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TEMA: CONCESSÃO DE CRÉDITO GESTÃO FINANCEIRA GESTÃO FINANCEIRA Todos os direitos reservados à Editora Grupo UNIASSELVI - Uma empresa do Grupo UNIASSELVI Fone/Fax: (47) 3281-9000/ 3281-9090 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Proibida a reprodução total ou parcial da obra de acordo com a Lei 9.610/98. Rodovia BR 470, km 71, n° 1.040, Bairro Benedito Caixa postal n° 191 - CEP: 89.130-000. lndaial-SC Fone: (0xx47) 3281-9000/3281-9090 Home-page: www.uniasselvi.com.br GESTÃO FINANCEIRA Centro Universitário Leonardo da Vinci Organização Adrian Dambrowski Conteudista Reitor da UNIASSELVI Prof. Hermínio Kloch Pró-Reitora de Ensino de Graduação a Distância Prof.ª Francieli Stano Torres Pró-Reitor Operacional de Ensino de Graduação a Distância Prof. Hermínio Kloch Diagramação e Capa Júlia Carolina Moser Revisão: José Roberto Rodrigues Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 1Concessão de Crédito 1 INTRODUÇÃO Concessão de crédito se resume em dispor determinado valor para um cliente mediante a promessa de pagamento em data futura e que as partes envolvidas no processo devem se conhecer o bastante para que exista um clima de confi ança. “[...] consiste em colocar recursos nas mãos dos clientes, mediante uma promessa de pagamento futuro, da qual se espera retorno que compense o risco assumido” (SILVA, 2003 apud ZAMPERLINI; ROSA, 2012, p. 1). Muitas são as maneiras de se conhecer alguém. Uma delas é o convívio constante e duradouro. Porém, para se instalar o clima de confi ança em casos como esse, requer-se um tempo de que não dispomos, se quisermos ser ágeis nesse mercado altamente competitivo. Por isso é necessário o desenvolvimento de técnicas para antecipar o conhecimento que devemos ter a respeito de nossos clientes. Ao conjunto formado por essas técnicas, que se somam e se completam, damos o nome de Análise de Crédito (SCHRICKEL, 2000). Essa forma de análise torna as decisões de confi ança mais técnicas. Assim, ainda que o elemento humano continue desempenhando o seu importante papel, a sensibilidade do analista insere-se no processo como um complemento que, aliado à análise técnica, vem dar embasamento à declaração do conceito e à decisão sobre conceder ou não o crédito ao cliente (GEVERT, 2009). Essas técnicas se baseiam no que chamamos de os Cs do crédito. Dessa forma, podemos observar o cliente sob vários pontos de vista, cada um com a capacidade de avaliar determinados aspectos, de modo que a união deles permita avaliação mais segura, e que oriente a decisão sobre concessão de crédito. Os principais Cs do crédito são: ∙ Caráter. ∙ Capacidade. ∙ Condições. ∙ Capital. ∙ Conglomerado. ∙ Colateral. Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 2 Gestão Financeira Entre os autores que tratam do assunto não há um consenso de quantos cês podemos encontrar no crédito, porém todos citam os quatro primeiros (caráter, capacidade, condições e capital), compondo a base em que se apoia a análise. Os demais são discutidos para reforçar a convicção sobre a concessão de crédito. Assim, a esses quatro vamos acrescentar mais dois: Conglomerado e colateral. Todos esses elementos, com seus pesos específi cos, são ingredientes importantes na balança da análise. Vamos conhecer cada um deles. a) Caráter O caráter se reporta à intenção de pagar. Está ligado diretamente à honestidade e idoneidade. Diz respeito à intenção do cliente em cumprir a promessa de pagamento que lhe foi confi ada. É a disposição do indivíduo de quitar o compromisso na data do vencimento e nas condições negociadas. Essa disposição varia de pessoa para pessoa. Um devedor pode chegar a se desfazer do seu patrimônio para honrar seus compromissos, enquanto outros podem não se dispor a fazer o mínimo esforço. Analisar o caráter do cliente deve ser o primeiro passo (SILVA, 2003). Mas como fazer isso? Estamos tratando do primeiro item a ser colocado na balança, e que interfere em todos os outros. Como vimos, diz respeito à intenção do cliente em cumprir promessas de pagar o valor que lhe foi confi ado. Enquanto os demais Cs tratam do poder pagar, o Caráter diz respeito a querer pagar (PORTELA, 2006). Por outro lado, a inexistência de registros desabonadores nem sempre é sufi ciente para concluirmos pelo caráter do cliente, pois ele pode ter regularizado momentaneamente sua situação apenas para encobrir sua intenção de não pagar. Por isso, como dissemos, devemos levantar o histórico do cliente na praça. Longo histórico de anotações restritivas, mesmo que baixadas, deve ser tratado como um sinal de alerta (PORTELA, 2006). b) Capacidade “A capacidade refere-se à habilidade, à competência empresarial do indivíduo ou do grupo de indivíduos, e ao potencial de produção, administração e comercialização da empresa” (SILVA, 2003, p. 79). O cliente passou pelo crivo do caráter. E agora? Para Schrickel (2000, p. 51), “a capacidade de gerar recursos para honrar compromissos assumidos está baseada na competência do Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 3Concessão de Crédito indivíduo em gerar riquezas”. Para as pessoas físicas, a análise deve levar em consideração a formação, a experiência profi ssional e o histórico na carreira, dentre outros itens que julgar importantes. Já para pessoas jurídicas, além da capacidade técnica dos administradores em gerir o negócio, devemos considerar o potencial de produção e de comercialização da empresa. Se o tomador revelar capacidade