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Contabilidade Governamental: Princípios e Regimes

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AULA 2 
CONTABILIDADE 
GOVERNAMENTAL 
Prof. Gabriel N. Coelho 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Ao se analisar a história, os registros indicam que a ciência contábil 
praticamente surgiu com o advento da civilização; com a capacidade do homem 
de armazenar bens, nasceu a necessidade de controle deles. Há evidências 
históricas de registros contábeis nas civilizações dos sumérios, babilônios, 
assírios, egípcios, hebreus, gregos etc. (Padoveze, 2008). 
A importância desse ramo da contabilidade para o avanço dos negócios, 
seja no setor público, seja no privado, é fundamental. A contabilidade possui 
ramificações, e quando aplicada a segmento específico recebe denominação 
própria. Existem vários tipos, como contabilidade financeira, contabilidade fiscal, 
contabilidade rural, contabilidade internacional, contabilidade bancária, 
contabilidade imobiliária, auditoria contábil, perícia contábil, contabilidade 
gerencial etc. 
O escopo de nosso estudo é a contabilidade pública, uma das ramificações 
da contabilidade que se ocupa do registro das alterações ocorridas no orçamento 
e no patrimônio das entidades públicas. Esse ramo, atualmente, vem passando 
por grandes transformações, apresentando assim características que o tornam 
mais complexo. 
Em virtude das recentes normas vigentes e da emissão da nova edição do 
Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP), válido a partir de 
2019, muitos dos conceitos apresentados são extraídos desse material e dos 
novos regulamentos. Alguns temas e conceitos presentes no documento podem 
ser mais bem explorados por meio de consulta às fontes originais registradas nas 
referências. 
Avançando no conteúdo, iremos conhecer quais são os princípios 
contábeis sob a perspectiva do setor público, os regimes contábeis aplicados, as 
características qualitativas da informação contábil, os elementos das 
demonstrações contábeis e os critérios de reconhecimento. 
Saiba mais 
Para conhecer a respeito da origem da contabilidade e os fatos mais 
importantes de sua trajetória, uma boa sugestão é assistir ao vídeo “A história da 
Contabilidade”, produzido pela Fundação Brasileira de Contabilidade. O material 
está disponível no seguinte endereço eletrônico: 
<https://www.youtube.com/watch?v=yW-2SRWpnGg>. 
https://www.youtube.com/watch?v=yW-2SRWpnGg
 
 
3 
TEMA 1 – PRINCÍPIOS APLICADOS À CONTABILIDADE GOVERNAMENTAL 
As práticas contábeis do setor público decorrem de leis, decretos e 
portarias. Contudo, apesar do peso da legislação, a contabilidade é uma ciência. 
Como tal, aplica, no processo gerador de informações, princípios, normas e 
técnicas contábeis objetivando a divulgação das variações do património das 
entidades, refletindo a essência das transações governamentais, e não 
meramente o cumprimento dos aspectos legais e formais. Assim salienta a 
Resolução n. 1.111/2007 do Conselho Federal de Contabilidade: “O ponto de 
partida para qualquer área do conhecimento humano deve ser sempre os 
princípios que a sustentam. Esses princípios espelham a ideologia de 
determinado sistema, seus postulados básicos e seus fins” (CFC, 2007). 
Os princípios contabilísticos representam o núcleo central da contabilidade, 
servindo como “vigas mestras” na construção de uma ciência. São válidos em 
qualquer conjuntura, com os atributos de veracidade e universalidade, pois 
referem-se sempre, por definição, à Ciência da Contabilidade de forma holística 
(CFC, 2008). 
A Resolução CFC n. 750/1993 (hoje revogada, como veremos no próximo 
tópico) dispõe sobre os princípios contábeis que devem ser observados no 
exercício da profissão contábil no Brasil. Posteriormente, em 2007, o mesmo 
Conselho editou a Resolução n. 1.111, que apresenta a adequada interpretação 
para os princípios contábeis sob a perspectiva do setor público, conforme indicado 
no Quadro 1. 
 
