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APHTOVIRUS MICROB GERAL 12

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MICROBIOLOGIA GERAL 
 
APHTOVIRUS
 
PICORNAVIRIDAE 
 A família Picornaviridae compreende 12 gêneros, 
com a maioria destes contendo vírus de importância 
veterinária (Quadro 55.1). As características comuns da 
família são genoma constituído de um RNA de filamento 
único de sentido positivo (ssRNA+) e um pequeno 
capsídio icosaédrico, sem envelope. 
 Embora inclua alguns dos menores vírus, os 
picornavírus ocasionam alguns dos maiores problemas 
de saúde animal, a exemplo da febre aftosa (FA), uma 
das doenças mais contagiosas e economicamente 
devastadoras de rebanhos de animais pecuários. 
Picornavírus são caracterizados por rápido ciclo de 
replicação, estabilidade notável no ambiente e rápida 
propagação entre os hospedeiros suscetíveis. Essas três 
características gerais são as principais razões pelas quais 
alguns picornavírus de animais estão associados com a 
alta taxa de morbidade e grande perda econômica. 
 
ESTRUTURA DO VÍRION, CARACTERÍSTICAS GENÔMICAS 
E REPLICAÇÃO 
 O exame de picornavírus em microscópio eletrônico 
mostra partículas virais icosaédricas com morfologia 
semelhante a esferas e sem projeções. O capsídio viral é 
constituído de 60 unidades idênticas (protômeros), cada 
uma composta de três proteínas de superfície – 1B, 1C e 
1D, ou VP3, VP2 e VP1, respectivamente, e de uma 
proteína interna 1A, ou VP4. 
 As propriedades físicoquímicas dos vírions variam 
dentre os diferentes gêneros; alguns vírus apresentam 
instabilidade em pH abaixo de 7 (p. ex., aphthovírus) e 
outros são altamente resistentes às alterações de pH (p. 
ex., enterovírus). 
 Todos os vírions são insensíveis à ação de solventes 
orgânicos, como éter e clorofórmio. O genoma consiste 
em uma molécula de ssRNA+, com tamanho entre 7,0 e 
8,8 kb e uma única fase de leitura aberta (ORF, do inglês 
Open Reading Frame). 
 Esse genoma contém, ainda, uma cauda poliA, de 
extensão variável, localizada na extremidade 3’ e uma 
pequena proteína (3B ou VPg) de 2,2 a 3,9 kDa, ligada de 
modo covalente à extremidade 5’. Há uma região 5’ não 
traduzida (5’UTR) bastante estruturada, a qual tem 
sequências de sinais, como um sítio de entrada de 
ribossomo interno (IRES), que inicia a tradução da 
poliproteína viral, bem como um fragmento “S” em 
forma de folha de trevo, essencial para a replicação viral. 
 
REPLICAÇÃO VIRAL 
 Após a entrada na célula mediante a interação do 
capsídio viral com receptores de células suscetíveis, o 
genoma viral é liberado no citoplasma e atua tanto como 
mRNA quanto como um molde para a replicação do 
genoma. 
 A síntese proteica se inicia por meio do recrutamento 
de complexos ribossômicos celulares pelo IRES viral. A 
tradução do ORF único produz um precursor da 
poliproteína de 240 a 250 kDa, a qual sofre clivagem por 
proteases do vírus e do hospedeiro nas proteínas 
estruturais virais (SPs) oriundas da região P1 e nas não 
estruturais (NSPs), oriundas das regiões P2 e P3. 
 A replicação do RNA viral nas células infectadas se 
deve, principalmente, à ação da RNA polimerase 
dependente do RNA viral (3Dpol), com outras proteínas 
virais ou celulares. O RNA é transcrito em um RNA de 
filamento negativo, a partir do qual a síntese da 
progênie de RNA de múltiplos filamentos é copiada em 
um complexo intermediário de replicação 
multifilamentada. 
 O RNA de sentido negativo age como um molde para 
a síntese de várias cópias do genoma de RNA, algumas 
das quais são traduzidas, enquanto outras são 
compactadas nas partículas virais. Em razão da carência 
de revisão da atividade da RNA polimerase dependente 
do RNA viral (3Dpol), são gerados erros em uma 
frequência de 1/10.000 bases incorporadas durante a 
replicação, cada um deles resultando em um novo 
genoma com, pelo menos, uma mutação. 
 Portanto, a população de vírus consiste em um 
conjunto de vírus geneticamente diferentes (quase da 
mesma espécie), o qual possibilita ao vírus a capacidade 
de responder, de maneira rápida, à pressão seletiva 
exercida por fatores do hospedeiro (p. ex., resposta 
imune). 
 
