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Gestão Financeira O Papel de Finanças e do Administrador Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Danielle Stelzer 1ª Edição Copyright © 2021, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Nara Pires Pró-Reitoria de Programas de Graduação Lívia Maria Figueiredo Lacerda Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Sumário O Papel de Finanças e do Administrador Para Início de Conversa... ............................................................................... 4 Objetivos ......................................................................................................... 4 1. Finanças e a Empresa .................................................................................. 5 1.1 Formas de Organização Empresarial .............................................. 5 1.2 Objetivos da Empresa do Ponto de Vista Financeiro ................ 6 1.3 Decisão de Financiamento e Investimento .................................. 6 1.4 O Ambiente Operacional das Empresas ........................................ 7 1.5 Instituições e Mercados Financeiros .............................................. 7 1.6 Taxa Selic .................................................................................................. 8 2. Finanças e outras Áreas ............................................................................. 9 2.1 Administração Financeira e Contabilidade ................................... 9 2.2 Administração Financeira e Economia ........................................... 10 3. Análise Marginal ........................................................................................... 11 Referências ........................................................................................................ 12 Gestão Financeira 3 Para Início de Conversa... Segundo Maximiano (1992), “uma organização é uma combinação de esforços individuais que tem por finalidade realizar propósitos coletivos”. Dessa forma, administrar as finanças da empresa é um grande desafio, que necessita um sólido conhecimento das suas particularidades, da importância da área de finanças diante das demais áreas e dos objetivos da empresa, do ponto de vista financeiro. O princípio econômico básico com o qual as decisões financeiras devem ser tomadas é chamado de análise marginal, em que os benefícios marginais devem superar os custos marginais. É importante sabermos que a análise marginal é apenas uma base para a tomada de decisão, porém não deve ser usada de forma isolada. É preciso que haja controle e planejamento financeiro e que todas as demais variáveis que envolvam a operação sejam consideradas. Além disso, tais decisões devem considerar o desenvolvimento de uma estrutura adequada aos novos projetos da organização, no que diz respeito aos financiamentos e investimentos. Uma operação financeira é chamada de intermediação financeira e acontece no mercado financeiro. Esse mercado tem como base a Taxa Selic, que serve de referência para todas as demais taxas de juros do país, sendo considerada a taxa média de juros do mercado. Objetivos ▪ Apresentar os principais conceitos que envolvem a Administração Financeira nas organizações. ▪ Explicar as diferenças entre os regimes utilizados pela Administração Financeira e Contabilidade. ▪ Demonstrar a análise marginal como o princípio básico de tomada de decisões financeiras. Gestão Financeira 4 1. Finanças e a Empresa As finanças corporativas fazem parte de todo o escopo das organizações, em razão da importância de administrar os recursos financeiros para maximizar a riqueza dos acionistas. 1.1 Formas de Organização Empresarial Uma empresa é uma unidade econômico-social, integrada por elementos humanos, materiais e técnicos, que tem o intuito de obter utilidades por meio da sua participação no mercado de bens e serviços. Nesse sentido, faz uso de fatores produtivos: trabalho, terra e capital. Figura 1: Formas de organização empresarial. Fonte: Dreamstime. As empresas podem ser classificadas de acordo com a atividade econômica que desenvolvem. Desse modo, deparamo-nos com as empresas do setor primário (que obtêm os recursos a partir da natureza, como é o caso das agrícolas, pesqueiras ou pecuárias), as empresas do setor secundário (dedicadas à transformação de matérias-primas, como acontece com as industriais e as da construção civil) e as empresas do setor terciário (empresas que se dedicam à prestação de serviços ou ao comércio). Figura 2: Classificação das empresas de acordo com a atividade econômica. Fonte: Dreamstime. Empresas do setor primário Empresas do setor secundário Empresas do setor terciário Gestão Financeira 5 Outra classificação igualmente possível para as empresas é feita de acordo com a sua constituição jurídica, como: 1. Firma individual – Empresa de propriedade de uma única pessoa, que opera visando seu próprio lucro. 2. Sociedade limitada – Empresa com fins lucrativos, constituída por duas ou mais pessoas. 3. Sociedade anônima – Pessoa jurídica de direito privado, com fins lucrativos, em que o capital social é representado por ações ou entidades sem fins lucrativos. As empresas também podem ser definidas de acordo com a respectiva titularidade do capital, como: 1. Empresas privadas – cujo capital está nas mãos de particulares. 2. Empresas públicas – controladas pelo Estado. 3. Empresas mistas – nas quais o capital é partilhado por particulares e pelo Estado e empresas de autogestão; o capital é propriedade dos trabalhadores. 1.2 Objetivos da Empresa do Ponto de Vista Financeiro Importante considerar os objetivos da empresa, do ponto de vista financeiro são: ▪ Liquidez: Formalmente, corresponde ao grau de monetização do ativo, ou seja, à capacidade que a empresa tem de tornar em dinheiro seus ativos. ▪ Rentabilidade: Grau de rendimento proporcionado por determinado investimento. ▪ Geração de Valor Interno: Por meio de mão de obra, matérias-primas, equipamentos e tecnologias. ▪ Geração de Valor Externo: É a imagem junto ao mercado. 1.3 Decisão de Financiamento e Investimento De uma maneira abrangente, podemos identificar duas áreas de decisões financeiras: de financiamento e de investimento. As decisões de financiamento constituem responsabilidade exclusiva do administrador financeiro, pois visam montar a estrutura financeira adequada aos novos projetos a serem implantados na empresa. As questões envolvidas nas decisões de financiamento referem-se à quando, quanto, onde e como a empresa deve tomar recursos emprestados, por exemplo, onde tomar um empréstimo, qual o valor etc. Gestão Financeira 6 As decisões quanto ao investimento resumem-se em descobrir as alternativas mais lucrativas para os projetos, como, por exemplo, o que fazer com o dinheiro disponível em caixa ou com o dinheiro que tomou emprestado. 1.4 O Ambiente Operacional das Empresas As empresas operam em um ambiente econômico no qual existem agentes econômicos poupadores, com recursos financeiros em excesso, e agentes econômicos deficitários, com falta de recursos. Quando não há um movimento sincronizado entre recebimentos e pagamentos, no que diz respeito a prazo de recebimento/pagamento e volume de recursos, os intermediários financeiros canalizam os recursos dos agentes superavitários para os agentes deficitários. A intermediação financeira é a aproximação entre a oferta e a procura de recursos no mercado financeiro. Esse processosignifica a captação de recursos excedentes dos agentes econômicos poupadores e a cessão desses recursos aos agentes econômicos deficitários. 1.5 Instituições e Mercados Financeiros A maioria das empresas tem necessidade permanente de fundos provenientes de fontes externas, que podem ser obtidos por meio de instituição financeira e pelos mercados financeiros. As instituições financeiras são intermediárias que canalizam as poupanças de indivíduos, empresas e governos para empréstimos ou investimentos. Essas instituições pagam aos poupadores juros sobre fundos depositados, captam poupança, emprestam esses fundos aos clientes e investem economias dos clientes em ativos rentáveis, tais como bens imóveis ou ações e títulos de dívida. Além disso, prestam serviços em troca de tarifas, recebem os depósitos dos clientes e emprestam esse dinheiro a outros clientes: indivíduos, empresas e o governo. As principais instituições financeiras são os bancos comerciais, as cooperativas de crédito, as companhias de seguros, os fundos de pensão e os fundos de investimento. Os mercados financeiros são fóruns onde os fornecedores de fundos, tomadores de empréstimos e investidores podem negociar diretamente. Enquanto os empréstimos e as aplicações pelas instituições são feitos sem o conhecimento direto dos fornecedores de fundos, nos mercados financeiros eles conhecem o destino do empréstimo ou da aplicação. Gestão Financeira 7 Figura 3: Mercado financeiro. Fonte: Dreamstime. 