 
 
4 
Quadro 1 – Princípios contábeis sob a perspectiva do setor público 
Princípio Perspectiva do setor público 
Entidade 
“O Princípio da Entidade se afirma, para o ente público, pela autonomia e 
responsabilização do patrimônio a ele pertencente. A autonomia patrimonial 
tem origem na destinação social do patrimônio e a responsabilização pela 
obrigatoriedade da prestação de contas pelos agentes públicos”. 
Continuidade 
“No âmbito da entidade pública, a continuidade está vinculada ao estrito 
cumprimento da destinação social do seu património, ou seja, a continuidade 
da entidade se dá enquanto perdurar sua finalidade”. 
Oportunidade 
“O Princípio da Oportunidade é base indispensável à integridade e à 
fidedignidade dos processos de reconhecimento, mensuração e evidenciação 
da informação contábil, dos atos e dos fatos que afetam ou possam afetar o 
patrimônio da entidade pública, observadas as Normas Brasileiras de 
Contabilidade aplicadas ao Setor Público. 
A integridade e a fidedignidade dizem respeito à necessidade de as variações 
serem reconhecidas na sua totalidade, independentemente do cumprimento 
das formalidades legais para sua ocorrência, visando ao completo 
atendimento da essência sobre a forma”. 
Registro pelo 
valor original 
“Nos registros dos atos e fatos contábeis será considerado o valor original 
dos componentes patrimoniais. Valor Original, que ao longo do tempo não se 
confunde com o custo histórico, corresponde ao valor resultante de 
consensos de mensuração com agentes internos ou externos, com base em 
valores de entrada – a exemplo de custo histórico, custo histórico corrigido e 
custo corrente; ou valores de saída – a exemplo de valor de liquidação, valor 
de realização, valor presente do fluxo de benefício do ativo e valor justo”. 
Competência 
“O Princípio da Competência determina que os efeitos das transações e 
outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, 
independentemente do recebimento ou pagamento. Pressupõe a 
simultaneidade da confrontação de receitas e de despesas correlatas”. O 
princípio se aplica integralmente ao setor público. 
Prudência 
As estimativas de valores que afetam o patrimônio devem refletir a aplicação 
de procedimentos de mensuração que prefiram montantes, menores para 
ativos, entre alternativas igualmente válidas, e valores maiores para passivos. 
A prudência deve ser observada quando, existindo um ativo ou um passivo já 
escriturado por determinados valores, segundo os Princípios do Valor 
Original, surgirem possibilidades de novas mensurações”. 
Fonte: CFC, 2007. 
 
 
 
5 
Segundo Silva (2011), os princípios contabilísticos, apesar de não serem 
aprovados por leis primárias, representam verdades doutrinárias básicas e 
constituem a teoria e as normas provenientes da razão e da experiência 
acumulada no exercício profissional. 
1.1 Considerações sobre a revogação dos princípios contábeis 
A busca por padrões internacionais na contabilidade governamental 
(pública) carecia de uma estrutura conceitual que pudesse ampliar os princípios 
da contabilidade sob a perspectiva do setor público. As primeiras Normas 
Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público (NBC TSP), editadas em 
2008, buscaram compatibilizar as diretrizes dos princípios de contabilidade com a 
informação contábil do setor público alinhada aos padrões internacionais. 
Com o advento da NBC TSP Estrutura Conceitual, os princípios de 
contabilidade passaram a ser comportados dentro das normas específicas. Diante 
desses fatos, tornou-se necessária e natural a revogação da Resolução n. 
750/1993, que tratava dos princípios, para evitar eventual conflito de referência 
conceitual. 
Saiba mais 
Se você deseja conhecer o posicionamento do Conselho Federal de 
Contabilidade (CFC) a respeito dos princípios contábeis, é interessante o artigo 
escrito por Maristela Girotto intitulado “Revogação da Resolução n. 750/1993: 
contexto e considerações”. O texto está disponível no seguinte link: 
<https://cfc.org.br/noticias/revogacao-da-resolucao-no-7501993-contexto-e-consideracoes/>. 
TEMA 2 – REGIMES CONTÁBEIS APLICADOS À CONTABILIDADE 
GOVERNAMENTAL 
Regime contábil é o critério adotado para o registro das transações de 
despesas e receitas e o reconhecimento das alterações ocorridas no patrimônio 
das entidades para apuração do resultado. 
Conforme observado anteriormente nos princípios contábeis, a 
contabilidade aplicada ao setor público aplica o regime da competência em sua 
integralidade. Em outras palavras, os efeitos das transações e outros eventos 
 