VÍRUS DA FEBRE AFTOSA 
 VFA provoca uma doença altamente contagiosa em 
animais domésticos e em animais selvagens que 
apresentam cascos fendidos, inclusive bovinos, búfalos, 
suínos, ovinos, caprinos e veados. 
 O vírus se replica rapidamente no hospedeiro e logo 
se propaga nos animais suscetíveis por meio de contato 
e mediante aerossóis. A doença é caracterizada por 
febre, claudicação e lesões vesiculares na língua, nas 
patas, no focinho e nos tetos, e tem como consequência 
alta taxa de morbidade, porém baixa taxa de 
mortalidade, nos animais adultos. 
 No entanto, a taxa de mortalidade tende a ser alta em 
animais mais jovens, geralmente em virtude da 
cardiopatia ocasionada pelo vírus. Febre aftosa é 
considerada a doença mais contagiosa de animais, e os 
surtos requerem notificação obrigatória imediata, em 
países membros da Organização Mundial de Saúde 
Animal (OIE). 
 Os surtos resultam em proibição e restrições do 
comércio de animais suscetíveis e seus produtos, com 
consequências econômicas devastadoras aos países 
acometidos. 
 
 
 
 
PATOGÊNESE 
 O VFA pode ser transmitido por contato direto ou 
indireto com animais infectados, com suas secreções ou 
por meio de produtos alimentares contaminados; relata-
se que o vírus pode se deslocar em grandes distâncias, 
invadindo propriedades anteriormente livres deste 
microrganismo. 
 A infecção natural de bovinos e ovinos por VFA 
acontece, com maior frequência, através do trato 
respiratório, por vírus presentes em aerossóis. No caso 
de suínos, esses são infectados pelo consumo de 
alimento contaminado com o vírus ou por meio de 
contato de lesões de pele ou de membranas mucosas 
com animais infectados ou com a secreção desses 
animais. 
 Estudos recentes mostraram que, após a exposição 
aos aerossóis infectantes, o sítio primário da replicação 
viral se situava nas células epiteliais da nasofaringe, 
seguido de infecção do epitélio pulmonar e início da 
viremia, a qual resulta na disseminação do 
microrganismo por todo o corpo; todavia, a replicação 
com alto título viral ocorre apenas em sítios de 
predileção de lesões, a exemplo do epitélio interdigital, 
de bandas coronárias dos cascos, da cavidade bucal e, 
com menos frequência, do miocárdio. 
 Os fatores específicos que determinam o tropismo e a 
replicação com alto título viral nos locais da lesão ainda 
não foram definidos. Após a fase aguda, até 50% dos 
ruminantes infectados pelo VFA, independente se 
vacinados ou se são animais não expostos previamente 
ao vírus (animal naïve), tornam-se portadores 
assintomáticos crônicos do vírus. Animais portadores são 
aqueles a partir dos quais o vírus vivo pode ser isolado 
28 dias depois da infecção. 
 A participação dos animais portadores na 
epidemiologia, na ecologia e na manutenção do VFA por 
longo tempo na população animal permanece incerta. 
Contudo, em bovinos domésticos e em búfalosafricanos, 
a condição de portador, por vezes, dura até de 3,5 a 5 
anos. Além disso, há alguns relatos que documentam a 
transmissão do vírus de bovinos aos búfalosafricanos 
portadores. 
 