1.6 Taxa Selic A taxa de juros é a compensação paga pelo tomador de fundos ao credor. Do ponto de vista do tomador de fundos, é o custo de captar os recursos financeiros. Quando ocorre empréstimo de fundos, o custo de sua captação é a taxa de juros. Quando os fundos são obtidos por meio da venda de um direito de propriedade, tal como na venda de ações, o custo para o emitente (demandante) é chamado retorno exigido, que reflete o nível de retorno esperado pelo fornecedor dos fundos (investidor). Selic – Sistema Especial de Liquidação e Custódia –, é um sistema computadorizado do Banco Central, ao qual apenas as instituições financeiras credenciadas têm acesso. Funciona, mais ou menos, como a compensação de um banco, só que, no mercado de títulos públicos, transfere os papéis para o comprador, ao mesmo tempo em que credita o valor da venda para o vendedor. O Comitê de Política Monetária (Copom) é o órgão decisório da política monetária do Banco Central do Brasil, que por meio de uma reunião, estabelece a meta para a taxa básica de juros, que no Brasil é a Taxa Over-Selic, ou Taxa Selic. A Taxa Selic é a média de juros que o governo brasileiro paga por empréstimos tomados dos bancos. Essa média serve de referência para todas as outras taxas de juros do país. Quando a Selic aumenta, os bancos preferem emprestar dinheiro ao Governo, que é melhor pagador. Isso faz com que haja menos dinheiro disponível e um consequente impacto no crédito para os consumidores, que fica cada vez mais caro. O governo usa a Taxa Selic para fiscalizar a inflação. Se estiver alta, significa que há menos dinheiro circulando no país, e, consequentemente, haverá uma procura menos por produtos e serviços. Com a diminuição da intenção de compra, os preços entram em queda. Gestão Financeira 8 2. Finanças e outras Áreas Muito se comenta sobre a independência da área financeira e sua soberania na tomada de decisão, porém, uma empresa não funcionaria somente com o departamento de Finanças. Figura 4: Finanças e outras áreas. Fonte: Dreamstime. A maioria das decisões empresariais é medidas em termos financeiros. Todas as áreas (Contabilidade, Produção, Marketing, RH etc.) necessitam interagir com a área de Finanças para a execução de suas atividades, por exemplo: admissão de pessoal, aquisição de equipamentos, campanhas de vendas etc. Assim, essa sinergia é fundamental para que todas as engrenagens funcionem impulsionando a empresa aos melhores resultados. 2.1 Administração Financeira e Contabilidade A administração financeira e a contabilidade são intimamente ligadas, embora possuam visões diferentes. A contabilidade usa a abordagem do regime de competência, no qual as receitas são reconhecidas no momento da venda, e as despesas, quando incorridas. A administração financeira enfatiza o fluxo de caixa (E/S), mantendo a solvência da empresa (capacidade de pagar as dívidas de curto prazo), ou seja, tem ativo permanente, mas não tem ativo circulante, e usando o regime de caixa, isto é, reconhece receitas e despesas quando ocorrem. Observe o exemplo a seguir: Determinada empresa fez a seguinte operação em dezembro de 2019: ▪ Vendas: R$ 100.000,00 ▪ Prazo de recebimento: 60 dias ▪ Custo do produto: 80.000,00 (pagos em 2019) No que diz respeito ao registro das operações, note que a administração financeira utiliza um regime de reconhecimento das operações bem diferente da contabilidade: Gestão Financeira 9 VISÃO DO CONTADOR DRE – 31/12/2019 VISÃO DO ADM. FINANCEIRO DFC – 31/12/2019 Receita 100.000,00 Entrada de caixa 0,00 (-) Custo 80.000,00 (-) Saída de caixa 80.000,00 (=) Lucro líquido 20.000,00 (=) Fluxo líquido de caixa (80.000,00) Quadro 1: Registro de operações. Fonte: Elaborado pela autora. Nesse caso, para a contabilidade, a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) teria um Lucro Líquido positivo em R$ 20.000,00, enquanto para a Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) feita pelo administrador financeiro, apresenta um fluxo líquido de caixa negativo em R$ 80.000,00. Isso se dá pelo fato de a administração financeira não ter considerado a entrada de caixa, uma vez que o dinheiro só estaria efetivamente no caixa da empresa em fevereiro de 2020. De acordo com Assaf (2014, p.95), a DRE tem como finalidade apurar o lucro ou prejuízo em um exercício. Esse demonstrativo envolve as receitas, despesas, ganhos e perdas apurados pelo regime de competência, independentemente dos pagamentos e recebimentos realizados pela organização. 2.2 Administração Financeira e Economia O administrador financeiro deve compreender a estrutura econômica, estando atento às consequências dos vários níveis de atividade e mudanças na política. A economia é valiosa para a administração financeira, principalmente, em função do seu desdobramento em duas áreas: macroeconomia e microeconomia. A macroeconomia analisa a economia em larga escala, ou seja, visa o ambiente global, levando em conta operações nacionais e internacionais (importações e exportações, por exemplo). A microeconomia analisa a economia em relação às organizações e indivíduos, determinando as melhores estratégias para as operações empresariais. Sendo assim, é possível perceber que a economia influencia diretamente nas decisões tomadas pela área de Finanças, principalmente, no que diz respeito ao processo de formação de preços, comportamento do Gestão Financeira 10 consumidor e, até mesmo, nas estratégias de marketing utilizadas para alcançar o público-alvo da empresa ou de um determinado produto ou serviço. 3. Análise Marginal O princípio econômico básico utilizado na administração financeira é a análise marginal, segundo a qual devem ser tomadas as decisões financeiras e realizadas ações somente quando os benefícios adicionais superarem os custos adicionais. Veja este exemplo: João é administrador financeiro da ACS S.A. e está decidindo de substituirá um dos computadores da empresa por um mais sofisticado, que aceleraria o processamento. O novo computador exigiria o desembolso de R$ 80.000,00, e o antigo computador poderia ser vendido por R$ 28.000,00. Os benefícios totais com a compra do novo seriam de R$ 100.000,00, e os produzidos pelo computador antigo seriam de R$ 35.000,00. Com base no princípio da análise marginal, qual deve ser a decisão de João? Em primeiro lugar, é preciso estabelecer quais são os benefícios e custos marginais, conforme segue: Benefícios com novo computador ..... . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100.000,00 (-) Benefícios com computador antigo ..... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35.000,00 (=) Benefícios marginais adicionados ...... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65.000,00 Custos com novo computador ..... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80.000,00 (-) Valor obtido com a venda do antigo...... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28.000,00 (=) Custos marginais adicionados ..... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52.000,00 Aplicando a análise marginal, observamos que os benefícios marginais são maiores do que os custos marginais: BENEFÍCIOS ADICIONADOS – CUSTOS ADICIONADOS = LUCRO MARGINAL 65.000 - 52.000 = 13.000 Ao aprovar a troca dos computadores, João terá um lucro marginal de R$ 13.000,00, ou seja, a operação valerá a pena. Dessa forma, é possível identificarmos como realizar a análise marginal. Vimos, neste estudo, que o principal papel do administrador financeiro nas organizações é a correta administração e alocação dos recursos, visando maximizar a riqueza dos acionistas. Gestão Financeira 11 Foi possível observar que uma empresa é uma entidade econômica que opera explorando um determinado ramo de negócio com o intuito de oferecer seus produtos e serviços ao mercado consumidor e podem ser classificadas de acordo com a atividade econômica que desenvolvem, de acordo com a sua constituição jurídica, e de acordo com a titularidade do capital. Toda organização tem seus objetivos e – do ponto de vista financeiro –, os principais são a capacidade de liquidar suas dívidas de curto prazo e a geração de valor interno e externo. Dentre as decisões básicas da administração financeira, podemos identificar duas áreas de decisões financeiras: de financiamento e de investimento, que se resumem em descobrir alternativas mais lucrativas para os projetos. Por fim, conhecemos como funciona o mercado financeiro, onde ocorre a intermediação financeira, que é a aproximação entre a oferta e a procura de recursos. Aprendemos sobre a taxa básica de juros do país e entendemos que, para que a empresa alcance seus objetivos, é preciso que haja integração entre todas as áreas, ainda que a visão financeira seja diferente, pois o trabalho de cada parte irá repercutir nos resultados alcançados pela organização. Referências ASSAF NETO, A; LIMA, F. G. Fundamentos de administração financeira. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2014. GITMAN, L. J. Princípios da administração financeira. 10 ed. São Paulo: Pearson Education, 2004. MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1992. Gestão Financeira 12 Gestão Financeira Governança Corporativa Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Danielle Stelzer 1ª Edição Copyright © 2021, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Nara Pires Pró-Reitoria de Programas de Graduação Lívia Maria Figueiredo Lacerda Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Sumário Governança Corporativa Para Início de Conversa... ............................................................................... 4 Objetivos ......................................................................................................... 4 1. Teoria da Agência ......................................................................................... 5 1.1. Governança Corporativa ..................................................................... 8 2. Modelos de Governança Corporativa ................................................... 10 2.1 Objetivos E Princípios Básicos .......................................................... 11 2.2 Melhores Práticas em Governança .................................................. 12 2.2.1 Modelo Anglo-saxão ......................................................................... 13 2.2.2 Modelo Nipo-germânico .................................................................. 