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2 1. Alterações do sistema cardiovascular com o envelhecimento. Envelhecimento cardiovascular -Quando o idoso é submetido a um esforço, ocorre uma diminuição na capacidade do coração de aumentar o número e a força dos batimentos cardíacos. -Redução da frequência cardíaca em repouso, aumento do colesterol, como também da resistência vascular, com o consequente aumento da tensão arterial. -O decréscimo do débito cardíaco máximo, associado à idade, decorre da frequência cardíaca máxima, pois esta diminui de 6 a 10 batimentos por minuto (bpm). -O miocárdio, com o envelhecimento, apresenta regiões com fibrose, depósito de lipofuscina e substância amilóide (intracelular). Já no endocárdio, é produzido um depósito de lipídios e cálcio nas válvulas, com frequentes depósitos de cálcio e lipídios. -Tanto no pericárdio como no endocárdio, ocorre aumento do colágeno (proteína do tipo fibrosa que tem maior concentrações na pele, ossos e tendões). Com o envelhecimento, acontece atrofia, com degeneração de fibras musculares no miocárdio, como também hipertrofia das fibras que restaram. -Há uma diminuição da complacência do ventrículo esquerdo, ausência de hipertrofia miocárdica, com retardo no relaxamento do ventrículo, com elevações da pressão diastólica dependente da contração arterial para a manutenção do enchimento. - No miocárdio, há um aumento do sistema colagênico e elástico e de depósitos de gordura e substâncias amilóides. Já nas grandes artérias ocorre perda da componente elástica e aumento do colágeno, determinando, assim, maior rigidez da parede. -Com o envelhecimento, decresce progressivamente a freqüência cardíaca máxima, com o aumento do volume de pulsações oferecendo uma compensação ao esforço máximo. Entretanto, o esforço cardíaco máximo diminui na mesma proporção que o declínio máximo de oxigênio. -Existe redução na freqüência cardíaca ao esforço ou a outro estímulo. O idoso não atingirá a freqüência cardíaca máxima, dos tempos de juventude, pelo fato de o coração envelhecido estar menos sensível à estimulações beta- adrenérgica. -Ocorre aumento progressivo na pressão arterial sistólica. Assim, uma incidência crescente de hipotensão postural é decorrente de uma regulação deficiente da pressão arterial. -O envelhecimento estabelece algumas modificações estruturais, pois este leva à diminuição da reserva funcional, estabelecendo um limite para a performance durante a atividade física. -Sistema de condução: diminuição das células do nó sinusal, infiltração gordurosa, fibrose. -Valvas: • Mitral: calcificação do anél valvar e degeneração mixomatosa, depósito de lipídeos com espessamento. • Aórtica: calcificação,amilóide. Obs: essas alterações podem levar a estenose ou insuficiência valvar. -Aorta: arteriosclerose. ******* 2. Fisiopatologia, epidemiologia e tratamento cardiovascular: aterosclerose, arteriosclerose, insuficiência coronária, infarto agudo do miocárdio, insuficiência vascular periférica e HAS. Aterosclerose Definição: inflamação de artéria de médio e grande calibre, que começa na camada íntima tendo como substrato inicial lesões com aspectos de placas (ateroma). LESÃO ENDOTELIAL A lesão aterosclerótica é a anormalidade mais comum encontrada nas artérias decorrente inicialmente de dois processos básicos: acúmulo de colesterol e a proliferação de células musculares lisas na túnica íntima, desenvolvendo-se, portanto, sobre um substrato formado dessas células, leucócitos derivados do sangue e de uma quantidade variável de tecido conectivo formando uma placa fibrosa que se projeta para dentro do lúmen modificando a túnica média e levando a uma série de complicações circulatórias. A aterosclerose primariamente afeta artérias elásticas como a aorta, a carótida e as ilíacas, mas também pode comprometer as grandes e médias como a coronária e as poplíteas. A doença começa na infância, mas os sintomas não são detectados até a idade adulta ou até a terceira idade, quando ocorrem lesões e os órgãos são afetados. Os sintomas da doença aterosclerótica são mais freqüentes nas artérias que irrigam o coração, o cérebro, os rins, as extremidades e o intestino delgado. Infarto do miocárdio, infarto cerebral e aneurisma aórtico são as maiores conseqüências dessa doença. Além disso, a diminuição na irrigação pode levar à gangrena dos membros inferiores ou à oclusão mesentérica. Observações fisiopatológicas em seres humanos e animais levantam a hipótese de que a aterosclerose é resultante de uma resposta do organismo à injúria tecidual com enfoque para a disfunção endotelial. Evidências acumulam-se no sentido de sugerir que a lipoproteína de baixa densidade (LDL) modificada pela oxidação (LDLox) é o principal fator envolvido no desencadeamento da lesão. O acúmulo da LDL no compartimento plasmático pode ocorrer em virtude de uma dieta desbalanceada rica em gorduras, da síntese endógena de colesterol ou mesmo pela diminuição do catabolismo da LDL pelo fígado, causado por um defeito gênico que promove deficiência na expressão ou na função dos seus receptores, resultando na hipercolesterolemia. No entanto, esses fatores genéticos estabelecem uma complexa interação com os de natureza ambiental, ligados principalmente com a dieta, que determinam a concentração da LDL