PATOGÊNESE MOLECULAR 
 O VFA penetra nas células através de receptores 
celulares específicos (integrinas αvβ1, αvβ3, αvβ6 e 
αvβ8). In vitro, o VFA se liga às integrinas celulares por 
meio de uma sequência RGD (arginina, glicina, ácido 
aspártico) altamente conservada, situada na alça GH da 
proteína do capsídio VP1. 
 Estudos em animais sugerem que a integrina αvβ6 é o 
principal receptor do vírus, uma vez que é expressa 
constitutivamente em concentração significativa na 
superfície de células epiteliais dos tecidos suscetíveis ao 
VFA, além de ser expressa na superfície de células 
epiteliais infectadas por VFA.Após a ligação às células, a penetração do vírus 
acontece por meio de endocitose dependente de 
clatrina, seguida de acidificação de endossomos, 
ocasionando quebra do capsídio e liberação do RNA 
viral. 
 Depois do desprendimento e da liberação do RNA 
viral no citoplasma, iniciase a tradução, internamente, 
mediante um mecanismo de capeamento independente, 
na IRES localizada a, aproximadamente, 1.500 bases da 
extremidade 5’ do genoma. Há 2 códons de iniciação 
(AUG) de estrutura funcional, porém a tradução começa, 
principalmente, no segundo AUG. 
 Em seguida, essa tradução causa uma poliproteína 
única, a qual é processada pela proteína 2A e pelas 
proteinases L pro e 3C pro , codificadas pelo vírus, a fim 
de produzir SPs e NSPs. Quatro SPs (Vp1 a Vp4) formam 
o capsídio e são necessárias 10 NSPs para a replicação e 
encapsulação do vírus. Uma vez traduzidas e 
processadas, algumas NSPs interagem com fatores 
celulares para exacerbar a replicação viral. 
 As proteínas virais têm diversas funções; por 
exemplo, a atividade da polimerase no alongamento do 
RNA ocorre em 3D; 2C é uma ATPase que contém uma 
sequência de nucleotídios de ligação; e 2B é essencial 
para a associação às membranas celulares e formação de 
complexos de replicação. 
 A proteína VPg (3B no aphthovírus) atua como um 
facilitador da transcrição, após sofrer uridilação para 
formar VPgpUpUOH, por um elemento de replicação 
atuante no cis do genoma do vírus e na polimerase viral 
3D. 
 A replicação do RNA viral nas células infectadas é 
realizada, principalmente, pela ação da RNA polimerase 
dependente do RNA viral (3Dpol), com outras proteínas 
do vírus ou das células. A montagem do vírus começa 
com a formação de uma partícula viral contendo três 
proteínas de superfície, VP1VP3, e uma proteína interna, 
VP4. As etapas finais da formação do vírus infectante 
incluem a clivagem de maturação de VP4 e VP2 (a partir 
de VP0) e o encapsulamento do RNA viral de múltiplos 
filamentos. 
 
INTERFERÊNCIA DO VÍRUS NA RESPOSTA IMUNE DO 
HOSPEDEIRO 
 O VFA apresenta uma diversidade de estratégias para 
interferir na resposta do hospedeiro (defesa) contra a 
infecção viral. A proteína denominada leader (L pro ), 
além de fazer a clivagem da poliproteína viral, cliva o 
fator de alongamento e IF4 G, o qual está envolvido na 
identificação do mRNA capeado, pelo ribossomo, a fim 
de iniciar a tradução da proteína. 
 Essa clivagem impede, efetivamente, a tradução 
mediada pelo mRNA capeado do hospedeiro. No 
entanto, a tradução do RNA viral continua mediada pelo 
sinal do IRES da UTR5’ viral. 
 Além desse mecanismo geral de interferência na 
tradução da proteína hospedeira, a L pro interfere, em 
especial, na resposta inata do hospedeiro por meio da 
translocação do núcleo durante a infecção viral e com a 
sinalização da resposta da interferona pela degradação 
de NFκB, que regula na transcrição de βinterferona. A 
infecção de suínos pelo VFA tem como consequência 
linfopenia transitória durante a fase aguda da infecção, 
que está relacionada com viremia e disfunção de células 
T. 
 Todavia, isso se resolve logo após o início da infecção. 
Outro efeito na resposta inata ocasionado pela infecção 
por VFA em suínos é a menor produção de αinterferona 
pelos vários tipos de células dendríticas durante a fase 
aguda. Esta imunopatologia induzida pelo vírus resulta 
em resposta inata reduzida e retardada. 
 Pode haver outros efeitos na resposta imune celular 
de suínos, inclusive prejuízo à função dos linfócitos 
matadores naturais (natural killer cells). Ainda que as 
respostas inatas sejam inibidas, uma sólida resposta de 
anticorpos se desenvolve rapidamente, dentro de 4 a 6 
dias após o início da infecção, a qual protege contra 
reinfecção causada por cepas antigenicamente 
relacionadas com o VFA, do mesmo sorotipo. 
 Outro mecanismo do VFA que altera a resposta imune 
do hospedeiro é a degradação de moléculas do 
complexo de histocompatibilidade principal classe I, 
prejudicando a resposta de linfócito T citotóxico. 
 
