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Maria Eduarda Zen Biz – 2020.1 SP1 – Processos Infecciosos do Pulmão Atelectasia Patogenia: expansão incompleta ou colapso do pulmão previamente inflado, produzindo áreas de parênquima pulmonar relativamente sem ar. Há contração e perda de volume; o ar não consegue entrar nos alvéolos; hipóxia. Pode ser por: reabsorção/obstrução, compressão (reversíveis) ou contração (irreversível). Uma atelectasia significativa reduz a oxigenação e predispõe à infecção. Na compressão há acúmulo de fluído, sangue ou ar; na contração há cicatrização e fibrose. Alterações Histológicas: alvéolo colabado SARA: Síndrome da Angústia Respiratória Aguda Patogenia: é uma síndrome clínica de insuficiência respiratória grave, causada pelo dano alveolar difuso no curso da sepse, trauma grave ou infecção pulmonar difusa - há início abrupto de hipoxemia significativa e infiltrados pulmonares bilaterais na ausência de insuficiência cardíaca). Há aumento da permeabilidade vascular associada à inflamação, edema e morte de células epiteliais. É iniciada com a lesão de pneumócitos e do endotélio pulmonar, resultando em um círculo vicioso de aumento de inflamação e danos pulmonares Alterações Histológicas: dano/lesão alveolar difuso (DAD) O quadro histológico característico é o de membranas hialinas revestindo as paredes alveolares. Edema, neutrófilos dispersos e macrófagos, além de necrose epitelial + IL-1, também estão presentes Doenças Pulmonares Obstrutivas e Restritivas Obstrutivas: aumento na resistência do fluxo de ar devido à obstrução parcial ou completa. Podem ser: bronquite, asma, enfisema, bronquiolite, entre outras. Restritivas: redução da expansão e diminuição da capacidade total do pulmão. Os defeitos restritivos ocorrem em dois de condições: disfunções da parede torácica (p. ex., obesidade severa, doenças pleurais, cifoescoliose e doenças neuromusculares, como poliomielite) e doenças infiltrativas e intersticiais crônicas, como pneumoconiose e fibrose intersticial. Obstrutivas: Enfisema: aumento permanente dos espaços aéreos distais aos bronquíolos terminais (destruição de alvéolos), acompanhado pela destruição de suas paredes, sem fibrose significativa; Cigarro ou outras partículas nocivas causam inflamação e destruição do parênquima, predisposição genética Maria Eduarda Zen Biz – 2020.1 Bolhas – quando estouram fazem pneumotórax espontâneo – atelectasia Bronquite Crônica: diagnóstico clínico, não histológico: tosse produtiva persistente por, pelo menos, 3 meses consecutivos, e durante, pelo menos, 2 anos consecutivos. Mucosa hiperemiada e edemaciada, recoberta por secreções mucinosas ou mucopurulentas; pode ter metaplasia; aumento das glândulas mucossecretoras (em tamanho e número); Linfócitos e macrófagos, podendo, ocasionalmente, haver neutrófilos. Pode ter associação com bronquiolite crônica. Asma: Distúrbio inflamatório crônico das vias aéreas - episódios recorrentes de chiado, falta de ar, sensação de aperto no peito, e tosse, à noite e/ou nas primeiras horas da manhã; hipertrofia e hiper-reatividade das células do músculo liso dos brônquios; inflamação crônica dos brônquios com eosinófilos; Bronquiectasia: é resultado de outras inflamações obstrutivas crônicas. Dilatação permanente dos brônquios e bronquíolos causada pela destruição da musculatura lisa e do tecido elástico de suporte; linfócitos, plasmócitos; acúmulo de secreção; Restritivas e Infiltrativas: Fibrose pulmonar bilateral com focos difusos, afetando paredes alveolares; o Muitas com patogenia desconhecida o Componentes interalveolar e intersticial o Achados clínico patológicos e histologia característica o Sobreposição sinais, sintomas, alterações de imagem e histológicas o Redução da complacência pulmonar levando a dispneia o Lesão na parede alveolar e em vasos - hipóxia o Insuficiência respiratória, hipertensão pulmonar e cor pulmonale o Pulmão em "favo de mel"" Fibrose pulmonar idiopática: etiologia desconhecida; há fibrose nos septos pulmonares; são lesões bilaterais em focos mais na periferia do pulmão, em diferentes estágios de evolução. Ocorre mais em homens com +55 anos. Lesões iniciais e tardias, há Fibrose intersticial, linfócitos, em focos, plasmócitos, mastócitos e