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TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO “A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma ação integrada de suas atividades educacionais, visando à geração, sistematização e disseminação do conhecimento, para formar profissionais empreendedores que promovam a transformação e o desenvolvimento social, econômico e cultural da comunidade em que está inserida. Missão da Faculdade Católica Paulista Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo. www.uca.edu.br Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO SUMÁRIO AULA 01 AULA 02 AULA 03 AULA 04 AULA 05 AULA 06 AULA 07 AULA 08 AULA 09 AULA 10 AULA 11 AULA 12 AULA 13 AULA 14 AULA 15 AULA 16 Introdução a Gestão de Pessoas: Fundamentos A Gestão de Pessoas na Contemporaneidade A Aprendizagem Organizacional A influencia da Cultura e Clima Rrganizacional na Aprendizagem Organizacional Gestão do Conhecimento nas Organizações Processos e Estrutura Organizacionais Introdução ao Treinamento de Pessoas Integração e Treinamento de Pessoas Introdução ao Desenvolvimento de Pessoas Processo de Treinamento e Desenvolvimento Coaching e Mentoring como Práticas de desenvolvimento de Pessoas e Equipes Universidade Corporativa como Prática da Gestão do Conhecimento nas Organizações Conceituando Grupos e Equipes: Há Diferença? Tipos de Equipes nas Organizações Equipes e Liderança de alto Desempenho Inovação e Tecnologia na Gestão de Pessoas: Tendências Advindas da Revolução 4.0 05 11 17 23 28 35 39 45 51 58 65 71 75 79 83 89 TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO INTRODUÇÃO Olá! Seja bem-vindo(a)! É com grande satisfação que apresento a você a disciplina de Treinamento e Desenvolvimento! Iniciamos com o objetivo de compreender a importância do conhecimento para a organização que aprende e ainda apresentar para você o que é treinamento e desenvolvimento de pessoas, suas diferenças e os principais tipos e práticas utilizadas no mercado contemporâneo, considerando a cultura da organização. É salutar a compreensão da Gestão do Conhecimento nas organizações, pois ela permeia as discussões sobre a capacitação e desenvolvimento de pessoas, valendo-se de ferramentas ou práticas que facilitam a vida do gestor no dia a dia da organização, como a Universidade Corporativa e técnicas de coaching e mentoring, abordada nos estudos desta disciplina. A relevância dada ao desenvolvimento de pessoas nas organizações, tornou-se notável na contemporaneidade com o surgimento da gestão do conhecimento e da aprendizagem organizacional. A busca pelo desenvolvimento de competências individuais e organizacionais tornou-se fundamental para manter a competitividade das organizações, devido ao fato das empresas estarem inseridas num mercado que enfrenta constantes mudanças em decorrência da globalização, aumento do conhecimento tecnológico e alterações constantes na economia com a revolução 4.0, assunto tão vigente e importante no desenvolvimento das organizações. Cada tema abordado na disciplina tem seu objetivo específico e contribuirá para você compor a estrutura teórica necessária para o entendimento sobre o assunto. Aproveite o conteúdo! Desejo a você uma ótima leitura e bons estudos!! TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 5 AULA 1 INTRODUÇÃO A GESTÃO DE PESSOAS: FUNDAMENTOS Nesta aula convidamos você a fazer uma viagem pela trajetória da área de gestão com pessoas para que possa compreender a complexidade e tudo o que influenciou para que chegássemos ao atual cenário na forma de gerir pessoas. Nossa expectativa é a de atingir você enquanto aluno (a) que deseja ampliar sua visão sobre a área. No primeiro momento, faremos uma explanação sobre os principais fundamentos da gestão de pessoas, como surgem, em qual contexto se desenvolveu e a forma de focalizar o profissional que atua com a gestão de pessoas. Logo após, no contexto contemporâneo, a ênfase passa a ser estratégica, exigindo uma nova postura do profissional de pessoas, bem como uma nova forma da área se relacionar com a organização como um todo, incluindo um foco em seus objetivos organizacionais. Concluímos mostrando que a gestão por competências se aproxima da visão contemporânea estratégica e é fundamental para que a gestão com pessoas seja criativa, inovadora e se torne competitiva no mercado no qual está inserida. 1.1 Fundamentos da Gestão de Pessoas O termo Gestão de pessoas é muito difundido dentro do contexto organizacional. Você já parou para pensar como surgiu a gestão de pessoas? Isso remonta ao início da história da Administração. Voltemos a meados da década de 1920, quando estudiosos da área começam a pensar em mais do que simplesmente máquinas, ou seja, como as pessoas, o trabalhador na fábrica poderia impactar de forma direta o resultado organizacional. Nesse contexto, surge o movimento das Relações Humanas, que vem afrontar a era taylorista nas organizações, e alguns eventos históricos marcam esse momento, como TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 6 a experiência científica de Hawthorne e algumas experiências inovadoras envolvendo o comportamento do trabalhador na empresa (CHIAVENATO, 2000). Foi com este pensar que surge a gestão de pessoas, ou seja, a partir do crescimento e da complexidade das tarefas organizacionais. No início do século XX, após o forte impacto da Revolução Industrial, com a denominação das Relações Industriais, como uma atividade que realizava a mediação entre as organizações e as pessoas, para diminuir o conflito industrial entre os objetivos organizacionais e os objetivos individuais das pessoas (CHIAVENATO, 2000). Claro que, neste momento, falar em gestão de pessoas ainda é precoce. No entanto, a partir de então a figura humana começa a receber um olhar, um foco diferente no contexto organizacional. Quando se inicia a história da Administração com Taylor e Fayol e o movimento da administração científica, ou escola clássica, a partir de meados de 1900, nesse período e sob a influência desse movimento, nasce a função de chefe de pessoal. Neste momento, para o empresário, o trabalhador era apenas um instrumento a mais para se atingir os resultados da empresa. Por isso, era importante o trabalhador ter boa saúde física e máxima dedicação ao trabalho, independente se esta jornada se estendesse por até 18 horas diárias (CHIAVENATO, 2000). Nesse contexto, o chefe de pessoal tinha como incumbência contabilizar as entradas e saídas, as faltas, os pagamentos, os vales e os descontos., bem como advertir, desligar ou contratar trabalhadores. Esta função era de confiança na empresa, e também tinha poder coercitivo aparente por aplicar ações punitivas em nome da empresa e ter o aval do patrão. Consegue imaginar o desafio para o profissional com este perfil na década de 20 com o movimento das relações humanas? Com certeza, não foi um momento fácil para os empregadores e chefes de pessoal, num momento onde o foco era a produtividade máxima do bom funcionário, e então este conceito estava mudando com um modelo que propunha aumentar a produtividade pela eliminação dos conflitos e valorização do trabalhador. Alguns estudiosos da época, como Follet, Mayo, Roethlisberger, Dickson, Leavitt, McGregor entre outros, trouxeram a valorização do Homo Social em substituição ao Homo Economicus da escola científica da Administração. Essa mudança para a valorização do indivíduo faz com que haja uma pressão fortesobre o chefe de pessoal, uma inversão do seu papel, para o que naquele momento ninguém estava preparado: chefe de pessoal, patrão e trabalhador. Mesmo assim, nesse contexto, estudos e TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 7 pesquisas lançam luz que refletiu fortemente na mudança de comportamento na forma da empresa, da gestão de pessoas e do empresário se relacionar, e além disso trouxe avanços para a área e novos estudos, dos quais surge o Behaviorismo, que apresentava críticas à escola de relações humanas por ir do extremo da escola da Administração científica para aspectos totalmente comportamentais do trabalhador. Sendo assim, em 1945, o Behaviorismo apresenta os primeiros estudos sobre liderança, democracia no trabalho e motivação humana na organização. Nesse novo momento para o chefe de pessoal surgem estudos de Simon, McGregor, Barnard, Argyris, Likert entre outros, e uma variável pouco observada até o momento: o poder das relações informais. A partir desse momento é que se começa a olhar de forma diferente para a função de cuidar dos trabalhadores (MARRAS, 2000). A partir desse momento, o profissional de recursos humanos, até então denominado chefe de pessoal, ganha o status de gerente, e sua função deixa de ser totalmente operacional e passa a ser uma função de nível médio tático. Em meados das décadas de 50 e 60 acontecem avanços em termos de nomenclatura do gestor de pessoas, aumenta-se as tarefas, começa-se a olhar para outras funções e atividades além de questões operacionais vinculadas aos trabalhadores e ganha-se abrangência. No entanto, ainda em nível tático operacional, e o profissional ainda despreparado para este novo olhar de valorização de pessoas na organização. Para que você consiga visualizar melhor o desenvolvimento das responsabilidades da função de pessoal no mundo, vale ressaltar que no Brasil sempre ocorreu de forma mais tardia. Veja o quadro a seguir: TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 8 Chefe de pessoal Gerente de RH Gerente de RH Até 1950 De 1950 a 1970 De 1970 a 1999 Controles da frequência Faltas ao trabalho Pagamentos Admissões e demissões Cumprimento da CLT Controles da frequência Faltas ao trabalho Pagamentos Admissões e demissões