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Princípios Básicos da Administração Pública Matéria: Direito Administrativo Professor: Jonatas Albino do Nascimento Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 2 de 89 www.exponencialconcursos.com.br Olá, pessoal! É com imensa satisfação que lançamos o curso de Direito Administrativo para Analista Judiciário – Área Judiciária – Oficial de Justiça Avaliador Federal - Teoria e Questões no Exponencial Concursos. Vamos nos apresentar! Meu nome é Jonatas Albino, sou Agente Fiscal de Rendas do Estado de São Paulo (ICMS/SP), professor do Exponencial Concursos e de cursinhos preparatórios presenciais em Marília, São Paulo. Caso esse seja nosso primeiro contato, faço uma breve apresentação sobre a mim para que nos conheçamos melhor. Minha vida de concurseiro começou logo cedo, quando decidi que queria ser Oficial de carreira do Exército Brasileiro. Era o ano de 2005 e morava em Boa Vista-RR. Por não ter confiança nos cursos preparatórios lá disponíveis, encarei a preparação por conta própria por meio de uma boa bibliografia e muitas horas de estudos. A receita era boa e o resultado apareceu: 14º colocado para a Escola Preparatória de Cadetes do Exército, 1º colocado no vestibular para Ciências da Computação na UFRR e 1º colocado para a Escola de Especialistas da Aeronáutica. Passados aproximadamente 8 anos no Exército Brasileiro, já como 1º tenente, decidi que queria uma carreira diferente, apontando meus esforços para a área fiscal. Mais uma vez, agora pela impossibilidade de conciliar aulas presenciais com a rotina exaustiva na caserna, optei pela tática já antes utilizada: bom material e muitas horas de estudo. O resultado veio relativamente rápido: após um ano e meio de preparação fui aprovado para o concurso para a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, vulgarmente conhecido como ICMS-SP, onde estou até hoje, mais precisamente na cidade de Marília, como dito anteriormente. Vamos fazer uma passagem pela metodologia do curso! O curso será composto por 18 aulas (contando com a demonstrativa), cuja divulgação obedecerá ao cronograma da página 4. A estrutura das aulas será assim: Teoria Caro aluno, o melhor material para concursos não é o mais extenso, mas o que te faça aprender corretamente e de forma rápida. Vale lembrar que o foco é passar na prova e não se formar em direito, ok? Com esse foco, nosso curso será extremamente objetivo, ensinando tudo o que você precisa saber, sem doutrinas e divagações desnecessárias. A ideia é valorizar o seu tempo. APRESENTAÇÃO Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 3 de 89 www.exponencialconcursos.com.br Por isso, vamos apresentar diversos esquemas, fluxogramas, tabelas comparativas, pequenos resumos, sublinhados, entre outras ferramentas para potencializar seu aprendizado. Aqui vamos explicar uma coisa: vamos preparar o curso de forma que os destaques, as cores, os negritos e os sublinhados sirvam para que vocês possam fazer uma leitura dinâmica de forma que seja suficiente para resgatar o conhecimento do assunto objeto da leitura, permitindo as revisões mais rápidas após a leitura inicial do curso. Questões Nosso curso é focado na FCC, portando faremos muitas questões da banca. Para aqueles que optem por um complemento, no material também teremos questões ESAF, a título de complemento. Procuraremos também extrair o máximo de conhecimento de cada questão resolvida, assinalando o item incorreto. Aqui gostaria de detalhar alguns pontos importantes: Iremos colocar questões também na parte teórica para quebrar um pouco o ritmo, aumentar a dinâmica do estudo e também para ajudar na fixação do conteúdo. Vamos colocar as questões com o gabarito no final sem os comentários para facilitar no treinamento. Quando tivermos algum assunto que ainda não foi cobrado em provas anteriores (ou que tenha sido pouco cobrado) criaremos algumas questões no estilo da banca para que vocês não sejam pegos desprevenidos. Nos comentários iniciais das aulas vamos conversar com vocês dando várias dicas, principalmente sobre técnicas de estudo. E para iniciar, lá vai a dica inicial: planejamento! Por isso, principalmente se você ainda está conhecendo o “mundo dos concursos”, considere ser conduzido por um dos coachs do Exponencial. Aproveito para convidar você para curtir minha página no Instagram, por onde mantenho contato com meus alunos. Prof_Jonatas_Albino Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 4 de 89 www.exponencialconcursos.com.br Aula Conteúdo 00 PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 01 ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 02 REFORMA ADMINISTRATIVA 03 PODERES ADMINISTRATIVOS 04 ATOS ADMINISTRATIVOS 05 AGENTES PÚBLICOS 06 DIREITOS DOS SERVIDORES PUBLICOS 07 AGENTES PÚBLICOS, REGIME DISCIPLINAR E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 08 CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 09 LICITAÇÕES – PARTE 01 10 LICITAÇÕES – PARTE 02 11 BENS PÚBLICOS 12 RESPONSABILIDADE DO ESTADO 13 CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 14 INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE 15 PROCESSO ADMINISTRATIVO 16 SERVIÇOS PÚBLICOS 17 LEI Nº 11.416/2006 *Confira o cronograma de liberação das aulas no site do Exponencial Concursos, na página do curso. Durante o curso, estabeleceremos contato por meio do Fórum, onde serão trabalhadas as dúvidas. Vamos em frente! Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 5 de 89 www.exponencialconcursos.com.br Sumário 1 – Princípios da Administração Pública .................................................... 6 ração Pública ........................................................................................... 6 1.1 – Princípios x Regras .........................................................................................................6 1.2 – Regime Jurídico Administrativo ......................................................................................8 2 – Princípios Administrativos com Previsão Constitucional ....................... 9 2.1 – Legalidade ................................................................................................................... 10 2.2 – Impessoalidade ............................................................................................................ 11 2.3 – Moralidade .................................................................................................................. 13 2.4 – Publicidade .................................................................................................................. 16 2.5 – Eficiência ..................................................................................................................... 19 3 – Outros Princípios da Administração Pública ....................................... 21 3.1 – Princípios da Proporcionalidade e Razoabilidade.......................................................... 21 3.2 – Princípios da Continuidade do Serviço Público ............................................................. 23 3.3 – Princípio da Autotutela ................................................................................................ 25 3.4 – Princípio da Presunção de Veracidade e Legitimidade .................................................. 27 3.5 – Princípio da Segurança Jurídica .................................................................................... 28 3.6 – Princípio da Motivação ................................................................................................ 30 3.7 – Princípio da Hierarquia................................................................................................ 32 3.8 – Outros Princípios da Administração Pública – menos cobrados em provas ................... 33 4 – Questões Comentadas ...................................................................... 35 4.1 - FCC ................................................................................................................................... 35 4.5 - ESAF ................................................................................................................................. 54 5 – Lista de Exercícios ............................................................................. 64 5.2 - ESAF ................................................................................................................................. 74 6 – Gabarito ........................................................................................... 87 7 – Referencial Bibliográfico ................................................................... 