 
6 
sobre o patrimônio são reconhecidos quando ocorrem, independentemente de 
recebimento ou pagamento. 
Conforme art. 85 da Lei n. 4.320/1964, “os serviços de contabilidade serão 
organizados de forma a permitirem o acompanhamento da execução 
orçamentária, o conhecimento da composição patrimonial [...]” (Brasil, 1964, grifo 
nosso). 
Para realizar o acompanhamento da execução orçamentária, a área pública 
adota o regime misto para os registros da receita e despesa orçamentária. 
A receita segue o regime de caixa e é reconhecida no momento da sua 
arrecadação, e a despesa, o regime da anualidade orçamentária, sendo 
reconhecida pelo empenho, conforme descrito no art. 35 da Lei n. 4.320/1964: 
“Pertencem ao exercício financeiro: I – as receitas nele arrecadadas; II – as 
despesas nele legalmente empenhadas” (Brasil, 1964). 
Conforme consta no art. 34 do mesmo dispositivo legal, “o exercício 
financeiro coincidirá com o ano civil” (Brasil, 1964). Isso significa que o exercício 
financeiro é o período de 12 meses, contado do dia do início ao dia 
correspondente no mesmo mês do ano seguinte (1° de janeiro a 31 de dezembro). 
Atenção 
O regime contábil não deve ser confundido com o regime orçamentário! 
O Quadro 2 apresenta as principais características dos regimes 
orçamentário e contábil aplicados na contabilidade governamental. 
Quadro 1 – Regimes da contabilidade governamental 
Regimes da contabilidade aplicada ao setor público 
Regime orçamentário Regime contábil (patrimonial) 
Base normativa: Lei n. 4.320/1964 (art. 35) 
 
Base normativa: NBC TSP – 
Estrutura Conceitual 
Evento Critério Evento Critério 
Receita 
orçamentária 
Arrecadação 
Variação 
Patrimonial 
Aumentativa 
Competência 
Despesa 
orçamentária 
Empenho 
Variação 
Patrimonial 
Diminutiva 
Competência 
Fonte: Adaptado de Brasil, 2018, p. 102. 
 
 
7 
Por possuir critérios distintos para receitas e despesas, o regime 
orçamentário é também conhecido como regime misto, ou seja, regime de caixa 
para as receitas (receitas arrecadadas) e regime de competência para as 
despesas (despesas empenhadas). 
Visando entender como essas transações são registradas, o próximo tema 
faz algumas considerações a respeito das naturezas da informação no registro 
contábil. 
2.1 Considerações sobre as naturezas no registro contábil 
Os diferentes tipos de regimes (orçamentário e contábil) são registrados 
contabilmente em naturezas específicas, as quais, presentes no Plano de Contas 
Aplicado ao Setor Público (PCASP), possuem uma estrutura lógica que separa o 
aspecto patrimonial do orçamental por meio de registos contábeis dentro de 
classes de mesma natureza de informação. 
Dessa forma, os fatos e atos administrativos são 
registrados conforme a natureza da informação contabilística, conforme mostrado 
na Figura 1. 
Figura 1 – Naturezas da informação contábil 
 
 
Fonte: Adaptado de Brasil, 2019c. 
As naturezas e suas classes serão mais bem abordadas posteriormente. 
Destaca-se que a parte IV do MCASP é dedicada exclusivamente ao Plano de 
Contas Aplicado ao Setor Público, no qual a estrutura do plano de contas e a 
natureza da informação contábil são apresentados. 
 
