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TPSC 3 Félix de Camargo Ferreira Junior 1 T I G 1. Generalidades A idéia de se utilizar um fluxo gasoso para a proteção do eletrodo e da poça de fusão da influência do ar atmosférico, durante a soldagem, bem antiga . Zerener tentou soldar com auxílio de 2 eletrodos de carbono, protegidos por um fluxo de hidrogênio. Langmuir criou o processo a hidrogênio atômico (arco estabelecido entre dois eletrodos de tungstênio, protegidos, arco e eletrodos, por um fluxo de hidrogênio). Em 1.926, Hobart e Devers patentearam um processo no qual havia um único eletrodo, protegido por fluxo gasoso, mas tal processo não se desenvolveu em virtude do elevado custo do hélio na época. Em 1.942, a Northrop Aircraft Corporation estudou, desenvolveu e utilizou um processo com eletrodo de tungstênio protegido por hélio, para soldar, em aviões, assentos dos pilotos, construídos em liga de magnésio. Usava-se corrente contínua, já que, com corrente alternada havia dificuldade em reacender o arco a cada alternância. Em 1.944 tal dificuldade foi vencida com a utilização da superposição de uma corrente de alta freqüência à corrente alternada. No processo de soldagem TIG, a fusão do metal é produzida pelo calor de um arco gerado entre um eletrodo de tungstênio (dito "não consumível") e a peça. Esse processo usa geralmente um único eletrodo, podendo no entanto, ser utilizado com eletrodos múltiplos, sendo a proteção do eletrodo e da poça de fusão, garantidas por um gás inerte (ou mistura de gases inertes). As figuras abaixo mostram a posição relativa dos componentes na realização da soldagem TIG (tocha, arco, eletrodo de tungstênio, gás de proteção e metal de adição) e os equipamentos básicos que compõem a instalação (fonte de gás, fonte de corrente e tocha). 2. Princípio de operação O eletrodo de tungstênio (puro ou ligado), a zona de solda e o metal de adição (se houver) são protegidos da atmosfera por um fluxo gasoso introduzido através da tocha, sendo o arco elétrico obtido pela passagem da corrente na coluna de gás inerte ionizada. A espessura do metal base e a forma da junta determinam a necessidade ou não do metal de adição, sendo que quando exigido, deve ser depositado à frente da poça de fusão, sempre protegido pelo fluxo gasoso. TPSC 3 Félix de Camargo Ferreira Junior 2 A seleção da posição de soldagem é determinada pela mobilidade do operador, utilização de ferramentas de fixação e custos. O menor tempo de soldagem e o menor custo são obtidos para soldas em posição plana, condição que proporciona máxima penetração e maior razão de deposição, visto o grande volume de metal fundido que é possível ser trabalhado nessa posição. 3. Vantagens e limitações 3.1. Vantagens Dentre as principais vantagens do processo TIG pode-se citar: - solda a maior parte dos metais (aços alta e baixa liga, inox austeníticos, alumínio e ligas, magnésio e ligas, cobre, bronze ao fósforo e ao estanho, latão, níquel, cobre-níquel, ligas fusíveis a alta temperatura, zircônio, titânio, etc.). - suprime o emprego de fluxo: grande vantagem, pois não há risco de corrosão, nem perda de tempo com operações de limpeza. - ausência de escória para ser removida (economia de tempo) e impossibilidade de inclusão da mesma. - soldas de alta qualidade. - pequeno desgaste do eletrodo. - controle de energia na solda. - banho de fusão calmo. - fácil aprendizado. 3.2. Limitações O processo também apresenta limitações: - processo lento, se comparado com aqueles que fazem uso de eletrodos consumíveis. - custo final de solda elevado, em razão do custo do equipamento, dos gases e do eletrodo. - eventual contaminação do banho por partículas de tungstênio, que podem se desprender do eletrodo. - impossibilidade de uso em locais abertos, com correntes de vento. - grande emissão de raios ultravioleta. 4. Variantes Além da soldagem TIG manual e automática, existem outras variantes, como: - arame preaquecido: usado em soldagem automática, quando o metal de adição é aquecido pela passagem de corrente elétrica, antes de ser introduzido na poça de fusão. É, possível com isto, uma taxa de deposição três vezes superior àquela obtida com fio na temperatura ambiente. Tal prática não é empregada para metais não ferrosos, pois geralmente têm baixa resistividade elétrica, dissipando pouca energia por efeito Joule. - eletrodos múltiplos: várias tochas são dispostas em linha, sendo esta variante muito usada na soldagem longitudinal de tubos, em linhas de produção automatizadas, quando se deseja grandes cadências de produção. - recinto ou câmara isolada: trata-se de uma câmara preenchida totalmente com gás inerte, no interior da qual são dispostas as peças a serem soldadas. Tais recintos são geralmente utilizados para a soldagem de metais extremamente reativos como, por exemplo, o titânio. 5. Comportamento do arco elétrico em corrente contínua (eletrodo de tungstênio e peça) 5.1. Polaridade direta TPSC 3 Félix de Camargo Ferreira Junior 3 Conforme visto em "Características do arco elétrico", havendo uma diferença de potencial entre anôdo e catôdo, uma atmosfera ionizável e uma distância eletrodo-peça adequada, é possível a existência de um arco elétrico, que nada mais é que uma grande massa de elétrons, proveniente do catôdo (polo negativo) e que caminha na direção do anôdo. O choque desses elétrons com o gás libera elétrons suplementares, que produzirão novos choques, liberando mais elétrons e permitindo a continuidade do arco. Para que o arco continue a existir e se mantenha estável, torna-se imprescindível que a zona catódica seja mantida a uma temperatura suficientemente elevada. Se a zona catódica estiver fria, o arco salta de um ponto a outro, com um ruído característico. Se, ao contrário, a zona catódica estiver a uma temperatura elevada, função da densidade de corrente, o arco é estável, com boa penetração e o cordão tem pequena largura. O eletrodo não recebe o fluxo de elétrons e em conseqüência não há o risco de fusão ou desagregação do mesmo. A alta emissividade do tungstênio, associada à alta temperatura da superfície catódica, é responsável pela baixa tensão de arco. 5.2. Polaridade inversa Da mesma maneira que em polaridade direta, o arco é estabelecido; o fluxo de elétrons parte da peça, deslocando-se em direção ao anôdo (eletrodo de tungstênio). Em virtude da maior área de emissão de elétrons, o cordão ‚ largo e de pequena penetração. Em razão do choque dos elétrons com o eletrodo, a temperatura do mesmo é bastante elevada, sendo necessário escolher um eletrodo de maior diâmetro, se for mantido o mesmo valor da corrente usada na polaridade direta. Em contrapartida, os íons positivos que se chocam contra a peça (catôdo, neste caso) quebram a camada de óxido, que por vezes recobre a superfície. Corrente Corrente Contínua Corrente Contínua Corrente Alternada Polaridade Polaridade Direta Polaridade Inversa Ação de limpeza Não Sim Sim a cada meio ciclo Balanço térmico 70% peça-30% eletrodo 30% peça-70% eletrodo 50% paça-50% eletrodo Penetração Estreita e profunda Larga e raza Média Comporta mento do eletrodo Excelente – 400 A para eletrodo 3 mm Ruim – 120 A para eletrodo 3 mm Boa 225 A para eletrodo 3 mm 6. Comportamento do arco elétrico em corrente alternada A corrente alternada é aquela obtida na rede de distribuição, tendo a forma senoidal, com uma freqüência de 60 ciclos por segundo. TPSC 3 Félix de Camargo Ferreira Junior 4 Pode-se dizer que a corrente alternada é a composição da corrente contínua polaridade direta e inversa. A curva da tensão ao passar pelo valor zero, começa a crescer, até chegar a um ponto de máximo; começa então a decrescer, volta a zero e passa a crescer negativamente. Se houver uma corrente em fase, o comportamentoda corrente será igual ao da tensão. A corrente alternada é usada para a soldagem de ligas leves e para melhor compreensão dos fenômenos envolvidos, serão analisados os comportamentos de arcos estabelecidos entre dois eletrodos de carbono e entre um eletrodo de tungstênio e uma peça em alumínio. 6.1. Caso de dois eletrodos iguais (eletrodos de carbono) Um arco estabelecido entre dois eletrodos de carbono (logo, de mesma emissividade termo eletrônica) com corrente alternada, apresenta-se da forma descrita a seguir: estando a fonte sem qualquer carga aplicada, a curva de tensão secundária se comporta exatamente como a curva do primário, ou seja, acompanha a rede de fornecimento. Ao ser estabelecido o arco, existe uma "diferença de potencial mínima" para abertura e conseqüente aparecimento do arco (função da temperatura e da emissividade do eletrodo). Sendo atingido o potencial mínimo para abertura, o arco é estabelecido, havendo uma queda na tensão original (tensão em vazio) para um valor que é o da tensão de arco. A corrente sobe rapidamente, indicando a existência de arco. A tensão permanece constante, na tensão de arco e a corrente cresce, até passar por um máximo; em seguida começa a decrescer. A partir do momento que a tensão da máquina fica menor que a tensão de arco, este se apaga, fazendo com que a corrente caia a zero. Volta-se a caminhar sobre a curva de tensão da máquina (que é proporcional à da rede), que cai a zero, tendo início então, uma nova alternância. A tensão começa a crescer negativamente e atingido o potencial mínimo de abertura, o arco é novamente estabelecido. A tensão cai ao valor da tensão de arco e o ciclo se repete, já que os eletrodos são iguais e tem a mesma emissividade. TPSC 3 Félix de Camargo Ferreira Junior 5 6.2. Caso teórico de eletrodo de tungstênio e peça de alumínio Diferentemente do caso anterior, quando os eletrodos eram iguais e portanto de mesma emissividade, agora as emissividades