88 PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 6 de 89 www.exponencialconcursos.com.br Princípios são conceitos que devem nortear todo o ordenamento jurídico. Apesar de ser redundante falar isso, não é por acaso que a palavra princípio tem como sinônimo início, começo. São os fundamentos que devem ser observados até mesmo pelo Poder Legislativo na elaboração das normas que irão regular nossa sociedade. A despeito de não necessariamente estarem escritos, os princípios são fontes de direito genéricos por terem escopo bastante amplo, atuando em diversas situações. Servem para a análise de validade de outras normas, escritas ou não. Além disso, podem também ajudar na interpretação das demais regras. Objetivamente, os princípios estabelecem as linhas mestras a serem buscadas. Os princípios não possuem hierarquia entre si. Em caso de conflito entre princípios, deve-se ocorrer a ponderação para avaliar qual deve predominar numa situação concreta. Por exemplo, o princípio da eficiëncia não pode servir como pretexto para o abandono das formalidades prescritas em lei de um processo administrativo. Outra situação que vemos costumeiramente é a questão da sigilo (privacidade) x publicidade. Por vezes, processos ocorrem sobre “segredo de justiça”, quando, devido ao tipo de litígio, os atos processuais são mantidos sigilosos. Seria essa uma ofensa ao princípio da publicidade? Não necessariamente. Há situações nais quais o sigilo faz-se necessário para garantir o sucesso das investigações e a intimidade das parte envolvidas. Uma característica marcante dos princípios é o seu alto nível de abstração. Por exemplo, ao dizer que o princípio da impessoalidade se aplica à Administração Pública (APU) é necessário avaliar, caso a caso, como obedecer a este princípio. Ao publicar que o Governo do Estado do Rio de Janeiro realizou uma grande obra não há ofensa alguma a tal princípio. Entretanto, ao dizer que o Governador “Zé das Couves” fez uma determinada obra, há sim ofensa a tal princípio. 1 – Princípios da Administração Pública 1.1 – Princípios x Regras Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 7 de 89 www.exponencialconcursos.com.br As regras jurídicas por sua vez apresentam significativas diferenças em relação aos princípios. As regras são menos genéricas (geralmente tem escopo mais reduzido) e menos abstratas (tratam de situações mais específicas). O conflito entre duas regras deve ser resolvido seguindo um rito mais formal, em que são avalidados critérios como o hierárquico, o cronológico e o da especificidade. Pelo critério hierárquico, a norma de maior hierarquia deve prevalecer sobre de menor hierarquia. Por exemplo, a Constituição da República Federativa do Brasil (CF/88) prevalece sobre a uma lei ordinária que a contrarie. Já pelo critério cronológico, a lei mais recente prevalece sobre a mais antiga (supondo normal de mesma hierarquia). Nesse caso, dizemos que ocorreu a revogação da lei mais antiga (lex posteior derogat legi priori). Notem que, de maneira geral, os atos que ocorreram durante a vigência da lei revogada continuam sendo tratados por essa, uma vez que não foram invalidados. Apenas os fatos futuros seguirão o novo ordenamento (estabelecido pela lei mais recente). Na aplicação do critério da especificidade, uma determinada regra mais específica deve ser aplicada em detrimento de uma norma com escopo mais amplo. Aqui não cabe falar em revogação, pois a lei geral continua plenamente aplicável aos demais atos, não tratados na lei mais específica (lex specialis derogat legi generali). Princípios Jurídicos Generalidade Abstração Ausência de hierarquia entre si São usados na interpretação das regras Devem ser observados pelo Legislativo no processo normativo Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 8 de 89 www.exponencialconcursos.com.br Como vimos na aula 0, o regime jurídico administrativo é formado por dois princípios: supremacia do interesse público e indisponibilidade do interesse público. Esses dois princípios não estão expressamente previstos no texto constitucional e são conhecidos também conhecidos como supraprincípios Este dois princípios representam os fundamentos que servem como base para a criação dos demais princípios jurídicos. Isso ocorre porque só o interesse público serve como justificativa para o estabelecimento de restrições (indisponibilidade do interesse público) e prerrogativas (supremacia do interesse público) da APU frente ao administrado. Outro ponto de atenção é que a APU atua nas suas relações jurídicas tanto sob o regime de direito público quanto sob o regime jurídico de direito privado. Este conceito amplo é chamado de “Regime Jurídico da Administração”. Quando a APU têm suas relações regidas pelo direito público, dizemos que está atuando sob regime jurídico administrativo, que tem um significado restrito. Critérios para Solução de Conflito entre Regras Cronológico lex posteior derogat legi priori Hierárquico Especificidade lex specialis derogat legi generali 1.2 – Regime Jurídico Administrativo Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 9 de 89 www.exponencialconcursos.com.br 1 - (CESPE - Admin - SUFRAMA/2014) A respeito do direito administrativo, julgue o item subsecutivo. A impossibilidade da alienação de direitos relacionados aos interesses públicos reflete o princípio da indisponibilidade do interesse público, que possibilita apenas que a administração, em determinados casos, transfira aos particulares o exercício da atividade relativa a esses direitos. Comentários. Perfeito o item. Devido ao princípio da indisponibilidade do interesse público, não pode a APU alienar um direito que não é seu, mas da sociedade. Gabarito: Certo A CF/88 estabelece em seu artigo 37 os princípios que devem pautar a atuação da APU: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: ” Percebam que tais princípios se aplicam a todas as esferas (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) e a todos os Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) tanto da Administração Pública Direta quanto indireta. Para decorar tais princípios, segue uma dica: a palavra LIMPE, composta pela primeira letra de cada umdeles em ordem. REGIME JURÍDICO DA ADMINISTRAÇÃO REGIME JURÍDICO DE DIREITO PÚBLICO CONCEITO RESTRITO REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO REGIME JURÍDICO DE DIREITO PRIVADO 2 – Princípios Administrativos com Previsão Constitucional Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 10 de 89 www.exponencialconcursos.com.br 2 - (CESPE - Ag Adm - MDIC/2014) no que concerne à licitação, ao controle da administração pública e ao regime jurídico- administrativo, julgue o item. Os princípios da administração pública expressamente dispostos na CF não se aplicam às sociedades de economia mista e às empresas públicas, em razão da natureza eminentemente empresarial dessas entidades. Comentários. Como verificados, tais princípios se aplicam tanto à APU Direta quanto à indireta, em que se situam as Sociedades de Economia Mista e as Empresas Públicas. Gabarito Falso. O princípio da legalidade está diretamente relacionado ao conceito de Estado de Direito, no qual todos (inclusive o próprio Estado) devem obedecer as leis em vigor. A legalidade administrativa tem significato distinto daquele utilizado pelos particulares em suas ações. Vejamos o que diz a CF88: “Art 5º (...) II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;(...)” Notem que o particular pode adotar qualquer conduta não vedada pelas leis então vigentes. O conceito é que, à princípio, está permitido até que a lei diga o contrário. LIMPE Legalidade Impessoalidade Moralidade Publicidade Eficiência 2.1 – Legalidade Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 11 de 89 www.exponencialconcursos.com.br No caso da legalidade administrativa, não há uma definição na CF/88. A doutrina predominante coloca que a legalidade administrativa corresponde a todos os atos que a lei determina (atuação vinculada) ou autoriza (atuação discricionária) que a APU realize. Percebam que deve haver previsão que respalde a atuação do Estado. Do exposto acima é possível dizer que a APU não pode atuar contra a lei (contra legem) nem além da lei (praeter legem), mas apenas segundo a lei (secundum legem). O conceito aqui é bastante diferente do estudado nas relações privadas. Aqui a ideia é de que para que a atuação do agente público esteja conforme a lei, exista expressa disposição legal determinando ou autorizando o ato. O princípio da Impessoalidade tem como objetivo direcionar a atuação da APU no sentido maximizar os benefícios para a sociedade como um todo (busca do interesse público), sem beneficiar esse ou aquele grupo de pessoas. Nessa vertente, tal princípio também é conhecido como princípio da finalidade. Percebe-se que nessa acepção, o princípio da impessoalidade está intimamente ligado ao conceito de igualdade ou isonomia, pois o Legalidade para o cidadão comum É permitido fazer tudo o que a lei não proíbe Legalidade para a Administração Pública É permitido fazer tudo o que a lei expressamente determina ou autoriza Lei Determina Ato Vinculado Autoriza Ato Discricionário 2.2 – Impessoalidade Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 12 de 89 www.exponencialconcursos.com.br interesse público deve buscar