 
8 
As informações contábeis devem apresentar características específicas 
para ser reconhecidas como tal, conforme veremos no tema a seguir. 
TEMA 3 – CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS 
As características qualitativas são atributos que tornam a informação útil 
aos usuários e dão suporte ao cumprimento dos objetivos da informação contábil. 
São elas: relevância, representação fidedigna, compreensibilidade, 
tempestividade, comparabilidade e verificabilidade. A Figura 2 as mostra 
esquematicamente. 
Figura 2 – Características qualitativas da informação 
 
Fonte: Brasil, 2019a. 
Cada uma das características qualitativas e seus conceitos, bem como as 
restrições, são apresentados a partir de agora. 
3.1 Relevância 
As informações são relevantes quando capazes de influenciar 
significativamente o cumprimento dos objetivos da elaboração e da divulgação da 
informação contábil. Para tanto, devem ter valor confirmatório, preditivo ou ambos 
(Brasil, 2018, p. 22). 
As informações que registram fenômenos que existam ou já tenham 
ocorrido podem servir para embasar previsões ou estimativas. Nesse sentido, 
possuem valor preditivo ao auxiliar a criar expectativas sobre o futuro. 
3.2 Representação fidedigna 
 
 
9 
Para ser útil como informação contábil, esta deve corresponder à 
representação fidedigna dos fenômenos que pretende representar. A 
representação fidedigna é alcançada quando a representação do fenômeno é 
completa, neutra e livre de erro material (Brasil, 2018, p. 23). 
Uma representação completa implica não omitir informações que possam 
ser úteis aos usuários; caso necessário maiores explicações sobre um evento, 
devem ser feitas para que a informação não seja falsa ou enganosa. 
A neutralidade da informação contábil diz respeito à ausência de viés, ou 
seja, algo que possa induzir um resultado ou comportamento. A informação neutra 
representa fielmente os fenômenos econômicos e outros fenômenos que se 
propõe a representar. 
Estar livre de erro material não significa exatidão completa em todos os 
aspectos, e caso não seja possível alcançar a exatidão, a explicação das 
possíveis distorções deve ser registrada. 
3.3 Compreensibilidade 
A compreensibilidade é a qualidade da informação que permite que os 
usuários compreendam o seu significado. As demonstrações contábeis devem 
mostrar os dados de maneira que correspondam às necessidades e à base do 
conhecimento dos usuários, bem como à natureza do que foi apresentado. A 
compreensão é aprimorada quando a informação é classificada e disposta de 
forma clara e sucinta (Brasil, 2018, p. 23). 
3.4 Tempestividade 
Tempestividade significa ter informação disponível aos usuários antes que 
esta perca a capacidade de ser útil. Ter informação disponível mais rapidamente 
pode torná-la insumo para processos de avaliação da prestação de contas e 
responsabilização (accountability) e favorecer a condição de informar e influenciar 
os processos decisórios. A ausência de tempestividade pode tornar a informação 
menos útil (Brasil, 2018, p. 23). 
3.5 Comparabilidade 
Comparabilidade é a qualidade da informação que possibilita aos usuários 
identificarem semelhanças e diferenças entre dois conjuntos de fenômenos. Não 
 
