Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FASP - FACULDADE DE SÃO PAULO CURSO de DIREITO ANDRÉ CESAR COSTA RA: 20166010622 JOSÉ MIGUEL DOS SANTOS RA: 0109102811 SÍNDICO E A RESPONSABILIDADE CIVIL SÃO PAULO - SP 2019 ANDRÉ CESAR COSTA RA: 20166010622 JOSÉ MIGUEL DOS SANTOS RA: 0109102811 SÍNDICO E A RESPONSABILIDADE CIVIL Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade de São Paulo como requisito para a obtenção de Bacharel em Direito Professor Orientador: Marcelo Mariano SÃO PAULO - SP 2019 AGRADECIMENTOS • Ao nosso orientador Prof. Marcelo Mariano, por ter nos aceitado como orientando e conduziu o desenvolvimento deste trabalho com enorme dedicação. • Aos nossos professores que durante toda a vida acadêmica nos transferiram amplo conhecimento jurídico, além de sanaram nossas dúvidas. • A Faculdade de São Paulo - Uniesp por ter nos acolhido como acadêmico. • Aos meus nobres colegas e familiares, que sempre estiveram junto conosco e acompanharam diariamente durante a longa caminhada acadêmica. • Sem dúvida a Deus, pela saúde e nos proporcionar estar concluindo mais uma etapa em nossas vidas. ‘ RESUMO O presente estudo pretende apresentar a importância da responsabilidade civil do cargo de sindico, observando as novas considerações do novo Código Civil, o qual demonstra de forma clara as funções, obrigações e deveres para uma administração eficiente de um condomínio. O estudo abrange de forma sucinta em seu inicio, o surgimento de prédios e condomínios e sua crescente como uma opção de habitação devida o espaço geográfico restrito em grandes cidades, ou até mesmo por questões de segurança como um combate ou solução para amenizar a exposição para altos índices de violência nas ultimas décadas. Passamos adiante demonstrando a importância da responsabilidade civil, onde a atividade humana, em questão o sindico, tem que estar sempre atento, buscando o equilíbrio e se postar como um garantidor da administração coesa e segurança, evitando assim a reparação de prejuízos, danos ou futuras indenizações devido a erros de responsabilidade civil e jurídica. Em sequência o foco para responsabilidade civil do sindico, suas funções e obrigações, todos os campos e departamentos administrativos do condomínio, observando legislações vigentes e suas atualizações. A liderança do sindico nas decisões sobre assuntos estratégicos, buscando sempre o apoio e participação efetiva de todo o corpo diretivo, evitando assim, ações de responsabilidade civis e disponibilização de recursos financeiros para pagamentos em ações judiciais, que em razões de falta de observação de procedimentos importantes e necessários na rotina administrativa. Casos reais e jurisprudências também serão apresentados, reforçando o estudo sempre atualizado das normas, regulamento interno e procedimentos administrativos e jurídicos, demonstrando de forma verídica a responsabilidade do sindico de acordo com novo código civil. Palavras – chave: síndico, responsabilidade, condomínio, regulamento, código civil ‘ ABSTRACT The present study intends to inform the importance of civil responsibility of the position of union, observing the new considerations of the new Civil Code, which clearly demonstrates the functions, obligations and duties for an efficient administration of a condominium. The study succinctly covers at its inception, the emergence of buildings and condos and its growing as a housing option due to restricted geographical space in large cities, or even for security reasons as a combat or solution to ease the exposure to high levels of violence in the last decades. We go on to demonstrate the importance of civil liability, where human activity, in question the union, must always be attentive, seeking balance and stand as a guarantor of cohesive management and security, thus avoiding the repair of damages, damages or future indemnities due to errors of civil and legal liability. Following the focus for civil liability of the syndicate, its functions and obligations, all fields and administrative departments of the condominium, observing current legislation and its updates. The leadership of the syndicate in the decisions on strategic matters, always seeking the support and effective participation of the whole directive body, thus avoiding civil liability actions and making available financial resources for payments in lawsuits, that in reasons of lack of observation of procedures important and necessary in the administrative routine. Real cases and jurisprudence will also be presented, reinforcing the always updated study of the norms, internal regulations and administrative and legal procedures, demonstrating truthfully the responsibility of the syndicate according to new civil code. Key words: liquidator, liability, condominium, regulation, civil code ‘ SUMÁRIO INTRODUÇÃO .................................................................................................. 7 1. CONDOMÍNIO ............................................................................................ 8 1.1. Tipos de condomínio ....................................................................... 11 2. SÍNDICO .................................................................................................. 13 2.1. Funções e obrigações do síndico ................................................... 16 3. RESPONSABILIDADE CIVIL ................................................................... 36 3.1. Responsabilidade civil do síndico .................................................. 48 4. JURISPRUDÊNCIA E CASOS JULGADOS ............................................ 55 5. CONCLUSÃO ......................................................................................... 72 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 64 7 INTRODUÇÃO A questão da responsabilidade civil, com o consequente dever de indenizar, tem sido alvo de inúmeras discussões pelos operadores de Direito, dada a sua importância no ordenamento jurídico, não somente brasileiro, bem como no âmbito dos ordenamentos estrangeiros. A responsabilidade civil se aplica em muitas situações rotineiras, porem nem todas são jurídicas, somente nas de atribuição de efeitos, assim surge a responsabilização, dentro do que a lei prevê, transgredindo uma norma civil, gerando uma obrigação de reparo pela lesão transgressora. Prevista desde as mais antigas expressões do Direito dentre a humanidade, a indenização, ou reparação, por dano causado por ação ou omissão de alguém, também está presente nas relações familiares, mais precisamente, nas relações pessoais e comerciais, de que trata o presente trabalho. Há que se lembrar, no entanto, que à luz dos princípios trazidos pela Constituição de 1988, o dever de indenizar é próprio visto, nas relações de pessoas, com muito critério, posto que pela própria preservação do vínculo entre elas e também de ordem comercial, somente em última hipótese deverá o Poder Judiciário interferir com medidas deste cunho. É assim que se deve proceder, e tem sido o entendimento dos Tribunais Superiores, incontestavelmente. Assim, pois, o estudo proposto mostra as consequências da responsabilidade civil sob o enfoque das relações humanas, bem como a maneira que o mencionado instituto se relaciona com os conceitos de dolo e culpa; causado por ação ou omissão de agente e as obrigações advindas e antecedentes ao dever de indenizar. O síndico deve zelar pelo patrimônio no que rege a Constituição, o Código Civil, Convenção, regulamento interno e o que for definido e aprovado em assembleias.Todo esse conjunto de normatização acarretará ampla responsabilidade Civil para a figura do síndico. Desta forma, é importante ter atenção máxima para que não gere qualquer tipo de responsabilidade. 8 1. CONDOMÍNIO O conceito de condomínio é simples ao se falar em propriedade comum de duas pessoas ou mais, sejam elas física ou jurídica, sendo donas de uma propriedade, costuma ser um espaço vertical ou horizontal, onde existem unidades privadas com seu conjunto de direitos e obrigações decorrentes da posse seja como pessoa física ou jurídica, de uma ou mais unidades em um mesmo prédio ou conjunto de casas e em co-propriedade com outras pessoas e a cada unidade é atribuída uma fração ideal. A denominação atualizada no Novo Código Civil refere-se às normas que regulam a administração dos condomínios em edificações, enfatizando partes privadas e as comuns a todos os moradores, colocando como imóveis em geral, casas e prédios. É a parte ou áreas, que não é possível dividir do espaço comum do terreno, proporcional à unidade autônoma de cada condomínio, serão definidas em convenção em forma de percentual fornecida pela construtora que utiliza cálculos de fração. O condomínio é considerado uma extensão de um lar, uma parte da sociedade, em os moradores compartilham direitos e deveres ocupando o mesmo espaço e território, onde discutem em reuniões o bem comum à todos, ou até mesmo, condenando os que não participam de decisões que afetam a rotina de um edificação. O termo condomínio é usado para identificar uma situação em que uma pessoa ou grupo de pessoas tenham o domínio sobre um determinado bem ou propriedade. No segmento imobiliário, os condomínios são realidade em crescimento, principalmente nos grandes centros e impulsionam de forma positiva os empreendimentos imobiliários em todo território nacional. A primeira administração de um condomínio se dará e será organizada a principio pela construtora, que escolhe uma administradora de sua parceria ou confiança, para auxiliar o novo sindico na administração e intermediar pendências e promover soluções devido ao termino e entrega do edifico ou conjunto de casas. 