beneficiar de forma igualitária todas os cidadãos envolvidos. Lembre-se de que a igualdade tem duas vertentes: a igualdade horizontal, na qual todos em situações semelhantes devem receber o mesmo tratamento. Entretanto, pela sua vertente vertical, pessoas que se encontram em situações distintas podem sim ter tratamentos distintos. Um exemplo básico: uma fila com três jovens e uma senhora grávida. Obviamente, os jovens (que estão em situação similar) irão ser atendidos segundo a ordem de chegada. Por outro lado, a senhora grávida deve ser atendida preferencialmente, pois está numa situação diferente dos demais. Voltando ao princípio da impessoalidade, a sua outra dimensão é a de que a atuação do agente público deve sempre ser divulgada de forma impessoal, sem o emprego de nomes, como o do governador “fulano de tal”. Sobre tais situações, o STF já se pronunciou dizendo que é vedada a vinculação, em propaganda oficial, de obra ou serviço realizado pelo titular de cargo público. Segundo jurisprudência do STF (Súmula Vinculante nº 13), o princípio da impessoalidade serve também para justificar o controle da prática de nepotismo (favorecimento de parentes ou amigos próximos em detrimento de pessoas mais qualificadas, especialmente no que diz respeito à Isonomia Horizontal Pessoas em situações semelhantes devem ser tratadas da mesma forma Vertical Pessoas em situações diferentes podem ter tratamentos distintos Impessoalidade Busca do Interesse Público Sem promoção pessoal do agente público Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 13 de 89 www.exponencialconcursos.com.br nomeação ou elevação de cargos) da APU, sem necessidade de que tal prática esteja proibida em lei formal. O conceito de moralidade administrativa está ligado diretamente com a nossa noção de certo e errado, sem, entretanto, nos restringirmos apenas ao que está prescrito em lei. A moral é um conceito mais amplo, em que todos aqueles que atuam junto à APU – e aqui estão incluídos tanto os agentes públicos quanto os demais cidadãos – devem avaliar se estão agindo de forma honesta ou desonesta. O conceito de moralidade não está definido na CF/88, sendo dado como um conceito indeterminado pelo seu altíssimo nível de abstração e dificuldade de se obter uma definição completa. O que se busca é, além de uma atuação totalmente dentro dos parâmetros estabelecidos por lei, que o agente público e os cidadãos ajam sempre de forma a maximizar os benefícios para a sociedade, sem se beneficiar de forma ilegítima. Podemos utilizar diversos exemplos de condutas imorais por parte do servidor público: O uso de recursos públicos em proveito próprio; O tratamento grosseiro no atendimento ao público; ou O ganho indevido para agir de uma determinada forma, mesmo que esta conduta fosse adotada independente do recebimento de tais valores. O Decreto Nº 1.171 de 22 de junho de 1994, que aprovou o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, estabelece em seu texto o seguinte: Conceito Indeterminado MORALIDADE se aplica aos: agentes públicos demais cidadãos Buscar sempre o interesse público Escolha entre o honesto e desonesto 2.3 – Moralidade Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 14 de 89 www.exponencialconcursos.com.br “I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios morais são primados maiores que devem nortear o servidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes serão direcionados para a preservação da honra e da tradição dos serviços públicos. ” Como se percebe, o decreto 1171/94 estabelece que o servidor público deve (mandamento) atuar de forma ética tanto no exercício do cargo/função quanto na sua vida particular. E continua: “II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante as regras contidasno art. 37, caput, e § 4°, da Constituição Federal. ” Novamente fica claro que a atuação do servidor público não pode se restringir apenas ao descrito na legislação, devendo avaliar caso a caso se sua conduta está sendo adotada de forma legítima. “III - A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar a moralidade do ato administrativo. ” Aqui é colocado como parâmetro de que sempre que o servidor se afastar do interesse público (bem comum) estará se afastando da conduta ética. Outra referência à ética está na própria constituição, que coloca que: “Art. 37º (...) § 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. ” Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 15 de 89 www.exponencialconcursos.com.br O conceito de improbidade administrativa não está definido na CF/88 e nem na lei que regulamenta o parágrafo acima (Lei 8429/92). Podemos dizer, entretanto, que tal conceito está ligado à conduta irregular (e não apenas ilegal) por parte do agente público, que pode culminar com prejuízo ao erário e até mesmo enriquecimento por parte do agente. Este tema será tratato na aula referente ao controle da APU. Há previsão constitucional de remédios que devem ser usados no caso de ofensa à moralidade administrativa. Vejamos: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;(...)” A Ação Popular está inserida no rol dos direitos e deveres individuais e coletivos, tamanha a importância que a CF/88 deu à moralidade administrativa. 3 - (CESPE - Tec MPU - Apoio Técnico e Administrativo - Segurança Institucional e Transporte/2015) O servidor responsável pela segurança da portaria de um órgão público desentendeu-se com a autoridade superior desse órgão. Para se vingar do servidor, a autoridade determinou que, a partir daquele dia, ele anotasse os dados completos de todas as pessoas que entrassem e saíssem do imóvel. Com referência a essa situação hipotética, julgue o item que se segue. Improbidade Administrativa Perda de Função Pública Suspensão dos Direito Políticos Indisponibilidade dos bens Ressarcimento ao erário Independente de Ação Penal Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 16 de 89 www.exponencialconcursos.com.br O ato praticado pela autoridade superior, como todos os atos da administração pública, está submetido ao princípio da moralidade, entretanto, considerações de cunho ético não são suficientes para invalidar ato que tenha sido praticado de acordo com o princípio da legalidade. Comentários. A moralidade pode sim ser utilizada para anular um determinado ato, mesmo sendo esse um conceito indeterminado. Gabarito: Errado A publicidade está intimamente ligada ao conceito de democracia. Como vimos, a democracia é o governo do povo. Para que este possa fiscalizar e estar a par do que está ocorrendo no governo, é necessário que haja ampla publicidade das ações do governo. Deve haver transparência na gestão da coisa pública. Apesar de importante, esta publicidade não é absoluta (como nenhum outro princípio da APU). Há situações em que o sigilo é necessário, como nas investigações da Polícia Federal. Já estudamos que essa ponderação entre os princípios deve ocorrer caso a caso. Mesmo dentre os atos que não exijam sigilo devemos dizer que a publicidade não é necessária em todos os atos da APU. Apenas os atos que têm efeitos externos precisam ser publicados (também chamados de atos externos). Os atos de mero expediente ou atos internos (que não geram nenhum efeito para o cidadão) não precisam ser publicados. A legislação sobre o tema publicidade é vasta no nosso ordenamento jurídico. Como mais relevante podemos citar a CF/88, que preconiza: “Art. 5º (...) Atos sigilosos Não podem ser publicados Atos internos Não precisam ser publicados Atos Externos (e não sigilosos) Precisam ser publicados 2.4 – Publicidade Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 17 de 89 www.exponencialconcursos.com.br XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: (...) b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;(...) ” Já vimos que o acesso à informação é permitido no caso de informação de interesse geral (tem efeitos sobre todos ou pelo menos sobre a grande maioria das pessoas) e também quando a informação é pessoal, daquele cidadão que está solicitando o acesso a informação. A publicidade é requisito essencial para produção de efeitos externos dos atos, gerando direitos e deveres aos administrados. Enquanto o ato não é publicado, dizemos que tal ato ainda não está apto a produzir efeitos, ou seja não tem eficácia. O ato ainda não publicado pode normalmente ser tido com um ato válido, pois a validade do ato está associada ao cumprimento dos requisitos da legislação. Pode igualmente ser tido como ato perfeito por ter completado todo seu processo de criação. Estes tópicos serão estudados com maior profundidade na aula referente a atos administrativos. A publicidade gera efeitos, pois sua decorrência imediata é a presunção absoluta (“juris et juris”) de que o interessado tomou ciência do mesmo. Acesso à informaçao de órgãos públicos Livre Interesse particular do requerente Interesse Coletivo ou Geral Restrito Sigilo seja imprescindível à segurança Do Estado Da Sociedade Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 