13 2.2.3 Modelo Latino-europeu ................................................................... 14 2.2.4 Modelo Latino-americano ............................................................... 14 2.3 Sistemas de Governança Corporativa ............................................. 14 3. Relação com Investidores .......................................................................... 15 3.1 Participação nos Lucros ...................................................................... 16 Referências ......................................................................................................... 17 Gestão Financeira 3 Para Início de Conversa... Em um ambiente onde as mudanças ocorrem simultaneamente, e em alta velocidade por causa da disseminação das informações por meio de diversas mídias e da tecnologia, o nível de competitividade exigido pela sociedade contemporânea vem se elevando a cada dia. Teoricamente, a maioria dos administradores financeiros concorda com o objetivo de maximização da riqueza do proprietário. Na prática, estão também preocupados com sua riqueza pessoal. Dessa forma, evitam riscos elevados, agem com moderação e levam os proprietários a ganhos inferiores ao que poderiam ter. Os problemas de agência ou agency são definidos como “o conflito potencial de interesses entre o agente (administrador) e os acionistas externos à administração, ou os credores (portadores de títulos de dívida)”. Nesses casos, há grande possibilidade de os administradores colocarem seus objetivos pessoais à frente dos objetivos da empresa. Uma das maneiras de minimizar os problemas de agência é a adoção das práticas de Governança Corporativa, tendo como principal preocupação a criação de mecanismos eficientes, com sistemas de monitoramento e incentivos para garantir que o comportamento dos administradores esteja alinhado aos interesses dos acionistas. Objetivos ▪ Entender a influência da Governança Corporativa para minimizar os problemas de agência. ▪ Reconhecer os modelos de Governança Corporativa, suas características e funções. ▪ Apontar a importância da Governança para o investidor que busca ampliar seus recursos por meio de uma empresa saudável. Gestão Financeira 4 1. Teoria da Agência Você sabe o que é Governança Corporativa? É um tema em evidência no Brasil e no mundo, cujo objetivo é dar transparência e eficiência à gestão dos recursos de uma empresa. A teoria da agência está diretamente relacionada à Governança Corporativa, pois diz respeito ao estudo das relações de confiança, nas quais existe a delegação de poderes do principal ao agente, em que este atua em nome daquele que lhe instituiu poderes para tal. Figura 1: Relação de agência. Fonte: Adaptada de Felini (2017). Custos de monitoração, incentivos PRINCIPAL AGENTE Delegação de autoridade Custos de ligação Todas as empresas têm algum modelo de governança. E, ao adotá-lo, o foco ou o benefício mais relevante está na separação dos papéis da alta gestão e na mitigação dos riscos durante a tomada de decisão, com o objetivo de utilizar melhor os recursos, ampliando os resultados de forma sustentável. Figura 2: Delegação de poderes ao principal agente. Fonte: Dreamstime. É claro que não estamos falando de uma empresa pequena e que esteja na fase de sobrevivência, mas, à medida que ela cresce, deve-se pensar em se estruturar e organizar um modelo próprio de governança. Gestão Financeira5 O ciclo de desenvolvimento da governança começa com os sócios- empreendedores, então, a empresa cresce, e os sócios se tornam diretores de áreas do negócio (comercial, financeira etc.). Com o crescimento do negócio e, partindo do princípio de que ninguém possui as habilidades necessárias para realizar todas as tarefas, é preciso que o principal gestor delegue ações a outro agente. Então, aos poucos, os sócios-proprietários contratam os CEOs (Chief Executive Officer), ou seja, os diretores executivos. A propriedade se distancia da gestão, e a governança se estrutura em sócios controladores. Os CEOs são responsáveis pela estratégia da empresa, acionistas, auditores, conselho fiscal, de administração, funcionários e demais áreas, de acordo com o estilo de negócio. Gitman (2004, p.17) define o problema de agency – ou problema de agência – como “a possibilidade de os administradores colocarem seus objetivos pessoais à frente dos objetivos da empresa”. A teoria da agência pressupõe que existe um custo de agenciamento das decisões, ou seja, nem sempre o que é melhor para o dono é exatamente igual ao que é melhor para o administrador. Então, surgem as forças de mercado e os custos de agência como formas de dirimir os problemas de agência. As forças de mercado estão relacionadas à pressão feita pelos sócios e acionistas ao administrador, que, na possibilidade de colocar seus objetivos à frente dos objetivos da empresa, corre o risco de perder o emprego. Os custos de agência são definidos como a soma de custos de acompanhamento assumidos pelos acionistas e incentivos pagos aos administradores. Espera-se que sejam concebidos contratos que forneçam aos administradores os incentivos apropriados para maximizar a riqueza dos acionistas. Os principais custos de agência entre acionistas e administradores são: Figura 3: Os principais custos de agência entre acionistas e administradores. Fonte: Dreamstime. Gastos para monitorar as ações dos administradores, tais como auditoria. Gastos para estruturar a organização, de forma a limitar o comportamento indesejável dos administradores, como nomear investidores externos para o conselho de administração. Custo de oportunidade, que ocorre quando existem restrições impostas pelos acionistas, como a exigência de voto em determinados assuntos, limitando a habilidade dos administradores em tomar decisões que poderiam aumentar a riqueza do acionista. Gestão Financeira 6 A existência de problemas de agência não significa que a sociedade por ações não atuará para melhor atender aos interesses dos acionistas, e sim que há certo custo para fazer isso. Entretanto, os problemas de agência nunca podem ser perfeitamente resolvidos, e os administradores nem sempre atuarão segundo os interesses dos acionistas. Haverá, assim, uma perda residual, que é a riqueza perdida pelos acionistas em consequência de comportamento divergente, nesse sentido, pelos administradores. No Brasil, o principal conflito de agência ocorre entre os interesses dos acionistas controladores e dos acionistas minoritários. Uma vez que o acionista tem poder de voto nas assembleias, é preciso que ele o faça visando os objetivos da companhia em vez de seus próprios interesses, o que nem sempre ocorre. Por exemplo, se o acionista controlador possui um interesse particular em uma decisão a ser votada em assembleia, como a incorporação ou aquisição de uma empresa da qual ele seja proprietário, ele deve declarar esse conflito e se abster da votação, pois a falta de transparência, sem levar em consideração os interesses coletivos dos demais acionistas (minoritários), é um dos motivos que interfere no desenvolvimento do mercado acionário, estando sujeito a multas instituídas pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM, já que isso acarreta graves consequências para a economia como um todo. Veja, a na figura seguir, informações sobre o Acordo de Acionistas: cinco cláusulas que não podem faltar. Figura 4: Acordo de acionistas. Fonte: Adaptada de Giovanni Filho (2017). Em vista disso, foi criado, na Bolsa de Valores, o Novo Mercado, categoria na qual estão listadas as ações das companhias que aderem voluntariamente a melhores práticas de governança. Entre elas, podemos citar a maior transparência nos demonstrativos de suas contas e regras de proteção aos acionistas minoritários. Quem toma a decisão Até onde podem interferir Em quais circunstâncias interferem Quais decisões podem tomar Quais os compromissos Onde queremos chegar Gestão Financeira 7 Por sua vez, as empresas possuem motivações para permanecerem na listagem do Novo Mercado, tais como: ▪ O interesse em ampliar a liquidez das suas ações. ▪ Conquistar novos mercados, além do doméstico, ou seja, lançar-se no mercado internacional. Entre os principais direitos de proteção aos acionistas minoritários, estão o de receber dividendos em datas predeterminadas nas assembleias de acionistas, das quais são garantidas a sua participação; e o de terem o mesmo direito que os controladores na situação de venda da companhia. 