9 Mas existem algumas classificações que precisam ser feitas para uma melhor compreensão do termo, então é comum encontrarmos as classificações horizontais e verticais, residenciais, comerciais e mistos. Outra expressão sobre condomínio é quando ocorre a posse ou domínio de mais de uma pessoa física ou jurídica que simultaneamente são proprietárias de um determinado bem ou imóvel. Os condôminos formam um grupo que possui necessidades e desejos, onde envolvem vários fatores e questões, dentre elas, limpeza, manutenção, funcionários, regras que devem ser cumpridas e ações efetivas sempre serão cobradas direta ou indiretamente ao gestor principal. A convivência em condomínio exige um pleno conhecimento de regras em que as partes, no caso moradores entendam ou observam as leis internas e acatem de forma ampla facilitando a integração em um grupo condominial, uma vez que existem áreas comuns e áreas privativas que são espaços propriedades de todos os moradores. O direito de uso da área comum e a obrigação de conservar o que é de todos são condições básicas para vida em condomínio. Em termos de propriedade, a cada área privada corresponderá uma fração de ideal de terreno da área comum, onde todos devem estar atentos para que haja uma utilização do espaço de forma igualitária. A conservação e manutenção dessas áreas comuns, além de responsabilidade do Síndico em conservá-las, os próprios condôminos também devem contribuir para suas despesas, além de acatar a Convenção, Regulamento Interno e decisões da Assembleia sobre a utilização desses espaços. Outras áreas podem ser inseridas tornando-se parte adicional ao condomínio beneficiando todos os moradores e esses espaços deverá ser utilizados sempre visando o bem estar dos condôminos, tais como “hall” social, salão de festas, piscinas, churrasqueira, sala de ginástica, espaços gourmet, área de recreação e biblioteca e muitos outros que através de sugestões poderão ser criadas ou ampliadas, desde que sejam aprovadas em assembleia. Há também áreas privativas que são do proprietário da unidade ou apartamento, como por exemplo a varanda, onde deverá se adequar as 10 normas e regulamento interno e desta forma não poderá afetar a liberdade e nem o sossego e os bons costumes do outro. Em um condomínio, a comunicação deverá ser simples e de claro entendimento, fatores importantes para evitar o surgimento de conflitos de interesses, muitos não obedecem às regras e procuram distorcer ou interpretar ao seu próprio modo e interesse pessoal, ações que nem sempre correspondem aos itens aprovados em convenção e regulamento interno do condomínio. Visando incentivar o e promover o diálogo e disciplinar é evidente e importante conhecer de forma detalhada os direitos e deveres de cada condômino, bem como atualizar sobre novos aspectos e costumes da vida em condomínio. Para auxiliar, existem documentos importantes e disciplinadores que devem estar presente na rotina do Síndico, que são: o código Civil, a Lei do Condomínio comum a todos; a Convenção do Condomínio e o Regulamento e/ ou Regimento Interno, estes últimos específicos para cada prédio. A grande demanda da função do síndico consiste em fiscalizar e exigir a correta utilização das áreas de um condomínio, através do fiel cumprimento da Convenção e do Regulamento, além de cuidar dos reparos necessários à sua conservação e manutenção. 11 1.1. TIPOS DE CONDOMÍNIO Neste tópico será apresentado de forma rápida e simples quais são os tipos de condomínio e suas particularidades e como devem funcionar dentro das normas e regras de convivência, além das obrigações civis do Síndico. Vertical são os edifícios com formatação de torre, sendo uma ou várias torres ou blocos dentro de um determinado terreno, já o condomínio horizontal é aquele formato onde as construções são feitas uma ao lado da outra, por exemplo um conjunto de casas dentro de um mesmo terreno. Na construção civil o plano horizontal é basicamente conhecido popularmente com um conjunto de casas, o qual está crescendo assustadoramente no Brasil, devido a segurança e lazer que esse tipo de empreendimento poderá proporcionar a famílias em um novo padrão e conceito de vida. O modelo de condomínio horizontal, apesar de ser um modelo muito procurado, deverá com o passar dos tempos ficar ainda mais restrito, isto devido a uma exigência de terreno com maior extensão para a sua construção e com as limitações geográficas cada vez maiores, especialmente nas grandes cidades fica evidente que os condomínios verticais terão muito mais espaço do que os horizontais. O condomínio vertical ou horizontal tem sua construção e estrutura baseada em escritura publica e ditado em convenção onde especificará o terreno em que se pretende ser devidamente construído, seja edifício ou conjunto de casas, classificados pelo órgão competente da Prefeitura conforme legislação vigente. Outra classificação encontrada com facilidade é quanto à finalidade dele, neste caso podemos afirmar que há dois tipos: residenciais e comerciais. O condomínio residencial é aquele destinado a moradia de uma família. Normalmente o contrato de compra de imóveis em condomínio residencial expressa a obrigatoriedade de aquele imóvel ser usado para fins de moradia e normalmente de uma única família. Naturalmente que com a vida moderna, moradia e trabalho às vezes se juntam, mas o que geralmente não é permitido é a construção de prédios comerciais destinados à exploração de atividades comerciais e circulação de pessoas. 12 Já os condomínios comerciais são designados a construção de prédios para a exploraçãoda atividade comercial ou industrial por exemplo. Em muitos casos eles são promovidos pelas prefeituras que desejam atrair empresas, em outros casos são criados por iniciativa privada para aproveitamento comercial do setor. O condomínio misto é a mistura dos dois anteriores, e incorpora imóveis comerciais e residenciais na mesma área. De qualquer forma seja residencial ou comercial, seja vertical ou horizontal, os condomínios são em última instância uma sociedade formada por duas ou mais pessoas e toda sociedade tem conflitos de interesse, de valores, de etnias, de personalidades diferentes e o Sindico deverá lidar com esses leads diferenciados e sempre dentro das regras e preservando a sua responsabilidade civil da sua administração. Geralmente os condomínios são regidos por um contrato onde fica especificados os direitos e deveres de cada condômino e é administrado por uma empresa especializada em administração de condomínios. Para prevalecer a harmonia e uma administração técnica e financeira coesa é importante e necessária a eleição de um síndico qualificado e responsável pela governança, orientação, fiscalização e principalmente plenamente preparado para lidar com eventuais conflitos. Em suma seu papel é fazer valer o contrato e manter a boa ordem do condomínio. 13 2. SÍNDICO Síndico poderá ser comparado a um prefeito já que é o representante legal do empreendimento, em juízo ou fora dele, exercendo a administração completa do condomínio e deverá contar com participação e colaboração de um conselho consultivo e subsíndico, representantes esses, também eleitos em Assembleia Geral. Existe a falsa ideia de qualquer pessoa pode ser síndico, é necessário um conhecimento básico ou até mesmo aprofundado de administração, gestão de pessoas, direito, além de saber ouvir e mediar todos os tipos de conflitos, ainda o mais importante, a nossa exata da responsabilidade civil dos seus atos. O síndico poderá ser morador (a) ou síndico profissional, ou seja, por uma empresa, porém deverá, como ponto fundamental, respeitar a Convenção coletiva. Sendo eleito pela forma e prazo previsto que regularmente é de dois anos e caso queira posteriormente, poderá se candidatar a reeleição. Ao assumir o cargo de síndico muitas vezes motivado pelo momento e incentivado pelos condôminos, o recém-eleito desconhece sua real responsabilidade, somente ao iniciar o seu mandato é que percebe a amplitude e complexidade que é administrar um condomínio e todas as suas particularidades e anseios e expectativas dos moradores. O Síndico é a figura mais importante em um condomínio, consequentemente se torna o mandatário e representante legal do condomínio em questões trabalhistas, jurídicas e administrativas. Pela importância e responsabilidade do cargo, poderá ser acionado judicialmente caso não cumprir com os seus deveres e obrigações, gerando responsabilidade civil e penal sobre seus atos. É salutar e importante citar que em mútuos casos, a concentração das decisões acaba sendo gerenciada por uma única pessoa, fato que ocorre, não por culpa total do sindico, mas pela ausência e falta de participação dos próprios moradores e até mesmo do corpo diretivo. Desta forma o sindico precisa tomar decisões e não pode esperar pela iniciativa ou boa vontade dos conselheiros e moradores. Esse problema que em sua grande maioria é constante, poderia ser minimizado na efetiva presença de todos envolvidos nas assembleias e 14 reuniões, o se evidência o interesse geral em preservar os direitos e futuros projetos que possam beneficiar a população condominial. O grupo de moradores possui como figura e representante legal, o sindico, que, em assembleia devidamente convocada, é eleito e designado mandatário, para administrar o condomínio, conforme artigo 1.347 do Código civil. Dependendo da forma como desempenhará o seu papel de