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Olá! Seja bem-vindo(a) à disciplina de Análise dos Cenários Econômicos. A partir dela você passará a interligar assuntos relacionados à economia, os quais possibilitarão a realização de análises mais completas sobre os cenários econômicos mediante tendências e acontecimentos que ocorrem no mercado. Isso lhe permitirá consolidar conhecimentos sobre as relações econômicas fundamentais. Caro(a) estudante, ao ler este roteiro você irá: entender sobre a dinâmica da economia; relacionar as estruturas de mercado; compreender a oferta e demanda; entender as políticas �scal e monetária; aprender sobre a política cambial. Introdução A economia estuda como as famílias e empresas tomam decisões. No contexto dessa relação, há o governo, que age como um agente regulador do mercado, uma vez que este, muitas vezes, não é capaz de autorregular-se. Assim, trataremos, neste material de estudos, a respeito dessas relações em âmbitos micro e macroeconômico. Análise dos Cenários Econômicos Roteiro deRoteiro de EstudosEstudos Autor: Dra. Marcela Gimenes Bera Oshita Revisor: Esp. Rafael Vasconcelos Aqui, você terá a oportunidade de entender a dinâmica econômica, relacionar as estruturas de mercado, compreender a oferta e demanda, entender os aspectos relacionados às políticas �scais e monetárias, e aprender sobre a política cambial. Assim, abordaremos as seguintes questões: i. O que é economia? ii. Quem são os agentes econômicos? iii. Quando eles se relacionam? iv. Onde ocorrem as relações econômicas? v. Por que os agentes econômicos se relacionam? Economia A economia é o estudo “da escassez dos recursos ou fatores de produção, associada às necessidades ilimitadas do homem”, e se preocupa com “os chamados problemas econômicos fundamentais: o que e quanto produzir? Como produzir? Para quem produzir?” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 3). Em decorrência da limitação de recursos de produção e de tantas possibilidades, a sociedade precisa decidir o que fabricar e em quais quantidades. Além disso, precisa selecionar recursos que serão empregados para a produção de bens e serviços, diante do nível tecnológico existente. “A concorrência entre os diferentes produtores acaba decidindo como serão produzidos os bens e serviços. Os produtores escolherão, entre os métodos mais e�cientes, aquele que tiver o menor custo de produção possível” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p.4). As decisões não param por aí, a�nal, é necessário de�nir, também, para quem produzir e como será a distribuição dos resultados da produção: A distribuição da renda dependerá não só da oferta e da demanda nos mercados de serviços produtivos, ou seja, da determinação dos salários, das rendas da terra, dos juros e dos benefícios do capital, mas também da repartição inicial da propriedade e da maneira como ela se transmite por herança (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p.4). A forma como as sociedades decidem “os problemas econômicos fundamentais depende da forma da organização econômica do país, ou seja, do sistema econômico de cada nação” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 4). O sistema econômico é entendido como a forma política, social e econômica ena qual está organizada uma sociedade. “É um particular sistema de organização da produção, distribuição e consumo de todos os bens e serviços que as pessoas utilizam buscando uma melhoria no padrão de vida e bem-estar” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 4). O estoque de recursos produtivos ou fatores de produção são elementos básicos de um sistema econômico, que incluem o capital, a terra, as reservas naturais, os recursos humanos, a tecnologia, bem como o “complexo de unidades de produção constituído pelas empresas; conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais que são a base da organização da sociedade” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 4). Nesse sentido, os sistemas econômicos podem ser categorizados em: sistema capitalista ou economia de mercado. É regido pelas forças de mercado, predominando a livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produção; sistema socialista ou economia centralizada ou, ainda, economia plani�cada. Nesse sistema as questões econômicas fundamentais são resolvidas por um órgão central de