são diferentes, sendo a do tungstênio maior que a do alumínio, o que modificará totalmente o comportamento do arco com relação ao caso anterior. Na primeira alternância o eletrodo de tungstênio é negativo e a peça positiva. O fluxo de elétrons nesse caso, partirá do eletrodo para bombardear a peça. A tensão está em zero e começa a subir até chegar ao valor da tensão mínima para abertura de arco. Atingido este valor, aparece o arco. A tensão cai ao valor da tensão de arco e a corrente sobe bruscamente, continuando a crescer até atingir seu máximo; a seguir começa a diminuir, enquanto a tensão permanece num valor constante (igual à tensão de arco). Quando a tensão fornecida pela fonte fica menor que a tensão do arco, este se apaga. A corrente cai a zero e a tensão observada é a tensão da fonte, que vai diminuindo, até chegar a zero. A tensão se inverte e a peça passa a ser polo negativo, enquanto o eletrodo passa a ser positivo. O catôdo é o alumínio, que tem emissividade menor que o tungstênio, demandando pois, uma maior tensão mínima para abertura de arco. Na troca de polaridade nota-se ter havido um tempo de arco apagado. Algumas observações podem ser feitas: a - É necessário uma temperatura elevada do catôdo para haver emissão termoeletrônica. b - necessita-se de uma tensão em vazio maior que a tensão de arco para que haja passagem de corrente. c - o fluxo gasoso resfria o catôdo o que é ‚ desfavorável ao reacendimento do arco. d - tanto o eletrodo como a peça são diferentes quanto à natureza, forma e temperatura. 6.3. Caso real de eletrodo de tungstênio e peça de alumínio O gás ionizado conduz os elétrons, que partem do pólo negativo e se encaminham ao pólo positivo. A velocidade de movimentação dos elétrons é muito alta, produzindo grandes TPSC 3 Félix de Camargo Ferreira Junior 6 quantidades de calor quando do choque com o eletrodo positivo. Como já visto, os elétrons que partem do pólo negativo, ao se chocarem com as moléculas da atmosfera gasosa, produzem a liberação de um elétron da última camada, gerando então um íon positivo. Os íons positivos se movem na direção oposta, ou seja, do pólo negativo. Na soldagem TIG, enquanto o eletrodo é negativo, há uma transferência de 80% do calor útil para a peça. Os outros 20% são aplicados sobre o eletrodo, energia esta suficiente para mantê-lo como boa fonte emissora de elétrons, sem no entanto deteriorá-lo. Por outro lado, metais com baixo ponto de ebulição exigem uma elevada temperatura para que haja emissão termoiônica suficiente para manter o arco. Quando o alumínio passa a ser pólo negativo, os elétrons liberados nas colisões moleculares não são suficientes para manter a atmosfera ionizada, não fornecendo condições para a passagem da corrente; é necessário que exista uma fonte suplementar de elétrons, que pode ser uma camada de óxidos ou uma superfície contaminada. Quando as mesmas tem suas temperaturas elevadas, passam a ter emissividade maior que o alumínio, tornando-se pontos de concentração de arco. Se os íons positivos se chocarem contra a superfície onde exista uma camada de óxido, a camada é removida, como se estivesse sendo limpa por um jato de areia. O arco então se desloca para outro ponto de ocorrência de óxidos e a limpeza prossegue continuamente. O fluxo gasoso, inerte, protege área fundida do ataque oxigênio do ar atmosférico, mantendo a superfície isenta de óxidos. Quando o eletrodo é negativo, a tensão de arco é da ordem de 15 V (sob atmosfera de argônio); o eletrodo não é bombardeado, mas em compensação não é possível quebrar a camada de óxido (alumina, no caso do alumínio). Quando o eletrodo é positivo, a tensão de arco é maior (21 V sob argônio); o eletrodo é bombardeado (tendo sua vida útil diminuída em função da maior temperatura) e a camada de alumina é quebrada, conforme visto anteriormente. Os fenômenos se alternam, permitindo ao eletrodo a operação numa temperatura de equilíbrio e ao mesmo tempo a remoção da camada de alumina. Em condições normais, para que haja estabilidade de arco, é necessário que a tensão em vazio do circuito se situe ao redor de 180 V no caso de atmosfera de argônio e de 380 V em atmosfera de hélio, para que possa haver a aceleração dos elétrons no instante que o arco deve reacender. Tensões dessa ordem no entanto, não podem ser usadas, salvo com aumento das condições de segurança do equipamento, o que tornaria seu custo muito elevado. À medida que a tensão em vazio é diminuída, dada a diferença de emissividades, o arco é mais dissimétrico e as amplitudes de tensão são desiguais, ocorrendo quatro fenômenos paralelos: a - a dissimetria se torna mais e mais sensível (conforme diagrama abaixo), circulando nos condutores uma componente de corrente contínua, desfavorável à decapagem eletrônica do banho. b - o arco se torna instável. c - os óxidos formados produzem superfícies defeituosas e inclusões, além de condições operatórias desfavoráveis. d - a componente da corrente contínua satura os circuitos magnéticos do transformador, piorando ainda mais a dissimetria do arco. Para anular esses efeitos faz-se uso de artifícios, como baterias de acumuladores, resistências assimétricas, condensadores em série, ondas de corrente retangulares e reatâncias variáveis, elevada tensão em vazio, estabilizadores de arco e fontes de alta freqüência. TPSC 3 Félix de Camargo Ferreira Junior 7 6.3.1. Bateria de acumuladores Instalada em série no circuito, se opõe à circulação da componente contínua uma solução pouco cômoda, pois exige o ajuste da força eletromotriz (f.e.m.) para cada condição de soldagem. 6.3.2. Condensadores em série A função da bateria de condensadores é se opor à componente da corrente contínua. Quando o eletrodo é negativo e a corrente passa da peça para o eletrodo, os condensadores se carregam, estando a carga positiva ligadaao eletrodo. No semi-período seguinte (eletrodo positivo) a tensão em vazio do circuito será aumentada, melhorando a estabilidade do arco. 6.3.3. Alta frequência Uma descarga de alta tensão (2.000 a 4.000 V) e de alta frequência é superposta à corrente de soldagem. É necessário que as primeiras amplitudes sejam coincidentes com os instantes de reabertura do arco. 7. Abertura do arco em TIG No caso de soldagem, seja em CA ou CC e na falta dos dispositivos descritos a seguir, o arco só pode ser obtido através de curto circuito. No caso de soldagem de metais pesados (ou seja, corrente contínua) deve-se fazer a abertura sobre uma plaqueta de cobre, colocada ao lado da junta e a seguir levar o arco ao ponto desejado. Se houver risco de poluição por cobre, usa-se uma chapa de mesmo material que o da base. A mesma coisa deve ser feita quando se solda ligas leves (corrente alternada), não sendo possível nesse caso, o contato do eletrodo de tungstênio com o alumínio, o que provoca poluição do banho. Quando a soldagem é automática, usa-se dispositivos de abertura a distância, como alta frequência e arco piloto. 7.1. Alta frequência TPSC 3 Félix de Camargo Ferreira Junior 8 A alta frequência faz uso de tensões de 2.000 a 4.000 V, possibilitando a abertura de um arco, quando os polos submetidos a essa diferença de potencial são aproximados. Ocorre uma ionização da atmosfera envolvente, que facilita a abertura do arco. O aparelho ‚ composto por um circuito oscilante, colocado em paralelo entre a tocha e a peça, atingindo-se frequências de 1 a 2 MHz. O inconveniente do uso de fontes de alta frequência reside no fato de provocar perturbações nas ondas de rádio. Um bom procedimento é ligá-lo somente para a abertura do arco, tirando-a do circuito logo após a abertura. 7.2. Arco piloto Muito usado em corrente contínua, o arco piloto ‚ um arco auxiliar estabelecido entre um eletrodo principal e um auxiliar, aberto inicialmente por alta frequência. Estando este arco aberto, a ponta do eletrodo principal está aquecida. Por aproximação da peça e auxiliado pelo fluxo gasoso, já ionizado, o arco é aberto. 8. Composição de um posto TIG Os postos de soldagem TIG podem ser classificados como compostos, isto é, um conjunto de equipamentos com funções individuais reunidos, ou monoblocos, com todos os equipamentos no mesmo gabinete. 8.1. Compostos 8.1.1. Fonte de gás Os gases de proteção, puros ou misturados, são transportados e estocados em fase gasosa, em cilindros, a uma pressão de 150 ou 200 bar (volumes de 7,5 e 10 m3) e quando em fase líquida em baixas temperaturas, em tanques criogênicos. O armazenamento em fase gasosa ‚ preferido quando se deseja mobilidade. Pode-se também centralizar uma série de cilindros, para atendimento de grandes consumos ou para casos de consumo irregular. O armazenamento em tanques é‚ justificado quando os volumes a consumir são grandes. 8.1.2. Válvulas debimétricas As válvulas debimétricas tem a função de diminuir a pressão do gás, daquela de armazenagem para aquela de uso. São providas de um manômetro e de um fluxómetro, este com a função de indicar a vazão do gás. Os fluxômetros podem ser do tipo esfera, onde o fluxo gasoso exerce-lhe uma pressão, deslocando-a numa escala graduada, ou do tipo palheta, mais sofisticada, onde o fluxo de gás passa por uma turbina, cujo eixo se encontra ligado a um mecanismo de relojoaria. São mais sofisticadas e precisas, logo de custo mais elevado e portanto menos utilizadas. 