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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE Graduação em Medicina Veterinária Unidade Betim Bárbara Macieira Marianelli Gustavo Henrique Silva Diniz Júlia Madureira Neves dos Santos Dimas Marina Gabriela Rodrigues Oliveira Matheus Augusto Magalhães Rafaela Gomes Costa ANTIFÚNGICOS E ANTIVIRAIS Betim 2019 Bárbara Macieira Marianelli Gustavo Henrique Silva Diniz Júlia Madureira Neves dos Santos Dimas Marina Gabriela Rodrigues Oliveira Matheus Augusto Magalhães Rafaela Gomes Costa ANTIFÚNGICOS E ANTIVIRAIS Trabalho de Farmacologia apresentando os principais antifúngicos e antivirais, e suas classificações quanto as vias de administração utilizadas, mecanismo de ação, farmacocinética, farmacodinâmica e os seus efeitos tóxicos. Professor: Bruno Costa Silva Betim 2019 SUMÁRIO 1. ANTIFÚNGICOS: O Antifúngico é uma medicação farmacêutica fungicida usada para prevenir micoses e tem cerca de 70 espécies de fungos que podem causar doenças clinicas em animais. Nesse sentido, as micoses podem ser classificadas em micoses sistêmicas, cujo têm caráter crônico e difícil diagnóstico, sendo um grande problema na clínica, tendo como principais exemplos a histoplasmose, paracoccidioidomicose e a Criptococose, as micoses superficiais são infecções por fungos em pelos, unhas/garras, pele e mucosas, um dos exemplos é a candidíase cutânea e das mucosas e as dermatomicoses, já as micoses subcutâneas, são esporotricose, a cromomicose e os micetomas. A princípio as drogas antifúngicas podem ser classificadas de acordo com seu mecanismo de ação, via de administração, ações em micoses superficiais e/ou sistêmicas, sua estrutura química e o seu sítio ativo presente. Também se diferenciam em agentes químicos clássicos e agentes químicos atuais, sendo: a) Agentes químicos clássico: medicamentos fungistáticos que têm ação indireta e reduzida contra os fungos e agem modificando as condições locais. - Exemplos: iodo, ácidos graxos e derivados, ácido salicílico, tolnafato e tolciclato. b) Agentes químicos atuais: são medicamentos que exercem ações fungistáticas/fungicidas diretas. - Exemplos: Imidazóis (cetoconazol, miconazol e clotrimazol), Triazóis (itraconazol e fluconal), Flucitosina e Alilaminas Antibióticos antifúngicos: destacam-se anfotericina B, nistatina e griseofulvina. Vias de administração: Uso tópico; Oral; Intranasal; Sistêmico; Intrauterino; Intratecal; Não existe ainda no Brasil formulação disponível para uso intravenoso. 1.1 Antifúngicos mais indicados e frequentemente usados na rotina nas clínicas: CLOTRIMAZOL: É um antifúngico imidazólico, com aplicação apenas tópica, e tem ação também sobre Staphylococcus e Streptococcus. Principalmente indicado para uso em casos de candidíase cutânea. Os principais efeitos adversos são ardência, eritema e edema. Fórmula farmacêutica: loção e solução. MICONAZOL: é um imidazólico de amplo espectro, de atividade antifúngica e antibacteriana. Comumente usado por via tópica, e é rapidamente absorvido, podendo persistir no organismo por até 4 dias. Por ter uma mínima penetração no SNC, quando se tem por exemplo um quadro de meningite fúngica, esse medicamente deve ser administrado via intratecal. A biotransformação ocorre no fígado, e apenas 1% do medicamento é excretado integralmente na urina, podendo com isso ser administrado em pacientes com insuficiência renal. Indicado principalmente para casos de dermatofitose, candidíase e/ou pneumonia fúngica. Reações adversas são queimação, prurido e irritação. Fórmula farmacêutica: gel oral, loção, pó ou creme. CETOCONAZOL: é um imidazol, administrado por via oral, indicado para tratamento de micoses superficiais e/ou sistêmicas. Tem absorção facilitada por um ph ácido. A administração por via oral em cães torna a biodisponibilidade do medicamento muito variável, podendo ter significativas implicações clinicas, tanto em questão a eficácia, como nos efeitos tóxicos. É um medicamento capaz de atravessar a barreira placentária. É biotransformado no fígado, e somente 2-4% é excretado