planejamento, predominando a propriedade pública dos fatores de produção, chamados nessas economias de meios de produção, englobando os bens de capital, terra, prédios, bancos, matérias-primas (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 4-5). Para compreender o funcionamento do sistema econômico, imagine uma economia de mercado que não possua interferência governamental nem comércio exterior, isto é, uma economia fechada e sem governo, na qual os agentes econômicos são as famílias e as empresas. Numa economia de mercado, as famílias são proprietárias dos fatores de produção e os fornecem às unidades de produção (empresas) no mercado dos fatores de produção. As empresas combinam fatores de produção, produzem bens e serviços e os fornecem às famílias no mercado de bens e serviços. Os fatores de produção básicos são a mão de obra, a terra e o capital (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 9). O �uxo real da economia é de�nido como a relação entre esses fatores de produção, bens e serviços, em que, no mercado destes, “as famílias demandam bens e serviços, enquanto as empresas os oferecem; no mercado de fatores de produção, as famílias oferecem os serviços dos fatores de produção (que são de sua propriedade), enquanto as empresas os demandam” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 9). Os �uxos reais de�nem-se a partir de suprimentos de recursos de produção, de seu emprego e de sua combinação pelas unidades de produção, �nalizando-se com a resultante geração de bens e serviços intermediários e �nais. Denominam-se reais por sua concretude física, representada, de um lado, pelo p f p p emprego efetivo de recursos produtivos e, de outro lado, pelos produtos gerados, quer se destinem a reprocessamentos, ao consumo �nal ou ao processo de acumulação (ROSSETTI, 2016, p.169). “No entanto, o �uxo real da economia só se torna possível com a presença da moeda, que é utilizada para o pagamento dos bens e serviços e para a remunera- ção dos fatores de produção” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 9). Os �uxos monetários de�nem-se como contrapartida dos �uxos reais. Traduzem-se, de um lado, pelos pagamentos de remunerações aos recursos de produção empregados; de outro lado, pelos preços pagos aos bens e serviços adquiridos, independentemente de sua destinação (ROSSETTI, 2016, p. 169). Assim, cada fator de produção corresponde a uma remuneração ao seu proprietário, conforme é possível observar na Figura 1. Figura 1 - Caracterização dos �uxos real e monetário, consideradas apenas duas categorias de agentes econômicos: unidades familiares e empresas Fonte: Rossetti (2016, p. 170). Sob a forma de �uxos monetários, a contraparte do uso de recursos de produção é sua remuneração. Essa remuneração pode ser em forma de salário, juro, aluguel e lucro: salário: remuneração aos proprietários do fator de produção mão de obra; juro: remuneração aos proprietários do capital monetário, aplicado pelas famílias nas empresas; aluguel: remuneração aos proprietários do fator terra (também chamado de renda da terra); lucro: remuneração ao capital físico, como prédios, máquinas e equipamentos. Inclui os dividendos pagos às famílias como proprietários de empresas (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 10). Os �uxos real e monetário se interligam, “esses dois agentes econômicos complementam-se e se realimentam. No lado real se dá o emprego de recursos e o suprimento de bens e serviços. No lado monetário se dá a remuneração dos recursos empregados e o pagamento pelos bens e serviços adquiridos” (ROSSETTI, 2016, p. 170). Vejamos como esse processo ocorre na Figura 2. Figura 2 - A interação das unidades familiares e das empresas: a interdependência dos �uxos reais e monetários consolidados Fonte: Rossetti (2016, p. 171). “Em cada um dos mercados atuam conjuntamente as forças da oferta e da demanda, determinando o preço” (VASCONCELLOS;GARCIA, 2019, p. 11). Nesse sentido, no mercado de bens e serviços são formados os preços dos bens e serviços; e os preços dos fatores de produção são determinados no mercado de fatores de produção. “No mercado de bens e serviços, determina-se ‘o que’ e ‘quanto’ produzir; no mercado de fatores de produção, decide-se ‘para quem’ produzir. A questão de ‘como’ produzir é dada no âmbito das empresas, pela sua e�ciência