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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE ENGENHARIA NAVAL GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA NAVAL 1ª ESTUDO DIRIGIDO DE ÉTICA PROFISSIONAL ALUNO: JOSÉ GABRIEL DA SILVA RODRIGUES Belém-PA 2021 QUESTÕES 1) Sintetize a ideia do “Imperativo Categórico” a respeito do entendimento e compreensão da moralidade e da ética e a ideia do “Relativismo” sobre o mesmo assunto. Comente o porquê destas duas ideias serem, de certa forma, contraditórias em sua aplicação dos princípios da moralidade e da ética. R = O imperativo categórico é a ideia central formulada por Kant para que se possa analisar o que motiva a ação humana e compreender a moral e a ética. O modo como um indivíduo age com base em princípios que gostaria de ver aplicados é a máxima e poderá se tornar o que ele chama lei universal. Agir com base no dever (princípio supremo da moralidade) vai além do conceito de “fazer o que gostaria que lhe fizessem” uma vez que sua atitude deve ser livre de interesse e possui um fim em si mesma. Está acima do relativismo moral em que o correto depende da situação e do contexto em que o sujeito se encontra e está além da subjetividade, pois pode ser aplicado a todos. Em sua essência é o “fazer o que gostaria que todos fizessem com todos”, partindo do princípio de que suas ações serão corretas se puderem se tornar uma lei universal seguida pela coletividade 2) Defina o termo “Deontologia”. O termo deontologia deriva do grego deon ou deontos/logos e significa o estudo dos deveres. Sendo definido como um conjunto de deveres, princípios e normas regulamentadoras que devem ser seguidas por profissionais, para garantir determinado comportamento, mesmo que as regras não estejam regulamentadas juridicamente. Isto por que algumas normas não possuem função normativa (presentes nos códigos deontológicos), mas apenas reguladora (como, por exemplo, as declarações de princípios e os enunciados de valores). 3) Defina o princípio da “Universalidade” (filósofo Kant) e o Princípio do “Respeito à Pessoa” (filósofo Kant). O princípio universal de Kant consiste na forma de que atua de tal modo que possas querer que essa atuação se converta em lei universal". Por exemplo, não é ético roubar porque o roubo não pode converter-se em lei universal. Trata-se de atuar por dever, por respeito à lei. Mas não uma lei exterior: a lei é intrínseca, o imperativo categórico pressupõe uma vontade humana autónoma e livre. Se o homem não se sentisse livre, não poderia ser obrigado a obedecer. A autonomia da vontade é a constituição da vontade, pela qual ela é para si mesma uma lei - independentemente de como forem constituídos os objetos do querer. O princípio da autonomia é, pois, não escolher de outro modo, mas sim deste: que as máximas da escolha, no próprio querer, sejam ao mesmo tempo incluídas como lei universal. 4) Resuma o Capítulo 2 da apostila “Ética Deontologia – Manual Formação” em anexo ao e- mail. O ser humano necessita de leis para que o convívio social seja regulado e assim possa manter a coesão e a integração social harmoniosa, onde essas regras terão como objetivo auxiliar o indivíduo na correta prática de conduta social. O comportamento social de um individuo é resultado de fatores externos e intrínseco ao próprio indivíduo, sendo eles definidos como: hetero regulação que ocorre quando uma entidade externa dita ao indivíduo a forma como ele deve decidir ou agir; e como auto regulação que ocorre quando o próprio indivíduo realiza a regulação de seu comportamento, ou seja, ele possui a autonomia individual para decidir o que é certo ou errado em sua conduta. Ética A ética, moral, os costumes, o direito e a deontologia estão inseridos em sistemas de auto regulação e hetero regulação, e estes modo de regulação dos comportamentos dos indivíduos constituem uma espécie de infraestrutura reguladora da sociedade. A ética vem sido debatida desde a época dos gregos antigos, onde definiram que a ética tem como responsabilidade orientar o comportamento humano. Ou seja, tem por objetivo embasar o ser humano para escolher entre o certo e o errado. A autonomia garantida para o indivíduo através da ética possui um sentido paradoxal, pois, assim como ela disponibiliza certa liberdade, ela também gera um encargo devido o individuo ter que se preocupar com próximo, dessa forma, deve-se buscar um equilíbrio entre a sua própria liberdade e a responsabilidade relativa ao próximo. A ética é definida como a racionalização do comportamento humano, ou seja, um conjunto de princípios obtidos através da razão e que apontam o caminho certo para a conduta, ou seja, tem a função de fornecer princípios operativos, normas, valores para a atuação, que o homem vai aplicar, de uma forma evolutiva, utilizando a sua razão, procurando em permanência as melhores soluções para os problemas que se lhe colocam. Moral A moral é um conjunto de regras, valores e proibições vindos do exterior ao homem, ou seja, impostos pela política, a religião, a filosofia, a ideologia, os costumes sociais, que