administrador, relacionamento e gestão, inclusive com pessoas, o qual implicará em maior desgaste e psicologia e que influenciará em seu sucesso ou fracasso. Por muitas vezes, não irá satisfazer os anseios de alguns, neste momento, a cordialidade e facilidade de comunicação ajudarão no entendimento da questão em pauta, além do poder de persuasão e convencimento para solução de um caso ou conflito. O sindico profissional é uma atividade que cresceu muito nos últimos 5 anos, e está em discussão para regulamentação e efetivação. Segundo o condigo civil em seu artigo 1.347 “A assembleia escolherá um sindico, que poderá não ser condomínio, para administrar o condomínio, pelo prazo não superior a dois anos, o qual poderá renovar-se”. Este profissional ou contratado deverá possuir e se atentar as mesmas responsabilidades de um sindico condômino, fato este, onde a demanda por se uma função tem seu crescimento devido ao desinteresse dos próprios moradores em assumir essa responsabilidade civil. O sindico profissional geralmente esta ligado a alguma administradora e tem sua carteira de clientes vários outros empreendimentos, situação que deverá ser observada no momento da apresentação para escolha deste profissional, isto porque, o tempo empregado na gestão do condomínio poderá comprometer a rotina e gerar problemas pelo não acompanhamento próximo e esticar soluções que poderiam ser rapidamente solucionadas. É possível tomar como exemplo, dentre tantas funções, o papel de conciliador das intenções e vontades dos moradores, porem sempre dentro das normas e legislações e vigentes, principalmente obedecendo à convenção e o regulamento interno. 15 Além disso, deverá lidar com os desafios constantes e procurar neutralizar os conflitos, utilizando o bom senso e equilíbrio como aliados para uma solução que esteja dentro das normas e que agrade as partes. O sindico deverá desenvolver empatia, e sempre se colocar no lugar do outro, transparecendo que compreende o que o outro está sentido, mesmo que não concorde com o que está sendo afirmado, e que, com muita paciência e controle. 16 2.1. FUNÇÕES E OBRIGAÇÕES DO SÍNDICO O novo código civil é específico nas atribuições e funções do Sindico, sendo a figura principal na administração de um condomínio, o qual deverá se preocupar com os pormenores, além de criar e manter um ambiente harmonioso e favorável para convivência, transmitindo serenidade e confiança. Dentre as responsabilidades do Síndico destaca-se a administração interna do prédio, o que envolve a total segurança das edificações e controle. Portanto é essencial contar com uma seleção de funcionários treinados e com salários de acordo com o orçamento anual, respeitando sempre o piso salarial de cada categoria. Obras também fazem parte das atividades de administração do Síndico, portanto, escolher empresas prestadoras de serviços que possam trabalhar com plena qualidade, compromisso e orçamento justo e sempre dentro o interessem comum do condomínio. Convocar reuniões e assembleias para discutir futuras e necessárias obras, também é função importante na administração do Sindico, ponto este imprescindível para tomada de decisões em conjunto. Jurídica e administrativamente é função do Sindico representar dinamicamente em juízo e buscando os interesses comuns dos moradores. É parte essencial de uma boa administração cumprir e fazer cumprir a convenção, o regimento interno e as determinações da assembleia. A manutenção e conservação das edificações e áreas comuns zelando pela prestação dos serviços que interessem diretamente aos condôminos e o seu bem-estar, elaborando orçamentos e previsão de receita para essas manutenções sempre respeitando o orçamento anual, também é função em destaque do Sindico. Uma das funções mais difíceis é fazer valer as próprias regrasinternas, visto que geralmente os condôminos não leem ou não procuram conhecer o regulamento interno, deixando para o síndico a função de relembrar com advertências e multas. Para segurança administrativa do próprio síndico e importante para a estrutura, o seguro da edificação é um dever que não pode ser ignorado, e este documento deverá ser guardado junto com documentação administrativa, fiscal e previdenciária para segurança das atribuições do Síndico. 17 Convocar sempre que necessário Assembleia geral, principalmente para discussão de principais temas de interesse do condomínio, sendo importante a presença de todos os condôminos, sob pena de nulidade. O síndico deverá planejar em reunião antecipadamente com o conselho deliberativo sobre os temas a serem apresentados, facilitando todo processo de reunião, evitando assim, discussões desnecessárias no momento de apresentação de projetos ou contas futuras. Para dispor de sucesso e presença dos moradores é importante comunicação exaustiva e buscando salientar o compromisso da presença dos condôminos. Outro aliado do Síndico dentro das suas atribuições é dominar por completo a Convenção e o Regime Interno e manter sempre por perto para eventuais consultas, inclusive quando houver conflitos ou desatenção de moradores que insistem em transgredir à legislação interna. Nas reuniões e assembleias devem se estipular horário e pautar os assuntos para uma direção evitando o desvio dos assuntos pautados Exponha com clareza os assuntos da pauta e procure ouvir várias opiniões antes de colocá-lo em votação e sempre respeitando o tempo estipulado para não se tornar uma reunião desgastante. Existem três tipos de Assembleias: Assembleia geral extraordinária A assembleia geral extraordinária serve para tratar assuntos de essenciais do condomínio, não previstos na assembleia geral ordinária. Serão realizadas sempre que a ocasião assim o exigir, especialmente quando o tema não puder aguardar a realização da assembleia geral ordinária para deliberação. Pode ser deliberado numa assembleia geral extraordinária o rateio de despesas extras, obras, benfeitorias, modificação da Convenção e quaisquer assuntos de conveniência geral e prontamente do condomínio. Para a convocação de uma assembleia geral seja uma: assembleia geral de instalação, assembleia geral ordinária ou assembleia geral extraordinária; deve ser elaborado um edital contendo data, horário, local da reunião, ordem do dia e um resumo da matéria a ser debatida. O prazo para 18 convocação é o previsto na Convenção do condomínio; caso a mesma seja omissa, aconselha-se um prazo de 10 (dez) dias de antecedência dependendo da convenção de cada condomínio. Ao término da reunião, deve ser preparada uma ata e colhidas assinaturas do presidente e do secretário. O síndico, nos oito dias subsequentes à assembleia comunicará aos condôminos o que tiver sido determinado. Não deixe decorrer muito tempo entre a reunião e a elaboração da ata. ✓ Elementos essenciais da ata: ✓ Dia, mês, ano e hora da assembleia, por extenso; ✓ Local da assembleia; ✓ Lista de presença com o número do apartamento e assinatura dos condôminos presentes; ✓ Pessoas que presidiu e secretariou os trabalhos; ✓ Ordem do dia; ✓ Deliberações; ✓ Encerramento; ✓ Assinatura do presidente e do secretário; O síndico deverá mandar a todos os condôminos cópia da ata ou comunicação que resuma o determinado na assembleia. É importante fixar algumas datas para reuniões de síndico, subsíndico e conselho para análise permanente do condomínio, sem poder deliberativo. Tais reuniões podem ser abertas à participação dos condôminos, para apresentação de queixas, problemas ou sugestões, sendo centralizada nessas ocasiões. Ou ainda, anotando em um livro de reclamações e sugestões, com a indicação dos fatos ocorridos, o nome do condômino e o número de sua unidade, amenizando a carga do síndico em contatos diários, muitas vezes para tratar de assuntos nem sempre urgentes (irrelevantes e que podem comprometer a assembleia geral ordinária e/ou as assembleias gerais ordinárias). 19 Previsão orçamentária ✓ Todo o condomínio deve ter uma estimativa orçamentária, ou seja, quanto planeja desembolsar com cada elemento ou item de despesa. ✓ O síndico tem obrigações quanto à previsão orçamentária, devendo programar o orçamento para obtenção da estimativa das despesas e receitas, apresentando-as para debate e aprovação em assembleia geral. ✓ Com base na previsão orçamentária é feito o rateio das quotas condominiais. ✓ Posteriormente emita os boletos e acompanhem os pagamentos. ✓ Elaboração e aprovação orçamentária ✓ Considere como base as despesas reais de meses anteriores. ✓ Os valores deverão ser atualizados conforme a inflação; ✓ Busque informações com síndicos de prédios vizinhos, preferivelmente que seja mesmo porte do seu; ✓ Quando a proposta for elaborada pela administradora, peça-a por volta de cinco dias antes da assembleia para analisá-la minuciosamente, ✓ Mostre e debata a proposta previamente com todos os conselheiros; ✓ Provisione uma verba entre 5% e 10% para despesas diversas e imprevistas; ✓ Preveja uma margem de segurança necessária para que o caixa não fique negativo em virtude de pequenas flutuações na economia e na arrecadação; ✓ Procure sempre fazer planilhas comparativas, ou seja, peça três orçamentos, de diferentes empresas, para as realizações das obras e/ ou serviços; ✓ Lembre-se e considere o percentual de inadimplência, afinal não é possível contar com o pagamento total; ✓ Como consequência da gestão dos valores previstos no orçamento, o síndico assume o dever de prestar contas à assembleia, anualmente e quando exigidas. 