8.1.3. Economizador de gás O economizador de gás ‚ um aparelho que permite interromper o fluxo gasoso, quando o equipamento está em repouso, sem a existência de arco. O sistema mais difundido é o da eletroválvula, comandada pelo microrruptor colocado na tocha e funcionando juntamente com a abertura e fechamento do arco. 8.1.4. Fonte de corrente TPSC 3 Félix de Camargo Ferreira Junior 9 O mesmo equipamento usado em soldagem com eletrodos revestidos pode também ser usado na soldagem TIG. Deve-se ressaltar, no entanto, que as correntes em jogo no processo TIG são maiores que para eletrodo revestido, em função dos menores valores de tensão de arco para aquele processo; como consequência, as regulagens para um mesmo fator de utilização variam de um processo a outro, sendo maiores nas fontes usadas para TIG. Esse fato é ‚ muito importante e além dele, há o fato dos tempos mortos em TIG serem muito menores, implicando em maior aquecimento do equipamento. O usuário deve ter consciência dessas circunstâncias para evitar queima do equipamento. 8.1.5. Tocha A tocha contém o eletrodo e permite ao operador dirigir o arco. Além de manter o eletrodo, tem a finalidade de transferir a corrente elétrica do cabo ao eletrodo e assegurar o escoamento do gás. Dependendo da corrente máxima suportada, pode ter resfriamento natural ou a água. 8.1.5.1. Resfriamento natural São usadas para correntes até 130/150 A, com ciclo de trabalho 100%, sendo compostas por um corpo em material isolante, pinça porta-eletrodo, circuito de gás, bocal direcionador de gás, junção elétrica, etc. São tochas pequenas e leves. 8.1.5.2. Refrigeração a água São usadas para correntes até 500 A (limite prático do processo TIG) e além dos elementos descritos acima, possui circuitos de circulação de água de refrigeração. São convenientes para trabalhos pesados devido à sua grande robustez. 8.1.6. Eletrodos Os eletrodos transferem a corrente elétrica do cabo para a peça, através do arco elétrico. 8.1.6.1. Tipos de eletrodos Os tipos de eletrodos são os seguintes: - eletrodos em tungstênio puro: obtidos por sinterização, com pureza de 99,7%. Tem uma temperatura de fusão da ordem de 3.380 ºC. Não são resistentes à contaminação, nem tampouco suportam altas correntes. São, entretanto, relativamente baratos e usados para soldagem em corrente contínua polaridade direta de metais pesados, quando se deseja apontá-los para obtenção de arco concentrado. - eletrodos em tungstênio com 2% de tório: são mais emissivos e suportam maiores densidades de corrente que os de tungstênio puro. Proporcionam boa estabilidade de arco, sendo também mais duradouros. Para a mesma densidade de corrente, não se aquecem tanto quanto os de tungstênio puro. - eletrodos em tungstênio com 0,5% de zircônio: são usados em corrente alternada, sendo considerados intermediários aos de W puro e W-Th. Tem a vantagem de, em caso de poluição do banho, apresentar massas mais dispersas e menores que as de tungstênio com tório. Não são utilizados no Brasil. - eletrodos em tungstênio com faixa de tungstênio e tório: possuem uma faixa de tungstênio toriado paralela ao eixo longitudinal do eletrodo, sendo usados em soldagem automática, quando combinam a estabilidade do W puro e a capacidade de suportar grandes TPSC 3 Félix de Camargo Ferreira Junior 10 correntes do W-Th. Como não podem ser apontados (a faixa lateral de tungstênio com tório seria retirada) são usados somente em corrente alternada. 8.1.6.2. Formas dos eletrodos de tungstênio A forma da ponta do eletrodo é importante na estabilidade do arco e na penetração do cordão, em função do efeito da constricção, que varia com o quadrado da corrente. Assim, se o arco partir de um eletrodo apontado (fig a), estará concentrado sobre uma pequena superfície da peça. Em corrente alternada a extremidade do eletrodo funde ligeiramente e toma a forma semi-esférica (fig b). Se houver o aparecimento de uma gota, o significado é uma densidade de corrente muito elevada (fig c). Se em CA usa-se eletrodo W-Th a forma semi-esférica dificilmente é atingida (fig d) e se a densidade de corrente for elevada, a forma da extremidade é totalmente irregular (fig e). Em corrente contínua os eletrodos W-Th devem ser apontados, principalmente quandoa densidade de corrente for baixa. Quanto mais apontados, maior a penetração. A altura da ponta deve ser aproximadamente igual a 1,5 vezes o diâmetro; se a ponta for feita ao esmeril, deve-se ter o cuidado de fazê-lo no sentido longitudinal do eletrodo, para que as estrias fiquem nesse sentido. Se a esmerilhagem for no sentido radial, as estrias também o serão e dificultarão a passagem da corrente, introduzindo instabilidade no arco. Se o apontamento for executado de forma correta e ainda assim houver instabilidade, tal pode ser devida a um polimento imperfeito do eletrodo. Um aumento da corrente permite a obtenção de uma superfície totalmente lisa. Em havendo dúvida quanto à composição do eletrodo, fazer um cordão de vinte centímetros com intensidade média de corrente, comparando-se a forma obtida com as mostradas a seguir. 8.1.6.3. Correntes recomendadas para eletrodos As faixas de corrente para operação de eletrodos W puro e W-Th são dadas na tabela abaixo: TPSC 3 Félix de Camargo Ferreira Junior 11 CORRENTE ALTERNADA CORRENTE CONTÍNUA Diâmetro W W-Th W W-Th 1,0 10 a 50 20 a 70 10 a 70 10 a 80 1,6 40 a 80 50 a 100 50 a 100 50 a 120 2,0 60 a 110 60 a 180 90 a 160 90 a 190 3,0 90 a 180 150 a 270 140 a 260 170 a 300 4,0 160 a 240 220 a 320 220 a 380 260 a 450 5,0 200 a 340 300 a 400 350 a 550 400 a 650 6,0 300 a 450 350 a 550 500 a 700 600 a 800 7,0 400 a 600 500 a 700 Observações: - não ultrapassar os limites recomendados. - proteger com argônio enquanto os eletrodos estiverem quentes. Deixar escoar gás antes de abrir o arco para evitar contaminação e oxidação pelo ar atmosférico. - nunca tocar o banho. - para abrir o arco, quando for o caso, usar placa de cobre. 8.1.7. Bocal Os bocais tem a finalidade de canalizar o gás em torno do eletrodo e sobre o banho de fusão. São feitos em material refratário, devido às altas temperaturas atingidas e projetados de tal maneira que não provoquem turbulência do gás. Os de pyrex são transparentes e suportam correntes de até 100 A, enquanto os utilizados em correntes maiores são opacos, feitos em alumina sinterizada. Em tochas para soldagem automática, e só nestes casos, devido ao elevado peso, usa-se bocal em cobre, que tem a vantagem de melhor dissipar o calor. O diâmetro do bocal é‚ função da corrente utilizada na soldagem. Abaixo são dadas as correntes em função dos diâmetros de bocais mais comumente utilizados. Corrente (A) < 70 70 a 150 150 a 250 250 a 300 300 a 500 Diâmetro (mm) 6 ou 9 9 ou 11 11 ou 13 13 ou 15 15 ou 18 Certos bocais são munidos de um espalhador (lente de gás - gas lens), para evitar turbulência do gás, podendo-se manter com este dispositivo um comprimento de eletrodo de 20 mm além do bocal, sem perder a proteção do gás, o que facilita soldagens em ângulo ou chanfros profundos. 8.1.8. Feixe de cabos O feixe de cabos contém o cabo de comando para os equipamentos auxiliares (economizador de gás, por exemplo), tubulação de gás de proteção, tubulação de água de resfriamento (entrada e retorno) e o cabo de corrente elétrica. Geralmente o condutor elétrico, quando a tocha tem refrigeração a água, passa no interior da tubulação de retorno de água, podendo-se com isto, reduzir um pouco a sua seção. 8.1.9. Unidade autônoma de refrigeração Se não houver fonte de água de refrigeração disponível é possível a instalação de uma unidade autônoma de resfriamento, composta de um radiador e uma bomba d'água, que circula o líquido refrigerante em circuito fechado. 8.2. Monoblocos TPSC 3 Félix de Camargo Ferreira Junior 12 Os equipamentos monobloco tem eletroválvula economizadora de gás, debímetro, fonte de alta freqüência e, por vezes, unidade de refrigeração agrupados num mesmo gabinete. Certos equipamentos contém funções programáveis, controladas por circuitos eletrônicos, como acionamento de gás para "limpeza" do bocal, corrente de pré-soldagem para pré-aquecimento da área a ser soldada, corrente de pós-aquecimento ou de amortecimento para evitar a formação de crateras de solidificação, etc. 9. Critérios de escolha para um posto TIG Para a escolha de um posto de soldagem TIG, devem ser conhecidos alguns fatores, como por exemplo: - natureza do metal a ser soldado - tipo de corrente. - espessuras a soldar - valor da corrente. - características mecânicas exigidas da solda. 10. Comportamento dos gases de proteção durante a soldagem Na soldagem TIG são usados gases inertes como o argônio e o hélio. Outros gases inertes como o neônio e o xenônio não são usados, salvo para aplicações de pesquisa, em virtude de seu elevado preço. Usa-se também gases ativos, como hidrogênio e nitrogênio. Apesar do uso limitado, o hidrogênio é adicionado ao argônio ou hélio, para soldagem automática de aço inox, enquanto o nitrogênio é misturado ao argônio para uso em cobre e suas ligas. 10.1. Características dos gases 10.1.1. Argônio Gás monoatômico, obtido a partir da liquefação do ar atmosférico, com pureza de 99,99%. Pode ser fornecido tanto na forma gasosa como na forma líquida (temperatura de ebulição de -184 ºC ) sendo mais usado que o hélio, pelas seguintes razões: - baixa tensão de arco para dada corrente e dado comprimento de arco. - maior ação de limpeza na soldagem de alumínio ou magnésio, em corrente alternada. - menor custo. - menor fluxo para mesma qualidade de proteção. - maior resistência a correntes de vento. - partida de arco mais fácil. A menor tensão de arco é interessante em soldagem manual de pequenas espessuras ou em soldagem em posição (vertical ou sobrecabeça), quando existe tendência à fusão exagerada do metal de base ou difícil controle do banho. 