Cumprimento da CLT Serviços gerais Medicina e higiene Segurança patrimonial Segurança industrial Contencioso trabalhista Cargos e salários Benefícios Recrutamento e seleção Treinamento Controles da frequência Faltas ao trabalho Pagamentos Admissões e demissões Cumprimento da CLT Serviços gerais Medicina e higiene Segurança patrimonial Segurança industrial Contencioso trabalhista Cargos e salários Benefícios Recrutamento e seleção Treinamento Avaliação de desempenho Qualidade de vida Desenvolvimento gerencial Relações trabalhistas Sindicalismo Desenvolvimento organizacional Estrutura organizacional Título: Desenvolvimento das responsabilidades da função de pessoal Fonte: Marras (2009, p. 25). Consegue perceber que, com o passar dos anos, a área de gestão de pessoas ou recursos humanos da organização se desenvolve de forma positiva e começa a agregar novas responsabilidades e preocupações com os trabalhadores das organizações? Isso foi e é muito positivo para o crescimento e estabelecimento da área enquanto um departamento de valor no contexto empresarial. Desta forma, alguns autores dividem a evolução da área de gestão de pessoas em cinco grandes fases, sendo elas: Título: Evolução da área de gestão de pessoas o Brasil Fonte: Adaptada Marras (2009, p. 26). Adaptado pela autora TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 9 Ao observarmos a Figura 1.1, verificamos que a área de gestão de pessoas no Brasil passou por evolução, e podemos afirmar que hoje, no atual momento, ela continua a avançar, não é estática. Vamos compreender melhor cada fase do seu processo de desenvolvimento apontada anteriormente, segundo Marras (2009): Fase 1 - contábil: tinha como foco os custos da organização. Os trabalhadores eram vistos sob o enfoque contábil, ou seja, entrada e saída do funcionário versus horas trabalhadas e a produtividade que isso traria a organização. Fase 2 - legal: surge o chefe de pessoal. O foco continuava nas questões contábeis e ampliadas para o acompanhamento e na manutenção das recém criadas leis trabalhistas de Getúlio Vargas sobre as regras jurídicas impostas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Fase 3 - Tecnicista: nesta fase, a função de chefe de pessoal alavanca para a gerência de pessoas. Surge o modelo americano de gestão de pessoas, mesmo que de forma tímida, mas a área de pessoas começa a operacionalizar funções até então não exercidas, como treinamento, recrutamento e seleção, cargos e salários, higiene e segurança no trabalho, benefícios e outros. Há de se ressaltar que nessa fase o presidente Juscelino Kubitschek implantou a indústria automobilística, com grandes indústrias atuando no Brasil, o que impulsionou o avanço e a necessidade das novas funções serem implementadas na área de recursos humanos, mesmo que de forma lenta, devido à cultura organizacional instalada até então no país. Fase 4 - Administrativa ou Sindicalista: nessa fase surge a nomenclatura gerente de recursos humanos. Esta mudança foi impulsionada pelo movimento sindical chamado de “novo sindicalismo”, e pretendia transferir a ênfase em procedimentos burocráticos e operacionais para os sindicatos e a sociedade. Fase 5 - Estratégica: momento em que se iniciam os primeiros programas de planejamento estratégico de recursos humanos atrelados ao planejamento estratégico organizacional. Com este novo olhar para o gerente de recursos humanos, o cargo é elevado a nível estratégico, ou nível de diretoria, onde, a partir de então, as organizações começam a perceber que a figura de diretor de recursos humanos para atuar de forma estratégica é essencial para o resultado organizacional. Somente a partir desse momento é que os profissionais de recursos humanos no Brasil começam a ocupar também cadeiras estratégicas e atingem o topo da pirâmide da estrutura organizacional. TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 10 Ao acompanhar toda a trajetória da área de recursos humanos, ou gestão de pessoas, é importante salientar que é inegável que o forte desenvolvimento econômico e tecnológico tenha contribuído com o desenvolvimento da área. O final do século XIX e as duas primeiras décadas do século XX caracterizam um período de grande desenvolvimento econômico nos países mais industrializados do hemisfério norte. Há de se ressaltar que, paralelo a isso, o desenvolvimento tecnológico produtivo também caminhou a passos largos, iniciando-se com o surgimento da máquina a vapor e a tecnologia aplicada. Como isso influencia a gestão de pessoas? Na prática, o desenvolvimento tecnológico aumentou a sofisticação do trabalho, logo, a sofisticação industrial leva as empresas a se preocuparem em reter o trabalhador, já que a seleção era diferente e exigia treinamento para executar a tarefa com o uso da tecnologia. Ou seja, a humanização do trabalho surge da necessidade da empresa em atrair e reter pessoas adequadas para a função e, consequentemente, o mercado torna-se mais competitivo, os produtos diversificam-se e as mudanças na tecnologia exigem que a organização seja flexível à dinâmica do mercado. Isto está na rede Quer saber como foi esse momento para o trabalhador e como o líder se comportava perante o trabalhador? Assista ao filme Tempos Modernos de Charles Chaplin, disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=3tL3E5fIZis>. Com direção, roteiro, produção e músicas compostas por Charlie Chaplin, o filme tem 1h29 de duração e tem uma forma um tanto exagerada, mas consegue fazer refletir como funcionários e gestores se comportavam,e como ambos se enxergavam. Sua data de lançamento foi a de 5 de fevereiro de 1936 (Nova Iorque). TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 11 AULA 2 A GESTÃO DE PESSOAS NA CONTEMPORANEIDADE Onde estamos na gestão de pessoas? Desde a década de 1990, pode-se observar uma descentralização contínua. A área de gestão de pessoas, cada vez mais, ocupa cargos estratégicos nas organizações, participando de grandes decisões empresariais e tendo responsabilidade em como atingir os objetivos propostos. Nas áreas tática e operacional, a área deve buscar desenvolvimento, mas também muda a sua postura de imposição, e passa cada vez mais a atuar desempenhando um papel de apoio tanto para a alta administração quanto para a gerência. Seu objetivo é atuar como staff, ou seja, assessorar outras áreas na atração e na retenção de pessoas que reúnam as qualificações necessárias a um ambiente de constante mudança. O foco de atuação da área, pelo menos no discurso, passa a ser a construção de modelos de gestão de pessoas mais flexíveis e orgânicos em parceria com os gerentes de outras grandes áreas na organização (MARRAS, 2000). Outro aspecto que precisa ser considerado é o fato de as organizações estarem vivenciando uma experiência inédita na era pós-moderna que refletiu em áreas como economia, tecnologia, globalização e mercados dinâmicos, o que tem exigido dos dirigentes das organizações muita competitividade, criatividade e coragem para enfrentar as mudanças numa grandiosidade e numa velocidade jamais imaginadas anteriormente. Cabe enfatizar que a globalização alterou o campo de trabalho no que diz respeito ao diferencial competitivo apresentado pelas formas de trabalho do primeiro mundo no que tange a tecnologia, maquinário, especialização, quando comparado ao nosso país pré-globalizado atrelado ao índice de desemprego. Tais situações vêm obrigando as organizações a reverem os seus conceitos bem como formas de pensar e atuar em todos os ângulos possíveis, para que a gestão de pessoas possa acontecer de forma satisfatória e contribuir para que a empresa passe por todas as intempéries do mundo pós-moderno. No atual contexto em que vivemos, para que a área de gestão de pessoas possa se manter indispensável e atuante diante do cenário apresentado, é válido que a área seja flexível, que os profissionais de recursos humanos conheçam o mercado de atuação TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 12 da empresa, estejam atentos às mudanças de mercado e estejam alinhados com toda a base estratégica da organização. O intuito é que a área que faz a gestão de pessoas consiga captar a real necessidade dessa empresa para a sua manutenção no mercado, e a partir disso traçar ações de como a gestão com pessoas poderá complementar a busca da empresa pelo seu posicionamento no mercado, ou seja, a área de pessoas não deve planejar qualquer tipo de ações, seja treinamento, desenvolvimento ou mudanças, sem que conheça a realidade da empresa diante do mercado, e consiga propor ações que venham ao encontro da base estratégica para atingir os objetivos estabelecidos. Com esta visão, percebemos que o gestor de recursos humanos e a área completa de gestão de pessoas não pode estar fechada em seu mundo isolado de ações com os trabalhadores, mas só agirá atrelada a um olhar macro enquanto organização, e em parceria com os dirigentes das demais áreas da organização. Ao traçar a linha do tempo, conforme apresentado na aula anterior, você consegue imaginar a complexidade que é hoje atuar na área de gestão de pessoas? Não basta mais conhecer e se especializar em relações trabalhistas e em temas diretamente ligados à área de gestão de pessoas, mas é essencial que também se emerja nos assuntos relacionados ao negócio daquela empresa e interaja com outras áreas, para que juntos consigam atuar e explorar o melhor que os trabalhadores de determinada empresa têm a oferecer, porque os tempos mudaram, mas o resultado organizacional continua em evidência, embora de uma forma mais inteligente com a valorização do potencial humano na organização. Além de conhecer o negócio, com este novo cenário, manter a área de gestão de