 
10 
se trata de uma qualidade de item individual de informação, mas, antes, da relação 
entre dois ou mais itens de informação (Brasil, 2018, p. 23). 
3.6 Verificabilidade 
A verificabilidade é a qualidade da informação que ajuda a assegurar aos 
usuários que o que está contido nas demonstrações contábeis diz respeito 
fielmente aos fenômenos econômicos ou de outra natureza que se propõe a 
representar (Brasil, 2018, p. 23). 
 Essa característica implica que dois observadores esclarecidos e 
independentes podem chegar a um consenso, não necessariamente à 
concordância completa, de que a informação realmente traduz os fenômenos que 
pretende representar. 
3.7 Restrições inerentes à informação 
Na prática, talvez não seja possível alcançar todas as características 
qualitativas aqui descritas, em virtude de algumas restrições. Nesse caso, deve 
haver um equilíbrio ou compensação entre elas. Abaixo, elencamos 
considerações sobre as restrições inerentes à informação, quesão a 
materialidade, o custo-benefício e o alcance do equilíbrio apropriado entre as 
características qualitativas. 
 Materialidade – a informação é material se a sua omissão ou distorção 
puderem influenciar as decisões que os usuários tomam. 
 Custo-benefício – os benefícios decorrentes da informação devem 
exceder o custo de produzi-la. A avaliação dos custos e benefícios é, 
entretanto, em essência, um exercício de julgamento. 
 Equilíbrio entre as características qualitativas – o equilíbrio entre as 
características qualitativas é necessário para se alcançarem os objetivos 
da informação contábil. 
Todas as características qualitativas apresentadas, bem como suas 
restrições, são requisitos para que a informação seja registrada e evidenciada nas 
demonstrações contábeis e nos Relatórios Contábeis de Propósito Geral das 
Entidades do Setor Público (RCPG’s). 
TEMA 4 – ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 
 
 
11 
Conforme a NBC TSP – Estrutura Conceitual (CFC, 2006), os elementos 
correspondem às estruturas básicas a partir das quais as demonstrações 
contábeis são elaboradas. Tais estruturas fornecem um ponto inicial para 
reconhecer, classificar e agregar dados e atividades econômicas, de maneira a 
oferecer aos usuários informação que satisfaça aos objetivos e atinja as 
características qualitativas da informação contábil, levando em consideração as 
restrições sobre esta. 
Os elementos das demonstrações contábeis são: ativo, passivo, receita, 
despesa, contribuição dos proprietários e distribuição aos proprietários (Figura 3). 
Figura 3 – Elementos das Demonstrações Contábeis 
 
Fonte: Adaptado de Brasil, 2019a. 
Em casos específicos, o recurso ou a obrigação pode não satisfazer a 
definição de elemento definido na Estrutura Conceitual e precise ser reconhecido 
nas demonstrações contábeis. Nesses casos, NBCs TSP específicas podem 
exigir ou permitir que esses recursos ou obrigações sejam reconhecidos como 
outros recursos ou outras obrigações, os quais são itens adicionais aos elementos 
definidos na Estrutura Conceitual. 
Apresentados os elementos das demonstrações contábeis na Figura 3, 
vamos aprofundar os conceitos e características de cada um deles com base na 
NBC TSP – Estrutura Conceitual. 
4.1 Ativo 
Ativo é um recurso controlado no presente pela entidade como resultado 
de evento passado (Brasil, 2018). Essa definição apresenta três características 
fundamentais para que um item seja considerado como um ativo, identificadas na 
Figura 4 e explicadas na sequência. 
 
 
12 
 
Figura 4 – Características do ativo 
 
Fonte: Brasil, 2019b. 
 Recurso: é um item com potencial de serviços ou com a capacidade de 
gerar benefícios econômicos. A forma física não é uma condição 
necessária para um recurso. 
 Controlado: a entidade deve ter o controle do recurso, ou seja, a 
capacidade de ela utilizá-lo (ou poder controlá-lo por terceiros). 
 Resultado de Evento Passado: podem existir diversas transações 
passadas ou outros eventos que resultem no ganho do controle do recurso 
pela entidade e, por conseguinte, o caracterize como ativo. As entidades 
podem obter ativos por intermédio da sua compra em transação com 
contraprestação, bem como pelo seu desenvolvimento. 
4.2 Passivo 
Passivo é uma obrigação presente, derivada de evento passado, cuja 
extinção deva resultar na saída de recursos da entidade (Brasil, 2018). Suas 
características estão ilustradas na Figura 5 e explicadas a seguir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
Figura 5 – Características do passivo 
 