10.1.2. Hélio É o mais leve gás monoatômico, sendo obtido a partir de gás natural e purificado até 99,99%. A exemplo do argônio, pode ser fornecido na forma gasosa ou líquida (no Brasil só uma empresa o fornece na forma líquida. Dada a maior condutividade térmica, tem uma maior tensão de arco que o argônio, fornecendo com isso maior calor à peça. Assim, o arco em atmosfera de hélio é preferido na soldagem de metais com alta condutividade térmica, como o cobre, em instalações automáticas de alta velocidade e em soldagem de grandes espessuras. 10.2. Proteção com argônio e hélio TPSC 3 Félix de Camargo Ferreira Junior 13 O principal fator de influência na proteção é a densidade dos gases. O argônio é 1,3 vezes mais denso que o ar e 10 vezes mais que o hélio. Após deixar o bocal, o argônio protege de maneira eficiente a área de solda, enquanto o hélio, tomadas as mesmas vazões, forma turbulência. Para que o grau de proteção seja o mesmo, é necessário que o fluxo de hélio seja de duas a três vezes o fluxo de argônio. Vale a mesma preocupação para misturas A-He, principalmente as de alto teor de hélio. As características de arco em atmosfera de argônio e hélio são mostradas na figura. Para correntes e comprimentos de arco equivalentes, a tensão de arco em atmosfera de hélio é maior que na de argônio. Como o calor gerado no arco é dado pelo produto tensão de arco-corrente, o uso de hélio gera um arco mais "quente" que o de argônio, propriedade usada na soldagem de materiais de grandes espessuras ou de elevada condutividade térmica. Para o argônio, à medida que a corrente decresce, a tensão passa por um mínimo (quando a corrente é 90 A) e em seguida cresce, mesmo com o decréscimo da corrente. Para o hélio esta queda de tensão se dá na faixa de 50 a 150 A, onde são realizadas todas as soldagens em pequenas espessuras. Como o aumento de tensão no argônio ocorre abaixo de 50 A, a operação na faixa 50-150 A, dá ao operador mobilidade para manipular o comprimento de arco. Em vista do exposto, é natural que para obter igual dissipação de calor, é necessário que se use correntes mais altas com argônio, que comhélio. Outra influência é na estabilidade de arco. Ambos os gases tem excelente estabilidade em corrente contínua polaridade direta. Com corrente alternada, usada exclusivamente para soldar alumínio e magnésio, o argônio tem boa ação de limpeza e excelente estabilidade de arco, enquanto o hélio não fornece nem boa estabilidade, nem boa limpeza. 10.3. Misturas argônio-hidrogênio Estas misturas são usadas em casos especiais, como solda automática de tubos em aço inox, onde o H2 não altera as características metalúrgicas do metal base. Pode-se obter aumento na velocidade de soldagem, em proporção quase direta ao acréscimo de H2 por causa do aumento da tensão de arco. Obviamente o teor de H2 deve variar com a espessura a ser soldada e o preparo da junta. Um excesso de H2 pode causar porosidade. As concentrações de até 35% de H2 podem ser usadas em qualquer espessura, desde que se dê uma abertura de raiz de 0,25 a 0,50 mm. A mistura mais comum é a de 15% de H2, usada em solda de topo em inox, para espessuras superiores a 1,6 mm e com velocidade de soldagem comparável ao hélio. 10.4. Seleção de gases de proteção TPSC 3 Félix de Camargo Ferreira Junior 14 Não existem regras para escolha do gás de proteção, segundo aplicações particulares. Tanto o argônio, como o hélio, ou misturas de ambos, podem ser usados na maioria das aplicações, exceção feita a pequenas espessuras, quando o argônio se torna indispensável. O argônio propicia um arco calmo, de fácil controle e não tão penetrante quanto o de hélio. Além disso, o custo do gás, associado às menores vazões, tornam-no preferido do ponto de vista econômico, salvo se há necessidade de soldar grandes espessuras ou materiais com alta condutividade térmica, como o alumínio. Metal Espessura Solda Manual Solda Automática Alumínio e ligas < 3,2 mm A (CA+AF) A (CA+AF) ou He (CC-) > 3,2 mm A (CA+AF) A-He (CA+AF) ou He (CC-) Aço Carbono < 3,2 mm A (CC-) A (CC-) > 3,2 mm A (CC-) A-He (CC-) ou He (CC-) Inox < 3,2 mm A (CC-) A-He (CC-) ou A-H 2 (CC-) > 3,2 mm A-He (CC-) He (CC-) Níquel e ligas < 3,2 mm A (CC-) A-He (CC-) > 3,2 mm A-He (CC-) He (CC-) Cobre e ligas < 3,2 mm A-He (CC-) A-He (CC-) > 3,2 mm He (CC-) He (CC-) Titânio e ligas < 3,2 mm A (CC-) A (CC-) ou A-He (CC-) > 3,2 mm A-He (CC-) He (CC-) CA - Corrente alternada CC - Corrente contínua polaridade direta AF - Alta freqüência As misturas A-He tem mais que 75% de He e as misturas A-H2 tem mais que 15% de H2 Em termos de Brasil, o hélio é, na maior parte das vezes, substituído por argônio, devido ao seu elevado custo. 11. Aplicação do processo TIG O processo TIG possibilita a execução de soldas de alta qualidade, mesmo em metais onde os outros processos são de difícil aplicação. As espessuras que podem ser soldadas com este processo são pequenas, da ordem de 0,5 mm, graças a três fatores: - estabilidade de arco. - baixas correntes. - baixas tensões Mesmo grandes espessuras são soldadas por TIG, em passes múltiplos, mas a pequena velocidade de trabalho faz com que seja usado apenas em passe de fundo. 12. Execução da solda 12.1. Preparo de bordos O preparo de bordos varia segundo o tipo de metal e a espessura, como será visto adiante. Como regra geral, os bordos devem estar limpos e com bom aspecto. Se as peças forem oxicortadas, deve-se eliminar a camada de óxido superficial por meio mecânico, como por exemplo, esmerilhamento. A abertura da raiz deve ser o mais regular possível, pois dela dependerá a qualidade da solda. 12.2. Ponteamento TPSC 3 Félix de Camargo Ferreira Junior 15 O ponteamento é necessário sempre que a peça não esteja imobilizada por meios mecânicos, devendo ser feita exclusivamente pelo processo TIG. Os pontos devem ser longos o suficiente para que não se rompam sob tensão, devida à deformação. Dependendo da espessura, os pontos devem ter de 20 a 80 mm de comprimento, sendo de volume suficiente para permitir a refusão, quando da soldagem final. Deve-se por isso, preferir pontos longos a pontos volumosos. O espaçamento entre pontos pode ser tomado como 30 vezes a espessura da chapa. 12.3. Retenção da tocha O trabalho do soldador consiste em fundir as bordas com regularidade, em toda espessura e encher o chanfro. A soldagem TIG é bastante semelhante à soldagem oxiacetilênica, sendo porém, mais delicada. O soldador deve estar comodamente instalado, com o feixe de cabos passando por sobre seu ombro. A tocha deve ser mantida como se fosse um lápis, pelos dedos polegar, indicador e médio. O microrruptor, acionado pelo indicador, deve ser sensível o suficiente para evitar o movimento da tocha. A tocha é mantida inclinada (10 a 20º ) com a vertical e dirigida à frente do banho. 12.4. Vazão do gás A vazão do gás é fornecida por meio de tabelas, em função da geometria do bocal. O fluxo deve recobrir toda a área de solda, deixando o banho brilhante e sem qualquer depósito de óxido ao longo do cordão. Uma eventual falha na proteção é indicada por mudança na coloração do eletrodo (cinza escuro). 12.5. Abertura do arco Antes da abertura do arco, o gás deve estar fluindo e não deve ser fechado antes do eletrodo e da solda estarem suficientemente resfriados. Na abertura um tempo de 2 a 4 segundos é suficiente para expulsar qualquer molécula de oxigênio que possa oxidar o eletrodo. No final é recomendado manter o fluxo gasoso por um tempo de 5 a 30 segundos, dependendo da corrente de soldagem e do diâmetro do eletrodo. O arco deve ser aberto sobre uma placa e se a alimentação é em corrente alternada, a abertura é feita por dispositivos auxiliares, tipo arco piloto. O importante é não haver contato entre o eletrodo e uma peça em alumínio. 12.6. Operação Aberto o arco, deve-se esperar pelo aparecimento de um ponto brilhante, indicador do início da fusão. Aumenta-se o ponto brilhante, descrevendo-se pequenos círculos com a tocha e a seguir a tocha é deslocada da direita para a esquerda, com velocidade de avanço determinada. Este movimento (soldagem à esquerda) assegura a proteção do metal à frente da tocha, sem perigo de desvio. Em soldagem de peças de pequena espessura, o soldador pode apoiar sua mão na peça não aquecida. O arco deve ser mantido tão curto quanto possível. Isto assegura uma boa estabilidade de arco, além de uma eficiente proteção do banho. Se, entretanto, uma corrente de ar deslocar a proteção gasosa, haverá oxidação do tungstênio, devendo a operação ser paralisada e o eletrodo recolocado em estado de trabalho. Vários fatores dependem da sensibilidade do operador: 12.6.1. Regulagem da intensidade da corrente TPSC 3 Félix de Camargo Ferreira Junior 16 A corrente de soldagem está diretamente ligada à velocidade de avanço e é função da espessura do metal e do diâmetro do eletrodo. Em soldagem em posição é necessário que se tenha um controle sobre a massa fluida. A redução da corrente segundo a posição, é também função da espessura. O essencial é que a corrente não ultrapasse o valor máximo admitido pelo eletrodo em uso, sob risco de deterioração acelerada. 12.6.2. Comprimento de arco Manter curto e constante o comprimento de arco é extremamente importante (estabilidade e proteção), sendo uma das dificuldades do processo. 12.6.3. Velocidade de avanço A velocidade de avanço é resultado da fixação dos parâmetros precedentes. Existe um valor máximo, determinado pela habilidade do operador, mas deve ficar entre o limite superior e inferior. Se for muito elevada, há o risco do cordão ter pouca penetração. Se baixa, o cordão será largo e haverá introdução de uma quantidade de calor desnecessária na peça. 12.6.4. Volume do metal de adição O soldador, soldando à esquerda, tem boa visão do banho e agindo sobre o movimento do metal de adição e da tocha, pode controlar o volume do banho, evitandocordões com sobremetal. Na soldagem de topo, o arame é mantido protegido pelo gás e inclinado de 15 a 20º com relação à ortogonal, dentro do plano do cordão. Se ele sai deste plano, começa a haver maior aquecimento de uma das bordas (fenômeno só desejado quando estão sendo soldadas espessuras diferentes). O arame deve formar um ângulo de 30º com a tocha, estando no mesmo plano desta. Para quantificar o volume de metal, o operador é guiado pelo aspecto do cordão. 