eosinófilos. Colagenização, "favo de mel" - espaços císticos. Hipertensão pulmonar e início gradual de tosse não produtiva e dispneia progressiva. Maria Eduarda Zen Biz – 2020.1 Pneumonia Intersticial não específica: tem clínica igual à UIP (a última), mas as lesões estão todas na mesma fase. Tem etiologia desconhecida, diagnóstico diferencial com a FPI/UIP. Inflamação crônica intersticial leve a moderada e/ou fibrose, em focos uniformes Pneumoconiose: Inalação de poeira de minerais (carvão, sílica e asbesto) - trabalho. Partículas orgânicas e inorgânicas, vapores químicos, fuligem; Macrófagos alveolares importantes para início e perpetuação da inflamação, das lesões e da fibrose. IL-1. Antracose Doenças Pulmonares de origem vascular São elas: embolia pulmonar e infarto; hipertensão pulmonar; síndrome de hemorragia pulmonar difusa. Embolia Pulmonar (TEP): geralmente ocorre em pacientes com uma condição predisponente, que aumenta a tendência à formação de coágulos (trombofilia). Óbito por hipóxia ou insuficiência cardíaca direita aguda. Histologia: êmbolos nos vasos; o infarto é em cunha. Causa mais nos lobos inferior, periféricos têm maior chance de infartos. Infecções Pulmonares - Pneumonias Importância por afastar muitos pacientes de sua rotina/trabalho. o Maioria: infecções do trato respiratório superior causadas por vírus (resfriado comum, faringite); o Maior morbidade: infecções bacterianas, virais, por micoplasmas e fúngicas do pulmão (pneumonia) Mecanismos de defesa local; imunossupressão do organismo em geral; esses mecanismos falham. o Perda ou supressão reflexo da tosse: coma, anestesia, doenças neuromusculares, drogas, dor torácica. o Lesão mucociliar: cigarro, gases corrosivos, vírus, defeitos genéticos (síndrome cílio imóvel) o Acúmulo de secreções: fibrose cística, bronquiectasias o Interferência na ação bactericida ou fagocitose de bactérias pelos macrófagos alveolares: álcool, cigarro, anóxia. o Congestão pulmonar e edema. o Defeitos inatos da imunidade (complementos e neutrófilos), imunodeficiência humoral: bactérias piogênicas o Defeitos da imunidade mediada por células (congênita ou adquirida): microrganismos intracelulares, micobactérias, herpes vírus e microrganismos de baixa virulência o Um tipo de pneumonia predispõe a outro, principalmente em pacientes debilitados o Disseminação hematogênica o Infecções nosocomiais: adquiridas enquanto internados (intubação, manipulação sistema respiratório), bactérias normalmente mais resistentes aos tratamentos habituais. Classificação: Pneumonia Aguda adquirida na Comunidade Maria Eduarda Zen Biz – 2020.1 Streptococcus pneumoniae; Haemophilus influenzae; Moraxella catarrhalis; Staphylococcus aureus Podem ser Bacterianas ou virais; depende de: agente etiológico, reação com o hospedeiros e extensão; condições predisponentes: idade, doenças crônicas, deficiências imunológicas congênitas ou adquiridas, deficiência/ausência do baço Pulmão com Pneumonia Patogenia: Os defeitos da imunidade inata (incluindo defeitos de neutrófilos e do complemento) e da imunodeficiência humoral tipicamente causam maior incidência de infecções por bactérias piogênicas. Alterações Histológicas: consolidações – machas brancas que podem ser várias, como na broncopneumonia, ou no lobo inteiro, como na pneumonia lobar. Consolidação = bactérias nos alvéolos + exsudato Microrganismos Principais: Streptococcus pneumoniae, ou pneumococcus: Neutrófilos associados a diplococos gram- positivos Haemophilus influenzae: gram-negativo; Maiorcausa infecções trato respiratório inferior e meningite em crianças; causa comum de pneumonia adquirida na comunidade no adulto; anticorpos contra cápsula – vacina. Staphylococcus aureus: Causa importante de pneumonia bacteriana seguida de infecção viral em crianças e adultos; complicações como abscesso; pneumonia adquirida no hospital Pneumonias Bacterianas: o Pneumonia Lobar: consolidação de grande parte ou de todo um lobo o 4 estágios: congestão, hepatização vermelha, hepatização cinza e resolução. o Pleurite nos estágios iniciais; pode resolver ou levar à espessamento, fibrose e aderência o Broncopneumonia: consolidação desigual OBS.: identificar agente e extensão do acometimento! Pneumonia Atípica Adquirida na Comunidade Microrganismos: o Mycoplasma