no plasma. Tipos de placas: -Placa estável: cápsula fibrosa mais espessa, alta quantidade de colágeno e processo inflamatório mais contido. -Placa vulnerável: cápsula fibrosa fina, poucas células musculares, maior presença de processo inflamatório e aumento da quantidade de células espumosas e lipídeos. Tratamento: O melhor tratamento para aterosclerose ainda é a prevenção, instituindo-se estilo de vida saudável e tratamento dos fatores de risco. Uma vez estabelecida, o tratamento da aterosclerose de forma geral se resume a restabelecer o fluxo sanguíneo na região afeta, sendo normalmente necessários tratamento medicamentoso, procedimentos invasivos e/ou cirurgias de revascularização. Quando afeta o coração e seus vasos, por exemplo, é fundamental o tratamento medicamentoso com uso de antiagregantes plaquetários (como a aspirina), estatinas, vasodilatadores, entre outras medicações. Podemos também lançar mão de angioplastia e cirurgia de ponte de safena, quando bem indicado. Arteriosclerose Ocorre na camada média. A perda de elasticidade nas paredes arteriais (e sua maior rigidez) representa comumente uma condição descrita como arteriosclerose. Esta, por sua vez, é causada por um aumento nas calcificações das artérias e pelo surgimento de colágeno. Nos estádios mais avançados da vida, a arteriosclerose pode provocar ataque cardíaco, angina e acidente vascular- cerebral. A arteriosclerose é provocada por mudanças normais da idade, influências ambientais e fatores genéticos. Menor resposta cardiovascular aos estímulos simpáticos e parassimpáticos e diminuição do teor adrenérgico são encontradas no sistema nervoso autônomo. Como resultado dessas alterações, aumentam a fase de ejeção, a fase de relaxamento, com redução da diástole, aumento da impedância à ejeção do ventrículo esquerdo e diminuição da complacência. Doença coronarian a Crônica A doença das artérias coronárias caracteriza-se pelo acúmulo de depósitos de gordura nas células que revestem a parede de uma artéria coronária e, em consequência, obstruem a passagem do sangue. Os depósitos de gordura (chamados ateromas ou placas) formam-se gradualmente e desenvolvem-se irregularmente nos grandes troncos das duas artérias coronárias principais, as que rodeiam o coração e lhe fornecem o sangue. Este processo gradual é conhecido como aterosclerose. Para que o coração se contraia e bombeie o sangue normalmente, o músculo cardíaco (miocárdio) requer uma provisão contínua de sangue rico em oxigênio que as artérias coronárias lhe proporcionam. Porém, quando a obstrução de uma artéria coronária vai aumentando, pode desenvolver-se uma isquemia (fornecimento de sangueinadequado) do músculo cardíaco que causa lesões graves. A causa mais frequente de isquemia do miocárdio é a doença das artérias coronárias. As complicações principais desta doença são a angina de peito e o ataque cardíaco (enfarte de miocárdio). A doença das artérias coronárias afeta pessoas de todas as etnias, mas a sua incidência é particularmente elevada entre os Brancos. No entanto, a etnia em si mesma não parece ser um fator tão importante como o hábito de vida de cada indivíduo. Uma dieta com um alto conteúdo em gordura, o hábito de fumar e uma vida sedentária aumentam o risco de doença das artérias coronárias. Nos países desenvolvidos, as doenças cardiovasculares são a causa principal de morte entre as pessoas de ambos os sexos, sendo a doença das artérias coronárias a causa principal das doenças cardiovasculares. O índice de mortalidade é influenciado tanto pelo sexo, como pelo grupo étnico; é mais elevado nos homens do que nas mulheres, sobretudo nos de idade compreendida entre os 35 e os 55 anos. Depois dos 55 anos, o índice de mortalidade no sexo masculino diminui, enquanto nas mulheres continua numa tendência ascendente. Em comparação com os Brancos, os índices de mortalidade entre os Negros são mais elevados até aos 60 anos e os das mulheres negras são mais elevados até à idade de 75 anos. Diagnóstico: Eletrocardiograma comum ou em repouso – É um registro da atividade elétrica do coração e pode fornecer várias informações, inclusive sobre a presença de sofrimento do coração por isquemia. No entanto, o paciente pode ter obstruções arteriais por doença coronariana e exibir um eletrocardiograma normal, pois em repouso, a obstrução ou obstruções existentes permitem a passagem de uma quantidade suficiente de sangue para irrigar aquele músculo que não está sendo exigido por um esforço maior. Teste de esforço ou ergometria – É uma forma de tentar compensar esta deficiência do eletrocardiograma em repouso. Em sua forma mais simples, o paciente exercita-se numa esteira ou bicicleta ergométrica, enquanto o eletrocardiograma, o pulso e a pressão arterial são registrados, de modo a sobrecarregar o coração e tentar evidenciar algum sinal de isquemia. Este exame, quando aplicado em indivíduos com alguma probabilidade de apresentar a doença, consegue diagnosticá-la em 60 a 70% dos casos. Formas mais sofisticadas, mas baseadas no mesmo princípio de sobrecarregar o coração, são a cintilografia miocárdica ou o ecocardiograma sob stress. Nestes casos, ao invés do eletrocardiograma, obtêm-se imagens representativas do estado de irrigação do músculo cardíaco submetido a uma sobrecarga. Estes métodos