18 de 89 www.exponencialconcursos.com.br 4 - (CESPE/FUB/Assistente em Administração/2015) A administração pública é regida por princípios fundamentais que atingem todos os entes da Federação: União, estados, municípios e o Distrito Federal. Com relação a esse assunto, julgue o item subsecutivo. Apesar de o princípio da moralidade exigir que os atos da administração pública sejam de ampla divulgação, veda-se a publicidade de atos que violem a vida privada do cidadão. Comentários: Muitas vezes somos induzidos ao erro pela questão! Fique sempre atento! O erro está em se falar no princípio da moralidade quando na verdade seria o da publicidade. Gabarito: Errada. Por último, cabe salientar que hoje temos um importante instrumento para garantir a publicidade dos atos (externos e internos) que é a Lei 12.527/2011, conhecida como Lei de Acesso a Informação.Trata-se de uma norma de caráter nacional e que, por isso, obriga todos os entes federativos. Estudaremos esta norma em encontros futuros. Jurisprudência do STJ Apesar do colocado acima, acerca da presunção absoluta de conhecimento por parte do interessado nos casos de atos devidamente publicados (este é o entendimento predominante na doutrina), o STJ tem entendido que no caso de concursos públicos não é razoável exigir do candidato a leitura do diário oficial durante quatro anos para tomar conhecimento da sua nomeação. Nesses casos, a comunicação deve ser pessoal. (RMS 22508, RMS 21554, REsp 24.046/RJ). Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 19 de 89 www.exponencialconcursos.com.br O princípio da eficiência foi expressamente introduzido na CF/88 através da Emenda Constitucional 19/1998 que tinha como foco implementar (ou iniciar isso) a chamada “Administração Pública Gerencial”. Como vemos no nosso dia a dia, o serviço público ainda tem uma imagem, perante a população, de ser extremamente ineficiente, característica da chamada Administração Pública Burocrática, que é marcada pelo apego excessivo ao processo e não ao resultado final, que é a satisfação do interesse público. A APU Gerencial veio exatamente como resposta aos anseios da sociedade, em que o emprego de ferramentas já consagradas na iniciativa privada devem ser adotadas no setor público. Dentro desse contexto, a busca pela eficiência deve ocorrer no dia a dia a APU. Essa eficiência na APU pode ser conseguida através de diversas formas, como: Procurar maximizar as receitas do Estado, sempre com o devido respeito aos demais princípios da legalidade e moralidade. Ex: Um servidor da carreira tributária não pode abrir mão de aplicar uma penalidade devidamente tipificada na legislação. Caso o faça, estará de forma ilícita abrindo mão de recursos públicos cujo possuidor é a própria sociedade. Economicidade do Gasto Público. Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal Divulgação da remuneração dos servidores públicos: tendo sido questionado sobre a constitucionalidade de norma que previa que os vencimentos dos agentes públicos fossem divulgados na internet, o STF se posicionou pela constitucionalidade da norma. A corte maior deixou claro, entretanto, que os dados cadastrais do servidor (identidade, CPF, endereço) devem ser sigilosos para garantir a segurança dos agentes públicos. (ARE 652777). Publicação obrigatória dos custos de publicidade: ao analisar norma que previa que o governo deveria divulgar sempre o custo da publicidade na própria propaganda veiculada na mídia, a corte suprema decidiu pela inconstitucionalidade da norma. ADInMC 2.472-RS, rel. Min. Maurício Corrêa, 13.3.2002. (ADI-2472). 2.5 – Eficiência Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 20 de 89 www.exponencialconcursos.com.br Ex: Ao realizar empenhos (comprometer recursos públicos com uma determinada despesa), a APU deve sempre procurar os preços mais vantajosos para o Erário, sem obviamente abrir mão da qualidade esperada. Desempenhar com a máxima presteza os serviços públicos. Ex: O servidor público deve sempre atender o cidadão da melhor forma possível, evitando a formação de filas, A legislação atual prevê situações em que, claramente, um dos objetivos é a busca por maior eficiência. Como exemplo, podemos citar a celebração de contratos de gestão com entidades da APUI (Administração Pública Indireta) e órgãos do setor público, em que é concedida maior autonomia em troca de um desempenho pré-determinado, numa nítida busca de gestão por resultados. Outro exemplo interessante é a necessidade de avalição especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade para que servidor público efetivo adquira estabilidade no serviço público (CF/88, art 41, §4º). Este artigo (que será detalhado na aula de servidores públicos) foi também incluído pela Emenda Constitucional nº19 de 1998. 5 - (CESPE/TRE-RS/Técnico Judiciário – Área Administrativa/2015 – ADAPTADA) Para a aplicação do princípio da eficiência, exige-se expressa disposição na legislação infraconstitucional. Comentários: O princípio da eficiência é um dos princípios inerentes à administração pública e tem eficácia plena, não necessitando de qualquer legislação infraconstitucionais para sua aplicabilidade. Gabarito: Errada. Excessivo apegos aos processo Conhecida por ser ineficiente APU Burocrática Foco no resultado Busca da eficiência APU Gerencial Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 21 de 89 www.exponencialconcursos.com.br Aqui iniciaremos o estudo dos princípios que não estão expressos na Constituição Federal, mas que são aceitos pela doutrina dominante. Não há consenso na doutrina quanto à perfeita diferenciação entre os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Entretanto, entendemos que hoje predomina a tese de que o princípio da proporcionalidade é uma das vertentes do princípio da razoabilidade. O princípio da razoabilidade determina que todo o setor público deve atuar de forma coerente, racional, tendo uma conduta adequada à situação em questão. Esse conceito é bastante subjetivo e por isso vamos discorrer sobre ele. A razoabilidade implica, por exemplo, que os processos judiciais e administrativos tenham uma duração razoável. Esse item inclusive está previsto na CF/88 (art. 5º, LXXVIII). Notem que o princípio da razoabilidade interage bastante com outros princípios da APU. Por exemplo, o princípio da economicidade (que está ligado ao princípio da eficiência) prega que os custos devem ser os mais baixos possíveis (razoáveis). Já o princípio da proporcionalidade está relacionado à necessidade de uma atuação proporcional, assegurando o interesse público, mas sem ações exageradas. Vamos a um exemplo. É realizada uma fiscalização numa filial de uma grande rede de supermercados e é verificado que dois produtos estão com a validade vencida, entre as centenas de tipos de produtos vendidos. Seria razoável interditar o estabelecimento? Óbvio que não! Este é um dos exemplos em que a proporcionalidade não foi respeitada. Para se avaliar a proporcionalidade, três requisitos devem ser atendidos: Adequação: os meios empregados devem ser adequados aos fins pretendidos. Não é adequado utilizar um contingente significativo de policiais, com uso intensivo de armas de efeito moral, para se conter um pequeno grupo de pessoas. Exigibilidade: a conduta realizada deve ser necessária para se atingir o fim pretendido. Voltando ao exemplo do supermercado, não é necessário fechar a filial para se garantir que as mercadorias vencidas deixem de ser vendidas. Basta apreender todas as mercadeorias que se encontrem nessa situação. 3 – Outros Princípios da Administração Pública 3.1 – Princípios da Proporcionalidade e Razoabilidade Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 22 de 89 www.exponencialconcursos.com.br Proporcionalidade em sentido estrito: aqui a ideia é que o benefício gerado seja superior à restrição imposta à população. Por exemplo, reforçar a pintura de uma faixa de pedestres num horário de grande fluxo de veículos não seria proporcional, uma vez que o transtorno causado poderia ser evitado ao se realizar a manutenção em outro horário. Apesar de tais princípios não estarem expressamente previstos na CF/88, estão sim codificados na Lei 9784/99: “Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade,motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.(...)” É importante dizer que os princípios da proporcionalidade e razoabilidade têm sido amplamente empregados pelo STF no controle de constitucionalidade, o qual, por diversas vezes, tem apontado como sede material para tais princípios o postulado do devido processo legal (CF88, art. 5º, LIV): “art. 5º (...) LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal (...)” 6 - (CESPE/ANTT – Todos os cargos/2013) Acerca das teorias de regulação, das boas práticas regulatórias e da regulação do setor de transportes terrestres no Brasil, julgue o item seguinte. Proporcionalidade Proporcionalidade em sentido estrito Benefícios superiores às restrições. Adequação Os meios devem ser adequados aos fins. Exigibilidade A conduta deve ser necessária. Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 23 de 89 www.exponencialconcursos.com.br A proporcionalidade, no sentido de que o Estado só deve intervir quando se fizer necessário e de forma proporcional aos problemas existentes, constitui um valor que deve nortear a busca por uma maior qualidade regulatória. Comentários: O princípio da proporcionalidade está relacionado à necessidade de uma atuação proporcional, assegurando o interesse público, mas sem ações exageradas. Para se avaliar a proporcionalidade, três requisitos devem ser atendidos: Adequação: os meios empregados devem ser adequados aos fins pretendidos. Exigibilidade: a conduta realizada deve ser necessária para se atingir o fim pretendido. Proporcionalidade em sentido estrito: aqui a ideia é que o benefício gerado seja superior à restrição imposta à população. Gabarito: Certa Como sabemos, os serviços públicos existem para garantir à população serviços essenciais. Esses serviços devem estar permanentemente disponíveis, sob pena de prejudicar os cidadão de forma irretratável. Não é difícil entender que diversas atividades desempenhadas pela APU, e por particulares delegatários, são de extrema importância para o dia a dia da sociedade. Podemos citar o transporte coletivo, os serviços de saúde de emergências, as aulas ministradas pelas instituições de ensino, etc. Por serem atividades essenciais para a população, são abarcadas pelo princípio da continuidade dos serviços públicos, que impõe restrições ao direito de greve dos servidores públicos (art 37, VII): “art 37 (...) VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica;(...)” A lei específica supracitada ainda não existe, mas se depreende do próprio texto que quando (e se) o existir estabelecerá limites de forma que o servidor tenha garantido o seu direito de greve sem gerar externalidades prejudiciais para a população. Pelo menos é isso que se espera. Serviços Públicos Como REGRA Não podem ser interrompidos 3.2 – Princípios da Continuidade do Serviço Público Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 24 de 89 www.exponencialconcursos.com.br A Lei nº 8.987/1995, que define regras para a prestação de serviços públicos, estabelece que no caso de concessão de serviços públicos existe a inoponibilidade da exceção de contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contractus). Por essa regras, mesmo que o poder concedente descumpra o estabelecido em contrato apenas após decisão judicial transitada em julgado é possível a paralisação da prestação do serviço. Outro instituto previsto para garantir os serviços públicos é a encampação. Tal medida corresponde à retomada da execução dos serviços públicos por parte do poder concedente, por motivo de interesse público (Lei nº 8.987/95 art. 37). Ainda segundo a lei 8987/95 (art 6º, §3º), não se caracteriza como descontinuidade dos serviços a sua interupção em situações de emergências ou após prévio aviso quando: motivado por razões de ordem técnicas ou segurança das instalações; em virtude de inadimplemento do usuário, considerando o interesse de coletividade. Como se percebe, há diversas situações previstas na legislação para se garantir a continuidade dos serviços públicos, dada a importância de tais serviços para a sociedade. 7 - (CESPE/TRT – 21ª Região (RN)/Técnico Judiciário/2010) Acerca do direito administrativo, julgue os itens seguintes. O princípio da continuidade dos serviços públicos pode ser relativizado na hipótese de falta de pagamento do serviço de água pelo particular, uma vez que o STF possui jurisprudência afirmando que a sua remuneração caracteriza-se como preço público ou tarifa, sem natureza tributária, razão pela qual o serviço seria suscetível de suspensão por falta de pagamento. Não se caracteriza como descontinuidade dos SPs Após prévio aviso situações de: Ordem técnica ou segurança das instalações Inadimplemento do usuário Situações de emergências Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 25 de 89 www.exponencialconcursos.com.br Comentários. Segundo a lei 8987/95 (art 6º, §3º), não se caracteriza como descontinuidade dos serviços a sua interrupção em situações de emergências ou após prévio aviso quando: motivado por razões de ordem técnicas ou segurança das instalações; em virtude de inadimplemento do usuário, considerando o interesse de coletividade. Quanto à jurisprudência do STF, verifica-se no julgamento do RE 541.511, Pleno, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJ de 26.06.09, de que o entendimento é de que a taxa, assim como a tarifa, remunera a prestação de um serviço público divisível e específico, distinguindo-se ambas, entretanto, pelo fato de a primeira resultar de uma obrigação criada por lei e a segunda decorrer de uma relação meramente contratual. Gabarito: Certa Por ter a atuação da APU limitada pelo estabelecido nas leis (princípio da legalidade), há a presunção de que esta atua de forma regular. Tal atributo é chamado de presunção de legalidade. Obviamente esta presunção é relativa (juris tantum), cabendo prova em contrário. O princípio da autotutela representa a possibilidade da APU avaliar se os atos por ela praticados são atos válidos e, caso contrário, proceder de ofício e sem necessidade de participação do judiciário na anulação desses atos. É importante frisar que a Lei 9.784/1999 estabelece restrições a esse direito da APU, conforme veremos abaixo: “Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.” Ainda em decorrência do princípio da autotutela, a APU pode avaliar a conveniência de manter atos válidos, mas que por motivos de conveniência deixaram de ser interessantes. Caso julgue que tais atos se tornaram inoportunos, deve revogá-los - a discricionariedade ocorre na avaliação se um ato é ou não inconveniente. Os efeitos dessa revisão, por parte da APU de seus atos, são diferentes de acordo com o instituto empregado. No caso da anulação, em regra, o ato nulo não gera direitos, sendo desfeito desde sua origem (efeitos ex tunc). 3.3 – Princípio da Autotutela Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 26 de 89 www.exponencialconcursos.com.br Por outro lado, a revogação é a análise do mérito do ato administrativo, por meio da discricionariedade. Nesse caso, os efeitos que porventura geraram benefícios aos cidadãos devem ser mantidos,uma vez que estes não podem ser prejudicados pela mudança de pensamento da APU (efeitos ex nunc). Em relação aos efeitos já consolidados, essa é a regra. Como veremos em mais detalhes nos próximos encontros, os atos administrativos podem ser divididos em vinculados e discricionários. Os primeiros têm todos os elementos definidos por lei, não havendo margem para valoração. Já o segundo tipo possui elementos que estão sujeitos a certa margem de valoração, que corresponde ao chamado mérito administrativo. Os atos vinculados podem ser anulados, mas não revogados, uma vez que a lei não permite nenhuma margem de valoração quanto a sua execução ou não. Já os atos discricionários podem ser revogados, caso a administração os julgue inconveniente, ou anulados, no caso de se verificar irregularidades nos seus elementos vinculados. 8 - (ESAF - AFC - CGU -Auditoria e Fiscalização/Geral/2012) O princípio que instrumentaliza a Administração para a revisão de seus próprios atos, consubstanciando um meio adicional de controle da sua atuação e, no que toca ao controle de legalidade, representando potencial redução do congestionamento do Poder Judiciário, denomina-se a) Razoabilidade. Autotutela Direito de controlar seus próprios atos Manutenção Atos são mantidos no mundo jurídico Revogação Atos são revogados por conveniência Efeitos mantidos (ex nunc) Anulação Atos são anulados Efeitos revistos (ex tunc) Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 27 de 89 www.exponencialconcursos.com.br b) Proporcionalidade. c) Autotutela. d) Eficiência. e) Eficácia. Comentários. Definição do princípio da autotutela. Gabarito: C Segundo esse princípio, os atos praticados pela APU através de seus agentes são, em princípio, oriundos de fatos verdadeiros e de forma legítima, segundo o direito vigente. Essa presunção é obviamente relativa (juris tantum), cabendo prova em contrário. A principal decorrência dessa presunção é a inversão do ônus da prova. Por exemplo, se um servidor da fiscalização tributária está realizando uma fiscalização num recinto alfandegado e verifica que uma determinada carga, que consta como armazenada, acabou de sair em um caminhão sem ser baixada no sistema, ele deve aplicar uma penalidade ao terminal. Caberá a este provar que o servidor está equivocado. Outra decorrência de tal princípio é que a APU pode executar suas próprias decisões imediatamente, inclusive criando obrigações para os particulares sem necessidade de recorrer ao poder judiciário, valendo- se inclusive de meios de coação dentro dos limites previstos na lei. Jurisprudência do STF Segundo a Corte Maior, no caso de revisão de atos administrativos por parte da APU em que o administrado seja prejudicado, é necessário que seja concedido direito deste se pronunciar, sob pena de afronta do princípio do contraditório e da ampla defesa. 