20 ✓ As contas prestadas e aprovadas em assembleia geral, não poderão ser mais contestadas, isto porque esta na convenção do condomínio e também no Código Civil, equivalendo a uma quitação conferida à gestão desempenhada pelo síndico. Portanto só comporta rediscussão apenas pela via judicial, em que não poderá ser analisado o mérito das contas, mas sim a presença de alguma irregularidade formal ou de vícios dos atos jurídicos. Despesas São todos os valores que um condomínio tem classificados como ordinárias e extraordinárias, segundo conceituação e divisão dos artigos 22 e 23 da Lei n° 8.245/91 (Lei do Inquilinato). As despesas estão divididas em: Gastos ordinários com funcionários ✓ Salários; ✓ Férias; ✓ 13° salário; ✓ Rescisões contratuais de trabalho; Encargos sociais ✓ INSS; ✓ FGTS; ✓ PIS; ✓ INSS de contribuintes individuais (autônomos anteriormente); ✓ PPRA, PCMS e CIPA; ✓ Vales Transportes; ✓ Uniformes; ✓ Ferramentas e/ ou instrumentos de proteçõesindividuais; ✓ Consumos; ✓ Águas; ✓ Energias elétricas das áreas comuns; ✓ Gás; ✓ Telefones para uso exclusivo do condomínio. 21 Gastos de manutenção e conservação em geral ✓ Elevadores; ✓ Bombas; ✓ Portões automáticos; ✓ Interfones; ✓ Piscinas; ✓ Jardins; ✓ Antenas coletivas; ✓ Recargas de extintores; ✓ Limpezas das caixas d’água e Cisterna; ✓ Higienização dos tanques de gorduras; ✓ Higienização das caixas de esgotos ou fossas; ✓ Desinsetizações das áreas comuns; ✓ Equipamentos de ginástica. Despesas Administrativas ✓ Impressões, xerox e correios; ✓ Isenção do síndico; ✓ Taxas bancárias; ✓ Honorários da administradora. Despesas com materiais ✓ Materiais de limpeza e higiene; ✓ Materiais de elétrico. Despesas com Seguro ✓ Riscos de Incêndios; ✓ Casos de raios ✓ Explosões ✓ Danos elétricos ✓ Desabamentos ✓ Vendavais ✓ Inundação ✓ Impacto de veículos 22 ✓ Quedas de aeronaves ✓ Entre outros... Despesas extraordinárias Despesas extraordinárias são os gastos imprevisíveis ou destinados as melhoriasambos nas áreas de uso comum: Gastos emergenciais ✓ Vazamentos em gerais; ✓ Desobstruções das prumadas ✓ Substituições das bombas d’água; ✓ Substituições ou trocas de equipamentos. Gastos de Benfeitorias ✓ Renovação (garagem, piscinas, etc.); ✓ Compras de equipamentos (academia de ginástica, central telefônica, etc.). Angariando fundo para reserva Pode ser provisionado no orçamento, um recolhimento destinado a compor um fundo de reserva conforme previsto na Convenção. A formação do fundo de reserva é de responsabilidade da proprietária da unidade. Caso exista necessidade de reposição total ou parcial do fundo de reserva, devido à utilização no custeio ou complementação das despesas ordinárias do condomínio, a responsabilidade é do inquilino, salvo se referente a período anterior ao início da locação. O fundo de reserva deve ser fixado quando da aprovação do orçamento estabelecido de acordo com a Convenção Condominial, geralmente fixado entre 5% e 10% da arrecadação mensal. O síndico deve fazer aplicação financeira em nome do condomínio, com aprovação do conselho consultivo ou da assembleia geral para maior segurança. A utilização do fundo de reserva necessita da aprovação dos condôminos reunidos em Assembleia, porém o síndico poderá utilizar esse fundo para pagamento de despesas emergenciais, não previstas no orçamento. 23 Nesse caso, é aconselhável dar ciência aos conselheiros e ratificar a sua utilização, na próxima assembleia geral do condomínio. Documentos e obrigações do condomínio Os documentos existentes em um condomínio são diversos. A guarda destes documentos administrativos, fiscais e bancários tem prazo de 10 (dez) anos, pois este é o prazo prescricional para cobranças das dívidas do condomínio regularmente aprovadas nos termos do Código Civil, artigo 205. Referente às demais modalidades de documentos, caberá ao síndico observar o prazo de guarda exigido por lei, caso a caso. Livros sugeridos são: ✓ Atas das assembleias; ✓ Reclamações e sugestões; ✓ Registro de empregados; ✓ Inspeção do trabalho. Todos esses livros devem apresentar termos de abertura e de encerramento, assinados e rubricados. Cadastramento nacional da pessoa jurídica De acordo com a Instrução Normativa SRF n° 200, de 13 de setembro de 2002, os condomínios que auferirem ou pagarem rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte estão obrigados a se inscrever no cadastramento nacional pessoa jurídica, mesmo não possuindo personalidade jurídica. Documentos necessários para inscrição (cópias autenticadas e registradas em cartório): Convenção do condomínio deve ser lavrada em cartório de registro de imóveis. Ata da assembleia que elegeu o síndico, deve ser lavrada no cartório de títulos de documentos; Certidão emitida pelo cartório de registro de imóveis que confirme o registro do memorial de incorporação do condomínio; Ata da assembleia que deliberou sobre a inscrição no cadastramento nacional pessoa jurídica, deve ser lavrada no cartório de títulos de documentos; 24 Ata da assembleia que deliberou sobre a eleição do síndico, deve ser lavrada no cartório de títulos de documentos; Certidão do cartório de registro de imóveis contendo as informações necessárias à inscrição; Ata da assembleia que deliberou sobre a eleição do síndico, deve ser lavrada no cartório de títulos de documentos; Previdência social O decreto n° 611, de 21/07/92, que regulamenta os benefícios da Previdência Social, em seu artigo 8°, parágrafo único, permite, ao síndico, facultativamente, filiar-se a Previdência Social. Portanto aquele síndico que não contribui para a Previdência Social pode se inscrever como contribuinte, ele não se tornará empregado do condomínio por esse motivo, entretanto poderá contribuir para ter uma aposentadoria e todos os benefícios dela decorrentes no futuro. Esta despesa deverá ser custeada pelo próprio síndico ou, após aprovação em assembleia geral dos condôminos assumirem esse ônus, poderá ser reembolsado pelo condomínio. O síndico deverá manter em dia a Certificação eletrônica do condomínio, sem a qual nada se faz com relação à conectividade social, FGTS entre outras obrigações trabalhistas. Demonstrativo financeiro mensal Encerrado o mês, a administradora (ou o síndico) deve demonstrar um balancete de contas detalhado, referente ao mês anterior. Em todos estes documentos de comprovação deverá ter constar a assinatura do síndico e a pasta sempre deverá ser analisada pelos membros do conselho. A pasta deverá conter também informações sobre quotas em atraso, multas recebidas, saldos bancários, saldos em poupança e aplicações, posição do fundo de reserva, etc. Por fim, é bom fazer um resumo, de no máximo duas folhas, no qual poderá ser enviado a cada condômino. Caso sobre espaço na folha de prestação de contas (resumo), transcreva algum item do Regulamento ou da Convenção ou envie alguma 25 mensagem de utilidade para o condomínio, não exponha em quadros de avisos relação de condôminos em atraso. Negocie diretamente, via administradora, por meio de advogado, etc., mas nunca exponha o devedor (previsto no Código de Defesa do Consumidor). Nos demonstrativos informe somente o número do apartamento devedor. Como escolher e contratar uma administradora Na administração do condomínio é aconselhável que o síndico contrate uma pessoa física ou jurídica para ajudá-lo o quanto antes em virtude da complexidade que envolve varias funções. Algumas vezes, o barato pode sair caro, ou seja, não contratar uma administradora para economizar determinada quantia poderá se mostrar no futuro, uma postura muita mais dispendiosa, se houver algum erro ou omissão. Entretanto, uma administradora deve ser bem escolhida, para que ela, em vez de solução não seja um problema a mais. Caberá ao síndico escolher a empresa administradora, na qual deverá ser aprovada pela assembleia geral de condôminos, mediante votação de praxe, esta escolha deve basear-se na confiança recíproca. Caso seja aprovada, será o síndico a pessoa competente para assinar o contrato de prestação de serviço em nome do condomínio. É decisão de competência do síndico a rescisão do contrato com administradora. No entanto, ainda que seja dispensável a realização da assembleia para tanto, o síndico deverá ser cauteloso na tomada de decisão, pois a mesma poderá ter fortes repercussões econômicas. No caso, o contrato entre as partes servirá de parâmetro para a rescisão como é exemplo a definição do prazo de aviso prévio, usualmente fixado entre 30 a 60 dias. Mediante aprovação da assembleia, o artigo 1.348, §2°, do novo Código Civil trouxe a inovação de que o síndico pode transferir, total ou parcialmente, para a empresa administradora, não somente as funções administrativas, como também os poderes de representação, salvo se o contrário dispuser a Convenção. Ressaltamos que o mais usual é a ocorrência da mera delegação das funções administrativas. 26 Segurança do condomínio Para desenvolvermos ações preventivas efetivas é essencial conhecermos o conceito de segurança. O termo segurança é originado do latim “securitas” – que são medidas designadas a garantir a integridade de pessoas, bens e instituições. Segurança é o conjunto de medidas e normas, com adequações físicas, agregadas ao profissional especializado e a alta tecnologia, contudo, o maior desafio da segurança é antever e dar soluções para as situações de perigo. Lembre-se que a responsabilidade pela segurança do sistema é de TODOS. Qual é sempre a maior arma utilizada pelos bandidos? É o fator SURPRESA! Por esse motivo, a forma mais eficaz de precaver um sinistro é fazer um trabalho de PREVENÇÃO. Entretanto, nestes trabalhos devem ser analisados todos os riscos pessoais e das instalaçõesfísicas. Os síndicos devem requerer aos consultores de segurança que o assessorem nas análises dos riscos e na elaboração dos planos de segurança do condomínio. Após obter todas essas informações deve-se elaborar um Plano de Segurança, que pode ser dividido em 3 (três) etapas: 1° Plano físico – faça uma análise criteriosa das instalações físicas onde se deve adequá-las visando dificultar o acesso evitando ao máximo a invasão. Como aliado essencial, temos a utilização dos equipamentos eletrônicos, que tem como principal função, auxiliar os funcionários e moradores na vigilância das instalações. 