produtiva” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p.11). A interligação entre os �uxos reais e monetários é conhecida também como �uxo básico, que acontece entre famílias e empresas. Já o �uxo completo insere “o setor público, adicionando-se o efeito dos impostos e dos gastos públicos ao �uxo anterior, bem como o setor externo, que inclui todas as transações com mercadorias, serviços e o movimento �nanceiro com o resto do mundo” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 11). Estrutura de Mercado As estruturas de mercado podem ser caracterizadas em: concorrência perfeita, monopólio, oligopólio e concorrência monopolística. A concorrência perfeita é um tipo de mercado no qual há grande número de vendedores (empresas), de tal modo que uma empresa, isoladamente, não afeta a oferta do mercado nem, consequentemente, o preço de equilíbrio (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019). Esse mercado possui as seguintes premissas: mercado atomizado, composto de grande número de empresas, como se fossem “átomos”; produtos homogêneos: não existe diferenciação entre produtos ofertados pelas empresas concorrentes; não existem barreiras para o ingresso de empresas no mercado; transparência do mercado: todas as informações sobre lucros, preços etc. são conhecidas por todos os participantes do mercado (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p.92). Em condições opostas ao mercado de concorrência perfeita, tem-se o mercado monopolista, no qual há apenas uma empresa que domina todo o mercado. Por isso, o fator “concorrência” e o produto substituto são inexistentes nesse mercado. Os consumidores se submetem às condições colocadas pelo vendedor ou, então, não consumirão o produto. Assim, a demanda de mercado tende a ser inelástica, pois, quando o preço aumentar, haverá uma pequena LIVRO Introdução à Economia Autor: José Paschoal Rossetti Editora: Atlas Ano: 2016 Comentário: A leitura a seguir fornecerá um pouco mais de orientação e auxílio para a compreensão e resolução da situação-problema. Antes de fazer sua análise, leia atentamente os capítulos oito e nove do texto proposto. redução no consumo da mercadoria, o que resulta em aumento da receita total da empresa (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019). Em contrapartida, o oligopólio é de�nido como um pequeno número de empresas ofertantes no mercado. “Ele pode ser de�nido como um mercado em que há pequeno número de empresas, como a indústria automobilística, ou então em que há grande número de empresas, mas poucas dominam o mercado” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 96). É possível caracterizar oligopólios com produtos homogêneos (alumínio, cimento) e oligopólios com produtos diferenciados (indústria automobilística). Nos oligopólios, há empresas líderes que, via de regra, �xam o preço, respeitando as estruturas de custos das demais, e há empresas satélites que seguem as regras ditadas pelas líderes. Esse é um modelo chamado de liderança de preços. Como exemplo, no Brasil, pode-se citar a indústria de bebidas (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 96). A concorrência monopolística, por sua vez, é uma estrutura de mercado que �ca entre a concorrência perfeita e o monopólio, mas que não se mistura com o oligopólio. Conforme Vasconcellos e Garcia (2019, p. 97), de�ne-se como um: número relativamente grande de empresas com certo poder concorrencial, porém com segmentos de mercados e produtos diferenciados, seja por características físicas, embalagem, seja pela prestação de serviços complementares (pós-venda); margem de manobra para �xação dos preços não muito ampla, uma vez que existem produtos substitutos no mercado. Essas características acabam dando um pequeno poder monopolista sobre o preço do produto, embora o mercado seja competitivo (daí o nome concorrência monopolística, que é aparentemente contraditório). “Determinada patente ou determinado elemento de diferenciação pode signi�car, como de fato signi�ca, certa monopolização. Mas, havendo outros concorrentes com bens ou serviços similares e substitutos, haverá também concorrência” (ROSSETTI, 2016, p. 424). A seguir, o Quadro 1 resume as principais diferenças entre as estruturas do mercado. Estrutura/ características Concorrência perfeita Monopólio Oligopólio Concorrência monopolística Número de concorrentes Muito grande; mercado