pneumoniae (causa mais comum, em crianças e adultos jovens, esporádica ou epidemias locais em comunidades vizinhas (escolas, prisões); Viruses: respiratory syncytial virus, parainfluenza virus (children); influenza A and B (adults); adenovirus (military recruits); SARS vírus Pneumonia atípica primária - doença respiratória febril aguda, com alterações desiguais nos pulmões, confinadas aos septos alveolares: restringe a troca gasosa. Expectoração moderada, sem consolidação, leucocitose moderada e sem exsudato alveolar. Idade, desnutrição, Maria Eduarda Zen Biz – 2020.1 alcoolismo, doenças debilitantes de base; Microorganismos aderem ao trato respiratório superior causando necrose celular e resposta inflamatória. Micro: septos com edema, células inflamatórias mononucleares (linfócitos, macrófagos e plasmócitos). IMPORTANTE! o Pneumonia Atípica – processo inflamatório dentro dos septos alveolares, restringe a troca gasosa. o Pneumonia Típica – processo inflamatório que atinge o interstício. Se for muito avançada, atinge a membrana hialina do alvéolo! Pneumonias Crônicas Microrganismos: o Nocardia o Actinomyces o Granulomatous: Mycobacterium tuberculosis e atypical mycobacteria, Histoplasma capsulatum, Coccidioidesimmitis, Blastomyces dermatitidis Paciente imunocomprometido, com ou sem envolvimento regional; Granulomas, podem contem necrose - consolidação – cavidades; Esses tipos de pneumonias atacam várias estruturas – septo, alvéolo, brônquios... Há presença de linfócitos, plasmócitos, células gigantes multinucleadas e granulomas. Tuberculose – necrose caseosa, granulomas, massas cavitárias (cavidades) Sarcoidose – granulomas; é um diagnóstico de exclusão. Corpúsculos de Schaumann SP2 – Distúrbios Hemodinâmicos Congestão: passiva – congestão (diminuição da drenagem venosa, causando coloração azul-avermelhada – cianose). Pode ser sistêmico (insuficiência cardíaca congestiva) ou localizado (obstrução de uma veia). Pele azulada Mais crônica Macroscopia: aspecto em noz moscada (congestão passiva do fígado crônica) Hiperemia: hiperemia é ativa (causada por dilatação arterial, aumentando o fluxo sanguíneo). Por exemplo: inflamação ou na irrigação de músculos durante o exercício. Pele avermelhada Capilares dilatados cheios de sangue; Comum na hiperemia e na congestão Maria Eduarda Zen Biz – 2020.1 Edema: aumento do líquido intersticial, causando acúmulo. Pode ser por insuficiência cardíaca. Acúmulo em cavidade: efusões, ascite ou derrames; Anasarca: edema generalizado Mecanismos: Pressão Hidrostática Aumentada o Desordem que comprometem o retorno venoso (como nos MMII) o Aumentos sistêmicos da pressão venosa (ICC) Redução da Pressão Coloidosmótica o Quando está reduzida, causa edema, fazendo com que o fluido saia do vaso – albumina é o principal fator (hipoalbuminemia = edema); (produção insuficiente, insuficiência hepática, desnutrição, síndrome nefrótica) Obstrução Linfática o Drenagem de fluidos intersticiais comprometida → linfedema o Causas neoplásicas ou inflamatórias (CA de mama com metástase para linfonodos) Retenção de sódio e água o Aumento da pressão hidrostática leva ao aumento do volume intravascular o Exemplo: insuficiência renal aguda Edema pulmonar Pele edemaciada Hemorragia: perda/extravasamento de sangue devido à ruptura/lesões dos vasos sanguíneos, ou formação defeituosa de coágulo Pode ser por causa ou doenças como hemofilia. Classificação (macroscópica e clínica): Petéquias: pequena hemorragia, vários pontos vermelhos no corpo (1-2mm). Não somem ou clareiam quando são pressionadas. Pele, mucosa, órgãos. Causas: diminuição de plaquetas, função plaquetária deficiente Hematomas: hemorragia acumulada em um tecido. Geralmente é grande. Faz efeito de massa. Equimoses: hematomas subcutâneos maiores (1- 2cm) – contusões. Degradação de hemácias → macrófagos → conversão hemoglobina em bilirrubina (azul-verde) → e hemossiderina (acastanhada). É plano Púrpuras: hemorragia um pouco maior que as Petéquias, com as mesmas causas. (3-5mm) Hemostasia a hemostasia resulta no bloqueio de qualquer lesão vascular. Garante a fluidez do sangue e a fluidez dos vasos sanguíneos. Envolve plaquetas, endotélio e fatores de coagulação. Há tampão fibrinoplaquetário Vasoconstrição arteriolar: imediatamente; diminui