2° Plano Operacional – consiste em procedimentos operacionais com regras específicas para cada integrante do sistema (condôminos – moradores – funcionários – usuários), as quais deverão ser aprovadas em assembleia e obedecidas por todos. 27 3° Plano de Contingência – defina todas as situações criticas, de modo que todos os envolvidos no sistema, durante a efetivação dos riscos possuam um roteiro de ações que devem ser implementadas, visando o restabelecimento da normalidade, considerando que toda a situação crítica gera uma urgência. Depois da fase de planejamento é essencial dar um treinamento dos funcionários que estarão na operação de todo o sistema e conscientizar os condôminos e moradores, através de palestras, circulares e quadros de avisos, para manterem-se integrados. Conforme suas características, cada condomínio deve estudar o que melhor lhe convém, proporcionando um maior estado de segurança a todos. Precaução para evitar acidentes e incêndios Atualmente a legislação exige que um edifício possua equipamentos de proteção contra incêndio, tais como iluminação de emergência para facilitar a sinalização de escape, hidrantes, extintores por metro quadrado, para-raios, corrimão, caixa d’água de acordo com a área e população do prédio, rede elétrica em perfeito estado, etc. Portanto o síndico não só pode como deve chamar o Corpo de Bombeiros para verificação e orientação da segurança do prédio, uma vez que ele é responsável pela manutenção dos equipamentos, para que estejam sempre operantes e ativados. SEGUROS A responsabilidade pela contratação de seguro contra incêndio e outros sinistros é do Síndico, abrangendo todas as unidades, partes e objetos comuns, computando-se o prêmio nas despesas ordinárias do condomínio. O prazo para contratação é de 120 dias após “habite-se”. Senão, o condomínio ficará sujeito à multa mensal equivalente 1/12 imposto predial cobrado pela Prefeitura. Atente-se que o seguro de um edifício deve ser feito com base em preços reais, em função dos custos de reconstrução e nunca do preço comercial do edifício. Caso seja feito o seguro for com valor inferior ao real, o 28 síndico, em caso de sinistro, poderá ser responsabilizado civil e criminalmente pela contratação. Gerenciamento de pessoal O treinamento de funcionários tem influência decisiva sobre a forma como tratam e como são tratados pelos condôminos. Preze pela autoridade do zelador isto é algo que deve ser devidamente cuidada pelo síndico, pois é ele quem acompanha a rotina, o dia- a-dia do condomínio. Disso dependerá a ordem, visto que o zelador, perante os condôminos, deverá ter autonomia para tomar providências diversas. A quantidade de empregados que um condomínio deverá ter é proporcional ao tamanho e a complexidade do edifício. Ter uma quantidade reduzida de empregados que o ideal; em vez de economia, poderá trazer custos adicionais com horas extras, além de prejudicar e comprometer a manutenção e a limpeza. Portanto a “economia” pode transformar-se em prejuízo. Uma boa agência de emprego fará o trabalho de recrutamento e uma pré-seleção dos candidatos. No entanto, o síndico deve entrevistá-los, principalmente no caso da vaga de zelador. Procure todas as informações sobre os empregos anteriores, o tempo médio de permanência em cada emprego, os motivos de saída, etc. Não tenha pressa em contratar visto que normalmente a pressa se torna inimiga da perfeição. Evite porteiros e faxineiros que residam muito longe, pois será ruim para ambas as partes. No caso do zelador, pergunte se ele tem conhecimentos gerais sobre elevadores, extintores de incêndio, filtros de piscinas, eletricidade e hidráulica elementar. Sempre contrate por um período de experiência e preste atenção ao desempenho antes de efetivá-lo. Não ofereça o apartamento (residência) antes de completar os 90 (noventa) dias de experiência 29 Inadimplência Pode comprometer o orçamento do condomínio e onerar os demais condôminos pagantes e por essa razão o síndico deve ser rápido acionando o devedor imediatamente na justiça, contatado o débito, objetivando equilibrar o orçamento mensal do condomínio. Aos inadimplentes não são permitidas outras penalidades além da multa e demais PENALIDADES PREVISTAS EM LEI. É ilegal cortar interfone, fornecimento de água e gás, ou proibir o acesso do condômino às dependências e equipamentos. É proibido colocar listas dos devedores em áreas comuns do condomínio, isso além de dificultar a negociação do débito pode gerar ações judiciais contra o síndico. Dar descontos na dívida ou liberação de multas só é seguro realizá- las com aprovação de Assembleia, pois caso contrário, o síndico que permitir essa prática, pode até ter que repor a diferença com dinheiro do próprio bolso. Disposições gerais Art. 1.331. Pode haver, em edificações, partes que são propriedade exclusiva, e partes que são propriedade comum dos condôminos. § 1o As partes suscetíveis de utilização independente, tais como apartamentos, escritórios, salas, lojas, sobrelojas ou abrigos para veículos, com as respectivas frações ideais no solo e nas outras partes comuns, sujeitam-se a propriedade exclusiva, podendo ser alienadas e gravadas livremente por seus proprietários. § 2o O solo, a estrutura do prédio, o telhado, a rede geral de distribuição de água, esgoto, gás e eletricidade, a calefação e refrigeração centrais, e as demais partes comuns, inclusive o acesso ao logradouro público, são utilizados em comum pelos condôminos, não podendo ser alienados separadamente, ou divididos. § 3o A cada unidade imobiliária caberá, como parte inseparável, uma fração ideal no solo e nas outras partes comuns, que será identificada em forma decimal ou ordinária no instrumento de instituição do condomínio. (Redação dada pela Lei no 10.931, de 2004) 30 § 4o Nenhuma unidade imobiliária pode ser privada do acesso ao logradouro público. § 5o O terraço de cobertura é parte comum, salvo disposição contrária da escritura de constituição do condomínio. Art. 1.332. Institui-se o condomínio edilício por ato entre vivos ou testamento, registrado no Cartório de Registro de Imóveis, devendo constar daquele ato, além do disposto em lei especial: I - a discriminação e individualização das unidades de propriedade exclusiva, estremadas uma das outras e das partes comuns; II - a determinação da fração ideal atribuída a cada unidade, relativamente ao terreno e partes comuns; III - o fim a que as unidades se destinam. Art. 1.333. A convenção que constitui o condomínio edilício deve ser subscrita pelos titulares de, no mínimo, dois terços das frações ideais e torna- se, desde logo, obrigatória para os titulares de direito sobre as unidades, ou para quantos sobre elas tenham posse ou detenção. Parágrafo único. Para ser oponível contra terceiros, a convenção do condomínio deverá ser registrada no Cartório de Registro de Imóveis. Art. 1.334. Além das cláusulas referidas no art. 1.332 e das que os interessados houverem por bem estipular, a convenção determinará: I - a quota proporcional e o modo de pagamento das contribuições dos condôminos para atender às despesas ordinárias e extraordinárias docondomínio; II - sua forma de administração; III - a competência das assembleias, forma de sua convocação e quorum exigido para as deliberações; IV - as sanções a que estão sujeitos os condôminos, ou possuidores; V - o regimento interno. § 1o A convenção poderá ser feita por escritura pública ou por instrumento particular. 31 § 2o São equiparados aos proprietários, para os fins deste artigo, salvo disposição em contrário, os promitentes compradores e os cessionários de direitos relativos às unidades autônomas. Art. 1.335. São direitos do condômino: I - usar, fruir e livremente dispor das suas unidades; II - Usar das partes comuns, conforme a sua destinação, e contanto que não exclua a utilização dos demais co-possuidores; III - votar nas deliberações da assembleia e delas participar, estando quite. Art. 1.336. São deveres do condômino: I - contribuir para as despesas do condomínio na proporção das suas frações ideais, salvo disposição em contrário na convenção; (Redação dada pela Lei no 10.931, de 2004); II - não realizar obras que comprometam a segurança da edificação; III - não alterar a forma e a cor da fachada, das partes e esquadrias externas; IV - dar às suas partes a mesma destinação que tem a edificação, e não as utilizar de maneira prejudicial ao sossego, salubridade e segurança dos possuidores, ou aos bons costumes. § 1o O condômino que não pagar a sua contribuição ficará sujeito aos juros moratórios convencionados ou, não sendo previstos, os de um por cento ao mês e multa de até dois por cento sobre o débito. § 2o O condômino, que não cumprir qualquer dos deveres estabelecidos nos incisos II a IV, pagará a multa prevista no ato constitutivo ou na convenção, não podendo ela ser superior a cinco vezes o valor de suas contribuições mensais, independentemente das perdas e danos que se