Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Manejo de Enfermagem no período pré-operatório Período Perioperatório Período pré-operatório Período transoperatório Período pós-operatório mediato e imediato intraoperatório imediato e mediato A enfermagem perioperatório abrange toda a experiência cirúrgica. Período pré-operatório: mediato: tem início com a tomada de decisão sobre o ato cirúrgico até as 24h que precedem o ato. Imediato: 24h que precedem o procedimento anestésico cirúrgico até o encaminhamento do paciente ao CC. Período transoperatório: consiste no transporte do paciente, do momento de entrada e saída do CC. Intraoperatório: está inserido neste período e se inicia com o procedimento anestésico-cirúrgico até o seu término. Período-pós operatório: imediato: primeiras 24h após a intervenção anestésico-cirúrgica. Nesse momento há maior risco de complicações, como depressão respiratória, PCR, dentre outras; o paciente sempre nos mostra, por meio da mudança dos sinais e sintomas. Mediato: após 24h que se seguem à cirurgia, estendendo-se até a alta do paciente ou mesmo após seu retorno ao domicílio. Categorias de cirurgias de acordo com a urgência Classificação Indicações para a cirurgia Exemplos Emergência: cliente requer atenção imediata; o agravo é potencialmente fatal. Sem demora Hemorragia significativa; obstrução intestinal ou vesical; fratura de crânio; lesão por projétil de arma de fogo ou arma branca; queimaduras extensas. Urgente: cliente precisa de atenção imediata. Em 24 a 30h Infecção aguda da vesícula biliar; cálculos renais ou ureterais. Necessária: cliente precisa fazer a cirurgia. Planejada para algumas semanas ou meses Hiperplasia prostática sem obstrução vesical; distúrbios da tireoide; catarata. Eletiva: cliente deve ser operado. A não realização da cirurgia não é irremediável Reparo das cicatrizes; hérnia simples; reparo vaginal. Opcional: decisão cabe ao cliente. Preferência pessoal Cirurgia plástica. Classificação do estado físico (ASA) ASA I Paciente saudável ASA II Paciente com doença sistêmica leve ou moderada, sem limitação funcional ASA III Paciente com doença sistêmica grave, com limitação funcional ASA IV Paciente com doença sistêmica grave, representa risco de vida constante ASA V Paciente moribundo com perspectiva de óbito em 24h, c/ ou s/ cirurgia ASA VI Paciente com morte cerebral, mantido em ventilação controlada e perfusão para doação de órgãos (transplante) Obs: quando o procedimento é considerado de emergência, acrescenta-se “E”. Visita pré-operatória Tem a finalidade de prestar assistência adequada ao paciente que se submeterá a tratamento cirúrgico hospitalar ou ambulatorial. O sucesso da assistência de enfermagem no transoperatório dependerá das atividades desenvolvidas no período pré-operatório. Assim como muitas complicações observadas no pós-operatório poderão ser prevenidas através da assistência de enfermagem nas fases anteriores. Legenda: PO: pós-operatório. Pré-operatório imediato Explicar sobre cirurgias e exames; procurar diminuir a sensação de medo (anestesia, dor, morte, desconhecido, destruição da imagem física através de inter-relacionamento positivo). Explicar os procedimentos e a importância de colaboração e cooperação no perioperatório; explicar como irá retornar da cirurgia e que a equipe de enfermagem estará presente; esclarecer dúvidas e dar suporte emocional; transmitir a sensação de calma, tranquilidade, confiança, ouvi-lo com atenção. Proporcionar um ambiente calmo, tranquilo, favorecendo o equilíbrio emocional e entrosamento com o ambiente hospitalar; atender a família orientando sobre o que ocorrerá; providenciar assistência religiosa. Realizar exame físico atentando para as condições que podem atenuar negativamente: idade, outras doenças, infecções. Orientar quanto a promover uma boa ventilação pulmonar com respiração profunda e tosse, quanto a movimentação ativa e mudança de decúbito para reduzir a