são mais apurados do que o teste ergométrico comum para diagnosticar a doença, mas são também mais caros e devem ser utilizados em casos selecionados. Cateterismo cardíaco com cinecoronariografia – Cateterismo significa introduzir um pequeno tubo flexível através de um vaso sanguíneo ou conduto, a fim de permitir injeção de substâncias ou contraste radiológico ou então medir pressões dentro de vasos ou cavidades. No caso do cateterismo cardíaco, o tubo, chamado de “cateter” é introduzido através do braço ou virilha sob anestesia local e avançado até o coração e artérias coronárias, onde são feitas injeções de contraste radiológico. Assim, é possível visualizar, através de raios-X, as artérias e localizar com precisão a forma, a extensão e a gravidade das obstruções encontradas. Embora seja o método ideal para diagnosticar a existência da doença, sua indicação obedece a critérios muito específicos, pois é dispendioso, invasivo e envolve radiação. Além disso, este método, na maioria das vezes, não é capaz de, por si só, definir a conduta a ser tomada em relação ao paciente, sendo para isto necessária uma boa avaliação clínica e, frequentemente, um teste “provocativo” (esforço, cintilografia, etc). Tratamento clínico: São três os objetivos primordiais do tratamento medicamentoso: Diminuir o trabalho cardíaco, adaptando, assim, o consumo de oxigênio à oferta limitada; melhorar a oferta de oxigênio e diminuir a coagulabilidade do sangue. Os betabloqueadores como o propranolol o atenolol ou o metoprolol cumprem eficazmente o primeiro objetivo. O segundo é obtido à custa dos vasodilatadores como o mononitrato ou o dinitrato de isosorbitol, além de bloqueadores dos canais de cálcio. A aspirina em baixas doses é o principal medicamento utilizado para reduzir a coagulabilidade (“afinar o sangue”). A heparina, um anticoagulante administrado por via venosa, é reservado aos casos de angina instável requerendo internação em unidade coronariana. Exercícios físicos aeróbicos individualizados e redução enérgica e determinada do colesterol, por dieta e/ou medicamentos são parte essencial da terapia clínica. Casos mais graves: a solução consiste essencialmente em aumentar o fluxo de sangue para o coração, seja “abrindo passagem” através de angioplastia transluminal percutânea (dilatação das lesões com balão); mantendo a passagem aberta após uma angioplastia através de dispositivos metálicos inseridos através do cateter (colocação de “stent”); ou criando condutos alternativos para que o sangue desvie-se da lesão, ultrapasse-a e reencontre seu leito normal mais adiante (cirurgia de revascularização miocárdica, ou “bypass” ou ponte de safena ou de mamárias). Infarto agudo do miocárdio O Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), também chamado de Síndrome Coronariana Aguda (SCA) é definido como um evento clínico, ou patológico, no qual a isquemia miocárdica, causada em 95% das vezes pela ruptura da placa de ateroma, leva à injúria do músculo cardíaco. O IAM pode ser dividido em dois grupos de acordo com alterações vistas no eletrocardiograma (ECG): os com supradesnivelamento do seguimento ST (IAMCSST) e os sem (IAMSSST). O que diferencia um do outro é que no primeiro caso, houve uma oclusão total da artéria, indo do epicárdio até o endocárdio, ou seja, lesão transmural. Já no segundo caso, a oclusão foi parcial, o que faz com que apenas o endocárdio sofra isquemia, visto que é a uma área de menor irrigação. Além disso, no grupo das doenças coronárias sem supradesnivelamento do seguimento ST, tem-se a angina instável (AI), que apesar de possuir as mesmas características das dores do IAM, em geral apresenta duração menor e não cursa com elevação dos marcadores de necrose miocárdica; porém, no ECG é indistinguível do IAMSSST. Obs.: é necessário estar atento aos pacientes com AI, uma vez que os mesmos têm altas chances de evoluir para IAM em dias ou horas. Quadro clínico: O IAM é uma condição de emergência clínica, sendo então necessária uma anamnese direcionada. Investigar sobre a característica da dor- localização, irradiação, cronologia, fatores de melhora e de piora, intensidade, fatores associados e tipo- é muito importante, uma vez que na grande maioria dos casos a dor torácica do IAM é bem clássica. Apresenta-se como dor retroesternal/precordial esquerda, com possível irradiação para dorso, braços, mandíbulas ou pescoço. Pode ser de moderada a intensa (10/10) – mais comum-, que piora progressivamente, em aperto. Além da importante caracterização da dor, é importante perguntar sobre comorbidades prévias, como IAM ou acidente vascular cerebral prévio, DM, HAS e cardiopatias; medicações em uso sedentarismo, tabagismo, dislipidemia e história familiar de doenças cardiovasculares. -Angina estável: ocorre no exercício e para ao cessar a atividade. Dor de curto período (10 minutos). -Angina instável: ocorre em repouso e ao exercício (não parando após a atividade cessar). Dor de longo período. ECG: O ECG é um exame que traz grandes informações no cenário do IAM. Além de mostrar o tipo – IAMSSST ou IAMCSST-, evidencia as paredes isquemiadas (aquelas cujas derivações evidenciam a elevação de ST) e a artéria acometida. Todas essas informações são utéis para definição da conduta. FASES DO IAM 1. Hiperaguda (minutos a horas): ondaT apiculada e SUPRA ST côncavo ou retificado. 