apurarem; não havendo disposição expressa, caberá à assembleia geral, por dois terços no mínimo dos condôminos restantes, deliberar sobre a cobrança da multa. Art. 1337. O condômino, ou possuidor, que não cumpre reiteradamente com os seus deveres perante o condomínio poderá, por 32 deliberação de três quartos dos condôminos restantes, ser constrangido a pagar multa correspondente até ao quíntuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais, conforme a gravidade das faltas e a reiteração, independentemente das perdas e danos que se apurem. Parágrafo único. O condômino ou possuidor que, por seu reiterado comportamento anti-social, gerar incompatibilidade de convivência com os demais condôminos ou possuidores, poderá ser constrangido a pagar multa correspondente ao décuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais, até ulterior deliberação da assembleia. Art. 1.338. Resolvendo o condômino alugar área no abrigo para veículos, preferir-se-á, em condições iguais, qualquer dos condôminos a estranhos, e, entre todos, os possuidores. Art. 1.339. Os direitos de cada condômino às partes comuns são inseparáveis de sua propriedade exclusiva; são também inseparáveis das frações ideais correspondentes as unidades imobiliárias, com as suas partes acessórias. § 1o Nos casos deste artigo é proibido alienar ou gravar os bens em separado. § 2o É permitido ao condômino alienar parte acessória de sua unidade imobiliária a outro condômino, só podendo fazê-lo a terceiro se essa faculdade constar do ato constitutivo do condomínio, e se a ela não se opuser a respectiva assembleia geral. Art. 1.340. As despesas relativas a partes comuns de uso exclusivo de um condômino, ou de alguns deles, incumbem a quem delas se serve. Art. 1.341. A realização de obras no condomínio depende: I - se voluptuárias, de voto de dois terços dos condôminos; II - se úteis, de voto da maioria dos condôminos. 33 § 1o As obras ou reparações necessárias podem ser realizadas, independentemente de autorização, pelo síndico, ou, em caso de omissão ou impedimento deste, por qualquer condômino. § 2o Se as obras ou reparos necessários forem urgentes e importarem em despesas excessivas, determinada sua realização, o síndico ou o condômino que tomou a iniciativa delas dará ciência à assembleia, que deverá ser convocada imediatamente. § 3o Não sendo urgentes, as obras ou reparos necessários, que importarem em despesas excessivas, somente poderão ser efetuadas após autorização da assembleia, especialmente convocada pelo síndico, ou, em caso de omissão ou impedimento deste, por qualquer dos condôminos. § 4o O condômino que realizar obras ou reparos necessários será reembolsado das despesas que efetuar, não tendo direito à restituição das que fizer com obras ou reparos de outra natureza, embora de interesse comum. Art. 1.342. A realização de obras, em partes comuns, em acréscimo às já existentes, a fim de lhes facilitar ou aumentar a utilização, depende da aprovação de dois terços dos votos dos condôminos, não sendo permitidas construções, nas partes comuns, suscetíveis de prejudicar a utilização, por qualquer dos condôminos, das partes próprias, ou comuns. Art. 1.343. A construção de outro pavimento, ou, no solo comum, de outro edifício, destinado a conter novas unidades imobiliárias, depende da aprovação da unanimidade dos condôminos. Art. 1.344. Ao proprietário do terraço de cobertura incumbem as despesas da sua conservação, de modo que não haja danos às unidades imobiliárias inferiores. Art. 1.345. O adquirente de unidade responde pelos débitos do alienante, em relação ao condomínio, inclusive multas e juros moratórios. Art. 1.346. É obrigatório o seguro de toda a edificação contra o risco de incêndio ou destruição, total ou parcial. 34 Art. 1.347. A assembleia escolherá um síndico, que poderá não ser condômino, para administrar o condomínio, por prazo não superior a dois anos, o qual poderá renovar-se. Art. 1.348. Compete ao síndico: I - convocar a assembleia dos condôminos; II - representar, ativa e passivamente, o condomínio, praticando, em juízo ou fora dele, os atos necessários à defesa dos interesses comuns; III - dar imediato conhecimento à assembleia da existência de procedimento judicial ou administrativo, de interesse do condomínio; IV - cumprir e fazer cumprir a convenção, o regimento interno e as determinações da assembleia; V - diligenciar a conservação e a guarda das partes comuns e zelar pela prestação dos serviços que interessem aos possuidores; VI - elaborar o orçamento da receita e da despesa relativa a cada ano; VII - cobrar dos condôminos as suas contribuições, bem como impor e cobrar as multas devidas; VIII - prestar contas à assembleia, anualmente e quando exigidas; IX - realizar o seguro da edificação. § 1o Poderá a assembleia investir outra pessoa, em lugar do síndico, em poderes de representação. § 2o O síndico pode transferir a outrem, total ou parcialmente, os poderes de representação ou as funções administrativas, mediante aprovação da assembleia, salvo disposição em contrário da convenção. Art. 1.349. A assembleia, especialmente convocada para o fim estabelecido no § 2º do artigo antecedente, poderá, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, destituir o síndico que praticar irregularidades, não prestar contas, ou não administrar convenientemente o condomínio. Art. 1.350. Convocará o síndico, anualmente, reunião da assembleia dos condôminos, na forma prevista na convenção, a fim de aprovar o 35 orçamento das despesas, as contribuições dos condôminos e a prestação de contas, e eventualmente eleger lhe o substituto e alterar o regimento interno. § 1o Se o síndico não convocar a assembleia, um quarto dos condôminos poderá fazê-lo. § 2o Se a assembleia não se reunir, o juiz decidirá, a requerimento de qualquer condômino. Art. 1.351. Depende da aprovação de2/3 (dois terços) dos votos dos condôminos a alteração da convenção; a mudança da destinação do edifício, ou da unidade imobiliária, depende da aprovação pela unanimidade dos condôminos. (Redação dada pela Lei no 10.931, de 2004). Art. 1.352. Salvo quando exigido quórum especial, as deliberações da assembleia serão tomadas, em primeira convocação, por maioria de votos dos condôminos presentes que representem pelo menos metade das frações ideais. Parágrafo único. Os votos serão proporcionais às frações ideais no solo e nas outras partes comuns pertencentes a cada condômino, salvo disposição diversa da convenção de constituição do condomínio. Art. 1.353. Em segunda convocação, a assembleia poderá deliberar por maioria dos votos dos presentes, salvo quando exigido quórum especial. Art. 1.354. A assembleia não poderá deliberar se todos os condôminos não forem convocados para a reunião. Art. 1.355.Assembléias extraordinárias poderão ser convocadas pelo síndico ou por um quarto dos condôminos. Art. 1.356. Poderá haver no condomínio um conselho fiscal, composto de três membros, eleitos pela assembleia, por prazo não superior a dois anos, ao qual compete dar parecer sobre as contas do síndico. 36 3. RESPONSABILIDADE CIVIL O Direito Romano em sua exercia contribuiu de maneira significativa e decisiva para a formação do que temos vivenciado nos dias hoje sobre responsabilidade civil, de uma maneira explosivamente diferente dos conceitos e formas de atuação o qual precisamos em nosso tempo atual. Na antiguidade a morte ou a vingança eram a forma pura e simples como formas de reparação do dano causado e tratava-se o mal de forma violenta deixando poucas possibilidades de defesa ou até mesmo reparação do dano causado. A evolução da humanidade e desenvolvimento de normas e leis, contribuíram para a intervenção do poder instituído do estado, que passou a centralizar todas as formas de penalidades a serem impostas, sendo um início importantes para o processo de coibição de injustiças. Desta forma passamos pelo período da composição, que abandonava a forma de retaliação e buscando gradativamente e de forma ordenada reparação do dano, com a princípio, a instituição da pena com a entrega de objetos ou dinheiro para efetivar a obrigação de reparação do dano. Os romanos já diziam que o direito é sempre o que é bom e equânime, estando o seu fim último na realização da justiça verdadeira ou superior. No Brasil, o código Civil de 1916, sob a inspiração do famoso código temos a mais clara e inequívoca manifestação legal sobre a teoria de culpa, quando em seu artigo 159 preceitua que: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano”. De acordo com explanação de Marcelo Benacchio explica que “o Direito tem por sua finalidade a ordenação do comportamento das pessoas em sociedade, ou seja, enquanto fenômeno social pretende normatizar condutas e ações em conformidade aos valores socais constantes em todo o sistema jurídico”. A cada momento, a cada dia ou instante, o dever de indenizar assume novos contornos, principalmente nesse novo cenário do mundo com novas tecnologias, globalização, exigindo do jurista verdadeiro e amplo 37 conhecimento para compreensão e aplicação do direito às mais novas situações do cotidiano. A responsabilidade civil ocorre quanto a obrigação imposta a uma determinada pessoa de reparar o dano efetivamente causado por fato ou ação a outra em virtude de descumprimento de uma norma jurídica. A construção de uma teoria geral da responsabilidade civil, embora deva considerar que a solução de um caso concreto não é única para todos, não pode perder de vista a urgência de se prosseguir num norte geral, um estudo apto a sistematiza soluções