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Minha Disciplina - Análise de Cenários economicos

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Olá! Seja bem-vindo(a) à disciplina de Análise dos Cenários Econômicos. A partir dela você
passará a interligar assuntos relacionados à economia, os quais possibilitarão a realização de
análises mais completas sobre os cenários econômicos mediante tendências e acontecimentos
que ocorrem no mercado. Isso lhe permitirá consolidar conhecimentos sobre as relações
econômicas fundamentais.
Caro(a) estudante, ao ler este roteiro você irá:
entender sobre a dinâmica da economia;
relacionar as estruturas de mercado;
compreender a oferta e demanda;
entender as políticas �scal e monetária;
aprender sobre a política cambial.
Introdução
A economia estuda como as famílias e empresas tomam decisões. No contexto dessa relação,
há o governo, que age como um agente regulador do mercado, uma vez que este, muitas vezes,
não é capaz de autorregular-se. Assim, trataremos, neste material de estudos, a respeito dessas
relações em âmbitos micro e macroeconômico.
Análise dos Cenários Econômicos
Roteiro deRoteiro de 
EstudosEstudos
Autor: Dra. Marcela Gimenes Bera Oshita
Revisor: Esp. Rafael Vasconcelos
Aqui, você terá a oportunidade de entender a dinâmica econômica, relacionar as estruturas de
mercado, compreender a oferta e demanda, entender os aspectos relacionados às políticas
�scais e monetárias, e aprender sobre a política cambial. Assim, abordaremos as seguintes
questões:
i. O que é economia?
ii. Quem são os agentes econômicos?
iii. Quando eles se relacionam?
iv. Onde ocorrem as relações econômicas?
v. Por que os agentes econômicos se relacionam?
Economia
A economia é o estudo “da escassez dos recursos ou fatores de produção, associada às
necessidades ilimitadas do homem”, e se preocupa com “os chamados problemas econômicos
fundamentais: o que e quanto produzir? Como produzir? Para quem produzir?”
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 3).
Em decorrência da limitação de recursos de produção e de tantas possibilidades, a sociedade
precisa decidir o que fabricar e em quais quantidades. Além disso, precisa selecionar recursos
que serão empregados para a produção de bens e serviços, diante do nível tecnológico
existente. “A concorrência entre os diferentes produtores acaba decidindo como serão
produzidos os bens e serviços. Os produtores escolherão, entre os métodos mais e�cientes,
aquele que tiver o menor custo de produção possível” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p.4).
As decisões não param por aí, a�nal, é necessário de�nir, também, para quem produzir e como
será a distribuição dos resultados da produção:
A distribuição da renda dependerá não só da oferta e da demanda nos
mercados de serviços produtivos, ou seja, da determinação dos salários, das
rendas da terra, dos juros e dos benefícios do capital, mas também da
repartição inicial da propriedade e da maneira como ela se transmite por
herança (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p.4).
A forma como as sociedades decidem “os problemas econômicos fundamentais depende da
forma da organização econômica do país, ou seja, do sistema econômico de cada nação”
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 4).
O sistema econômico é entendido como a forma política, social e econômica ena qual está
organizada uma sociedade. “É um particular sistema de organização da produção, distribuição e
consumo de todos os bens e serviços que as pessoas utilizam buscando uma melhoria no
padrão de vida e bem-estar” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 4).
O estoque de recursos produtivos ou fatores de produção são elementos básicos de um
sistema econômico, que incluem o capital, a terra, as reservas naturais, os recursos humanos, a
tecnologia, bem como o “complexo de unidades de produção constituído pelas empresas;
conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais que são a base da organização
da sociedade” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 4).
Nesse sentido, os sistemas econômicos podem ser categorizados em:
sistema capitalista ou economia de mercado. É regido pelas forças de mercado,
predominando a livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de
produção; sistema socialista ou economia centralizada ou, ainda, economia
plani�cada. Nesse sistema as questões econômicas fundamentais são
resolvidas por um órgão central de planejamento, predominando a
propriedade pública dos fatores de produção, chamados nessas economias de
meios de produção, englobando os bens de capital, terra, prédios, bancos,
matérias-primas (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 4-5).
Para compreender o funcionamento do sistema econômico, imagine uma economia de
mercado que não possua interferência governamental nem comércio exterior, isto é, uma
economia fechada e sem governo, na qual os agentes econômicos são as famílias e as
empresas.
