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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - UFMG Relatório 3 - Reatividade dos álcoois e destilação simples (Cloreto de terc-butila) Carlos Eduardo Costa Dos Santos Lara Raquel Silva Maria Luiza Martins Rodrigues Vinícius Costa Cruz QUI210 - Diurno Belo Horizonte, 19 de janeiro 2021 1. Introdução teórica A destilação simples é um processo de separação dos componentes de uma mistura homogênea, que se baseia na diferença dos pontos de ebulição desses componentes. É utilizada para misturas nas quais os componentes apresentam grande diferença nos pontos de ebulição. Já a extração, se baseia no princípio da distribuição de um soluto entre dois solventes imiscíveis. O processo de extração, ou seja, a separação de substâncias utilizando solventes é geralmente empregada, quando se quer isolar uma substância que se encontra dissolvida em outra substância líquida.. Às vezes, a substância a isolar está misturada com um sólido insolúvel nos solventes orgânicos. O processo também é empregado quando se quer afastar de uma substância as impurezas nela contidas. Além disso, a extração pode ser contínua ou descontínua. Assim, na extração contínua ou extração líquido-líquido (extração por solvente) , método a ser utilizado nesta prática, refere-se a uma operação na qual dois componentes de uma mistura líquida são separados pelo contato com um solvente insolúvel o qual dissolverá preferencialmente um ou mais componentes. Nesta operação, a separação dos componentes depende da diferença da distribuição dos componentes entre os líquidos imiscíveis. A solução de alimentação representa uma fase e o solvente a ser usado para efetuar a operação representa a segunda fase. Existem diferentes tipos de condensadores com características distintas (Figura 1). Esta diferença consiste no resfriamento dado ao vapor gerado. O condensador de bola , onde tem-se um sistema de refluxo, não coleta o material e sim, aproveita o conteúdo contido no condensador durante o processo. A ebulição ocorre de forma lenta por percorrer as bolas. O condensador reto ou condensador de Liebig é utilizado nas destilações em que o líquido entra em ebulição mais rapidamente produzindo grande quantidade de vapor, percorrendo todo cilindro reto. O condensador em espiral proporciona o processo o mais lento processo de ebulição dos três citados. Também possui um processo de refluxo e sua fase de resfriamento é maior. Ademais, pode ser utilizado acoplado a um evaporador rotatório. Figura 1 - Tipos de condensadores. Fonte: https://www.laborquimi.com.br/condensador-refluxo Como serão utilizados dois métodos de separação, vale destacar uma comparação entre estes. Quando a separação por destilação ou por extração forem possíveis a escolha usualmente é a destilação, apesar da necessidade de aquecimento e resfriamento. Quando a extração é usada o solvente deve ser recuperado para reuso e a extração é seguida então por uma destilação para recuperar o solvente. As duas operações combinadas são mais complexas e mais onerosas com relação a destilação. A extração dos componentes é uma alternativa atrativa quando a separação por destilação é difícil. As duas técnicas possuem importância na indústria sendo utilizadas em vários setores. A destilação simples é comumente usada nas indústrias sucroalcooleiras, na produção de combustíveis e destilados como a cachaça, vinhos e outras bebidas. Este método de separação também pode ser empregado na dessalinização da água do mar. A extração (líquido/líquido e sólido/líquido) é muito comum no tratamento de minérios mas também na indústria alimentar, farmacêutica e de cosmética e na produção de óleos essenciais, assim como na purificação de correntes efluentes com vista a retirar contaminantes indesejáveis e tóxicos, que já existem em muito pequena quantidade, como por exemplo na remoção do fenol na produção de policarbonato. https://www.laborquimi.com.br/condensador-refluxo 2. Objetivos Ilustrar experimentalmente uma reação de substituição nucleofílica e preparar o cloreto de terc-butila numa reação de substituição nucleofílica do terc-butanol. 