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Úlceras Vasculogênicas ÚLCERA DE PERNA Pode ser definida como uma ulceração abaixo do joelho em qualquer parte da perna, incluindo o pé, sendo classificado como uma ferida crônica, ou seja, uma ferida que permanece estagnada em qualquer uma das fases do processo de cicatrização por um período de 6 semanas ou mais, o que requer uma estruturada intervenção dos cuidados de enfermagem, onde o enfermeiro supervisiona a equipe para a realização do curativo ou executa, é essencial na avaliação das feridas e pode indicar o produto para realização do curativo. As etiologias conhecidas como úlcera de perna podem ser de origem venosa (mais comum, 70% dos casos), origem arterial (10-20% dos casos) e origem mista (10-15% dos casos). PRINCIPAIS CAUSAS: hipertensão venosa crônica, doença arterial ou a combinação das duas. ÚLCERA VENOSA Importante problema de saúde pública devido a alta prevalência, associada a um elevado custo de tratamento. Cerca de um por cento da população dos países industrializados vai sofrer de úlcera de membros inferiores (MMII) em algum momento da vida. SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DA DOENÇA VENOSA C – classificação clinica E – classificação etiológica A – classificação anatômica P - Fisiopatologia C0 – inexistência de doença venosa Congênita Sistema venoso superficial Insuficiência valvular C1 – telangiectasia ou veias varicosas Primária (não contém causa conhecida) Sistema venoso profundo Obstrução ou ambos C2- Veias varicosas Secundária (condições adquiridas e com patologia definida. Ex: TVP) Sistema venoso perfurante C3 – Edema A incidência desta lesão aumenta com a idade sendo maior na faixa de 65 a 70 anos. Atinge mais as mulheres na proporção de 3:1, pois possuem maior acometimento por exemplo devido varizes por alteração hormonal, genética, diminuição da musculatura da panturrilha, dentre outros. Com as varizes ao invés de ocorrer retorno venoso, retorna para seu leito, aumentando a pressão. Apresenta recorrência em aproximadamente 70% dos casos. C4 - Alterações como: hiperpigmentação, eczema (manchas avermelhadas que podem formar bolhas) e lipodermatosclerose (fibrose a nível de tecido subcutâneo e derme) C5 – C4 + úlcera cicatrizada C6 – C4 + úlcera ativa PATOGÊNESE DA ULCERAÇÃO Há um consenso entre os autores de que a hipertensão venosa é o fator mais frequente para ulceração das extremidades inferiores. Teoria de cuffs de fibrina: Teoria dos leucócitos: Hipótese de fatores de crescimento: Hipertensão venosa e liberação de fibrinogênio Polimerizado em fibrinas insolúveis Cuffs (obstruções na rede venosa) Barreira física – difusão de O2 e nutrientes para o tecido Anoxia, morte celular e úlcera Hipertensão venosa Reduz o fluxo sanguíneo no capilar Células brancas agrupam-se na parede do endotélio Oclusão dos capilares Isquemia local Neutrófilos ativados – substância quimiotóxica Resposta inflamatória Morte tecidual e úlcera Hipertensão venosa Fibrinogênio, albumina e outras macromoléculas na derme Agrupam-se a fatores de crescimento outras substâncias estimuladoras ou homeostáticas Torna-os indisponíveis, para manutenção da integridade do tecido e reparação Úlcera AVALIAÇÃO O exame clínico consiste em história clínica completa e exame físico tanto para um paciente que apresenta sua primeira úlcera venosa quanto para paciente com úlcera recidivadas. Os itens a serem considerados na história visam identificar a queixa e a duração dos sintomas do agravo atual e os fatores de risco: história familiar de doença venosa, veias varicosas tratadas cirurgicamente ou não, história comprovada ou suspeita de trombose venosa profunda (TVP) e outros. No exame físico, ambos os membros devem ser observados e avaliados, atentando para a presença de sinais de doença venosa, em particular: edema (acentuado); dermatite venosa (eczema); “coroa flebectásica” (aglomerado de pequenos vasos); hiperpigmentação (dermatite ocre); lipodermatosclerose; veias varicosas. EXAMES COMPLEMENTARES Índice de pressão tornozelo/braço (exclui a causa venosa): verifica-se a PA na