Numa economia de mercado, as famílias são proprietárias dos fatores de
produção e os fornecem às unidades de produção (empresas) no mercado dos
fatores de produção. As empresas combinam fatores de produção, produzem
bens e serviços e os fornecem às famílias no mercado de bens e serviços. Os
fatores de produção básicos são a mão de obra, a terra e o capital
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 9).
O �uxo real da economia é de�nido como a relação entre esses fatores de produção, bens e
serviços, em que, no mercado destes, “as famílias demandam bens e serviços, enquanto as
empresas os oferecem; no mercado de fatores de produção, as famílias oferecem os serviços
dos fatores de produção (que são de sua propriedade), enquanto as empresas os demandam”
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 9).
Os �uxos reais de�nem-se a partir de suprimentos de recursos de produção, de
seu emprego e de sua combinação pelas unidades de produção, �nalizando-se
com a resultante geração de bens e serviços intermediários e �nais.
Denominam-se reais por sua concretude física, representada, de um lado, pelo
p f p p
emprego efetivo de recursos produtivos e, de outro lado, pelos produtos
gerados, quer se destinem a reprocessamentos, ao consumo �nal ou ao
processo de acumulação (ROSSETTI, 2016, p.169).
“No entanto, o �uxo real da economia só se torna possível com a presença da moeda, que é
utilizada para o pagamento dos bens e serviços e para a remunera- ção dos fatores de
produção” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 9).
Os �uxos monetários de�nem-se como contrapartida dos �uxos reais.
Traduzem-se, de um lado, pelos pagamentos de remunerações aos recursos de
produção empregados; de outro lado, pelos preços pagos aos bens e serviços
adquiridos, independentemente de sua destinação (ROSSETTI, 2016, p. 169).
Assim, cada fator de produção corresponde a uma remuneração ao seu proprietário, conforme
é possível observar na Figura 1.
Figura 1 - Caracterização dos �uxos real e monetário, consideradas apenas duas categorias de agentes econômicos:
unidades familiares e empresas 
Fonte: Rossetti (2016, p. 170).
Sob a forma de �uxos monetários, a contraparte do uso de recursos de produção é sua
remuneração. Essa remuneração pode ser em forma de salário, juro, aluguel e lucro:
salário: remuneração aos proprietários do fator de produção mão de obra;
juro: remuneração aos proprietários do capital monetário, aplicado pelas
famílias nas empresas; aluguel: remuneração aos proprietários do fator terra
(também chamado de renda da terra); lucro: remuneração ao capital físico,
como prédios, máquinas e equipamentos. Inclui os dividendos pagos às famílias
como proprietários de empresas (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 10).
Os �uxos real e monetário se interligam, “esses dois agentes econômicos complementam-se e
se realimentam. No lado real se dá o emprego de recursos e o suprimento de bens e serviços.
No lado monetário se dá a remuneração dos recursos empregados e o pagamento pelos bens e
serviços adquiridos” (ROSSETTI, 2016, p. 170). Vejamos como esse processo ocorre na Figura 2.
Figura 2 - A interação das unidades familiares e das empresas: a interdependência dos �uxos reais e monetários
consolidados 
Fonte: Rossetti (2016, p. 171).
“Em cada um dos mercados atuam conjuntamente as forças da oferta e da demanda,
determinando o preço” (VASCONCELLOS;GARCIA, 2019, p. 11). Nesse sentido, no mercado de
bens e serviços são formados os preços dos bens e serviços; e os preços dos fatores de
produção são determinados no mercado de fatores de produção.
“No mercado de bens e serviços, determina-se ‘o que’ e ‘quanto’ produzir; no mercado de
fatores de produção, decide-se ‘para quem’ produzir. A questão de ‘como’ produzir é dada no
âmbito das empresas, pela sua e�ciência produtiva” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p.11).
A interligação entre os �uxos reais e monetários é conhecida também como �uxo básico, que
acontece entre famílias e empresas. Já o �uxo completo insere “o setor público, adicionando-se
o efeito dos impostos e dos gastos públicos ao �uxo anterior, bem como o setor externo, que
inclui todas as transações com mercadorias, serviços e o movimento �nanceiro com o resto do
mundo” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 11).