3. Materiais Funil de separação de 250 mL (1), provetas de 10 e 50 mL (2), erlenmeyer de 120 mL (3), suportes (4), anel (5), aro ou tripé(6), tela de amianto (7), bico de gás (8), garras (9), mufas (10), balão de destilação de 125 mL (11), condensador reto (12), termômetro (13), funil de haste longa (14), mangueiras (16), alonga (17). Figura 2 - Materiais necessários para os procedimentos. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=Hs0ul_b4kfc&feature=youtu.be 4. Reagentes Água destilada (1), NaHCO3 aq. 5% (2), CaCl2 (3), ácido clorídrico concentrado(4), álcool terc-butílico (5), AgNO3 aq. 10% (6). Figura 3 - Reagentes utilizados. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=Hs0ul_b4kfc&feature=youtu.be Procedimento Na etapa de preparação do cloreto de terc-butila a partir do terc-butanol foi utilizado agitação em meio ácido. Então, foi adicionado 10 mL de álcool terc-butílico e 33 mL de ácido clorídrico concentrado em um funil de separação de 250 mL, sendo agitado cuidadosamente para evitar a formação de emulsão. A agitação foi feita durante 15 minutos até que todo o gás proveniente da reação tenha sido liberado, abrindo-se a torneira, com o funil invertido e inclinado (Figura 1), a fim de diminuir a pressão interna. https://www.youtube.com/watch?v=Hs0ul_b4kfc&feature=youtu.be Figura 4 - Posição para liberação da pressão. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=Hs0ul_b4kfc&feature=youtu.be Em seguida, o funil de separação foi deixado em repouso por alguns minutos, com a finalidade de que haja a separação completa da mistura em duas fases, a fase orgânica e a fase aquosa-ácida (límpida). Após, com a finalidade de extrair subprodutos e impurezas formadas pela reação, foi seguido uma etapa de adição de solventes. Primeiramente, foi adicionado 20 mL de água destilada no funil, sendo o mesmo agitado e recolhido a fase inferior (aquosa) em um béquer. Posteriormente, foi adicionado 20 mL de NaHCO3 5%, sendo o funil agitado e recolhida a fase aquosa. Na última etapa foi adicionado novamente 20 mL de água destilada, agitando e recolhendo a fase aquosa em um béquer. A fase orgânica foi transferida, pela abertura superior do funil de separação, para um erlenmeyer de 120 mL. Em seguida, foi adicionado uma quantidade de agente secante (CaCl2) que cubra o fundo do recipiente ou deixe a solução totalmente límpida, não sendo necessário então a utilização da porcelana de destilação. Após, o líquido do erlenmeyer foi filtrado para a remoção do agente secante e então transferido para um balão de 125 mL. O procedimento foi seguido pela montagem do sistema de destilação, começando pelo suporte universal, bico de gás e terminando no frasco coletor e alonga (Figura 2). Em seguida, foi iniciado o processo de separação do cloreto de terc-butila. As primeiras gotas obtidas foram descartadas em um outro recipiente. Assim, foi recolhida em uma proveta, aproximadamente 3mL da fração de ponto de ebulição 45-55 °C. Após o término da destilação, a alonga foi removida e o produto identificado com uma caneta de vidraria. Figura 5 - Montagem do sistema de destilação simples. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=Gy-jJ0RhGI4&feature=youtu.be Com a finalidade de identificação do grupo funcional e confirmação do produto obtido na destilação simples, foram adicionadas duas gotas de AgNO3 10% à proveta em que a amostra foi recolhida da destilação. 5. Resultados e discussão Na etapa de preparação ocorre a transformação do álcool terc-butílico, mediante agitação com ácido clorídrico concentrado, em cloreto de t-butila. Nesse momento ocorreu uma reação de Substituição Nucleofílica de primeira ordem (SN1). O mecanismo (Figura 6) mostra que o grupo OH- (hidroxila) do álcool terciário foi transformado em um bom grupo abandonador, através da protonação por um átomo de hidrogênio, sendo então substituído pelo íon cloreto (Cl-). A escolha de um álcool terciário para essa reação em detrimento de primário ou secundário se deu pois este torna a reação mais rápida, devido a formação de um carbocátion mais estável, além de permitir que ela ocorra em temperatura ambiente. Figura 6 - Mecanismo da reação SN1 