para administrar sua carreira ou seu negócio de forma a ter sucesso fazendo prosperar, pode ser aprovada a sua capacidade de quitar os compromissos. Caso não consiga, poderá vir a ser um mau pagador. Talvez não por falta de caráter, mas sim por falta de capacidade. Ou seja, pode estar disposto a pagar, mas se vê que não terá capacidade (PORTELA, 2006). c) Condições “As condições dizem respeito ao micro e macroambiente em que o tomador está inserido” (SCHRICKEL, 2000, p. 53). No caso das empresas, esse cenário é o ramo de atividade e a conjuntura econômica (SILVA, 2003). Podemos então elencar alguns fatores que auxiliam a identifi cação das condições que podem ser favoráveis ou não ao retorno do crédito concedido: a identifi cação das tendências setoriais, o crescimento e a recessão de mercados relacionados com o ramo de atividade da empresa, a sua dependência dos órgãos governamentais ou do mercado externo, as informações sobre concorrência no setor e políticas econômicas que possam alterar as condições de comercialização de produtos ou serviços relacionados com sua operacionalização (GUIMARÃES, 2002). Vamos então rever e levantar novas questões acerca do crédito. O cliente foi aprovado nos aspectos caráter e capacidade? E agora? Ele está em condições de honrar seus compromissos? As variáveis ambientais (macro ou microeconômicas) são favoráveis? Vimos que todo tomador infl uencia e é infl uenciado pelo ambiente em que está inserido. Vamos agora entender esse ambiente econômico previsto nas condições do crédito. ∙ Macroambiente Fazem parte do macroambiente as variáveis econômicas tais como alteração nas taxas cambiais ou de juros, a carga tributária e a taxa de desemprego, dentre outras. Também levamos em consideração as políticas de segurança ou públicas, as privatizações e estatizações, as relações Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 4 Gestão Financeira internacionais, no caso de empresas multinacionais, e as variáveis psicossociais tais como moda, nível de alfabetização, hábitos culturais e religiosos, etc. (PORTELA, 2006). Como isso pode impactar as condições do cliente? Tememos, na variável econômica, a taxa de desemprego.Ao perderem seus postos de trabalho, as pessoas perdem também suas condições de honrar compromissos. O comércio, por sua vez, tem suas condições alteradas, pois quando as pessoas estão desempregadas deixam de comprar ou, se compraram a prazo, poderão deixar de pagar por falta de receita. Enfi m, os profi ssionais liberais, que têm suas condições alteradas pela redução na demanda provocada pela retração do mercado (GEVERT, 2009). ∙ Microambiente O microambiente é também conhecido como ambiente operacional e trata dos aspectos com os quais o cliente interage diretamente, infl uenciado e sendo infl uenciado. Fazem parte dele as variáveis de mercado (consumidor e fornecedor), da concorrência e da sazonalidade, entre outras (GEVERT, 2009). Vejamos então um exemplo de como a variável mercado fornecedor pode vir a impactar as condições de tomadoras das empresas compradoras. Quando se tem certa concentração em poucos fornecedores, acaba diminuindo o poder de negociação do cliente na hora das compras. Além disso, no caso da falência ou encerramento de atividade a empresa compradora poderá ter problemas de abastecimento, impactando suas condições. Mas será que essa fragilidade atinge somente as empresas compradoras? A concentração de um produto em poucos fornecedores pode gerar tendência à cartelização, impactando nos preços e alterando as condições daqueles que não conseguirem se proteger. d) Capital O capital se reporta à situação econômico-fi nanceiro da empresa, no que diz respeito aos seus bens e recursos para saldar seus débitos (SILVA, 2003). O cliente passou pela prova do caráter. Tem boa capacidade e as condições ambientais são favoráveis. Será que ele dispõe de recursos para honrar os compromissos assumidos? É o que analisamos no C do capital. Vamos verifi car a relação existente Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 5Concessão de Crédito entre seus bens e direitos, de um lado, e as obrigações assumidas, de outro. Isso, para podermos analisar sua situação econômica. Já quanto à capacidade fi nanceira, verifi camos suas receitas em comparação com as despesas. Se essas relações forem desfavoráveis, o cliente poderá enfrentar difi culdades para conduzir seus negócios, mesmo que tenha bom caráter, demonstre boa capacidade administrativa e as condições do ambiente onde ele atua sejam favoráveis. Nos casos de pessoas físicas, podemos verifi car a situação patrimonial do cliente, comparando os bens de que ele dispõe, em relação às suas dívidas. A situação fi nanceira é obtida pela comparação entre as receitas (salários) e as despesas, tanto da própria atividade que desempenha, como da manutenção do lar. Para as pessoas jurídicas, podemos fazer uso de um conjunto de conceitos e técnicas de análise das demonstrações fi nanceiras apresentadas pelas empresas (balanço patrimonial, demonstração do resultado do exercício, etc.). A análise dos demonstrativos contábeis é uma efi ciente ferramenta para a decisão de crédito, pois fornece informações sobre o seu desempenho e solidez. e) Conglomerado Assim como as pessoas se relacionam por diferentes graus de parentesco, formando grupos familiares, as empresas podem relacionar-se com as outras, formando grupos empresariais, tanto por participação no capital entre elas, quanto por possuírem dirigentes em comum. Essa