região de tornozelo e braço; divide-se o valor da PA do tornozelo pela do braço, onde o resultado deve ficar em torno de 0,9 a 1, em caso de redução do valor, indica-se que o paciente tem uma alteração arterial; Flebografia – método invasivo e reservados para situações atípicas (síndrome pós-flebítica), o mais utilizado (método invasivo, pouco rotineiro); Duplex-scan – método não invasivo, sendo utilizado para avaliar a função valvular e o refluxo venoso; Plestimografia a ar (avalia a hemodinâmica, pouco utilizado). TRATAMENTO É amparado em quatro condutas: 1. Terapia tópica, com a realização de limpeza da lesão e escolha de coberturas locais que mantenham úmido e limpo o leito da ferida e sejam capazes de absorver o exsudato; 2. Controle da infecção com antibioticoterapia sistêmica, conforme resultados do Gram, cultura e antibiograma; 3. Tratamento da estase venosa com repouso e terapia compressiva; 4. Prevenção da recidiva com mudança do estilo de vida. LIMPEZA A abordagem é baseada em evidências. No que diz respeito aos solutos de limpeza, considera-se a Solução Salina, como a solução ideal, morno, se possível; Em feridas crônicas pode ser feita a limpeza com Água Potável, se a Solução Salina estiver indisponível, quando em casa pode ser no chuveiro; Vários autores desaconselham o uso de antissépticos em feridas abertas, uma vez que podem conter detergentes, tornando-se agressivos para o tecido em formação; A solução de Polihexametileno Biguanida (PHMB) com Betaína, é adequada para a preparação do leito da ferida, remoção do biofilme, gestão de odores, redução do nível de exsudado, bem como redução da dimensão da ferida; Considera-se que a irrigação com pressão compreendida entre 5 – 8 psi, é o método mais eficaz de limpeza (pressão obtida com uma seringa de 20 mL adaptada a uma agulha ou cateter de 18G (rosa)). Alguns pacientes podem apresentar anquilose tibiotársica (adesão anormal nas articulações levando à dificuldade de movimentação) e atrofias musculares que alteram o comprimento do membro afetado. É considerada fator agravante da IVC, uma vez que, ao predispor à imobilidade completa e permanente dessa articulação, impede o retorno venoso dos membros inferiores, tornando os pacientes incuráveis. SISTEMA DE COMPRESSÃO Curto estiramento – inelástica (bota de unna); Longo estiramento – elástica (quatro camadas); Meias elásticas. COBERTURAS Determinada segundo fatores: Características e a localização da ferida; Necessidades e as preferências do paciente; Variedade e as características de produtos disponíveis sem perder de vista o aspecto da segurança. Ex: *Cobertura hidrocoloide – placa que ajuda na cicatrização quando está havendo o fechamento da lesão (não pode ser usado em fases muito exsudativas); *de hidrofibra (com prata) – auxilia na absorção do excesso de exsudato, porém não em grande quantidade, mantêm o meio úmido. Topicamente as substâncias com prata auxiliam no combate à infecção. Pomadas com antibiótico tópico não são indicadas para tratar a infecção, mas sim com antibióticos via sistêmica; *de alginato de cálcio (com prata), *de espuma (com prata), *de carvão (com prata) – lesões com odor acentuado, *bota de unna. Todos duram geralmente mais que 24h para a troca (alguns 3, 5 ou 7 dias). Hidrocoloide Hidrofibra (com prata) Alginato de cálcio (com prata) Espuma (com prata) Carvão (com prata) Bota de unna BOTA DE UNNA Composição: Gaze inelástica contendo óxido de zinco, glicerina, gelatina em pó, água, glicerina, acácia, óleo de castor e petrolato branco para evitar o endurecimento. Mecanismo de ação: Facilita o retorno venoso e auxilia na cicatrização de úlceras. Evita o edema de membros inferiores. Indicação: úlcera venosa e edema linfático; Contraindicação: Úlceras arteriais, úlceras arteriovenosas e presença de infecção (mantém umidade na lesão). Periodicidade de troca: semanal. Aplicação: Fazer a limpeza adequada da lesão. Manter o paciente em repouso com os MMII elevados (quando sem contraindicações) por pelo menos 15min na tentativa de reduzir o edema. Aplicar a bandagem. Pode ser aplicada em contato direto com