dor. Providenciar e preparar para exames; controlar SSVV, entradas, débitos; observar o equilíbrio do estado nutricional; orientar, estimular e administrar dietas adequadas. Verificar o tipo de cirurgia, anestesia, horário, preparos especiais e de rotina. Observar e notificar SS e sintomas de anormalidades ou alterações; realizar cuidados com a higiene pessoal; realizar cuidados com o aparelho digestório (esvaziamento intestinal 8h antes, jejum para evitar vômito, aspiração – 6h). Administrar o pré-anestésico: diminui a ansiedade, proporciona sono relaxante, diminui o metabolismo basal. Imediatamente anterior ao encaminhamento ao CC Verificar se os preparos de véspera foram feitos; comunicar alterações do estado geral do paciente; remover grampos, joias, maquiagem, prótese dentária, óculos, relógio e identificar, guardar ou entregar à família. Tricotomia: razões atribuídas: facilita a antissepsia, a visualização do local da incisão, evitar que os pêlos caiam na cavidade, que interfiram na técnica de sutura. Fatores contrários: uso de lâminas: cortes microscópicos na pele servem como foco para proliferação de microrganismos. Se for necessário, fazer a tricotomia imediatamente antes da cirurgia, com no máximo 2h antes em ambiente externo à sala de cirurgia, com uso de aparelho elétrico (clipper) ou agente depilatório. Marcar o local ou membro a ser operado. Higiene corporal: promover redução dos microrganismos sobre a pele próxima da incisão cirúrgica e assim minimizar o risco de infecção. Banho com água e sabão antes do procedimento; com antissépticos apenas em cirurgias de grande porte ou em casos de surtos no hospital. Propor esvaziamento vesical espontâneo, frisar na limpeza da região e atentar para possibilidade de necessidade de cateterismo vesical de demora no CC. Vestir camisola com abertura para as costas e colocar touca. Deitar na maca, fixar e elevar as grades. Verificar SSVV. Considerações gerontológicas: o cliente idoso possui menor reserva fisiológica. Possuem maior risco de complicações respiratórias e cardíacas. As reservas cardíacas são mais baixas, a função hepática e renal está deprimida e a atividade gastrintestinal pode estar reduzida. Podem ocorrer no PO desidratação, constipação intestinal e desnutrição. Também há chances de limitações sensoriais, como déficit visual e auditivo e redução da sensibilidade tátil, de modo que há mais chances de queda. A capacidade de transpirar diminui, levando ao ressecamento da pele e prurido, tornando-a frágil e facilmente ferida. A diminuição da gordura subcutânea torna pessoas idosas mais susceptíveis às mudanças de temperaturas. Cliente bariátricos: a obesidade aumenta o risco e a gravidade de complicações associadas à cirurgia. O tecido adiposo é especialmente susceptível à infecções. Também aumenta os problemas técnicos e mecânicos relacionados à cirurgia, como a deiscência (separação) da ferida. A prestação de cuidados é mais difícil devido ao peso excessivo e possíveis restrições do movimento. O cliente tende a ter incursões respiratórias superficiais quando em decúbito dorsal, aumentando o risco de hipoventilação e complicações pulmonares PO. Devido às características físicas adquiridas associadas ao aumento da demanda de O2 e reservas pulmonares impedem a intubação. Estado nutricional e hídrico: a nutrição ideal promove melhor cicatrização e resistência à infecção e outras complicações cirúrgicas. Por meio da avaliação nutricional pode ser identificado obesidade, perda de peso, desnutrição, déficits de nutrientes específicos, anormalidades metabólicas e efeito dos medicamentos sobre a nutrição, podendo ser determinado as necessidades corporais pelo IMC e circunferência da cintura. Proteína Repor massa magra, volume sanguíneo, reparaçãotissular, resistência à infecção. Água Repor perdas, manter a homeostasia. Vitamina A Cicatrização, função imune. Vitamina B12 tiamina, niacina, riboflavina, ácido fólico Síntese