relação nem sempre é clara. Muitas vezes, empresas relacionadas podem estar em nome de outras pessoas, como esposa, fi lhos ou terceiros, o que, mesmo que difícil e complicado, não deve impedir a análise conjunta. Em algumas situações em que a empresa não possui dívidas na praça e seu cadastro é isento de restrições, porém seus proprietários (sem outra fonte de renda) estão comprometidos com dívidas elevadas. A questão que o analista deve levantar é: de onde virão os recursos para honrar esses compromissos? Pelo aspecto do conglomerado, a recomendação é de que essas dívidas sejam consideradas como se fossem da empresa. Embora orientado para a análise de pessoas jurídicas, o conceito pode estender-se às pessoas físicas que desempenhem mais de uma atividade. Veja o caso de um comerciante do ramo do vestuário, por exemplo, que possua também uma pequena propriedade rural para produção de legumes. O negócio agrícola vai bem, mas o cadastro da empresa comercial registra muitas restrições, e por isso não consegue crédito para essa atividade. Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 6 Gestão Financeira Nesse caso, possivelmente o cliente solicite o crédito para custeio da produção agrícola com o intuito de desviá-lo para a atividade comercial. Se isso ocorrer, certamente a capacidade de honrar os compromissos poderá ser comprometida. Por isso que o aspecto conglomerado recomenda que o cliente seja analisado como um todo. f) Colateral Embora não seja um aspecto de análise para quantifi car o risco do cliente propriamente dito, colateral é uma espécie de compensação para moderar eventual nota ruim apurada em algum dos Cs que estudamos, considerados seus pesos específi cos, a não ser o caráter, que é uma condição determinante. Trata de garantias que possam ser oferecidas para lastrear as operações de crédito. Mesmo não sendo tratado como um fator determinante na realização do negócio, é uma espécie de segurança incremental, que poderá ser útil caso algo ocorra diferente do planejado. 2 RISCO NA CONCESSÃO DE CRÉDITO “O risco de crédito ocorre quando uma das partes de um contrato não consegue cumprir o pagamento de sua dívida” (DUARTE JÚNIOR, 2003, p. 10). Já sabemos que, quanto mais informações atuais e legítimas tivermos sobre o tomador de crédito e sua atividade, maiores condições teremos de avaliar os riscos envolvidos no crédito e de trabalhar dentro da margem confortável de segurança. De maneira geral, podemos dizer que o tomador de crédito pode vir a não honrar seus compromissos por razões que decorrem de sua vontade (pode pagar, mas não quer), ou por razões alheias à sua vontade (quer pagar, mas não pode). O primeiro grupo está diretamente ligado ao caráter, e o segundo é afetado pelos riscos que o tomador está sujeito. Mas que tipos de riscos podem envolver uma situação de crédito? Existem aqueles relacionados ao negócio propriamente dito, ligados ao tomador de recursos e à operação pretendida, e que serão tratados adiante. Porém, existem riscos ainda mais complexos e abrangentes, e que não são exclusivos das instituições fi nanceiras. Todos os fomentadores de crédito estão sujeitos a eles. O tomador, seja pessoa física ou jurídica, também está sujeito a diversos riscos: risco de perder o emprego, risco de despesas extras Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 7Concessão de Crédito que comprometam o orçamento, risco de perder mercado, no caso de uma empresa, e assim por diante. Para avaliar os riscos envolvidos na atividade de crédito, também devemos conhecer que riscos são esses. Em outras palavras, que tipos de riscos podem afetar o tomador e, por consequência, comprometer sua capacidade de honrar seus compromissos. Já vimos que o risco de crédito está relacionado à probabilidade de não cumprimento da promessa de pagamento feita pelo tomador e pode estar relacionado ao cliente, ao negócio, ao grau de concentração e à administração de crédito. FONTE: Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/ handle/10183/13923/000649672.pdf?sequence=1>. Acesso em: 23 jun. 2012. Cada uma dessas variáveis trata de uma espécie de risco que compõe o risco de crédito. Vamos ver como isso ocorre? a) Risco do cliente Este é intrínseco ao tomador de recursos (capital ou mercadorias para pagamento a prazo) e decorre das características, que “constituem as variáveis relacionadas ao riscodo cliente, analisadas nos chamados Cs do crédito (caráter, capacidade, condições, capital, conglomerado e colateral)” (DIER, 2007, p. 22) descritos anteriormente. b) Risco da operação Está relacionado à operação, ao negócio em si. Toda concessão de crédito carrega algumas características de risco inerentes à sua fi nalidade e à sua natureza, tais como o tipo de produto fi nanciado, o valor envolvido, o prazo e forma de pagamento, as garantias oferecidas e os encargos cobrados. Cada um desses componentes tem sua potencialidade de risco. (DIER, 2007, p. 22). c) Risco da concentração de crédito Trata da possibilidade de perda em função da falta de diversifi cação do crédito. Acontece quando se concentra Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 8 Gestão Financeira as operações em um número reduzido de clientes, em determinado setor de atividade, ou em um segmento de mercado, ou em uma região geográfi ca, dentre outros. A concentração de crédito em um único setor pode sofrer os impactos decorrentes de eventuais difi culdades que venham a atingi-lo (DIER, 2007, p. 22-23). Podemos exemplifi car com aquela história de se guardar todos os ovos em uma única cesta. Se a cesta cair, se perde todos os ovos. d) Risco da administração do crédito É o tipo de risco relacionado à condução das transações. Trata dos meios adotados para o acompanhamento e dos profi ssionais envolvidos nessa atividade, bem como na fi scalização. Muitos dos créditos problemáticos ocorrem por acompanhamentos insatisfatórios ou insufi cientes (DIER, 2007). 