Buscar

Aula 4-Pensamento Filosófico e os problemas éticos; diferença entre ética e moral

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Ética e Cidadania 
Aula 4-Pensamento Filosófico e os problemas éticos; diferença entre ética e moral
Quadro das doutrinas éticas fundamentais ao longo da História da Filosofia
Na nossa aula 3, começamos a estudar o quadro das doutrinas éticas fundamentais ao longo da História da Filosofia. 
Passamos, então, pelo pensamento grego, pelo Cristianismo, estudamos as concepções de Rousseau sobre a “moral 
do coração”e as ideias de Imanuel Kant sobre a ética.
 
Nesta aula, seguiremos analisando as principais doutrinas éticas no decorrer da História. Mas primeiro precisamos entender alguns elementos relevantes para os nossos estudos.
 
Vamos agora refletir sobre uma das principais questões quando se trata da nossa temática. 
Quais são os constituintes do campo ético?
Características do agente consciente
Segundo Marilena Chauí, para que haja conduta ética, é necessário existir o agente consciente.
Quais as características desse agente?
Ele conhece a diferença entre o bem e o mal, o certo e o errado, o permitido e o proibido, a virtude e o vício.
 
Dotado de consciência moral, esse sujeito é capaz de deliberar diante de alternativas possíveis, a partir de avaliações sobre o valor dos atos e condutas e de agir em conformidade com os valores morais, tendo responsabilidade por suas ações e seus sentimentos e pelas consequências sobre o que faz e sente.
 
Aqui, é importante frisar que “consciência e responsabilidade são condições indispensáveis da vida ética” (Chauí, p. 383).
 
Consciência e vontade
Vamos entender cada uma: 
A consciência moral é a capacidade para avaliar e pesar as motivações pessoais, as exigências feitas pela situação, as consequências para si e para os outros, a conformidade entre os meios e os fins, a obrigação de respeitar o estabelecido ou de transgredi-lo (se aquilo que está estabelecido for imoral ou injusto).
A vontade, então, é um poder deliberativo e decisório do agente moral. Para exercer esse poder, ela deve ser livre, ou seja, não pode se submeter à vontade de outros, nem estar submetida aos instintos 
(ou impulsos naturais cegos) e às paixões (sentimentos e emoções incontroláveis que dominam o agente). Ao contrário, deve ter poder sobre eles e elas, dominando-os e controlando-os.
O campo ético é constituído pelo agente livre, que 
é o sujeito moral ou pessoa moral, e pelos valores 
e obrigações que formam o conteúdo das condutas morais, ou seja, as virtudes ou as condutas e 
ações conformes ao bem.
Condições para existir o agente moral
O agente moral só pode existir se preencher as seguintes condições:
Ser consciente de si e dos outros, capaz de refletir e de reconhecer a existência
dos outros como sujeitos éticos iguais a si;
Ser dotado de vontade, isto é:
  Capaz de controlar e orientar desejos, impulsos, tendências, paixões, sentimentos para conformá-los com as normas e valores ou virtudes reconhecidas pela consciência moral;
  Dotado de capacidade para deliberar e decidir entre as alternativas possíveis;
Ser responsável, ou seja, reconhecer-se como o autor da ação, ter a capacidade de avaliar os efeitos e as consequências sobre si e sobre os outros, assumir a ação e as consequências, respondendo por elas;
Ser livre, não estar submetido a nenhum a poderes externos que o forcem a sentir, querer e fazer alguma coisa.
O virtuoso
O ativo ou virtuoso, quando se trata de ética, é aquele que consegue controlar seus impulsos, inclinações, paixões, reflete consigo e com os outros o sentido dos valores e dos fins estabelecidos.
 
Ele questiona se devem e como devem ser respeitados ou transgredidos por outros valores e fins superiores aos existentes.
 
Faz avaliações sobre a sua própria capacidade de criar para si mesmo as regras de conduta, age apenas depois de consultar sua razão e sua vontade.
 
Considera os outros sem subordinar-se ou submeter-se cegamente, responde pelo que faz, julga as suas próprias intenções e não aceita nem pratica violência contra si mesmo ou contra os outros. É assim que se torna autônomo e verdadeiramente livre.
A ética
O campo ético é, então, constituído pelo agente moral e pelos valores morais ou virtudes éticas, também considerados os fins da ação ética ou a finalidade da vida moral. Com relação aos valores, a ética mostra a maneira como uma cultura e uma sociedade definem para si o que julgam ser: 
O mal e o vício, a violência e o crime.
Independentemente do conteúdo e da forma oferecidos por cada cultura, todas as culturas consideram virtude o melhor sentimento, como conduta e como ação; a virtude é a excelência, a realização perfeita de um modo de ser, sentir e agir.
Bem e a virtude, a brandura e o mérito.
Ao contrário, o vício é o pior como sentimento, conduta ou ação. O vício é a baixeza dos sentimentos e das ações.
Os meios e os fins
Afirmamos anteriormente que o campo ético é constituído pela pessoa moral e pelos valores morais, mas há ainda um elemento importante: os meios para que os sujeitos realizem os fins.
No caso da ética, aquela famosa frase atribuída a Nicolau Maquiavel, de que os 
fins justificam os meios, não é válida. 
Dito de outra forma, artifícios não éticos, mesmo que utilizados com boa intenção,
não levarão objetivos éticos.
No caso da ética, nem todos os meios são justificáveis. Isso quer dizer que fins éticos exigem meios éticos.
 