1.1. Governança Corporativa Governança Corporativa é o sistema pelo qual as empresas são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre seus sócios, conselho de administração, diretoria, auditoria independente e conselho fiscal. O termo Governança Corporativa vem da expressão americana corporate governance, derivada da analogia entre governo político e governo das companhias, já que nos primeiros regulamentos internos das companhias americanas, havia a descrição do voto político e societário (corporative) (OIOLI, 2015). Figura 5 :Governança Corporativa. Fonte: Dreamstime. Em outras palavras, a aproximação entre o governo de um país e o governo da empresa originou a expressão “governança corporativa” ou “governança das corporações”, que, segundo a literatura acadêmica, foi utilizada pela primeira vez na década de 1960, por Richard Eells, para descrever a estrutura e o funcionamento das políticas de uma corporação (RODRIGUES, 2009). Gestão Financeira 8 Na atualidade, a governança nas empresas é tão importante para a economia mundial quanto o sistema de governança dos países. No Brasil, por exemplo, a Operação Lava Jato tem colaborado para melhorar a governança do país, induzindo a reformulação das práticas de governança nas estatais brasileiras. Figura 6: Importância da Operação Lava Jato para a Governança. Fonte: Dreamstime. Empresas que atuam com as melhores práticas para administrar um negócio constroem boa reputação no mercado, obtendo melhores taxas de captação para seus investimentos, pois os agentes avaliam a empresa como de menor risco e, nesse processo, se dá a criação de valor. Em relação à governança, surgem as seguintes questões: Figura 7: Questões relacionadas à governança. Fonte: Dreamstime. As boas práticas de governança estão contidas em um documento criado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), intitulado Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, que tem como objetivo aprimorar a governança das organizações brasileiras. Esse documento resulta da análise da legislação, de estudos acadêmicos, de reflexões, debates e opiniões de profissionais, entes governamentais, entidades de classe, do mercado e de organismos internacionais afins. Como instituir mecanismos para assegurar que o benefício (lucro) conseguido hoje não comprometerá o futuro da empresa? Sabemos que certas decisões podem acelerar os resultados financeiros do negócio, mas será que, em longo prazo, os riscos associados a essas decisões compensarão os retornos obtidos? Será que trarão prejuízos irreversíveis à companhia? Gestão Financeira 9 Assim, já identificamos que a governança é um conjunto de práticas que refletem os valores da corporação. Elas são adotadas para: ▪ Gerenciar melhor o relacionamento entre todos os intervenientes que possuemum interesse específico na empresa, sejam eles internos ou externos. ▪ Minimizar os conflitos dessa relação. ▪ Garantir a execução da estratégia definida para o crescimento do negócio, de forma sustentável. ▪ Alcançar resultados satisfatórios com transparência nas informações. O Instituto Brasileiro de Conselheiros de Administração (IBCA) foi criado em 1995, pelo administrador Bengt Hallqvist, junto com o professor João Bosco Lodi e um grupo de empresários, visando fortalecer a atuação dos Conselhos de Administração. Mais tarde, em 1999, tornou-se o atual IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. 2. Modelos de Governança Corporativa Os arranjos institucionais que regem as relações entre acionistas (ou proprietários, associados etc.) e as administrações das empresas, refletidos em cada modelo de governança, têm sido uma preocupação importante no Brasil, à medida que as mudanças em curso, principalmente as estatais, aceleram e atraem novos investidores, especialmente estrangeiros. Figura 8: Modelos de Governança Corporativa. Fonte: Dreamstime. As discussões envolvendo o tema e a evolução de práticas de governança têm sido intensas nos últimos anos, com a tendência de os investidores institucionais assumirem um papel crescente no financiamento de empresas no mundo inteiro. Nesse cenário, é importante conhecer os diversos modelos de governança e entender como a disseminação das boas práticas recomendadas pelo IBGC na cultura empresarial traz benefícios não apenas financeiros, mas também de crescimento e desenvolvimento à sociedade como um todo. Gestão Financeira 10 2.1 Objetivos E Princípios Básicos A Governança Corporativa (GC) indica o caminho adequado a ser seguido para os diversos tipos de sociedades empresarias, sejam elas constituídas por ações de capital aberto ou fechado, limitadas, civis, privadas ou públicas. As práticas de GC visam ampliar o valor da companhia, seu desempenho e o acesso a recursos de fluxo de caixa e financiamentos a longo prazo, a custos menores. Figura 9: Boas Práticas de Governança. Fonte: Adaptada de Cardoso; Castagna (2017). Boas práticas de Governança Transparência, Equidade, Prestação de Contas, Responsabilidade Corporativa Princípios básicos Pilares da Governança Corporativa Veja, a seguir, a base dos princípios do IBGC: ▪ Equidade: Tratamento igualitário entre todos os sócios e demais partes interessadas. ▪ Transparência: Autêntico compromisso de informar tanto fatos positivos quanto negativos, imprescindíveis para gerar confiança interna e externa. ▪ Prestação de contas (accountability): Pressupõe que os agentes da governança assumam as consequências de seus atos e omissões. ▪ Responsabilidade Corporativa (compliance): Zelo pela sustentabilidade da companhia, visando à longevidade e incorporando definições de ordem social e ambiental. De acordo com Silva (2016), além dos princípios básicos de governança determinados pelo IBGC, outros dois, não menos importantes, poderiam complementar a lista: a ética, relacionada à conduta institucional e prestação de contas à sociedade; e a compliance, que tem como objetivo disciplinar as normas legais e regulamentares, bem como as políticas e diretrizes estabelecidas para o ambiente de negócios. Gestão Financeira 11 2.2 Melhores Práticas em Governança Você já percebeu as profundas transformações que a economia brasileira tem passado nos últimos anos? E como isso trouxe mudanças para a estrutura de propriedade e gestão das grandes empresas? As relações, outrora estáveis, entre acionistas e administradores nas empresas estatais e empresas privadas familiares, de capital aberto ou fechado, estão sendo revistas por meio de reestruturação societária, de privatizações e da recente entrada de novos sócios, como fundos institucionais e investidores estrangeiros. Essas mudanças facilitam o acesso a novos recursos via mercado de capitais e induzem o aprimoramento da gestão, mas a tendência de separar a propriedade da gestão impõe a necessidade de um maior monitoramento das relações entre os acionistas e os administradores. Tudo isso porque, do ponto de vista dos acionistas, uma gestão profissionalizada implica em delegar autonomia aos administradores, o que gera assimetria de informações, podendo levar a uma divergência de interesses: o problema de agency. Figura 10: Melhores práticas em governança. Fonte: Dreamstime. Por isso, o arranjo da estrutura societária merece constante avaliação quanto à relativa eficácia institucional de modelos alternativos de governança corporativa e os seus impactos sobre a competitividade das empresas. Um modelo de GC é formado pelo conjunto de instituições, suas culturas, normas e convenções que regulam as relações entre as Gestão Financeira 12 administrações das empresas e os acionistas ou outros grupos aos quais as administrações, de acordo com o tipo de modelo, devem prestar contas. As características de cada modelo existente ao redor do mundo refletem as diferentes formas culturais, as relações políticas, as prioridades sociais e os tipos de organização capitalista e de desenvolvimento econômico nos diversos países. Apesar da variedade de modelos aplicáveis, o objetivo da governança é o mesmo: garantir que as práticas instituídas assegurem a transparência das ações e transmitam confiança para os acionistas e as partes interessadas. 2.2.1 Modelo Anglo-saxão Prevalece nos Estados Unidos, no Reino Unido e no Canadá. Nesse modelo, as principais características são: a participação acionária (propriedade) pulverizada e a separação entre propriedade e gestão, tendo como objetivos primordiais da atividade empresarial o retorno dos investimentos e a criação de valor aos acionistas e às práticas de governança que permitem melhor alcançá-los (ROSSETTI; ANDRADE, 2014). 2.2.2 Modelo Nipo-germânico Esse modelo predomina no Japão e na Alemanha e sofre a influência de sua cultura coletivista, privilegiando o equilíbrio dos interesses dos diversos intervenientes stakeholders que se relacionam com a empresa, bem como a garantia do emprego aos colaboradores, que tem sido difícil de sustentar, graças à elevação dos níveis de competição globais. No Japão, são formados os Keiretsus – conglomerados de negócios, em que cada empresa-membro possui uma pequena participação nas empresas conglomeradas, sendo que, no total das participações cruzadas, no mínimo, 20% do capital fica sob o controle das empresas-membro, as quais possuem um Conselho de Administração unificado. Figura 11: Estrutura dos Keiretsus. Fonte: Adaptada de Hatakeyama; Bortolli (2003). Empresa-membro do grupo Subsidiárias ou empresas afiliadas Gestão Financeira 13 Na Alemanha, a gestão também é compartilhada, e a lei ainda exige a presença de representantes dos empregados, sindicatos e bancos nos Conselhos das empresas. 2.2.3 Modelo Latino-europeu Nos países da Ásia emergente, as características do modelo de GC são próximas ao modelo latino-europeu, também adotado pela França. Lá, diferentemente da Alemanha, a cultura francesa interfere de modo negativo nas práticas de GC, pois, nas empresas familiares, o proprietário do negócio é o único gestor e administrador. Há concentração de propriedade e acúmulo de função entre o Conselho e diretoria executiva, propenso ao crescimento da adoção dos princípios de GC por conta da recomendação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). 2.2.4 Modelo Latino-americano O modelo de Governança Corporativa instituído na América Latina, comparado aos demais países, é formado por poucas corporações de capital aberto com acesso ao mercado de capitais para o financiamento de seus projetos e ações negociadas na Bolsa de Valores, sendo a maioria das empresas de controle familiar. 