integralmente pelos rins, com isso a insuficiência renal não afeta a concentração plasmática, já em pacientes com insuficiência hepática há aumento da meia-vida plasmática. Tem latência demorada para o início de atuação. Em cães a relatos de reações adversas como inapetência, prurido e alopecia, e ainda observa-se aumento no número de enzimas hepáticas. E os felinos são mais sensíveis aos efeitos tóxicos que os cães. Fórmula farmacêutica: comprimido, shampoo e creme. ITRACONAZOL: é um triazol, tem efeito sistêmico e de administração oral. Quando comparado com o Cetoconazol, apresenta maior espectro de ação, sendo mais efetivo em doses menores, diminuindo os efeitos colaterais. Tem excelente absorção quando administrado com alimento ou após refeições, com biodisponibilidade considerada máxima, com 99% do medicamento ligado as protéinas plasmáticas (albumina). Biotransformado no fígado e excretado pelas fezes. Indicado principalmente em quadros de aspergilose, candidíase sistêmica e coccidioidomicose. A administração de doses elevadas produz efeitos enterotóxicos e terotogênicos. FLUCONAZOL: é um triazólico, podendo ser administrado por via oral ou intravenosa, porem na administração via oral o medicamento terá uma absorção mais rápida no sistema gastrointestinal, este não requer as condições do meio com pH ácido, ao contrário do Cetoconazol. É excretado integramente na urina, tendo uma meia vida plasmática de 25-30 horas. Indicado principalmente em quadros de candidíase sistêmica e coccidioidomicose. Por ser um medicamento de uso recente na Medicina Veterinária, poucas são as informações sobre os efeitos adversos, recomenda-se evitar o uso de flucanozol em animais prenhes, devendo não ser administrado também em casos de disfunção hepática. ANFOTERICINA B: é um antibiótico poliênico, o qual exerce uma potente atividade fungostática, tendo pouca incidência de resistência. Não é absorvido via oral, exceto em casos de infecções do sistema gastrointestinal, já em infecções sistêmicas deve ser administrado via intravenosa ou via intratecal no caso da meningite fúngica. É um medicamento capaz de atravessar a placenta, e apresenta uma eliminação bifásica. Indicada principalmente em quadros de micoses sistêmicas. Apresenta grandes reações adversa, a mais comum e mais grave é a toxicidade renal, principalmente em cães, devido ao decréscimo da taxa de filtração glomerular, em estágios iniciais do tratamento com Anfotericina B observa-se calafrios e pirexia. Fórmula farmacêutica: creme e pó para infusão. GRISEOFULVINA: é um antibiótico antifúngico não poliênico, administrado exclusivamente por via oral, este possui também um efeito antiinflamatorio. Por sem um medicamento praticamente insolúvel em água, sua absorção é mais efetiva quando se tem uma administração com alimentos ricos em gordura. Em cães, tem uma meia vida plasmática em torno de 45 min. É biotransformada no fígado, excretada na urina como glicuronídeo inativo. Indicado principalmente em quadros de dermatofitoses. As reações adversas mais frequentes são vômitos, diarreia e anorexia. Em felinos, tem-se o aparecimento de anemia, leucopenia e algumas anormalidades neurológicas. Sendo totalmente contraindicado em animais prenhes. Fórmula farmacêutica: comprimidos. 2. MEDICAMENTOS QUE INIBEM A SÍNTESE DAS PROTEÍNAS VIRAIS:a) METISAZONA: A metisazona é um dos primeiros medicamentos antivirais eficazes. Em seres humanos foi utilizada profilaticamente no combate à varíola, com isso ao ser erradicada, este medicamento caiu em desuso. Ademais, tem-se a perspectiva de utilizar a metisazona em Medicina Veterinária contra hepatite infecciosa, tanto canina, quanto equina e em bovinos também, na doença respiratória, uma vez que este medicamento se mostrou (in vitro) eficaz contra o adenovírus. Vias de administração utilizadas: Parenteral; Oral; A metisazona, tem como mecanismo de ação agir inibindo a síntese das proteínas virais. Em relação a sua farmacocinética e farmacodinâmica é pouco abordada, tanto no homem, quanto nos animais domésticos, além disso, este medicamento não