o fluxo sanguíneo; fatores vasoconstritores Hemostasia primária: formação de tampão plaquetário; lesão endotélio – exposição MEC e FvW (fator de von Willebrand) causa promoção, adesão e ativação plaquetária. Hemostasia Secundária: deposição de fibrina; exposição do fator tecidual → pró-coagulante → fator VIII → cascata de coagulação→ trombina → fibrina → consolida o tampão plaquetário Estabilização e reabsorção do tampão hemostático: contração do trombo → tampão sólido e permanente que impede ainda mais a hemorragia. Ao mesmo tempo, fatores contra regulatórios agindo para limitar a coagulação Maria Eduarda Zen Biz – 2020.1 Trombose: é uma anormalidade da hemostasia, pois forma coágulos. 3 fatores de risco (Tríade de Virchow): lesão endotelial, estase ou fluxo turbilhonado, hipercoagulabilidade Lesão Endotelial – causa ativação plaquetária e formação de trombos Estase – facilita plaquetas e leucócitos entrem em contato com o endotélio, podendo ficar aderidos e formando um trombo. Fluxo Turbilhonado – gera mais lesão endotelial, promovendo aumento da atividade pró- coagulante. Exemplos: aneurismas, placas, IAM, valvas defeituosas Hipercoagulabilidade – alterações nos fatores de coagulações Morfologia: fixado à parede, Linhas de Zahn – macro e micro; depósito de camadas pálidas (plaquetas) + placas escuras (hemácias) Linhas de Zahn Embolia: obstrução de um vaso, geralmente uma artéria, pela migração de um corpo estranho (coágulo de sangue, gordura, colágeno, parte de um tumor ou bolhas de ar) levado pela corrente sanguínea, para um local distante de sua origem. Causas: trombose venosa profunda (pernas) que se desprende, podendo causar embolia pulmonar. Direita - Embolia por gordura no pulmão Infarto: consequência de trombose/embolia; necrose isquêmica de um tecido, geralmente no coração ou cérebro. Pode ser causado por trombose arterial ou embolia arterial; tumores; vasoespasmo; aneurismas... Infarto branco – órgãos sólidos com circulações terminais; coração, baço e rim Infarto vermelho – oclusões venosas; tecidos frouxos (acúmulo); órgãos com dupla circulação. Pulmão, intestino Maria Eduarda Zen Biz – 2020.1 Rim Pulmão SP2 – Alterações Hematológicas e Medula Óssea Medula: feto/bebê com pouca amarela e muita vermelha; com o passar dos anos, tem mais amarela. (20 anos – quase totalmente amarela) 3 linhagens: Mieloide (brancos) Eritroide (vermelhos) Plaquetária – origem por meio de megacariócito Anemia: número anormalmente baixo de hemácias/ níveis de hemoglobina, ou ambos. Perda excessiva de sangue (hemorragia) Destruição de hemácias – anemia falciforme, esferocitose Deficiência de ferro e vitamina B12 Insuficiência de medula óssea (anemia aplásica) Anemia por deficiência de Ferro – aumento de Eritroblastos como compensação Poliglobulia/policitemia: é uma doença rara caracterizada pelo excesso de eritrócitos/hemácias produzidos pela medula óssea. Pode causar disfunção cardíaca e obstrução vascular; hipóxia (por ser muito viscoso, trombos, etc) Relativa: desidratação, perda do volume plasmático Absoluta: aumento do número de células o Primária o Secundária Trombocitose/Plaquetose: número excessivo de plaquetas no sangue Pode ser causada por mielofibrose, leucemia plaquetária, etc. Plaquetopenia: diminuição do número de plaquetas no sangue. Dengue. Causa hemorragias – abaixo de 20.000. Aumento de megacariócitos na medula óssea para compensar Leucocitose: aumento de leucócitos; infecções e estados inflamatórios; neoplasias Neutrofilia: infecções bacterianas, necrose tissular Eosinofilia: causas alérgicas, parasitas, drogas Basofilias: mais raro Monocitose: infecções crônicas, como tuberculose Linfocitoses: pode acompanhar Monocitose (tuberculose), infecções virais Maria Eduarda Zen Biz – 2020.1 Leucopenia: diminuição de leucócitos (Neutropenia, linfopenia); quimioterapia, HIV.... Consequência: predispõe à infecções. SP3 – Doença de Chagas o Protozoários o Doença de Chagas Protozoários Idosos, crianças, imunodeprimidos, doenças crônicas Infecções respiratórias e diarreia Eucariontes, unicelulares Transmissão: por insetos ou fecal-oral Em humanos, se alojam no sangue ou intestino Diagnóstico: esfregaços sanguíneos ou lesões Replicação intracelular (variedade de células: sanguíneas, macrófagos) Extracelular: sistema urinário, intestino ou sangue o Trichomonas vaginalis (DST) o Entamoeba histolytica e Giardia lamblia – Intestino o Plasmodium, Trypanosoma, e Leishmania – transmitidos por sangue, insetos vetores, replicam-se no hospedeiro o Toxoplasma gondii – transmitidos principalmente por gatos (oocistos) ou em carnes cruas Reprodução: em lugares inacessíveis à resposta imune do hospedeiro, como luz intestinal ou interior da bexiga, como Clostridium difficile. Outros produzem lesões antes do sistema imune produzir resposta eficiente, como Trichinella e Trypanosoma cruzi. Alguns formam cistos com cápsulas espessas – sistema imune não consegue produzir resposta. Doença de Chagas Microrganismo: Tripanosoma cruzi (mais comum no Brasil) Chagas - antropozoonose, doença tropical Protozoário parasita intracelular Vetor(es): fezes e urina de triatomíneos hematófagos infectados; Triatoma infestans (85% dos casos, p.ex. barbeiro) que entram em contato com pele machucada ou mucosas → chagoma (transiente); intradomiciliares ou silvestres Hospedeiro(s): homem, gatos, cachorros, roedores Mecanismos de lesões: se alimentam nos habitantes durante o sono, e eliminam os parasitas em suas fezes; os parasitas infectantes penetram no hospedeiro através da lesão na pele ou através de membranas mucosas Órgãos afetados: coração - cardiomiopatia dilatada e arritmias cardíacas; miocardite; + a dilatação do cólon (megacólon) e do esôfago Fases da doença: tripomastigota, amastigotas Histologia: há infiltrados inflamatórios perivasculares e intersticiais, compostos de linfócitos, plasmócitos e monócitos. Ocorrem focos dispersos de necrose das células miocárdicas e fibrose intersticial Transmissão: transfusional, congênita (3o mês), transplante órgãos, uso compartilhado seringas, via oral, coito, outros vetores. Formas agudas: alimentos e bebidas contaminadas Forma indeterminada: ausência de sinais e sintomas Prognóstico bom 30 a 50%; óbito raro Melhor visualizados na fase aguda Rapidamente passa para forma amastigota (intracelular - fagossomo), estimula concentração de cálcio nas células hospedeiras o que promove fusão fagossomos e lisossomos. O baixo PH do lisossomo rompe sua membrana liberando parasitas no citoplasma, desenvolvem flagelos e destroem a células hospedeira, entram na corrente sanguínea e musculatura estriada e cardíaca. Altera matriz extracelular – fibrose. Maria Eduarda Zen Biz – 2020.1 Durante a fase no hospedeiro invertebrado, o T. cruzi se transforma em epimastigotas e então, no intestino posterior, diferenciam em tripomastigotas metacíclicos (um processo conhecido como metaciclogênese) os quais, eliminados pelas fezes e urina do inseto vetor, são capazes de infectar o hospedeiro vertebrado. Chagas Agudo Parasita entra diretamente na célula cardíaca com inflamação subsequente. Dura menos de 4 anos, geralmente de 10-60 dias. Raramente apresenta alta parasitemia com febre, dilatação e falência cardíaca e, infestação generalizada com linfadenopatia e esplenomegalia. Vetorial: porta de entrada pele ou mucosa, Sinal de Romaña (complexo oftalmolinfonodal) Via oral: exantema maculopapular ou petequial, eritema nodoso, derrame pericárdico, derrame pleural, icterícia. Alta taxa mortalidade 2 primeiras semanas (miocardite aguda ou meningoencefalite) Forma subaguda: rara, adultos jovens. Insuficiência cardíaca refratária Porta de entrada do parasita, coração e sistema nervoso o Conjuntiva: Sinal de Romaña o Pele: chagomas o Linfonodos satélites Coração: taquicardia, pulso fino e rápido, hipotensão arterial, aumento cardíaco. Cardiomegalia, arritmias cardíacas Neurológicas: meningoencefalite discreta, excitação e torpor ou mais graves com convulsões. Digestiva: anorexia, náuseas, vômitos e diarreia. Hepatomegalia. Disfagia, constipação. Icterícia. Anticorpos IgG Coração flácido, congesto, aumentado de volume, derrame pericárdico. Epicárdio minúsculos nódulos brancacentos, ao longo dos ramos coronários. Endocárdio normal ou com trombos. Linfonodos aumentados. Histologicamente miocardite: linfócitos, macrófagos, edema, miocitólise, ninhos de amastigotas. Células inflamatórias ao redor de vasos sanguíneos. Podem neutrófilos, eosinófilos e mastócitos. Atinge sistema de condução (nó sinoatrial, AV e feixes de