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DIREITO TRIBUTÁRIO Didatismo e Conhecimento 1 DIREITO TRIBUTÁRIO 1) 1. SISTEMA TRIBUTÁRIO. COMPONENTES. PRINCÍPIOS SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL É o conjunto de normas constitucionais de natureza tributá- ria, inserido no sistema jurídico global, formado por um conjunto unitário e ordenado de normas subordinadas aos princípios fun- damentais reciprocamente harmônicos, que organiza os elemen- tos constitutivos do Estado, que outra coisa não é senão a própria Constituição. (HARADA, Kiyoshi. Direito financeiro e tributário. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2005, p. 322) Segundo Rubens Gomes de Sousa, “Direito Tributário é o ramo do Direito Público que rege as relações jurídicas entre o Es- tado e os particulares, decorrentes da atividade financeira do Es- tado, no que se refere à obtenção de receitas que correspondem ao conceito de tributo.” É ramo do Direito Público, uma vez que está presente o Poder de Império do Estado na relação jurídica. Ao particular é imposto o dever de adimplemento do tributo. Dá-se a subordinação do par- ticular, portanto, independe sua vontade na relação jurídica. O que ocorre é imposição estatal decorrente da norma, de coerção. O Direito Tributário compõe-se de normas cogentes, ou seja, obrigatórias, impostas. A relação jurídica é de direito obrigacional, denominada obri- gação tributária, impondo ao particular o dever jurídico de prestar tributo. A obtenção de receitas refere-se às receitas tributárias, que são aquelas que se enquadram no conceito de tributo. Neste ponto, importa referir a diferenciação entre Direito Tri- butário e Direito Financeiro. O Direito Tributário regula a ativida- de financeira do Estado no pertinente à tributação, naquilo que se enquadra no conceito de tributo. O Direito Financeiro, por sua vez, regula toda a atividade finan- ceira do Estado, exceto a que se refere à tributação. (Receita Tri- butária – Imposto de Renda x Receita não tributária – aluguéis, vendas de ativos, decorrentes de privatizações de Estatais). Direito Tributário é o ramo do Direito que se ocupa das re- lações entre o Fisco e as pessoas sujeitas a imposições tributárias de qualquer espécie, limitando o poder de tributar e protegendo o cidadão contra os abusos desse poder. Outro tema que merece destaque é a questão da autonomia do Direito Tributário. Em verdade, o Direito é Uno, não havendo, portanto, subdivisões. Entretanto, didática, científica e legalmente, vem sendo admitida a autonomia do Direito Tributário. Autonomia Didática pela existência da própria disciplina no meio acadêmico. Autonomia Científica, visto que possui institutos e princípios pró- prios. (crédito tributário, lançamento, princípio da anterioridade). Autonomia Legal, pela vigência da Lei 5172 de 1966, bem como pela própria Constituição de 1988 que reserva capítulo ao Sistema Tributário Nacional. NOÇÕES SOBRE O SISTEMA É o conjunto de regras constitucionais, normas e princípios gerais que atribuem competências tributárias aos diversos entes federativos estabelece princípios tributários, limitam o poder de tributar, e dispõem sobre repartição de receitas tributárias consti- tuem a base do Sistema Tributário Nacional. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de Direito Tributário aplicáveis à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS Os Sistemas Tributários podem ser: • Rígidos: são os sistemas nos quais o legislador ordiná- rio de quase nenhuma opção dispõe, visto como a Constituição estabelece o disciplinamento completo, traçando todas as normas essenciais do sistema. • Flexíveis: são aqueles sistemas nos quais o legislador ordinário goza de faculdades amplas, podendo inclusive alterar a própria discriminação de rendas. • Racionais: são os sistemas elaborados à luz dos princí- pios ditados pela Ciência das Finanças e tendo em vista determina- dos objetivos políticos. • Históricos: são aqueles resultantes da instituição de tri- butos sem prévio planejamento. Os tributos são instituídos de for- ma casuística, sem qualquer preocupação com o todo. A rigor, não devem ser considerados sistemas, posto que a este conceito não correspondem. EVOLUÇÃO DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NAS CONS- TITUIÇÕES DO BRASIL A Constituição Federal, fonte primária de toda ordem jurídica, não cria tributo. No entanto, instituiu o Sistema Tributário Nacional e cumpre papel essencial na construção do sistema ao definir as competên- cias tributárias dos entes políticos da Federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios),quais sejam: consagrar os princí- pios e normas gerais de DireitoTributário; instituir limitações ao poder de tributar; estabelecer a repartição das receitas tributárias e vinculações compulsórias. Toda atividade estatal é regulamentada por normas jurídicas. Ao cidadão comum é permitido fazer tudo aquilo que a lei não proíbe, ao passo que, ao administrador público, só é permitido fazer o que a lei expressamente autoriza. Entretanto, a instituição, a arrecadação e a fiscalização dos tributos pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios é limitada. A Constituição Federal assegura ao cidadão garantias contra a ação do Estado. Assim como também a Constituição Federal delimita, com ra- zoável precisão, a matéria fática de que se pode valer o legislador na instituição dos tributos. COMPOSIÇÃO DO SISTEMA TRIBUTÁRIO O Sistema Tributário Nacional compõe-se de: ►IMPOSTOS ►TAXAS ►CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA ►CONTRIBUIÇÕES PARAFISCAIS ►CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS ►EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS Didatismo e Conhecimento 2 DIREITO TRIBUTÁRIO Tributo é toda prestação pecuniária compulsória (obrigatória), em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, constituída em lei e cobrada mediante ativi- dade administrativa, plenamente vinculada; ►a receita proporcionada pela arrecadação de tributo é da espécie derivada. Todavia, nem toda receita derivada provém de tributos. Ex.: multas; ► Tributo Fiscal quando sua imposição objetiva tão somente propiciar a arrecadação de recursos financeiros à pessoa jurídica de direito público; ►Tributo Extra-Fiscal quando sua imposição não visa unica- mente à arrecadação de recursos financeiros, mas, também, corri- gir situações econômicas ou sociais anômalas; IMPOSTO É o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal. Competência Residual é a permissão dada pela CF à União para a criação de novos impostos. Tipos de Imposto ►sobre o comércio exterior; ►sobre o patrimônio e a renda; ►sobre a produção e a circulação; sobre operações relativas a combustíveis, lubrificantes, ener- gia elétrica e minerais e impostos extraordinários. TAXAS Podem ser criadas e exigidas ela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios, mas limitados ao âmbito de suas respectivas atribuições. ►têm como fato gerador o exercício regular do poder de po- lícia ou a utilização efetiva ou potencial de serviço público especí- fico ou posto a sua disposição. Tipos de Taxas ►taxas de polícia; ►taxas de serviços. CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA Podem ser criadas e exigidas pela União, Estados, Municípios e Distrito Federal, no âmbito de suas respectivas atribuições, tendo em vista obras públicas de que decorram benefícios aos proprietá- rios de imóveis; CONTRIBUIÇÕES “PARAFISCAIS” São certos tributos que ora são verdadeiros impostos, ora ta- xas, e às vezes, um misto destas duas categorias e que por delega- ção, são arrecadadas por entidades beneficiárias. Ex.: as contribui- ções arrecadadas pelo INSS, pelos Sindicatos, pela OAB e outras entidades profissionais ou econômicas. EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS São tributos criados no caso de investimento público; pos- suem natureza contratual. ELEMENTOS FUNDAMENTAIS ►discriminação das rendas tributárias é a partilha das rendas tributárias entre os membros autônomos da federação(União, Es- tado, DF e Municípios). É a outorga de competências (para legis- lar, arrecadar ou fiscalizar tributos) e estabelecimento de direitos de participação no produto da arrecadação. ►repartição das receitas tributárias; ►limitações constitucionais ao poder de tributar. Poder Fiscal é o poder que o Estado (Nação politicamente organizada) possui de criar tributos e exigi-los das pessoas que se encontrem em sua soberania nacional. ESTRUTURA O Sistema Tributário Nacional tem como fundamento de va- lidade a Constituição Federal de 1988 – CRFB/1988, que traz em seu Título VI, intitulado Da Tributação e do Orçamento, no Capí- tulo I – “Do Sistema Tributário Nacional”, os artigos 145 ao 162. Tais artigos estabelecem: ► Princípios Gerais; ► Limitações ao Poder de Tributar; ► Competência para a Instituição de Tributos, ► Repartição das Receitas Tributárias. Em nível infraconstitucional, tem-se o Código Tributário Na- cional - CTN, Lei n. 5.172 de 25 de outubro de 1966. Apesar de anterior à Constituição Federal de 1988, sendo Lei Ordinária, foi recepcionado como Lei Complementar. Explica-se: a referência do CTN é a Constituição de 1946 e a Emenda Constitucional n. 18 de 1965, quando não havia o conceito de Lei Complementar, sendo, pois, à época, Lei Ordinária. Por isso, tendo em vista que trata de matérias que hoje são privativas de lei complementar, atualmente, tem-se como Lei Complementar em razão da matéria. O CTN tem o status/natureza de Lei Complementar, visto que somente através de Lei Complementar pode ser alterado. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS O sistema tributário nacional é orientado e fundamentado por seus princípios constitucionais tributários. Em síntese, todos os princípios adiante colacionados têm como escopo: limitações ao poder tributar; repartição das competências e receitas tributá- rias, bem como a delimitação das espécies tributárias passíveis de instituição. Em grande parte, constituem-se em princípios que atuam limi- tando os poderes do Estado-Fisco e conferido garantias fundamen- tais aos contribuintes frente à soberania estatal. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE O princípio da legalidade tributária está estabelecido no art. 150, I da Constituição que dispõe: “Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: Didatismo e Conhecimento 3 DIREITO TRIBUTÁRIO I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;”. Por decorrência lógica, via de regra, afastadas as exceções, as espécies tributárias somente podem ser aumentadas ou instituí- das por lei, ordinária ou complementar, nos casos expressamente previstos na Constituição. Decreto, Portaria, entre outros atos infralegais, não podem instituir ou aumentar tributos.” A lei instituidora do tributo há de conter: a) a descrição do fato tributável; b) a definição da base de cálculo e da alíquota, ou outro crité- rio a ser utilizado para o estabelecimento do valor do tributo; c) o critério para a identificação do sujeito passivo da obriga- ção tributária; d) o sujeito ativo da relação tributária, se for diverso da pessoa jurídica da qual a lei seja expressão de vontade. Em suma, são os critérios que compõe a regra-matriz de inci- dência tributária, quais sejam, o critério material, o critério espa- cial, o critério temporal, o critério quantitativo e o critério pessoal. Cumpre, ainda, esclarecer que o princípio da legalidade exige que a Lei Ordinária/Lei Complementar crie ou aumente tributo. Entretanto, outros instrumentos com força de lei, portanto equipa- rados à lei, podem fazer este papel, excepcionalmente, a Medida Provisória e a Lei Delegada. Lei Complementar requer maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional. Lei Ordinária requer a maioria simples presente a maioria ab- soluta dos Parlamentares. DA LEI COMPLEMENTAR EM MATÉRIA TRIBUTÁ- RIA As Leis Complementares, como o próprio nome ilustra, são complementares à Constituição. O artigo 146 e 146-A da Consti- tuição dispõe a matéria reservada à Lei Complementar. Art. 146. Cabe à lei complementar: I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tribu- tária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni- cípios; II - regular as limitações constitucionais ao poder de tribu- tar; III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tri- butária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo prati- cado pelas sociedades cooperativas. d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239. Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que: I - será opcional para o contribuinte; II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado; III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distri- buição da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou condicio- namento IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacio- nal único de contribuintes. Art. 146-A. Lei complementar poderá estabelecer critérios especiais de tributação, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da competência de a União, por lei, estabelecer normas de igual objetivo. Assim, imperioso enaltecer algumas questões acerca da maté- ria, senão vejamos: • O empréstimo compulsório, conforme art. 148 da Cons- tituição, só poderá ser criado pela União mediante Lei Comple- mentar. • Os impostos residuais, conforme art. 154, I, da Consti- tuição, só poderão ser criados pela União mediante Lei Comple- mentar. • No caso do ICMS, caberá à lei complementar, art. 155, §2°, XII, da Constituição: definir seus contribuintes, dispor sobre substituição tributária, disciplinar o regime de compensação, fixar para efeito de cobrança o estabelecimento responsável e o local, fixar a base de cálculo, entre outros previstos. • Os serviços de qualquer natureza de que trata o art. 156, III, da Constituição, devem ser definidos por Lei Complementar. • A Lei Delegada é regulada no art. 68 da Constituição e será elaborada pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. A lei delegada possui restrições constitucionais, não podendo versar sobre matéria reservada à lei complementar e nos casos dos incisos do art. 68 da Constituição. O princípio da legalidade é o que confere segurança no sistema tri- butário, regulando por lei a relação entre o Particular/Contribuinte e o Estado/Fisco. • A Medida Provisória está prevista no art. 59, V, e regula- da no art. 62 ambos da Constituição. Está equiparada e possui for- ça de lei e, em virtude disso, conforma o princípio da legalidade, sendo editada pelo Presidente da República. • As medidas provisórias não podem tratar de matéria re- servada à Lei Complementar, sendo assim, não podem instituir empréstimo compulsório, impostos inominados, imposto sobre grande fortunas e/ou contribuições previdenciárias residuais. • Medidas provisórias já não podem instituir nem aumen- tar impostos, salvo aqueles excluídos do princípio da anteriori- dade tributária, prestando apenas como instrumento para iniciar o processo legislativo para usa instituição ou aumento.É assim porque medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguin- te, se houver sido convertida em lei até o último dia daquela em que a MP foi editada. (Exceto: imposto de importação de produtos Didatismo e Conhecimento 4 DIREITO TRIBUTÁRIO estrangeiros; exportação para o exterior de produtos nacionais ou nacionalizados; produtos industrializados; operações de crédito e imposto extraordinário de guerra (154,II do CTN). • Pela mesma razão, a anterioridade de noventa dias a que se sujeitam as contribuições sociais há de ser contada a partir da publicação da Lei em que se tenha convertida a medida provisória. EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Importa esclarecer que somente os impostos e a CIDE de competência da União é que estão abrangidos pelas exceções ao princípio da legalidade. Assim, somente os tributos de compe- tência da União possuem exceções ao princípio da legalidade. As principais exceções ao princípio da legalidade estão no Art. 153, § 1°, a saber: “É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V”. Por decorrência, ocorre a relativização do princípio da legali- dade, pois pode o Poder Executivo, nos limites máximo e mínimo fixados em lei, alterar as alíquotas, via ato infralegal (decreto, por- taria), do Imposto de Importação, do Imposto de Exportação, do Imposto sobre Produtos Industrializados e do Imposto sobre ope- rações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos ou Va- lores Mobiliários. Nestes termos o II, o IE, o IPI e o IOF, poderão ter suas alíquotas alteradas por ato infralegal do Poder Executivo, nos limites e condições estabelecidas em lei. Em verdade, tais impostos estão diretamente ligados à balan- ça comercial, ao setor produtivo e econômico, necessitando de agilidade e dinâmica por parte do Executivo para regular e prote- ger os principais setores do País. A CIDE, Contribuição de Intervenção no Domínio Econô- mico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível, acrescentada pela Emenda Constitucional 33/2001, igualmente não estará sujeita ao princípio da legalidade no que tange ao percentual da alíquota a ser aplicado por ato infralegal, nos limites máximos e mínimos estabelecidos em lei. O art. 177, § 4°, I, b da Constituição estabelece: “(...) I – a alíquota da contri- buição poderá ser: (...) b) reduzida e restabelecida por ato do Po- der Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150, III, b” Assim, a exceção ao princípio da legalidade só vale para tri- butos de competência da UNIÃO. Atinge os impostos que incidem diretamente sobre comércio exterior, produção e economia e, em virtude disso, necessitam de agilidade na alteração da alíquota. A alíquota é alterada por ato do infralegal do Executivo (Por- taria do Ministro da Fazenda, Decreto do Presidente), mas somente dentro dos limites máximos e mínimos estabelecidos na Lei. Importante ainda que a CIDE também está abarcada pela ex- ceção ao princípio da legalidade, conforme alteração introduzida pela Emenda Constitucional 33/2001. PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA Cada entidade tributante há de restringir sua atividade àquela matéria que lhe foi constitucionalmente destinada. O princípio da competência obriga a que cada entidade tribu- tante se comporte nos limites da parcela de poder impositivo que lhe foi atribuída. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE Estabelece o art. 150, III, b da Constituição: “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) III – co- brar tributos: (...) b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os institui ou aumentou;” Assim, a lei, para incidir e irradiar seus efeitos, tornando o tri- buto exigível, deve ser publicada no exercício financeiro anterior. Nestes termos, a lei publicada em um exercício financeiro só terá incidência no exercício subseqüente. Exercício financeiro coincide com o ano civil (01 de janeiro a 31 de dezembro). A anterioridade aplica-se somente quando ocorrer instituição ou aumento de tributo. Via de regra, caso não haja disposição em contrário, a redução do tributo importa em vigência imediata. A Emenda Constitucional n° 42/2003 acabou por criar a an- terioridade nonagesimal, acrescentando a alínea “c” ao inciso III do art. 150: “c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b”. Assim, pelos dispositivos constitucionais, a instituição ou o aumento de tributo, salvo as exceções constitucionais, deve ser pu- blicada em um exercício financeiro para ser cobrada somente no exercício subseqüente, respeitada ainda o período de vacância de 90 dias. EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE § 1° do art. 150 estabelece exceções ao princípio da anteriori- dade e anterioridade nonagesimal, a saber: Este princípio não é aplicável aos seguintes tributos: “§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I.” Nestes termos, não se aplica o princípio da anterioridade e da anterioridade mínima de 90 dias ao empréstimo compulsório, no caso previsto no art. 148, I, instituído para atender as despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra ex- terna ou sua eminência. Como também não se aplica o princípio da anterioridade e da anterioridade mínima de 90 dias aos impostos que estão direta- mente ligados à tributação do comércio exterior, do setor pro- dutivo e econômico, quais sejam, II, IE e o IOF. Não se aplica o princípio da anterioridade e da anterioridade mínima de 90 dias aos impostos extraordinários criados na iminên- cia ou no caso de guerra (art. 154,II) Como também não se aplica o princípio da anterioridade às contribuições de seguridade social. Estão abarcadas somente pela noventena, subordinam-se à exigência da anterioridade de 90 dias (art. 195, § 6°). “§ 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, “b”.” Didatismo e Conhecimento 5 DIREITO TRIBUTÁRIO No entanto, a limitação do art. 150, inciso III, alínea b (Prin- cípio da Anterioridade) não se aplica aos aumentos de alíquota de ICMS e da CIDE. (art. 155, § 4°, IV, c e art. 177, § 4°, I, b). Toda- via aplica-se a exigência da antecedência dos 90 dias. A exigência de antecedência de 90 dias, da alínea c do inciso III do art. 150, não se aplica ao imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza (art. 153, III) e relativamente à base de cálculo do IPVA (art. 155, III) e à base de cálculo do IPTU (art. 156, I) PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE O princípio da irretroatividade informa a impossibilidade da lei vir a atingir os fatos geradores efetivados anteriormente à sua publicação. Lei que cria ou aumenta tributo só poderá atingir “para fren- te”, fatos geradores posteriores à sua publicação. O princípio da ir- retroatividade encontra guarida constitucional no art. 150, III, a, da Constituição (Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias assegu- radas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: III – cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado). Entretanto, a alteração que se mostra benéfica ao contribuinte, poderá ter efeitos retroativos se expressamenteprevista na lei alteradora. Alguns tributos possuem certas peculiaridades que se amol- dam ao princípio da irretroatividade, tais como o imposto de renda com fato gerador periódico, ocorrendo no dia 31 de dezembro, efe- tivando-se o cálculo do acréscimo patrimonial em todo o ano-base. Deve-se observar, contudo, que o princípio da irretroatividade al- cança somente as leis que criam ou aumentam tributos. EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDA- DE As exceções estão previstas no art. 106 do CTN. Assim, conforme disposto no artigo, algumas exceções devem ser consideradas: - Leis interpretativas: o inciso I estabelece que, em qualquer caso, não se aplica a irretroatividade às leis chamadas de interpre- tativas. As leis interpretativas são aquelas que almejam explicar, clarear o significado de lei anterior na qual houve divergência. Não há penalidade pela infração aos dispositivos interpretados de ma- neira diversa. - Ato não definitivamente julgado: Aplica-se somente quan- do não ocorreu a coisa julgada. Em todas as alíneas, estabelece a reformatio in melius, a retroatividade benigna da lei. Note-se que esta retroatividade não tem o condão de alcançar a base de cálculo, a alíquota, mas SOMENTE AS INFRAÇÕES, MULTA OU OUTRAS SANÇÕES TRIBUTÁRIAS. SOMENTE AS PE- NALIDADES SÃO ATINGIDAS. Neste mote, a lei retroage so- mente quando não existente a coisa julgada e concorrentemente com algum dos casos: a lei deixou de definir como infração, deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência e/ou comine pena menos severa. PRINCÍPIO DA ISONOMIA A isonomia representa a igualdade dos sujeitos perante a lei. É trazido pelo art. 5°, caput da Constituição e pelo art. 150, II tam- bém da Constituição ao tratar das limitações ao poder de tributar, disciplinado nos seguintes termos: “Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: II - instituir tratamento desigual entre con- tribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;” A lei, portanto deverá estar dotada de generalidade, ser abs- trata, valendo para todos, tratando igualmente os que estão em si- tuação de igualdade. Motivos extrafiscais desde que devidamente fundamentados, não ferem a isonomia., forte no artigo 151, I da Constituição (Art. 151. É vedado à União: I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Fede- ral ou a Município, em detrimento de outro, admitida a conces- são de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do País;) PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA O princípio da capacidade contributiva está consagrado no ar- tigo 145, §1° da Constituição, a saber: “§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pesso- al e serão graduados segundo a capacidade econômica do contri- buinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendi- mentos e as atividades econômicas do contribuinte.” Estabelece a equalização da tributação, exigindo mais de quem possui maior capacidade econômica, os impostos são exigi- dos conforme a capacidade econômica de cada contribuinte. Nestes termos, o detentor de maior riqueza deve arcar com o maior ônus do imposto. Em virtude disso, está previsto no final do §1 ° do artigo acima citado, a faculdade da administração para, por seus meios, aferir a capacidade de cada contribuinte, dando efetividade ao princípio. Atente-se que o princípio da capacidade contributiva, PELA REDAÇÃO DO ARTIGO DO CTN, SÓ É APLICÁVEL AOS IMPOSTOS. Por exemplo, a contribuição de melhoria não leva em consideração a capacidade contributiva do contribuinte, mas sim a efetiva melhoria no imóvel. Pelo disposto no artigo, há a obrigatoriedade dos impostos estarem permeados pela capacidade contributiva. Didatismo e Conhecimento 6 DIREITO TRIBUTÁRIO PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DE CONFISCO Estabelece o art. 150, IV da Constituição: “Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: IV - utilizar tributo com efeito de confisco;” Assim, pelo disposto na Constituição é vedado aos entes tribu- tantes utilizarem-se de tributação confiscatória. Talvez a grande dificuldade desta matéria esteja na definição de quando um tributo deva ser tratado como “confisco”. Em verdade, o efeito confiscatório da tributação deve ser en- tendido como aquele que ataca a capacidade contributiva, a isono- mia, o direito de propriedade, o princípio da razoabilidade, entre outros, subtraindo a fonte geradora da riqueza tributável. Assim, cabe ao Poder Judiciário utilizar-se desta “ferramenta” afastando tributação que se apresente demasiadamente excessiva para os contribuintes. PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE TRÁFEGO O art. 150, inciso V da Constituição estabelece o princípio da Liberdade de Tráfego: “V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressal- vada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público;” Esta regra não impede a cobrança de impostos sobre a circula- ção em operações interestaduais e intermunicipais. A Constituição faz a ressalva do pedágio para legitimar a sua cobrança, no caso das vias conservadas pelo Poder Público. PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE GEOGRÁFICA É o artigo 151, I, CF/88 que institui o princípio da