está mais sendo produzido comercialmente. No entanto, a metisazona quando usada causa efeitos tóxicos, também considerados efeitos colaterais, como náuseas e vômitos. b) INTERFERONA: É uma glicoproteína espécie-específica, ou seja, quando o interferon é produzido por células de galinha, ele só impede a multiplicação de vírus que infectam células desta espécie animal. Portanto, o emprego deste medicamento em medicina veterinária fica bastante limitado, uma vez que os custos para a produção são, até o momento, bastante elevados. Por outro lado, a grande vantagem do uso desta substância relaciona-se com sua pouca inespecificidade para combater diferentes vírus, dentro da mesma espécie animal. - Vias de administração utilizadas: pode ser realizada por via oral ou via intravenosa. - Mecanismo de ação: os interferons atuam induzindo nos ribossomos das células do hospedeiro a produção de enzimas que inibem a tradução do mRNA viral em proteínas virais. Além disso, eles estimulam a atividade citotóxica e fagocítica de macrófagos. - Farmacocinética e farmacodinâmica: Devido à sua característica química (são glicoproteínas), o acesso à farmacocinética é bastante difícil, por outro lado, sabe-se que o interferona se distribui por todo o organismo e é detectado no cérebro e no líquido cefalorraquidiano. Após administração possui meia-vida de 1,4 hora em cães e 1,7 hora em gatos. É ligado a receptores em células infectadas por vírus. O mecanismo de ação não é muito elucidado, no entanto, sugere-se que ele aumente as defesas não específicas de cães e gatos. Não age diretamente sobre o agente, mas inibe os mecanismos de síntese interna das células infectadas. - Efeitos tóxicos: pode induzir distúrbios gastrointestinais - vômito, náuseas e diarreia branda. Em felinos, foi observado o aparecimento de fadiga transitória. IDOXURIDINA A Idoxuridina é uma substância ativa que está indicada para o tratamento local das lesões da pele e das mucosas, provocadas pelo vírus do herpes simples, em sua na fase inicial, e também nas recidivas. - Contraindicação: a Idoxuridina é contraindicada para animais que possuem hipersensibilidade ao Iodo, por ser sua principal molécula de ação. - Reações adversas: em âmbito comum, o Fármaco é bem tolerado ao uso, porém pode causar reações de sensibilidade local como ardor e irritação. Além disso, em casos de hipersensibilidades pode causar eritema e sensação incômoda na pele e nas mucosas que leva a coceira, devido a liberação de histamina. - Farmacodinâmica: a Idoxuridina é formada por um nucleotídeo pirimidínico (5-iodo- 2-deoxiuridina), que em sua estrutura química, pode se dizer que é semelhante estrutura química da timidina. Nesse sentido, a timidina é incorporada à cadeia de nucleotídeos, isto é para a formação do DNA viral, porém quando possui a presença do fármaco no organismo, terá uma disponibilidade competitiva entre a Idoxuridina timidina, com isso ocorre a substituição no DNA viral. Ademais, a Idoxuridina também inibe a enzima DNA-polimerase viral, o que compromete a síntese de outros segmentos do DNA. Dessa forma, impede a expressão viral e a replicação do vírus, limitando a infecção. - Vias de administração: restrito ao uso tópico. VIDARABINA (ARA-A) A Vidarabina foi o primeiro agente antiviral a ser liberado para uso intravenoso, por se assemelhar ao nucleotídeo adenosina apresenta atividade contra todos os vírus da família Herpesviridae. - Indicações: muito comum no tratamento de felinos com o Herpesvírus felino tipo 1. - Efeitos adversos: pode ser observado náuseas, vômito e diarreia. No entanto, o seu uso tópico pode levar também a coceira, fotofobia, dor local e reação de hipersensibilidade e não é indicado para uso durante a gestação, pois pode haver efeitos teratogênicos, ou seja, pode afetar diretamente o feto durante a gestação produzindo alteração em sua formação. Entretanto, algumas pesquisas indicam que a Vidarabina é nefrotóxica, em razão da sua baixa solubilidade em água, por isso, seu uso em animais com alterações renais devem ser analisadas. - Vias de administração: pode ser feito intravenoso e de forma tópica e geralmente utiliza-se a cada 4 horas em um período de no mínimo 21 dias. - Farmacocinética: quando administrada pela via intravenosa apresenta alta distribuição nos tecidos, de forma sistêmica, porém é rapidamente biotransformada se tornando inativada e sem ação antiviral. Nesse caso, a forma de excreção é renal. - Farmacodinâmica: o Trifosfato, metabólito presente na composição da vidarabina, atua inibindo a DNA-Polimerase viral, por sua vez, este reduz a síntese de DNA do agente viral, de modo que o fármaco também incorporará o DNA viral, resultando em efeito de bloqueio e retardo da replicação viral. A replicação viral consiste na replicação viral que ocorre dentro das células, com a replicação novos vírus são formados e continuam seu processo de disseminação. ACICLOVIR O Aciclovir foi desenvolvido em 1975 e foi considerada a primeira droga produzida especificamente para inibir a replicação viral. Esse medicamento é mais utilizado no tratamento de infecções pelo vírus Herpes simplex na pele e nas mucosas, incluindo herpes genital inicial e recorrente, sendo fundamental na supressão de infecções recorrentes por Herpes simplex em pacientes imunocompetentes (usado na prevenção de recidivas, que nada mais é do que doenças que acometem os animais frequentemente) e na profilaxia de infecções por Herpes simplex em pacientes imunocomprometidos. - Contraindicações: deve ser aplicado com cautela em animais com insuficiência renal pois o fármaco possui propriedades nefrotóxicas e pode ser observada alterações digestivas, como vômito, diarreia, anorexia e letargia. - Vias de administração: pode ser utilizada por via oral e em forma de comprimidos, isto é, nos casos em que age em animais imunocompetentes e imunocomprometidos, https://minutosaudavel.com.br/herpes-genital/ também pode ser utilizada a via tópica em forma de cremes que agem diretamente em infecções cutâneas e forma de pomada oftálmica que é utilizada para o tratamento de ceratite ou queratite, denomina se uma inflamação na córnea, causada pelo Herpesvírus simplex. Ademais, a via endovenosa pode ser usada em forma de pó liofilizado para solução injetável no tratamento viral. - Farmacodinâmica: o Aciclovir é um nucleosídeo sintético, que possui propriedades análogas da purina, com atividade inibitória da replicação do DNA viral agindo contra os vírus da família herpes vírus. - Farmacocinética: este medicamento atua bloqueando os mecanismos de replicação do vírus Herpesvírus simplex. A eliminação em ocorre de 2 a 6 horas de forma renal. REFERÊNCIAS NOBRE, M. D. O. et al. DROGAS ANTIFÚNGICAS PARA PEQUENOS E GRANDES ANIMAIS. Ciência rural, Santa Maria, v. 32, n. 1, p. 175-184, fev./2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cr/v32n1/a29v32n1.pdf>. Acesso em: 8 out. 2019. SPINOSA, H. D. S; GÓRNIAK, Silvana Lima; BERNARDI, Maria Martha. Farmacologia Aplicada à MedicinaVeterinária. 6. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan Ltda, 2017. p. 784-798. SPINOSA, Helenice de S; GÓRNIAK, Silvana L; BERNARDI, Maria Martha. Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária. 5. ed. Rio de Janeiro: GUANABARA KOOGAN, 2013. p. 484-485. VET SMART BULÁRIO. Interferon. Disponível em: https://www.vetsmart.com.br/cg/produto/2236/interferon. Acesso em: 12 out. 2019. Disponível em:https://consultaremedios.com.br/idoxuridina/pa#bula Acesso em: 12 out. 2019 Vet Smart. Vidarabina. Disponível em: https://www.vetsmart.com.br/cg/produto/3454/vidarabina Consulta Remedios. Aciclovir. Disponível em: https://consultaremedios.com.br/aciclovir/bula Vet Smart. Aciclovir. Disponível em: https://www.vetsmart.com.br/cg/produto/2196/aciclovir Atualização em oftalmologia. Antivirais. Disponível em: www.scielo.br/pdf/abo/v56n6/0004-2749-abo-56-06-0302.pdf https://www.vetsmart.com.br/cg/produto/3454/vidarabina https://consultaremedios.com.br/aciclovir/bula https://www.vetsmart.com.br/cg/produto/2196/aciclovir http://www.scielo.br/pdf/abo/v56n6/0004-2749-abo-56-06-0302.pdf
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