉCNICA Ao final desta 3ª Etapa, o aluno estará apto a: 14. Caracterizar a geotecnia e suas três sub-áreas; 15. Identificar o sistema trifásico de um solo; 16. Amostra cilíndrica e indeformada do solo 17. Noções de geologia 18. Caracterizar e classificar as rochas 19. Caracterizar Intemperismo e sua classificação; 20. Classificar o solo segundo sua origem; 21. Estabelecer a porção líquida do solo; 14. CARACTERIZAR A GEOTECNIA E SUAS TRÊS SUB-ÁREAS A Geotecnia é a aplicação de métodos científicos e princípios de engenharia para a aquisição, interpretação e uso do conhecimento dos materiais da crosta terrestre e materiais terrestres para a solução de problemas de engenharia. É composta por três grandes áreas: 1) Geologia de Engenharia: é um ramo das ciências geológicas que se dedica aos problemas e aplicações de conceitos geológicos no âmbito da engenharia. Fenômenos que já ocorreram e que ocorrem com o planeta Terra. 2) Mecânica das Rochas: é a ciência teórica e aplicada do comportamento mecânico das rochas e maciços rochosos; é o ramo da mecânica que estuda a resposta das rochas e maciços rochosos perante os campos de forças a que estão sujeitos no seu ambiente físico. 3) Mecânica dos Solos: é uma disciplina da Engenharia Civil que procura prever o comportamento de maciços terrosos quando sujeitos a solicitações provocadas, por exemplo, por obras de engenharia. A Mecânica dos solos se preocupa com: � Caracterização dos solos (ensaios físicos) � Água no solo � Deformação do solo (adensar e compactar) � Resistência do solo (ensaios mecânicos: coesão e atrito) � Fundações: � Superficiais (sapatas, blocos e radier) � Profundas (estacas, tubulões e caixões) � Obras de terra: � Muros de arrimo � Cortina � Estabilidade de taludes � Escavações e escoramentos � Aterros O Engenheiro Geotécnico (engenheiro civil com pós-graduação emgeotecnia) atua em projetos de escavação, túneis, compactação de aterros, tratamentos de fundações, instrumentação de obras, percolação de fluxos em solos e rochas, contenções entre outros. 17 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II A Figura 1 apresenta os termos técnicos utilizados numa Seção Transversal de Rodovia. O terreno natural é denominado como sub-leito ou solo de fundação. Acima da camada de aterro compactado observa-se a sobreposição de subcamadas até chegar à capa de rolamento asfáltica. Figura 1 - Seção transversal de rodovia A Figura 2 apresenta diversos elementos estruturais de uma obra (laje, pilar, viga etc.) que descarregam todos eles na sapata de fundação, que por sua vez descarrega sua carga no solo. Se o solo romper, toda a estrutura rompe junto, levando a obra à ruína. Figura 2 – Elementos estruturais de uma obra Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr A Importância da Mecânica dos Solos • O solo é utilizado como material de construção (aterro, bases para pavimentos, solo estabilizado, etc.) • O solo é utilizado para estabilizar encostas e cortes • O solo é utilizado para retenção, filtragem e decomposição de resíduos Dificuldades encontradas na Mecânica dos Solos • Solo = material trifásico e heterogêneo • Amostragem • Relação tensão-deformação (não linear) • Comportamento do solo • Condições de contorno • modelo matemático ↔ problema real 15. IDENTIFICAR O SISTEMA TRIFÁSICO DE UM SOLO Estado natural 16. A AMOSTRA CILÍNDRICA E INDEFORMADA DO SOLO Em matemática, um cilindro é o objeto tridimensional gerado pela retângulo em torno de um de seus lados. De maneira mais prática, o cilindro é um corpo alongado e de aspecto roliço, com o mesmo diâmetro ao longo de todo o comprimento. Se o cilindro tem um raio r e uma altura concluímos que: • A área da sua base A = π r² • O volume V é : A. h . Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II Mecânica dos Solos O solo é utilizado como material de construção (aterro, bases para pavimentos, solo O solo é utilizado para estabilizar encostas e cortes utilizado para retenção, filtragem e decomposição de resíduos Dificuldades encontradas na Mecânica dos Solos Solo = material trifásico e heterogêneo deformação (não linear) problema real O SISTEMA TRIFÁSICO DE UM SOLO Separada em volume A AMOSTRA CILÍNDRICA E INDEFORMADA DO SOLO é o objeto tridimensional gerado pela superfície de revolução retângulo em torno de um de seus lados. De maneira mais prática, o cilindro é um corpo alongado e de aspecto roliço, com o mesmo diâmetro ao longo de todo o comprimento. e uma altura h π r² 18 O solo é utilizado como material de construção (aterro, bases para pavimentos, solo utilizado para retenção, filtragem e decomposição de resíduos superfície de revolução de um retângulo em torno de um de seus lados. De maneira mais prática, o cilindro é um corpo alongado e de aspecto roliço, com o mesmo diâmetro ao longo de todo o comprimento. 19 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II Exemplo de cálculo: Qual o peso específico do solo (Gama) cujos dados físicos e geométricos de uma amostra cilíndrica deste solo são: • Peso da amostra = P = 3480 gf • Diâmetro da amostra = D = 10 cm • Altura da amostra = h = 20 cm Solução: Sugestão: - Calcular a área A da base: A = π.D²/4 ou A = π.r² - Calcular o volume V do cilindro: volume = A . h - Calcular o peso específico do solo (Gama): γ = Peso/volume A = 3,14 . 10 cm . 10 cm / 4 = 314 cm² / 4 = 78,5 cm² V = 78,5 cm² . 20 cm = 1570 cm³ γ = 3480 gf / 1570 cm³ = 2,22 gf/cm³ 17. NOÇÕES DE GEOLOGIA Solos = solum (latim) = chão • São formados pela deterioração das rochas através do intemperismo. • São agregados de partículas minerais que juntas com o ar e a água nos seus vazios formam um sistema de três fases. • Todo material orgânico ou inorgânico encontrado na superfície da Terra tal que possa ser escavado com pá, picareta, escavadeiras, etc., sem necessidade de explosivos. • São materiais da crosta terrestre que servem de suporte, são arrimados, escavados (pá, picareta) ou perfurados e utilizados nas obras de engenharia civil • Constituem a camada mais superficial da crosta terrestre • O solo é função da rocha matriz e dos agentes de alteração (intemperismo). • - DIVISÃO INTERNA DA TERRA O planeta Terra apresenta forma aproximada de uma esfera, tendo cerca 6.370 km de raio na linha do Equador. 20 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II Seu interior é dividido em esferas concêntricas, que possuem características de composição e parâmetros físicos diferentes. Essas esferas são separadas por descontinuidades, identificadas pela análise da propagação das ondas sísmicas naturais e artificiais, que se propagam tanto nos meios sólidos como nos líquidos. A partir dos estudos das ondas sísmicas foram estabelecidas as seguintes divisões: Litosfera; Astenosfera; Descontinuidade MO-HO; e Descontinuidade GUT-WIE. - Diâmetro equatorial = 12756 km; - Diâmetro polar = 12713 km; LITOSFERA: zona constituída na sua porção inferior por material mantélico e na superior pela crosta. Sua ductilidade aumenta com a profundidade, se deformando menos que Astenosfera. ASTENOSFERA: zona situada abaixo da litosfera, constituindo a parte do manto que se apresenta mais dúctil, possuindo baixa velocidade sísmica. As profundidades limites não são bem 21 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II definidas, mas estão entre 60-70 até 200kms (sob os oceanos) e de 80-120 a 300kms (sob os continentes). DESCONTINUIDADE DE MOHOROVICIC ou MOHO: denominação para descontinuidade que separa a crosta do manto, estando entre 30 a 40 kms da superfície dos continentes, chegando há 70 kms em algumas cadeias de montanhas. DESCONTINUIDADE DE GUTENBERG-WIECHERT: denominação para a descontinuidade que separa o núcleo externo líquido do manto sólido. 