uniformi- dade geográfica. “Art. 151. É vedado à União: I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o territó- rio nacional ou que implique distinção ou preferência em rela- ção a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do País;” Este princípio proíbe que a União institua tributo de forma não uniforme em todo o país, ou dê preferência a Estado, Município ou ao Distrito Federal em detrimento de outro ente federativo. Permite-se, entretanto, a diferenciação, se favorecer regiões menos desenvolvidas. Visa promover o equilíbrio socioeconômico entre as regiões brasileiras. Exemplo tradicionalmente citado é a Zona Franca de Manaus. PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA DOS IMPOSTOS OU DA TRANSPARÊNCIA FISCAL O artigo 150, § 5º, CF/88, reza que a lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços. “Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: § 5º - A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre merca- dorias e serviços.” PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE “Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal insti- tuir impostos sobre: § 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: I - será não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou pres- tação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal; Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: § 3º - O imposto previsto no inciso IV: II - será não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores; Art. 154. A União poderá instituir: I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculopróprios dos discriminados nesta Constituição;” Este princípio refere-se a três impostos: ICMS, IPI e impostos residuais da União. Deve-se compensar o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de ser- viços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal. PRINCÍPIO DA SELETIVIDADE “Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: § 3º - O imposto previsto no inciso IV: I - será seletivo, em função da essencialidade do produto;” Visa tributar mais fortemente produtos menos essenciais. Já produtos essenciais terão alíquotas menores. No IPI sua aplicação é obrigatória, para o ICMS e o IPVA sua aplicação é facultativa. PRINCÍPIO DA NÃO DIFERENCIAÇÃO TRIBUTÁRIA “Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.” O texto constitucional é auto explicativo. Os Estados, Muni- cípios e o Distrito Federal estão proibidos de estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino. PRINCÍPIO DA TIPICIDADE Alguns estudiosos inserem este princípio dentro da legalidade tributária. A tipicidade tributária, semelhantemente à penal, quer dizer que o tributo somente será devido se o fato concreto se en- quadrar exatamente na previsão da lei tributária, assim como o fato criminoso tem que se enquadrar na lei penal. Didatismo e Conhecimento 7 DIREITO TRIBUTÁRIO PRINCÍPIO DA IMUNIDADE “Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;” A imunidade é uma hipótese de não incidência constitucio- nalmente qualificada, que diz respeito, em regra, aos impostos. Possuem imunidade os entes federativos reciprocamente e em re- lação a impostos sobre patrimônio, renda e serviços; os templos de qualquer culto (art. 150,VI,”b”,CF); os partidos políticos, as entidades sindicais de trabalhadores, as instituições de educação ou de assistência social sem fins lucrativos, desde que observados os requisitos legais(art. 150,VI,”c”,CF) e os livros, jornais, peri- ódicos e o papel destinado à sua impressão (art. 150,VI,”d”,CF). 2. LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS À TRIBUTAÇÃO. LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR As limitações ao poder tributar são verdadeiras garantias fundamentais contempladas no artigo 5º da CRFB de 1988, onde dispõe a possibilidade de tais garantias serem imodificáveis via emenda constitucional e sua irredutibilidade consoante dispõe o art. 60 § 4º da CRFB. A ordem constitucional tributária tem característica protetiva no que concerne ao contribuinte assim como sua vertente delimita- dora da atuação do apetite fiscal do Estado. Do Poder de Tributar Apesar da diferenciação em vários sentidos que se poderia fa- zer dos diversos Estados que já existiram em nosso globo, chama- dos Estados Pretéritos, poder-se-ia afirmar, sem qualquer possibi- lidade de erro, que em todos os tempos uma peculiaridade sempre se fez presente: o Poder de Tributar. O tributo é a vetusta e fiel sombra do poder político há mais de 20 séculos. Onde se ergue um governante, ela se projeta sobre o solo de sua dominação. Inúmeros testemunhos, desde a Antiguida- de até hoje, excluem qualquer dúvida. Mesmo em um Estado Democrático de Direito o poder de tri- butar se faz necessário. Este, o Estado, ente legitimado pelo povo tem neste poder a marca de sua presença política que atua na vida da sociedade civil, pois é criado pelo povo e para ele tão somente, sendo dirigido por pessoas escolhidas pelo povo para administrar os interesses da nação. Não há matéria de maior interesse para um estado do que a tributação, nenhuma fora tão badalada. A uma porque é a melhor forma do Estado se fazer presente, a duas porque é necessária a arrecadação para que haja a realização de seus fins sociais. O poder de tributar tem como função garantir, sempre norte- ado pelo princípio da legalidade, a aferição de renda não só capaz de sustentar os gastos utilizados para realizar os fins necessários, mas também servir como instrumento de intervenção estatal nas relações sociais. Seção II DAS LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; III - cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publica- da a lei que os instituiu ou aumentou; c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o dis- posto na alínea b; IV - utilizar tributo com efeito de confisco; V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público; VI - instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, in- clusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhado- res, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua im- pressão. § 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos pre- vistos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. § 2º - A vedação do inciso VI, “a”, é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. § 3º - As vedações do inciso VI, “a”, e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contra- prestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel. § 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas “b” e “c”, compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, rela- cionados com as finalidades essenciais das entidades nelas men- cionadas. Didatismo e Conhecimento 8 DIREITO TRIBUTÁRIO § 5º - A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre merca- dorias e serviços. § 6.º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cál- culo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, rela- tivos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o corresponden- te tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g. § 7.º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tri- butária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, asse- gurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realizeo fato gerador presumido. Art. 151. É vedado à União: I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o territó- rio nacional ou que implique distinção ou preferência em rela- ção a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do País; II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a re- muneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes; III - instituir isenções de tributos da competência dos Esta- dos, do Distrito Federal ou dos Municípios. Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino. 3. DISCRIMINAÇÃO CONSTITUCIONAL DAS RENDAS TRIBUTÁRIAS. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA. 4. REGRAS DE DISTRIBUIÇÃO DA RECEITA TRIBUTÁRIA. REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS E RECEITAS TRIBUTÁRIAS Impostos A competência é discriminada exaustivamente na Constitui- ção, que faculta apenas à União Federal criar impostos residuais, mas por lei complementar, não cumulativos e desde que não inci- dam sobre a mesma base de cálculo ou fato gerador dos demais impostos já discriminados. Taxas A competência é concorrente, ou seja, todos os entes podem instituir taxas, bastando que tenham competência para prestar o serviço ou exercer o poder de polícia (ex.: taxa de emissão de pas- saporte só a União Federal pode criar, pois só ela tem a competên- cia para tanto). Contribuições de melhoria A competência concorrente. Institui a contribuição de melho- ria o ente de realiza a obra pública. Empréstimos compulsórios A competência é exclusiva da União Federal. Contribuições gerais A competência é, em regra, da União Federal. Exceção para as contribuições para iluminação pública, de competência dos mu- nicípios e do DF, bem como para o custeio da previdência dos servidores. Impostos Federais : Imposto de Importação, Imposto de Ex- portação, Imposto sobre Produtos Industrializados, IOF (Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio, Seguros e Títulos e Valores Mobiliários), Imposto sobre a Renda, Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, Imposto sobre Grandes Fortunas, impostos resi- duais, impostos extraordinários. Impostos Estaduais: Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores, ICMS (imposto sobre operações relativas à circu- lação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transpor- te interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior), Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doações de quaisquer bens e direitos. Impostos Municipais: Imposto sobre Serviços, Imposto sobre a Propriedade Territorial e Predial Urbana,Imposto sobre a Trans- missão “Inter Vivos” por ato oneroso de bens imóveis e direitos reais sobreimóveis (exceto os de garantia).Terminologias de com- petências tributárias para os impostos: COMPETÊNCIA PRIVATIVA É a competência “ex- clusiva” da entidade impositora. Todos os entes políticos. COMPETÊNCIA RESIDUAL É a competência “re- manescente” dada com exclusividade à União para a institui- ção de impostos “no- vos”. Só a União tem a competência residual COMPETÊNCIA EXTRAORDINÁ- RIA É a competência afeta à União no tocante à instituição do IMPOS- TO EXTRAORDI- NÁRIO DE GUERRA (IEG – artigo 154, CF) Só a União tem a competência extraordinária. COMPETÊNCIA CUMULATIVA É a competência afe- ta aos IMPOSTOS no DF e nos territórios. DF (Art. 155, ca- put, c/c Art. 14; in fine) (impos- tos estaduais e municipais) Didatismo e Conhecimento 9 DIREITO TRIBUTÁRIO COMPETÊNCIA EXTRAORDINÁRIA Regras Gerais Guerra externa ou sua eminência: são circunstâncias que per- mitem a criação do imposto, mas jamais serão seus fatos geradores. Terão a mesma hipótese de incidência, base de cálculo e fato gerador de imposto ordinário já instituído pela União, Estados, DF ou Municípios; ou seja, ele é repetitivo, é uma clonagem tributária, que vai conviver, simultaneamente, com o imposto ordinário ou residual já existente. Ou seja, poderá haver a bitributação (quan- do duas pessoas exigem tributo do mesmo sujeito passivo sobre a mesma hipótese de incidência) e o bis in idem (quando a mesma pessoa exige tributos sobre o mesmo fato gerador). Não exige não-cumulatividade. Devem ser transitórios, mas podem perdurar por 5 anos depois da celebração da paz (art. 76 do CTN). Podem ser instituídos por lei ordinária ou MP. Não se submetem ao princípio da anterioridade simples e no- nagesimal. COMPETÊNCIA RESIDUAL Regras Gerais Pode ser utilizada a qualquer tempo. Exige lei complementar. Exige não cumulatividade. Exige inovação do fato gerador e base de cálculo. São permanentes (não há exigência de natureza temporária) Submetem-se ao princípio da anterioridade e à noventena. DISCRIMINAÇÃO CONSTITUCIONAL DAS RENDAS TRIBUTÁRIAS Natureza e Conceito A Constituição adotou, como nas anteriores, uma discrimina- ção exaustiva, integral e completa. Contemplou, rígida e taxativamente, as quatro entidades au- tônomas da Federação: União, Estados, Distrito Federal e Muni- cípios. Há dois aspectos da discriminação das rendas: a) a discriminação pela fonte, pela qual a Constituição indica o tributo que a cada entidade compete instituir (arts. 153, 155 e 156); b) e a discriminação pelo produto, pela qual umas entidades repartem sua receita com outras, ou, vendo do outro lado, estas participam na receita daquelas (arts. 157 a 162). A discriminação pela fonte Realiza-se em três planos: (a) competência exclusiva; (b) competência nominalmente comum; (c) competência residual; Enquanto a discriminação pelo produto comporta as se- guintes modalidades: (a) a participação em impostos de decretação de uma entidade e percepção por outras; (b) a participação em impostos de receita partilhada segundo a capacidade da entidade beneficiada; (c) participação em fundos. DISCRIMINAÇÃO DAS RENDAS POR FONTES Competência tributária da União A)Tributos de competência exclusiva da União. 1)Impostos sobre o comércio exterior: (art. 153, I e II), que compreende o imposto sobre a importação de produtos estrangei- ros e o imposto sobre a Exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacio- nalizados. 2) Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza (art. 153, III). É o imposto mais importante e mais rentável do sistema tributário nacional; na sua concepção entram toda dispo- nibilidade econômica ou jurídica proveniente do rendimento do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, assim como todo acréscimo ao patrimônio das pessoas físicas ou jurídicas. É informado pelos critérios da generalidade, da universali- dade e da progressividade, nos termos da lei, e não incidirá, nos termos e limites fixados em lei, sobre rendimentos provenientes de aposentadoria e pensão, pagos pela previdência social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a pessoa com idade superior a sessenta e cinco anos, cuja renda seja constituída, exclusivamente, de rendimentos do trabalho. 3) Imposto sobre produtos industrializados. É um importante imposto de competência federal; é tributação da produção industrial, no sentido de que recai sobre o resultado do processo produtivo industrial, mas o é também sobre o con- sumo, porque só alcança o produto no momento em que sai do estabelecimento industrial ou equiparado para integrar o processo consuntivo, embora não seja o ato de consumo a situação geradora da obrigação tributária. Faculta-se ao Poder Executivo alterar suas alíquotas por decreto (art. 153, §1º). 4) Imposto sobre operações financeiras. O campo de incidência, abrange: operações de crédito, ope- rações de câmbio, operaçõesde seguros e operações relativas a títulos e valores mobiliários. São utilizados como instrumentos de política monetária, daí por que também está prevista a faculdade de o Poder Executivo alterar suas alíquotas. 5) Imposto sobre a propriedade territorial rural. É um dos impostos sobre o patrimônio. É de competência da União para funcionar como instrumento auxiliar da política agrária. Deles estão imunes ( porque nelas não incidirá ) as pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore, só ou com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel (art. 153, § 4º). 6) Tributação de grandes fortunas. O art. 153, VII, confere um imposto novo à competência ex- clusiva da União: Didatismo e Conhecimento 10 DIREITO TRIBUTÁRIO a) imposto sobre grandes fortunas, que depende de definição por lei complementar. b) Tributos de competência comum à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.Taxas. Entram no conceito de tributo comum, porque todas as entida- des tributantes podem instituí-las e arrecadá-las: a) em razão do exercício do poder de política; e b) pela utilização efetiva ou potencial de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição (art. 145, II), e não podem ter base de cálculo própria de impostos. Contribuição de melhoria Também é da competência da União instituí-la e cobrá-la em razão da valorização da propriedade imóvel decorrente de obras públicas por ela executadas (art. 145,III). (c) Tributos de competência residual. Pertine, com exclusividade, à União instituir, mediante lei complementar, outros impostos que não tenham fato gerador nem base de cálculo idênticos aos impostos expressamente dis- criminados na Constituição, consoante vimos antes, e não podem ser cumulativos (art. 154, I) DISCRIMINAÇÃO CONSTITUCIONAL DAS RENDAS TRIBUTÁRIAS Trata-se de uma expressão genérica que abrange a partilha en- tre a União, os Estados, o DF e os municípios do poder de tributar, ou seja, a competência para instituir tributos e legislar sobre eles, bem como a distribuição da receita tributária, que é a divisão entre os entes da Federação do produto da arrecadação do tributo por um deles instituído. Repartição de competências: já visto acima. Repartição de receitas tributárias (sempre ocorre do ente fede- rado maior para o menor) : a)Taxas: pertencem a quem instituiu. b)Contribuições de melhoria: pertencem a quem instituiu. c)Empréstimos compulsórios: pertencem exclusivamente à União, mas devem ser restituídos ao contribuinte. d)Contribuições Sociais: sobre os rendimentos dos servido- res, para custeio da previdência: pertencem ao ente que instituiu a contribuição; CIDE-COMBUSTÍVEIS: União Federal: 71% Estados: 29% Municípios: 25% do valor repassado aos Estados e)Impostos: IMPOSTO SOBRE A RENDA: 21,5 % vai para os Fundo de Participação dos Estados (FPE) 22,5% vai para o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) 3% são destinados a custeio de programas de desenvolvimen- to das regiões NO, NE e Centro-Oeste. RETIDO DOS SERVIDORES: o IR pertence ao ente que fez a retenção IPI: 21,5 % vai para os Fundo de Participação dos Estados (FPE) 22,5% vai para o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) 3% são destinados a custeio de programas de desenvolvimen- to das regiões NO, NE e Centro-Oeste 10% para os Estados, proporcionalmente ao valor das respec- tivas exportações de produtos industrializados; IOF SOBRE O OURO COMO ATIVO FINANCEIRO OU INSTRUMENTO CAMBIAL: 30% para o Estado da lavra 70% para o município da lavra IMPOSTOS RESIDUAIS: 80% para União 20% para Estados IPVA: 50% para o Estado 50% para o município de emplacamento ICMS: 75% para o Estado 25% para os municípios, sendo: ¾ com base no valor adicionado ¼ de acordo com o que dispuser a legislação estadual • Proíbe-se, como regra, a retenção dos valores a serem repartidos. EXCEÇÕES: a) a possibilidade de a União e os Estados condicionarem a entrega dos recursos ao pagamento de seus créditos, inclusive de suas autarquias; b) a possibilidade de a União e os Estados condicionarem a entrega à aplicação de recursos mínimos no financiamento da saú- de pública. Classificam-se, comumente, as participações das unidades no produto da arrecadação dos impostos como diretas e indiretas, sendo as últimas efetivadas por meio de fundos de participação ou fundos compensatórios. 2) OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA – 1. CONCEITO. NATUREZA. ESPÉCIES. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA “Art.113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1°. A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pe- cuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente. § 2°. A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3°. A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobser- vância, converte-se em obrigação principal relativamente a pena- lidade pecuniária.” Didatismo e Conhecimento 11 DIREITO TRIBUTÁRIO A obrigação tributária é uma relação jurídica em virtude da qual o particular (sujeito passivo) tem o dever de prestar dinheiro ao Estado (sujeito ativo), ou de fazer, não fazer, ou tolerar algo no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos e o Estado tem o direito de constituir contra o particular um crédito.” OBJETO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA É a prestação a que está obrigado o sujeito passivo de pagar o tributo ou penalidade pecuniária e cumprir as prestações negativas e positivas. NATUREZA DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA É uma ilação jurídica obrigacional: as partes envolvidas têm direitos e deveres. a) Fisco (sujeito ativo): poder-dever de fiscalizar e, se verifi- car a irregularidade, tem poder-dever de autuar (ex lege, atividade vinculada; dever de evitar excessos, abusos de autoridade e respei- tar os direitos do contribuinte. b) Contribuinte (sujeito passivo): direito à proteção da tribu- tação desmesurada (Estatuto do contribuinte) princípios constitu- cionais e imunidades e tem o dever de cumprir com a prestação de obrigação tributária principal e acessória (positiva e negativa) . CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS - ART.113, § 1.º,2º, 3º da CTN. Obrigação Tributária Principal A obrigação tributária principal é a entrega de dinheiro ao Estado, proveniente do pagamento de tributo ou de penalidade pe- cuniária, tendo sempre conteúdo patrimonial. É a obrigação de dar (pagar) ao sujeito ativo. A obrigação tributária principal decorre sempre de lei, ou seja, somente a lei poderá instituir um tributo, bem como somente a lei gerará uma obrigação tributária principal. Assim, a obrigação de pagar ao Estado necessariamente deve ser instituída por lei. Obrigação Tributária Acessória As obrigações tributárias acessórias são os deveres instru- mentais exigidos pelo sujeito ativo com o intuito de assegurar o interesse da arrecadação dos tributos e também para facilitar a atividade de fiscalização no sujeito passivo. Estas obrigações não estão relacionadas, no sentido de dependência, com uma deter- minada obrigação principal, podendo existir independentemente desta. aquelas cujo cumprimento facilita a fiscalização e arrecada- ção. Advém da legislação tributária aí incluídas as leis e tratados e Convenções Internacionais e ainda os atos de normatização se- cundária, ou seja, decretos, normas complementares como IN, OS, Portarias, porém sempre vinculadas às disposições das leis. Acessória Positiva (de fazer) Por exemplo, inscrever-se no CNPJ, emitir notas fiscais, man- ter em dia a escrituração contábil, apresentar declaração de impos- to de renda etc. 1. STJ - REsp 302772: “Em havendo considerável mudança no imóvel, deve o seu proprietário ou detentor prestar informações ao Fisco para efeito de cadastramento. 2. Obrigação do contribuinte que se identifica como obrigação acessória(arts. 113, § 2º, e 147 do CTN)” . Acessória Negativa Por exemplo, não transportar mercadoria sem nota fiscal, não rasurar documentos e escrita contábil, O descumprimento da obrigação tributária dá direito ao fisco de constituir uma penalidade pecuniária que é a multa. A multa decorrente do descumprimento será cobrada conjuntamente com o tributo. A obrigação acessória tem o objetivo de facilitar a arreca- dação e fiscalização. 2. NASCIMENTO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA. FATO IMPONÍVEL. EFEITOS. NASCIMENTO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA A obrigação tributária nasce como consequência necessária e automática da ocorrência do fato gerador respectivo, vinculando um credor (sujeito ativo tributário) a um devedor (sujeito passivo tributário), tendo em vista um objeto (prestação tributária). Esta obrigação tributária, originariamente ilíquida, inexequível, em consequência de um determinado ato de autoridade administrativa converte-se em obrigação líquida, com condições de exequibilida- de, gerando um direito subjetivo para o sujeito ativo, direito este denominado crédito tributário. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA Consiste esse instituto na descrição constante de norma legal acerca de um determinado fato. A hipótese de incidência nada mais é do que uma previsão legal, necessariamente abstrata, porquanto prevista em lei (sentido genérico), decorrente de uma formulação legislativa que tem por objetivo a descrição de uma situação relevante do ponto de vista tributário. Hipótese de incidência é conceito legal, no sentido de que é uma representação de um fato. FATO GERADOR “Art.114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência.” O legislador quis regular duas coisas diferentes sobre a mes- ma denominação: 1) a situação hipotética, prevista na lei, necessária ao surgi- mento da obrigação; 2) a concretização de tal situação no mundo jurídico, gerando, em consequência, o efetivo nascimento da obrigação principal. A ocorrência do fato gerador dá nascimento à obrigação tribu- tária. Fato gerador da obrigação tributária principal. Didatismo e Conhecimento 12 DIREITO TRIBUTÁRIO “Art.115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal.” “Art.116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que pro- duza os efeitos que normalmente lhe são próprios; II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito apli- cável. Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá des- considerar atos ou negócios jurídicos praticados com a finali- dade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordi- nária.” O artigo 116 cuida do aspecto temporal do fato gerador , ou seja, do momento em que se considera o seu acontecimento. O lançamento é feito com base na lei vigente à época do fato gerador ( art. 144, CTN). O legislador, ao estabelecer as diversas situações que irão con- figurar o fato gerador, tem liberdade para a escolha do tempo em que o mesmo poderá ser tido como concretizado. Caso não utili- zada tal faculdade, observa-se, então, os comandos do preceptivo em comento. O que diferencia uma situação de fato de uma situação jurídi- ca é que esta última se encontra regulada em outro ramo do Direito e, como tal, há de se perquirir, naquela seara, o momento em que se considera constituído. “Art.117. Para efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo disposição de lei em contrário, os atos ou negócios jurídicos con- dicionais reputam-se perfeitos e acabados: I- sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu im- plemento; II- sendo resolutória a condição, desde o momento da práti- ca do ato ou da celebração do negócio.” As regras a serem observadas no caso de fato gerador decor- rente de situação jurídica, quando esta estiver sujeita à condição, estão ditadas neste artigo, complementando, assim a disciplina do artigo 116. Na hipótese de atos ou negócios jurídicos submetidos à con- dição suspensiva, eles apenas serão tidos como acabados, caracte- rizando a ocorrência do fato gerador, quando satisfeita a condição. No caso, por exemplo, de doação de um imóvel feita a uma pessoa, desde que ela se case. Mesmo que a satisfação de tal con- dição demore anos (pode até nunca acontecer), o negócio apenas será tido como realizado no momento em que houver o cumpri- mento da exigência (o casamento), considerando-se, então, ocor- rido o fato gerador do tributo pertinente (doações – art,155, I,CF). Por sua vez, na conjetura do inciso II, o negócio jurídico im- pera normalmente, acarretando os seus efeitos e originando, de imediato, o fato gerador. Vejamos o exemplo de um contrato de compra e venda de ter- reno na praia, onde se estabeleça uma condição resolutiva, em caso de