3.4 – Princípio da Presunção de Veracidade e Legitimidade Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 28 de 89 www.exponencialconcursos.com.br Essa característicia de poder executar seus próprios atos, sem a necessidade de participação do poder judiciário, é decorrência do atributo de autoexecutoriedade dos atos administrativos. Este atributo, entretanto, não está presente em todos os atos administrativos (como veremos em aula futura). O exemplo clássico disso é a multa, que pode ser imposta pela APU, mas cuja cobrança forçada depende de ação judicial. O princípio da segurança jurídica tem por objetivo proteger a estabilidade das relações jurídicas. Busca-se proteger o direito adquirido, a coisa julgada e ato jurídico perfeito. Percebe-se que tal princípio tem cunho predominantemente objetivo, pois seu foco é a manutenção da estabilidade das relações jurídicas, sem entrar no mérito subjetivo – intenção dos envolvidos. Em relação a APU, este princípio veda, por exemplo, a interpretação retroativa da legislação por parte da APU que venha a prejudicar os particulares que seguiram a orientação anteriormente vigente. A Lei Federal 9784/99 veda a aplicação retroativa de nova interpretação de matéria administrativa já anteriormente avaliada (art. 2º). Como vimos no tópico anterior, tal lei veda a anulação de atos jurídicos após 5 anos da data da sua ocorrência (art. 54). 3.5 – Princípio da Segurança Jurídica Inversão dos ônus da prova Presunção relativa de veracidade dos fatos alegados e legitimidação na aplicação das normas Pode executar suas próprias decisões Pode valer-se de meios coercitivos para obrigar o particular Presunção da Veracidade/Legitimidade Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 29 de 89 www.exponencialconcursos.com.br Outros conceitos que estão ligados ao princípio da segurança jurídica são os conceitos de decadência e prescrição. Enquanto a prescrição é a perda por decurso de prazo da capacidade de reivindicar um direito por meio da ação judicial cabível, a decadência é a perda do direito em si por não ter sido exercido num período de tempo razoável. Devemos falar também do princípio da proteção à confiança segundo o qual os administrados, ao confiar na atuação da APU estariam protegidos da posterior declaração de nulidade dos atos administrativos, pois tais atos gozam de presunção de legalidade. Corresponde ao aspecto subjetivo da segurança jurídica, já que protege apenas os administrados. Tal proteção é relativa e não pode sobrepor de forma genérica o princípio da autotutela (que define o dever da APU de anular seus atos inválidos) e seus efeitos. Além disso, independentemente dos efeitos para os particulares, a APU continua tendo o dever de anular seus atos inválidos. Princípio da Segurança Jurídica Veda Interpretação retroativa prejudicial ao cidadão Anulação de atos após 5 anos Protege coisa julgada, direito adquirido e ato jurídico perfeito Princípio da proteção à confiança Administrados não podem ser prejudicados por atuação irregular da APU Conceitos Importantes Direito adquirido: É o direito adquirido sob a vigência da lei, segundo determinada interpretação e que já foi incorporado de forma definitiva ao patrimônio do cidadão. Coisa Julgada: É a relação jurídica da qual não cabe mais recurso no judiciário. Ato Jurídico Perfeito: É o ato que, sob a vigência de uma determinada lei, completou seu ciclo de formação e está apto a produzir seus efeitos. Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 30 de 89 www.exponencialconcursos.com.br Outro princípio decorrente da segurança jurídica é o princípio da boa- fé, que estabelece que os envolvidos (tanto APU quanto os particulares) devem agir de forma leal e honesta. Ressalte-se aqui a diferença entre boa-fé objetiva (atos observáveis) e boa-fé subjetiva (boa intenção do sujeito – íntimo), ambas abarcadas pela boa-fé como subprincípio da segurança jurídica. Cabe salientar que o princípio de proteção à confiança e da boa-fé tem servido como fundamento para que servidores públicos não sejam obrigados a devolver valores que tenham recebido da APU. Outra consequência de tais princípios é que os administrados não sejam penalizados pela atuação dos funcionários de fato, aqueles que apesar de irregularmente investidos desempenham função pública. Veremos, no estudo da teoria dos atos administrativos, que o motivo é um dos elementos do ato administrativo (assim com a competência, finalidade, forma e objeto). O motivo representa o fundamento de fato e de direito que justificaramsua realização. No caso dos atos vinculados (em que não há discricionariedade possível na atuação da APU), a existência desse motivo determina que o ato seja executado. Se o ato for discricionário, a APU pode realizar tal ato, pois há certa margem de valoração. O motivo não se confunde com a motivação. Esta é a exposição dos motivos que deram causa a realização do ato. A regra, na APU brasileira, é que todos os atos ou decisões administrativas devem ser motivados. Isso independe de o ato ser vinculado ou discricionário. A lei 9784/99 prevê que os seguintes atos devem ser motivados em certas situações (transcritas abaixo). Ocorre que, segundo a doutrina, tal lista é meramente exemplificativa. Fundamentos De fato Evento que ocorreu De direito Legislação que permitesua execução 3.6 – Princípio da Motivação Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 31 de 89 www.exponencialconcursos.com.br “Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I - Neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II - Imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; III - Decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; IV - Dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; V - Decidam recursos administrativos; VI - Decorram de reexame de ofício; VII - Deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; VIII - Importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo. (...)” Na verdade, parece que a lei procurou apenas salientar que em certos atos externos (que têm grande impacto para o administrado) de forma alguma o elemento motivo pode ser omitido, até como forma de assegurar o direito de contraditório e ampla defesa do cidadão. A CF/88, entretanto, apenas determinou a motivação das decisões administrativas dos Tribunais e do Ministério Público (CF88, art. 93, X e art 129, §4º). A motivação pode ocorrer tanto antes quanto durante a realização do ato. Mesmo que um ato não tenha motivação, ele poderá ser convalidado por meio de motivação ulterior. Apesar de ser regra, a motivação também pode ser dispensada em certas situações, como na exoneração de um servidor em cargo de comissão. Entretanto, ao se expor o motivo de um ato este passa a estar vinculado ao motivo exposto, não cabendo a alegação de que na verdade o ato foi praticado por outro motivo. Tal vinculação é chamada de teoria dos motivos determinantes. Por último, devemos ter em mente que há a possibilidade de um determinado ato ou decisão administrativa ter referenciado um motivo exposto em outro documento/processo, a chamada motivação aliunde Teoria do Motivos Determinantes Ato foi formalmente motivado? Fica vinculado aos motivos expostos Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 32 de 89 www.exponencialconcursos.com.br (“de outro lugar”). Tal formalidade é tida como válida em nosso ordenamento jurídico. 