pessoas atualizada requer saber conviver com comunidades exigentes no que diz respeito à preservação ambiental e ecológica, ética e transparência e a necessidade de investimentos em projetos sociais que levem desenvolvimento autossustentável das comunidades onde as empresas operam, onde surge o conceito de empresas cidadãs. Num momento de hipercompetitividade, a criatividade e a inovação são indispensáveis. Dentro deste cenário, surge o principal desafio para a área de gestão de pessoas: criar condições favoráveis para a manifestação da genialidade existente nos funcionários, ou seja, a verdadeira genialidade para a gestão de pessoas será preparar pessoas que tenham a capacidade de despertar a genialidade das outras, a fim de manter o ambiente organizacional inovador e competitivo. TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 13 Anote isso Como ser inovador na área de pessoas? Ou melhor, o que você deve evitar se quiser ser um gestor estratégico na área de pessoas? Pense a respeito! Em suma, a área de gestão de pessoas precisa ampliar a sua forma de atuação para além das paredes da empresa. É importante entender que a conectividade dos talentos internos com o mundo fora da organização, que envolve clientes, deve acontecer de forma que a gestão de pessoas possa contribuir para aumentar a fidelidade desses clientes. Ou seja, a área de gestão de pessoas contemporânea precisa ter um olho no que acontece dentro da organização e o outro no que se passa fora da empresa, o que muitas vezes pode determinar o desempenho e o grau de sucesso da organização. Esse é um dos maiores desafios contemporâneos. Sobreviverá quem estiver atento e conseguir decifrar e se adaptar a todas as dimensões necessárias que o mercado exigir. Isto está na rede A revista HSM Management apresenta um artigo intrigante e desafiador para aqueles que já atuam ou que pretendem atuar na área da Gestão de Pessoas sobre como se autoanalisar, por meio de uma lente crítica e inovadora sobre a área de pessoas. Vale a pena conferir! O artigo PORQUE ODIAMOS O RH? da Revista HSM Management 55 março - abril, 2006, traz uma interessante leitura sobre o tema. Fonte: <http://www.cohros.com.br/uploads/tinymce/uploads/PDF/ nzRkWZ-1484057863.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2020. 2.1. Desenvolvimento de lideranças A estratégia é construir uma empresa de líderes, sim! É possível construir uma empresa em que a gestão de pessoas assuma uma posição relevante na administração das empresas, na chamada era do conhecimento. http://www.cohros.com.br/uploads/tinymce/uploads/PDF/nzRkWZ-1484057863.pdf http://www.cohros.com.br/uploads/tinymce/uploads/PDF/nzRkWZ-1484057863.pdf TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 14 O conhecimento que não é estático, mas está em constante transformação e cada vez mais acessível, redesenha as bases da gestão de pessoas como sendo fonte privilegiada de poder, onde as pessoas podem influenciar, participar de decisões, questionar, liderar e inovar. A empresa do conhecimento é formada por funcionários líderes, ou seja, uma empresa com talentos-líderes em todos os níveis. A empresa do conhecimento afirma que todos podem ser desenvolvidos como líderes, visto que a era do conhecimento é formada pela linha de raciocínio de que o conhecimento é fonte privilegiada de poder e é esse poder que dará aval às pessoas para liderarem. Partindo do princípio de que o conhecimento está disponível e é renovável, logo, cabe às pessoas terem a iniciativa de apropriar-se dele, empoderarem-se e assumirem- se como líderes. Partindo desse pensamento, a empresa passará a considerar sua estruturacomo uma rede de líderes. No entanto, de acordo com Marras (2009), para que isso seja possível, a empresa precisa criar um ambiente propício para esse empoderamento de líderes, como: 1. Visão, valores e estratégias compartilhados por todos. 2. Ética e profissionalismo em alto grau. 3. Ambiente de aprendizagem, criatividade e inovação. 4. Sistema eficaz de comunicação. 5. Trabalho de equipe. 6. Estruturas flexíveis e mobilidade para trabalhar. 7. Valorização da diversidade. 8. Prática corriqueira do autêntico diálogo. 9. Justiça, sinceridade e humor. 10. Políticas competitivas de compensação. 11. Estratégias ousadas de desenvolvimento de pessoas. 12. Líderes transformadores De acordo com Marras (2009), as características mencionadas podem ser desdobradas em muitas outras. A ideia aqui é evidenciar que talentos não se produzem em cativeiro, ou seja, a empresa e os líderes devem considerar as pessoas na perspectiva da era do conhecimento. Isto quer dizer que, com mais conhecimento, os empregados vislumbram a possibilidade de ampliar continuamente suas competências, buscam desafios, querem compartilhar ideias e estratégias, a fim de buscarem dar mais sentido ao trabalho que executam. TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 15 Você sabia que pessoas talentosas gostam de estruturas flexíveis? Sim, e o móvito se dá porque essas estruturas permitem espaço para coisas novas, trabalho em equipe, e essas pessoas sabem que precisam do conhecimento dos outros para valorizarem o próprio e gerarem novos conhecimentos. Ou seja, líderes de verdade sabem que o fato de estarem como líderes em determinado momento não lhes põe em uma posição soberba, de saber tudo, ou serem os donos da verdade, pelo contrário, percebem o quanto necessitam das pessoas à sua volta para que a liderança possa acontecer. Este pensar também evidencia que os líderes de fato devem ser educadores que conseguem transformar pessoas lideradas em novos líderes. Logo, o gestor que quer assumir a postura como líder que deve primeiro, reconhecer-se como líder, o que o faz buscar auxílio para identificar suas competências e deficiências, medir sua força de influência e quanto de seus conhecimentos é valorizado na empresa. Precisa além disso, visualizar seus “subordinados” como líderes com potencial a desenvolver, vendo neles pessoas que são verdadeiras minas de competências, com poderes para serem desenvolvidos e buscar fortalecer-se no poder de suas equipes e lembrar que equipe unida será sempre mais forte, e que todos são essenciais para um resultado de sucesso. Ser transformador por excelência, influenciando o ambiente, as estratégias, a cultura organizacional e, acima de tudo, serem educadores por saberem potencializar a capacidade de cada pessoa de sua equipe (MARRAS, 2009). Segundo Peter Drucker (2000), líder é aquele que tem seguidores. Sendo assim, o líder deve investigar: Tenho seguidores? Por que me seguem? É sabido que o conhecimento é fonte de poder, já ouviu a frase: “quem tem conhecimento tem poder”? É disso que estamos falando. O conhecimento é fonte de poder. Os seguidores aprendem com o líder, que os transforma em líderes também. Já ouviu alguém dizer que é um líder nato? Na verdade, seria possível dizer que há uma ‘química’ no ato de liderar. Isto significa que a figura do próprio líder, sua personalidade associada à motivação para liderar, e a oportunidade de exercício da liderança, o autoconhecimento e o autocontrole são importantes para saber liderar. Ou seja, algumas pessoas podem ter certa facilidade para liderar, no entanto, qualquer pessoa que queira desenvolver esta competência poderá fazê-lo, por meio do autoconhecimento e do autocontrole. Portanto, podemos perceber que liderança, de fato, deve levar em consideração a gestão de pessoas, e a empresa deve incorporar conceitos de liderança transformadora/ educadora entre seus valores. Práticas e políticas devem derivar de princípios arraigados TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 16 à cultura organizacional. A alta direção organizacional precisa estar comprometida com isso, e, mais ainda, patrocinar, promover essa liderança transformadora baseada em conhecimento e não apenas em poder, sem esquecer que essa liderança precisa ser estratégica, ou seja, estar alinhada, direcionada aos objetivos executivos organizacionais, o que significa que todos devem caminhar e apoiar-se na mesma direção. TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 17 AULA 3 A APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL 3.1. O que é Aprendizagem Organizacional (AO)? As transformações ocorridas nas organizações decorrentes da globalização, expansão e disseminação da tecnologia evidenciaram o conhecimento como fonte de riqueza. Na nova era econômica isso não é motivo de espanto, pois as empresas tendem a abandonar os parâmetros industriais e moldam seus processos organizacionais para alavancar vantagens competitivas. MENEZES, et al (2010, p. 15) ressalta que o cenário econômico atual “vem transformando a atuação das áreas de recursos humanos nas organizações brasileiras e, consequentemente, os setores responsáveis pela formação e qualificação de seus profissionais”. A aprendizagem organizacional pode ser entendida sob diversas perspectivas, dentre elas a econômica, onde para Antonello (2011, p. 39) a “aprendizagem é definida como aquisição e uso do conhecimento existente e/ou criação de novo conhecimento com o objetivo de melhorar o desempenho econômico”. Mas você pode estar se perguntando: Como pode uma organização aprender? Aprender não seria pertinente somente às pessoas? Na verdade o processo de aprendizado organizacional pode ser entendido como uma continuação do processo individual. Assim, é uma consequência do aprendizado das pessoas, ou seja, dos seus colaboradores, uma vez que se caracteriza pela coletividade e pela quebra dos conhecimentos dos membros da organização. Aprender, então, caracteriza-se como a forma que o indivíduo usa as experiências do passado, a fim de corrigir erros, capacitando-se no momento atual e se preparando para futuro. Nesse momento a Gestão do Conhecimento entra em ação, por meio da aprendizagem organizacional, e promove a melhoria, principalmente nos processos TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 18 de trabalho, realizando a capacitação, agilidade no atendimento, satisfação do público alvo e auxiliando a organizar a monitorar a produção de conhecimentos. Assim, podemos dizer que o aprendizado organizacional corresponde à maneira pela qual criam o conhecimento e adaptam seus processos e cultura, para utilizar da melhor forma as competências existentes na organização. A organização que aprende é aquela que possui a habilidade para criar, adquirir e transferir conhecimentos, sendo capaz de modificar seu comportamento e processos organizacionais, de modo a refletir e implantar os novos conhecimentos e ideias. Fácil? Nem sempre! Para que ocorra esse processo de melhoria a organização necessita de novos conhecimentos, para que no momento de tomada de decisão, ou seja, diante de um problema a ser resolvido, não recorra às velhas práticas. Esse é o desafio encontrado pelas organizações contemporâneas. 