2.3 Sistemas de Governança Corporativa Há duas grandes categorias que abrigam os principais modelos adotados pelo mundo: Outsider System e Insider System. Figura12: Sistemas de Governança Corporativa. Fonte: Dreamstime. O sistema de governança Outsider System é o representativo do modelo anglo-saxão, no qual o mercado de ações exerce papel preponderante no financiamento das empresas, com foco nos lucros e retorno elevado aos acionistas, os quais se mantêm pulverizados e fora da gestão da companhia. Gestão Financeira 14 Já o sistema Insider System é o de governança da Europa Continental e do Japão, de controle familiar nas corporações, com a presença do Estado como acionista expressivo e a existência de grandes conglomerados diversificados exercendo o comando de operações diárias das companhias, de forma direta ou por meio de pessoas por eles indicadas. Nesse modelo, o financiamento das empresas ocorre por meio do mercado de títulos e dívida. No Brasil, a globalização, privatização e o processo de desregulamentação da economia vêm ampliando as práticas de GC, apesar desse ser um assunto recente e em evolução. O modelo adotado no país se aproxima um pouco do Insider System, com a propriedade e a gestão sobrepostas, além da baixa liquidez da participação acionária, diferentemente do modelo Outsider System. O modelo em desenvolvimento no Brasil ainda carece de mecanismos de acompanhamento das ações da gestão para conferir se as boas práticas previstas nos manuais são efetivamente aplicadas e alcançam os objetivos esperados. 3. Relação com Investidores A história do mercado de capitais é marcada por períodos de grandes avanços e transformações, como o fortalecimento do mercado e a adoção dos princípios de sustentabilidade empresarial e das melhores práticas de governança corporativa. Em virtude disso, a área de Relações com Investidores (RI) ganhou grande importância, apoiando as empresas nos seus relacionamentos com os stakeholders. Figura 13: Relação com investidores. Fonte: Dreamstime. O Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI), fundado em junho de 1997, contribuiu na consolidação do trabalho dos profissionais de RI como intermediários entre as organizações e o mercado, em busca constante por aprimoramento, embasados em uma conduta ética e responsável. Gestão Financeira 15 A área de relação com investidores (RI) é essencial para as empresas, por ser a fonte de dados para os investidores, criando subsídios para que eles decidam sobre a compra e venda das ações da organização. 3.1 Participação nos Lucros O objetivo maior de uma sociedade é a geração de lucro que, após o final de um determinado período, deve ser apropriado pelos sócios e acionistas. Quando abordamos os investimentos em empresas de capital aberto, o intuito dos acionistas é, justamente, a participação nos lucros decorrentes das atividades da organização. Esses lucros podem ser gerados pela compra de ações ou subscrição de ações em aporte de capital. Assim, os investidores lançam seu capital em uma determinada empresa, esperando resultados satisfatórios para que possam participar da distribuição de lucros no futuro. Para o investidor, é fundamental analisar o processo de distribuição de lucros da empresa, considerando que dela resultará a alocação dos seus recursos financeiros. Para a empresa, ressalta-se a importância da retenção de parte dos lucros para o financiamento de projetos que visem seu crescimento, desenvolvimento e longevidade. Visando garantir essa distribuição, a Lei das S.As. regula tais ações, garantindo aos acionistas o direito de participar dos lucros, sob a forma de dividendos (art. 9, inciso I). Os artigos 189 a 191 da referida lei determinam que, após auferidas as receitas da empresa, deverão ser deduzidas as despesas incorridas, bem como os prejuízos acumulados nos exercícios anteriores, a provisão do Imposto de Renda a pagar e demais deduções societárias e fiscais, chegando, então, ao Resultado do Exercício. Excluindo-se as participações estatutárias, o resultado será o lucro líquido (BRASIL, 1976). Salienta-se, também, que as demonstrações financeiras devem ser submetidas à avaliação da Assembleia Geral de Acionistas, para que seja apresentada uma proposta de distribuição dos lucros. Após o estabelecimento do valor a ser distribuído, o montante dos dividendos será dividido pela quantidade de ações existentes, permitindo, assim, mensurar o valor devido a cada acionista, proporcionalmente à quantidade de ações em sua propriedade. Esse é um procedimento obrigatório por lei a todas as empresas de capital aberto, porém, as organizações ainda podem definir em estatuto qual será o percentual de lucro líquido distribuído aos acionistas, de forma precisa e minuciosa, não cabendo aos administradores e aos acionistas controladores a decisão sobre essa porcentagem. Gestão Financeira 16 Caso o estatuto não apresente tais informações, cabe aos acionistas o direito ao recebimento de dividendos em 50% do lucro líquido, conforme regula o artigo 202 da Lei das S.As. Se, em determinado exercício, a empresa não apresentar resultado favorável à distribuição de dividendos, os administradores deverão comunicar uma justificativa à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), e os lucros não partilhados serão registrados como reserva especial, devendo ser pagos tão logo haja o restabelecimento da situação financeira da empresa (BRASIL, 1976, art. 202, § 5º). A distribuição dos lucros influencia diretamente nas decisões do investidor, no que diz respeito à alocação do seu capital em projetos que garantam retornos satisfatórios, considerando que o objetivo é maximizar sua riqueza. Neste estudo conhecemos os conceitos e princípios que regem a Governança Corporativa, bem como a sua importância para as organizações, no sentido de manter a ética e transparência nos relacionamentos. Vimos que, quando proprietários e administradores divergem em relação aos interesses organizacionais, emerge problema de agência, causando contestações, problemas e desconforto nos relacionamentos entre os agentes. Descobrimos que, para evitar esse tipo de problema, as empresas aplicam os princípios de governança corporativa, criando meios de inspeção, estabelecendo regras e prevenindo o abuso de poder, permitindo assim uma gestão efetiva livre de erros estratégicos ou uso de informações privilegiadas em benefício próprio ou atuação em conflitos de interesses. Referências BRASIL. Lei nº 6.404/76. Sociedade por Ações. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ L6404compilada.htm. Acesso em: 19 set. 2020. CARDOSO, N. R.; CASTAGNA, M. C. Governança Corporativa: princípios e práticas em uma cooperativa de saúde. Revista de Gestão e Organizações Corporativas. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/rgc/article/ view/31285/html_1. Acesso em: 11 nov. 2020. FENILI, R. Planejamento e governança em compras públicas. Disponível em: https://www.slideshare.net/CgceEnap/seminrio-planejamento-e- governana-em-compras-pblicas. Acesso em: 11 nov. 2020. GIOVANNI FILHO, R, 5 cláusulas que protegem os sócios em temas espinhosos do negócio. Disponível em: https://endeavor.org.br/ socios/acordo-de-acionistas-5-clausulas-que-nao-podem-faltar-ou-5- clausulas-que-nao-podem-faltar-para-proteger-os-socios/. Acesso em: 11 nov. 2020. Gestão Financeira 17 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm https://periodicos.ufsm.br/rgc/article/view/31285/html_1 https://periodicos.ufsm.br/rgc/article/view/31285/html_1 https://www.slideshare.net/CgceEnap/seminrio-planejamento-e-governana-em-compras-pblicas https://www.slideshare.net/CgceEnap/seminrio-planejamento-e-governana-em-compras-pblicas https://endeavor.org.br/socios/acordo-de-acionistas-5-clausulas-que-nao-podem-faltar-ou-5-clausulas-que-nao-podem-faltar-para-proteger-os-socios/ https://endeavor.org.br/socios/acordo-de-acionistas-5-clausulas-que-nao-podem-faltar-ou-5-clausulas-que-nao-podem-faltar-para-proteger-os-socios/ https://endeavor.org.br/socios/acordo-de-acionistas-5-clausulas-que-nao-podem-faltar-ou-5-clausulas-que-nao-podem-faltar-para-proteger-os-socios/GITMAN, L. J. Princípios da administração financeira. 10 ed. São Paulo: Pearson Education, 2004. HATAKEYAMA, K.; BORTOLLI, L. O. Keiretsu Brasileiro. 10 f. Universidade Federal de Uberlândia, Minas Gerais, 2003. OIOLI, E. F. Regime Jurídico do Capital Disperso na Lei das SAs. Alfragide: Leya, 2015. RODRIGUES, J. Corporate Governance: Retomar a confiança perdida. Lisboa: Escolar Editora, 2009. ROSSETTI, J. P.; ANDRADE. A. Governança Corporativa. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2014. SILVA, E. C. Governança corporativa nas empresas. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2016. Gestão Financeira 18 Gestão Financeira Regimes de Capitalização Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Danielle Stelzer 1ª Edição Copyright © 2021, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Nara Pires Pró-Reitoria de Programas de Graduação Lívia Maria Figueiredo Lacerda Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Sumário Regimes de Capitalização Para Início de Conversa... ............................................................................... 4 Objetivos ......................................................................................................... 4 1. Juros Simples e Juros Compostos ........................................................... 5 2. Sistemas de Amortização .......................................................................... 7 2.1 Sistema Price ........................................................................................... 7 2.2 Sistema Sac .............................................................................................. 9 3. Sistema Price Vs Sistema Sac ................................................................... 11 3.1 Evolução das Prestações ..................................................................... 