18. CARACTERIZAR E CLASSIFICAR AS ROCHAS As Rochas são agregados naturais de um ou diversos minerais. Na engenharia, rocha é todo o material que necessita de explosivo para seu desmonte. As rochas se classificam em três tipos: magmáticas, sedimentares e metamórficas - Rochas magmáticas (ígneas) Formadas pelo resfriamento do magma na crosta terrestre. Exemplos: Basalto (extrusiva ou vulcânica) Granito (intrusiva ou plutônica) - Rochas sedimentares Formadas em camadas a partir da sedimentação ou deposição de partículas de rochas. Exemplos: Rocha calcárea, Xisto e Arenito. 22 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II Figura - Exemplos de rochas sedimentares:: Rocha calcárea Xisto Arenito - Rochas metamórficas Formadas pela alteração mineralógica, através do rearranjo dos cristais, devido ao extremo calor (ex.: mármore) ou extrema pressão (ex.: ardósia), no estado sólido, sem mudança de composição química. Observação: � 5 % do volume da crosta: rocha sedimentar � 75 % da superfície terrestre: rocha sedimentar 19. INTEMPERISMO As rochas quando entram em contato com a atmosfera ou ficam próximas desta situação, sofrem a ação de um conjunto de processos físicos, químicos, físico-químicos e biológicos, que produzem sua destruição. 23 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II O intemperismo é o processo que transforma rochas maciças e tenazes em materiais plásticos e friáveis (solos). O intemperismo pode ser físico e químico. - Intemperismo físico: O intemperismo físico ou mecânico é o que causa a desintegração da rocha através dos seguintes processos: (a) variação de temperatura; (b) alívio de pressões; e (c)congelamento da água. - Intemperismo químico: O intemperismo físico provoca a desintegração da rocha, formando sedimentos de tamanhos diversos, porém, sendo mantida a composição mineralógica da rocha matriz. O intemperismo químico é o processo caracterizado por reações químicas entre os minerais constituintes de uma rocha e soluções aquosas de diferentes teores (há alterações químicas). É o tipo mais frequente em locais de clima quente e úmido (Brasil). Há uma agilização do processo do intemperismo químico se a rocha for fragmentada por um intemperismo físico, aumentando assim a superfície exposta às reações químicas. Os agentes do intemperismo químico, de acordo com a natureza da reação predominante no processo, são classificados: (a) hidratação (penetração da água nos minerais através das fissuras nas rochas); (b) oxidação (penetração de oxigênio); (c) carbonatação (o carbonato de cálcio em contato com a água carregada de ácido carbônico se transforma em bicarbonato de cálcio); (d) hidrólise (resulta na destruição dos silicatos). 20. ORIGEM DOS SOLOS Todos os solos se originam da decomposição das rochas que constituíam inicialmente a crosta terrestre. A decomposição é decorrente de agentes físicos e químicos. Variações de temperatura provocam trincas, nas quais penetra a água, atacando quimicamente os minerais. O congelamento da água nas trincas, entre outros fatores, exerce elevadas tensões, do que decorre maior fragmentação dos blocos. A presença da fauna e flora promove o ataque químico, através de hidratação, hidrólise, oxidação, carbonatação, etc. O conjunto destes processos, que são muito mais atuantes em climas quentes do que em climas frios, leva à formação dos solos que, em conseqüência, são misturas de partículas pequenas que se diferenciam pelo tamanho e pela composição química. A maior ou menor concentração de cada tipo de partícula num solo depende da composição química da rocha que lhe deu origem. Com base na origem dos seus constituintes, os solos podem ser divididos em dois grandes grupos: solo residual, se os produtos da rocha intemperizada permanecem ainda no local em que se deu a transformação; solo transportado, quando os produtos de alteração foram transportados por um agente qualquer, para local diferente ao da transformação. 