3 JUROS SIMPLES O regime de juros simples é aquele no qual os juros incidem sempre sobre o capital inicial. Este sistema não é utilizado na prática nas operações comerciais, mas a análise desse tema como introdução à Matemática Financeira é, de certa forma, importante. FONTE: Disponível em: <http://www.algosobre.com.br/matematica-fi nanceira/juros- simples.html>. Acesso em: 23 jun. 2012. Os juros simples têm sua fundamental conceituação no regime de capitalização simples, e o capital cresce de forma linear. A boa notícia a respeito do cálculo de juros simples é que esta é a mais simples forma de cálculo na Matemática Financeira. Vamos então aos elementos da capitalização simples: ∙ Juros: valor resultante da aplicação de capitais destinados a causar renda. Trata-se de uma expressão variável, diretamente proporcional ao capital, à taxa e ao tempo em que fi cou aplicado. ∙ Juro bancário: calculado considerando o ano com 360 dias (ano comercial = 12 meses de 30 dias). ∙Regra dos banqueiros: regra aplicada nas operações bancárias onde se apura o número real de dias entre duas datas e com esse prazo se calculam os juros. Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 9Concessão de Crédito ∙ Juro exato: valor apurado considerando o ano civil e o número certo de dias corridos entre duas datas. Elementos: PV = Capital (Valor Presente) FV = Montante (Valor Futuro ou soma do capital aos juros) n = Prazo i = Taxa J (INT) = Juros Lembrando que a taxa sempre deverá ser dividida por 100, transformando a porcentagem, e o tempo deverá ter consonância com o regime de capitalização. Exemplo: no caso de um problema onde a taxa é anual e o tempo dado for em dias, deveremos dividir a taxa pelo número de dias correspondente ao tempo da taxa. Se a taxa for mensal, dividiremos por 30, se for anual, dividiremos por 360. Não esqueça: a taxa e o prazo precisam contemplar a mesma unidade de tempo. Fórmulas: Para calcular os juros: INT = PV * i * n Para calcular o capital, valor atual: PV = INT / (i * n) Para calcular a taxa: i = (INT * 100) / (PV * n) Para calcular o tempo: n = INT / (PV * i) Exemplo: Um capital de R$ 1.000,00 fi cou aplicado durante 45 dias a uma taxa de 18%a.a, em regime de juro simples. Qual o valor dos juros auferidos? OBS: Tempo em dias e a taxa ao ano, portanto, deveremos dividir 18% a.a. por 360 dias, para que tenhamos a taxa equivalente ao do prazo. Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 10 Gestão Financeira INT = PV * i * n INT = 1000 * (18%/360) * 45 INT = 1000 * 0,05% * 45 INT = 1000 * 0,0005 * 45 INT = 22,5 Vejamos agora como resolver esse problema utilizando a calculadora HP12C. A HP12C calcula apenas o valor dos juros e do montante ou valor líquido. Procedimentos 1. Digite o prazo em dias e pressione a tecla n ; 2. Digite a taxa anual e pressione a tecla i ; 3. Digite o valor da aplicação e pressione CHS PV ; 4. Pressione f INT , para calcular os juros comerciais; 5. Pressione as teclas R x><y para obter os juros exatos; 6. Pressione + para obter o montante com juros exatos. Exemplo: Um capital de R$ 2.000,00 foi aplicado durante 25 dias a uma taxa de 12%a.a, em regime de juro simples. Qual o valor dos juros auferidos? 1. f CLX para limpar a calculadora; 2. 2000,00 CHS PV ; 3. 25 n ; 4. 12 i ; 5. f INT R$ 16,67 – valor dos juros comerciais. 6. (R) (x><y) R$ 16,44 – valor dos juros exatos. 7. + 2016,44 - montante com juros exatos. Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 11Concessão de Crédito 4 JUROS COMPOSTOS A defi nição de juros compostos compreende os juros de um determinado período acrescidos ao capital para um novo cálculo de juros nos próximos períodos. A fórmula dessa modalidade de juros pode ser representada pela remuneração cobrada pelo empréstimo do capital sendo o montante da dívida corrigida aplicado à taxa de juros sobre esse valor. Esse regime de capitalização é o mais comum no sistema fi nanceiro, pois propicia maior rentabilidade em comparação ao regime de juros simples, uma vez que juros compostos incidem período a período. Isso é o que chamamos popularmente de “juros sobre juros”. Didaticamente, os juros compostos, em disciplinas de fi nanças, geralmente são apurados com a utilização da calculadora HP 12C, mas também é possível chegar às soluções por meio de cálculos ou planilhas eletrônicas como o Microsoft Excel. Vale lembrar ainda que, assim como no regime de juros simples estudado anteriormente, a taxa unitária deve estar em consonância com os períodos de capitalização. Se a capitalização for mensal e a taxa dada for anual, deveremos transformar a taxa anual em taxa mensal. Exemplo: 12% a.a., em regime de capitalização mensal, será 1% ao mês (taxa nominal). O prazo também está ligado aos períodos de capitalização. Se a capitalização for bimestral e o tempo for dado em anos, o tempo deverá ser transformado em bimestres correspondentes. Exemplo: sendo a capitalização mensal e o prazo um ano e meio, teremos, para o prazo, 18 meses. Fórmulas: Para calcular o montante: FV = PV * (1 + i ) n Para calcular o capital, valor atual: PV = FV / (1 + i ) n Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 12 Gestão Financeira O cálculo da taxa e do prazo no regime de juros compostos, matematicamente, é um pouco mais complexo e não será contemplado nesse material. Porém, se você tiver interesse em se aprofundar nas questões matemáticas que envolvem o regime de juros compostos, sugiro consultar os seguintes sites: ∙ Para calcular a taxa: <http://www.matematicadidatica.com.br/ JurosCompostosTaxa.aspx> ∙ Para calcular o prazo: <http://www.matematicadidatica.com.br/ JurosCompostosPeriodo.aspx> DICAS Exemplo: Qual o valor de resgate de um capital de R$ 30.000,00 aplicado a uma taxa de 2% ao mês, durante cinco meses? FV = PV * (1 + i ) n FV = 30.000,00 * (1 + 0,02)5 FV = 30.000,00 * (1,02) 5 FV = 30.000.00 * 1,104081 FV = 33.122,43 Utilizando a HP12C Procedimentos: 1. Pressione f REG ou fFIN para limpar os registradores fi nanceiros; 2. Introduza na ordem que desejar os elementos conhecidos em seus registradores fi nanceiros; 3. Pressione a tecla correspondente ao elemento que deseja encontrar. Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 13Concessão de Crédito Exemplo: Qual o valor de resgate de um capital de R$ 50.000,00 aplicado a uma taxa de 3% ao mês, durante oito meses? 1. f FIN – para limpar os registros fi nanceiros da calculadora; 2. 50.000,0 CHS PV ; 3. 3 i ; 4. 8 n ; 5. FV = R$ 63.338,50 – valor montante. 5 CONTABILIDADE DE CUSTOS A contabilidade de custos é a parte das ciências contábeis que se empenha no estudo racional dos gastos realizados para a obtenção de um bem, seja ele de comercialização ou de consumo (um produto, uma mercadoria ou um serviço). Essa etapa do curso de Ciências Contábeis reúne, organiza, analisa e interpreta os custos dos produtos, dos inventários, dos serviços, “dos componentes da organização, dos planos operacionais e das atividades de distribuição para determinar o lucro, para controlar as operações e para auxiliar o administrador no processo de tomada de decisão” (CALLADO; CALLADO, 2012, p. 3). Para Fagundes (2012, p. 2), “a Contabilidade de Custos nasceu com a Revolução Industrial e tinha como objetivos”: · “Avaliar inventários de matérias-primas, de produtos fabricados e de produtos vendidos, ao fi nal de um determinado período, aplicando a seguinte regra” (FAGUNDES, 2012, p. 2): Estoques iniciais + Compras - Estoques fi nais = Custo das Mercadorias Vendidas · “Averiguar os resultados obtidos pelas empresas como decorrência da fabricação e da venda de produtos” (FAGUNDES, 2012, p. 2). Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 14 Gestão Financeira Antigamente, as empresas possuíam processos produtivos basicamente artesanais, e, consequentemente, os únicos custos produtivos considerados eram o valor das matérias-primas consumidas e da mão de obra utilizada. Como efeito do crescimento das organizações, da energização da concorrência e da crescente falta de recursos, surgiu a necessidade de aprimorar os mecanismos de planejamento e controle das atividades empresariais. Além disso, as inúmeras possibilidades de utilização dos fatores de produção motivam uma grande variação no comportamento dos custos resultantes. Torna-se então importante para qualquer companhia ter um sistema de custos, ainda mais numa economia capitalista mercantilista e de acirrada concorrência em que estão inseridas as empresas brasileiras. Torna- se assim difícil tomar decisões confi áveis e ter uma margem de segurança aceitável, sem a ciência dos custos do modo mais real possível. As informações concernentes aos custos de produção e/ou comercialização, desde que devidamente organizadas, resumidas e relatadas, formam uma ferramenta administrativa da mais alta importância. As informações de custos transformam-se em um verdadeiro sistema de informações gerenciais, de fundamental importância para a gestão das organizações empresariais. Essas informações formam uma assistência básica para o processo de tomada de decisões, assim como para o planejamento e controle das atividades empresariais. Vamos conhecer agora a terminologia utilizada na contabilidade de custos: · Gasto: sacrifício fi nanceiro que a empresa desembolsa para a obtenção de um produto ou serviço. · Desembolso: pagamento resultante da aquisição do bem ou serviço. · Investimento: valor despendido em função de benefícios atribuíveis a períodos futuros. · Custo: valor despendido relativo a bem ou serviço utilizado diretamente na produção. · Despesa: bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a obtenção de receitas. · Perda: bem ou serviço consumido de forma anormal e involuntária. FONTE: Adaptado de Mota (2002). Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 15Concessão de Crédito 6 SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO A indisponibilidade de recursos para realizar uma aquisição faz com que o indivíduo ou a organização venha a contrair um empréstimo de capital. Para honrar este compromisso pode utilizar diversas formas de pagamento. A essas formas de liquidação (ou amortização) de uma dívida chamamos de sistemas de amortização. Para Raymundo e Franzin (2009, p. 15), “a amortização é um processo fi nanceiro através do qual uma obrigação (capital) é liquidada progressivamente por meio de pagamentos periódicos, de forma que, ao fi m do prazo estipulado, o débito seja quitado”. A amortização pode também ser percebida como um processo de diminuição de uma dívida por meio de pagamentos periódicos, realizados em função de um