impõem ao homem que faça o bem, o justo nas suas esferas de atividade, ou seja, a moral e a aceitação de regras dadas. A moral lhe obriga a cumprir um dever fundado num valor moral imposto por uma autoridade. Por isso, aplica-se através da disciplina e a motivação para a ação é, neste caso, a convicção e a sanção. Costume É uma de hetero regulação que se refere a valores partilhados que vem sendo passados de geração em geração, que se baseiam em regras não formais e sem escrita, sendo resultado da experiência e história de vida e experiencias passadas. Esse processo é realizado pela tradição, pela pressão social na conformidade com uma determinada forma de agir, e pela ameaça de marginalização pelo grupo em caso de não conformidade. Direito É o modo de regulação dos comportamentos mais operativo nas sociedades democráticas, pois impõe obrigações e estabelece mecanismos procedimentais para garantir a sua aplicação. Através das leis, garante-se a organização e o funcionamento da sociedade e estabelecem-se relações claras de autoridade e de poder. A ética e o direito são categorias de normas diferentes, apesar de por vezes se sobreporem e outras vezes colidirem, mas existe uma grande diferença que reside no tipo de regulação: na ética as obrigações, os deveres são internos, pertencem à esfera privada do indivíduo, enquanto que no direito os deveres impostos pela legislação são externos, pois estão dirigidos aos outros. Deontologia A deontologia possui características hetero reguladora, pois acontece quando um grupo de pessoas se reúne para de delimitar comportamentos com base em normas e regras para garantir a excelência no trabalho. O objetivo da deontologia é estudar o conjunto dos deveres profissionais estabelecidos num código específico que, muitas vezes, propõe sanções para os infratores. Melhor dizendo, é um conjunto de deveres, princípios e normas reguladoras dos comportamentos exigíveis aos profissionais, ainda que nem sempre estejam codificados numa regulamentação jurídica. Autores relatam que a deontologia deve seguir ações que venham abranger tanto as normas quanto o valor. Se o valor não é assumido pelo agente, este não age racionalmente, de forma livre e responsável, de acordo com aquilo que, interiormente, sabe que deve fazer. E a verdade é que para ser bom profissional, o homem deve desenvolver todas as virtudes humanas, exercitadas através da profissão. 5) Sintetize o Capítulo 3 da apostila “Ética Deontologia – Manual Formação” em anexo ao e-mail. O comportamento humano foi, desde sempre, avaliado sob o ponto de vista do bem e do mal, do certo e do errado. A ética diz-nos, não o que o homempode fazer, mas o que o homem deve fazer. Ou seja, elucida-nos sobre as escolhas que o homem deve fazer em liberdade e através das quais se desenvolve e aperfeiçoa. Muitos filósofos estudaram e desenvolveram trabalho relacionados a ética, onde foi destacado que a ética é essencialmente subjetiva, tem a ver com valores e opiniões pessoais, o que explica porque as pessoas discordam sobre tantas questões éticas. Esta discussão entre objetivismo e subjetivismo remonta aos Sofistas e a Sócrates e Platão. Enquanto que os sofistas consideravam que o bem e o mal refletem as opiniões subjetivas, Platão e Sócrates acreditavam que o bem e o mal faziam parte da natureza objetiva das coisas. Atualmente, autores destacam que a ética tem de residir num fundamento objetivo, válido para todos. Sob pena de não ser operativa e de não contribuir para reforçar a coesão social, na medida em que é incapaz de enquadrar o homem na sociedade. Dentre os principais filósofos clássicos pode-se destacar Platão que diz que agir eticamente é agir com retidão de consciência, onde O verdadeiro sábio procura atuar em busca do ideal e corrigir- se quando se engana. Através da sua inteligência e virtude, o homem regressa ao mundo das ideias. Outro que merece grande destaque que é conhecido como pai da filosofia é Aristóteles que durante toda sua vida procurou se dedicar ao estudo da ética, onde destacou que cada um procura alcançar o bem ao atuar, pelo que do bem depende a autorrealização do homem, a sua felicidade. O bem próprio do homem é a inteligência: o homem é um animal racional. Por isso, o homem deve viver segundo a razão, de forma a alcançar as virtudes, nomeadamente a sabedoria. Zenão de Cicio defende que o fundamental é viver com retidão, lutando contra as paixões. Aspetos fundamentais da doutrina estóica são também a compreensão, o cosmopolitismo (o homem como cidadão do mundo) e a igualdade de todos os homens. Já Epicuro enfatizou que o homem deve fazer o que gosta mais, o que lhe dá prazer, do corpo e da alma. Esta busca do prazer deve ser regida pela prudência: o homem deve diminuir os desejos, para ser autossuficiente, despreocupado e tranquilo: "não ter dor no corpo nem perturbação na alma". Para os contratualista a ética um conjunto de regras e princípios em que temos de acordar para que a sociedade funcione. Neste sentido, torna-se difícil distinguir entre normas éticas e normas sociais e os principais filósofos