tissular, maturação dos eritrócitos, antibióticos comprometem vit.B12 e ác. Fólico. Vitamina C Formação capilar e de anticorpos, síntese tissular. Vitamina K Aumenta a resistência à infecção, coagulação normal, síntese intestinal. Ferro Repor a perda sanguínea. Zinco Síntese de proteína e resposta normal de linfócitos e fagócitos. Dentição: cárie dentária, próteses dentárias e parciais podem se desalojar durante a intubação e obstruir as vias respiratórias. Qualquer infecção corporal, seja ela na boca, pode ser fonte de infecção PO. Uso abusivo de sustâncias psicoativas (lícitas e ilícitas) ou bebidas alcoólicas: mesmo a ingestão moderada antes da cirurgia pode enfraquecer o sistema imunológico e aumentar a probabilidade de infecções PO, além de comprometer a efetividade de alguns medicamentos. Quando a pessoa fez o uso, procura-se adiar a cirurgia devido à suceptibilidade a lesões. Em cirurgias de emergência utiliza- se bloqueio anestésico local. Para evitar vômitos e potencial aspiração no caso de anestesia geral, insere-se um tubo nasogástrico antes da administração. Em clientes com dependência de bebidas alcoólicas, a síndrome da abstinência alcoólica pode ser prevista para 2 a 4 dias após a última ingestão, estando associada a uma taxa de mortalidade significativa no PO. Condição respiratória: deve alcançar a melhor função respiratória antes da cirurgia. Em casos eletivos se o cliente tiver infecção respiratória a cirurgia é adiada. Doenças crônicas que podem ameaçar a condição pulmonar: DPOC e asma. Tabagista devem parar de fumar de 4 a 8 semanas antes da cirurgia a fim de reduzir complicações pulmonares e retardo na cicatrização. São mais propensos a apresentar cicatrização insatisfatória, maior incidência de infecções do local cirúrgico e complicações como TEV e pneumonia. Intervenções de enfermagem: respiração profunda, tosse e espirometria de incentivo: orientar o cliente a promover a expansibilidade pulmonar ideal que resulta na oxigenação do sangue após a anestesia. Posição sentada para melhorar a expansibilidade pulmonar. A enfermeira demonstra como realizar a inspiração profunda e lenta e como expirar lentamente. Depois de praticar várias vezes, é orientado a inspirar profundamente, expirar pela boca, inspirar rapidamente e tossir com força, envolvendo os pulmões. O objetivo de promover tosse é mobilizar as secreções para que elas possam ser removidas. A respiração profunda antes de tossir estimula o reflexo da tosse. Caso o cliente não tossir de modo eficaz, podem ocorrer atelectasia, pneumonia e outras complicações pulmonares. Ex: respiração diafragmática, tosse cinética. Condição cardiovascular: deve suportar as necessidades de O2, líquido e nutrição do período perioperatório. Em caso de HAS não controlada, a cirurgia pode ser adiada até sua normalização. Função hepática e renal: o fígado é importante na biotransformação de compostos anestésicos. Os rins são envolvidos na excreção de fármacos anestésicos e seus metabólitos. A cirurgia é contraindicada se o cliente tiver nefrite aguda, insuficiência renal aguda com oligúria ou Anúria, ou outros problemas renais agudos. Função endócrina: clientes diabéticos correm risco tanto de hipoglicemia quando hiperglicemia. A hipoglicemia pode se desenvolver durante a anestesia ou no período PO pela administração inadequada de carboidratos ou excessiva de insulina. Hiperglicemia tem potencial de aumentar o risco de infecção da ferida operatória, podendo resultar do estresse da cirurgia e provocar aumento nos níveis de catecolaminas. Outros riscos são Glicosúria e acidose. Função imune: importante identificar e documentar qualquer sensibilidade a medicamentos e reações adversas pregressas. Substâncias: medicamentos, transfusões de sangue, agentes de contraste, látex e produtos alimentícios, bem como SS e sintomas. Uso prévio de medicamento: possíveis interações com medicamentos que podem ser administrados durante a cirurgia e efeitos