CONTROLE E RECUPERAÇÃO 
 Os procedimentos de controle de febre aftosa (FA) 
adotados por diferentes países são muito variáveis e 
dependem, principalmente, da condição da doença 
(endêmica vs. livre de FA), do comércio internacional de 
animais e de produtos de origem animal e da situação 
política. 
 A Food and Agriculture Organization elaborou 
orientações, em estágios, que podem ser seguidas pelos 
países em um programa de controle progressivo de FA. 
 Os países no estágio 0 não monitoram ou controlam 
FA. Aqueles em estágio 1 a 3 adotam vários graus de 
monitoramento e diversas estratégias de controle, 
inclusive vacinação, a qual resulta em não circulação do 
vírus (estágio 4). Já os países em estágio 5, mesmo sem 
vacinação (p. ex., condição livre de FA e sem vacinação) 
não apresentam casos de doença. 
 Nos países em estágio 2 ou 3, os procedimentos para 
controle dos surtos tendem a envolver algum grau de 
controle de trânsito de animais e vacinação em áreas 
alvo e, em alguns casos, abate de animais de 
propriedades infectadas. 
 Em países livres de FA e que realizam vacinação, os 
procedimentos para controle dos surtos incluem, por 
vezes, o abate de alguns animais e a revacinação de 
populações animais em risco. Em nações livres de FA e 
que não utilizam vacinação, em geral, a principal 
estratégia de controle da doença é o abate, com mínimo 
uso de vacinação. Isso tem ocasionado consequências 
devastadoras, com milhões de animais abatidos, com um 
custo muito elevado, não apenas econômico, mas 
também social e moral, visto que o bem estar animal é 
uma preocupação. 
 Em alguns casos, os esforços para a erradicação da 
doença não têm sido bem sucedidos, e os países tentam 
instituir campanhas de vacinação em massa em longo 
prazo, a fim de controlar a febre aftosa (p. ex., Argentina 
e Uruguai, em 2001, e República da Coreia, em 2011). 
 
VACINAÇÃO 
 Vacinas contra FA estão disponíveis há décadas e 
representam a vacina de uso veterinário mais vendida 
em todo o mundo. As vacinas comerciais consistem em 
preparações com antígenos de vírus inteiro morto. 
 Em razão da alta variabilidade de sorotipos e subtipos 
de VFA, a composição de antígenos da vacina contra FA 
é elaborada para regiões específicas do planeta e, em 
vários casos, para países específicos ou regiões 
particulares desses países. 
 O uso de vacina em lugares nos quais a FA é endêmica 
requer pesquisa rigorosa sobre a epidemiologia da 
doença e estudos comparativos de vacinas para 
determinar se a vacina selecionada será eficaz contra 
a(s) cepa(s) circulante(s) na área alvo. 
 Alguns países livres de FA instituíram bancos de 
antígenos para vacina, a fim de armazenar, 
estrategicamente, vários sorotipos e cepas virais que 
seriam utilizados para o controle de um surto, pelo 
menos nos estágios iniciais. A seleção de cepas para 
estes bancos de vacinas se baseia na análise de risco e 
deve ser regularmente atualizada com intuito de 
assegurar proteção contra as cepas do VFA emergentes. 
 Em geral, as vacinas inativadas comerciais contra FA 
são formuladas de modo a apresentar potência regular 
para o controle de rotina nas regiões endêmicas, ou alta 
potência, contendo maior concentração antigênica para 
situações emergenciais em regiões nas quais a doença 
não é endêmica. 
 Tais vacinas são efetivas na prevenção de sinais 
clínicos da doença e de excreção do vírus e têm sido 
utilizadas, com eficácia, em programas de erradicação, 
em várias partes do mundo. 
 Contudo, apresentam alguns problemas, como o fato 
de que a sua produção requer o uso de vírus vivo, o que 
predispõe a um risco de escape deste microrganismo dos 
laboratórios onde são produzidas. Outro problemaé a 
duração da imunidade, que requer múltiplas vacinações 
semestrais, a fim de manter um grau de imunidade 
protetora. 
 Outras preocupações são a estreita cobertura 
antigênica e a instabilidade das vacinas, especialmente 
aquelas elaboradas com o sorotipo O. 
 O potencial antigênico é uma importante 
preocupação em relação às vacinas contra febre aftosa. 
 Uma das características mais importantes das vacinas 
contra o VFA é a possibilidade de se diferenciarem os 
animais infectados daqueles vacinados (DIVA, do inglês 
dif erentiate infected from vaccinated animals). 
 Para esse fim, é muito importante que, durante a 
fabricação da vacina, todas as proteínas virais não 
estruturais (NSP) sejam removidas da vacina, de modo a 
viabilizar a pesquisa de anticorpos contra essas 
proteínas, as quais estariam presentes somente em 
animais infectados e não nos vacinados. Apenas vacinas 
contra FA de alta qualidade, livre de NSP, possibilita a 
diferenciação de animais infectados daqueles vacinados. 
 