edificação de prédio superior a um andar, pois isto atrapalharia a visão e a ventilação da casa do antigo proprietário que ficava no lote atrás. Desde o instante em que foi celebrado o liame, o imóvel seria transmitido ao seu comprador, considerando-se ocorrido o fato ge- rador e surgindo a obrigação de pagar ITBI (art. 156,II, CF). “Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se: I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pe- los contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natu- reza do seu objeto ou dos seus efeitos; II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.” A irrelevância da invalidade do ato jurídico significa que as nulidades porventura existentes nos atos não têm as suas consequ- ências estendidas ao Direito tributário. Na compra e venda de um bem imóvel, sendo o vendedor e subscritor de contrato um alienado mental, haveria o fato gerador da obrigação correspondente, pois anualidade de tal ato não seria relevante para a seara tributária. Quanto aos efeitos, os atos simulados, também originam o fato gerador e o dever de arcar com o tributo. Na hipótese de uma em- presa simular a venda de uma mercadoria que nunca foi alienada, ainda assim teria que recolher a exação correspondente (ICMS). ESPÉCIES DE FATO GERADOR Fato gerador instantâneo: se completa em um só momento; a cada vez que surge dá lugar a uma obrigação autônoma: Ex.: toda vez que há circulação de mercadoria, nasce a obrigação tributária de pagar ICMS. Fato gerador complexivo, completivo, de formação sucessi- va: constituem-se num conjunto de fatos, circunstâncias ou acon- tecimento. Ex. IRPJ – não importam os fatos ocorridos no período, isoladamente (se houve lucro num mês, prejuízo no outro), pois no encerramento do exercício – 31/12 - se fará a apuração do resulta- do e aí estará definitivamente constituído o fato gerador. Fato gerador continuado: se completam em determinado pe- ríodo de tempo – exemplo clássico dos tributos anuais como IPTU/ IPVA/ ITR – são considerados ocorridos anualmente. ASPECTO QUANTITATIVO DO FATO GERADOR Tem a finalidade de determinar o montante do tributo. -base de cálculo: valor que serve de base para o cálculo do montante a pagar e sobre o qual incidirá a alíquota; -alíquota: É uma percentagem que incide sobre a.b.d.c para determinação do montante do tributo. Pode ser: a) ad valorem – que é a mais comumente usada. Um percentual sobre uma grandeza.Ex.: IPVA. 3% sobre o valor do veículo.; b) específica – um valor específico aplicado sobre uma b.d.c. é estabelecida em uma unidade de medida. Ex.: Imposto de Impor- tação: R$40,00 por metro cúbico de óleo. Ex. § 2.º ao rt.149 CF/88 (EC.33/01 acrescentou) Didatismo e Conhecimento13 DIREITO TRIBUTÁRIO 3. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL A obrigação tributária principal é a entrega de dinheiro ao Es- tado, proveniente do pagamento de tributo ou de penalidade pecu- niária, tendo sempre conteúdo patrimonial. É a obrigação de dar (pagar) ao sujeito ativo. A obrigação tributária principal decorre sempre de lei, ou seja, somente a lei poderá instituir um tributo, bem como somente a lei gerará uma obrigação tributária principal. Assim, a obrigação de pagar ao Estado necessariamente deve ser instituída por lei. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ACESSÓRIA As obrigações tributárias acessórias são os deveres instru- mentais exigidos pelo sujeito ativo com o intuito de assegurar o interesse da arrecadação dos tributos e também para facilitar a atividade de fiscalização no sujeito passivo. Estas obrigações não estão relacionadas, no sentido de dependência, com uma deter- minada obrigação principal, podendo existir independentemente desta. aquelas cujo cumprimento facilita a fiscalização e arrecada- ção. Advém da legislação tributária aí incluídas as leis e tratados e Convenções Internacionais e ainda os atos de normatização se- cundária, ou seja, decretos, normas complementares como IN, OS, Portarias, porém sempre vinculadas às disposições das leis. Acessória Positiva (de fazer) Por exemplo, inscrever-se no CNPJ, emitir notas fiscais, man- ter em dia a escrituração contábil, apresentar declaração de impos- to de renda etc. 1. STJ - REsp 302772: “Em havendo considerável mudança no imóvel, deve o seu proprietário ou detentor prestar informações ao Fisco para efeito de cadastramento. 2. Obrigação do contribuinte que se identifica como obrigação acessória (arts. 113, § 2º, e 147 do CTN)” . Acessória Negativa Por exemplo, não transportar mercadoria sem nota fiscal, não rasurar documentos e escrita contábil, O descumprimento da obrigação tributária dá direito ao fisco de constituir uma penalidade pecuniária que é a multa. A multa decorrente do descumprimento será cobrada conjuntamente com o tributo. A obrigação acessória tem o objetivo de facilitar a arreca- dação e fiscalização. 4. SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO. 5. SOLIDARIEDADE.6. CAPACIDADE. SUJEITO ATIVO “Art. 119. Sujeito Ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público titular da competência para exigir seu cumpri- mento.” “Art. 120. Salvo disposição de lei em contrário, a pessoa ju- rídica de direito público, que se constituir pelo desmembramento territorial de outra, sub-roga-se nos direitos desta, cuja legisla- ção tributária aplicará até que entre em vigor a sua própria.” SUJEITO PASSIVO Disposições gerais “Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se: I – contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II – responsável, quando, sem revestir a condição de con- tribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei.” “Art. 122. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada às prestações que constituam o seu objeto.” “Art. 123. Salvo disposição de lei em contrário, as conven- ções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para mo- dificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tribu- tárias correspondentes.” SUJEITO ATIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA O art. 119 do Código Tributário Nacional define o sujeito ati- vo como a pessoa jurídica de direito público titular da competência para exigir o cumprimento da obrigação tributária. Merece destaque o termo exigir do citado dispositivo legal. Exigir não significa criar, desta forma a expressão “competência para exigir” não se confunde com o conceito de competência tri- butária. O tributo pode ser exigido por aquele que possui capacidade tributária ativa, ou seja, aquele que figura no pólo ativo da obriga- ção tributária, aquele que é o sujeito ativo da obrigação tributária. O sujeito ativo da obrigação tributária pode ter apenas capaci- dade tributária ativa (poder de ser sujeito ativo da obrigação tribu- tária, que engloba as prerrogativas de cobrar, fiscalizar e aplicar o produto da arrecadação do tributo) ou possuir capacidade tributá- ria ativa e competência tributária (poder de criar o tributo). Na primeira hipótese o sujeito ativo recebeu do ente tribu- tante (que possui competência tributária) a capacidade tributária ativa, o poder de ser sujeito ativo da obrigação tributária, podendo então exigir o tributo. Já no segundo caso o próprio ente (União, Estado-membro, Distrito Federal ou Município) que criou o tribu- to permaneceu com a capacidade tributária ativa (não a delegou a ninguém), podendo então exigi-lo. Quando o sujeito ativo da obrigação tributária é o próprio ente que possui competência tributária, ele pode dispor do tributo (ex- tinguir, aumentar, diminuir), mas se o sujeito ativo recebeu por delegação a capacidade tributária ativa, pode apenas agir dentro da delegação que lhe foi dada, não podendo dispor do tributo. Exigir. Não se trata, aqui, da competência tributária, que en- seja a instituição de tributos, tampouco do destinatário do produto da arrecadação. O art. 119 do CTN cuida é de definir quem possui Didatismo e Conhecimento 14 DIREITO TRIBUTÁRIO capacidade para figurar no pólo ativo da relação tributária, como credor e, assim, fiscalizar, lançar, exigir se necessário em juízo, à satisfação do crédito tributário. Portanto, pode-se dizer que o sujeito ativo da obrigação tribu- tária é ou o próprio ente tributante, ou aquele a quem foi delegada a capacidade tributária ativa, que inclui a função de exigir o cum- primento da obrigação tributária. Outro aspecto relevante do art. 119 do Código Tributário Na- cional é a expressão “pessoa jurídica de direito público”. Alguns autores, tendo em conta a existência de tributos para- fiscais, defendem que pessoas jurídicas de direito privado podem ser sujeito ativo da obrigação tributária, desde que exerçam ativi- dades de interesse público e não tenham fins lucrativos. Tal posição leva à conclusão de que o art. 119 do CTN seria letra morta. Assim, muitas vezes, pessoas jurídicas de Direito Privado (SESI, SESC, SENAI etc.) e até mesmo pessoas naturais (os ti- tulares dos tabelionatos) se apresentam como sujeitos ativos de obrigações tributárias. E, no entanto, não são: (a) pessoas jurídicas de Direito Público e, muito menos, (b) titulares de competência para exigir – em