3.2. Característica organizacional necessária para aprendizagem Defronte à agilidade com que as coisas mudam e são aprimoradas, principalmente quando o assunto é tecnologia, as organizações voltadas ao aprendizado consistem em transformar o novo conhecimento em novas formas de comportamento. No entanto, essa transformação envolve pessoas (cada qual com sua personalidade e características), processos e cultura organizacional. A aprendizagem organizacional apresenta-se como um sistema de formação de pessoas baseado em uma gestão por competências, onde a organização deve desenvolvernos colaboradores as competências consideradas fundamentais para a viabilização das estratégias de negócio, fomentando assim, um processo de aprendizagem ativo e permanente ligado aos objetivos, propostos e metas da empresa (EBOLI, et al. 2010). Considerando a importância do aprendizado para a eficiência dos processos organizacionais e alavancagem competitiva, a empresa que pretende se voltar para o aprendizado requer habilidades especiais que identificamos em cinco características: TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 19 CARATERÍSTICAS APLICAÇÃO NA ORGANIZAÇÃO Sistematizar a solução de problemas Consiste na solução de problemas baseado especialmente em métodos científicos, fugindo de estimativas, ou como vemos geralmente, do senso comum. Experimentação de novas abordagens Buscar sempre novos conhecimentos e testar sua eficiência para o sucesso da organização. Capacidade de tirar lições das próprias práticas (positivas e negativas) Essa prática é desafiadora, mas a organização que consegue analisar seus erros e fracassos, avaliando seu desempenho no momento da resolução do problema, e ainda registrar as orientações e ensinamentos oriundos desse processo aos demais colaboradores da organização, está um passo a frente das demais Capacidade de tirar lições das práticas alheias (positivas e negativas) Possibilita à organização aprender por meio da observação, troca de informações com outras empresas, evitando o erro já cometido por elas. Agilidade e eficiência na disseminação do conhecimento para toda a organização O conhecimento deve ser disseminado com rapidez e eficiência para que ocorra o aprendizado, primeiro do indivíduo e por consequência da organização. Título: Características da organização que aprende Fonte: Elaborado pelo autor (2016) Você pode estar pensando que essas características são claramente encontradas nas empresas, mas não é bem assim. Esse é o desafio encontrado pela maioria das organizações que desejam manter-se competitivas no mercado. Vemos que a sistematização de problemas permite que a organização tenha maior competência organizacional. Para Antonello (2011, p. 42) “AO é concebida como um TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 20 incremento na solução de problemas potenciais de sistemas sociais derivado da aprendizagem institucional.” Quando a organização utiliza novas abordagens para realização das tarefas cotidianas, tende a inovação, deixando sempre os processos organizacionais atualizados. Para Fleury (2004, p.131) a empresa deve “atuar como agente organizador do conhecimento existente, tornando-o aplicável e gerando novo conhecimento, desempenhando essa tarefa de forma superior à da concorrência”. Entendemos assim que o ato frequente de aprofundar o conhecimento superficial, adquirindo novos conhecimentos, torna-se habitual sendo inserido no comportamento do gestor ou do colaborador. A aprendizagem organizacional ocorre de maneira mais rápida quando a organização aprende com as próprias experiências e com a experiência de outras empresas. Para Pacheco et al (2005, p. 28) “o processo educacional ocorre com maior frequência no ambiente organizacional, seja explicita ou implicitamente no próprio exercício do trabalho, conforme os modelos de aprendizagem definidos pela área de conhecimento”. Esta característica nos remete a Gestão do Conhecimento, pois contribui com a disseminação do conhecimento e ainda garante a conversão do conhecimento tácito em explícito. Anote isso Conhecimento tácito é o que não está declarado, são as experiências e vivências das pessoas. Conhecimento explícito é o que já está verbalizado, escrito, declarado. Mas espere: como saber dos erros e acertos de outras empresas? Isso só é possível se a empresa abrir para as demais os seus fracassos e sucessos. Na prática isso acontece, por exemplo, por meio de uma ferramenta denominada benchmarketing. Para Pacheco et al (2005, p.84) esta prática “compreende um processo que deve ser sistematizado para estabelecer comparações entre as práticas de mercado e as da organização em questão”. O objetivo é a troca de experiências que permite a identificação, análise, adoção e a implementação de melhores práticas. TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 21 Anote isso Benchmarketing é o processo de investigação e busca de melhores práticas, comparando processos organizacionais e produtivos de empresas integrantes do mesmo ambiente em ela está incluída. No entanto, de que adiantaria obter mais conhecimentos e não transmiti-lo a todos os envolvidos no processo? Na prática essa disseminação pode acontecer através de treinamentos, documentos oficiais, visitas, reuniões, entre outras. Para Fleury (2004, p.135): As empresas possuem conhecimento disseminado e compartilhado por todos; entretanto, existem também diversos estoques ou conjuntos de conhecimento pertencentes a indivíduos, pequenos grupos ou áreas funcionais. As empresas buscam codificar e simplificar esse conhecimento de indivíduos e grupos para torna-lo acessível a toda a organização. Parece simples, mas não é. Não se constrói organizações que aprendem da noite para o dia. O processo é gradativo, devendo em primeiro momento promover um ambiente favorável para que o aprendizado se desenvolva. O ambiente e a cultura organizacional proporcionam o campo fértil para a promoção da aprendizagem organizacional e contribuem, juntamente com os indivíduos envolvidos, para o sucesso ou fracasso do processo de aprendizagem organizacional. 3.3. A construção da organização que aprende Por se tratar de comportamento humano, a cultura organizacional usualmente é utilizada para fundamentar e explicar ações coletivas e individuais que ocorrem nas organizações. Assim, visualizar a cultura como uma forma de representação da realidade, enfatiza a maneira pela qual as pessoas entendem a organização. A cultura organizacional contribui para a aprendizagem organizacional, e isso veremos posteriormente, em outra trilha de aprendizagem. TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 22 Além da cultura, tem-se o desenho organizacional, que também contribui para construir uma organização que aprende. Vamos aprofundar sobre o assunto nas próximas aulas. O desenho organizacional, como organograma representado na figura abaixo como exemplo, deve permitir a difusão e o compartilhamento do conhecimento, além de permitir acessos entre os colaboradores para troca de ideias. Título: Exemplo de desenho organizacional - organograma Fonte: https://graphicriver.net/ As organizações ao apresentarem culturas e estruturas favoráveis ao aprendizado estão investindo e valorizando as pessoas que nela trabalham. A alta direção deve propiciar meios para que haja interação entre os colaboradores e estar aberta a sugestões e críticas. Em suma, as organizações contemporâneas mais evoluídas e voltadas para o conhecimento e a aprendizagem, escutam seus colaboradores, a fim de aprenderem com eles, para então depois tomar as decisões, ou ainda, formular seus planejamentos estratégicos. As organizações que apresentam uma cultura e um desenho organizacional voltado ao aprendizado atraem e retém talentos. Anote isso O livro “A Quinta Disciplina” de Peter Senge retrata as cinco disciplinas, que quando colocadas em prática pelas empresas e seus funcionários garantem o sucesso pleno e um crescimento vertiginoso. TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 23 AULA 4 A INFLUENCIA DA CULTURA E CLIMA ORGANIZACIONAL NA APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL 4.1. O que é Cultura organizacional? Você já deve ter ouvido muitas coisas sobre cultura: Que fulano tem determinado comportamento devido à sua cultura, ou ainda que beltrano nãotem cultura. São muitos os entendimentos sobre cultura, e no âmbito organizacional ela tem influência no comportamento dos colaboradores e na condução dos processos organizacionais. Uma organização de cultura e origem