24 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II Classificação dos solos quanto à origem: SOLOS RESIDUAIS • Os solos residuais são bastante comuns no Brasil, em função do próprio clima. • Todos os tipos de rocha formam solo residual. Sua composição depende do tipo e da composição mineralógica da rocha original que lhe deu origem. • Por exemplo, a decomposição de basaltos forma um solo típico conhecido como terra-roxa, de cor marrom-chocolate e composição argilo-arenosa. Ref.: Manual de Pavimentação. 3.ed. RJ: IPR, 2006. • Não existe um contato ou limite direto e brusco entre o solo e a rocha que o originou. A passagem entre eles é gradativa • O solo residual é subdividido em maduro e jovem, segundo o grau de decomposição dos minerais. • O solo residual é um material que não mostra nenhuma relação com a rocha que lhe deu origem. Não se consegue observar restos da estrutura da rocha nem de seus minerais. • O solo de alteração de rocha já mostra alguns elementos da rocha-matriz, como linhas incipientes de estruturas ou minerais não decompostos. 25 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II • A rocha alterada é um material que lembra a rocha no aspecto, preservando parte da sua estrutura e de seus minerais, porém com um estágio de dureza ou resistência inferior ao da rocha. • A rocha-sã é a própria rocha inalterada. Figura – Perfil resultante da decomposição das rochas • Os solos residuais se apresentam em horizontes com grau de intemperização decrescente. O Professor Milton Vargas (1981) identifica as seguintes camadas, cujas transições são gradativas, conforme mostra a Figura a seguir: Figura 1.1 – Perfil de solo residual de decomposição de gnaisse (Milton Vargas, 1981) . SOLOS TRANSPORTADOS (ou Solos Sedimentares) • Os solos transportados formam geralmente depósitos mais inconsolidados e fofos que os residuais, e com profundidade variável. • O solo transportado, de acordo com a capacidade do agente transportador, pode exibir grandes variações laterais e verticais na sua composição. • Por exemplo: um riacho que carregue areia fina e argila para uma bacia poderá, em períodos de enxurrada, transportar também cascalho, provocando a presença desses materiais intercalados no depósito. A Figura a seguir ilustra um local de solos transportados 26 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II Figura – Local de solos transportados • Entre os solos transportados, é necessário destacar-se, de acordo com o agente transportador, os seguintes tipos ainda: coluviais, de aluvião, eólicos (dunas costeiras). • Não serão considerados os glaciais, tão comuns da Europa, América do Norte, etc. e a variação eólica (loess), uma vez que ambos não ocorrem no Brasil. • O solo residual é mais comum e de ocorrência generalizada, enquanto que o transportado ocorre somente em áreas mais restritas. SOLOS DE ALUVIÃO • Os materiais sólidos que são transportados e arrastados pelas águas e depositados nos momentos em que a corrente sofre uma diminuição na sua velocidade constituem os solos aluvionares ou aluviões. SOLOS ORGÂNICOS • Nos solos transportados, distingue-se uma variedade especial que é o solo orgânico, no qual o material transportado está misturado com quantidades variáveis de matéria orgânica decomposta, que em quantidades apreciáveis, forma as turfeiras. • São materiais extremamente deformáveis, mas muito permeáveis, permitindo que os recalques, devidos a carregamentos externos, ocorram rapidamente. SOLOS COLUVIAIS • Os depósitos de coluvião, também conhecidos por depósitos de tálus, são aqueles solos cujo transporte deve exclusivamente à ação da gravidade (vide Figura). • São de ocorrência localizada, situando-se, via de regra, ao pé de elevações e encostas, etc. • Os depósitos de tálus são comuns ao longo de rodovias na Serra do Mar, no Vale do Paraíba, etc. • A composição desses depósitos depende do tipo de rocha existente nas partes mais elevadas. • A existência desses solos normalmente é desvantajosa para projetos de engenharia, pois são materiais