perfeitamente atomizado Apenas um; prevalece a unicidade Geralmente pequeno Grande; prevalece a competição Produto ou fator Padronizado; não há quaisquer diferenças entre os ofertados Não tem substitutos satisfatórios ou próximos Pode ser padronizado ou diferenciado Diferenciado; a diferenciação é o fator-chave. Controle sobre o preço ou remuneração Não há qualquer possibilidade Muito alto, sobretudo quando não há intervenções corretivas Di�cultado pela interdependência das concorrentes rivais; amplia-se quando ocorrem conluios Há possibilidades, mas são limitadas pela substituição; diferenciação possibilita preços-prêmio Concorrência extrapreços Não é possível nem seria e�caz Admissível para objetivos institucionais Vital, sobretudo nos casos de produtos diferenciados Decorrente da diferenciação; resulta de fatores como marca, imagem, localização e serviços complementares Condições de ingressos Não há quaisquer tipos de obstáculos Impossível; a entrada de concorrentes implica desaparecimento do monopólio Há consideráveis obstáculos, geralmente derivados de escalas e de tecnologias de produção São relativamente fáceis Informações Totaltransparência Opacidade Há visibilidade, embora limitada pela rivalidade Geralmente amplas Quadro 1 - Principais características das estruturas de mercado Fonte: Rossetti (2016, p. 171). Prevalecem, ainda que em graus variados, situações con�ituosas de interesse em praticamente todos os mercados. As próprias forças da oferta e da procura de�nem-se por pressupostos con�ituosos (ROSSETTI, 2016, p. 425), uma vez que quem oferta deseja o preço mais alto e quem procura quer pagar os preços mais baixos. Oferta e Demanda A demanda, ou procura, pode ser de�nida como a quantidade de certo bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir em determinado período (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 40). A oferta, por sua vez, depende de variáveis que in�uenciarão a decisão do consumidor: As principais são o preço do bem ou serviço, o preço dos outros bens, a renda do consumidor e as preferências e hábitos do indivíduo. Dependendo do mercado a ser estudado, outras variáveis podem ser incluídas, tais como fatores sazonais (demanda de sorvetes, por exemplo), localização dos LIVRO Introdução à Economia Autor: N. G. Mankiw Editora: Cengage Ano: 2020 Comentário: A leitura a seguir fornecerá um pouco mais de orientação e auxílio para a compreensão e resolução da situação-problema. Antes de fazer sua análise, leia atentamente os capítulos quatro a seis do texto proposto. consumidores, disponibilidade de crédito etc. (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 40). A lei da demanda é a “a�rmação de que, com tudo o mais mantido constante, a quantidade demandada de um bem diminui quando o preço dele aumenta” (MANKIW, 2020, p. 56). Observe que, na lei geral da demanda, “há uma relação inversamente proporcional entre a quantidade procurada e o preço do bem, coeteris paribus” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 40). Nessa relação, a curva de demanda é negativamente inclinada, uma vez que há o efeito substituição e o efeito renda: a) efeito substituição: se um bem X possui um bem substituto Y, ou seja, outro bem similar que satisfaça a mesma necessidade, quando o preço do bem X aumenta, coeteris paribus, o consumidor passa a adquirir o bem substituto (o bem Y),reduzindo assim a demanda do bem X. Exemplo: se o preço da caixa de fósforos subir demasiadamente, os consumidores passarão a demandar isqueiros, reduzindo assim sua demanda por fósforo; b) efeito renda: quando aumenta o preço de um bem X, tudo o mais constante (renda do consumidor e preços de outros bens estando constantes), o consumidor perde poder aquisitivo, e a demanda por esse produto (X) diminui. Assim, embora seu salário monetário não tenha sofrido nenhuma alteração, seu salário “real”, em termos de poder de compra, foi corroído (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p.42). Cabe destacar que há outras variáveis que afetam a demanda de um bem, como gostos, expectativas, sazonalidades, marketing, marca etc. Pode-se conceituar oferta como as várias quantidades que os produtores desejam oferecer ao mercado em determinado período (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 45). A lei da oferta a�rma que, “com tudo o mais mantido constante, a quantidade