Fonte: Brasil, 2019b. 
 Obrigação presente – trata-se de uma característica essencial para a 
existência de um passivo. Ocorre por força de lei (obrigação legal ou 
obrigação legalmente vinculada) ou não (obrigação não legalmente 
vinculada), a qual não possa ser evitada pela entidade. 
 Saída de recursos da entidade – um passivo deve envolver uma saída de 
recursos da entidade para ser extinto. A obrigação que pode ser extinta 
sem a saída de recursos não é um passivo, como, por exemplo, o perdão 
de dívidas. 
 Evento passado – para satisfazer a definição de passivo, é necessário que 
a obrigação presente surja como resultado de um evento passado e 
necessite da saída de recursos da entidade para ser extinta. 
4.3 Receita e despesa 
As receitas e despesas sob o enfoque patrimonial recebem nomenclaturas 
específicas. A receita é denominada de Variação Patrimonial Aumentativa (VPA), 
e a despesa, Variação Patrimonial Diminutiva (VPD). Essas variações 
patrimoniais podem ser definidas como: 
 Variação Patrimonial Aumentativa (VPA) – corresponde a aumentos na 
situação patrimonial líquida da entidade não oriundos de contribuições dos 
proprietários. Como exemplos, podemos citar o recebimento de doação de 
 
 
14 
bem imóvel, receitas de transferências correntes e descontos financeiros 
obtidos (Brasil, 2018). 
 Variação Patrimonial Diminutiva (VPD) – refere-se a diminuições na 
situação patrimonial líquida da entidade não oriundas de distribuições aos 
proprietários. O pagamento de despesas de pessoal ativo, o consumo de 
material e o pagamento por serviços prestados são alguns exemplos 
(Brasil, 2018). 
Um resumo das diferenças entre as características entre VPA e VPD é 
apresentado no Quadro 3. 
Quadro 3 – Características das receitas (VPA) e despesas (VPD) 
Característica Receita (VPA) Despesa (VPD) 
Benefícios econômicos Aumento Redução 
Período de apuração 
Período contábil 
(exercício) 
Período contábil 
(exercício) 
Relação com entrada / saída de recursos Entrada Saída 
Possíveis reflexos no ativo Aumento Redução 
Possíveis reflexos no passivo Redução Aumento 
Reflexo na situação patrimonial líquida Aumento Redução 
Relações com os proprietários 
Não se confundem com 
contribuições dos 
proprietários 
Não se confundem com 
distribuições aos 
proprietários 
Fonte: Adaptado de Brasil, 2019b. 
É importante distinguir os conceitos de VPA e VPD dos conceitos de 
distribuição aos proprietários e contribuição dos proprietários, e até mesmo as 
entradas que estabelecem inicialmente suas participações na entidade. Além do 
aporte de recursos e do pagamento de dividendos que podem ocorrer, é 
relativamente comum que ativos e passivos sejam transferidos entre entidades do 
setor público. Sempre que tais transferências satisfizerem as definições de 
contribuição dos proprietários ou de distribuição aos proprietários, elas devem ser 
contabilizadas como tal. 
Atenção 
Tendo em vista que no setor público o foco não está no lucro, e sim na 
prestação de serviços, o confronto entre despesas e receitas não resulta em lucro 
ou prejuízo. Superávit ou déficit é resultado do confronto entre receitas e 
despesas: 
 