Esta relação entre meios e fins leva em consideração a ideia de discernimento, ou seja, é preciso que se saiba distinguir entre meios morais e imorais, a partir da orientação da nossa cultura, da nossa sociedade.
Educação ética: uma violência?
Então, a educação ética é uma violência? A princípio, pode parecer que sim, por dois motivos:
1-Porque, se essa educação tem como objetivo transformar-nos de seres passivos em ativos, poderíamos perguntar se nossa natureza não seria essencialmente passional.
 
Portanto, se forçá-la à racionalidade ativa não seria um ato de violência contra a nossa natureza espontânea, haja vista que violência é forçar alguém a sentir e agir de forma contrária à sua natureza;
2-Porque, se essa educação tem por objetivo nos colocar em harmonia e em acordo com os valores da nossa sociedade, poderíamos perguntar se isso não nos submeteria a um poder externo à nossa consciência, o poder moral social.
 
Nesse caso, em vez de sujeitos autônomos ou livres, seríamos escravos das normas, regras
e valores impostos por nossa sociedade.
Rousseau e Kant
Agora que entendemos o campo ético e analisamos seus elementos, podemos retomar nosso estudo sobre o quadro das doutrinas éticas no decorrer da História ocidental.
Rousseau e Kant buscaram conciliar o dever e a ideia de natureza humana, 
que precisa ser obrigada à moral, como vimos na nossa última aula.
 
Contudo, não podemos esquecer que tudo aquilo que julgamos como a forma universal e o conteúdo universal da moral é culturalmente determinado.
 
Isso traria à tona novamente o problema da exterioridade entre sujeito e a forma e o conteúdo do ato moral, pois estes são definidos pela cultura, impondo-se de fora aos membros de uma cultura determinada.
Hegel
Georg Wilhelm Friedrich Hegel (Alemanha, 1770-1831) critica Rousseau e Kant, pelos seguintes motivos:
 
  Em primeiro lugar, ele acha que os dois filósofos deram atenção demasiada à relação entre sujeito humano e natureza do que à relação entre sujeito e cultura ou história;
 
  Em segundo lugar, para Hegel, tanto Kant como Rousseau estabeleceram a relação entre ética e sociabilidade sobre laços muito frágeis, isto é, sobre relações pessoais diretas entre indivíduos.
Segundo Hegel, o certo seria tomar como base os laços fortes das relações sociais, fixadas pelas instituições como família, sociedade civil e Estado.
 
Por sermos seres históricos e culturais, possuímos, além de nossa vontade individual subjetiva, a vontade objetiva, mais poderosa que a primeira e que está inscrita na cultura, nas instituições da sociedade.
 
Conforme a teoria de Hegel, essas instituições determinam a vida ética ou moral dos indivíduos.
Ter uma vida ética, então, na concepção de Hegel,é conseguir o acordo e a harmonia entre a vontade subjetiva individual e a vontade objetiva cultural.
 
Isso só se realiza totalmente quando interiorizamos nossa cultura, de forma que passamos a praticar livremente nossos costumes e valores, sem pensar, discutir ou duvidar.
Segundo Chauí (p. 396):
 
A vontade objetiva é uma vontade impessoal, coletiva, social, pública e historicamente determinada.
 
Esse querer impessoal, social e histórico cria as instituições sociais, políticas, religiosas, artísticas e, com elas, a moralidade como sistema regulador da vida coletiva por meio de mores, isto é, dos costumes e dos valores de uma sociedade, numa época determinada.
 
A moralidade é uma totalidade formada pelas instituições (família, religião, artes, técnicas, ciências, relações de trabalho, organização política etc.), que obedecem, todas, aos mesmos valores e aos mesmos costumes, educando os indivíduos para interiorizarem a vontade objetiva
de sua sociedade e de sua cultura.
 
O dever é o acordo pleno entre nossa vontade subjetiva individual e a totalidade ética ou moralidade. Cada sociedade definirá os valores e vícios, e o indivíduo deverá se colocar de acordo com as regras morais de sua cultura.
 
As sociedades podem entrar (e entram) em declínio quando o antigo acordo entre as vontades subjetivas individuais e a vontade objetiva institucional rompe-se, anunciando um novo período histórico.
 
Na próxima aula, continuaremos estudaremos os principais expoentes da ética, como reflexão sobre a moral. Até lá!

Continue navegando