Estrutura de Mercado
As estruturas de mercado podem ser caracterizadas em: concorrência perfeita, monopólio,
oligopólio e concorrência monopolística. A concorrência perfeita é um tipo de mercado no qual
há grande número de vendedores (empresas), de tal modo que uma empresa, isoladamente,
não afeta a oferta do mercado nem, consequentemente, o preço de equilíbrio (VASCONCELLOS;
GARCIA, 2019). Esse mercado possui as seguintes premissas:
mercado atomizado, composto de grande número de empresas, como se
fossem “átomos”; produtos homogêneos: não existe diferenciação entre
produtos ofertados pelas empresas concorrentes; não existem barreiras para o
ingresso de empresas no mercado; transparência do mercado: todas as
informações sobre lucros, preços etc. são conhecidas por todos os participantes
do mercado (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p.92).
Em condições opostas ao mercado de concorrência perfeita, tem-se o mercado monopolista, no
qual há apenas uma empresa que domina todo o mercado. Por isso, o fator “concorrência” e o
produto substituto são inexistentes nesse mercado. Os consumidores se submetem às
condições colocadas pelo vendedor ou, então, não consumirão o produto. Assim, a demanda
de mercado tende a ser inelástica, pois, quando o preço aumentar, haverá uma pequena
LIVRO
Introdução à Economia
Autor: José Paschoal Rossetti
Editora: Atlas
Ano: 2016
Comentário: A leitura a seguir fornecerá um pouco mais de
orientação e auxílio para a compreensão e resolução da
situação-problema. Antes de fazer sua análise, leia atentamente
os capítulos oito e nove do texto proposto.
redução no consumo da mercadoria, o que resulta em aumento da receita total da empresa
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2019).
Em contrapartida, o oligopólio é de�nido como um pequeno número de empresas ofertantes
no mercado. “Ele pode ser de�nido como um mercado em que há pequeno número de
empresas, como a indústria automobilística, ou então em que há grande número de empresas,
mas poucas dominam o mercado” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 96). É possível
caracterizar oligopólios com produtos homogêneos (alumínio, cimento) e oligopólios com
produtos diferenciados (indústria automobilística).
Nos oligopólios, há empresas líderes que, via de regra, �xam o preço,
respeitando as estruturas de custos das demais, e há empresas satélites que
seguem as regras ditadas pelas líderes. Esse é um modelo chamado de
liderança de preços. Como exemplo, no Brasil, pode-se citar a indústria de
bebidas (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 96).
A concorrência monopolística, por sua vez, é uma estrutura de mercado que �ca entre a
concorrência perfeita e o monopólio, mas que não se mistura com o oligopólio. Conforme
Vasconcellos e Garcia (2019, p. 97), de�ne-se como um:
número relativamente grande de empresas com certo poder concorrencial,
porém com segmentos de mercados e produtos diferenciados, seja por
características físicas, embalagem, seja pela prestação de serviços
complementares (pós-venda); 
margem de manobra para �xação dos preços não muito ampla, uma vez que
existem produtos substitutos no mercado. Essas características acabam dando
um pequeno poder monopolista sobre o preço do produto, embora o mercado
seja competitivo (daí o nome concorrência monopolística, que é aparentemente
contraditório).
“Determinada patente ou determinado elemento de diferenciação pode signi�car, como de fato
signi�ca, certa monopolização. Mas, havendo outros concorrentes com bens ou serviços
similares e substitutos, haverá também concorrência” (ROSSETTI, 2016, p. 424). A seguir, o
Quadro 1 resume as principais diferenças entre as estruturas do mercado.
Estrutura/
características
Concorrência
perfeita Monopólio Oligopólio
Concorrência
monopolística
Número de
concorrentes
Muito grande;
mercado
perfeitamente
atomizado
Apenas um;
prevalece a
unicidade
Geralmente
pequeno
Grande;
prevalece a
competição
Produto ou
fator
Padronizado;
não há
quaisquer
diferenças
entre os
ofertados
Não tem
substitutos
satisfatórios ou
próximos
Pode ser
padronizado ou
diferenciado
Diferenciado; a
diferenciação é
o fator-chave.