2. Aguda: Onda Q patológica, redução da amplitude de R, inversão de onda T e SUPRA ST convexa. 3. Crônica (2 a 4 semanas após): segmento ST retorna à linha de base, ondas Q patológicas e ondas T invertidas – estas podem, eventualmente, aplanar e até positivar posteriormente. Tratamento: • Tratamento da dor: opióides (morfina pode ser usada com eficiência para alívio da dor, da ansiedade e tem ação vasodilatadora adjuvante), nitratos (são usados para alívio dos sintomas e não diminuíram a mortalidade do IAM), oxigênio (deve ser administrado em pacientes com dispnéia, hipóxia, choque ou edema pulmonar), tratamento com beta-bloqueadores (são úteis para o controle da dor anginosa, tratamento da hipertensão e das taquiarritmias associadas ao evento agudo). • Tratamento antiplaquetário: aspirina, inibidores da glicoproteína 2b3a (há possibilidade de benefício angiográfico e clínico, especialmente em casos complicados por trombos ou angioplastias em pontes de safena). • Tratamento de recanalização: A etapa fundamental do tratamento do IAM com supra é a recanalização. Ela deve ser feita em situações de dor (superior a 20 minutos e refratária ao nitrato sublingual) ou quadro clínico sugestivos de infarto e supradesnível >1 mm do segmento ST em pelo menos duas derivações contíguas (incluso infra emV1,V2,V3, com supra em V7 e V8 do IAM posterior) ou bloqueio de ramo esquerdo novo. Ela deve ser executada o mais breve possível para minimizar os danos ao miocárdico. • Inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECA) Os IECA devem ser administrados precocemente a todos os pacientes com disfunção ventricular ou infarto anterior, pelas vantagens do fármaco em relação à remodelação e melhora hemodinâmica (vasodilatação e redução da pós carga). • Controle do diabetes. • Manejo das arritmias no IAM. Insuficiência vascular periférica Uma das patologias comumente encontradas em associação à IC é a insuficiência vascular periférica (IVP), devido aos vários fatores de risco comuns às duas patologias. A redução do fluxo sanguíneo devido a uma obstrução arterial é, em 90% dos casos, de origem aterosclerótica. Tal obstrução é mais frequente nos membros inferiores e pode afetar mais de 20% da população idosa. A fisiopatologia da IVP relaciona-se com o desequilíbrio entre o suprimento e a demanda circulatória de nutrientes e oxigênio para a musculatura esquelética, e assim como na IC, com prejuízos funcionais e alteração no tipo de fibra. A redução da oferta de oxigênio, comumente nas duas patologias, pode favorecer as alterações do tipo de fibra muscular e, além disso, o processo isquêmico crônico pode promover alterações estruturais e funcionais na musculatura esquelética. A somatória dos fatores de risco – baixo débito cardíaco (QT) e oclusão arterial periférica – pode reduzir ainda mais a oferta de oxigênio muscular, afetando potencialmente as atividades de vida diária, como caminhar, subir e descer escadas, além de acarretar prejuízos na qualidade de vida. Sintomas A doença vascular periférica dos membros inferiores afeta as artérias que fornecem sangue aos músculos das pernas. As três artérias bloqueadas com mais frequência são a artéria ilíaca, a femoral superficial (conhecida como AFS) e as artérias infrapoplíteas, que ficam abaixo do joelho. Quando as principais artérias das pernas ficam bloqueadas pela placa, artérias menores, chamadas de caminho alternativo, assumem o comando como rota principal para fornecer sangue aos músculos da perna. Essas artérias menores podem fornecer sangue suficiente aos músculos quando a pessoa se encontra em repouso, mas não fazem um bom trabalho quando o indivíduo está fisicamente ativo e os músculos da perna precisam de mais sangue e oxigênio. Pessoas com DVP dos membros inferiores sentem dores ou desconforto frequente ao andar, ou ao desempenhar tarefas cotidianas. Atividades físicas são frequentemente difíceis de fazer por causa do menor fornecimento de sangue para as pernas, o que normalmente causa sintomas que pioram com o tempo, a não ser que se faça um tratamento. Esses sintomas podem incluir: • Dor ou cansaço nos membros inferiores • Dor no glúteo • Sensação de queimação ou dormência nos pés • Feridas ou rachaduras na pele das pernas e pés • Perda de pelos nos pés ou dedos dos pés • Dor nos pés ou dedos dos pés em repouso • Mudanças na cor da pele (avermelhada, azulada ou uma coloração esbranquiçada) • Diminuição da temperatura da pele • Impotência (incapacidade de obter ou manter uma ereção) Diagnóstico Ao fazer um diagnóstico, seu médico irá avaliar seu histórico médico e familiar, fatores de risco e sintomas. Caso esteja sob suspeita de haver desenvolvido DVP, seu médico irá pedir-lhe uma série de exames antes de decidir o melhor tratamento. Esses exames foram desenvolvidos para saber como está o fluxo de sangue em suas artérias e identificar áreas que precisam de atenção. Os exames e testes que podem ser solicitados incluem: • Índice Tornozelo-Braquial (ITB): Usado para diagnosticar a DVP nos membros inferiores (pernas). O ITB compara a pressão arterial medida no tornozelo com a pressão arterial medida no braço. Um aparelho medidor de pressão normal e um aparelho de ultrassom especial são usados para esse exame. • Teste