a lesão, ou também utilizar uma cobertura primária. Inicia-se próximo aos dedos dos pés, de forma circular, sem dobras e afrouxamento ou compressão severa, até 3-4 dedos abaixo do joelho. Não pode ser cortada, deve ser utilizada inteiramente no membro, pois além do auxílio na cicatrização, ajuda na contenção do membro para que não ocorra edema. membro, pois além do auxílio na cicatrização, ajuda na contenção do membro para que não ocorra edema. ÚLCERA ARTERIAL Causadas pela insuficiência arterial, majoritariamente pela aterosclerose, doença inflamatória e degenerativa dos grandes vasos causada pelo acúmulo de placas de colesterol, células e tecidos degradados que estreitam progressivamente o lúmen do vaso. AVALIAÇÃO Com anamnese e exame físico, usando equipamentos como esfigmomanômetro, estetoscópio e Doppler manual, é possível fazer um diagnóstico correto da vasta maioria das doenças crônicas arteriais (avaliar Índice de pressão tornozelo/braço). Para avaliar um paciente portador de úlcera arterial, deve-se considerar que a queixa principal é a dor, a qual pode variar de claudicação intermitente (dor ao andar) à dor em repouso. Na técnica de inspeção é fundamental observar: Alterações de coloração da pele, como palidez e cianose; Alterações tróficas como pele lisa, rugosa, descamativa, seca e brilhante (diminuição de nutrientes); Processo inflamatório no tecido subcutâneo (mais intenso); Presença de micose, bolhas ou ulcerações e gangrena seca ou úmida. EXAMES ADICIONAIS insuficiência renal ou artrite e naqueles pacientes com vasos não compressivos devido à calcificação das artérias no tornozelo Pressão do hálux (aparelho específico para realização). Prova de hiperemia reativa (eleva-se o membro por alguns minutos e ao abaixá-los avalia-se a hiperemia formada). Prova do tempo de enchimento venoso (coloca-se a perna pendente para avaliação). Prova de palidez do membro à elevação (eleva-se o membro). De acordo com pesquisas, o uso de da bota de unna tem um custo de quase metade do valor ao ano, quando comparado com curativos diários, devido à variedade de materiais utilizados. Realizar palpação de todos os pulsos à procura de estenose, aneurismas e ausculta de sopros aos níveis da carótida, subclávia e artérias aorta, mesentérica, renal, ilíaca e femoral. Ao pesquisar os pulsos, deve-se avaliar sua intensidade e qualificá-los como normais, diminuídos ou ausentes. Índice de pressão tornozelo/braço – de modo geral, o paciente que apresenta boa circulação arterial, em repouso, o índice varia de 0,9 a 1. O valor do ITB pode ser elevado (> 1,3) em pessoas com diabetes, insuficiência renal ou artrite e naqueles pacientes com vasos não compressivos devido à calcificação das artérias no tornozelo TRATAMENTO Úlcera venosa Úlcera arterial Local No maléolo medial ou perto dele Pode ocorrer nos dedos, calcâneo, face dorsal do pé Tamanho De pequena a extensa, geralmente extensa Pequena à média extensão Bordas Irregulares Regulares Fundo Rede de fibrina e tecido de granulação Pálido, pouco tecido de granulação Profundidade Rasas Geralmente rasas, podendo ser médias ou profundas Exsudato Abundante Pouco Edema Presente e pode ser endurecido Ausente ou presente devido ao pé pendente Pulsos Normais Fracos ou ausentes Dor Ausente ou pouca intensidade. Cede com analgésico Intensa, não cede com analgésico, aumenta com frio e elevação do membro e à noite Pele ao redor Hiperpigmentação azulada Pálida, fria, cianótica ou rubra, sem pelos História médica Trombose venosa profunda, flebite, veias varicosas Doença vascular periférica, doença cardíaca isquêmica, DM, HA, tabagismo Consiste em limpeza (SF) e uso de coberturas - curativos não aderentes, fixados com faixa crepe (não compressivo). Em alguns casos – proteção com gaze algodoadas e faixas ortopédicas (calor). Cabe salientar que em úlcera arterial não é recomendada a limpeza com soluções citotóxicas. Cuidados com a pele. Calçados ortopédicos ou de órteses. Não desbridar escaras (necrose) estáveis e negras até que o estado de perfusão seja determinado.
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