planejamento, de forma que cada prestação corresponda à soma do reembolso da parcela de capital mais o pagamento dos juros do saldo devedor, sendo que juros são sempre calculados sobre o saldo devedor. Os sistemas de amortização mais utilizados são: · Sistema de amortização francês (Tabela Price) · Sistema de amortização constante (SAC) · Sistema de amortização misto (SAM) · Sistema de amortização americano (SAA) 7 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO FRANCÊS (TABELA PRICE) O Sistema de amortização francês, também conhecido como Tabela Price, é o mais utilizado no mercado fi nanceiro no Brasil. Os juros (decrescentes) incidem sobre o saldo devedor, e as parcelas de amortização assumem valores crescentes. As prestações são apuradas pela aplicação da fórmula do Fator de recuperação de capital (FRC), e os outros valores da planilha são mensurados de forma sequencial em cada um dos períodos. Exemplo: Um empréstimo de R$ 10.000,00 deverá ser pago, dentro de um prazo de 10 meses, em 10 prestações mensais, à taxa de 2% ao mês. Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 16 Gestão Financeira Primeiramente apuramos a parcela, pela fórmula: PMT = PV * i / (1 – (1 / (1 + i)n)) PMT = 10000 * 0,02 / (1 – (1 / (1 + 0,02)10)) PMT = 1.113,27 REGRA = B anterior - C = E - D = B anterior * i APURADA PELA FÓRMULA A B C D E Período Saldo Devedor Amortização Juros Parcela 0 R$ 10.000,00 - - - 1 R$ 9.086,73 R$ 913,27 R$ 200,00 R$ 1.113,27 2 R$ 8.155,20 R$ 931,53 R$ 181,73 R$ 1.113,27 3 R$ 7.205,04 R$ 950,16 R$ 163,10 R$ 1.113,27 4 R$ 6.235,88 R$ 969,16 R$ 144,10 R$ 1.113,27 5 R$ 5.247,33 R$ 988,55 R$ 124,72 R$ 1.113,27 6 R$ 4.239,01 R$ 1.008,32 R$ 104,95 R$ 1.113,27 7 R$ 3.210,53 R$ 1.028,49 R$ 84,78 R$ 1.113,27 8 R$ 2.161,47 R$ 1.049,05 R$ 64,21 R$ 1.113,27 9 R$ 1.091,44 R$ 1.070,04 R$ 43,23 R$ 1.113,27 10 R$ - R$ 1.091,44 R$ 21,83 R$ 1.113,27 8 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE (SAC) O Sistema de amortização constante, assim como o próprio nome sugere, tem como propriedade básica as amortizações do principal serem sempre constantes (iguais) em todo o prazo de amortização. O valor da amortização é alcançado pela divisão do capital tomado pelo número de prestações. Os juros, pela sua incidência sobre o saldo devedor, onde o montante decresce depois do pagamento de cada amortização, assumem valores decrescentes no decorrer do período. Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 17Concessão de Crédito Por conta do comportamento da amortização e dos juros nesse sistema de amortização, as prestações (periódicas e sucessivas) são aritmeticamente decrescentes. Trata-se de um sistema que tem como premissa que a restituição do capital seja realizada em parcelas iguais. Então, o valor de cada amortização devida será apurado pela divisão entre o principal (capital) e o número de prestações. Em outras palavras, a amortização será igual ao valordo empréstimo dividido pelo número de prestações. Vejamos como se comportam os números com o mesmo exemplo utilizado anteriormente: Um empréstimo de R$ 10.000,00 deverá ser pago, dentro de um prazo de 10 meses, em 10 prestações mensais, à taxa de 2% ao mês. REGRA = B anterior - C = Capital / n = B anterior * i = C + D A B C D E Período Saldo Devedor Amortização Juros Parcela 0 R$ 10.000,00 - - - 1 R$ 9.000,00 R$ 1.000,00 R$ 200,00 R$ 1.200,00 2 R$ 8.000,00 R$ 1.000,00 R$ 180,00 R$ 1.180,00 3 R$ 7.000,00 R$ 1.000,00 R$ 160,00 R$ 1.160,00 4 R$ 6.000,00 R$ 1.000,00 R$ 140,00 R$ 1.140,00 5 R$ 5.000,00 R$ 1.000,00 R$ 120,00 R$ 1.120,00 6 R$ 4.000,00 R$ 1.000,00 R$ 100,00 R$ 1.100,00 7 R$ 3.000,00 R$ 1.000,00 R$ 80,00 R$ 1.080,00 8 R$ 2.000,00 R$ 1.000,00 R$ 60,00 R$ 1.060,00 9 R$ 1.000,00 R$ 1.000,00 R$ 40,00 R$ 1.040,00 10 R$ - R$ 1.000,00 R$ 20,00 R$ 1.020,00 9 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO MISTO (SAM) Esse sistema foi desenvolvido para as operações de fi nanciamento do Sistema Financeiro de Habitação (SFH). Representa fundamentalmente Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 18 Gestão Financeira uma média aritmética entre o sistema PRICE e o SAC, o que explica a sua denominação. Para cada um dos valores do plano de amortização somam-se os valores apurados pelos dois sistemas anteriormente citados e divide-se o total por dois. Continuaremos com o mesmo exemplo utilizado anteriormente: Um empréstimo de R$ 10.000,00 deverá ser pago, dentro de um prazo de 10 meses, em 10 prestações mensais, à taxa de 2% ao mês. Período Saldo Devedor Amortização Juros Parcela 0 - PRICE R$ 10.000,00 - - - 0 -SAC R$ 10.000,00 - - - 0 - SAM R$ 10.000,00 1 - PRICE R$ 9.086,73 R$ 913,27 R$ 200,00 R$ 1.113,27 1 - SAC R$ 9.000,00 R$ 1.000,00 R$ 200,00 R$ 1.200,00 1 - SAM R$ 9.043,37 R$ 956,64 R$ 200,00 R$ 1.156,64 2 - PRICE R$ 8.155,19 R$ 931,54 R$ 181,73 R$ 1.113,27 2 - SAC R$ 8.000,00 R$ 1.000,00 R$ 180,00 R$ 1.180,00 2 - SAM R$ 8.077,60 R$ 965,77 R$ 180,87 R$ 1.146,64 3 - PRICE R$ 7.205,03 R$ 950,17 R$ 163,10 R$ 1.113,27 3 - SAC R$ 7.000,00 R$ 1.000,00 R$ 160,00 R$ 1.160,00 3 - SAM R$ 7.102,51 R$ 975,08 R$ 161,55 R$ 1.136,64 4 - PRICE R$ 6.235,86 R$ 969,17 R$ 144,10 R$ 1.113,27 4 - SAC R$ 6.000,00 R$ 1.000,00 R$ 140,00 R$ 1.140,00 4 - SAM R$ 6.117,93 R$ 984,58 R$ 142,05 R$ 1.126,64 5 - PRICE R$ 5.247,31 R$ 988,55 R$ 124,72 R$ 1.113,27 5 - SAC R$ 5.000,00 R$ 1.000,00 R$ 120,00 R$ 1.120,00 5 - SAM R$ 5.123,65 R$ 994,28 R$ 122,36 R$ 1.116,64 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 19Concessão de Crédito 6 - PRICE R$ 4.238,98 