ergométrico:Inclui andar numa esteira por um determinado tempo, normalmente 5 minutos, ou até que precise parar porque sente-se cansado ou com incômodo nas pernas. • Ultrassom:Utiliza ondas sonoras de alta-frequência para gerar uma imagem que pode ajudar o médico a avaliar o fluxo sanguíneo e estreitamento ou bloqueios em seus vasos sanguíneos. • Ressonância magnética (IRM):Faz uso de campos magnéticos e ondas de rádio para gerar uma imagem que mostra bloqueios em suas artérias. • Angiografia: É uma técnica de imagem chamada fluoroscopia, que faz uso de uma tecnologia de raio-x e um fluido chamado contraste para “filmar” o fluxo de sangue nas suas artérias. Essas imagens mostram a exata localização do estreitamento no vaso sanguíneo. Esse exame é feito numa sala de cateterismo vascular ou “sala de cateterismo”. • Tomografia computadorizada (TC): Usa máquinas de raio-x especializadas para gerar imagens detalhadas das artérias e detectar bloqueios. Hipertensão Arterial Sistêmica A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial, que é caracterizada por uma elevação sustentada dos níveis pressóricos ≥ 140 e/ou 90 mmHg. Percebe-se que, frequentemente, se associa com distúrbios metabólicos, alterações funcionais e estruturais de órgãos-alvo e é agravada pela presença de outros fatores de risco, como: dislipidemia, obesidade e diabetes melito (DM). A pré-hipertensão é caracterizada por uma condição com PAS entre 121 – 139 e/ou PAD entre 81 – 89 mmHg. Vale destacar que a pré-hipertensão está associada a um maior risco de desenvolvimento de HAS e complicações cardiovasculares quando comparados com normotensos. Diagnóstico: Inicialmente, ao se avaliar um paciente com suspeita de HAS, deve-se incluir a confirmação diagnóstica, a suspeição e identificação de causa secundária, além de investigar lesões de órgãos-alvo (LOA) e a avaliação do risco cardiovascular. Vale salientar que, fazem parte dessa avaliação a aferição da PA no consultório e fora dele. Classificação: • Hipertensão: Para que essa condição seja determinada através de medidas feitas em consultório, deve-se utilizar aferições repetidas, em condições ideais, em duas ou mais ocasiões, e confirmado por medições fora do consultório, excetuando-se aqueles pacientes que já apresentam LOA detectada. Obs¹ HAS não controlada – é definida quando o paciente mesmo sob tratamento anti-hipertensivo permanece com a PA elevada. • Hipertensão do Jaleco Branco: Situação clínica caracterizada por valores anormais da PA no consultório, mas com valores considerados normais pela MAPA ou MRPA. Algunsestudos revelam que o risco cardiovascular dos portadores desta condição é intermediário entre a hipertensão arterial e a normotensão. • Hipertensão Mascarada: Caracterizada por valores normais de PA no consultório, mas com PA elevada pela MAPA ou MRPA. • Hipertensão Sistólica Isolada: Situação definida como PAS aumentada com a PAD normal. A hipertensão sistólica isolada e a pressão de pulso são importantes fatores de risco cardiovascular em pacientes de meia- idade e idosos. Exames de rotina para o paciente hipertenso → Análise de urina; potássio plasmático; glicemia de jejum; ritmo de filtração glomerular estimado; creatinina plasmática; colesterol total e frações; triglicérides plasmáticas; ácido úrico plasmático e ECG. Tratamento: Tratamento não medicamentoso (TNM): Essa modalidade de tratamento envolve: controle ponderal, medidas nutricionais, prática de atividade física, cessação do tabagismo, controle de estresse e outras práticas. Tratamento medicamentoso: O objetivo do tratamento é reduzir os níveis pressóricos, utilizando alguns medicamentos, sendo as principais classes: Diuréticos, Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) e bloqueadores dos receptores de angiotensina (BRA). • Diuréticos: Seu mecanismo de ação está relacionado, inicialmente, com seus efeitos natriuréticos, com diminuição do volume extracelular. Evidências mostram que os diuréticos reduzem a PA e diminuem a morbimortalidade CV. Ex: (clortalidona, hidroclorotiazida e indapamida, furosemida, bumetanida. • Agentes de ação central: São os agente alfa-agonistas de ação central que agem através do estímulo dos receptores alfa2, que estão envolvidos nos mecanismos simpatoinibitórios. Os representantes desse grupo são: metildopa, clonidina, guanabenzo e os inibidores dos receptores imidazolínicos. • Betabloqueadores: Agem promovendo uma diminuição inicial no débito cardíaco e da secreção de renina, diminuição das catecolaminas nas sinapses nervosas e os fármacos de 3ª geração (carvedilol e nebivolol) possuem efeito vasodilatador por mecanismos diferentes, como: bloquei concomitante de receptor alfa-1 adrenérgico e aumentando a síntese e liberação de oxido nítrico no endotélio vascular, respectivamente. Outro exemplo de medicamento desse grupo é o propranolol. • Alfabloqueadores: Tem como mecanismo de ação o fato de serem antagonistas competitivos dos alfa1- receptores pós-sinápticos, o que promove redução na resistência vascular periférica sem maiores mudanças no débito cardíaco. São representantes desse grupo: doxazosina, prazosina e terazosina. • Vasodilatadores diretos: Os medicamentos que representam essa classe são a hidralazina e o minoxidil, que atuam diretamente, relaxando