DESINFECÇÃO E CONTROLE NA PROPRIEDADE 
 Na fase de recuperação, após o surto de FA, é 
necessária a desinfecção das propriedades infectadas. O 
VFA não resiste aos ácidos e começa a se dissociar em 
pentâmeros em ambiente de pH abaixo de 6,5 ou acima 
de 7,5. 
 Isso possibilita o uso de desinfetantes ácidos e 
básicos, como ácido cítrico e hipoclorito de sódio. 
 Estudos recentes mostraram que o VFA é facilmente 
inativado por hipoclorito de sódio (1.000 ppm), ácido 
cítrico (1%) e carbonato de sódio (4%), quando seco em 
superfícies não porosas. No entanto, quando a 
desinfecção foi testada em superfície porosa (madeira), 
o ácido cítrico (2%) foi mais efetivo na inativação do 
vírus do que o hipoclorito de sódio, mesmo em 
concentração de 2.500 ppm. 
 Com base nesses estudos, para a desinfecção do VFA, 
são preferíveis as substâncias químicas que apresentam 
pH muito baixo. 
 
OUTROS VÍRUS DO GÊNERO APHTHOVIRUS 
 A dissolução do gênero Rhinovirus foi resultado das 
análises de sequência que comparam rinovírus humano 
daqueles vírus que provocam rinite em bovinos e 
equinos. 
 Esses vírus – vírus da rinite bovina tipo A1, vírus da 
rinite bovina tipo A2, vírus da rinite bovina tipo B e vírus 
da rinite equina tipo A (antigamente denominados 
rinovírus bovinos tipos 1, 3 e 2 e rinovírus equino tipo 1, 
respectivamente) – foram incluídos no gênero 
Aphthovirus, com base na organização genômica e na 
similaridade da sequência ao VFA. 
 Especificamente, a evidência molecular inclui tanto 
moléculas estruturais genéticas similares quanto a 
identidade de aminoácidos substanciais, bem como a 
presença de uma L pro funcional (apenas verificada nos 
aphthovírus e erbovírus). 
 Acredita-se que o vírus da rinite bovina provoque 
apenas doença respiratória discreta, pois tem sido 
isolado de bovinos sadios e assintomáticos. A infecção 
experimental com tais microrganismos tem como 
consequência doença discreta ou infecção assintomática 
no hospedeiro natural. 
 A detecção de anticorpos preexistentes disseminada 
nas populações de bovinos sugere que estes vírus, 
frequentemente, são transferidos, de modo 
despercebido, aos hospedeiros suscetíveis. 
 A ausência de doença grave causada por aphthovírus 
que provoca rinite em bovinos limita a necessidade de 
qualquer medida de controle. 
 Por outro lado, o vírus A da rinite equina (ERVA), o 
qual pode ser isolado das fezes, tem sido associado a 
graves surtos de doença respiratória em equinos, com 
febre alta e viremia. 
 Além disso, há evidência sorológica de infecção 
humana por ERVA em pessoas que têm estreito contato 
com os equinos. 
Pag.623 
__________________________________________ 
 
Aphtovirus ou Afthovirus 
Febre aftosa, glosopeda, foot and mouth disease e 
doença do pé e da boca. 
 
Doença altamente contagiosa que afeta os animais 
domésticos (bovinos, ovinos, caprinos e suínos) e 
selvagens ( búfalos, camelos, girafas, antílopes, lhamas). 
Família Picornaviridae 
Gênero aphtovírus 
 
A Febre aftosa é transmitida por um dos menores vírus 
existentes na natureza. São conhecidos 7 tipos 
diferentes desse agente infeccioso, como o O; C; A; SAT 
1; SAT 2; SAT 3 e Ásia 1, que são cepas que não 
apresentam imunidade cruzada entre si. 
 No Brasil os tipos encontrados são A, O e C. 
 