R$ 1.008,32 R$ 104,95 R$ 1.113,27 6 - SAC R$ 4.000,00 R$ 1.000,00 R$ 100,00 R$ 1.100,00 6 - SAM R$ 4.119,49 R$ 1.004,16 R$ 102,47 R$ 1.106,64 7 - PRICE R$ 3.210,49 R$ 1.028,49 R$ 84,78 R$ 1.113,27 7 - SAC R$ 3.000,00 R$ 1.000,00 R$ 80,00 R$ 1.080,00 7 - SAM R$ 3.105,25 R$ 1.014,25 R$ 82,39 R$ 1.096,64 8 - PRICE R$ 2.161,43 R$ 1.049,06 R$ 64,21 R$ 1.113,27 8 - SAC R$ 2.000,00 R$ 1.000,00 R$ 60,00 R$ 1.060,00 8 - SAM R$ 2.080,72 R$ 1.024,53 R$ 62,10 R$ 1.086,64 9 - PRICE R$ 1.091,39 R$ 1.070,04 R$ 43,23 R$ 1.113,27 9 - SAC R$ 1.000,00 R$ 1.000,00 R$ 40,00 R$ 1.040,00 9 - SAM R$ 1.045,70 R$ 1.035,02 R$ 41,61 R$ 1.076,64 10 - PRICE R$ - R$ 1.091,44 R$ 21,83 R$ 1.113,27 10 - SAC R$ - R$ 1.000,00 R$ 20,00 R$ 1.020,00 10 - SAM R$ - R$ 1.045,72 R$ 20,91 R$ 1.066,64 10 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO AMERICANO (SAA) O Sistema de amortização americano (SAA) prevê que a devolução do capital emprestado deva ocorrer somente ao fi nal do período em que a operação foi contratada. Ou seja, nesse sistema não há amortizações no decorrer do período de empréstimo, porém os juros costumam ser pagos periodicamente. Ainda com o exemplo utilizado anteriormente: Um empréstimo de R$ 10.000,00 deverá ser pago, dentro de um prazo de 10 meses, à taxa de 2% ao mês. Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 20 Gestão Financeira REGRA = B anterior - C O valor do capital somente no último período O valor do capital * i Juros no decorrer do período e juros + capital no último período A B C D E Período Saldo Devedor Amortização Juros PMT SAA 0 R$ 10.000,00 1 R$ 10.000,00 R$ - R$ 200,00 R$ 200,00 2 R$ 10.000,00 R$ - R$ 200,00 R$ 200,00 3 R$ 10.000,00 R$ - R$ 200,00 R$ 200,00 4 R$ 10.000,00 R$ - R$ 200,00 R$ 200,00 5 R$ 10.000,00 R$ - R$ 200,00 R$ 200,00 6 R$ 10.000,00 R$ - R$ 200,00 R$ 200,00 7 R$ 10.000,00 R$ - R$ 200,00 R$ 200,00 8 R$ 10.000,00 R$ - R$ 200,00 R$ 200,00 9 R$ 10.000,00 R$ - R$ 200,00 R$ 200,00 10 R$ - R$ 10.000,00 R$ 200,00 R$ 10.200,00 11 DESCONTO DE TÍTULOS Como órgão regulador, o Banco Central (BRASIL, 2011) divide as operações domésticas em três categorias: empréstimos, títulos descontados e fi nanciamentos. Além delas, as instituições fi nanceiras podem praticar as operações de prestação de garantia e de crédito internacional. Todos os produtos de aplicação existentes no sistema fi nanceiro devem se enquadrar em uma dessas categorias (empréstimos, títulos descontados e fi nanciamentos). Vamos conhecê-las, começando com os Empréstimos. Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 21Concessão de Crédito ·Empréstimos “São operações realizadas sem destinação específi ca ou vínculo à comprovação da aplicação dos recursos. São exemplos os empréstimos para capital de giro, os empréstimos pessoais e os adiantamentos a depositantes” (BRASIL, 2011). O tipo mais comum de empréstimo para pessoas jurídicas é o destinado à composição do capital de giro. Por se tratar de empréstimo, o crédito não estará associado a um orçamento específi co, mas sua aplicação deve ser feita obrigatoriamente nas atividades da empresa. ·Financiamentos Para o BC (BRASIL, 2011), fi nanciamentos são “as operações realizadas com destinação específi ca, vinculadas à comprovação da aplicação dos recursos. São exemplos os fi nanciamentos de parques industriais, máquinas e equipamentos, bens de consumo durável, rurais e imobiliários”. Normalmente são operações de longo prazo, onde se faz necessária a declaração da fi nalidade do crédito e a realização do orçamento de aplicação, para que a instituição fi nanceira possa comprovar a aplicação dos recursos e acompanhar a operação até sua liquidação. Essa comprovação torna-se ainda mais necessária nos casos em que os recursos para o pagamento dos valores fi nanciados forem gerados pelo próprio bem fi nanciado. ·Títulosdescontados Títulos descontados são as operações realizadas com a fi nalidade de antecipar ao cliente o valor de um título, deduzidos os juros, impostos e taxas incidentes. Esses títulos podem ser cheques pré-datados (que legalmente não existem), notas promissórias ou duplicatas. Para Tax Contabilidade (2011), o desconto de títulos é caracterizado por ser uma operação fi nanceira de curto prazo, na qual a empresa obtém recursos fi nanceiros perante bancos ou entidades assemelhadas a serem utilizados em suas atividades operacionais. Para sua efetivação, é preciso realizar vendas a prazo, obtendo assim esses títulos. A instituição fi nanceira compra à vista esses títulos, repassando no ato as despesas fi nanceiras, IOF e os juros a que tem direito pelo período entre a data do desconto e a data do vencimento dos títulos, e repassa a diferença à empresa tomadora dos Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 22 Gestão Financeira recursos. No vencimento do título, quando este for liquidado, a instituição fi nanceira fi ca com o valor pago pelo título. Caso não ocorra o pagamento no prazo acordado, dois ou três dias após a instituição debita o valor na conta do cliente que o descontou e devolve o título para o cliente. Para as operações de desconto de títulos fazemos uso de um elemento da matemática fi nanceira chamado desconto composto, que para essa atividade também pode ser chamado de desconto comercial, desconto bancário composto ou desconto por fora. Trata-se de um abatimento concedido sobre um título (cheque, duplicata ou nota promissória) em função de seu resgate antecipado. Vamos às nomenclaturas: PV = Valor atual (que será resgatado pelo descontado) FV = valor nominal (valor original do título) Exemplo: Calcular o valor do desconto bancário e o valor atual de um título de R$ 10.000,00 descontado dois meses antes do vencimento à taxa de desconto bancário composto de 3% a.a. PV = FV * (1 - i ) n PV = 10.000,00 * ( 1 - 0,03)2 PV = 10.000,00 * ( 0,97)2 PV = 10.000,00 * 0,9409 PV = R$ 9.409,00 DB = Desconto Bancário É a diferença entre o valor nominal do título e o valor atual. DB = FV – PV DB = 10.000 – 9.409 DB = R$ 591,00 Esse procedimento também pode ser realizado na calculadora fi nanceira. Porém, para que a máquina aplique corretamente a regra de cálculo, precisamos inverter as nomenclaturas, onde o valor atual passa a ser FV e o valor nominal, PV. Para que a regra se aplique, precisamos também informar a condição de taxa negativa. Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 23Concessão de Crédito Vamos a outro exemplo, dessa vez com a calculadora fi nanceira. Exemplo: Calcular o valor atual de um título de R$ 20.000,00 descontado quatro meses antes do vencimento à taxa de desconto bancário composto de 2% a.m. 1. f FIN ; 2. 20.000,00 CHS PV ; 3. 2 CHS i ; 4. 4 n ; 5. PV = 18.447,36 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 24 Gestão Financeira AUTOATIVIDADE 1 Encontre os juros da situação abaixo descrita pelos regimes de capitalização simples e composto, e explique o fator que motiva a diferença encontrada. CAPITAL R$ 2.000,00 PRAZO 2 ANOS TAXA 2,00% a.m. 2 Classifi que os itens a seguir em Investimento (I), Despesa (D), Custo (C) ou Perda (P) com base na terminologia vista anteriormente: ( ) Compra de matéria-prima. ( ) Aquisição de maquinário para a produção. ( ) Mão de obra. ( ) Combustível em veículos do setor comercial. ( ) Faturas de telefonia. ( ) Depreciação de equipamentos. ( ) Salários do setor administrativo. ( ) Depreciação do prédio-sede da empresa. ( ) Sucata do processo produtivo. ( ) Greve remunerada. 3 Um empréstimo de R$ 20.000,00 deverá ser pago dentro de um prazo de cinco meses, à taxa de 3% ao mês. Desenvolva dois planos de amortização desse empréstimo, sendo um pelo Sistema Francês de Amortização (PRICE) e outro pelo Sistema de Amortização Constante. Explique ainda o porquê dos valores das prestações se apresentarem diferentes. Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 25Concessão de Crédito REFERÊNCIAS BRASIL. BC. Instituições fi nanceiras captadoras de depósito à vista. Disponível em: <www.bc.gov.br>. Acesso em: 6 maio 2012. CALLADO, Antônio André Cunha; CALLADO, Aldo Leonardo Cunha. Gestão de Custos para Pequenas Organizações Industriais. Disponível em: <http:// www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/bds.nsf/1d7b269b07fee04a03256ea e005ec615/69ccc95ce4148d0c83256f6c0060f565/$FILE/NT000A2382. pdf>. Acesso em: 23 maio 2012. DIER, Jair Luiz. Análise de crédito para micro e pequenas empresas: O setor calçadista. 50 f. 2007. Trabalho de Conclusão de Curso (Pós-Graduação em Administração) - Departamento de Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007. DUARTE JÚNIOR, A. M. A importância do gerenciamento de riscos corporativos em bancos. In: ______; VARGA, G. (Orgs.). Gestão de riscos no Brasil. Rio de Janeiro: Financial Consultoria, 2003. p. 03-12. FAGUNDES, Jair Antonio. ANC. Administração Análise de Custos: história da contabilidade de custos. 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CAPITAL R$ 2.000,00 PRAZO 2 ANOS TAXA 2,00% a.m. R.: Juros apurados na capitalização simples: R$ 960,00. Juros apurados na capitalização simples: R$ 1.216,87. A diferença ocorre pelo fato de na capitalização composta, em cada período se aplica a taxa de juros sobre os juros apurados nos períodos anteriores, cumulativamente. Em suma, aplica-se juros sobre juros. 2 Classifi que os itens a seguir em Investimento (I), Despesa (D), Custo (C) ou Perda (P) com base na terminologia vista anteriormente: ( C ) Compra de matéria-prima. ( I ) Aquisição de maquinário para a produção. ( C ) Mão de obra. ( D ) Combustível em veículos do setor comercial. ( D ) Faturas de telefonia. ( C ) Depreciação de equipamentos. ( D ) Salários do setor administrativo. ( D ) Depreciação do prédio-sede da empresa. ( C ) Sucata do processo produtivo. ( P ) Greve remunerada. 3 Um empréstimo de R$ 20.000,00 deverá ser pago dentro de um prazo de cinco meses, à taxa de 3% ao mês. Desenvolva dois planos de amortização desse empréstimo, sendo um pelo Sistema Francês de Amortização (PRICE) e outro pelo Sistema de Amortização Constante. Explique ainda o porquê dos valores das prestações se apresentarem diferentes. Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 28 Gestão Financeira PRICE Período Saldo Devedor Amortização Juros Prestação 0 R$ 20.000,00 1 R$ 16.232,91 R$ 3.767,09 R$ 600,00 R$ 4.367,09 2 R$ 12.352,81 R$ 3.880,10 R$ 486,99 R$ 4.367,09 3 R$ 8.356,30 R$ 3.996,51 R$ 370,58 R$ 4.367,09 4 R$ 4.239,90 R$ 4.116,40 R$ 250,69 R$ 4.367,09 5 R$ - R$ 4.239,89 R$ 127,20 R$ 4.367,09 SAC Período Saldo Devedor Amortização Juros Prestação 0 R$ 20.000,00 1 R$ 16.000,00 R$ 4.000,00 R$ 600,00 R$ 4.600,00 2 R$ 12.000,00 R$ 4.000,00 R$ 480,00 R$ 4.480,00 3 R$ 8.000,00 R$ 4.000,00 R$ 360,00 R$ 4.360,00 4 R$ 4.000,00 R$ 4.000,00 R$ 240,00 R$ 4.240,00 5 R$ - R$ 4.000,00 R$ 120,00 R$ 4.120,00 R.: A diferença se dá pelo fato de que no Sistema Francês de Amortização as prestações são fi xas e as amortizações são variáveis, e no caso do SAC, as amortizações são fi xas, gerando assim parcelas variáveis e decrescentes.