Controle sobre
o preço ou
remuneração
Não há
qualquer
possibilidade
Muito alto,
sobretudo
quando não há
intervenções
corretivas
Di�cultado pela
interdependência
das concorrentes
rivais; amplia-se
quando ocorrem
conluios
Há
possibilidades,
mas são
limitadas pela
substituição;
diferenciação
possibilita
preços-prêmio
Concorrência
extrapreços
Não é
possível nem
seria e�caz
Admissível para
objetivos
institucionais
Vital, sobretudo
nos casos de
produtos
diferenciados
Decorrente da
diferenciação;
resulta de
fatores como
marca, imagem,
localização e
serviços
complementares
Condições de
ingressos
Não há
quaisquer
tipos de
obstáculos
Impossível; a
entrada de
concorrentes
implica
desaparecimento
do monopólio
Há consideráveis
obstáculos,
geralmente
derivados de
escalas e de
tecnologias de
produção
São
relativamente
fáceis
Informações Totaltransparência Opacidade
Há visibilidade,
embora limitada
pela rivalidade
Geralmente
amplas
Quadro 1 - Principais características das estruturas de mercado 
Fonte: Rossetti (2016, p. 171).
Prevalecem, ainda que em graus variados, situações con�ituosas de interesse em praticamente
todos os mercados. As próprias forças da oferta e da procura de�nem-se por pressupostos
con�ituosos (ROSSETTI, 2016, p. 425), uma vez que quem oferta deseja o preço mais alto e
quem procura quer pagar os preços mais baixos.
Oferta e Demanda
A demanda, ou procura, pode ser de�nida como a quantidade de certo bem ou serviço que os
consumidores desejam adquirir em determinado período (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p.
40). A oferta, por sua vez, depende de variáveis que in�uenciarão a decisão do consumidor:
As principais são o preço do bem ou serviço, o preço dos outros bens, a renda
do consumidor e as preferências e hábitos do indivíduo. Dependendo do
mercado a ser estudado, outras variáveis podem ser incluídas, tais como
fatores sazonais (demanda de sorvetes, por exemplo), localização dos
LIVRO
Introdução à Economia
Autor: N. G. Mankiw
Editora: Cengage
Ano: 2020
Comentário: A leitura a seguir fornecerá um pouco mais de
orientação e auxílio para a compreensão e resolução da
situação-problema. Antes de fazer sua análise, leia atentamente
os capítulos quatro a seis do texto proposto.
consumidores, disponibilidade de crédito etc. (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p.
40).
A lei da demanda é a “a�rmação de que, com tudo o mais mantido constante, a quantidade
demandada de um bem diminui quando o preço dele aumenta” (MANKIW, 2020, p. 56). Observe
que, na lei geral da demanda, “há uma relação inversamente proporcional entre a quantidade
procurada e o preço do bem, coeteris paribus” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 40). Nessa
relação, a curva de demanda é negativamente inclinada, uma vez que há o efeito substituição e
o efeito renda:
a) efeito substituição: se um bem X possui um bem substituto Y, ou seja, outro
bem similar que satisfaça a mesma necessidade, quando o preço do bem X
aumenta, coeteris paribus, o consumidor passa a adquirir o bem substituto (o
bem Y),reduzindo assim a demanda do bem X. Exemplo: se o preço da caixa de
fósforos subir demasiadamente, os consumidores passarão a demandar
isqueiros, reduzindo assim sua demanda por fósforo; 
b) efeito renda: quando aumenta o preço de um bem X, tudo o mais constante
(renda do consumidor e preços de outros bens estando constantes), o
consumidor perde poder aquisitivo, e a demanda por esse produto (X) diminui.
Assim, embora seu salário monetário não tenha sofrido nenhuma alteração,
seu salário “real”, em termos de poder de compra, foi corroído (VASCONCELLOS;
GARCIA, 2019, p.42).
Cabe destacar que há outras variáveis que afetam a demanda de um bem, como gostos,
expectativas, sazonalidades, marketing, marca etc.
Pode-se conceituar oferta como as várias quantidades que os produtores desejam oferecer ao
mercado em determinado período (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 45). A lei da oferta a�rma
que, “com tudo o mais mantido constante, a quantidade ofertada de um bem aumenta quando
seu preço aumenta [...] e quando o preço de um bem cai, a quantidade ofertada desse bem
também cai” (MANKIW, 2020, p. 60).