12.7. Término da solda Se a solda é feita em corrente contínua, o arco é apagado pelo desligamento da corrente, assegurando-se no entanto, a proteção gasosa. Para que seja evitada a formação de crateras (origem de fissuras) deve-se ou fazer no fim do cordão uma camada de sobremetal e retornar o arco 2 ou 3 cm da extremidade ou usar testemunha (mata junta) para término da solda. ENTENDENDO A SOLDAGEM DO ALUMÍNIO O alumínio é‚ o metal mais comumente encontrado na crosta terrestre. Mas por causa de sua natureza extremamente reativa, não é quase nunca encontrado na forma livre. É particularmente notável a sua afinidade pelo oxigênio e se oxida imediatamente quando exposto ao ar. O alumínio tem uma camada de óxido de alumínio de 20 a 25 Angstrons de espessura. Mesmo se retirada, a camada refaz-se imediatamente, adquirindo uma espessura de 15 Angstrons. A tenacidade da camada de óxido tornou rara a soldagem do alumínio até meados da década de 40. Naquela época o desenvolvimento dos processos de soldagem MIG e TIG tornou possível a solda do alumínio, sem a necessidade do emprego de fluxos corrosivos. É importante ter em mente que, em termos de dureza, o óxido de alumínio está colocado imediatamente abaixo do diamante e é regularmente usado como abrasivo em esmeris e lixas. A temperatura de fusão do óxido de alumínio é de 2.037 º C, o que é mais de três vezes a temperatura de fusão do alumínio. Sua superfície é porosa e tende a aprisionar umidade e outros contaminantes superficiais, que causam porosidades às soldas. O problema da porosidade TPSC 3 Félix de Camargo Ferreira Junior 17 A porosidade nas soldas em alumínio é principalmente causada por bolhas de hidrogênio que se formam na poça de fusão solidificada. A solubilidade do hidrogênio no alumínio cresce quase vinte vezes na transição do estado sólido para o estado líquido e continua a crescer com o aumento da temperatura (Fig 1). O hidrogênio absorvido enquanto o metal está líquido, é forçado a sair da solução quando o alumínio se resfria e passa para o estado sólido. O hidrogênio é aprisionado em bolhas e não pode ser removido da solda. O reaquecimento da área porosa somente causará a redissolução do H2 no alumínio e a repetição do processo de formação de bolhas após subsequente solidificação. Os problemas de porosidade e inclusões de óxidos são resolvidos com técnicas que incluem preparação para soldagem e seleção de processos adequados. A preparação inclui a limpeza das partes a serem soldadas para a remoção de todas as fontes de hidrogênio e outros contaminantes. O uso de solventes à base de petróleo, para limpar a superfície do alumínio antes da solda, tende a espalhar uma fina camada de hidrocarbonetos, contaminando a superfície. Embora esta fina camada seja melhor que a contaminação inicial, não é a ideal. A água e o sabão usados após a limpeza com solventes proporciona excelentes resultados na remoção dos hidrocarbonetos da superfície. Mas a água usada na limpeza pode ter efeitos maléficos. A superfície porosa da camada de óxido pode capturar as moléculas de água em sua superfície. O hidrogênio das moléculas da água pode ser absorvido pelo alumínio e levar à porosidade da solda. Por isso é necessário assegurar que o alumínio esteja seco. O pré- aquecimento ajuda a retirar a umidade superficial, melhorando a qualidade da solda. É também necessário prever a contaminação por outros materiais usados na soldagem. O metal de adição precisa ser protegido da umidade e do óleo. Precisa ser protegido antes e durante a soldagem; precisa ser protegido da contaminação pelo mecanismo alimentador de arame. O gás de proteção deve estar isento de umidade. Embora esteja normalmente "seco" quando sai do cilindro, o gás pode absorver umidade através da entrada de ar falso. Uma limpeza mecânica, imediatamente anterior à soldagem é uma excelente prática para remover ambos os contaminantes e a fina camada de óxido. Claro está que o óxido é refeito imediatamente pelo ar, mas uma limpeza antes da soldagem assegura que a camada de óxido seja mínima. Limpeza por ataque catódico Há outro processo de remoção de óxidos e contaminantes que tem lugar durante a soldagem. Quando a polaridade do eletrodo é positiva com relação à peça, o material é atacado pelo arco. Para que seja possível o entendimento do mecanismo de "ataque catódico" é preciso mergulhar nos trabalhos sobre arco elétrico. O arco é uma corrente elétrica que flui ao longo do plasma. O plasma é um gás no qual elétrons foram retirados das moléculas deixando um número igual de elétrons e íons positivos. O plasma tem várias propriedades de um gás e também pode conduzir eletricidade. Como a corrente flui ao longo do plasma, os elétrons são transportados do catôdo (eletrodo negativo) para o anôdo (eletrodo positivo). Como eles se movem ao longo do arco, viajam a altas velocidades. Como os elétrons batem na superfície positiva, produzem uma grande quantidade de calor. Enquanto os elétrons são acelerados ao longo do comprimento do arco, os íons positivos se movem na direção oposta, ou seja, na direção do pólo negativo. Pelo fato de serem pesados, não chegam às grandes velocidades atingidas pelos elétrons, e consequentemente não geram tanto calor quanto fornecido pelos elétrons. Os íons pesados geram, entretanto, alguma energia cinética quando se chocam com a superfície negativa. Na soldagem TIG em corrente contínua com o eletrodo ligado ao pólo negativo, os elétrons fluem do eletrodo de tungstênio que foi aquecido até a temperatura onde ocorre a emissão termoiônica dos elétrons. Grosseiramente, 80% do calor é transferido para a peça. Os outros 20% são aplicados no eletrodo de tungstênio, o que o mantém quente o suficiente para produzir uma fonte estável de elétrons. Em metais de baixa temperatura de ebulição, como o alumínio, a temperatura requerida para produzir elétrons por emissão TPSC 3 Félix de Camargo Ferreira Junior 18 termoiônica é muito elevada. O alumínio necessita uma temperatura de 4.968 ºC mais de três vezes a temperatura de ebulição. Isto significa que quando da soldagem com eletrodo positivo, os elétrons que transportam a corrente precisam vir de uma outra fonte. Vários elétrons são liberados por colisões moleculares no plasma, mas para que haja densidade de plasma suficiente para carregar a corrente de soldagem, é necessária outra fonte de elétrons. É preciso uma camada de óxidos ou uma superfície contaminada. Podem ser aquecidos pontualmente a altas temperaturas e tem maior emissividade eletrónica que o alumínio. Consequentemente o arco tende a se concentrar nas áreas da superfície contaminada ou na de formação de óxidos. Isto é benéfico desde que os íons pesados do plasma choquem-se contra a superfície do alumínio no local onde esteja a camada de óxido ou de contaminante. Pode-se fazer a imagem de um jato de areia auto-dirigido, que remove o material indesejado da área adjacente à poça de fusão. Como o material é removido, expondo o alumínio, ocorre a movimentação do arco para uma área próxima, de alta emissividade eletrónica. Se o eletrodo permanece positivo por tempo suficiente, toda a área sobre a poça de fusão fica limpa. Como o gás de proteção expulsa o ar envolvente, não resta mais oxigênio para se combinar ao alumínio e a solda resultante estará livre de inclusões de óxidos e porosidades. Os processos que utilizam corrente contínua polaridadeinversa, como o MIG, fazem uso dessa característica para produzir soldas de excelente qualidade (Fig 2). A soldagem TIG com corrente contínua polaridade inversa têm aplicação limitada em função da larga zona termicamente afetada e da pequena penetração. O TIG em corrente alternada faz uso da porção do ciclo negativo da corrente para obter penetração e do período do ciclo positivo para limpeza. Com a moderna tecnologia das fontes de potência é possível ajustar a corrente de soldagem para maximizar os efeitos de limpeza e penetração. Modernos equipamentos oferecem avanços na soldagem Com o advento da tecnologia de inversores e o desenvolvimento de mecanismos de comutação em estado sólido, tornou-se possível criar ondas de corrente alternada dissimétricas. Novas fronteiras para a soldagem de alumínio foram abertas. Não existem mais exigências de "balancear" a corrente para evitar a saturação do núcleo dos transformadores. Foi também eliminada a necessidade de operar com a freqüência de entrada da fonte, ou seja, com a freqüência da rede. Uma das principais vantagens das novas fontes para soldagem é a eliminação da contínua emissão de radiações de alta freqüência. Os antigos sistemas de corrente alternada usavam energia de alta freqüência para ajudar no restabelecimento do arco após a mudança de polaridade do eletrodo negativo para positivo. As novas máquinas usam a velocidade de comutação para criar a energia necessária ao reacendimento do arco, sem a interferência causada pela alta freqüência. Isto elimina um dos maiores obstáculos para a soldagem, robotizada ou controlada por computador, do alumínio pelo processo TIG. Outra vantagem é a mudança no calor injetado na peça. Como 80% do calor flui para a superfície do pólo positivo, a mudança da simetria da corrente alternada para, por exemplo, somente 10% do tempo total (quando o eletrodo é positivo), aumenta o calor na peça e reduz o calor dissipado na tocha. A zona termicamente afetada