desta corrente foram filósofos políticos. É o caso de Thomas Hobbes (1588-1679), John Locke (1632-1704), Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) e, recentemente, John Rawls (1921-2002). Segundo os filósofos contratualistas, há um período da humanidade, que é o período pré-social, em que o ser humano se encontra em seu estado de natureza. O estado de natureza é o período em que a sociedade ainda não se formou, quando não há uma lei civil e, portanto, uma civilização para amparar o convívio social. Esse estado é regido por uma lei de natureza que coloca os seres humanos em plena igualdade de direitos. Chamamos esse conjunto de direitos naturais e a teoria do estado de natureza de jusnaturalismo. O grande problema do estado de natureza é que a igualdade de direitos gera conflitos, e, para que a convivência seja mais pacífica entre as pessoas, é necessário instituir um conjunto de leis civis que solucione todos os possíveis conflitos que podem surgir nela. O estado formado após o estado natural é chamado de sociedade civil ou estado civil. Os filósofos diferem na forma do consentimento dado ao contrato, mas concordam que, uma vez celebrado, o contrato social constitui a base da lei e da ética e da nossa obrigação social de reconhecer e respeitar as necessidades dos outros indivíduos. Na realidade, são teorias mais políticas do que éticas. O bem comum destacado entre diversos filósofos defende uma ética em que o bem individual está ligado ao bem comum, da comunidade. Por isso, os membros da comunidade estão ligados por objetivos e valores comuns. Esse tema depois de remontado por Platão, Aristóteles e Cícero, recentemente foi definido por John Rawls como as condições que existem benefícios de todos, ou seja, cada pessoa é dona de uma inviolabilidade fundada na justiça, que nem o bem comum da sociedade. Portanto, numa sociedade justa, os direitos garantidos pela justiça não são objetos de negociação política nem são computados no cálculo dos interesses sociais". O padrão ético do utilitarismo é "estão certas as ações que produzam a maior quantidade possível de bem-estar”, Jeremy Bentham (1748-1832) e John Stuart Mill (1806-1873) são os dois autores que podem ser considerados os inspiradores do utilitarismo social, político e ético. A descrição mais comum do utilitarismo diz respeito ao bem estar dos seres sencientes, aqueles que são capazes de sentir dor e prazer, em alguns casos mesmo os não humanos. Esta descrição é o motivo pelo qual, modernamente, o utilitarismo tem sido usado em discussões acerca do sofrimento de animais não humanos e aspectos éticos envolvidos com a produção de animais com finalidade alimentar. Para Bentham, utilidade é o agregado de prazeres, depois de deduzido o sofrimento de todos os envolvidos em uma ação, uma espécie de prazer liquido, que seria base para a felicidade. Stuart Mill por outro lado possuía um conceito mais amplo, focando seus esforços nas regras ao invés das ações morais individuais. Nesta conceituação Mill incluía não apenas a quantidade, mas a qualidade do prazer, o que contribuiu para a sofisticação do debate. Alguns autores por outro lado trataram de desenvolver o chamado utilitarismo negativo, que nega o valor positivo do prazer, procurando definir a utilidade em termos de sofrimento, desta forma, o mais útil seria o que causa menos sofrimento. Atualmente todas as formas de utilitarismo enquadram-se na categoria consequencialismo, tendo as consequências das ações humanas como o padrão de certo e errado. Porém, o utilitarismo se distingue de outras formas de consequencialismo na medida em que leva em consideração o bem- estar de todos os indivíduos igualmente. Embora Bentham seja considerado o fundador do utilitarismo, o aspecto do utilitarismo que trata do prazer foi descrito historicamente como uma forma de hedonismo, e tem raízes antigas na filosofia, desde Aristippus e Epicuro, que viam a felicidade como o único referencial de bem, e associavam a felicidade ao prazer. Immanuel Kant buscou criar um modelo ético que fosse independente de qualquer tipo de justificação moral religiosa e se baseasse apenas na capacidade de julgar inerente ao ser humano. Para isso, Kant elaborou um imperativo, uma ordem, de forma que o indivíduo pudesse utilizar como uma bússola moral: o Imperativo Categórico. Esse imperativo é uma lei moral interior ao indivíduo, baseada apenas na razão humana e não possui nenhuma ligação com causas sobrenaturais, supersticiosas ou relacionadas a uma autoridade do Estado ou religiosa. O filósofo buscou fazer com a filosofia o que Nicolau Copérnico fez com as ciências. A revolução copernicana transformou toda a forma de compreensão do mundo. A ética de Kant fundamenta-se única e exclusivamente na Razão, as regras são estabelecidas de dentro para fora a partir da razão humana e sua capacidade de criar regras para sua própria conduta. Isso garante a laicidade, independência da religião, e a autonomia, independência de normas e leis, da moral kantiana. Kant buscou substituir a autoridade imposta pela Igreja pela autoridade da Razão.