orientais, por exemplo, tem comportamentos diferentes de uma empresa ocidental em uma negociação. Os orientais são mais discretos, calados e a decisão dos rumos da negociação é tomada de forma conjunta, pelos envolvidos no processo de negociação, e não individual, como os norte-americanos. Este é somente um exemplo de como a cultura influencia a organização, inclusive no momento da tomada de decisão. Segundo ANTONELLO, cultura organizacional é formada da seguinte forma: O ambiente deve ser concebido como um produto social e histórico que é coproduzido juntamente com as atividades que ele suporta: agentes, objetos, atividades, artefatos materiais e simbólicos. Tudo isso constitui um sistema heterogêneo que evolui com o passar do tempo e que forma a cultura de uma organização. ANTONELLO (2011, p. 305-306) Entendemos cultura como as crenças, costumes, valores, comportamentos e as formas de negociação das organizações, que apresentam particularidades e que caracterizam o cotidiano da organização. Segundo RUAS (2006, p. 21) “a cultura deve ser compreendida fundamentalmente como uma forma compartilhada de dar sentido às experie ̂ncias, ela está baseada na história compartilhada”. TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 24 Mas a cultura organizacional sempre apresentou as mesmas características? A resposta é não, ela evoluiu ao longo do tempo assim como os processos organizacionais, condizendo com o período histórico. Veja o quadro a seguir, que demonstra essa evolução. Período Período histórico Tipo de cultura 1900 a 1950 Industrialização clássica Conservadora 1950 a 1990 Industrialização neoclássica Valorização da renovação. Adaptável Após 1990 Era da informação e do conhe-cimento Valorização do conhecimento e da inovação Título: Evolução da cultura da organização considerando os cenários econômicos ao longo da história. Fonte: Elaborado pela autora (2020). Ao longo do tempo, a cultura organizacional se adaptou ao cenário econômico em que se encontrava. Na era industrial clássica as empresas eram burocráticas e inflexíveis por isso a cultura organizacional mantinha aeu estado atual, ou seja, era conservadora. Com a passagem da economia para industrialização neoclássica a organização se adaptou e cultura apresentou características de valorização das mudanças que ocorriam no mercado. Já com o início da era da informação e do conhecimento a cultura organizacional apresenta valorização da inovação e do conhecimento, favorecendo o planejamento e realização dos programas de desenvolvimento de pessoas que contribuem para a criação e compartilhamento do conhecimento. 4.2. CARACTERÍSTICAS DA CULTURA ORGANIZACIONAL A cultura se manifesta na organização de maneira explícita e implícita, contribuindo com o direcionamento das ações dos gestores que culminam no alcance dos objetivos da empresa. Veja a figura deste iceberg, ele explica exatamente essa manifestação cultural. O iceberg foi utilizado aqui como metáfora para demonstrar quais características da cultura organizacional ficam evidentes na organização e quais ficam veladas. Na base do iceberg se concentram os aspectos relacionados às pessoas que são fortemente influenciadas pela cultura da empresa. TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 25 E x p l i c a n d o m e l h o r , e s s a parte implícita, que não se vê publicamente, é a forma como as pessoas se relacionam com as outras, fazem críticas, criam ou mantém tabus e preconceitos, tomam decisões, a linguagem que se utiliza, ou seja, são hábitos, comportamentos, sentimentos e normas grupais, tradições dentre outras características. E a parte explícita é o que está sendo mostrado na organização a todo momento, como uniforme, desenho organizacional, layout da empresa, logomarca, regulamentos, processos e métodos de trabalho, por exemplo. É também chamada de cultura oficial, que pode ser controlada pelo gestor. Mas qual a função da cultura dentro da organização? Podemos dizer, que ela é responsável por transmitir aos colaboradores o sentimento de identidade, pertencimento, comprometimento com a empresa. E ainda dar subsídios de trabalho por meio de processos organizacionais, normas e regulamentos. Quando a organização possui características de aprendizagem e desenvolvimento de pessoas arraigados à cultura, o processo de otimização e aprimoramento dos colaboradores ocorre de maneira natural e os resultados são eficazes, devido ao comprometimento dos colaboradores em alcançar os objetivos da empresa. Entendemos assim, que essa característica da cultura é fundamental para o planejamento e boa execução do programa de Treinamento e Desenvolvimento – T&D. Para ANTONELLO (2011, p. 306) “a cultura é importante para a aprendizagem porque age como símbolo e armazenadora de experiências passadas e funciona como um instrumento para comunicar essa aprendizagem para toda a organização”. Assim, como a cultura, o clima organizacional contribui para a definição dos programas de treinamento e desenvolvimento. Vamos agora entender o que é o clima organizacional? Figura: Manifestação dos aspectos explícitos e implícitos da cultura organizacional Fonte: Adaptado de Chiavenato (2004). TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 26 4.3. Clima organizacional: conceito e importância na organização Para que você compreenda melhor do que se trata o clima da organização, imagine que você acabou de ser contratado, passou pelo treinamento de integração e foi recebido pelos colegas de trabalho, como também pelo seu gestor imediato. Você chegou à empresa com uma expectativa e com uma imagem preconcebida de como seria a organização. Após esse contato inicial você compreende se a empresa atendeu ou não suas expectativas, e o resultado dessa primeira impressão pode ser positiva ou negativa, formando assim o clima da organização. Compreendemos, portanto, que o clima está diretamente ligado ao grau de satisfação dos seus membros. A relação se estabelece da seguinte forma: quanto mais congruente os valores da empresa com os do colaborador, melhor será o clima dentro da organização, pois gera satisfação, motivação e o sentimento de pertencimento do colaborador. Esse clima favorável de engajamento tem reflexos positivos na produtividade e por consequência, nos resultados e alcance dos objetivos da empresa. E quando acontece o contrário, ou seja, o descontentamento por parte do colaborador, ou quando a expectativa com relação a empresa foi frustrada, ocorre a baixa na produtividade e a infidelidade do colaborador. Isto está na rede Você sabia que algumas empresas estão buscando na terapia corporativa ajuda para que os colaboradores se tornem mais engajados? Quer saber mais sobre esse assunto acesse o link http://exame.abril.com.br/revista-voce-rh/ edicoes/25/noticias/terapia-corporativa?page=1 Fonte: http://exame.abril.com.br/revista-voce-rh/edicoes/25/noticias/terapia- corporativa?page=1 O clima é percebido pelos colaboradores e também pelos demais membros da organização, podendo ser favorável (positivo ou bom) ou desfavorável (negativo ou ruim). Quando o clima é favorável predominam comportamentos como, comprometimento com os objetivos da organização, atitudes positivas e de boa convivência. Este clima pode ser prejudicado quando algo negativo ocorre dentro da organização e afeta a maioria dos funcionários, como rivalidades e acontecimentos que geram tensão. http://exame.abril.com.br/revista-voce-rh/edicoes/25/noticias/terapia-corporativa?page=1 http://exame.abril.com.br/revista-voce-rh/edicoes/25/noticias/terapia-corporativa?page=1 http://exame.abril.com.br/revista-voce-rh/edicoes/25/noticias/terapia-corporativa?page=1http://exame.abril.com.br/revista-voce-rh/edicoes/25/noticias/terapia-corporativa?page=1 TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 27 Por exemplo, a empresa gera expectativa de ascensão de nível ou de cargo entre os colaboradores, mas no momento da contratação seleciona um profissional externo à organização. Esta atitude pode gerar o descontentamento geral, prejudicando o clima organizacional. Já se o clima é desfavorável, negativo ou ruim, há um nível alto de rotatividade e as pessoas omitem que passaram pela empresa, não há o sentimento de pertencimento, de engajamento. Este clima ruim prejudica demasiadamente o andamento do trabalho e o alcance dos objetivos da organização. Ora, pense comigo: como o trabalho pode ser desempenhado de maneira correta se a cada período curto de tempo há uma pessoa diferente fazendo a tarefa? Tanto o clima positivo quanto o negativo, influenciam no desenvolvimento das atividades na empresa, o que muda é o resultado que ele proporciona, que pode ser positivo ou negativo. Mas o que fazer se a empresa tem um clima desfavorável? Ter esta percepção é muito importante e algumas atitudes podem ser tomadas para melhorar este cenário. Por exemplo, os gestores precisam em primeiro lugar identificar as causas da insatisfação ou desmotivação. Essa investigação pode ser feita por meio de um questionário de satisfação, ou pesquisa de clima, aplicado aos colaboradores. Após a identificação dos problemas o gestor pode planejar ações de melhoria. Na pesquisa de clima são avaliados itens como remuneração, benefícios, a liderança, relacionamentos nas equipes, metodologias de treinamento e desenvolvimento e a comunicação, por exemplo (EBOLI, 2010). Agora que já compreendemos como a cultura e o clima organizacional são importantes na organização, na próxima trilha de aprendizagem vamos entender como ocorre o processo de desenvolvimento e treinamento na organização. Até lá! TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 28 AULA 5 GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES 5.1. A importância do Conhecimento para a organização Vimos na aula anterior que a aprendizagem organizacional pode ser entendida como, o processo de busca dos gestores para aprimorar o desejo e a capacidade dos envolvidos na organização, visando compreender e gerir o ambiente organizacional de modo que possam tomar decisões que contribuam com o aumento da eficácia organizacional. Aprendemos também que a organização para se tornar uma organização voltada ao aprendizado, precisa apresentar cinco características essenciais: sistematizar a solução de problemas, envolver seus colaboradores a buscar novos conhecimentos, aprender com as próprias experiências e com práticas alheias, assim como ser eficiente na disseminação do conhecimento dentro da organização. Nesta trilha entenderemos como a Gestão do Conhecimento é importante para a organização no que tange a aprendizagem e a capacitação dos colaborares. Vamos lá? Segundo Antonello et al (2011, p. 22) “aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento são dois conceitos desenvolvidos paralelamente na nova economia e, frequentemente, recorrem um ao outro em suas definições e práticas”. A compreensão da aprendizagem organizacional e sua relação com a gestão do conhecimento é preponderantemente importante. Mas primeiro, precisamos entender o que é o conhecimento e o que ele representa para a organização contemporânea. Para tanto, preciso explicar que não iremos nos aprofundar nos conceitos filosóficos acerca do assunto, mas sim trataremos do entendimento à luz da gestão do conhecimento. O conhecimento adquiriu o papel precursor de mudança de uma economia de produção para uma economia de serviços, onde passou a ser fonte de valor agregado às empresas. Para Fleury (2004, p.88-89): TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 29 A crescente importância do conhecimento nos modelos organizacionais sugere não apenas que ele é um ativo que pode ser armazenado, recuperado e transferido para terceiros em conta- gotas, como também que cada vez mais é possível transformar conhecimento intangível em produtos específicos. Carbone (2006, p.38-39) evidencia que “o conhecimento é um processo constante de movimento e mudança, voltado para o futuro, na medida em que influencia a tomada de decisão e implica ação de significado relevante”. Assim, no momento contemporâneo, globalizado e com inovações tecnológicas constantes, as empresas necessitam criar conhecimento novo, alimentá-lo e disseminá- lo pela organização, bem como incorporá-lo às tecnologias, produtos e serviços. A incorporação desse conhecimento é um fator desafiador para organizações que desejam atribuir às práticas gerenciais o conhecimento especializado dos indivíduos envolvidos e realizar eficazmente a aprendizagem organizacional. O sistema de aprendizagem, segundo Eboli et al (2010, p. 14) “têm desempenhado um papel estratégico na construção da competitividade empresarial por meio do desenvolvimento das compete ̂ncias humanas de forma atrelada às competências empresariais”. Nesse sentido, o conhecimento contido na organização passa a ser o foco das discussões das entidades que pretendem se manter competitivas. Assim, pode-se retomar o cientista Michael Polanyi (1966), que é precursor no entendimento sobre o conhecimento tácito e explicito, para compreender como ele se dá também no âmbito organizacional. 5.2. O conhecimento tácito e o explícito O conhecimento tácito é o princípio dominante de todo o conhecimento, sendo que o conhecimento explícito é entendido como verdadeiro a partir do entendimento tácito. Ruas et al (2006, p. 193) define este conhecimento o baseado nos estudos de Nonaka e Takeuchi (1997) como “aquele que advém dos modelos mentais das pessoas e de fatores difíceis de explicitar racionalmente, como a intuição, por exemplo”. O quadro 2 evidencia os tipos de conhecimento elencados por Nonaka e Takeuchi (1997). TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 30 Conhecimento Tácito (Subjetivo) Conhecimento Explícito (Objetivo) Conhecimento da experiência (corpo) Conhecimento da racionalidade (mente) Conhecimento simultâneo (aqui e agora) Conhecimento seqüencial(lá e então) Conhecimento análogo (prática) Conhecimento digital (teoria) Título: Tipos de conhecimentos na organização Fonte: Nonaka e Takeuchi, 1997, p.67. Desta maneira, o autor preconiza o entendimento do conhecimento tácito a partir do fato de que não é possível codificá-lo em sua totalidade, uma vez que esse conhecimento é pessoal e que é possível saber muito mais do que se pode escrever ou representar. Te proponho uma breve reflexão: Você já parou para pensar em quanto conhecimento há “arquivado” em você? Quanto eles são importantes nos processos organizacionais da empresa em que você trabalha, no seu cotidiano em casa ou no seu convívio familiar? Como tirar das pessoas todo esse conhecimento e transmiti-lo de forma eficaz? Esse é o desafio das organizações! Podemos inferir, portanto, que o conhecimento tácito, tida como uma forma de conhecimento intuitiva e inconsciente, é tanto uma forma de conhecimento pessoal, dificilmente compartilhada com os demais, como também uma forma de conhecimento social, mantido pelas comunidades de prática no ambiente de trabalho. Já o conhecimento explícito “é aquele sistematizado e formalizado, disponível em papel ou arquivos de computador acessível às pessoas.” (RUAS et al, 2006, p. 193). Este tipo de conhecimento pode ser transmitido, de forma sistemática e rápida formalmente aos indivíduos, por meio de treinamentos, manuais, procedimentos operacionais. A disseminação do conhecimento explícito está intimamente ligada à tecnologia da informação, pois é através dela que a organização coleta, classifica e armazenatodo o tipo de informação para disponibilizar aos colaboradores, atráves de ferramentais informacionais, como portais do conhecimento e intranets, por exemplo. Em resumo, podemos dizer que o conhecimento deriva de um conjunto complexo de informações oriundas do conhecimento tácito e explícito, sendo o indivíduo principal responsável no processo, pois o constrói por intermédio de experiências, intuições, educação formal, tanto quanto utilização da informação e da lógica. TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 31 5.3. Os modelos de conversão do conhecimento As organizações se interessam em conhecer os processos de conversão do conhecimento tácito em explícito e aplicá-los, pois, dessa forma, fomentam a criação e, por consequência, o registro do conhecimento na organização. De acordo com Nonaka e Tekeuchi (1997, p. 67) “conhecimento humano é criado e expandido através da interação social entre conhecimento tácito e o conhecimento explícito”. Desta forma, outro desafio da organização e dos gestores é fazer com que o conhecimento individual seja explicitado na forma de conhecimento organizacional, ou seja, aplicar a Gestão do Conhecimento na organização. Ruas et al (2006, p.193) explicam os 4 (quatro) modelos de conversão do conhecimento, conforme ilustrado na figura a seguir. Esse modelo de conversão do conhecimento transforma-se em uma “espiral do conhecimento”, denominado modelo SECI , acrônimo de Socialização, Externalização, Combinação e Internalização. Título: Modos de conversão do conhecimento Fonte: Adaptado de Nonaka, I; Takeuchi, (2008). Tanto a socialização quanto a exteriorização estão intimamente ligadas ao conhecimento tácito, quando ocorre a interação social para observação e conversão numa linguagem objetiva, para o compartilhamento do conhecimento. Já a combinação e a interiorização, relacionam-se com o conhecimento explícito, onde há união de TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 32 conhecimentos para geração de outros, tornando-os tácitos novamente. (RUAS et al, 2006). Entendemos contudo que, a criação do conhecimento na organização se dá a partir do conhecimento tácito, presente nas experiências, que a partir da socialização é interiorizada pelos demais sujeitos, tornando-se conhecimento explícito. Este entendimento é necessário para compreensão da aprendizagem organizacional em sua essência, uma vez que o conhecimento contido na empresa é primeiramente individual, pois o conhecimento é algo intrínseco ao ser humano, envolve crenças, compromisso, entendimento e capacidade de aplicar a informação a uma tarefa. As empresas criadoras do conhecimento, ou seja as organizações que aprendem, são como lugares onde a criação de novos conhecimentos torna-se uma forma de comportamento, isto é, um modo de ser, em que todos são trabalhadores do conhecimento. Enfim, a aprendizagem organizacional é um elemento importante de alavancagem do conhecimento. Entretanto, o processo de conversão do conhecimento se depara com obstáculos de ordem cultural, onde os indivíduos entendem que o conhecimento é sinônimo de poder. Desta forma, a valorização do conhecimento individual em detrimento ao conhecimento do grupo dificulta a evolução da espiral do conhecimento. A criação do conhecimento é um processo intencional e tem o propósito de fomentar ativos organizacionais, sendo o conhecimento tácito uma ferramenta fundamental para a inovação e a competitividade e seu compartilhamento é fonte de crescimento organizacional contínuo. Para que a gestão do conhecimento aconteça de maneira efetiva na organização os envolvidos no processo, desde os colaboradores de linha de frente até a alta direção da organização, precisam estar envolvidos e comprometidos desde a etapa de criação do conhecimento até a utilização dos novos conhecimentos, conforme a aprendizagem organizacional. O processo de implantação de um sistema de gerenciamento do conhecimento, apresenta-se correlacionado às mudanças de cultura e ainda ao planejamento estratégico da empresa. Após esse entendimento, a nova cultura que fomenta a gestão do conhecimento especializado, pode ser transmitida aos colaboradores com o objetivo de integrá-los ao planejamento estratégico. Esse engajamento contribuirá para com as quebras de paradigma de ordem cultural, auxiliando para que os processos fluam de maneira natural, sem traumas. TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 33 O paradigma de treinamento entende o processo de capacitação unicamente baseado em programas formais de instrução técnica e funcional para os diferentes cargos da organização, utilizando profissionais internos e externos como única fonte de conhecimento. Contrário a esse conceito, o paradigma do aprendizado considera também os programas informais de aprendizado, como discussões de ideias, técnicas comportamentais e de experiências estratégicas, utilizando todos os colaboradores da empresa como fonte de conhecimento, responsabilizando todos os envolvidos pela capacitação. Assim, o desafio é garantir que a organização trace estratégias para executar um bom projeto de gestão do conhecimento, incutindo esses propósitos na cultura organizacional e alinhando a comunicação desde a alta administração até os colaboradores de linha de frente da organização. 