Interesse veterinário: 
1 – Vírus da febre aftosa: sorotipos A, O, C, SAT1,2,3 e 
Ásia1. 
2 – Doença vesicular dos suínos. 
 
O genoma de FMDV contém uma fita simples de RNA de 
polaridade positiva circundado por um capsídeo de 
simetria icosaédrica. 
RNA sem envelope e de fita simples. 
 
 
Propriedades gerais 
Sensibilidade: Ph abaixo de 5, radiação solar, 
dessecação, fenol, formaldeídos. 
 
Resistência: secreções, baixas temperaturas, éter, 
clorofórmio e álcool. 
 
 
SINAIS CLÍNICOS 
- Apatia, depressão, febre, laminite, anorexia, lesões 
vesiculares, boca, língua, espaço interdigital, rodete 
coronário, glândula mamária. 
 
 
SC primeira zona livre de febre aftosa sem vacinação. 
Zona livre com vacinação liberados anteriormente em 
amarelo. 
Zona livre com vacinação liberados em 2008 em laranja. 
Status em estudo pela OMS em azul. 
Zona infectada em vermelho. 
 
 
Animais biungulados: suínos, bovinos e ovinos. 
 
 
 
Formas de transmissão 
De animal infectado e seus produtos como carne, leite e 
derivados, ambiente contaminado como currais, 
pastagens, materiais utilizados para cama, excreções 
como fezes e urina, forragens, palhas, etc. 
Veículos contaminados que levam o vírus através das 
rodas, pneus, tapetes. 
- Pelo homem que transporta mecanicamente a doença 
de fazenda para fazenda, etc, através de seus calçados, 
roupas, utensílios. 
- Pelo vento. 
 
Diagnóstico 
Presença de vesículas aftosas nos órgãos de eleição, 
como gengivas, lingua, casco e úbere. 
Diagnóstico definitivo é laboratorial, colheitas de 
secreções dos locais infectados e envio para laboratório 
credenciado. 
 
 
 
 
Transmissão: saliva, secreção nasal, leite, couro, osso 
(medula óssea), fômites, veterinário e equino. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material para laboratório 
- Epitélio da língua 
- Vesículas não rompidas 
- Fluido esofágico faringiano (raspado de esôfago 
probang) 
 
Métodos de diagnóstico 
- Isolamento, imunofluorescência, fixação do 
complemento, neutralização viral, ELISA (mais sensível e 
tipo-específico). 
- Confirmatório: EITB (ensaio de 
imonoeletrotransferência- enzima ligado) como prova de 
confirmação. 
 
Controle 
- Isolamento (vazo sanitário) – introdução de sentinelas 
2-3 meses. 
- Destruição (rifle sanitário) – abate e destruição local 
- Circuito de vacinação 
- 3, 10 e 30Km. 
- Barreiras sanitárias 
- Quarentena 
 
Imunidade 
Vacina AOC 
Vacinação: vírus cultivados em células e inativados 
quimicamente. 
- A24 cruzeiro, 01 campos, C3 indaial, hidróxido de 
alumínio com ou sem saponina, oleosa (dupla emulsão) 
- Suínos e bovinos. 
Eficácia da vacina: temperatura de armazenamento é 
3°C, local da vacinação e volume. 
 
Não existe tratamento 
Diagnóstico diferencial 
- Existem doenças das quais devem ser feitos 
diagnósticos diferenciais: 
- Peste bovina, rinotraqueíte infecciosa bovina, língua 
azul, mamilite vesicular, estomatite vesicular, exantema 
vesicular dos suínos. 
Perspectivas 
Doença de restrição econômica. 
Conscientização do produtor, dos consumidores e do 
mercado internacional. 
 
Geralmente oro-nasal (podendo acontecer reprodutiva) 
– corrente sanguínea – dissemina – lesões na língua, 
papilas do rúmen, úbere, animais jovens no coração. 
 
Lesão – vírus ataca as células, absorve, penetra e 
multiplica, destrói todas as células ao redor – acúmulo 
de líquido intercelular – bolha com vírus – afta (vesícula 
com acúmulo de líquidos, células mortas evírus)

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