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2ºAula Titular da delegação, prepostos e auxiliares Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • compreender quais requisitos devem ser preenchidos para ingressar no serviço notarial; • entender como se dá a contratação de prepostos pelo notário; • assimilar sobre a responsabilidade civil e criminal e das incompatibilidades e impedimentos que recaem sobre o notário e seus prepostos. Meus caros(as) alunos(as), Iniciamos a nossa segunda aula e nela trataremos sobre o ingresso na atividade notarial, dos prepostos contratados pelo titular do cartório, da responsabilidade civil e criminal por atos praticados pelo notário e seus prepostos, das incompatibilidades e dos impedimentos que recaem sobre o notário no desempenhar de sua função. Iniciemos, então, nossa aula! Que tal!? Disposto a começar? Comecemos, analisando os objetivos e verificando as seções que serão desenvolvidas ao longo desta aula. Bom trabalho! Bons estudos! Sistema Notarial 14 Seções de estudo 1 – Do ingresso na atividade notarial 2 – Dos prepostos contratados pelo notário 3 – Da responsabilidade civil e criminal e dos impedimentos e incompatibilidades 1 - Do ingresso na atividade notarial A Constituição Federal de 1988, no 3º do artigo 236 estabelece que o ingresso na atividade notarial exige concurso público de provas e títulos. Por sua vez, a Lei 8.935/1994, que regulamenta o referido dispositivo constitucional, dispõe em seu artigo 14 que, além da submissão ao concurso público de provas e títulos, o indivíduo deve preencher uma série outros requisitos que o torna habilitado para o desempenho da função. Vejamos o artigo de referida Lei: Art. 14. A delegação para o exercício da atividade notarial e de registro depende dos seguintes requisitos: I - habilitação em concurso público de provas e títulos; II - nacionalidade brasileira; III - capacidade civil; IV - quitação com as obrigações eleitorais e militares; V - diploma de bacharel em direito; VI - verificação de conduta condigna para o exercício da profissão. Como dispõe o inciso I do artigo 14 da Lei, o ingresso na atividade notarial dá-se por meio de concurso público extrajudicial de provas e títulos, já que o Estado delega a titularidade da função à terceiro. O concurso público é realizado pelo Poder Judiciário, por intermédio da publicação de edital que, nos termos do artigo 15 da Lei, exige para todas as fases a participação: • De representante do Ministério Público; • Representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); • 1 (um) notário; • 1 (um) registrador. Segundo prescreve o inciso II do Artigo 14, para ingressar na atividade notarial, o indivíduo deve possuir nacionalidade brasileira. Sobre nacionalidade brasileira, importante fixar o regramento contido no artigo 12 da CF/88, in verbis: Art. 12. São brasileiros: I - natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007) II - naturalizados: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) § 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.(grifo nosso) (...) Ainda, como requisito para o ingresso na atividade notarial, o inciso III, do artigo 14, da Lei, dispõe que o indivíduo deve possuir capacidade civil. Mas... qual Lei prevê sobre a capacidade das pessoas? Para compreendermos sobre capacidade civil, façamos uma leitura do artigo 5º do Código Civil: Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II - pelo casamento; III - pelo exercício de emprego público efetivo; IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. (grifo nosso) Considera-se capaz, segundo dispõe o Código Civil, o indivíduo com 18 (dezoito) anos completos, ou, menores, desde que, tenham eles a incapacidade cessada por uma das 15 hipóteses previstas nos incisos do dispositivo acima destacado. O inciso IV, do artigo 14 da Lei, dispõe, também requisito para o exercício da atividade notarial, que a pessoa comprove: • A comprovação com a quitação do serviço militar, se do sexo masculino; • Quitação com a obrigação eleitoral. Como requisito, ainda, essencial para a outorga da serventia notarial, segundo prescreve o inciso V, do artigo 14, da Lei, que o indivíduo certifique através de diploma, conclusão do curso de bacharel em Direito, por instituição de ensino superior oficial ou devidamente reconhecida pelo MEC, até a data da outorga (POSSE), segundo dispõe a Súmula 266 do Superior Tribunal de Justiça (STJ). CUIDADO! Segundo preceitua o §2º, do mesmo dispositivo, podem concorrer candidatos NÃO BACHARÉIS EM DIREITO que comprovem, através de certidão, exercício POR DEZ ANOS, COMPLETADOS ATÉ A DATA DA OUTORGA, DE FUNÇÃO NOTARIAL OU DE REGISTRO. Por último, é requisito não menos importante, conforme expressa o inciso VI, do artigo 14 da Lei, que a pessoa detenha conduta condigna com o exercício da atividade, comprovada por meio de certidões negativas de antecedentes criminais ou cíveis incompatíveis com a outorga da Delegação, expedidas nos locais em que o candidato manteve domicílio nos últimos dez anos. Serão declarados habilitados para o exercício da atividade na rigorosa ordem de classificação no concurso, como estabelece o artigo 19 da Lei. Art. 19. Os candidatos serão declarados habilitados na rigorosa ordem de classificação no concurso. Sossegados até aqui? Ok, então vamos em frente, pois a próxima seção trata dos prepostos contratados pelos notários. 