5.4. As ferramentas da Gestão do Conhecimento E na prática, como ocorre a gestão do Conhecimento? Na prática a Gestão do conhecimento ocorre através de ferramentas ou práticas relacionadas ao processo organizacional que podem ser agrupadas em 3 categorias, conforme quadro a seguir (BATISTA, 2006): Agrupamento Objetivo Gestão de recursos humanos Facilitar a transferência, disseminação e compartilhamento do conhecimento e da informação. São exemplos de práticas relacionadas a esta prática o coaching, universidades corporativas, comunidades de prática, dentre outras. Estruturação de processos organizacionais Facilitar a geração, retenção, organização e disseminação do conhecimento organizacional. São exemplos de práticas relacionadas a esta categoria o mapeamento do conhecimento, gestão do capital intelectual, dentre outras. TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 34 Base tecnológica e funcional Dar suporte à gestão do conhecimento organizacional, incluindo a automação da gestão da informação, dos aplicativos e das ferramentas de Tecnologia da Informação (TI) para captura, difusão e colaboração. São exemplos de práticas desta categoria intranets, sistemas de workflow, gestão eletrônica de documentos (GED), entre outras. Título: Agrupamento das ferramentas da Gestão do Conhecimento por categorias Fonte: IPEA (2006). Adaptado pela autora. As ferramentas da gestão do conhecimento quando postas em prática, auxiliam de maneira significativa na organização e otimização dos processos organizacionais, fazendo com que a empresa obtenha melhores resultados e mantenha-se competitiva. Conheceremos mais sobre a ferramenta Universidade corporativa mais adiante! Isto está na rede Quer saber mais sobre as ferramentas da Gestão do Conhecimento. Acesse o link: http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/2702/1/TD_1181.pdf. Lá você encontra o artigo de Fabio Batista, um estudo realizado pelo IPEA. Fonte: http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/2702/1/TD_1181. http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/2702/1/TD_1181.pdf http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/2702/1/TD_1181 TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 35 AULA 6 PROCESSOS E ESTRUTURA ORGANIZACIONAIS 6.1. Administração estratégica para a gestão de pessoas Primeiramente, é importante entender que a administração estratégica de pessoas faz parte da gestão que tem como objetivo principal, por meiode suas intervenções, a otimização dos resultados organizacionais e da qualidade das pessoas, ou dos trabalhadores que a compõem. Portanto, a gestão estratégica de pessoas é diferente da gestão tática-operacional de pessoas, e o motivo se dá porque, no organograma da empresa, a área se posiciona como função de staff, e não como função de linha (MARRAS, 2000). Título: Exemplo de posição orgânica da gestão estratégica de pessoas Fonte: A autora. Conforme observado a posição onde se encontra a consultoria em RH representa uma função de staff ou de aconselhamento, a base estratégica da organização. Consegue-se perceber que está logo abaixo à diretoria presidente, no entanto, por estar fora da linha contínua dos demais diretores, o que significa que não está acima dos demais diretores, não é um departamento constituído por responsabilidades TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 36 táticas-operacionais, mas sim tem a incumbência de acompanhar todas as áreas organizacionais e aconselhar para direcionar as tomadas de decisões. Esse posicionamento evidencia o que representa a real função da administração de pessoas, que é assessorar e prestar subsídio cognitivo à base da empresa (CEO, presidente, diretores) em questões relacionadas a qualidade dos talentos que compõem a organização, desenvolvimento individual e organizacional, políticas de manutenção para a gestão de pessoas, produtividade, qualidade total, entre outros. Este modelo, embora não seja inovador em pleno século XXI, ainda é um tabu para muitas organizações e também para profissionais da área de gestão de pessoas, que estão acostumados com tarefas tático-operacionais e, simplesmente, a trabalhar com uma equipe técnica que executa serviços de relações trabalhistas, profissionais para treinamento, mas não quer sair da sua zona de conforto e inovar. De acordo com o exemplo de Albuquerque (1988), há diferenças de atribuições em cada nível de atuação. Níveis Seleção Avaliação Compensação Desenvolvi- mento Estratégico Definição das características do pessoal da empresa, a longo prazo. Adequação dos sistemas interno e externo às previsões sobre o futuro da empresa. Aspectos a serem avaliados a longo prazo. Definição de meios para avaliar dimensões futuras. Identificação de talentos em potencial. Previsão de remuneração no futuro (no mundo). Vinculação desses diagnósticos de remuneração às estratégicas de longo prazo da empresa. Planejar meios para formar pessoal que conduzirá a empresa no futuro. Fixar métodos flexíveis, ajustáveis às mudanças de circunstâncias. Formular planos de carreira. Tático Validação dos critérios de seleção. Formulação de plano de recrutamento de pessoal no mercado. Busca de novos mercados para recrutamento do pessoal. Elaborar sistemas para adequar o atual potencial de pessoal com as futuras necessidades. Centros de assessoria para treinamento. Formular planos individuais de compensação a médio prazo. Idealizar planos de benefícios complementares. Organizar programas de formação gerencial. Executar atividades de D.O. Estimular o TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 37 Operacional Planejamento de necessidades de pessoal. Aplicação de planos de recrutamento. Sistemas de avaliação anual. Sistemas de controle diário. Administração de salários e saldos. Administração de planos de benefícios. Executar os planos de desenvolvimento de habilidades. Promover treinamento no próprio trabalho. Título: Diferenças entre gestões Fonte: Albuquerque (1988, p. 256). É válido compreender que a administração estratégica de pessoas deve, além de estar relacionada ao planejamento estratégico organizacional, introduzir em suas políticas mudanças de paradigmas que interfiram positivamente: • no rumo dos resultados organizacionais, contribuindo para maiores índices de qualidade e produtividade no trabalho, por meio do desempenho humano; • no perfil cultural da organização, de forma a permitir ambientes participativos e comprometidos entre os funcionários e empresa por meio de alinhamento de objetivos (MARRAS, 2009). Para tornar isso possível, é necessário que a gestão de pessoas crie e difunda em toda a estrutura organizacional diretrizes estratégicas que permitam tornar realidade o planejamento organizacional como um todo. Isso refletirá em todas as atividades da gestão de pessoas, como: 1. Processo seletivo: em vez de simplesmente buscar ‘a pessoas certa para o lugar certo’, agora deve-se buscar colocar ‘a pessoas certa para a empresa certa’, ou seja, existe amplitude do processo seletivo que era voltado para o cargo e agora se estende para a organização como um todo. 2. Desenvolver espelhos: formar multiplicadores dentro da organização que poderão refletir para os demais os valores e crenças organizacionais, que são os chamados talentos organizacionais. 3. Remuneração estratégica: trata-se de um modelo de remuneração que beneficia na medida exata cada funcionário pelo sua contribuição para o sucesso do negócio. 4. Plataforma motivacional: criar condições para a motivação dos indivíduos na organização. Para isso é importante pensar em: como estimular os funcionários a atingirem seus objetivos pessoais e profissionais; não desmotivar o time com TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 38 ambientes, condições ou políticas inadequadas; e dar condições para que os funcionários atinjam um nível médio de qualidade de vida. 5. Cultura organizacional: fortalecer e promover a cultura da empresa, pois é por meio dela que a empresa fixa a marca do seu perfil no mercado e também orienta o comportamento dos funcionários da organização. 6. Desenvolvimento organizacional: planejar e acompanhar o crescimento organizacional do indivíduo a longo do tempo, garantindo o atingimento dos objetivos traçados na organização. 