11 Referências ........................................................................................................ 14 Gestão Financeira 3 Para Início de Conversa... Você sabia que os financiamento de imóveis, automóveis etc. têm como base de cálculo das prestações um sistema de amortização? Sistemas de amortização são formas de se quitar alguma dívida. Existem diversas formas de se pagar dívidas, mas os principais sistemas de amortização conhecidos são o Sistema Price e o Sistema Sac. No mercado financeiro, as formas de financiamento de imóveis, carros e outros bens são realizadas pelas instituições financeiras, por meio do cálculo de prestações mensais que irão definir como será feito o pagamento do financiamento. No Sistema Price, as prestações são fixas, sendo compostas por um valor de amortização e outro de juros, enquanto que, no Sistema Sac, a amortização é constante, e as prestações são decrescentes. Consequentemente, a última parcela a ser paga pelo Sistema Sac sempre será menor que a última parcela a ser paga pelo Sistema Price. Ao estudar os sistemas de amortização, perceberemos uma preferência pela modalidade Sac, uma vez que sua utilização oferece, aproximadamente, 10% de economia. Objetivos ▪ Identificar os conceitos básicos de capitalização e composição dos juros. ▪ Conhecer e comparar os sistemas de amortização de pagamentos. Gestão Financeira 4 1. Juros Simples e Juros Compostos Entendemos por regime de capitalização o processo de formação dos juros. Por exemplo, Juro é o dinheiro pago pelo uso de dinheiro emprestado, ou seja, custo do capital de terceiros colocado à nossa disposição. Pode ser a remuneração do capital empregado em atividades produtivas ou, ainda, remuneração paga pelas instituições financeiras sobre capital nelas aplicado. Figura 1: Dinheiro pago pelo uso do empréstimo. Fonte: Dreamstime. Por exemplo: Um capital de R$ 5.000,00, aplicado a uma taxa de 8% a.a., proporcionará, no final de um ano, um total de juros equivalentes a: 8% de 5.000 = (8/100) X 5.000 = R$ 400,00. Existem dois tipos de capitalização: 1. Regime de juros simples 2. Regime de juros compostos. No regime de Juros Simples, o juro é calculado unicamente sobre o capital inicial. Exemplo: Considere o caso de um indivíduo que, em 31/12/XX, entregou $ 100,00 a um banco “A”, que lhe prometeu juros simples, à razão de 10% ao ano. Qual será seu saldo credor no final de cada um dos próximos quatro anos? Final do Saldo inicialde cada ano Juros de cada ano Saldo credor ao final de cada ano Ano 1 100,00 0,1 X 100 = 10 110,00 Ano 2 110,00 0,1 X 100 = 10 120,00 Ano 3 120,00 0,1 X 100 = 10 130,00 Ano 4 130,00 0,1 X 100 = 10 140,00 Gestão Financeira 5 Apesar dos juros estarem à disposição do banco, eles não foram remunerados por parte da instituição. O cálculo dos juros simples pode ser feito de forma bem mais fácil, por meio da aplicação das fórmulas: ▪ Fórmula dos juros simples: J = C * i * n ▪ Fórmula do montante simples: M = C * (1 + i * n) Onde: J = juros simples M= montante simples C= capital inicial ou principal i = taxa de juros n = tempo Ao utilizar essa fórmula, chegaremos ao valor dos juros somente. Aplicando a fórmula do montante simples, teremos o valor total, ou seja, valor inicial acrescido do valor dos juros. O regime de Juros Compostos tem o valor dos juros calculado sobre o montante relativo ao período anterior, a partir do segundo período financeiro. Exemplo: Considere o caso de um indivíduo que, em 31/12/XX, entregou $ 100,00 a um banco “A” que lhe prometeu juros compostos, à razão de 10% ao ano. Qual será seu saldo credor no final de cada um dos próximos quatro anos? Final do Saldo inicialde cada ano Juros de cada ano Saldo credor ao final de cada ano Ano 1 100,00 0,1 X 100,00 = 10,00 110,00 Ano 2 110,00 0,1 X 110,00 = 11,00 120,00 Ano 3 121,00 0,1 X 121,00 = 12,10 133,10 Ano 4 133,10 0,1 X 133,10 = 13,31 146,41 Nesse caso, o valor dos juros à disposição do banco está sendo remunerado por parte da instituição. Também podemos calcular os juros compostos POR MEIO de fórmulas matemáticas: ▪ Fórmula do montante composto: M = C ( 1 + i )n Gestão Financeira 6 Em que: M= montante simples. C= capital inicial ou principal. i = taxa de juros. n = tempo. Você sabia que os juros e os impostos existem há muito tempo? Os primeiros registros foram em 2000 a.C. De acordo com o Portal Educação, no século IX d.C os imperadores romanos, cobravam impostos pela venda de produtos no mercado público. Eles também emprestavam sementes ou outros produtos agrícolas que, ao serem devolvidos, tinham suas quantias aumentadas, evidenciando a cobrança de juros. (PORTAL EDUCAÇÃO 2020, n.p) 2. Sistemas de Amortização Sistemas de amortização são formas de se quitar alguma dívida. Amortizar significa, nesse sentido, pagar, quitar, saldar. Quando amortizamos alguma dívida, estamos efetivamente reduzindo seu saldo devedor, ou seja, o principal. Existem diversas formas de se pagar dívidas, os principais sistemas de amortização conhecidos são o Sistema Price e o Sistema Sac. 2.1 Sistema Price O Sistema Price, também conhecido como Sistema Francês, ou Sap (Sistema de Amortização Progressivo) tem por base calcular prestações fixas, sendo que o saldo devedor é amortizado aos poucos, até a quitação do débito e os juros estão embutidos nas prestações. Só se percebe a diminuição do saldo devedor, com aproximadamente 50% das prestações pagas. Nesse modelo de pagamento do financiamento, as primeiras prestações são compostas, na maior parte, por juros. Progressivamente, enquanto as parcelas vão avançando, os valores de amortizaçãodentro das prestações aumentam — e os juros diminuem. Pelo andamento desse método, ele também é chamado de amortização crescente. A parcela da prestação é composta de juros e amortização, ou seja: PRESTAÇÃO = JUROS + AMORTIZAÇÃO Gestão Financeira 7 A fórmula utilizada para o cálculo do valor fixo da prestação é: Em que: PMT = prestação PV = valor presente / valor do financiamento i = taxa n = tempo / período Ao utilizar a fórmula da prestação pelo sistema PRICE é importante utilizar todos os dígitos da calculadora no desenvolvimento do cálculo. Isso acontece para que, ao montar a tabela PRICE não haja diferença de valores ao final dos períodos, devido a arredondamentos. Exemplo: Temos um financiamento no valor de R$ 20.000,00 a ser quitado em 8 meses, com uma taxa de juros de 4% ao mês. Qual o valor da prestação, pelo Sistema Price? + = + − n n (1 i ) * iPMT PV * (1 i) 1 Após encontrar o valor da prestação, é preciso construir a Tabela Price, conforme segue: MÊS PRESTAÇÃO AMORTIZAÇÃO JUROS SALDO DEVEDOR 0 - - - 20.000,00 1 2.970,56 2.170,56 800,00 17.829,44 2 2.970,56 2.257,38 713,18 15.572,06 + = + − + = + − = − = = n n 8 8 (1 i ) * iPMT PV * (1 i) 1 (1 0,04) *0,04PMT 20.000 * (1 0,04) 1 (1,368569050) * 0,04PMT 20.000 * (1,368569050 1) 0,054742762PMT 20.000 * 0,368569050 PMT 20.000 * 0,148527832 PMT = 2.970,56 Gestão Financeira 8 3 2.970,56 2.347,68 622,88 13.224,38 4 2.970,56 2.441,58 528,98 10.782,80 5 2.970,56 2.539,25 431,31 8.243,55 6 2.970,56 2.640,82 329,74 5.602,73 7 2.970,56 2.746,45 224,11 2.856,28 8 2.970,56 2.856,28 114,25 - ▪ Na coluna “MÊS”, é inserida a quantidade de períodos que compõem o financiamento (anos, meses etc). ▪ Na coluna “PRESTAÇÃO”, é inserido o valor encontrado para cada parcela através da fórmula. ▪ Na coluna “AMORTIZAÇÃO”, é inserido o valor correspondente ao valor da prestação menos os juros (VALOR – JUROS). ▪ Na coluna “JUROS”, é inserido o valor dos juros (calculado sobre o saldo devedor do período anterior). ▪ Na coluna “SALDO DEVEDOR”, é inserido o valor do saldo devedor do período anterior menos a amortização (SALDO DEVEDOR – AMORTIZAÇÃO). Pode-se perceber que as prestações são constantes, os juros decrescentes, incidindo sempre sobre o saldo devedor do período anterior e o valor amortizado crescente. Como sempre, o saldo devedor deve cair até zerar, a não ser que alguma parcela seja paga com atraso. As parcelas deverão ser sempre expressas de acordo com a unidade de tempo da taxa, por isso, será necessário encontrar uma taxa equivalente em meses, caso a informação do problema seja dada em anos. 2.2 Sistema Sac O Sistema de Amortização Constante – Sac, mundialmente denominado de Método Hamburguês, é uma forma de amortização de um empréstimo por prestações que incluem os juros, amortizando, assim, partes iguais do valor total do empréstimo. Nesse sistema, o saldo devedor é reembolsado em valores de amortização iguais. Dessa forma, no Sistema Sac, o valor das prestações é decrescente, já que os juros diminuem a cada prestação. O valor da amortização é calculado dividindo-se o valor do principal pelo número de períodos de pagamento, ou seja, de parcelas. Gestão Financeira 9 O Sac é um dos tipos de sistema de amortização utilizados em financiamentos imobiliários. A cada mês, a parcela correspondente à amortização é acrescida dos juros aplicados sobre o saldo devedor, ou seja: TOTAL = AMORTIZAÇÃO + JUROS SOBRE SALDO DEVEDOR Exemplo: Uma empresa quer tomar R$ 50.000,00 emprestados para a compra de um imóvel. O banco com a melhor oferta propõe um prazo de 5 anos com taxa de 12% ao ano e parcelas anuais. Valor do empréstimo: 50.000,00 Taxa anual: 12% (ao ano) Parcelas: 5 A Tabela Sac seria construída da seguinte forma: ANO PRESTAÇÃO AMORTIZAÇÃO JUROS SALDO DEVEDOR 0 - - - 50.000,00 1 16.000,00 10.000,00 6.000,00 40.000,00 2 14.800,00 10.000,00 4.800,00 30.000,00 3 13.600,00 10.000,00 3.600,00 20.000,00 4 12.400,00 10.000,00 2.400,00 10.000,00 5 11.200,00 10.000,00 1.200,00 - ▪ Na coluna “ANO”, é