é menor e a penetração, apesar das menores correntes, é aumentada. Isto permite a soldagem do alumínio em equipamentos tipo soldagem orbital, o que anteriormente não era possível com TIG em corrente alternada. Outra vantagem importante é uma queda no grau de degradação do eletrodo. Como o fluxo de calor é menor, o eletrodo não se deteriora como na soldagem convencional em corrente alternada. Isto também propicia o uso de automação na soldagem do alumínio. Estes avanços na tecnologia de soldagem do alumínio chegaram bem a tempo. Em função da redução de peso, os componentes e produtos de alumínio tem sido usados em substituição ao aço. A soldagem automática de estruturas de alumínio é benéfica na indústria de transporte. Na indústria de ar condicionado, a soldagem está sendo usada em trocadores de calor e outros componentes, para evitar fuga de Freon pelas juntas brasadas (Fig 3). Com a pressão mundial para a redução dos teores de fluorcarbono (CFC) na atmosfera, a soldagem de trocadores de calor se tornará comum. TPSC 3 Félix de Camargo Ferreira Junior 19 Na indústria aeroespacial o uso de estruturas de alumínio soldado ocupa importante posição. Um exame detalhado do tanque externo de combustível do Space Shuttle, soldado em alumínio 2219, mostra que grandes estruturas podem ser fabricadas com segurança, em alumínio. Usando um tipo de soldagem com corrente alternada assimétrica, a Martin Marietta's Michoud Assembly Facility realiza em cada tanque, 645 metros de cordões de solda, em plasma de polaridade variável. Pressões na indústria continuam a fazer do alumínio o material escolhido para várias aplicações. Em várias delas, a soldagem a arco será o método escolhido. Com os novos avanços nas fontes de alimentação eletrónicas e o desenvolvimento de novas ligas, a sol- dagem do alumínio continuará sendo uma área de grande evolução. Tradução do artigo "Understanding Aluminium Welding" - Welding Journal - Feb 91 - pg 43-46 Félix de Camargo Ferreira Junior TPSC 3 Félix de Camargo Ferreira Junior 20 REQUISITOS DO PROCESSO TIG É ampla e geralmente sabido que o processo TIG proporciona uma soldagem de alta qualidade na maior parte dos metais. Embora esteja ligado à soldagem com proteção gasosa, o processo TIG é freqüentemente tido como mais lento que os outros processos e às vezes associado à velocidade do processo eletrodo revestido. Na realidade, o processo TIG pode ser até mais rápido que o processo MIG em certas aplicações. É especialmente adequado para as operações de soldagem por fusão de chapas finas, onde esse processo de eletrodo não consumível é usado sem metal de adição. O processo TIG, no entanto, não é um processo simples. Um grande número de variáveis precisa ser levado em conta para a obtenção de cordões de alta qualidade e para assegurar uma boa performance do equipamento utilizado. O equipamento TIG é um sistema que converte energia elétrica em calor, mediante a obtenção de um arco elétrico sobre a peça. A performance do equipamento e a eficiência da energia convertida é determinada por alguns requisitos que garantam as condições exigidas. Calor Geralmente o calor introduzido é considerado o principal fator em qualquer processo de soldagem. As tochas TIG transferem calor para a peça e arredores, por condução, convecção e radiação. A energia é a soma do calor transferido à peça. Nem toda energia dissipada na tocha, no entanto, é transferida à peça para realizar a fusão. Em certos casos, pouco mais de 20% da energia é convertida em radiação. É a administração destas perdas de energia que deve ser avaliada. O objetivo básico é aumentar a eficiência energética do sistema, reduzindo as perdas de energia. O suprimento da mínima energia necessária à peça da maneira mais eficiente, reduz os efeitos adversos no material, aumenta a vida útil do equipamento e reduz os custos de operação. Serão analisados a seguir, alguns requisitos que ajudarão a reduzir as perdas de energia. Mangueiras e cabos Os cabos e as mangueiras de soldagem são o elo energético entre a fonte de corrente e a tocha. São também fontes de perdas devido ao superaquecimento. O calor aumenta nos cabos por causa da resistência elétrica, que cresce com o aumento do comprimento do cabo. Como a temperatura do cabo de cobre aumenta, a resistência elétrica aumenta e a condutividade térmica diminui. Vários cabos são submetidos a ciclos de trabalho à temperatura ambiente. Como o cabo esquenta, ajustes no comprimento ou na corrente precisam ser feitos, para minimizar as perdas por superaquecimento. Se uma tocha a água estiver sendo usada, uma baixa vazão pode ser a razão do superaquecimento do cabo. Para reduzir os problemas causados por superaquecimento, o cabo de energia precisa ser tão curto quanto posssível e deve-se preferir o uso de mangueiras sem curvas acentuadas para reduzir as perdas de carga do gás ou da água. As tubulações de gás ou de água não devem ser invertidas, o que poderá trazer contaminação ao gás e conseqüente comprometimento da qualidade da solda. Gases de proteção O argônio e o hélio são os dois gases inertes de proteção mais utilizados no processo TIG. Cada gás tem vantagens e inconvenientes na utilização, sendo que algumas vezes são usadas misturas entre ambos, para haver utilização das vantagens de cada gás. O argônio, geralmente usado para soldagem manual, tem menor tensão de arco que o hélio, o que significa partida de arco mais fácil e calma e um funcionamento mais silencioso. O gás de proteção é ionizado por uma tensão de partida, que direciona o arco à peça. O argônio tem um potencial mínimo de ionização de 15,7 V e uma condutividade térmica maior que a do hélio, o que significa arco estreito e concentrado. O argônio é 1,3 vezes mais pesado que o ar, o que propicia boa proteção, com fluxo mínimo de 12 l/min, dependendo da corrente, bocal e configuração da junta. TPSC 3 Félixde Camargo Ferreira Junior 21 O hélio transfere maior quantidade de calor que o argônio, em vista da excelente condutividade térmica, que requer maior tensão de arco, o que implica em maior injeção de calor na peça. O potencial mínimo de ionização é de 24 V, o que torna a partida do arco mais difícil que no caso do argônio. A proteção gasosa com hélio é mais adequada à soldagem dos metais com elevada condutividade térmica, por causa da maior quantidade de calor disponível e é geralmente usado em soldagem automática. O hélio é mais leve que o ar, requerendo uma vazão de 2 a 3 vezes daquela do argônio, para a mesma qualidade de proteção. Tungstênio O tungstênio é, entre os metais, aquele de maior temperatura de fusão, o que o torna excelente como fonte para a transferência do arco elétrico ao processo. O tungstênio puro, no entanto, tem uma baixa capacidade para o transporte da corrente, razão pela qual vários eletrodos de tungstênio tem adições de metais como tório e zircônio, para melhora das características elétricas. Um eletrodo com 1 ou 2% de tório tem maior capacidade de conduzir corrente, com maior facilidade para abertura de arco e melhor estabilidade do mesmo. A capacidade de condução da corrente é também função do diâmetro do eletrodo, tipo de tocha, extensão do eletrodo, tipo de gás, posição de soldagem e tipo de corrente. Durante a soldagem, 2/3 do calor é gerado no anôdo e 1/3 no catôdo. Com o eletrodo ligado ao polo negativo, a maior parte do calor é dirigida para a peça, enquanto que se ligado ao polo positivo, é necessário um grande diâmetro para haver resistência ao superaquecimento. A capacidade de condução da corrente quando o eletrodo é positivo é de 1/10 daquela quando o mesmo é negativo. O uso de corrente alternada é um compromisso entre polo positivo e negativo e o calor se reparte igualmente entre peça e eletrodo. A configuração final do eletrodo pode afetar a estabilidade do arco e a penetração. Um eletrodo de tungstênio bem apontado aumenta a penetração e reduz a largura do cordão, por causa da concentração de energia no arco. Inversamente, uma ponta arredondada se traduz por pouca penetração e cordão largo. A ponta do eletrodo deve ser esmerilhada no sentido longitudinal, para evitar estrias concêntricas na ponta, o que pode ser origem de perturbações no arco. Em corrente alternada há a formação de uma bolha na ponta do eletrodo, que não deve exceder 1,5 vezes o diâmetro do eletrodo. A redução da intensidade da corrente ou aumento do diâmetro do eletrodo, quando a bolha é muito grande, provoca redução no seu diâmetro. O eletrodo de tungstênio é muito susceptível à contaminação e deve ser mantido sempre puro. Bocais e espalhadores Os bocais dirigem o gás sobre a zona da solda. São feitos em alumina, disponíveis em vários diâmetros e em comprimentos longos, médios e curtos. O tamanho do bocal é determinado pala acessibilidade à junta, necessidade de visão da junta e do metal de adição e do diâmetro do eletrodo. Geralmente o diâmetro do bocal é de quatro a seis vezes o diâmetro do eletrodo. Uma boa proteção é obtida mediante a correta escolha do tamanho do bocal. Os bocais em alumina são recomendados para aplicações onde a liberação de calor é elevada, em correntes superiores a 250 A. Esses bocais são frágeis e devem ser manipulados com cuidado, dado o risco de trinca e quebra, sendo muito sensíveis a choques térmicos. A ponta do bocal, no lado da tocha, é relativamente fria, enquanto a outra extremidade recebe o calor irradiado pelo arco e pela poça de fusão; eventuais respingos também podem causar danos ao bocal. A melhor maneira de eliminar ambos os problemas, é aumentar a distância bocal- peça, o que pode ser obtido com o uso de espalhadores, para manter a qualidade de proteção. O uso de espalhadores permite o uso de eletrodos de tungstênio até