7. Gerenciar mudanças: no contexto atual, mudanças são constantes no âmbito organizacional. Entretanto, é necessário preparar a equipe para as mudanças, de forma que aconteça de forma organizada e produza bons resultados. Logo, aplicar técnicas de mudanças pode fazer a diferença de forma positiva para a empresa. Ou seja, para tornar possível uma administração estratégica de pessoas, é necessário um trabalho árduo e contínuo, para criar, difundir e manter por toda a estrutura organizacional diretrizes estratégicas que permitam tornar realidade uma gestão estratégica focada em pessoas e em resultados competitivos. TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 39 AULA 7 INTRODUÇÃO AO TREINAMENTO DE PESSOAS 7.1. O TREINAMENTO NA ORGANIZAÇÃO As empresas preocupadas com a valorização do seu capital humano investem em programas de treinamento aos colaboradores, tendo em vista que os colaboradores capacitados e participando constantemente de programas de desenvolvimento, contribuem para o desempenho eficaz da unidade organizacional. E isso é só tem a contribuir para bons resultados, concorda? Assim, podemos dizer que o treinamento visa oferecer às pessoas das organizações uma capacitação que aborde suas atuais ou futuras responsabilidades, desenvolvendo seu potencial para execução das tarefas. Como objetivo fim, independentemente do foco estar na pessoa ou na tarefa, é fazer com que o indivíduo aprenda, ou seja, que ocorra o aprendizado primeiro individual para que posteriormente se caracterize o aprendizado organizacional. Como vimos anteriormente o aprendizado organizacional ocorre como uma parceria entre o colaborador, detentor do conhecimento tácito, e a empresa que proporciona oportunidade para aprendizagem. O conhecimento oriundo de experiências e vivências do indivíduo, dificilmente se concretiza por completo, explicitamente em forma de documentos, palestras ou treinamentos,mas é parte fundamental no processo de aprendizagem organizacional. Lembra-se que já falamos sobre isso na trilha anterior? Pois bem, a gestão do conhecimento ocorre também no processo de treinamento dentro da organização, onde as pessoas são preparadas para desenvolver suas tarefas de maneira mais satisfatória, fazendo com que os processos de execução de tarefas sejam constantemente aprimorados. Com isso, as empresas podem crescer com processos realizados de maneira excelente, e as pessoas, individualmente ou em equipe, também crescem por obterem uma formação continuada. TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 40 7.2. Educação, treinamento e desenvolvimento: há diferença? A linha entre educação, treinamento e desenvolvimento é tênue. Para Meneses et al (2010, p. 17) “a diferença crítica refere-se ao fato de que ações de desenvolvimento são planejados e direcionados para o crescimento pessoal do empregado, sem manter relações estritas com o trabalho em determinada organização”. Ou seja, orientado para ações de longo prazo, visando futuras responsabilidades. Pois bem, vamos ao entendimento do que é treinamento? O treinamento surgiu da necessidade de profissionalização interna e pouca visão de competitividade das empresas, inclusive por ser a única ferramenta que as organizações detinham para profissionalizar seus colaboradores, tendo em vista as deficiências da educação formal. Por isso, tiveram importante papel na realidade organizacional em termos de desenvolvimento dos colaboradores (PACHECO, 2005). Entendemos como treinamento as atividades voltadas à capacitação do colaborador ao exercício da função para qual foi contratado. Dependendo da atividade e função, o treinamento requer do colaborador uma qualificação profissional prévia que pode ser uma licença para o exercício da função ou relacionada a obtenção de títulos (SAMPAIO, TAVARES, 2001). O treinamento então visa questões relativas ao desempenho a curto prazo, e apesar da diferença entre treinamento e desenvolvimento, há algo em comum: os dois termos focam no crescimento dos funcionários, seja para o curto ou para o longo prazo, aprimorando a base de habilidades. Título: Treinamento e Desenvolvimento Fonte: Elaborado pela autora (2020) TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 41 Mas todo tipo de treinamento organizado pela empresa é igual? Voltado somente à técnica para exercício da função? Não exatamente. Entenderemos mais a seguir. 7.3. Tipos de treinamento organizacional O treinamento se apresenta de duas formas distintas: técnica e comportamental. Você sabe exatamente a diferença entre eles? Os treinamentos técnicos, segundo SAMPAIO, TAVARES (2001, p. 5) são “os esforços de complementar a formação profissional, com conhecimentos e práticas ligados a essa, que não foram contemplados durante a formação profissional, por serem muito específicos ao cargo ou por outra razão”. Ou seja, a empresa disponibiliza ao colaborador conhecimentos específicos a tarefa a ser realizada, por meio do treinamento, repassando a expertise, experiências já vivenciadas e técnicas propriamente ditas que de maneira fundamental fará com que o colaborador desempenhe bem a função. Podemos citar como exemplo, um treinamento sobre a utilização de um novo software adquirido pela empresa para aprimorar a atividade organizacional, ou sobre o manuseio de alguma máquina nova. Quando falamos em treinamento comportamental nos remetemos ao relacionamento interpessoal no ambiente de trabalho. Podemos citar como exemplo desse tipo de treinamento, a formação de líderes, palestras motivacionais, avaliação 360°. Podemos citar ainda como principais tipos de treinamentos utilizados nas organizações contemporâneas: TIPO DE TREINAMENTO CARACTERÍSTICAS Integração de novos colaboradores visa ambientar e integrar novos colaboradores, objetivando sua inserção no contexto organizacional, repassando os valores, visão, missão, história, cultura, estrutura organizacional, entre outras informações importantes. Segurança no trabalho os treinamentos específicos de segurança e medicina no trabalho aplicado dependem do segmento da empresa e do grau de risco da atividade desenvolvida. Esse treinamento deve ser aplicado aos novos colaboradores e anualmente, para atualizações TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 42 Treinamento de estagiários e trainee esse programa pode ocorrer separadamente na organização e objetivam identificar novos talentos Treinamento específico para certificação destinam-se às empresas que desejam certificações como, por exemplo, na implantação de sistemas de gestão da segurança e da saúde no trabalho conforme a norma OHSAS 18001, assim como as demais normas ISO 9001 da gestão de qualidade e ISO 14001 de gestão ambiental Título: Tipos de Treinamento Fonte: Elaborado pela autora (2020) Você já participou de algum programa de treinamento de integração? Segundo PACHECO (2006, p.71) o treinamento de integração apresenta benefícios como o “alinhamento estratégico, sentimento de valorização por parte do novo empregado e a redução do tempo para conhecimento da cultura e dos valores.” Esse treinamento pode ser utilizado também a usuários externos à organização, como prestadores de serviços, por exemplo. O programa de integração ocorre também em outros níveis, como pós-promoção e reintegração de colaboradores. Na pós-promoção o colaborador é integrado a nova função recebendo orientações gerais e técnicas sobre o cargo. No caso de reintegração de colaboradores ocorre a atualização apresentando coisas novas inseridas ao manual. Já o programa de estágio, por exemplo, tem sido utilizado pela empresa para captação de novos empregados, embora ambos visam identificar novos talentos. Para Pacheco (2006, p.72) os treinamentos “diferem em termos de custos, tanto na captação e desenvolvimento quanto na manutenção dos jovens profissionais”. Diferem também quanto a exigência de qualificação dos interessados em ingressar no programa. O programa trainee se aplica aos jovens recém-formados, com até 2 anos de formados, e ocorre contratação. Já o programa de estágio recruta jovens universitários e de nível médio que tem interesse em ingressar no mercado de trabalho. Mas quando a empresa deve realizar um treinamento? Imagine que você é gestor de Treinamento e Desenvolvimento (T&D) de uma empresa industrial com 200 colaboradores, sendo que 70% deles fazem parte do setor produtivo. Que critério utilizaria para realizar um programa de treinamento para esses colaboradores? Contemplaria sua totalidade? Você escolheria quais recursos para efetivar o treinamento? Primeiro precisamos entender que o treinamento deve ser realizado com um propósito inicial. Qual a real necessidade para realização do treinamento? As necessidades do TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ME. JULIANA DE CASSIA BENTO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 43 treinamento são entendidas segundo SILVA, MENESES (2012, p.30) “como lacunas nos repertórios de conhecimentos, habilidades e atitudes (CHAs) disponíveis para o trabalho individual ou de determinados grupos e equipes profissionais”. Mas como saber quais são os hiatos de competências existentes na organização? Uma avaliação de desempenho identificará os desvios e divergências de competências esperadas e encontradas na organização. Carbone, et al (2006, p.43) define competência como “a combinação sinérgica de conhecimento, habilidade e atitude, expressas pelo desempenho profissional dentro de determinado contexto organizacional, que agregam valor a pessoas e organizações”. A gestão de competências engloba a educação, treinamento e desenvolvimento. Por isso o termo competência ou competência essencial é um termo bastante utilizado pelas organizações e pelos programas de T&D. Anote isso Você conhece
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