a musculatura lisa arterial, o que causa redução na resistência vascular periférica. • Bloqueadores dos canais de cálcio: Agem reduzindo a resistência vascular periférica como consequência da diminuição da quantidade de cálcio no interior das células musculares lisas das arteríolas, decorrente do bloqueio dos canais de cálcio na membrana dessas células. São classificados em 2 tipos: di-idropiridínicos (amlodipino, nifedipino, felodipino) e os não di-idropiridínicos (verapamil). • Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA): São medicamentos que tem como ação principal a inibição da ECA I, impedindo a transformação de angiotensina I em angiotensina II, de ação vasoconstritora. • Bloqueadores dos receptores de angiotensina II (BRA): São medicamentos que antagonizam a ação da angiotensina II por meio do bloqueio especifico de receptores AT1. • Inibidores diretos da renina: O único representante desse grupo é o alisquireno, que atua promovendo inibição direta da ação da renina, com consequente diminuição da formação de angiotensina II. 3. Protocolo de dor torácica. O objetivo principal do atendimento ao paciente com dor torácica é o de excluir prontamente as causas potencialmente fatais. Por isso, a clínica é muito importante para diferenciar as principais etiologias. Inicialmente, deve ser feita a caracterização da dor: localização, intensidade, tipo, duração, fatores precipitantes, fatores de melhora. Importante também investigar sintomas associados como dispneia, palpitações, síncope, náuseas, vômitos, tosse, febre e calafrios. Alguns achados clínicos são sugestivos de etiologias mais graves, como sinais vitais anormais (bradicardia, taquicardia, taquipneia, hipotensão), sinais de hipoperfusão (confusão, palidez, diaforese), dispneia, hipoxemia (na oximetria de pulso), pulsos ou ruídos respiratórios assimétricos, sopros cardíacos, pulso paradoxal (>10mmHg). PROTOCOLO DOR TORÁCICA ➢ História: Tipo de dor (A, B, C ou D), fatores de risco, alergias. -Dor tipo A: definitivamente anginosa (presença das características típicas: dor em aperto ou pressão, piora com esforço/estresse). -Dor tipo B: provavelmente anginosa (presença de 2 características típicas). -Dor tipo C: provavelmente não-anginosa (presença de 1 característica típica). -Dor tipo D: definitivamente não-anginosa (nenhuma característica típica). ➢ Exame físico (procurar sinais de gravidade): má perfusão, congestão pulmonar, arritmias ventriculares. ➢ ECG: avaliar se há supra de ST. ➢ Monitorização: monitorar o ritmo cardíaco, deixar fonte de O2 disponível, obter acesso venoso periférico. ➢ Medicações: morfina, oxigênio, nitratos, aspirina, betabloqueador. ➢ Laboratório: troponina. * contraindicados se houver hipotensão (PAS<110mmHg) ou sinais de disfunção do ventrículo direito 4. Mecanismos de ação dos medicamentos relacionados as patologias. ENALAPRIL O maleato de enalapril é um sal derivado de dois aminoácidos (L-alanina e L-prolina). Após administração por via oral, o enalapril é rapidamente absorvido e, a seguir, hidrolisado a enalaprilato, um inibidor da enzima conversora de angiotensina (ECA) não sulfidrílico, de longa ação e altamente específico. O maleato de enalapril é indicado para o tratamento de todos os graus de hipertensão essencial e para tratamento da hipertensão renovascular. Pode ser usado isoladamente, como terapia inicial, ou simultaneamente com outros anti- hipertensivos (particularmente diuréticos). O maleato de enalapril também é indicado para o tratamento e a prevenção de insuficiência cardíaca. Mecanismo de ação: a enzima conversora da angiotensina (ECA) é uma peptidil-dipeptidase que catalisa a conversão da angiotensina I à substância pressora angiotensina II. Depois da absorção, o enalapril é hidrolisado a enalaprilato, o qual inibe a enzima conversora da angiotensina. A inibição da ECA resulta na diminuição da angiotensina II plasmática, o que aumenta a atividade da renina plasmática (em razão da remoção do feedback negativo da liberação de renina) e diminui a secreção de aldosterona. A enzima conversora da angiotensina é idêntica à cininase II, portanto o enalapril pode também bloquear a degradação de bradicinina, um potente vasopressor peptídico. Entretanto, ainda não foi esclarecido como isso gera o efeito terapêutico. Apesar de se acreditar que o mecanismo pelo qual o enalapril diminui a pressão arterial seja essencialmente pela supressão do sistema renina- angiotensina-aldosterona, o qual desempenha importante papel na regulação da pressão arterial, o enalapril é anti-hipertensivo mesmo em pacientes hipertensos com renina baixa. ATORVASTATINA Mecanismo de Ação: a atorvastatina é um inibidor seletivo e competitivo da HMG-CoA redutase, a enzima limitante da velocidade que converte HMG-Co-A a mevalonato, um precursor de esteróis, incluindo o colesterol. Em pacientes com hipercolesterolemia familiar homozigótica e heterozigótica, formas não familiares de hipercolesterolemia e dislipidemia mista, a atorvastatina reduz o CT (colesterol total), LDL-C (lipoproteína de baixa densidade) e apo B (apolipoproteína B). A atorvastatina também reduz o VLDL-C (lipoproteínas de densidade muito baixa) e os TG(triglicérides) e produz aumentos variáveis no HDL-C (lipoproteínas de alta densidade). A atorvastatina diminui os