a mais de 25 mm fora do bocal, sem perda de proteção. Corpo da tocha O corpo da tocha é o principal componente do sistema. Toda energia do cabo é recebida e distribuída pela tocha. O corpo da tocha precisa ter construção robusta para TPSC 3 Félix de Camargo Ferreira Junior 22 suportar a corrente sem sofrer aquecimento excessivo. Se a tocha é resfriada a água, deve ter resfriamento suficiente para retirar o calor da pinça porta-eletrodo e do eletrodo, vindos do arco e da poça de fusão. As tochas refrigeradas a água são geralmente usadas para serviços pesados ou aplicações intensivas que requerem 200 A ou mais. As tochas resfriadas a ar são usadas para correntes menores que 200 A ou nos casos em que os sistemas de refrigeração e tubulações são incômodos ou onde há difícil acesso. A soldagem em corrente contínua com eletrodo positivo é muito prejudicial à tocha, já que a maior parte da energia está concentrada no eletrodo. Já na soldagem em corrente contínua eletrodo negativo e em corrente alternada, não há qualquer problema, desde que os princípios básicos sejam seguidos e a capacidade da tocha não seja ultrapassada. Uma tocha para soldagem TIG não deve ser dobrada ou modificada, pois é projetada com suficiente isolação nas áreas críticas. O dobramento (para facilitar o acesso) ou modificação pode comprometer a isolação e causar circulação de corrente. É necessário que os engates estejam seguros e o eletrodo, pinça porta-eletrodo e a parte traseira estejam montados correta e firmemente. A perfeita vedação das gaxetas e “o'rings” impede a entrada de ar e vazamento do líquido de refrigeração. Uma boa tocha usa um mínimo de energia com máximo de eficiência. Conclusão Novas aplicações de TIG são encontradas todos os dias, em indústrias e centros de pesquisas. O processo TIG vem sendo usado intensivamente em robôs e aplicações automatizadas, devido ao avanço nos equipamentos de partida de arco. As inovações continuarão a aparecer no processo TIG, o que o tornarão um processo muito utilizado nos próximos anos. Tradução de artigo - "Welding Journal" - Dec 1986 - pg 42-44 Félix de Camargo Ferreira Junior TPSC 3 Félix de Camargo Ferreira Junior 23 M I G 1. Generalidades A experiência adquirida com a proteção do arco por gases inertes nos eletrodos refratários e o interesse em substituir os mesmos por um eletrodo que fosse ao mesmo tempo contínuo e metal de adição, possibilitou o aparecimento do processo MIG. Os primeiros trabalhos executados foram sobre aços, com a proteção de gases ativos. Tais trabalhos foram desenvolvidos entre 1.929 e 1.932 por Alexander nos laboratórios da General Electric. Várias tentativas foram feitas, mas a impossibilidade de domínio dos fenômenos de carburação ou por vezes, de oxidação, não viabilizaram o processo. Os trabalhos foram retomados durante a 2ª Guerra para soldagem de ligas leves, levando-se em consideração os conhecimentos adquiridos com o TIG. Na realidade, somente em 1.948 o processo adquiriu caráter industrial para o caso do magnésio e em 1.949 para os outros metais. Até então, os únicos gases utilizados eram os inertes. Pouco após, o argônio foi substituído pelo CO2, puro ou misturado, o que veio trazer vantagens do ponto de vista econômico. Durante muitos anos porém, o processo com transferência do metal por pulverização (spray arc) foi o único utilizado, de maneira que a soldagem de espessuras maiores ou iguais a 5 mm, eram as únicas realizadas; tal fato era devido à grande penetração obtida com o uso de CO2. A descoberta das propriedades do arco curto (short arc ou curto circuito) possibilitou a soldagem de chapas finas, mesmo em posição, ampliando consideravelmente o campo de aplicação do processo. A fusão do metal de base e do metal de adição fazem uso de grande parcela de calor gerado no arco. Esta fusão é produzida pelo calor gerado entre o eletrodo fusível contínuo e a peça, sendo a proteção do arco e da poça de fusão feita por gásativo ou inerte. As figuras mostram a posição relativa dos componentes e os equipamentos básicos de uma instalação de soldagem MIG. 2. Princípio de operação O eletrodo fusível, contido numa bobina, é enviado à tocha, pelo moto alimentador, através do feixe de cabos. A poça de fusão, o arco e o eletrodo são protegidos pelo fluxo gasoso, sendo o arco estabelecido pela passagem da corrente através da coluna ionizada. 3. Vantagens e limitações Vantagens: As vantagens do processo de soldagem MIG podem ser enumeradas como sendo: - eletrodo contínuo (não há perda de tempo ou sobra de material). - soldagem em todas as posições. - alta velocidade de soldagem. - total visibilidade da operação. - facilidade de execução. - grandes taxas de deposição. - deformações limitadas. - fácil controle da penetração. Limitações: O processo também possui limitações: - equipamento mais complexo e mais dispendioso. - relativa dificuldade de soldar em locais de difícil acesso. - maior velocidade de resfriamento do metal. 4. Transferência do metal no arco TPSC 3 Félix de Camargo Ferreira Junior 24 A transferência do metal no arco em soldagem MIG é explicada pela ação de diferentes forças, presentes no arco elétrico, dentre as quais é possível citar: a- tensão superficial: a tendência da gota durante a transferência é a manutenção da forma esférica, desde que as forças de atração entre as moléculas constituintes da gota metálica estejam em equilíbrio. A forma esférica pode, no entanto, ser modificada por forças externas, como por exemplo, ação da gravidade ou forças eletromagnéticas. b- efeito de estrangulamento: pelo fato do arco se comportar como condutor metálico, há formação de um campo magnético em torno do arco, que é tanto maior, quanto mais intensa for a corrente. A coluna de arco pode ser entendida como sendo formada por con- dutores paralelos, que ao se atraírem, provocam o estrangulamento do arco. c- vaporização parcial do metal: nas extremidades do arco, devido às altas temperaturas, existe a vaporização do metal, o que contribui para a formação da cratera no banho, que acaba acelerando a projeção de pequenas gotas. d- plasma de arco: ‚ composto de elétrons e íons e tende a se propagar devido às componentes axiais. Estas componentes axiais existem pelo fato da superfície do eletrodo ser sempre menor que a da peça. O arco é divergente, sendo a divergência acentuada pelo efeito do estrangulamento. O arco acaba apresentando no seu eixo um jato de plasma de alta velocidade. 5. Mecanismos da transferência do metal no arco A maneira como o metal é transferido no arco, é determinada por inúmeros fatores, sendo que os de maior influência são: magnitude e tipo da corrente, densidade de corrente, composição do eletrodo, extensão do eletrodo (stick out), gás de proteção e características da fonte de corrente. 5.1. Transferência do metal em atmosfera de argônio 5.1.1. Caso de polaridade inversa A densidade de corrente crítica ‚é aquela a partir da qual o metal atinge a temperatura de vaporização, que no caso do ferro é de 3.000 ºC . A densidade de corrente crítica, sob atmosfera de argônio, para um fio de diâmetro 1,2 mm, é da ordem de 260 A. 5.1.1.1. Densidade de corrente inferior à crítica Se a densidade de corrente for inferior à crítica, existe a formação de uma gota na extremidade do fio. Esta gota tende a crescer e o seu volume será tanto maior, quanto mais baixa for a corrente. O arco aparece na extremidade cilíndrica do fio (fig A) e se a gota for aumentando seu volume, a coluna de arco se desloca e passa a ocupar uma pequena superfície da gota (fig B). A gota fundida, antes de se desprender, sofre o efeito de estrangulamento, devido às forças magnéticas que aparecem como conseqüência da corrente elétrica.O fio tende a se contrair (fig C) por causa da pressão radial, que é proporcional ao quadrado da intensidade da corrente e inverso à seção da mesma. A componente radial F tem o seguinte valor: TPSC 3 Félix de Camargo Ferreira Junior 25 F = (I2/200) log2 (A2/A1) dynas. Assim que a gota se destaca, existe uma aceleração que cresce com a intensidade da corrente e diminui com o volume da gota. Esta aceleração pode chegar a 22 g (g = aceleração da gravidade). O arco é estável e a penetração é boa. A película de óxido, porventura existente, é rompida pelo bombardeamento dos íons positivos, que vão na direção do polo negativo (catôdo). 5.1.1.2. Densidade de corrente superior à crítica Se a densidade de corrente é superior à crítica, ocorre um fenômeno totalmente diferente. A transferência passa de globular a "spray", sendo tanto mais marcante, quanto maior for a corrente. A extremidade do fio na transferência por pulverização toma a forma de um cone alongado. O metal é transferido no arco na forma de finas gotas, de diâmetro igual ou inferior ao do fio, sendo a redução do tamanho das gotas (causada pelo aumento da corrente) acompanhada pelo aumento do número delas. As gotas podem ir de menos de uma centena até quase um milhar. Os fenômenos da transferência por pulverização são influenciados pela ação das forças eletromagnéticas e pelo plasma de arco. A mudança do regime de transferência de globular para "spray", para os metais protegidos pelos respectivos fluxos gasosos, se dá segundo os valores de intensidade de corrente abaixo: Arame Diâmetro Atm Proteção I mínimo spray Aço Carbono 0,8 98% A + 2% O2 150 0,9 165 1,2 220 1,6 275 Aço Inox 0,9 99% A + 1% O2 170 1,2 225 1,6 285 Alumínio 0,8 Argônio 95 1,2 135 1,6 180 Cobre 0,9 Argônio 180 1,2 210 1,6 310 Bronze-Silício 0,9 Argônio 165 1,2 205 1,6 270 5.1.2. Caso de polaridade direta No caso da tocha estar ligada ao polo negativo, a transferência pode se efetuar de duas maneiras distintas, por processos diferentes dos anteriores. Se a corrente é inferior a 400 A (fio de diâmetro 1,2 mm), há a formação de gotas na extremidade do fio, que crescem até atingir um diâmetro muito superior ao do fio. Essas gotas não são arremessadas ao banho e sim no sentido inverso. O arco nasce na superfície catódica (gota) que é pequena e extremamente móvel. A força da gravidade e as forças de repulsão acabam por destacar a gota a partir de um dado volume e a mesma mergulha no banho. TPSC 3 Félix de Camargo Ferreira Junior 26 Se a corrente ultrapassa 400 A, há formação de uma "chuva" de pequenas gotas, que mergulham no banho após terem girado em torno do centro de gravidade. As acelerações são pequenas, da ordem de 1 a 1,5 g (fig F). 