no perioperatório. Efeito da interação com anestésicos Corticosteroides adrenais Pode ocorrer colapso cardiovascular se forem interrompidos repentinamente. Portanto, pode-se administrar um bolus de corticosteroides por via IV imediatamente antes e depois da cirurgia. Diuréticos Durante a anestesia, podem causar depressão respiratória excessiva resultante de desequilíbrio eletrolítico associado. Fenotiazinas Podem aumentar a ação hipotensora dos anestésicos. Antidepressivos Podem causar ansiedade, tensão e até mesmo convulsões se interrompidos abruptamente. Insulina Deve-se considerar a interação entre os anestésicos e a insulina quando um cliente com diabetes estiver sendo submetido a uma cirurgia. Pode ser necessário administrar insulina IV para manter a glicemia nos limites normais. Antibióticos Quando combinados com um relaxante muscular curariforme, a transmissão nervosa é interrompida e pode resultar em apneia de paralisia respiratória. Anticoagulantes Podem aumentar o risco de sangramento durante os períodos intraoperatório e pós-operatório; devem ser interrompidos antes de uma cirurgia eletiva. O cirurgião determinará quanto tempo antes da cirurgia eletiva o cliente deve interromper o anticoagulante, dependendo do tipo de procedimento planejado e do estado de saúde do cliente. Fatores psicossociais: o medo pode estar relacionado com o desconhecido, a falta de controle e a morte. Pode ser influenciados pela anestesia, dor, complicações, câncer ou experiência cirúrgica anterior. A ansiedade pré-operatória pode ser resposta a uma incapacidade permanente ou à perda da integridade corporal, aumento das responsabilidades ou sobrecarga sobre os membros da família ou à própria vida. O sofrimento psíquico influencia diretamente o funcionamento do corpo. Intervenções de enfermagem: redução da ansiedade e do medo: a enfermeira ajuda o cliente a identificar as estratégias de enfrentamento que utilizou previamente para diminuir o medo. A conversa auxilia a determinar a origem dos medos e a expressar preocupações. Pode ser usado a imaginação, distração, autorrecitação otimista e música. Crenças espirituais e culturais: representam um papel importante na maneira como as pessoas lidam com o medo e a ansiedade. As crenças espirituais podem ser tão terapêuticas quanto a medicação. A enfermeira deve apoiar e respeitar suas crenças. Outas intervenções de Enfermagem Mobilidade e movimento ativo do corpo: objetivos de promover a mobilidade PO são melhorar a circulação, prevenir a estase venosa e promover a função respiratória ideal. A deambulação precoce e frequente no PO, conforme o tolerado, ajudará a evitar complicações. Demonstrar e discutir qualquer posicionamento especial que o cliente dura manterá pós a cirurgia, assim como manter a mobilidade. O exercício dos membros inclui a flexão e extensão dos joelhos e quadris. Roda-se o pé, como se traçando o maior círculo possível com o hálux. Os cotovelos e ombros também são mobilizados em sua amplitude de movimento. Manejo da dor: a escala de intensidade da dor deve ser introduzida e explicada ao cliente para um manejo eficaz no PO. Deve ser incluído nas orientações a diferença entre a dor aguda e a dor crônica. No PO administram-se medicamentos para aliviar a dor e manter o conforto sem suprimir a função respiratória. A analgesia pode ser controlada pelo cliente (ACC). Preparo do intestino: um enema de limpeza ou laxante pode ser prescrito na noite anterior à cirurgia e talvez repetido na manhã da cirurgia. Os objetivos são a visualização satisfatória do local cirúrgico, evitar traumas ao intestinoou prevenir contaminação do peritônio por material fecal. Preparo da pele: o objetivo é reduzir as bactérias sem comprometer a integridade. O cliente pode ser orientado a usar um sabão contendo detergente germicida para limpar a área de pele durante vários dias antes da cirurgia, a fim de reduzir a contagem de microrganismos na pele.
Compartilhar