His). Granulomas são raros. Reagudização. Trato digestivo: miosite nas camadas musculares. Parasitas nos plexos intramurais e feixes neurais. Miocardite Aguda – Presença da forma amastigota Vários tripanosomas – amastigotas; perde função Maria Eduarda Zen Biz – 2020.1 Chagas Crônico 5 a 15 anos após infecção inicial para começar a mostrar sintomas, provavelmente por resposta imune induzida pelo T. cruzi (reação cruzada com miocárdio, nervos e proteínas extracelulares – laminina; como se fosse autoimune) Comportamento benigno e evolução lenta; é reativada Evolui para formas cardíaca, mista ou digestiva em 10 a 20 anos Assintomática ou sintomática com lesões teciduais importantes e alterações em exames. Miocardite linfocitária: linfócitos e macrófagos. Poucos eosinófilos, plasmócitos, monócitos e neutrófilos. Sem relação com a quantidade de parasitas. Área cardíaca aumentada. (câmaras cardíacas) Alterações eletrocardiograma de repouso. Congestão sistêmica. Embolias. Edema periférico, estase jugular, ascite, hepatomegalia – tudo pela hipertrofia do coração. Arritmias – sistema de condução. Coração aumentado de volume, hipertrofia, epicardite crônica, dilatação de átrios e ventrículos. Endocardite. Lesão vorticilar: afilamento da ponta cardíaca (VE) com desaparecimento parcial ou total do miocárdio com substituição por fibrose, com ou sem aneurisma apical. Vários anos ou décadas Coração e trato digestório (esôfago e intestino grosso – do mesmo jeito do coração). SNC, musculatura esquelética, suprarrenal, etc Parasitismo sanguíneo escasso Níveis de anticorpos elevados e persistentes Forma indeterminada: alterações cardíacas = forma crônica sintomática, maisdiscretas, lesão SNC Células cardíacas – rosas; células inflamatórias – roxos; bolinhas – amastigotas Músculo cardíaco; uma cheia de amastigota no interior Hipertrofia das células musculares do coração; fibrose e perda de tecido normal e função Amastigotas – bolinhas Célula sendo atacada por tripomastigotas Miocardite – invasão de miofibras dispersas por tripanosomas acompanhada de infiltrado inflamatório de neutrófilos, linfócitos e macrófagos. Acalasia – tríade de relaxamento incompleto do esfíncter esofágico inferior (EEI), aumento do tônus do EEI e aperistalsia do esôfago. Pode ocorrer na doença de Chagas; o T. cruzi causa a destruição do plexo mioentérico, falha de relaxamento do EEI e dilatação do esôfago. Plexos mioentéricos duodenal, colônico e uretérico também podem ser acometidos. Maria Eduarda Zen Biz – 2020.1 SP4 – Patologia dos Intestinos Patologias do intestino delgado e grosso Contato com inúmeros antígenos = sistema imune reforçado; microbiota comensal protetora – pode ter papel em quadros alérgicos ou doenças inflamatórias Epitélio Normal Doenças Obstrutivas Podem ocorrer em qualquer nível (intestino delgado é mais acometido, lúmen estreito); Sintomas: dor, constipação, distensão abdominal, vômitos Essas abaixo correspondem a 80% das obstruções mecânicas: Intussuscepção: Segmento do intestino comprimido por uma onda de peristaltismo, penetra e se encaixa no lúmen do segmento imediatamente distal. Pode progredir para obstrução intestinal, compressão de vasos mesentéricos e infarto; mais comum em crianças menores de 2 anos Herniação: Fragilidade da parede cavidade peritoneal = protrusão de uma bolsa (saco herniário); mais comuns: umbilical e inguinal; A protusão pode causar encarceramento (presa pra fora) e estrangulamento sem fluxo sanguíneo), resultando em infarto Vólvulos: torção da alça ao redor do seu ponto de fixação mesentérica Aderências ou Bridas: pode ser entre alças ou entre órgãos; comum após cirurgia; “cicatrização” Distúrbios da Motilidade – Doença de Hirschprung: megacólon aganglionar congênito – defeito congênito na inervação do cólon (SN Entérico). Neonatos que não liberam mecônio (primeiras vezes, aquosas e esverdeadas); pode complicar: enterocolite, perfuração, peritonite Patogenia: crista neural → plexo entérico neuronal → migração de células é interrompida; o segmento distal do intestino acaba sendo formado sem plexos submucoso/Mioentérico; há falha na peristalse, dilatando o segmento acima Maria Eduarda Zen Biz – 2020.1 Distúrbios Vasculares Doença isquêmica intestinal: Causas: aterosclerose, aneurismas, hipercoagulabilidade Manifestação: apenas da mucosa, mucosa + SM ou transmural (toda a parede); obstrução vascular aguda ou crônica Doenças diarreicas/mal absortivas Doenças que afetam transporte de nutrientes e água. A diarreia é o aumento na massa, frequência ou fluidez das fezes. 