níveis plasmáticos de colesterol e lipoproteínas através da inibição da HMG- CoA redutase e da síntese de colesterol no fígado, e aumenta o número de receptores de LDL hepáticos na superfície da célula, aumentando a absorção e o catabolismo do LDL. A atorvastatina reduz a produção e o número de partículas de LDL. Produz um aumento marcante e prolongado na atividade do receptor de LDL, além de promover uma alteração benéfica na qualidade das partículas de LDL circulantes. O fármaco é eficaz na redução de LDL em pacientes com hipercolesterolemia familiar homozigótica, uma população que não responde normalmente à medicação de redução lipídica. A atorvastatina e alguns de seus metabólitos são farmacologicamente ativos em humanos. O principal sítio de ação da atorvastatina é o fígado, que é o principal local de síntese de colesterol e clearance de LDL. A redução no LDL-C está mais relacionada à dose do medicamento do que à concentração sistêmica do fármaco. Prevenção de Complicações Cardiovasculares: Em pacientes sem evidência clínica de doença cardiovascular (DCV) e com ou sem dislipidemia, porém com múltiplos fatores de risco para doença coronariana (DAC) como tabagismo, hipertensão, diabetes, baixo nível de HDL-C ou história familiar de doença coronariana precoce, a atorvastatina cálcica está indicada para redução do risco de doença coronariana fatal e infarto do miocárdio não fatal, acidente vascular cerebral, procedimentos de revascularização e angina do peito. Em pacientes com doença cardíaca coronariana clinicamente evidente, a atorvastatina cálcica é indicada para redução do risco de: infarto do miocárdio não fatal; acidente vascular cerebral fatal e não fatal; procedimentos de revascularização; hospitalização por insuficiência cardíaca congestiva (ICC); angina. METFORMINA Este medicamento contém metformina, uma substância para tratar o diabetes. A metformina pertence a um grupo de medicamentos denominados biguanidas. A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas que permite que os tecidos do corpo absorvam a glicose (açúcar) do sangue e a usem para produzir energia ou armazená-la para uso posterior. Se você tem diabetes, o seu pâncreas não produz insulina suficiente ou o seu corpo não é capaz de utilizar adequadamente a insulina que produz. Isto leva a um nível elevado de glicose no sangue.A metformina ajuda a baixar o nível de glicose no sangue para um nível tão normal quanto possível.Em estudos clínicos, o uso de metformina foi associado à estabilização do peso corporal ou a uma modesta perda de peso. AAS O uso do ácido acetilsalicílico como profilaxia em pessoas sem doença cardiovascular tem sido proposto para reduzir o risco de várias doenças: ACV, DAC e câncer colorretal. A USPSTF mediu a redução da incidência de câncer colorretal contra o aumento do risco de sangramento gastrintestinal e AVE hemorrágico pelo ácido acetilsalicílico, 325 mg, e contraindicou seu uso na prevenção do câncer colorretal. Do mesmo modo, os benefícios do ácido acetilsalicílico na redução do risco de ACV e DAC variam com o gênero: o ácido acetilsalicílico reduz o ACV em mulheres e diminui a DAC em homens. A USPSTF recomenda iniciar o ácido acetilsalicílico em baixas doses (75 mg/dia foram tão eficazes quanto 325 mg/dia em pessoas sem doença cardiovascular) quando o benefício (p. ex., escore de risco de Framingham para DAC ou ACV) supera o risco de sangramento gastrintestinal. O uso concomitante de anti-inflamatórios não esteroides triplica ou quadruplica a taxa de sangramento gastrintestinal pelo ácido acetilsalicílico. A duração da terapia com ácido acetilsalicílico em estudos variou de 3 a 10 anos, e a USPSTF recomenda a reavaliação dos riscos e benefícios do ácido acetilsalicílico a cada cinco anos. As evidências são insuficientes para recomendar o seu uso em pessoas com mais de 80 anos de idade. Indivíduos mais velhos com menos de cinco anos de expectativa de vida ou múltiplas comorbidades que os coloquem em maior risco de sangramento gastrintestinal também são propensos a sofrer mais danos pelo início do uso de ácido acetilsalicílico. 5. Fatores de risco para doenças cardiovasculares no idoso. -Cigarro: nicotina estreita veias e artérias, outros componentes do cigarro lesam o endotélio, podendo causar deposição e acumulo de gordura e dê início à formação de placas e trombos. -Álcool: homens que bebiam quantidade maior do que a estabelecida (Associação Americana do Coração – consumo moderado: 1-2 doses/dia para homens) apresentaram maior rigidez arterial, maior perda de elasticidade nas artérias. O consumo exagerado de álcool ativa enzimas que levariam ao acúmulo de colágeno, o que poderia exacerbar a taxa de endurecimento arterial; -Má alimentação: carboidrato em excesso se converte em gordura, faz com que o corpo fique cada vez mais resistente à insulina (que "empurra" a glicose para dentro das células e elas se transformam em energia) e coloca o corpo num estado de inflamação e oxidação. O processo é natural e obrigatório. No entanto, glicose acumulada no sangue é o que causa a glicemia, que compromete funcionamento dos rins e coração. -Estresse: o estresse ativa células-tronco da medula espinhal, que por sua vez levam a uma produção acima do normal de glóbulos brancos no organismo e em excesso, podem se acumular nas paredes das artérias, reduzindo o fluxo sanguíneo e favorecendo a formação de coágulos – elevando, assim, o risco de doenças cardiovasculares. Em situações de estresse, a defesa do organismo faz com que hormônios como a adrenalina e a noradrenalina sejam liberados, causando redução do calibre dos vasos sanguíneos, espasmos das artérias coronárias, aumento da pressão e da frequência cardíaca. 