jurídico em torno de casos semelhantes, para harmonia nos fundamento da responsabilização civil. O agente é o principal responsável pelo fato de agir em uma determinada maneira ou situação, enquanto o ordenamento jurídico determina que a forma de conduta para que não haja determinado prejuízo ou dano, enfatizando a conduta positiva e correta, evitando assim comportamento que se reprova. É comum ver o termo dano utilizado para designar diversas realidades distintas. Ora para referir ao prejuízo de qualquer bem jurídico, ora para significar afronta ao patrimônio. No primeiro sentido, equivale a toda desvantagem condicionada pelos bens jurídicos, assim inseridos bem patrimoniais e não patrimoniais, no segundo sentido estrito, aponta para o desfalque de bem pecuniariamente apreciável. A noção de responsabilidade vem, principalmente, como decorrência a que se submete aquele a quem é confiado determinado dever. Como ensina a doutrina francesa, a ideia de responsabilidade pode apresentar-se na forma de dever, e ainda, na modalidade de garantia. Pela linguagem vulgar, o responsável é quem estará sujeito à obrigação de indenizar. É o que acontece, então, quando se fala em responsabilidade em sentido jurídico, à medida que o sujeito sobre o qual recai o dever de indenização advindo da responsabilidade civil está obrigado a um determinado comportamento – seja ele comissivo ou omissivo – predeterminado por lei. De outro lado, o dever de indenizar é igualmente previsto no ordenamento jurídico com finalidades de garantia daquele comportamento previamente estabelecido. 38 De maneira mais abrangente, o termo responsabilidade não se aplica totalmente a obrigação, mas também, de garantia. Assim, também se vincula, neste sentido, aquele terceiro que se compromete a responder por atos de terceiros. Como é de notar-se, a ideia da palavra é a de responder por algo previamente estabelecido, genérico (responsabilidade civil extracontratual), ou especificamente (responsabilidade civil contratual). É apropriado dizer que é possível responder por algo previamente estabelecido genérica ou especificamente porque o dever de indenização pode advir sem que haja uma relação anterior entre os sujeitos, assim sendo todas as legislações que temem a atividade jurisdicional discricionária e desordenada nesta matéria. Responsabilidade Civil é "a aplicação de medidas que obriguem alguém a reparar - dano moral ou patrimonial causado a terceiro em razão de ato do próprio imputado, de pessoa por quem ele guarda (responsabilidade subjetiva) ou ainda, de simples imposição legal (responsabilidade objetiva)”. (Maria Helena Diniz, Pag. 58) "A responsabilidade nada mais é do que o dever de indenizar o dano”. A responsabilidade Civil surge em face do descumprimento obrigacional. O devedor deixa de cumprir um preceito estabelecido num contrato, ou deixa de observar o sistema normativo, que regulamenta sua vida. (Alvaro Villaça Azevedo, Pag 98) Diante das considerações, podemos observar que Responsabilidade Civil é a situação de indenizar o dano moral ou patrimonial decorrente de inadimplemento culposo (de obrigação legal ou contratual), ou de situação para a qual a lei impõe a reparação. A regra ampla do artigo 5°, X da Constituição Federal de 1.988, no que diz respeito aos danos extrapatrimoniais, permite que qualquer tipo de lesão que daí provenha, pode ser objeto de indenização. Neste intuito, caberá, portanto, a cada sociedade, de acordo com os seus valores e ideais, regulamentar o dever de indenizar da forma mais eficiente para que os danos não interferiam, sem que isto reflita em obstáculo ao desenvolvimento econômico, que é garantia de progresso, ou institua 39 preferencia injustificada para algumas classes de cidadãos em prejuízo de outras, que também demandam proteção. Concluímos juntamente com AGUIAR DIAS, "que toda manifestação da atividade humana traz em si o problema de responsabilidade" e também, a dificuldadede fixar um conceito de responsabilidade, já que ele varia muito em relação aos seus aspectos que podem abranger inúmeras teorias filosófico- jurídicas assumidas. Entretanto tais dificuldades não se podem negar que em sede de Responsabilidade Civil, o que se vê são poderosas modificações. Portanto aquele que sofreu o dano moral, como patrimonial - não poderá ficar sem ressarcimento. Esta vem sendo o tópico da atual concepção da Responsabilidade Civil. A sensibilidade com a situação das vítimas, surgidas das mais variadas espécies de relações, tem gerado uma amplidão em torno da responsabilidade de indenização. Assim, temos que mais aproximada de uma definição de Responsabilidade Civil é a ideia de obrigação de reparar um dano, diante das inúmeras espécies de responsabilização civil, conforme o campo em que se apresenta o problema: material, moral, advindos das relações jurídicas, de direito público ou privado. Preambularmente é importante esclarecer que a responsabilidade civil é considerada como um instituto basicamente enérgico e brando, que vive em transformações constantes, sempre com o intuito de atender melhor as necessidades sociais que encontramos em nosso cotidiano. Conceito de responsabilidade civil está intimamente ligada à ideia de não prejudicar o direito de outro. Nas palavras de Rui Stoco: “A noção da responsabilidade pode ser haurida da própria origem da palavra, que vem do latim respo ndere, responder a alguma coisa, ou seja, a necessidade que existe de responsabilizar alguém pelos seus atos danosos. Essa imposição estabelecida pelo meio social regrado, através dos integrantes da sociedade humana, de impor a todos o dever de responder por seus atos, traduz a própria noção de justiça existente no grupo social estratificado. Revela-se, pois, como algo inarredável da natureza humana” (STOCO, 2007, página 114). 40 Segundo Silvio Rodrigues “A responsabilidade civil é a obrigação que pode incumbir uma pessoa a reparar o prejuízo causado a outra, por fato próprio, ou por fato de pessoas ou coisas que dela dependam” (RODRIGUES, 2003, página 6). Para nos auxiliar no entendimento da responsabilidade civil vejamos o que dispõe o Código Civil: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Sobre a reparação civil, do ato ilícito, cabe analisarmos o seguinte artigo do mesmo instrumento legal: Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (artigos: 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Portanto, a existência de dano é requisito essencial para a responsabilidade civil. Não seria possível se falar em indenização, nem em ressarcimento se não existisse o dano. ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL Existem divergências entre os doutrinadores quanto aos pressupostos da responsabilidade civil, porém, os principais pressupostos de forma geral são: a ação, a culpa, o dano e o nexo causal. A ação ou conduta é um dos elementos da responsabilidade civil, que determina que a conduta que cause dano a outrem seja uma ação omissiva ou comissiva, que seja lícita ou ilícita, voluntária e imputável ao agente. A omissão, é o não cumprimento do dever de agir imposto a determinada situação. A comissão é a execução de um ato que não poderia ser 41 realizado. Ser um ato voluntário, para que a pessoa possa agir de conforme sua vontade sem nenhum tipo de coação. A imputabilidade irá avaliar a capacidade de entendimento da pessoa, observando o comportamento do homem médio, a censurabilidade da conduta. A culpa também é um requisito essencial para que exista a responsabilidade civil. Porém ela será usada na responsabilidade subjetiva, na qual haverá a responsabilidade se o agente agir com culpa ou dolo. A um outro tipo de responsabilidade, que é a objetiva, para sua caracterização bata o ato especificado em lei para que ocorra a responsabilidade, não necessitando de culpa muito menos dolo. Assim como nos orienta a Professora Maria Helena Diniz. Nosso ordenamento jurídico demonstra em regra geral e inclusive vigora, de que o dever ressarcimento pela prática de atos ilícitos praticados, decorre de culpa, ou seja, da reprovabilidade ou censurabilidade da conduta do agente envolvido na ação de responsabilidade. A censurabilidade e reprovabilidade a que se refere a citação, se atenta a conduta exercida pelo agente que poderia ter agido de forma diferente em determinada situação e assim não o fez. A culpa em estrito senso se caracteriza com o ato da quebra com o dever de cuidar, especificamente no art. 186 do Código Civil, que determina como ato ilícito a negligencia, a imprudência e a imperícia, fazendo com que cause dano a outrem. Ou seja, não há animo de causar o dano, de ver o resultado danoso ou o prejuízo com a sua ação, porém ela ocorre, e há a obrigação de repara-la. Já o dolo, é a intenção de obter o resultado final causando premeditadamente o dano. A imutabilidade é um elemento da culpa, ela é relativa as condições pessoais da pessoa que causou o ato lesivo. A suas condições pessoais é em relação a sua consciência e a sua vontade, ou seja, a maturidade ou maioridade e a sua saúde mental. São imutáveis todas as pessoas que praticam atos livremente, conforme a sua vontade e conscientemente, tendo ela capacidade de entendes os seus atos e as dimensões que poderão ocorrer. “Portanto, imputável é o 42 agente mentalmente são e desenvolvido, capaz d entender o caráter de sua conduta e de determinar-se de acordo com esse entendimento” (Cavalieri Filho, 2007, p.26). A regra geral é que todas as pessoas são imputáveis, ou seja, elas respondem pelos seus atos. Porém, há exceções, certas condições que excluem