4 categorias: Diarreia secretora: fezes isotônicas e persistentes ao jejum Diarreia osmótica: intolerância à lactose (fezes mais concentradas que o plasma) Diarreia mal absortiva: Absorção inadequada (p esteatorreia); alivia ao jejum Diarreia exsudativa: Doença inflamatória. Fezes sanguinolentas, purulentas Doença celíaca Enteropatia sensível ao glúten; pode ser silenciosa; Sintomas: Gastrointestinais (diarreia, distensão abdominal, anorexia, dor abdominal) Baixa estatura. Infertilidade Manifestação cutânea Doença imunomediada desencadeada pela ingestão de cereais contendo glúten (trigo, cevada ou centeio), em pessoas geneticamente predispostas Patogenia: glúten é a principal proteína de armazenamento do trigo e grãos similares Digerido por enzimas → quebrado em aminoácidos e peptídeos, um deles é o peptídeo Gliadina, que é resistente à degradação. Gliadina deaminada por transglutaminases intestinais → e pode interagir com HLA DQ2 e HLA DQ8 das células apresentadoras de antígenos - e ser apresentada ao linfócitos T CD4 +. Resposta → produção de anticorpos Antitransglutaminase, Antigliadina, antiendomísio Manifestações: dermatite herpetiforme; manifestação cutânea da doença celíaca Macro: bolhas e manchas vermelhas Morfologia: há linfocitose intraepiteial, hiperplasia de criptas e atrofia vilositária; apagamento das bordas em escova e inflamação da lâmina própria Complicação: maior risco de desenvolver neoplasias; o Linfoma de células T associado à enteropatia o Adenocarcinoma de delgado Tratamento: dieta Maria Eduarda Zen Biz – 2020.1 Outras doenças diarreicas mal absortivas: Espru tropical/Enteropatia Ambiental – Comum em países em desenvolvimento - relação com desnutrição - sem agentes infecciosos específicos Deficiência de lactase (intolerância à lactose); não tem alteração histológica Colite microscópica – Exames de imagem e Colonoscopia Normal; Diarreia Aquosa, não sanguinolenta; Colite Colagenosa ou Colite linfocítica Enterocolites infecciosas agudas Enterocolite infecciosas: mais de 1 milhão de mortes por ano; 10% das mortes em pacientes < 5 anos; diarreia, dor abdominal, urgência; depende do estado nutricional e imunidade do paciente; saneamento básico (como cólera) Bacterianas Causadores: o Vibrio cholerae (gram negativa; vírgulas - endêmica na Índia, África) o Shigella (gram negativa, diarreia sanguinolenta) o Campylobacter jejuni (mais comum em países desenvolvidos, comum “diarreia do viajante”) o Salmonella (typhi - Febre tifoide; Não typhi - gastroenterites) o Escherichia coli (gram negativa, comensais, alguns subtipos causam doença → ECEP, ECEH, ECEI, ECEA. Virais: Rotavírus → tem vacina Enterocolites Agudas Geralmente autolimitadas Raramente biopsiadas Padrão morfológico similar: manutenção da arquitetura, infiltrado misto na lâmina própria, micro abscessos crípticos, neutrófilos intraepiteliais Colite pseudomembranosa: Colite associada à antibióticos; ATB → perturba a microbiota normal → possibilita o crescimento de C. difficile; as toxinas causam liberação de citocinas e apoptose Agente causal: Clostridium difficile Manifestação colonoscópica: Manifestação Histopatológica: Epitélio descama → Lâmina própria infiltrada por células inflamatórias / trombos com fibrina → criptas danificadas cistificam e liberam muco purulento que “erupciona” para a superfície (Cogumelo) Maria Eduarda Zen Biz – 2020.1 Enterocolites parasitárias Ascaridíase: Ascaris; “lombriga”; nematelminto que pode causar abcessos hepáticos; Pode causar quadros pulmonares (pneumonites) devido ao ciclo pulmonar; 90% localizados em alças jejunais *Estrongiloidíase: Strongyloides; nematelminto; faz ciclo pulmonar; Quadros mais graves (hiperinfecção) em pacientes imunodeprimidos (HIV; uso de imunossupressores, transplantados); Sintomas mais frequentes: trato gastrointestinal, quadros assintomáticos até severos Ancilostomíase: Necator/Ancylostoma; amarelão ou doença do Jeca-Tatu; Sintomas: a anemia crônica (devido espoliação sanguínea