inserida a quantidade de períodos. ▪ Na coluna “PRESTAÇÃO”, é inserido o valor da amortização mais os juros (AMORTIZAÇÃO + JUROS). ▪ Na coluna “AMORTIZAÇÃO”, é inserido o valor da parcela, dividindo o valor total do financiamento pela quantidade de períodos (PV/ PERÍODOS) ▪ Na coluna “JUROS”, é inserido o valor dos juros sobre o saldo devedor do período anterior. ▪ Na coluna “SALDO DEVEDOR”, é inserido o valor do saldo devedor do período anterior menos o valor da amortização (SALDO DEVEDOR – AMORTIZAÇÃO). Nesse caso, as prestações são decrescentes, os juros decrescentes e a amortização constante. Assim como na Tabela Price, na Tabela SAC, o saldo devedor diminuirá até zerar. Gestão Financeira 10 3. Sistema Price Vs Sistema Sac Como visto, no Sistema Price, as parcelas são fixas. É um sistema em que a maior parte da primeira prestação é composta por juros. Assim, durante o financiamento, o valor pago em juros diminui e o valor pago em amortização aumenta, sem que o valor da parcela se altere. Já no caso do SAC, o valor de amortização durante o financiamento permanece o mesmo, mas o que diminui é o valor pago em juros, o que permite uma redução do valor da prestação durante o contrato. Quanto às parcelas, fixas no método PRICE, pelo Sistema SAC passam a ser decrescentes. Isso ocorre por conta de uma semelhança entre os sistemas: os juros decrescem, pois, conforme o valor devido pelo patrimônio diminui, a incidência de juros acompanha. Em resumo, com o Sistema SAC, a parcela cai porque da primeira até a última há uma diminuição progressiva dos juros, enquanto o Price tem como principal característica o fato de as parcelas serem constantes durante todo o período em que o bem é financiado. SAC PRICE Prestações: Decrescentes Constantes/Fixas Juros: Decrescentes Decrescentes Amortizações: Constantes/Fixas Crescentes Fonte: Elaborada pelo autor. 3.1 Evolução das Prestações As prestações iniciais no Sac são bem maiores do que no Price, mas vão decrescendo até atingirem valores bem inferiores ao da Price. O valor total pago também difere. Observe o exemplo comparando as duas modalidades, considerando a construção das tabelas de cada sistema, simulando o financiamento durante o período informado: Considere um financiamento de R$ 10.000,00 em 36 prestações mensais, à taxa de juros de 6% ao mês: Tabela SAC Va lo r d as p re sta çõ es Quantidade de prestações Tabela PRICE Va lo r d as p re sta çõ es Quantidade de prestações Gestão Financeira 11 Valor Financiado = 10.000,00 Juros = 6% (ao mês) Número de Parcelas = 36 Sistema Sac X Sistema Price MÊS PRESTAÇÃO AMORTIZAÇÃO JUROS SALDO DEVEDOR MÊS PRESTAÇÃO AMORTIZAÇÃO JUROS SALDO DEVEDOR 0 - - - 10.000,00 0 - - - 10.000,00 1 877,78 277,78 600,00 9.722,22 1 683,95 83,95 600,00 9.916,05 2 861,11 277,78 583,33 9.444,44 2 683,95 88,99 594,96 9.827,06 3 844,44 277,78 566,67 9.166,67 3 683,95 94,33 589,62 9.732,74 4 827,78 277,78 550,00 8.888,89 4 683,95 99,99 583,96 9.632,75 5 811,11 277,78 533,33 8.611,11 5 683,95 105,98 577,97 9.526,77 6 794,44 277,78 516,67 8.333,33 6 683,95 112,34 571,61 9.414,42 7 777,78 277,78 500,00 8.055,56 7 683,95 119,08 564,87 9.295,34 8 761,11 277,78 483,33 7.777,78 8 683,95 126,23 557,72 9.169,11 9 744,44 277,78 466,67 7.500,00 9 683,95 133,80 550,15 9.035,30 10 727,78 277,78 450,00 7.222,22 10 683,95 141,83 542,12 8.893,47 11 711,11 277,78 433,33 6.944,44 11 683,95 150,34 533,61 8.743,13 12 694,44 277,78 416,67 6.666,67 12 683,95 159,36 524,59 8.583,77 13 677,78 277,78 400,00 6.388,89 13 683,95 168,92 515,03 8.414,84 14 661,11 277,78 383,33 6.111,11 14 683,95 179,06 504,89 8.235,79 15 644,44 277,78 366,67 5.833,33 15 683,95 189,80 494,15 8.045,98 16 627,78 277,78 350,00 5.555,56 16 683,95 201,19 482,76 7.844,79 17 611,11 277,78 333,33 5.277,78 17 683,95 213,26 470,69 7.631,53 18 594,44 277,78 316,67 5.000,00 18683,95 226,06 457,89 7.405,47 19 577,78 277,78 300,00 4.722,22 19 683,95 239,62 444,33 7.165,85 20 561,11 277,78 283,33 4.444,44 20 683,95 254,00 429,95 6.911,85 21 544,44 277,78 266,67 4.166,67 21 683,95 269,24 414,71 6.642,61 22 527,78 277,78 250,00 3.888,89 22 683,95 285,39 398,56 6.357,22 23 511,11 277,78 233,33 3.611,11 23 683,95 302,52 381,43 6.054,70 24 494,44 277,78 216,67 3.333,33 24 683,95 320,67 363,28 5.734,03 Gestão Financeira 12 Por volta da 13ª parcela, os valores se aproximam, porém, podemos perceber que a última parcela é bem superior no Sistema Price. Neste estudo, aprendemos que, seja qual for o aporte de capital feito por uma empresa, incidirão juros sobre o valor tomado, pois o juro é o valor pago pelo uso do dinheiro emprestado. Vimos também que os juros podem ser simples e compostos, porém o mercado financeiro trabalha apenas com o regime composto, ou seja, cobrança ou remuneração de “juros sobre juros”. Além disso, essa indisponibilidade de recursos nas empresas para fazer um investimento as levam a contrair um empréstimo, e, para quitar esses empréstimos, podem recorrer às várias formas de pagamento, chamadas de Sistemas de Amortização. Os sistemas de amortização mais conhecidos são o Sistema de Amortização Constante (Sac) e o Sistema Price (ou Francês). Em ambos, cada pagamento é a soma do valor amortizado com os juros do saldo devedor. As prestações iniciais no Sac, como observamos, começam com valores bem mais altos do que no Price. No entanto, esses valores vão diminuindo, e chegam a ficar inferiores aos do Price, que já eram mais 25 477,78 277,78 200,00 3.055,56 25 683,95 339,91 344,04 5.394,12 26 461,11 277,78 183,33 2.777,78 26 683,95 360,30 323,65 5.033,82 27 444,44 277,78 166,67 2.500,00 27 683,95 381,92 302,03 4.651,90 28 427,78 277,78 150,00 2.222,22 28 683,95 404,84 279,11 4.247,07 29 411,11 277,78 133,33 1.944,44 29 683,95 429,13 254,82 3.817,94 30 394,44 277,78 116,67 1.666,67 30 683,95 454,87 229,08 3.363,07 31 377,78 277,78 100,00 1.388,89 31 683,95 482,17 201,78 2.880,90 32 361,11 277,78 83,33 1.111,11 32 683,95 511,10 172,85 2.369,80 33 344,44 277,78 66,67 833,33 33 683,95 541,76 142,19 1.828,04 34 327,78 277,78 50,00 555,56 34 683,95 574,27 109,68 1.253,77 35 311,11 277,78 33,33 277,78 35 683,95 608,72 75,23 645,05 36 294,44 277,78 16,67 0,00 36 683,95 645,25 38,70 - Total pago pelo Sistema Sac: R$ 21.100,00 Total pago pelo Sistema Price: R$ 24.622,20 A primeira parcela pelo Sistema Sac é mais alta do que a primeira parcela pelo Sistema Price. Gestão Financeira 13 baixos inicialmente. Para os cálculos, as parcelas deverão ser sempre expressas de acordo com a unidade de tempo da taxa, por isso, caso seja dada uma informação em “anos”, esta deverá ser convertida para “meses”. Referências ASSAF NETO, A; LIMA, F. G. Fundamentos de Administração Financeira. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2014. GITMAN, L. J. Princípios da administração financeira. 10 ed. São Paulo: Pearson Education, 2004. PORTAL EDUCAÇÃO. Como surgiram os juros? Disponível em: https:// www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/biologia/como-surgiram- os-juros/66996. Acesso em: 19 nov. 2020. Gestão Financeira 14 https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/biologia/como-surgiram-os-juros/66996 https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/biologia/como-surgiram-os-juros/66996 https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/biologia/como-surgiram-os-juros/66996 Gestão Financeira Valor Presente e Valor Futuro Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Danielle Stelzer 1ª Edição Copyright © 2021, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Nara Pires Pró-Reitoria de Programas de Graduação Lívia Maria Figueiredo Lacerda Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Sumário Valor Presente e Valor Futuro Para Início de Conversa... ............................................................................... 4 Objetivos ......................................................................................................... 4 1. Anuidades ....................................................................................................... 5 1.1 Valor Presente de Anuidade ............................................................... 5 1.2 Valor Futuro de uma Anuidade ......................................................... 7 2. Séries Mistas .................................................................................................. 8 2.1 Valor Presente de uma Série Mista ................................................. 8 2.2 Valor Futuro de uma Série Mista ..................................................... 10 3. Valor Presente de uma Perpetuidade .................................................... 12 Referências ........................................................................................................ 