sentido legislativo – o cumprimento das obriga- ções nas quais figuram como sujeitos ativos. Nem se duvide de que o SESI, SESC e SENAI et cavera recebem contribuições para emprego no serviço social e de que os tabelionatos cobram emo- lumentos (taxas) pelos serviços que prestam, embora em nome do Estado. São sujeitos ativos de obrigações tributárias sem serem pessoas jurídicas de Direito Público titulares da competência tri- butária legislativa que tornaram exigíveis os tributos que recebem. Ao que tudo indica, o autor do CTN utilizou a expressão ‘com- petência’ em sentido lato, significando competência legislativa e, também competência enquanto capacidade ativa. Mas, ao fechar a capacidade tributária ativa exclusivamente nas pessoas jurídicas de Direito Público, sem dúvida apequenou o universo dos sujei- tos ativos das obrigações que estamos acostumados a ver todos os dias. A realidade briga com a norma, em desfavor desta última. A questão em comento não é pacífica, grande parte da doutri- na defende a validade do art. 119 do CTN, afirmando que sujeito ativo da obrigação tributária somente pode ser pessoa jurídica de direito público. Embora não exista unanimidade na doutrina, os argumen- tos pela validade do art. 119 do CTN são mais consistentes. A impossibilidade de uma pessoa jurídica de direito privado ser sujeito ativoda obrigação tributária é evidente no próprio con- ceito legal de tributo, que o define como toda prestação pecuniá- ria compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada, somente pessoas jurídicas de direito público exercem atividade administra- tiva vinculada, que é imprescindível na cobrança e na fiscalização dos tributos. Desta forma, pessoas jurídicas de direito privado não podem figurar como sujeito ativo da obrigação tributária, mesmo que exerçam atividades públicas e não tenham fins lucrativos, podendo ser no máximo destinatárias8 do produto da arrecadação tributária, para que possam aplicá-lo no desenvolvimento de atividade públi- ca de interesse social. Os exemplos utilizados por aqueles que defendem a possibi- lidade de pessoa jurídica de direito privado ocupar o pólo ativo da obrigação tributária, são contestáveis, na medida em que não obstante o chamado sistema “S” (SESI, SENAC e SENAI) receber contribuições para que desenvolva seus fins sociais, é a União que figura como sujeito ativo das contribuições cujo produto é para ele repassado. Outrossim, os titulares de tabelionatos apenas infor- mam a ocorrência do fato gerador ao Estado, sendo este o sujeito ativo da obrigação tributária e em nenhuma hipótese o tabelião. A lei de incidência do tributo deve conter todos os elementos necessários para individualização da obrigação tributária. A descrição legal deve indicar todos os aspectos do fato gera- dor, dentre eles o aspecto subjetivo ou pessoal, ou seja, os sujeitos da obrigação. No entanto, se na norma de incidência não constar expressamente quem seja o sujeito ativo da obrigação tributária, presume-se que seja o próprio ente tributante que editou a lei. Sendo indispensável à expressa indicação apenas quando o ente político detentor da competência tributária queira delegar a sua capacidade tributária ativa para outra pessoa jurídica de direito público (autarquia ou fundação pública). Quando for necessário contestar o valor do tributo, seja ad- ministrativa ou judicialmente, quem deve ser acionado é o sujeito ativo da obrigação tributária. A exação deve ser contestada perante (esfera administrativa) ou contra (esfera judicial) a pessoa jurídica de direito público que está determinada na lei como sujeito ativo da obrigação tributária, mesmo que outro ente seja o detentor da competência tributária, ou seja, o destinatário do produto da arrecadação dos tributos. O Código Tributário Nacional no art. 120 dispõe sobre a sujei- ção ativa no caso de pessoa jurídica de direito público constituída a partir do desmembramento territorial de outra. Determina que “salvo disposição de lei em contrário, a pessoa jurídica de direito público, que se constituir pelo desmembramento territorial de ou- tra, sub-roga-se nos direitos desta, cuja legislação tributária aplica- rá até que entre em vigor a sua própria”. Portanto, se um Estado-membro ou um Município nasce pelo desmembramento de parte do território de outro, este novo ente torna-se o sujeito ativo das obrigações tributárias que lhe cabem em seu território, bem como empresta a legislação tributária da pessoa jurídica de direito público da qual se desmembrou até que legisle sobre a matéria, aplica-se esta norma se de maneira diversa não dispor a lei que criou o novo ente. A lei não tratou dos casos de fusão, incorporação ou duplo desmembramento. No caso da fusão, surge uma nova pessoa jurídica de direito público interno pela junção de duas outras, as quais deixam de existir. Na incorporação, uma pessoa jurídica de direito público in- corpora outra, deixando esta última de existir. No duplo desmembramento surge um novo ente político pelo desmembramento de parte do território de outros dois já existen- tes, os quais continuam existindo. O Código Tributário Nacional não contém regras para esses casos. Na hipótese da fusão e do duplo desmembramento, quando as legislações tributárias forem iguais nos territórios das pessoas jurídicas de direito público originárias, não haverá maiores proble- mas, aplica-se a regra do art. 120 do CTN. Didatismo e Conhecimento 15 DIREITO TRIBUTÁRIO Mas se as legislações tributárias forem diferentes a aplicação do art. 120 do CTN faz surgir um conflito de normas, uma vez que dentro de uma mesma unidade territorial aplicar-se-ão diferentes normas. A doutrina aponta duas possíveis e contrárias soluções: “Na hipótese de fusão ou de um novo ente político criado por desmem- bramento de mais de uma entidade, entendemos que a nova pes- soa política continuará aplicando as leis que estavam em vigor em cada porção do seu território, se e enquanto não editar sua própria legislação.” “Se a pessoa jurídica foi criada pelo desmembramento territo- rial de mais de uma outra, vale dizer, se um Estado foi criado pelo desmembramento territorial de mais de um outro, e se a legislação tributária destes é diferente, a lei de criação da nova entidade há de dispor expressamente a respeito de qual será a legislação aplicável pela entidade nova, evitando o conflito. Se não o fizer, aplica-se a legislação mais favorável aos sujeitos passivos, para que não haja tratamento discriminatório dentro de uma mesma unidade.” A última solução é mais consentânea com os princípios da igualdade e da anterioridade, os quais têm fundamental im- portância dentro do Sistema Tributário Nacional. SUJEITO PASSIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA O sujeito passivo é o devedor da obrigação tributária, é a pes- soa (física ou jurídica) que tem o dever de cumprir, em benefício do credor, a prestação que constitui o objeto da obrigação. Segundo o art. 121 do Código Tributário Nacional o sujeito passivo da obrigação tributária principal é a pessoa obrigada ao pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária (objetos da obri- gação tributária principal). Podendo ser: sujeito passivo CONTRIBUINTE quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; sujeito passivo RESPONSÁVEL quando sem reves- tir a condição de contribuinte, sua obrigação decorre de disposição expressa de lei. O sujeito passivo da obrigação acessória determina o art. 122 do Código Tributário Nacional, é a pessoa (física ou jurídica) obri- gada ao cumprimento de uma prestação positiva ou negativa insti- tuída em prol da administração ou fiscalização tributária (objeto da obrigação tributária acessória). Sendo a obrigação tributária uma obrigação ex lege, ou seja, que decorre diretamente da lei, a identificação dos seus elementos, inclusive do sujeito passivo, deve ser buscada no diploma legal que instituiu o tributo. O sujeito passivo deve sempre estar identi- ficado expressamente na lei. SUJEITO PASSIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL O sujeito passivo da obrigação tributária principal pode ser de duas espécies: contribuinte ou responsável. Ambos são devedores de quantia em dinheiro, visto que o ob- jeto da obrigação principal é sempre uma prestação em dinheiro (pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária). Importante destacar que o sujeito passivo da obrigação tribu- tária principal deve sempre ser buscado na lei de incidência do tri- buto, uma vez que é a lei que determina quem deve pagar o tributo ou a penalidade pecuniária. Dispõe o art. 121 do CTN que: “Art.121 Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou de penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se: I – contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II – responsável, quando, sem revestir a condição de contri- buinte, sua obrigação decorra expressamente da lei.” Conforme a natureza da relação que o sujeito passivo da obri- gação principal tenha com o fato gerador da mesma ele será: CONTRIBUINTE: possui uma relação pessoal
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