crônica), desnutrição, sintomas gastrointestinais, fraqueza, aspecto amarelado da pele; pulmonares na passagem pelo TR Larva migrans cutânea, Bicho geográfico ou Dermatite Serpinginosa; nematoides que penetram na pele humana mas permanecem vagando entre a epiderme e a derme, sem poder completar sua evolução; larvas de terceiro estádio do Ancylostoma braziliense *Amebíase: Entamoeba; infecção fecal-oral; ceco e cólon ascendente (também apêndice, sigmoide e reto). Se prende ao epitélio colônico, induz apoptose, invade criptas e atravessa a lâmina própria → neutrófilos recrutados causam danos teciduais, úlceras → NECROSE → Disenteria. Parasitas podem atingir vasos sanguíneos → fígado → abscesso amebiano. Amebomas - complicação crônica (massa de tecido de granulação quepode simular neoplasia, com poucas amebas - difícil diagnóstico) *Giardíase: Giardia; protozoário flagelado; é o parasita mais comum; infecção diminui a impressão de enzimas absortivas na borda em escova, como a lactase; dano e apoptose às células do ID; trofozoítos = forma de pera *Esquistossomose: Schistosoma; platelminto (achatado); Manifestações cutâneas ou em mucosas (pela penetração das cercarias); pulmonares, intestinais hepatoesplênica e neural/mielopatia Maria Eduarda Zen Biz – 2020.1 Necessitam alcançar o sistema porta intra-hepático para completar seu desenvolvimento; Um dos eventos patogênicos mais importantes na esquistossomose é a formação do granuloma hepático e a fibrose hepática peri-portal. A formação dos granulomas em diferentes órgãos explica as manifestações da doença, como a hipertensão portal, a forma pseudotumoral, a neurológica e vásculo-pulmonar. Hipertensão portal e Hepatoesplenomegalia → edema visceral e a longo prazo ascite Processo esquistossomótico crônico e sua lesão típica é o granuloma (ou pseudotubérculo) Teníase: platelminto; “solitária”; T. solium e saginata (porco e boi/vaca); ingestão de carne = teníase; ingestão de ovos = cisticercose Doenças Inflamatórias Intestinais Início: adolescentes/jovens; pico entre 50-60 anos Condição crônica resultante de: Genética: risco aumentado quando há outro membro da família acometido; alguns genes de susceptibilidade já reconhecidos (entre eles: NOD2) Respostas imunes da mucosa: ainda em estudo, mas sabe-se da eficácia dos tratamentos imunossupressores e imunomoduladores Defeitos epiteliais: defeitos da função de junção na barreira epitelial (podendo ativar a imunidade inata e adaptativa da mucosa, sensibilizando indivíduos) Microbiota: variação interindividual, influenciada por dieta e doenças (estudos testando transplante de microbiotas benéficas para tratamento de DII) Doença de Crohn: lesões saltatórias, da boca ao ânus; mais envolvimento do íleo; úlceras aftosas; edema e apagamento de pregas; áreas poupadas e acometidas; fissuras Micro: infiltração neutrofília; microabcessos; ulceração; distorção da mucosa; metaplasia e células de Paneth; granulomas não caseosos Irregularidade das criptas; doença transmural Retocolite Ulcerativa: reto sempre, lesão contínua; úlceras difusas e extensas; pseudopólipos; mucosa avermelhada; atrofia da mucosa; Maria Eduarda Zen Biz – 2020.1 Pseudopólipos Micro: semelhante à DC; lesões mais superficiais; muscular própria raramente envolvida; infiltrado neutrófilo; micro abcessos; distorção da mucosa; metaplasia de Paneth Diferenças entre ambas: o Local: DC boca-ânus; RU reto-cólon; o Lesões: DC saltatórias; RU contínuas; o Inflamação: DC transmural; RD mucosa e submucosa o DC: pode causar úlceras profundas; fístulas; constrições; parede espessada; fibrose; serosite o RU: úlceras superficiais; parede delgada; fibrose é rara; sem serosites Aspectos histológicos: Clínica: Crises diarreicas (intermitentes), presença de sangue nas fezes, dor abdominal, crises exacerbadas por fatores externos (stress, alimentos), anemia Diagnóstico: combinar clínica + colonoscopia + histologia; DII = termo genérico Ambas podem mostrar risco elevado para neoplasia colônica (quanto maior o tempo de doença e a extensão do acometimento, maior o risco) Tratamentos desde imunossupressores, imunomoduladores até cirurgia (retocolite geralmente “curada” com colectomia total, na DC pode-se operar apenas as complicações)
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