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Direito Civil III | Maria Eduarda Q. Andrade INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES CONCEITO O Direito das Obrigações é uma das partes especiais e o mais lógico de todos os ramos do Direito Civil. Vale dizer que, é também o mais refratário a mudanças, ou seja, resistente a mudanças. Em objetiva definição: Conjunto de normas (regras e princípios jurídicos) reguladoras das relações patrimoniais entre um credor (sujeito ativo) e devedor (sujeito passivo) a quem incumbe o dever de cumprir, espontânea ou coativamente, uma prestação de dar, fazer ou não fazer. O desenvolvimento desse instituto, liga-se mais proximamente às relações econômicas. Þ Consiste em uma relação transitória entre pessoas Credor (titular do direito de crédito) Devedor (incumbido do dever de prestar) ¨ Relação de dar, fazer ou não fazer. ¨ Transitória porque tende a se extinguir com o pagamento Os bens do devedor são a garantia comum de seus credores (“les biens du débiteur sont le gage commun de ses creanciers”), regra fundamental do Código Civil Francês e também ao CC brasileiro. ÂMBITO DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES A relação jurídica obrigacional é integrada somente pela espécie de conteúdo econômico (direito de crédito) Þ Direito de crédito: corresponde o dever de prestar Trata-se, portanto, de um direito eminentemente pessoal, cuja correlata obrigação (dever de prestar) é a própria atividade do devedor de dar, fazer ou não fazer. João de Matos Antunes Varela, ressalta o aspecto pessoal das obrigações: “O fim natural da obrigação, seja qual for a modalidade que a prestação revista, é o cumprimento, que representa o meio normal de satisfação do interesse do titular ativo da relação. [...] se A comprar a B certa coisa, o alcance normal do acordo celebrado entre as partes é que B entregue a coisa (cumprindo a sua obrigação de vendedor: art. 879, al. b.), e que A faça entrega do preço (cumprindo a obrigação correlativa da primeira: art. 879, al. c.)” Þ O cumprimento da prestação (atividade do devedor) constitui o objeto imediato da obrigação e não a coisa em si (dinheiro, imóvel, etc.). Direitos reais são tratados pelo Direito das Coisas e os Direitos Pessoais (de crédito) integram o D. das Obrigações. A partir disso, cumpre-nos apresentar conceitos inerentes a matéria (d. das obrigações) e indispensáveis à sua compreensão: Direito Civil III | Maria Eduarda Q. Andrade DIREITOS REAIS (ABSOLUTOS) Se manifestam em uma relação jurídica entre um sujeito certo e determinado, titular de direito, e toda a coletividade, titular do dever, tendo por objeto um bem. O dever correspondente afeta todas as pessoas que vivem na sociedade e com as quais o sujeito do direito possa vir a entrar em contato. Þ Diz-se que são oponíveis erga omnes (significa: a todos), isto é, se sou titular de um direito absoluto, todas as demais pessoas têm o dever de respeitar, de não afrontar esse direito. Þ É um dever negativo, pois se consubstancia em uma inação: “abstenção de qualquer ato que possa estorvar o direito”. Trata-se do “justo limite dos direitos de cada um”. Exemplo doutrinário: Se Caio é proprietário de uma casa – e o direito de propriedade é direito real por excelência –, existe uma relação entre Caio e toda a coletividade, em que Caio figura como proprietário da casa e todas as demais pessoas como não proprietárias. O direito de propriedade, por ser absoluto, opera efeitos erga omnes, ou seja, alcança a todos. Não obstante o dever de abstenção dos não proprietários do imóvel de Caio, esse dever, exatamente pela sua natureza negativa (a abstenção de exercer atos de propriedade sobre o mesmo imóvel), não afeta qualquer direito deles (dos não proprietários). OBS: Não confundir com o Direito Potestativo direito de um sujeito, cujo exercício interfere na esfera jurídica de outrem que não travou relação jurídica com o titular do direito, mas que não pode se opor aquele exercício. Características dos direitos reais: ¨ Legalidade ou tipicidade= só existem se a respectiva figura estiver prevista em lei ¨ Taxatividade ¨ Publicidade ¨ Eficácia erga omnes: É um termo jurídico em latim que significa que uma norma ou decisão terá efeito vinculante, ou seja, valerá para todos. Por exemplo, a coisa julgada erga omnes vale contra todos, e não só para as partes em litígio. Mas devera sempre ser condicionado (relativizado) pela ordem jurídica positiva e pelo interesse social. ¨ Inerência ou aderência ¨ Sequela DIREITOS PESSOAIS (RELATIVOS/ OBRIGACIONAIS) Identificados também com os direitos de créditos (de conteúdo patrimonial), tem por objeto a atividade do devedor, contra o qual são exercidos. Assim, ao transferir a propriedade da coisa vendida, o vendedor passa a ter um direito pessoal de credito contra o comprador (devedor), a quem incumbe cumprir a prestação e dar a quantia pactuada (dinheiro). Relação Jurídica Real: Titular do Direito Real — relação jurídica real — Bem/Coisa Direito Civil III | Maria Eduarda Q. Andrade Se manifestam em uma relação jurídica linear, entre sujeitos certos e determinados, e que tem por objeto um fato, uma conduta do devedor. Os direitos relativos só operam efeitos entre as partes envolvidas na relação direta (sujeito do direito sujeito do dever). Þ Diz- se que são oponíveis intra partes (significa “entre as partes”), isto é, alcança apenas os sujeitos certos e determinados Exemplo doutrinário: O crédito de Silvio com relação a Orlando somente interessa a Silvio e Orlando, sujeitos da relação obrigacional, pelo que não pode Silvio exigir o pagamento de Augusto ou de Rui, os quais se encontram fora do vínculo jurídico entre os sujeitos da relação (Silvio e Orlando). Por outro lado, ao efetuar o pagamento da obrigação, Orlando vai se privar da quantia que então se encontrava na sua conta bancária. OBS: Não confundir com Direito subjetivo faculdade de realizar uma conduta ou exigi-la de alguém, incorporada à esfera jurídica de um sujeito por previsão do ordenamento jurídico. Þ Nota-se que ao D. das obrigações interessa apenas o estudo das relações jurídicas obrigacionais/ pessoais. Relação Jurídica Obrigacional: Sujeito Ativo (credor) — relação jurídica obrigacional — Sujeito Passivo (devedor) (Crédito) (Débito) Direito Civil III | Maria Eduarda Q. Andrade
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