6. Defina doença crônica e sua implicação social. Definição segundo a OMS: doenças que têm uma ou mais das seguintes características- são permanentes, produzem incapacidade/deficiências residuais, são causadas por alterações patológicas irreversíveis, exigem uma formação especial do doente para a reabilitação, ou podem exigir longos períodos de supervisão, observação ou cuidados. Entre as DCNT mais comuns na velhice, destacam-se a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e o Diabetes mellitus (DM), que, juntas, são consideradas como os principais fatores de risco para o desenvolvimento de complicações renais, doenças cardíacas e cerebrovasculares, representando, portanto, altos custos médicos e socioeconômicos, decorrentes principalmente das complicações que a acompanham (VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, 2010; Duncan, et al., 2012). Outras doenças crônicas que acometem os idosos, porém em menor proporção, são: câncer, doenças respiratórias, mentais e inflamatório-reumáticas que somadas à HAS e DM aumentam sobremaneira as consequências danosas no processo saúde-doença da população idosa. Além do rápido envelhecimento da população, e consequente aumento na incidência das DCNT, convive-se também com a crescente ameaça das doenças infecciosas, e das chamadas causas externas e violências, configurando, assim, uma “tripla carga” de morbidades, manifestada na associação de prevalências preocupantes de doenças infecciosas e parasitárias, causas externas e doenças crônicas (Goulart, 2011). Esta conjuntura faz com que ocorra uma enorme perda social e econômica, tanto individual quanto coletiva, representada pela redução da poupança, com reflexos negativos até mesmo no investimento nacional. A perda de produtividade no trabalho e a diminuição da renda familiar resultantes de apenas três DCNT (DM, doença do coração e acidente vascular cerebral), acarretarão, segundo estimativas, perdas na economia brasileira da ordem de mais de quatro bilhões de dólares nos próximos anos (Goulart, 2011). O tratamento para as DCNT, que geralmente possui curso prolongado ou contínuo, acarretando gastos aospacientes, suas famílias e sistema de saúde (Goulart, 2011). Para além dessas características, por outras vezes, não aceitam o diagnóstico e o tratamento, por não apresentarem sintomas ou por sentirem-se saudáveis (Rissardo, Barreto, Oliveira, Marcon, & Carreira, 2012). Tais situações favorecem a ocorrência da não adesão ao tratamento medicamentoso e não medicamentoso. 7. Importância das mudanças dos hábitos de vida nas doenças cardiovasculares do idoso. As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte na população adulta em todo o mundo. De acordo com a American Heart Association, os fatores de risco comumente associados à doença cardiovascular são: dislipidemia, obesidade, hipertensão arterial, diabetes e tabagismo. Além destes, o risco de eventos cardiovasculares aumenta com a idade, assim como, a prevalência da síndrome metabólica. Mudanças no estilo de vida são entusiasticamente recomendadas na prevenção de doenças cardiovasculares e, a despeito da mencionada associação com o número de óbitos na população mundial, dados consistentes da literatura demonstram que a não exposição aos fatores de risco como o tabagismo, dieta inadequada, sedentarismo, bem como a obesidade e a hipertensão arterial podem fazer com que o número de mortes ligadas às doenças cardiovasculares diminua significativamente. Os efeitos positivos obtidos pela prática de atividade física sob a saúde, de uma forma geral, são inquestionáveis. Entre as implicações ao sistema cardiovascular pode-se incluir a redução do colesterol total (CT), lipoproteína de baixa densidade (LDL-C), triglicerídeos (TG), pressão arterial, melhora nos níveis séricos de colesterol e lipoproteína de alta densidade (HDL-C), além da contribuição para o controle glicêmico, para as respostas fisiológicas relacionadas ao aumento da demanda metabólica, e ao aporte de oxigênio associado aos gastos musculares. A nutrição adequada pode alterar a incidência e a gravidade das coronariopatias, já que populações com diferentes dietas apresentavam variações na mortalidade cardiovascular6. Liu et al.7 observaram no Women’s Health Study, realizado com quase 40.000 mulheres profissionais de saúde, que os mais altos consumos de vegetais e frutas (exceto batata) estavam associados ao risco mais baixo de DCV, principalmente infarto. A American Heart Association enfatiza o consumo de vegetais, frutas e grãos integrais, confirmando a importância das fibras alimentares, antioxidantes e outras substâncias na prevenção e controle das DCV. Recomenda ainda a manutenção de peso saudável, auxiliado pela atividade física regular e consumo moderado de gorduras (< 30%), evitando assim o consumo excessivo de calorias.
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