“Da mesma maneira que a demanda, a oferta depende de vários fatores, entre eles, de seu
próprio preço, do preço (custo) dos fatores de produção e das metas ou objetivos dos
empresários” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 45). Portanto, pode ser afetada pelos custos
das matérias-primas, salários dos funcionários, preço da terra, aumento da concorrência,
alterações tecnológicas etc. Assim, um aumento nos custos dos insumos de produção levará a
uma redução da quantidade ofertada, e, em contrapartida, uma queda no preço dos insumos
resultará no aumento de oferta.
Políticas Fiscal e Monetária
As políticas �scal e monetária possuem caráter intervencionista, uma vez que se caracterizam
pela intervenção do governo na economia. Tal intervenção busca corrigir as falhas de mercado,
visando a um crescimento econômico e/ou melhor distribuição de renda e maior bem-estar
social.
Esse pensamento intervencionista passou a ser amplamente difundido após a crise de 1929 da
bolsa de valores de Nova Iorque, quando a mão invisível do mercado, que rege as leis da oferta
e da demanda, não funcionava mais, pois a crise foi provocada por um excesso de oferta,
levando a uma queda nos preços.
No entanto, a queda não levou a um aumento na demanda na mesma proporção, o quer dizer
que, mesmo com a queda nos preços, os estoques das empresas ainda permaneciam altos.
Isso levou à demissão em massa de funcionários, que, desempregados, consumiam ainda
menos, resultando em uma queda ainda maior na demanda.
Nesse cenário, surgiu John M. Keynes com sua teoria intervencionista, destacando que, quando
o mercado não se ajusta sozinho, os governos podem intervir, mediante as políticas �scais e
monetárias. Nesse aspecto, a política �scal se refere aos instrumentos de que o governo dispõe
para arrecadar tributos e controlar suas despesas. Por sua vez, “a política monetária refere-se à
LIVRO
Fundamentos de Economia
Autores: Marcos Antonio Sandoval de Vasconcellos e Manuel
Enriquez Garcia
Editora: Saraiva
Ano: 2019
Comentário: A leitura a seguir fornecerá um pouco mais de
orientação e auxílio para a compreensão e resolução da
situação-problema. Antes de fazer sua análise, leia atentamente
o capítulo quatro do texto proposto.
atuação do governo sobre a quantidade de moeda e títulos públicos existentes na economia”
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 126).
Política Fiscal
Por um lado, em um contexto com desemprego de recursos quando a economia opera abaixo
de seu potencial, e há insu�ciência da demanda agregada com relação à produção de pleno
emprego, é necessário desenvolver políticas econômicas que recaiam sobre os elementos da
demanda agregada, que deve ser elevada, para que todo o produto potencial da economia
possa ser comprado (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019). Isso pode ser realizado a partir de
instrumentos de política �scal:
a) aumento dos gastos públicos; 
b) diminuição da carga tributária, estimulando as despesas de consumo e de
investimento; 
c) subsídios e estímulos às exportações, que elevam a demanda do setor
externo pela produção interna; 
d) tarifas e barreiras às importações, que protegem a produção nacional da
concorrência externa (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 180).
Por outro, em um contexto com in�ação em uma situação de desemprego, o hiato in�acionário
acontece quando a demanda agregada de bens e serviços ultrapassa a capacidade produtiva da
economia. Ou seja, a procura agregada está acima da oferta agregada (VASCONCELLOS;
GARCIA, 2019). Nesse caso, os instrumentos de política �scal seriam:
a) diminuição dos gastos públicos; 
b) elevação da carga tributária sobre bens de consumo, desestimulando os
gastos em consumo; 
c) elevação das importações, pela redução das tarifas e barreiras, o que
aumentaria o grau de abertura da economia para produtos estrangeiros,
acirrando a competitividade, inibindo elevações de preços internos
 (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 181).
Cabe destacar que medidas anti-in�acionárias surgem em caso de diagnóstico de in�ação de
demanda. Caso a in�ação seja de custos:
signi�ca que a produção está abaixo do pleno emprego, pois, como veremos
mais tarde, a in�ação de custos, ou de oferta, deve-se ao aumento dos custos
de produção, que retrai a produção agregada. Nesse caso, políticas de
contenção da demanda agregada apenas rebaixarão ainda mais o nível de
produção, aprofundando a crise de desemprego  (VASCONCELLOS; GARCIA,
2019, p. 182).