9 - (FCC - TCE-PI/2014) uma determinada empresa pública ao rescindir unilateralmente o contrato de trabalho com um de seus empregados públicos assim o fez sem indicar qualquer fundamento de fato e de direito para sua decisão. O ato em questão evidencia violação ao princípio administrativo a) do controle. b) da eficiência. c) da publicidade. d) da presunção de legitimidade. e) da motivação. Comentários. Obviamente a empresa errou, pois não motivou seus atos. Gabarito: E O princípio da hierarquia está relacionado às funções de coordenação e subordinação que se manifestam tanto nas relações entre os agentes públicos quanto nas relações entre os órgãos. Nas relações entre os agentes públicos, o superior hierárquico pode rever os atos dos subordinados, delegar e avocar competências e punir os subordinados. Já os subordinados têm o dever de obediência às ordens do superior hierárquico. Obviamente tal obediência não é irrestrita, Princípio da Hierarquia Agentes Órgãos Coordenação Subordinação 3.7 – Princípio da Hierarquia Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 33 de 89 www.exponencialconcursos.com.br uma vez que os subordinados não devem cumprir as ordens manifestamente ilegais, surgindo nesse caso o dever de representar contra o superior. Nas relações entre órgãos, há uma hierarquia que deve ser seguida, na qual uns revisam os atos/decisões dos outros órgãos. Este conceito está relacionado a desconcentração administrativa. Pessoal, os princípios que trataremos aqui são pouco cobrados em provas. Ocorre que nossa banca adora inovar nas suas avaliações e por isso precisamos estar preparados. Entretanto, para valorizar o seu tempo, seremos bastante objetivos nas definições abaixo, ok? Vamos lá Especialidade: relacionado à criação de entidades da administração indireta pelo setor público através da descentralização administrativa. Importante ressaltar que a realização de parcerias entre a APU e as entidades do terceiro setor (particulares) não estão englobadas aqui. Responsividade: associado ao conceito de accountability, representa a obrigação dos gestores de prestar contas de suas escolhas fiscais. Sindicabilidade: a possibilidade jurídica de submeter-se efetivamente qualquer lesão de direito e, por extensão, as ameaças de lesão de direito à algum tipo de controle, seja este realizado pela própria APU, com base no princípio da autotutela, ou pelo judiciário. Sancionabilidade: refere-se ao uso de estímulos (sanções) para se premiar ou dissuadir (desencorajar) determinadas condutas. Superior --> Subordinado Delegar/avocar competência rever atos punir Subordinado --> Superior Dever deobdeciência Salvo manifestamente ilegais 3.8 – Outros Princípios da Administração Pública – menos cobrados em provas Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 34 de 89 www.exponencialconcursos.com.br Ponderação: é a técnica interpretativa utilizada para solucionar conflitos entre os princípios jurídicos. Consensualidade: busca o consenso entre a APU e o cidadão, por meio de participação popular na APU e de outras ferramentas como a arbitragem. Responsabilidade: corresponde ao dever da APU de indenizar quando seus agentes, nessa qualidade, causarem prejuízos a terceiros. Além disso, está associado ao poder-dever de agir de seus agentes. Subsidiariedade: Define o escalonamento entre os indivíduos e os órgãos, no qual os primeiros devem atuar preferencialmente sem a participação do Estado e só em caso de interesse coletivo o Estado deve atuar para alcançar o interesse público Realidade: os atos praticados pela APU devem ter sujeito, motivo, objeto e resultado reais, tendo condições de se obter os resultados que são esperados. Bem pessoal, por hoje é só. Agora é praticar para conseguirmos fixar bem esses conceitos, que não são poucos. Procurem resolver todos os exercícios. Qualquer dúvida recorra ao Fórum. Não deixem de curtir: facebook.com/ProfJonatas Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 35 de 89 www.exponencialconcursos.com.br 4.1 - FCC 1. (FCC - TCE-PI/2014) Uma determinada empresa pública ao rescindir unilateralmente o contrato de trabalho com um de seus empregados públicos assim o fez sem indicar qualquer fundamento de fato e de direito parasua decisão. O ato em questão evidencia violação ao princípio administrativo a) do controle. b) da eficiência. c) da publicidade. d) da presunção de legitimidade. e) da motivação. Comentários. Obviamente a empresa errou, pois não motivou seus atos. Gabarito 1. E. 2. (FCC - TRT2 – Judiciária - Oficial de Justiça Avaliador Federal/2014) O princípio da supremacia do interesse público informa a atuação da Administração pública a) subsidiariamente, se não houver lei disciplinando a matéria em questão, pois não se presta a orientar atividade interpretativa das normas jurídicas. b) alternativamente, tendo em vista que somente tem lugar quando não acudirem outros princípios expressos. c) de forma prevalente, posto que tem hierarquia superior aos demais princípios. d) de forma ampla e abrangente, na medida em que também orienta o legislador na elaboração da lei, devendo ser observado no momento da aplicação dos atos normativos. e) de forma absoluta diante das lacunas legislativas, tendo em vista que o interesse público sempre pretere o interesse privado, prescindindo da análise de outros princípios. Comentários. Questão interessante da FCC. Não há hierarquia entre os princípios (letras a, b, c e e incorretas). O princípio da supremacia do interesse público é um dos 4 – Questões Comentadas Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 36 de 89 www.exponencialconcursos.com.br princípios que formam o regime jurídico administrativo (o outro é a indisponibilidade do interesse público) e tem ampla aplicação em toda APU. Gabarito 2. D. 3. (FCC - TJ TRT19 - Administrativa - 2014) Roberto, empresário, ingressou com representação dirigida ao órgão competente da Administração pública, requerendo a apuração e posterior adoção de providências cabíveis, tendo em vista ilicitudes praticadas por determinado servidor público, causadoras de graves danos não só ao erário como ao próprio autor da representação. A Administração pública recebeu a representação, instaurou o respectivo processo administrativo, porém, impediu que Roberto tivesse acesso aos autos, privando-o de ter ciência das medidas adotadas, sendo que o caso não se enquadra em nenhuma das hipóteses de sigilo previstas em lei. O princípio da Administração pública afrontado é a a) publicidade. b) eficiência. c) isonomia. d) razoabilidade. e) improbidade. Comentários. Claramente o princípio prejudicado foi o da publicidade, por ter mantido em sigilo um processo que não requeria tal medida. Gabarito 3. A. 4. (FCC - Ass Jur - TCE-PI/2014) A Administração pública se sujeita a princípios na execução de suas funções, expressamente consagrados na Constituição Federal ou implícitos no ordenamento jurídico. Dessa realidade se pode depreender que a) a violação aos princípios que regem a atuação da Administração pública dá lugar a tutela judicial dos interesses em questão, desde que também tenha havido infração à legislação vigente. b) os princípios expressos na Constituição Federal são hierarquicamente superiores aos demais princípios gerais de direito, ainda que previstos na legislação setorial, posto que estes possuem natureza apenas opinativa para a atuação da Administração pública. c) a violação a algum dos princípios constitucionais permite a tutela judicial para que sejam conformados ou anulados os atos da Administração pública. Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 37 de 89 www.exponencialconcursos.com.br d) somente os princípios expressos na Constituição Federal possuem coercibilidade para conformar a Administração pública ao atendimento de seu conteúdo. e) os princípios previstos na legislação infraconstitucional são regras desprovidas de sanção pelo seu descumprimento, de modo que sua violação não se consubstancia em ilegalidade. Comentários: a) Falso. Não é necessária a infração à legislação vigente para a atuação do Judiciário. A mera afronta aos princípios da APU já pode justificar a atuação do Poder Judiciário. b) Falso. Não há hierarquia entre os princípios. c) Verdadeiro. d) Falso. Não há previsão para tal, tanto na legislação quanto na doutrina. e) Falso. A violação dos princípios pode sim ensejar sanções. Gabarito 4. C. 5. (FCC - TJ TRT16 - Administrativa/2014) Em julgamento proferido pelo Supremo Tribunal Federal, a Corte Suprema firmou entendimento no sentido de que assessor de Juiz ou de Desembargador tem incompatibilidade para o exercício da advocacia. Ao fundamentar sua decisão, a Corte explanou que tal incompatibilidade assenta-se, sobretudo, em um dos princípios básicos que regem a atuação administrativa. Trata-se do princípio da a) supremacia do interesse privado. b) publicidade. c) proporcionalidade. d) moralidade. e) presunção de veracidade. Comentários. A função de assessor de juiz apresenta incompatibilidade com a advocacia, pois pode ocorrer um conflito de interesses. Gabarito 5. D. 6. (FCC - TRT16 - Judiciária - Oficial de Justiça Avaliador Federal/2014) O Diretor Jurídico de uma autarquia estadual nomeou sua companheira, Cláudia, para o exercício de cargo em comissão na mesma entidade. O Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 38 de 89 www.exponencialconcursos.com.br Presidente da autarquia, ao descobrir o episódio, determinou a imediata demissão de Cláudia, sob pena de caracterizar grave violação a um dos princípios básicos da Administração pública. Trata-se do princípio da a) presunção de legitimidade. b) publicidade. c) motivação. d) supremacia do interesse privado sobre o público. e) impessoalidade. Comentários. A nomeação de um parente como Diretor Jurídico da autarquia violou o princípio da impessoalidade, pois houve a pratica de nepotismo. Gabarito 6. E. 7. (FCC - TRT18 – 2014) Acerca dos princípios da Administração pública, é correto afirmar: a) O princípio da boa-fé não vigora no Direito Administrativo, eis que é atinente ao relacionamento entre sujeitos movidos pela autonomia da vontade e a ele se contrapõe o princípio da impessoalidade, que impera nas relações jurídico-administrativas. b) Os princípios do Direito Administrativo são mandamentos de otimização; portanto, sua aplicação só é possível quando deles decorrerem consequências favoráveis ao administrado. c) No tocante ao princípio da motivação, admite-se, excepcionalmente, a convalidação do ato imotivado, por meio da explicação a posteriori dos motivos que levaram à sua prática, desde que tal vício não acarrete lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros. d) Por força do princípio da legalidade, atos praticados de forma inválida devem ser anulados, independentemente das consequências decorrentes da anulação. e) Sendo a lei um mandamento moral e visto que, no âmbito da Administração pública, só é permitido aos agentes públicos atuarem nos estritos limites da lei, para atender à moralidade administrativa basta que o agente observe fielmente os mandamentos legais. Comentários. Vamos avaliar cada item a) Falso. Como vimos, o princípio da boa-fé existe no direito administrativo. Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 39 de 89 www.exponencialconcursos.com.br b) Falso. Os princípios são aplicáveis independente de resultarem em consequencias favoráveis ou desfavoráveis. c) Veradeiro. O ato administrativo que não tiver sido motivado pode ser convalidado posteriormente. d) Falso. Pelo princípio da boa-fé, se o administrado não agir de forma dolosa, ele não pode ser prejudicado por ter confiadonos atos da APU. Esse “independente das consequências” deixa a assertiva incorreta. e) Falso. A moralidade é um conceito mais amplo que a legalidade Gabarito 7. C. 8. (FCC / Administrador / DPE-SP / 2015) Considere a seguinte situação hipotética. Em uma manifestação popular pacífica, centenas de policiais militares dispararam bombas de gás e balas de borracha por horas ininterruptas contra os manifestantes que reivindicavam direitos trabalhistas ao governo. Por considerar exagerada a reação dos policiais, que deixou centenas de feridos, o Ministério Público sustenta que os agentes públicos responsáveis pela operação violaram princípios da Administração pública, em especial o princípio da a) especialidade, uma vez que o excesso de violência dos policiais anula os objetivos de sua função, de garantir a ordem. b) segurança jurídica, porque a ação dos policiais colocou em risco a vida dos manifestantes, afetando a ordem social. c) proporcionabilidade, pois os policiais utilizaram medidas de intensidade superior à estritamente necessária à situação. d) impessoalidade, já que os policiais promoveram tratamento diferenciado, atingindo somente parte dos manifestantes. e) eficiência, em razão dos resultados da repressão policial acarretarem ônus financeiros para a Administração pública. Comentários. A alternativa correta é a letra C. No enunciado, o examinador deixa claro que houve um uso desproporcional da força. Um termo interessante para que possamos entender a correta direção da questão é “considerar exagerada a reação dos policiais”. Portanto, o princípio que foi mais claramente violado certamente é o da proporcionalidade, uma vez que os policiais, em que pese estarem no cumprimento do seu dever e, em tese, fazendo uso dos recursos Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 40 de 89 www.exponencialconcursos.com.br corretos, o fizeram de maneira exagerada e desproporcional à situação que se apresentava. Gabarito 8. C. 9. (FCC / Analista Administrador / COPERGÁS-PE / 2016) O Governador de determinado Estado praticou ato administrativo sem interesse público e sem conveniência para a Administração pública, visando unicamente a perseguição de Prefeito Municipal. Trata-se de violação do seguinte princípio de Direito Administrativo, dentre outros, a) publicidade. b) impessoalidade. c) proporcionalidade. d) especialidade. e) continuidade do serviço público. Comentários. A alternativa correta é a letra B. Os atos administrativos devem atender ao interesse público, não a qualquer interesse pessoal de agente público ou administrado, o que reflete uma abordagem possível do princípio da impessoalidade. Gabarito 9. B. 10. (FCC / Analista Judiciária / TRT23 / 2016) Manoela foi irregularmente investida no cargo público de Analista do Tribunal Regional do Trabalho da 23ª Região, tendo, nessa qualidade, praticado inúmeros atos administrativos. O Tribunal, ao constatar o ocorrido, reconheceu a validade dos atos praticados, sob o fundamento de que os atos pertencem ao órgão e não ao agente público. Trata-se de aplicação específica do princípio da a) impessoalidade. b) eficiência. c) motivação. d) publicidade. Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 41 de 89 www.exponencialconcursos.com.br e) presunção de veracidade. Comentários. A alternativa correta é a letra A. Trata-se de um dos prismas de interpretação do princípio da impessoalidade. Os atos praticados pelo agente público são imputados ao órgão a que ele pertence. Gabarito 10. A. 11. (FCC / Analista Judiciário / TRT23 / 2016) O exercício dos poderes inerentes à função executiva e a regular atuação da Administração pública não estão dissociados da influência dos princípios que regem a Administração pública em toda sua atuação. Essa relação a) existente entre o poder disciplinar e o princípio da legalidade informa o poder de tutela exercido sobre os atos praticados pelos entes que integram a Administração indireta, permitindo que a Administração central promova a revisão dos mesmos para adequá-los à legalidade. b) que se forma entre o princípio da legalidade e o poder regulamentar autoriza a edição de atos de natureza originária nas hipóteses de organização administrativa e, nos demais casos, sempre que houver lacuna ou ausência de lei. c) expressa-se, no caso do poder de polícia, à submissão ao princípio da supremacia do interesse público, que fundamenta a atuação da Administração pública quando não houver fundamento legal para embasar as medidas de polícia. d) de subordinação aos princípios da legalidade e da impessoalidade não afasta a possibilidade da Administração pública adotar medidas administrativas de urgência ou de firmar relações jurídicas diretamente com alguns administrados, sem submissão a procedimento de seleção público, desde que haja previsão legal para tanto. e) que impõe presunção de legitimidade e veracidade aos atos praticados pela Administração pública não admite revisão administrativa, somente questionamento judicial, cabendo ao administrado o ônus da prova em contrário. Comentários. A alternativa correta é a letra D. Faz a correta menção aos princípios, que devem ser obedecidos por toda a Administração. Por fim, se refere à possibilidade de relações jurídicas entre Administração e administrados, por meio dos procedimentos que forem determinados em leis. Cite-se como principais exemplos as licitações e os concursos. Direito Administrativo - Teoria e Questões comentadas Professor Jonatas Albino do Nascimento Professor Jonatas Albino do Nascimento 42 de 89 www.exponencialconcursos.com.br A alternativa A é incorreta. Primeiramente o poder de tutela é exercido sobre os resultados apresentados pelos entes da administração indireta, portanto trata-se de controle finalístico. Ele não se confunde com o poder disciplinar, aquele por meio do qual a Administração sanciona pessoas que a ela estejam vinculadas, ainda que temporariamente. A alternativa B é incorreta, pois os atos de natureza originária lá citados tem permissivo, constitucional, não se apoiando nos princípios citados (CF/88, artigo 84, VI). A alternativa C é incorreta, pois a Administração está sujeita ao princípio da legalidade estrita, devendo todo e qualquer ato seu estar pautado em lei. A alternativa E está incorreta. De fato caberá a prova àquele que procura atacar a veracidade ou legitimidade do ato administrativo. No entanto, é possível a revisão do ato administrativo pela Administração, conforme consolidada jurisprudência nacional. Gabarito 11. D. 12. (FCC / Auditor Fiscal / Prefeitura de São Paulo / 2012) Para impedir a imoralidade de um ato administrativo que se esconde sob a aparência de legalidade, deve-se a) identificar se o ato administrativo deriva de comportamento discricionário por parte do agente público. b) detalhar os critérios formais de controle da legalidade dos atos administrativos. c) aperfeiçoar os instrumentos de controle dos fluxos de comunicação entre os servidores do órgão. d) analisar se o motivo e o objeto da ação são compatíveis com o interesse público específico identificado. e) investir em políticas de remuneração vinculadas ao desempenho dos servidores. Comentários. A alternativa correta é a letra D. O motivo são os fundamentos de fato e de direito do ato, enquanto o objeto é a modificação no mundo jurídico que ele provoca. A imoralidade, que podemos interpretar também como desonestidade, ocorreria, por exemplo, quando um chefe muda de função um desafeto seu, tendo o ato obedecido a todos os comandos legais. Veja que, o fato de o ato estar conforme a lei não impede que ele seja imoral,
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