ofertada de um bem aumenta quando seu preço aumenta [...] e quando o preço de um bem cai, a quantidade ofertada desse bem também cai” (MANKIW, 2020, p. 60). “Da mesma maneira que a demanda, a oferta depende de vários fatores, entre eles, de seu próprio preço, do preço (custo) dos fatores de produção e das metas ou objetivos dos empresários” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 45). Portanto, pode ser afetada pelos custos das matérias-primas, salários dos funcionários, preço da terra, aumento da concorrência, alterações tecnológicas etc. Assim, um aumento nos custos dos insumos de produção levará a uma redução da quantidade ofertada, e, em contrapartida, uma queda no preço dos insumos resultará no aumento de oferta. Políticas Fiscal e Monetária As políticas �scal e monetária possuem caráter intervencionista, uma vez que se caracterizam pela intervenção do governo na economia. Tal intervenção busca corrigir as falhas de mercado, visando a um crescimento econômico e/ou melhor distribuição de renda e maior bem-estar social. Esse pensamento intervencionista passou a ser amplamente difundido após a crise de 1929 da bolsa de valores de Nova Iorque, quando a mão invisível do mercado, que rege as leis da oferta e da demanda, não funcionava mais, pois a crise foi provocada por um excesso de oferta, levando a uma queda nos preços. No entanto, a queda não levou a um aumento na demanda na mesma proporção, o quer dizer que, mesmo com a queda nos preços, os estoques das empresas ainda permaneciam altos. Isso levou à demissão em massa de funcionários, que, desempregados, consumiam ainda menos, resultando em uma queda ainda maior na demanda. Nesse cenário, surgiu John M. Keynes com sua teoria intervencionista, destacando que, quando o mercado não se ajusta sozinho, os governos podem intervir, mediante as políticas �scais e monetárias. Nesse aspecto, a política �scal se refere aos instrumentos de que o governo dispõe para arrecadar tributos e controlar suas despesas. Por sua vez, “a política monetária refere-se à LIVRO Fundamentos de Economia Autores: Marcos Antonio Sandoval de Vasconcellos e Manuel Enriquez Garcia Editora: Saraiva Ano: 2019 Comentário: A leitura a seguir fornecerá um pouco mais de orientação e auxílio para a compreensão e resolução da situação-problema. Antes de fazer sua análise, leia atentamente o capítulo quatro do texto proposto. atuação do governo sobre a quantidade de moeda e títulos públicos existentes na economia” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 126). Política Fiscal Por um lado, em um contexto com desemprego de recursos quando a economia opera abaixo de seu potencial, e há insu�ciência da demanda agregada com relação à produção de pleno emprego, é necessário desenvolver políticas econômicas que recaiam sobre os elementos da demanda agregada, que deve ser elevada, para que todo o produto potencial da economia possa ser comprado (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019). Isso pode ser realizado a partir de instrumentos de política �scal: a) aumento dos gastos públicos; b) diminuição da carga tributária, estimulando as despesas de consumo e de investimento; c) subsídios e estímulos às exportações, que elevam a demanda do setor externo pela produção interna; d) tarifas e barreiras às importações, que protegem a produção nacional da concorrência externa (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 180). Por outro, em um contexto com in�ação em uma situação de desemprego, o hiato in�acionário acontece quando a demanda agregada de bens e serviços ultrapassa a capacidade produtiva da economia. Ou seja, a procura agregada está acima da oferta agregada (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019). Nesse caso, os instrumentos de política �scal seriam: a) diminuição dos gastos públicos; b) elevação da carga tributária sobre bens de consumo, desestimulando os gastos em consumo; c) elevação das importações, pela redução das tarifas e barreiras, o que aumentaria o grau de abertura da economia para produtos estrangeiros, acirrando a competitividade, inibindo elevações de preços internos (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 181). Cabe destacar que medidas anti-in�acionárias surgem em caso de diagnóstico de in�ação de demanda. Caso a in�ação seja de custos: signi�ca que a produção está abaixo do pleno