inconsolidados, permeáveis, sujeitos a escorregamentos, etc. Figura – Depósito de Tálus 27 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II 21. A PORÇÃO LÍQUIDA DO SOLO A água contida no solo pode ser classificada em: a) água higroscópica � a que se encontra em um solo úmido ou seco ao ar livre, ocupando os vazios do solo, na região acima do lençol freático. Pode ser totalmente eliminada quando submetida a temperaturas acima de 100ºC. b) água adsorvida � também chamada de água adesiva, é aquela película de água que envolve e adere fortemente às partículas de solos muito finos (argila), devido a ação de forças elétricas desbalanceadas na superfície dos argilo-minerais sólida. c) água de constituição � é a que faz parte da estrutura molecular da partícula sólida. d) água capilar � é a que, nos solos finos, sobe pelos vazios entre as partículas, até pontos acima do lençol freático (ascensão capilar). Pode ser totalmente eliminada quando submetida a temperaturas acima de 100ºC. e) água livre � é aquela formada pelo excesso de água no solo, abaixo do lençol freático, e que preenche todos os vazios entre as partículas sólidas. Pode ser totalmente eliminada quando submetida a temperaturas acima de 100ºC 28 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II ETAPA 4: CARACTERIZAÇÃODO SOLO Ao final desta aula, o aluno estará apto a: 22. Desenhar o diagrama de fases de um solo com as relações de pesos e volumes; 23. Relacionar os principais ensaios de caracterização de um solo; 24. Estimar o teor de umidade de um solo; 25. Estimar o peso específico dos grãos de uma amostra de solo; 26. Distinguir os 4 estados de um solo e os 3 limites de consistência (LL e LP) de um solo. 22. DIAGRAMA DE FASES DE UM SOLO E SUAS RELAÇÕES DE VOLUMES E PESOS A Figura a seguir ilustra o arcabouço do solo (esquema trifásico) contendo partículas sólidas(S) e vazios com ar (A) e água. Estado natural Separada em volume 23. PRINCIPAIS ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DE UM SOLO 29 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II 30 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II 24. ESTIMAR O TEOR DE UMIDADE DE UM SOLO Calcule o teor de umidade (w) de uma amostra cujo peso úmido (Ptotal) é 100 gf e peso seco (Pseco) é 80 gf. (a) 25% (b) 50% (c) 75% (d) NRA Solução: w = (100 gf – 80 gf) / 80 gf = 20 / 80 = 1 /4 = 0,25 Multiplicando por 100 para obter o percentual, tem-se que: w = 25% (letra a). 25. ESTIMAR O PESO ESPECÍFICO DOS GRÃOS DE UMA AMOSTRA DE SOLO DOS GRÃOS 31 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II - ENSAIO DO PICNÔMETRO PARA DETERMINAÇÃO DO PESO ESPECÍFICO DOS GRÃOS: Para realizar o ensaio do picnômetro, mede-se, inicialmente, o peso do frasco com água até um determinado nível de referência e registra-se como sendo o peso do picnômetro com água (P1), conforme visto na Figura 1a. Em seguida, esvazia-se o frasco, colocando nele uma amostra de material seco de peso conhecido P2 (vide Figura 1b), cujo peso específico dos grãos será determinado. Deve-se então completar de água o picnômetro até o nível de referência e agitá-lo, de modo que se eliminem todas as bolhas de ar. Daí registra-se o peso do picnômetro com solo e água (P3), conforme visto na Figura 1c. Figura 1 – Ensaio do picnômetro: (a) peso do picnômetro com água = P1; (b) peso do solo seco = P2; (c) peso do picnômetro com solo e água no mesmo nível = P3. O peso específico dos grãos (ou peso específico dos sólidos) será obtido pela seguinte operação: e a resposta será em gf/cm³. 26. DISTINGUIR OS 4 ESTADOS DE UM SOLO (LÍQUIDO, PLÁSTICO, SEMI-SÓLIDO E SÓLIDO); E DISTINGUIR OS LIMITES DE CONSISTÊNCIA LL E LP DE UM SOLO Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr . Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II 32 33 Caderno de Aulas Remotas – Prof. Walcyr – Mecânica dos Solos 1 – Mód. II
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