Fonte: Elaborado pelo autor Após a agitação e repouso do funil de separação, duas fases foram observadas, sendo uma aquosa e inferior composta por H2O e HCl que não reagiram por estarem em excesso e outra orgânica e superior, contendo o cloreto de t-butila. A formação das fases foi observada pois o cloreto de t-butila não é solúvel no meio (Figura 7). Figura 7– Esquema ilustrando a separação de fases após a agitação do funil de separação Fonte: https://hp.unifor.br/hp/disciplinas/n307/pratica_02_sintese_do_cloreto_de_tert_butila.pdf Durante a elaboração da reação, houve um momento em que bicarbonato de sódio, uma base, foi adicionado ao funil de separação com a finalidade de neutralizar qualquer traço de HCl ainda presente na fase orgânica. A reação descrita abaixo mostra que ocorreu a formação de CO2, o qual foi liberado quando a torneira do funil foi aberta aos poucos durante a agitação. NaHCO3 + HCl → NaCl + CO2 + H2O Ao final da etapa de elaboração, CaCl2 anidro foi adicionado pois se trata de uma substância higroscópica, assim, os traços de água que restaram na fase orgânica foram absorvidos. https://hp.unifor.br/hp/disciplinas/n307/pratica_02_sintese_do_cloreto_de_tert_butila.pdf Após o processo da destilação simples, foi obtido um líquido incolor que em seguida foi comprovado se tratar do cloreto de t-butila puro, por meio do teste para a caracterização de haleto de alquila com nitrato de prata (AgNO3), envolvendo novamente uma reação de substituição nucleofílica, com precipitação. Um haleto de alquila na presença de AgNO3 gera um precipitado, de acordo com a reação: Ag+ + Cl- → AgCl 6. Conclusão Esta prática nos deu oportunidade de observar na prática uma reação muito utilizada e discutida na química orgânica, a substituição nucleofílica. De acordo com a literatura pudemos afirmar que o mecanismo envolvido na formação do cloreto de t-butila foi o mecanismo SN1 , uma vez que o substrato da reação, o Terc-Butanol é um álcool terciário e favorece este mecanismo devido a formação de um carbocátion mais estável na etapa lenta da reação além da mesma ter sido realizada em temperatura ambiente, o que não favorece competição com reação de eliminação. 7. Referências bibliográficas ● MACHADO, A.M.R; VIDIGAL, M.C.S; SANTOS, M.S. Química Orgânica Prática. Belo Horizonte, Revisão 2006. ● FERREIRA, H.H.J; VIDIGAL, M,C,S. Introdução à Química Experimental. Belo Horizonte, Revisão 2004. ● Universidade de São Paulo. Extração Líquido-Líquido. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4469845/mod_resource/content/1/Extra%C3%A 7%C3%A3o2007A.pdf#:~:text=Tanto%20a%20destila%C3%A7%C3%A3o%20quanto %20a,ao%20calor%20usado%20na%20destila%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 16 jan, 2021. ● FCTUC Departamento de Engenharia Química. Faculdade de Ciências e Tecnologia. Universidade de Coimbra .Portal da Engenharia Química-Fundamentos. Portal Laboratórios Virtuais de Processos Químicos. Disponível em: .http://labvirtual.eq.uc.pt/siteJoomla/index.php?option=com_content&task=view&id=63 &Itemid=148. Acesso em: 16, jan 2021. https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4469845/mod_resource/content/1/Extra%C3%A7%C3%A3o2007A.pdf#:~:text=Tanto%20a%20destila%C3%A7%C3%A3o%20quanto%20a,ao%20calor%20usado%20na%20destila%C3%A7%C3%A3o https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4469845/mod_resource/content/1/Extra%C3%A7%C3%A3o2007A.pdf#:~:text=Tanto%20a%20destila%C3%A7%C3%A3o%20quanto%20a,ao%20calor%20usado%20na%20destila%C3%A7%C3%A3o https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4469845/mod_resource/content/1/Extra%C3%A7%C3%A3o2007A.pdf#:~:text=Tanto%20a%20destila%C3%A7%C3%A3o%20quanto%20a,ao%20calor%20usado%20na%20destila%C3%A7%C3%A3o http://labvirtual.eq.uc.pt/siteJoomla/index.php?option=com_content&task=view&id=63&Itemid=148 http://labvirtual.eq.uc.pt/siteJoomla/index.php?option=com_content&task=view&id=63&Itemid=148 ● Vidrarias de Laboratório. Condensador. Disponível em: http://www.vidrariadelaboratorio.com.br/condensador/. Acesso: 18 jan, 2021. http://www.vidrariadelaboratorio.com.br/condensador/
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