14 Gestão Financeira 3 Para Início de Conversa... Os administradores financeiros e os investidores sempre encontram oportunidades de obtenção de taxas de retorno positivas em suas aplicações de fundos, seja em projetos de investimento atraentes, seja em títulos ou depósitos com renda fixa. Portanto, a distribuição de entradas e saídas de caixa no tempo apresenta consequências econômicas importantes, que os administradores reconhecem explicitamente no valor do dinheiro no tempo. Esse valor baseia-se na crença de que um real hoje vale mais do que um real a ser recebido. Os valores e as decisões financeiras podem ser aferidos por meio de técnicas tanto de Valor Futuro como de Valor Presente. Embora resultem exatamente na mesma decisão, essas técnicas são encaradas de maneiras diferentes. As técnicas de Valor Futuro medem os fluxos de caixa no final de vida de um projeto e as de Valor Presente, no início (data zero). Veremos que o Valor Futuro é a quantia que receberemos em certa data futura, já o Valor Presente é o mesmo que dinheiro na mão agora. Portanto, as melhores propostas são aquelas que oferecem o menor Valor Presente (quantia a ser paga) e o maior Valor Futuro (quantia a ser recebida). Objetivos Avaliar as melhores opções de financiamento e investimento através da análise dos fluxos de caixa. Gestão Financeira 4 1. Anuidades O processo de determinação de Valores Presentes é geralmente chamado de desconto de fluxos de caixa. O fluxo de caixa é um dos mais importantes instrumentos de gestão financeira. Ele permite controlar e projetar entradas e saídas de dinheiro em um determinado período de tempo. De acordo com sua configuração geral, pode ser uma quantia individual, uma anuidade ou uma série mista. Figura 1: Anuidades. Fonte: Dreamstime. Uma anuidade é uma série de fluxos de caixa periódicos e iguais, por um prazo determinado. Esses fluxos podem ser entradas, saídas ou resultados líquidos, geralmente anuais, mas podem também ser mensais. Por exemplo: pagamento ou recebimento de R$ 800 ao final de cada um dos próximos sete anos. 1.1 Valor Presente de Anuidade Considere um fluxo de caixa com uma série de cinco pagamentos iguais de R$ 100,00 cada um, com pagamentos no fim de cada mês, a uma taxa de desconto de 3% ao mês. Qual seria o valor atual desse fluxo? Você pode resolver por meio da fórmula: onde: A = valor atual da anuidade R = valor de cada um dos pagamentos periódicos i = taxa de juros n = números de períodos da anuidade nR * (1 (1 i) )A i −− + = Gestão Financeira 5 Substituindo os valores na fórmula,temos: A = 100 (1 – (1+0,03)-5) / 0,03 A = 100 (1- (1,03)-5) / 0,03 A = 100 (1- 0,863) / 0,03 A = 100 (0,137) / 0,03 A = 13,7 / 0,03 A = 456,67 Você pode utilizar apenas um fator para trazer todos os Valores Futuros ao Valor Presente, o que representa menos cálculos e economia de tempo. Para tanto, deve recorrer à tabela T2 (Fator de Juros do Valor Presente de uma Anuidade – FVPA). É importante dizer que essa tabela somente será utilizada quando se tratar de série de valores iguais, ou seja, de uma anuidade. Veja na tabela (ao final do capítulo) a coluna referente a 3% e a linha referente a 5 períodos. No cruzamento delas, você encontra o fator 4,580. Taxa de desconto Período 1% 2% 3% 4% 1 0,990 0,980 0,971 0,962 2 1,970 1,942 1,913 1,886 3 2,941 2,884 2,829 2,775 4 3,902 3,808 3,717 3,630 5 4,853 4,713 4,580 4,452 Tabela 1: T2 – Fator de Juros do Valor Presente de uma Anuidade – FVPA (descapitalização de série de valores uniformes). Fonte: Elaborada pela autora. Esse fator deve ser multiplicado pelo valor de uma das parcelas, que são iguais. R$ 100,00 x 4,580 = R$ 458,00. Outra opção será tratar cada pagamento anual como se fosse uma quantia individual, somando todos no final. Utilizando a tabela T1 (Fator de Juros do Valor Presente – FVP) e encontrando os fatores do cruzamento da taxa e cada período encontraremos: R$ 100,00 X (0,971) + R$ 100,00 X (0,943) + R$ 100,00 X (0,915) + R$ 100,00 X (0,888) + R$ 100,00 X (0,863). Resultado = R$ 458,00. Gestão Financeira 6 Taxa de desconto Período 1% 2% 3% 1 0,990 0,980 0,971 2 0,980 0,961 0,943 3 0,971 0,942 0,915 4 0,961 0,924 0,888 5 0,951 0,906 0,863 Tabela 2: T1 – Fator de Juros do Valor Presente – FVP (descapitalização de valores únicos) Fonte: Elaborada pela autora. Utilizando a calculadora HP, o cálculo seria o seguinte: Figura 2: Calculadora HP. Fonte: Elaborada pela autora. 1.2 Valor Futuro de uma Anuidade Para encontrar o Valor Futuro de uma anuidade usaremos apenas a tabela financeira. Vamos supor que se capitalize a seguinte anuidade: pagamentos de R$ 100,00 todo final de mês, capitalizados mensalmente, com taxa de 5% ao mês, durante 5 meses. Qual quantia será acumulada, considerando a capitalização, durante o período de pagamento? Utilizaremos a tabela T4 (Fator de Juros do Valor Futuro de uma Anuidade – FVFA). Basta localizar o fator no cruzamento da coluna 5% com a linha referente a 5 períodos. Em seguida, é só multiplicar pelo valor da parcela. Taxas de desconto Períodos 1% 2% 3% 4% 5% 1 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 2 2,010 2,020 2,030 2,040 2,050 3 3,030 3,060 3,091 3,122 3,153 4 4,060 4,122 4,184 4,246 4,310 5 5,101 5,204 5,309 5,416 5,526 Tabela 3: T4 – Fator de Juros do Valor Futuro de uma Anuidade – FVFA (capitalização) Fonte: Elaborada pela autora. Gestão Financeira 7 FVFA5,5% = 5,526 VPA = 100 X 5,526 = 552,60 Para encontrar o montante, multiplicamos o fator pelo valor da parcela. Quando é preciso encontrar a parcela, basta dividir o valor da parcela pelo fator encontrado na tabela. Por meio da calculadora HP: Figura 3: Calculadora HP. Fonte: Elaborada pela autora. 2. Séries Mistas A série mista é uma série de fluxos de caixa periódicos e desiguais, sem nenhum padrão. Os administradores financeiros frequentemente são forçados a avaliar oportunidades que geram séries mistas de fluxos de caixa. Por exemplo: Final do ano A B 1 100 -50 2 800 100 3 1200 80 4 1400 -60 2.1 Valor Presente de uma Série Mista Determinamos o Valor Presente individual de cada quantia futura e depois somamos os vários Valores Presentes para chegar ao Valor Presente total. Ou seja, tratamos cada valor da série mista como uma quantia individual. Por exemplo: a Fred Company recebeu uma oferta de negócio em que receberia a seguinte série mista de fluxos de caixa nos próximos cinco anos: Gestão Financeira 8 Final do Ano Fluxo de caixa 1 400,000 2 800.000 3 500,000 4 400,000 5 300,000 Sabendo que a empresa será capaz de obter pelo menos 9% em suas aplicações financeiras, qual o valor máximo que a empresa está disposta a pagar por essa oportunidade? Utilizando a tabela T1, calcula-se o Valor Presente de cada período como uma quantia individual, por meio do cruzamento da taxa e de cada um dos períodos. Em seguida, soma-se os valores encontrados: Taxas de desconto Período 1% 2% 3% 4% 5% 6% 7% 8% 9% 10% 1 0990 0,980 0,971 0,962 0,952 0,943 0,935 0,926 0,917 0,909 2 0,980 0,961 0,943 0,925 0,907 0,890 0,873 0,857 0,842 0,826 3 0,971 0,942 0,915 0,889 0,864 0,840 0,816 0,794 0,772 0,751 4 0,961 0,924 0,888 0,855 0,823 0,792 0,763 0,735 0,708 0,683 5 0,951 0,906 0,863 0,822 0,784 0,747 0,713 0,681 0,650 0,621 Tabela 6: T1 – Fator de Juros do Valor Presente – FVP (descapitalização de valores únicos). Fonte: Elaborada pela autora. ANO FLUXO DE CAIXA FATOR DE DESCONTO (FVP9%,n) VALOR PRESENTE 1 400.000,00 0,917 366.800,00 2 800.000,00 0,842 673.600,00 3 500.000,00 0,772 386.000,00 4 400.000,00 0,708 283.200,00 5 300.000,00 0,650 195.000,00 Valor Presente da série mista = (400.000 X 0,917) + (800.000 X 0,842) + (500.000 X 0,772) + (400.000 X 0,708) + (300.000 X 0,650) = (366.800 + 673.600 + 386.000 + 283.200 + 195.000) = R$ 1.904.600,00. Então, esse será o valor máximo que a empresa está disposta a pagar por esta oportunidade. É possível encontrar o Valor Presente da série mista utilizando a calculadora HP: Gestão Financeira 9 Figura 4: Calculadora HP. Fonte: Elaborada pela autora. Na grande maioria dos cálculos realizados pelas tabelas financeiras e pela HP haverá uma pequena diferença no resultado final. Isso se dá em virtude da quantidade de casas decimais considerada no cálculo. Nas tabelas usamos apenas 3 casas decimais, enquanto a HP considera todas as casas decimais. 2.2 Valor Futuro de uma Série Mista Assim como no cálculo do Valor Presente da série mista, calculamos o Valor Futuro individualmente para cada fluxo de caixa e depois somamos todos os Valores Futuros, porém também devemos levar em conta o período de capitalização. Por exemplo: se temos cinco entradas de caixa, observa-se que a primeira entrada de caixa só ocorrerá ao final do 1º ano. Logo, só acumulará capitalização por 4 anos. Os outros recebimentos também seguirão essa lógica. O último não sofrerá qualquer capitalização. Figura 5: Capitalização dos recebimentos. Fonte: Elaborada pela autora. 0 100 110 120 130 140 3 capitalizações 4 capitalizações 2 capitalizações 2 capitalizações Gestão Financeira 10 Sendo assim, para encontrar o Valor Futuro da série mista é preciso considerar os períodos de capitalização/rendimento, não os períodos informados. Ou seja, se temos 5 períodos, o período 1 sofrerá 4 capitalizações; o período 2 sofrerá 3 capitalizações; o período 3 sofrerá 2 capitalizações; o período 4 sofrerá 1 capitalização e o período 5 não sofrerá capitalização. No cálculo do Valor Futuro da série mista, a quantidade de períodos de capitalização/rendimento para cada período será sempre igual à quantidade total de períodos subtraindo-se o período no qual está sendo feito o cálculo. Por exemplo: Ano Anos de capitalização/rendimento 1 4 (total de períodos) - 1 (período do cálculo) = 3 2 4 (total de períodos) - 2 (período do cálculo) = 2 3 4 (total de períodos) - 3 (período do cálculo) = 1 4 4 (total de períodos) - 4 (período do cálculo) = 0 Considere o seguinte caso: uma indústria fabricante de móveis espera receber a seguinte série mista de fluxos de caixa nos próximos cinco anos, em consequência de pagamentos a serem feitos por um de seus clientes de menor porte. Final do ano Fluxo de caixa 1 11.500 2 14.000 3 12.900 4 16.000 5 18.000 Considerando um rendimento de 8% em suas aplicações, quanto acumulará até o final do ano 5 se aplicar os fluxos de caixa assim que sejam recebidos? Utilizando a tabela T3 (Fator de Juros do Valor Futuro – FVF): Ano Fluxo de caixa Anos de rendimento Fator de capitalização FVF 8%,n Valor Futuro 1 11.500 5 -1 = 4 1,360
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