2 - Prepostos contratados pelos notários Os notários podem contratar PREPOSTOS regidos pela Consolidação das Leis do trabalho (CLT), tantos quantos sejam necessários para o desenvolvimento satisfatório da atividade notarial: São prepostos, segundo prescreve o artigo 20 da Lei 8.935/1994: • Escreventes e Auxiliares; Importante: Entre os escreventes, o notário pode escolher substituto(s), cujo(s) nome(s) deve ser encaminhado ao juiz competente, para que tome conhecimento, haja vista que, a estes é dada a atribuição de praticar TODOS OS ATOS realizados pelo notário, exceto, nos tabelionatos de notas, lavrar testamento. Em caso de ausência ou impedimento, o notário pode designarentre os seus substitutos quem responda pelo respectivo serviço. Sobre testamento importante a previsão do artigo 1.857 do Código Civil: Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte. § 1o A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no testamento. § 2o São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que o testador somente a elas se tenha limitado. Cuidado! De acordo com o artigo 21 da Lei 8.935/1994, para centralizar o poder do notário, somente ele, titular da serventia (RESPONSABILIDADE EXCLUSIVA) é responsável pelo gerenciamento administrativo, financeiro, englobando as despesas com pessoal, investimentos realizados na serventia, como por exemplo, benfeitorias efetuadas no prédio, cabendo a ele estabelecer todas as normas, condições e obrigações inerentes às atividades desenvolvidas pelos prepostos e respectivas remunerações pela prestação do serviço. 3 - Da responsabilidade civil e criminal e dos impedimentos e incompatibilidades Segundo Rodrigues (2013, p. 36) respondem os notários cível e criminalmente pelos danos causados por ele e seus prepostos quando no exercício da atividade. É sabido, conforme prescrevem os artigos 927 c/c 186, ambos do Código Civil, que aquele que pratica ato ilícito, ainda que exclusivamente moral, deverá indenizar. Art. 22. Os notários e oficiais de registro são civilmente responsáveis por todos os prejuízos que causarem a terceiros, por culpa ou dolo, pessoalmente, pelos substitutos que designarem ou escreventes que autorizarem, assegurado o direito de regresso. (Redação dada pela Lei nº 13.286, de 2016). Parágrafo único. Prescreve em três anos a pretensão de reparação civil, contado o prazo da data de lavratura do ato registral ou notarial. (Redação dada pela Lei nº 13.286, de 2016). Art. 23. A responsabilidade civil independe da criminal. Art. 24. A responsabilidade criminal será individualizada, aplicando-se, no que couber, a legislação relativa aos crimes contra a administração pública. Parágrafo único. A individualização prevista no caput não exime os notários e os oficiais de registro de sua responsabilidade civil. Importante destacar que ao notário, cabe o exercício do direito de regresso contra preposto que tenha agido com dolo ou culpa no desempenho da atividade notarial, conforme Sistema Notarial 16 previsão expressa do artigo 22 da Lei 8.935/1994. Além de sanções cíveis e criminais, o notário responde administrativamente, desde a aplicação de multa, até a perda da delegação, pelos atos praticados no desempenho da função notarial, assegurado a ele o exercício do direito de contraditório e ampla defesa, resguardados no artigo 5º, inciso LV, da CF/88. Sobre as incompatibilidades, ou seja, atividades inconciliáveis com a atividade notarial, vejamos os ensinamentos de Rodrigues (2013, p.37): A atividade notarial é incompatível com o exercício da advocacia, com a intermediação dos próprios serviços notariais ou com o exercício de qualquer cargo, emprego ou função públicos, ainda que em comissão. Nestes casos, a diplomação, do mandato eletivo, ou a posse, nos demais casos, implica no afastamento da atividade. O notário pode ser sócio e administrador de empresa, desde que não seja atividade de advocacia ou que implique em intermediação dos próprios negócios. Vislumbra-se que é incompatível com a atividade notarial, implicando no afastamento das funções: • Exercício da advocacia; • Intermediação de serviços, como por exemplo, de despachante; • Exercício de cargo, emprego ou função pública, ainda que em comissão. • Sobre o impedimento de prática de atos que possam beneficiar, de alguma forma o notário, segundo prescreve o artigo 27 da Lei, ele NÃO PODE na serventia de que é titular praticar PESSOALMENTE: • Atos de seu interesse; • Atos de interesse de seu cônjuge; • Atos de interesse de parentes, na linha reta, ou colateral, consanguíneos (exemplo: pai, mãe, avós, filhos) ou afins (exemplo: sogros), até o terceiro grau (exemplo: sobrinhos). Retomando a aula Neste segundo encontro considerei importante trabalhar a Constituição Federal que dispõe sobre o exercício da atividade notarial, que, por sua vez, foi regulamentada pela Lei 8.935/1994. 1 – Do ingresso na atividade notarial Na primeira seção da Aula 2, tivemos a oportunidade de trabalhar as regras que permeiam o ingresso na atividade notarial. 2 – Prepostos contratados pelos notários Na segunda seção, abordamos sobre a possibilidade de contratação, pelo notário, de prepostos celetistas, visando presteza no serviço prestado. 3 – Da responsabilidade civil e criminal e dos impedimentos e incompatibilidades Na última seção, tratamos da responsabilidade civil, criminal e administrativa, do notário, quando ele, ou seus prepostos, praticam atos ilícitos, no exercício da função, capazes de gerar consequências jurídicas àqueles que se utilizam dos serviços notariais. Foi abordado, também, sobre impedimentos e incompatibilidades que recaem sobre o notário. Chegamos, assim, ao final da segunda aula. Esperamos que tenha ficado clara a forma de ingresso na serventia notarial, sobre a possibilidade de contratação de prepostos, da responsabilidade civil, criminal e administrativa, incompatibilidades que recaem sobre o notário. Vale a pena RODRIGUES, Felipe Leonardo, GAIGER FERREIRA, Paulo Roberto, Tabelionato de Notas, São Paulo, Saraiva, 2013. Vale a pena ler Não esqueçam! Em caso de dúvidas, acessem as ferramentas “fórum” ou “quadro de avisos” para se comunicar com o(a) professor(a). Minhas anotações