emprego, pois, como veremos mais tarde, a in�ação de custos, ou de oferta, deve-se ao aumento dos custos de produção, que retrai a produção agregada. Nesse caso, políticas de contenção da demanda agregada apenas rebaixarão ainda mais o nível de produção, aprofundando a crise de desemprego (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 182). Política Monetária Se a economia operar abaixo do pleno emprego de sua produção potencial, a curto prazo, é importante estimular a demanda de bens e serviços para que as empresas tenham compradores para sua produção (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019). Isso pode ser realizado por uma política monetária expansionista, utilizando-se vários instrumentos, como: ● reduzir a taxa de juros básica (no Brasil, a taxa de juros Selic); ● aumentar as emissões de moeda, na exata medida das necessidades dos agentes econômicos, para não gerar in�ação; ● diminuir a taxa do compulsório, ou seja, diminuir o percentual dos depósitos que os bancos comerciais devem reter à ordem do Banco Central, o que permitirá elevar o crédito bancário; ● recomprar títulos públicos no mercado, ou seja, “trocar papel por moeda”, o que elevará a quantidade de moeda disponível no mercado; ● diminuir a regulamentação no mercado de crédito, principalmente nos limites impostos aos prazos de empréstimos, ou no montante do crédito direto ao consumidor etc.(VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 209). Em uma política anti-in�acionária, de outra forma, deve focar-se no controle da demanda agregada por meio de: a) aumento da taxa de juros básica (Selic); b) controle das emissões pelo Banco Central; c) venda de títulos públicos, retirando moeda de circulação; d) elevação da taxa sobre as reservas compulsórias, diminuindo a disponibilidade dos bancos comerciais de efetuar empréstimos ao setor privado; e) alteração das normas e regulamentação da concessão de créditos, diminuindo os prazos ou aumentando as exigências de contrapartida do comprador no crédito direto ao consumidor (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 210). Assim, a e�cácia das políticas monetária e �scal pode ser veri�cada considerando a sua velocidade de implementação pelo nível de intervenção na economia e pela importância das taxas de juros, bem como do multiplicador keynesiano (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019). Política Cambial O câmbio é uma operação �nanceira de troca entre duas moedas, por exemplo: real por dólar, ou real por euro. Nesse aspecto, a taxa de câmbio é o preço da moeda nacional em termos de moeda estrangeira. As políticas cambiais de cada país se baseiam no tipo de regime cambial, que pode ser: regime cambial de taxas �xas de câmbio ou de taxas �utuantes. No regime de taxas �xas de câmbio, “o Banco Central �xa antecipadamente a taxa de câmbio com a qual o mercado deve operar” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 230). Ao �xar a taxa de câmbio,o país é obrigado a disponibilizar as reservas para o mercado quando são exigidas pelos exportadores, turistas ou devido às saídas de capital �nanceiro, a �m de atender às regras �xadas pelo sistema �nanceiro internacional. O regime de câmbio �xo foi adotado por países com elevadas taxas de in�ação (Argentina, Brasil) principalmente nos anos 1980 e 1990, uma vez que, �xado o valor da moeda estrangeira, em termos da moeda do país, o preço dos produtos importados não se eleva com as variações cambiais (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 230). A principal desvantagem do câmbio �xo é que, ao disponibilizar suas reservas cambiais, o país �ca mais vulnerável a aumentos na demanda por moeda estrangeira, que podem ser LIVRO Introdução à Economia Autor: N. G. Mankiw Editora: Cengage Ano: 2020 Comentário: A leitura a seguir fornecerá um pouco mais de orientação e auxílio para a compreensão e resolução da situação-problema. Antes de fazer sua análise, leia atentamente o capítulo 34 do texto proposto. originados por ataques especulativos e pagamentos elevados de dívidas externas. Quando esses ataques ocorrem, o país, se mantiver o regime de câmbio �xo, vê- se obrigado a manter elevadas taxas de juros, para evitar a saída de reservas, atraindo capital �nanceiro internacional e desestimulando aplicações de residentes do país em moeda estrangeira. Ou seja, a política monetária �ca completamente amarrada à questão cambial, em vez de ser direcionada a outros objetivos de política econômica (por exemplo, uma redução da taxa de juros para estimular o crescimento e o emprego) (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 230). O Banco Central não é obrigado a disponibilizar suas reservas cambiais no regime de câmbio �utuante, uma vez que a taxa de câmbio é estabelecida pelo mercado de divisas, isto é, pela oferta e demanda de moeda estrangeira. Com isso, as autoridades podem direcionar os instrumentos de política monetária, principalmente a taxa de juros, para outros objetivos, como estimular o nível de atividades e do emprego. O principal problema desse sistema é que a taxa de câmbio pode tornar-se muito volátil, sujeita às alterações do mercado �nanceiro nacional e internacional, inclusive especulativas. Podem ocorrer rapidamente grandes desvalorizações cambiais, que elevam os preços dos produtos importados, e consequentemente impactando a taxa de in�ação do país (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 231). Cabe destacar que, no regime de câmbio �utuante, o Banco Central acaba por interferir de forma indireta na taxa de câmbio, mediante a “compra e venda de divisas no mercado, mantendo-a dentro de níveis que julga adequados, dependendo dos objetivos gerais de política econômica” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 231). Observe, no Quadro 2, as diferenças entre os regimes cambiais �xo e �utuante. Quadro 2 - Regimes Cambiais Fonte: Vasconcellos e Garcia (2019, p. 231). O Banco Central interfere no mercado de câmbio ofertando dólares, por exemplo, se a taxa de câmbio estiver muito elevada e pressionando a in�ação. Já se a taxa estiver muito baixa, “e o objetivo for estimular as exportações, o Banco Central compra dólares no mercado, elevando sua cotação. Esse fato é chamado de �utuação suja, ou dirty �oating, e é o regime cambial adotado pela maioria dos países” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 231). Câmbio �xo Câmbio �utuante Características - Banco Central �xa a taxa de câmbio. - Banco Central é obrigado a disponibilizar as reservas cambiais. - O mercado (oferta e demanda de divisas) determina a taxa de câmbio. - Banco Central não é obrigado a disponibilizar as reservas cambiais. Vantagens - Maior controle da in�ação (custos das importações estáveis). - Política monetária mais independente do câmbio. - Reservas cambiais mais protegidas de ataques especulativos. Desvantagens - Reservas cambiais vulneráveis a ataques especulativos. - A política monetária (taxa de juros) �ca dependente do volume de reservas cambiais. - A taxa de câmbio �ca muito dependente da volatilidade do mercado �nanceiro nacional e internacional. - Maior di�culdade de controle das pressões in�acionárias devido às desvalorizações cambiais (pass-through). Conclusão A partir deste roteiro de estudos foi possível abordar assuntos econômicos de forma mais interligada, de modo a proporcionar que você, estudante, desenvolva análises sobre os cenários econômicos. Em um cenário in�acionário, por exemplo, sabe-se que o governo pode empregar políticas �scais e monetárias a �m de realizar uma contração de demanda. Já em um cenário de desemprego de recursos, é necessário estimular a demanda agregada mediante tais políticas. Nesse contexto, constatou-se que o governo age como um agente regulador do mercado, uma vez que este, muitas vezes, não é capaz de autorregular-se. Assim, foi possível aprender sobre a dinâmica econômica, compreendendo as estruturas de mercado e a relação entre oferta e demanda. Além disso, foram estudadas as políticas �scal, monetária e cambial. Referências Bibliográ�cas MANKIW, N. G. Introdução à Economia. São Paulo: Cengage, 2020. LIVRO Fundamentos de Economia Autor: Marcos Antonio Sandoval de Vasconcellos e Manuel Enriquez Garcia Editora: Saraiva Ano: 2019 Comentário: A leitura a seguir fornecerá um pouco mais de orientação e auxílio para a compreensão e resolução da situação-problema. Antes de fazer sua análise, leia atentamente o capítulo 12 do texto proposto. ROSSETTI, J. P. Introdução à Economia. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2016. VASCONCELLOS, A. S. de.; GARCIA, M. E. Fundamentos de Economia. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
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