Política Monetária
Se a economia operar abaixo do pleno emprego de sua produção potencial, a curto prazo, é
importante estimular a demanda de bens e serviços para que as empresas tenham
compradores para sua produção (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019). Isso pode ser realizado por
uma política monetária expansionista, utilizando-se vários instrumentos, como:
● reduzir a taxa de juros básica (no Brasil, a taxa de juros Selic); 
● aumentar as emissões de moeda, na exata medida das necessidades dos
agentes econômicos, para não gerar in�ação; 
● diminuir a taxa do compulsório, ou seja, diminuir o percentual dos depósitos
que os bancos comerciais devem reter à ordem do Banco Central, o que
permitirá elevar o crédito bancário; 
● recomprar títulos públicos no mercado, ou seja, “trocar papel por moeda”, o
que elevará a quantidade de moeda disponível no mercado; 
● diminuir a regulamentação no mercado de crédito, principalmente nos limites
impostos aos prazos de empréstimos, ou no montante do crédito direto ao
consumidor etc.(VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 209).
Em uma política anti-in�acionária, de outra forma, deve focar-se no controle da demanda
agregada por meio de:
a) aumento da taxa de juros básica (Selic); 
b) controle das emissões pelo Banco Central; 
c) venda de títulos públicos, retirando moeda de circulação; 
d) elevação da taxa sobre as reservas compulsórias, diminuindo a
disponibilidade dos bancos comerciais de efetuar empréstimos ao setor
privado; 
e) alteração das normas e regulamentação da concessão de créditos,
diminuindo os prazos ou aumentando as exigências de contrapartida do
comprador no crédito direto ao consumidor (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p.
210).
Assim, a e�cácia das políticas monetária e �scal pode ser veri�cada considerando a sua
velocidade de implementação pelo nível de intervenção na economia e pela importância das
taxas de juros, bem como do multiplicador keynesiano (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019).
Política Cambial
O câmbio é uma operação �nanceira de troca entre duas moedas, por exemplo: real por dólar,
ou real por euro. Nesse aspecto, a taxa de câmbio é o preço da moeda nacional em termos de
moeda estrangeira. As políticas cambiais de cada país se baseiam no tipo de regime cambial,
que pode ser: regime cambial de taxas �xas de câmbio ou de taxas �utuantes.
No regime de taxas �xas de câmbio, “o Banco Central �xa antecipadamente a taxa de câmbio
com a qual o mercado deve operar” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 230). Ao �xar a taxa de
câmbio,o país é obrigado a disponibilizar as reservas para o mercado quando são exigidas
pelos exportadores, turistas ou devido às saídas de capital �nanceiro, a �m de atender às
regras �xadas pelo sistema �nanceiro internacional.
O regime de câmbio �xo foi adotado por países com elevadas taxas de in�ação
(Argentina, Brasil) principalmente nos anos 1980 e 1990, uma vez que, �xado o
valor da moeda estrangeira, em termos da moeda do país, o preço dos
produtos importados não se eleva com as variações cambiais (VASCONCELLOS;
GARCIA, 2019, p. 230).
A principal desvantagem do câmbio �xo é que, ao disponibilizar suas reservas cambiais, o país
�ca mais vulnerável a aumentos na demanda por moeda estrangeira, que podem ser
LIVRO
Introdução à Economia
Autor: N. G. Mankiw
Editora: Cengage
Ano: 2020
Comentário: A leitura a seguir fornecerá um pouco mais de
orientação e auxílio para a compreensão e resolução da
situação-problema. Antes de fazer sua análise, leia atentamente
o capítulo 34 do texto proposto.
originados por ataques especulativos e pagamentos elevados de dívidas externas.
Quando esses ataques ocorrem, o país, se mantiver o regime de câmbio �xo, vê-
se obrigado a manter elevadas taxas de juros, para evitar a saída de reservas,
atraindo capital �nanceiro internacional e desestimulando aplicações de
residentes do país em moeda estrangeira. Ou seja, a política monetária �ca
completamente amarrada à questão cambial, em vez de ser direcionada a
outros objetivos de política econômica (por exemplo, uma redução da taxa de
juros para estimular o crescimento e o emprego) (VASCONCELLOS; GARCIA,
2019, p. 230).  