a imputabilidade, gerando para aquela determinada pessoa a inimputabilidade, que esta pessoa não responderá pelos seus atos. Se tem duas situações que geram a inimputabilidade: a menoridade e insanidade ou demência. A menoridade, estabelecida no nosso Código Civil é de menores de 18 (dezoito) anos. No artigo 933 no Código Civil, estabelece que os danos causados pelo menor inimputável serão reparados pelo seu responsável, tendo este uma responsabilidade objetiva frente ao menor que exerce guarda, artigo 932, I e II. No entanto, não sendo seu ascendente, poderá o seu responsável reaver o valor pago pela reparação do dano, artigos 934 e 942, § único. A insanidade ou demência, segundo a Professora Maria helena Diniz, “Demência ou estado grave de desequilíbrio mental, acarretado pelo alcoolismo ou elo uso de drogas, ou de debilidade mental, que torne o agente incapaz de controlar suas ações” ( 2008, p.47). Portanto, exclui a responsabilidade por uma deficiência mental ou ausência de discernimento momentâneo O nexo causal é o liame entre a conduta da pessoa e o dano causado, de modo que, se não houvesse o fato não haveria o dano. Ele é composto pelos elementos objetivos, entre a conduta e o fato. Exige-se a prova desse liame, por ser elemento essencial para que se constitua a responsabilidade da pessoa, caberá o ônus da prova ao autor da ação, ou seja, a vítima. Esse liame irá influenciar diretamente na indenização do dano, pois é ele quem estabelece os limites da indenização, conforme a conduta causada pela pessoa e a gravidade do dano. O nexo de causalidade é o elemento mais importante, sendo imprescindível para a caracterização da responsabilidade civil, pelo fato de que é ele quem determina se haverá ou não a responsabilidade da pessoa frente ao dano causado. 43Poderá ocorrer determinada conduta que não necessite de culpa, como a responsabilidade objetiva, porém nunca poderá faltar o nexo de causalidade, pois é ele quem determina a ligação entre o fato causado pela pessoa e o dano, comprovando que foi realmente este fato ou causa que ocasionou o dano. Se não houver esta ligação, este liame entre o fato e o dano não há que se falar de responsabilidade civil. O fato lesivo tem efeito direto ou imediato sobre o dano causado. O nexo de causalidade trás duas questões relevantes a serem ponderadas, sendo, a grande dificuldade encontrada na questão de obter provas do fato lesivo, e a identificação do fato real que deu origem aodano, quando ocorrer múltiplas causas, sabendo identificar qual delas gerou o dano. Entretanto, pela dificuldade e dúvida no caso concreto, a doutrina vem adotando duas teorias para determinar o nexo causal, quais são: a teoria da equivalência das condições e a teoria da causalidade adequada. A teoria da equivalência é a teoria que é utilizada no Código Penal, em seu artigo 13º. Essa teoria determina que são equivalentes todas as condições que concorrem para o resultado danoso, ela leva todos os atos em consideração como nexo causal. Porém, ela inclui pessoas fora da relação do dano causado, faz um regresso anterior ao fato, buscando todas as condições ou atos referentes aquele dano, de forma que se torna infinito, pois acaba não tendo limite para avaliar o nexo causal. Essa teoria trouxe situações injustas como nexo de causalidade. A teoria da causalidade adequada é a teoria em que a causa que gerou o dano será somente aquela que é predominante, necessária, que concretamente levou ao resultado danoso. Já as condições antecedentes não são levadas em conta. Segundo Sergio Cavalieri Filho (2007, p.48): Distintivamente da teoria anterior, esta faz distinção entre causa e condição, entre os antecedentes que tiveram maior ou menor relevância. Estabelecido que várias condições concorreram para o resultado, e isto é feito através do mesmo processo mental hipotético (até aqui as teorias seguem os mesmos caminhos), é necessário agora verificar qual foi a mais adequada. Causa será apenas aquela que foi mais determinante, desconsiderando-se as demais. 44 O Professor Sergio Cavalieri Filho, faz menção ao processo mental hipotético, sendo um critério adotado por outros doutrinadores. Este processo consiste em manter a relação entre o fato e do dano em sua mente. “Desse modo para determinar se uma condição constitui “causa” do evento ou resultado procedesse eliminando in mente essa condição. Se, ainda assim, o resultado persistir, essa condição não era causa “(STOCO, 2007, p.151). Será analisado se ocorreria por parte deste ato que se elimina mentalmente o dano. Então, se determinaria a causa, o fato determinante. Caberá ao juiz da causa, fazer um juízo de probabilidade para determinar a causa determinante. A crítica feita a essa teoria, é que nem sempre este juízo de probabilidade é satisfatório. No nosso ordenamento jurídico não houve a aceitação absoluta de apenas uma das teorias, tanto, que se observa que o Código Penal adotou em seu artigo 13º a teoria da equivalência e o Código Civil adotou em alguns artigos a teoria da causalidade adequada, como o artigo 186. Enfim, independentemente da teoria que se adote como a questão só se apresenta ao juiz, caberá a este, na análise do caso concreto, sopesar as provas interpretá-las como conjunto e estabelecer se houver violação de direito alheio, cujo resultado seja danoso, e se existe um nexo causal entre esse comportamento do agente e o dano verificado. Rui Stoco (2007, p.152). Como se observa na citação supramencionada, quem irá determinar que teoria adotar para solucionar o conflito, e determinar o nexo de causalidade, será o juiz competente pata tal demanda, analisando o caso concreto. CATEGORIA DE RESPONSABILIDADE CIVIL A responsabilidade civil pode-se dividir em várias espécies, depende da perspectiva em que são analisadas. Estas espécies de responsabilidade se dividem em três grupos, separando eles quanto: ao seu fato gerador, ao seu fundamento e relativamente pelo seu agente. RESPONSABILIDADE CIVIL QUANTO AO SEU FATO GERADOR A responsabilidade civil quanto ao seu fato gerador, é a espécie que se determina pela sua origem, podendo ser ela com contratual ou 45 extracontratual (ou aquiliana). A responsabilidade contratual, como o próprio nome já diz ela se origina de um contrato, um acordo de vontades, pode ser um contrato unilateral, bilateral ou multilateral. Surge esta responsabilidade de um ilícito contratual, no inadimplemento da obrigação, ou na mora do cumprimento da obrigação. Obtêm-se a presunção da culpa, pois se origina de um acordo de vontades, sendo que as partes sabiam e eram cientes dos seus deveres e obrigações. Porém, poderá haver excludentes ou inexistência de culpa, como nos artigos. 389 e 393 do Código Civil. A responsabilidade extracontratual ou aquiliana, ela não se origina em relação contratual ou obrigacional entre as partes, ela surge de atos normativos, ou seja, da lei. A responsabilidade extracontratual é o ato ilícito, a não observância da lei, ou a lesão a um direito. Caberá a vítima o ônus da prova, demonstrar a culpa do ofensor. Sendo que se não for provada a culpa, não haverá indenização para cobrir os danos, todavia, poderá a vítima se basear na culpa fundada no risco, se a culpa não for o suficiente para cobrir todos os danos. RESPONSABILIDADE CIVIL RELATIVAMENTE AO SEU AGENTE. Quanto à responsabilidade civil relativa ao seu agente, é a espécie que se baseia no agente que praticou o ato lesivo, se subdivide em dois, sendo a direta e a indireta ou complexa. A responsabilidade direta é aquela em que o agente causador do ato lesivo irá responder pessoalmente pela responsabilidade, será a própria pessoa que causou o dano a imputada pelo seu ato. Portanto a responsabilidade indireta ou complexa é aquela em que a pessoa que será imputada não é a pessoa que praticou o ato lesivo, mas sim a pessoa que é responsável por esta, responsável pelo fato de seu animal ou responsável por seus bens. Há um vínculo legal entre o causador do dano e a pessoa que responderá pelo fato. 46 O DEVER CIVIL SUBJETIVO E OBJETIVO Independente do conceito de culpa a responsabilidade civil objetiva, justificando a aplicação da teoria do risco, em que a responsabilidade do agente decorre do seu próprio ato que oferece perigo de lesão ao patrimônio de outrem; à Responsabilidade Civil subjetiva é indispensável a existência do elemento culpa na conduta do agente, da qual resultou dano a alguém. A investigação da culpa determina ao agente o grau de sua responsabilidade, impondo-lhe, ao mesmo tempo, o dever de indenizar o prejudicado conforme seja a extensão do dano, associada à culpa na sua ação. O conceito da culpa objetiva, consagrada no artigo 37, § 6º da Constituição Federal de 1988, bem como, em dispositivos específicos – artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor – implica no dever de indenizar o dano causado, independentemente de culpa do agente lesionado. Como ensina Stolze e Pamplona (2013), a responsabilidade subjetiva assenta-se na ideia de culpa, caracterizando-se por uma atuação imprudente ou negligente por parte do causador do dano. Entendimento este firmado no art. 186 do C.C: diz que toda “pessoa que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outras pessoas, mesmo que unicamente moral, cometerá um ato ilícito”. Constata-se que a obrigação de indenizar é consequência lógica do ato ilícito. Caio Mário da Silva Pereira (2001) nos fala que é necessário que o autor demonstre o comportamento culposo do demandado, a fim de confirmar sua pretensão. Com a especialização da culpabilidade
Compartilhar