5.2. Transferência do metal em atmosfera de CO2 A altas temperaturas, o CO2 não permanece da mesma forma que à temperatura ambiente. O gás se dissocia e se ioniza, em razão diretamente proporcional à temperatura, da seguinte forma: CO2 ----> CO + 1/2 O2 e em seguida: 2 CO2 ----> CO + C + O2 + O Na temperatura de 6.000 ºC, a dissociação é quase completa, restando somente 0,018% de CO2. A principal diferença entre a transferência de metal em atmosferas de CO2 e argônio, é que no caso do CO2 nunca ocorre transferência por pulverização axial, qualquer que seja o valor de corrente usado. Além disso, não existe uma coluna de arco com perfil regular, como no caso do argônio. 5.2.1. Caso de polaridade inversa Em polaridade inversa, sob atmosfera protetora de CO2, dois fenômenos ocorrem: transferência globular ou por curto circuito. A transferência globular é observada quando a tensão de arco é suficientemente elevada (22 a 25 V). Após formação da gota, há um crescimento da mesma na extremidade do fio e o arco deixa de se concentrar na parte inferior da gota (como na fig B). O arco aparece numa pequena superfície, de maneira que a energia fica concentrada, com aquecimentodesigual de toda a gota (fig G). Na superfície bombardeada o metal entra em ebulição, o que cria uma força inversa à direção do banho, causada pela pressão de vapor. A gota fica em posição lateral; devido ao pequeno efeito de estrangulamento, causado pela ação das forças eletromagnéticas, já que a corrente é pequena, a gota acaba mergulhando no banho mais pelo efeito da força da gravidade. O número de gotas aumenta, com conseqüente diminuição do volume de cada uma, à medida que a corrente aumenta. A transferência por curto circuito ocorre quando a tensão varia de 14 a 20 V. O crescimento se dá de tal maneira que a gota acaba tocando o banho de fusão e ocorrendo então um curto circuito, quando ocorre a transferência do metal para o banho. A transferência por curto circuito é usada na soldagem de chapas finas e na soldagem em posição. Como o calor introduzido é pequeno, ocorre pouca deformação da chapa. O eletrodo toca a poça na razão de 20 a 200 vezes por segundo. Quando a gota toca o banho, a corrente cresce e tenderia a crescer até infinito, enquanto a tensão cai e tenderia a zero se a gota não se desprendesse, mergulhando no TPSC 3 Félix de Camargo Ferreira Junior 27 banho. A taxa de subida da corrente precisa ser alta o suficiente para manter a ponta do eletrodo fluida, enquanto o metal não é transferido. Não pode, no entanto, ser excessiva, pois pode causar a explosão da veia metálica líquida, devido ao superaquecimento provocado pela passagem da corrente. A taxa de subida da corrente é controlada pelo ajuste da indutância, que se encontra no interior da fonte. O valor escolhido para a indutância é função da resistência elétrica do circuito e da temperatura de fusão do eletrodo. A tensão, quando não há arco, precisa ser suficiente para que o mesmo continue a existir. Neste período, parte da energia usada na manutenção do arco é fornecida pela indutância. Pelo fato da transferência do metal se dar sempre durante o curto circuito, o gás de proteção tem pouco efeito sobre este momento da transferência. Podem ocorrer respingos, causados pela liberação de gases ou pelas forças eletromagnéticas, na ponta em fusão do eletrodo. As correntes típicas de curto circuito são mostradas a seguir: Plana Vertical e Sobrecabeça Diâmetro Mín Máx Mín Máx 0,8 50 150 50 125 0,9 75 175 75 150 1,2 100 225 100 175 A sequência da transferência do metal na soldagem por curto circuito, se dá conforme a figura abaixo. A tensão e a corrente sofrem grandes variações. Para um fio de diâmetro 0,8 mm, com velocidade de alimentação de 2 m/min, a duração do ciclo é de 29 milisegundos. Após abertura do arco, há formação de uma profunda cratera, que reduz drasticamente as projeções. A tensão é então da ordem de 26 V; a gota começa a crescer, a corrente começa a cair e a tensão tende a seu valor de regulagem, enquanto o comprimento do arco começa a ser diminuído. A gota começa a se aproximar da peça e o contato da gota com o banho leva à formação do curto circuito, com a absorção da gota pelo banho. A corrente cresce rapidamente, o que provoca um aumento do campo eletromagnético. A corrente atinge 160 A e a tensão cai a quase zero. Pouco após, o efeito de estrangulamento, TPSC 3 Félix de Camargo Ferreira Junior 28 devido àquelas forças eletromagnéticas, provoca a ruptura da gota, que mergulha no banho. O arco reaparece e o ciclo recomeça. 5.2.2. Caso de polaridade direta Da mesma maneira que sob atmosfera de argônio, neste caso, a polaridade direta produz grandes gotas, não sendo usada em soldagem e por esta razão não será aqui analisada. 6. Influência do comprimento livre de fio na transferência do metal A transferência do metal depende dos valores adotados para os diversos parâmetros de soldagem como: grandezas elétricas, velocidade de alimentação do fio, comprimento livre do fio, comprimento de arco, etc. Numa tocha MIG, o fio é colocado sob tensão quando da passagem pelo tubo de contato que está centrado no bocal. A peça a ser soldada se encontra a uma distância de 15 a 25 mm do bocal, de modo a garantir uma proteção gasosa conveniente. O comprimento livre do fio é h e o comprimento do arco é l. As correntes são bastante elevadas, o que, para os diâmetros de fio usuais, proporcionam densidades de corrente da ordem de 200 A/mm2. Em função disto, a quantidade de calor dissipada por efeito Joule no comprimento h é apreciável, principalmente em se tratando de fios em aço (a resistividade do aço, a quente, é extremamente elevada). Para se ter uma idéia, no caso de um fio de diâmetro 1,2 mm sob 250 A, em condições normais de soldagem, 1/7 da energia térmica necessária à fusão é fornecida por efeito Joule, sendo o restante fornecido pelo calor do arco. Para uma dada corrente de soldagem e um comprimento de arco constante, a velocidade de fusão (g/min) é função crescente do comprimento livre h. Este passa a ser, pois, um dos parâmetros de regulagem a ser considerado, sobretudo na soldagem de aços. Maior importância haverá se a transferência for globular, ou no caso de proteção com CO2, por curto circuito, já que a energia fornecida por efeito Joule tem importante papel sobre o modo de transferência e sobre a quantidade de material e de energia no banho de fusão. 7. Relação entre a velocidade de alimentação do arame e a corrente Para que se possa manter um arco de comprimento l, o comprimento livre de fio h deve ser tal, que permita a fusão do fio com a energia introduzida pelo calor do arco e com o calor dissipado por efeito Joule neste comprimento livre. É necessário que a velocidade de fusão do fio seja igual à velocidade de alimentação do mesmo, ou seja, que a velocidade de alimentação v esteja adaptada à corrente I. A relação entre v e I, deve ser estabelecida experimentalmente. No caso de um fio com 1% Si e 1,5% Mn, sob atmosfera de CO2, para vários diâmetros, as relações são as dadas na figura acima. Pode-se notar que arames de diferentes diâmetros podem suportar a mesma intensidade de corrente, bastando que, para os fios de pequeno diâmetro, se aumente a velocidade de alimentação do arame. A limitação ao uso de fios de pequeno diâmetro está nos TPSC 3 Félix de Camargo Ferreira Junior 29 moto-alimentadores, que, dificilmente tem velocidades superiores a 15 m/min (a partir daí, existem limitações no moto alimentador, como por exemplo, elevada inércia). É possível ainda, notar a influência do comprimento livre de fio h, na velocidade de alimentação, mantidos I e l (comprimento de arco) constantes: se ocorre aumento de h, há maior aquecimento do fio, podendo-se aumentar a velocidade do mesmo, sem no entanto, modificar a corrente. Da mesma maneira, uma diminuição de h exige menor velocidade de alimentação, pois o aquecimento do fio é menor. Deduz-se então que, mantidos constantes o tipo de gás, a composição do fio e o seu diâmetro, o funcionamento da máquina será determinado por: U - tensão de arco I - corrente l - comprimento do arco h - comprimento livre de fio v - velocidade de alimentação do fio Cabe neste ponto lembrar, que uma fonte de energia para soldagem MIG dispõe como único controle, de um seletor para mudança da característica externa. Isto vale dizer que uma fonte de corrente para soldagem MIG fornece algumas curvas características externas, como ilustrado na figura abaixo. No caso da máquinaexemplificada, as regulagens são em número de 12. 8. Funcionamento do arco com velocidade de fio constante Tendo o arco entrado em regime de funcionamento constante, a velocidade de alimentação do arame deve ser igual à velocidade de fusão do mesmo. Ao ponto A1 corresponde um comprimento de arco l. Este ponto é também aquele correspondente à interseção da curva característica externa da máquina ( C1 )com a curva correspondente à velocidade de alimentação constante. Pelo fato
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