O Banco Central não é obrigado a disponibilizar suas reservas cambiais no regime de câmbio
�utuante, uma vez que a taxa de câmbio é estabelecida pelo mercado de divisas, isto é, pela
oferta e demanda de moeda estrangeira.  
Com isso, as autoridades podem direcionar os instrumentos de política
monetária, principalmente a taxa de juros, para outros objetivos, como
estimular o nível de atividades e do emprego. O principal problema desse
sistema é que a taxa de câmbio pode tornar-se muito volátil, sujeita às
alterações do mercado �nanceiro nacional e internacional, inclusive
especulativas. Podem ocorrer rapidamente grandes desvalorizações cambiais,
que elevam os preços dos produtos importados, e consequentemente
impactando a taxa de in�ação do país (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 231).
Cabe destacar que, no regime de câmbio �utuante, o Banco Central acaba por interferir de
forma indireta na taxa de câmbio, mediante a “compra e venda de divisas no mercado,
mantendo-a dentro de níveis que julga adequados, dependendo dos objetivos gerais de política
econômica” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 231).
Observe, no Quadro 2, as diferenças entre os regimes cambiais �xo e �utuante.
Quadro 2 - Regimes Cambiais 
Fonte: Vasconcellos e Garcia (2019, p. 231).
O Banco Central interfere no mercado de câmbio ofertando dólares, por exemplo, se a taxa de
câmbio estiver muito elevada e pressionando a in�ação. Já se a taxa estiver muito baixa, “e o
objetivo for estimular as exportações, o Banco Central compra dólares no mercado, elevando
sua cotação. Esse fato é chamado de �utuação suja, ou dirty �oating, e é o regime cambial
adotado pela maioria dos países” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 231).
  Câmbio �xo Câmbio �utuante
Características
- Banco Central �xa a taxa
de câmbio. 
- Banco Central é obrigado
a disponibilizar as reservas
cambiais.
- O mercado (oferta e
demanda de divisas)
determina a taxa de câmbio. 
- Banco Central não é
obrigado a disponibilizar as
reservas cambiais.
Vantagens
- Maior controle da
in�ação (custos das
importações estáveis).
- Política monetária mais
independente do câmbio. 
- Reservas cambiais mais
protegidas de ataques
especulativos.
Desvantagens
- Reservas cambiais
vulneráveis a ataques
especulativos. 
- A política monetária (taxa
de juros) �ca dependente
do volume de reservas
cambiais.
- A taxa de câmbio �ca muito
dependente da volatilidade
do mercado �nanceiro
nacional e internacional. 
- Maior di�culdade de
controle das pressões
in�acionárias devido às
desvalorizações cambiais
(pass-through).
Conclusão
A partir deste roteiro de estudos foi possível abordar assuntos econômicos de forma mais
interligada, de modo a proporcionar que você, estudante, desenvolva análises sobre os
cenários econômicos. Em um cenário in�acionário, por exemplo, sabe-se que o governo pode
empregar políticas �scais e monetárias a �m de realizar uma contração de demanda. Já em um
cenário de desemprego de recursos, é necessário estimular a demanda agregada mediante tais
políticas.
Nesse contexto, constatou-se que o governo age como um agente regulador do mercado, uma
vez que este, muitas vezes, não é capaz de autorregular-se. Assim, foi possível aprender sobre a
dinâmica econômica, compreendendo as estruturas de mercado e a relação entre oferta e
demanda. Além disso, foram estudadas as políticas �scal, monetária e cambial.
Referências Bibliográ�cas
MANKIW, N. G. Introdução à Economia. São Paulo: Cengage, 2020.
LIVRO
Fundamentos de Economia
Autor: Marcos Antonio Sandoval de Vasconcellos e Manuel
Enriquez Garcia
Editora: Saraiva
Ano: 2019
Comentário: A leitura a seguir fornecerá um pouco mais de
orientação e auxílio para a compreensão e resolução da
situação-problema. Antes de fazer sua análise, leia atentamente
o capítulo 12 do texto proposto.
ROSSETTI,  J. P. Introdução à Economia. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2016.
VASCONCELLOS, A. S. de.; GARCIA, M. E. Fundamentos de Economia. 6. ed. São Paulo: Saraiva,
2019.

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