 
15 
Superávit = ∑Receitas > ∑Despesas 
Déficit = ∑Receitas < ∑Despesas 
4.4 Contribuição dos proprietários 
Contribuição dos proprietários corresponde à entrada de recursos para a 
entidade a título de contribuição de partes externas, estabelecendo ou 
aumentando a participação delas no patrimônio líquido da entidade. Como 
exemplo desse tipo de transação, temos o aporte inicial de recursos na criação da 
entidade ou mesmo o subsequente, voltado até para reestruturação (Brasil, 2018). 
4.5 Distribuição aos proprietários 
Distribuição aos proprietários consiste na saída de recursos da entidade a 
título de distribuição a partes externas; representa retorno sobre a participação ou 
a redução dessa participação no patrimônio líquido da entidade (Brasil, 2018). A 
extinção de uma entidade do setor público é um exemplo desse tipo de transação. 
Conhecer cada um desses elementos é essencial para a compreensão da 
forma como um item é reconhecido e incorporado as demonstrações contábeis, 
assunto este abordado no próximo tema. 
TEMA 5 – CRITÉRIOS PARA RECONHECIMENTO E BASE DE MENSURAÇÃO 
O reconhecimento é o processo de incorporar e de incluir um item, 
expresso em valoresa serem demonstrados no corpo da demonstração contábil 
apropriada, que satisfaça a definição de elemento e possa ser mensurado de 
maneira que observe as características qualitativas, levando em conta as 
restrições sobre a informação incluída nos RCPG’s. O item deve ser reconhecido 
nas demonstrações contábeis quando: 
 satisfizer a definição de elemento; 
 puder ser mensurado de maneira que observe as características 
qualitativas, considerando as restrições sobre a informação. 
O reconhecimento de um item nas demonstrações contábeis exige que este 
tenha um valor monetário. Para atribuir um valor a ele, é necessário escolher a 
base de mensuração apropriada e determinar se a mensuração do item cumpre 
 
 
16 
as características qualitativas. A estrutura conceitual indica bases de mensuração 
para ativos e passivos, as quais são indicadas no Quadro 4. 
 
Quadro 4 – Bases de mensuração para ativos e passivos 
Bases de mensuração de ativos Bases de mensuração de passivos 
 Base de mensuração 
 Custo histórico 
 Valor de mercado 
 Custo de reposição ou 
substituição 
 Preço líquido de venda 
 Valor em uso 
 Custo histórico 
 Custo de cumprimento da 
obrigação 
 Valor de mercado 
 Custo de liberação 
 Preço presumido 
Fonte: Adaptado de CFC, 2006. 
Ao se avaliar a incerteza sobre a existência do elemento, os mesmos 
critérios devem ser utilizados para o desreconhecimento, tais como aqueles 
empregados no reconhecimento inicial. O desreconhecimento consiste na 
exclusão do item que foi reconhecido nas demonstrações contábeis, ou seja, 
baixar ativos ou passivos que, por seus conceitos, não se caracterizam mais como 
tal (CFC, 2006). 
FECHAMENTO 
Nesta aula, abordamos quais são os princípios contábeis sob a perspectiva 
do setor público. Verificamos que estes deixaram de ter uma resolução exclusiva 
que trata do seu conteúdo e passaram a ser comportados dentro das normas 
específicas. 
Identificamos também os regimes utilizados na contabilidade 
governamental (orçamentário e contábil) e suas características. As características 
qualitativas da informação foram apresentadas e seus conceitos explorados. 
Por fim, tratamos das estruturas básicas a partir das quais as 
demonstrações contábeis são elaboradas (os elementos delas), bem como 
detalhamos os critérios de reconhecimento e mensuração dos itens que irão 
compor essas demonstrações. 
 
 
 
17 
REFERÊNCIAS 
A HISTÓRIA da Contabilidade. YouTube, 9 fev. 2016. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=yW-2SRWpnGg>. Acesso em: 23 out. 2019. 
BRASIL. Lei n. 4.320, de 17 de março de 1964. Diário Oficial da União, Poder 
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