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TRABALHO DE FONÉTICA E FONOLOGIA (1)


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ANÁLISE DE DESVIOS 
ORTOGRÁFICOS EM 
REDAÇÃO
Discentes: Stefany Silva do Nascimento
Docente: Sílvia Letícia Matievicz Pereira
Letras – 1º Ano
INTRODUÇÃO
Objetivos: No primeiro momento, buscamos
apontar a significância da fonética e da fonologia
em uma das fases mais importantes – se não a
mais relevante – na tragetória percorrida por
educandos: a alfabetização.
O ato de alfabetizar não se restringe apenas em
ensinar ao alfabetizando o código da escrita,
visto que o funcionamento e a estrutura da
língua – logros que pretendem ser alcançados
em tal processo - são dois objetivos
concomitantes.
No atual sistema de ensino há em circulação um
modelo que serve de guia para o ensino e,
consequentemente, para a aprendizagem. Tal
molde está embasado em uma aquisição do
sistema de signo de maneira individual e com
representação fonêmica única. Sendo assim, no
momento em que o alfabetizando escuta uma
palavra e a transcreve graficamente para o
papel, há certa complicação que é resultante do
fato do educando não saber a variação de certo
fonema em um ambiente que, até então, é
desconhecido.
A parte sonora da língua desempenha uma função
de extrema importância no processo de
alfabetização, dado que os alfabetizadores fazem
uso da transição de tais sons para ensinarem seus
alunos a desenvolver a técnica da escrita. Todavia,
um dos fatores que causa maiores desvios e
dificuldades para o indivíduo que está em fase de
ser alfabetizado é o fato das letras, em sua maioria,
não possuírem um único som.
O aspecto escrito da língua é aprendido a partir da
modalidade oral; a alfabetização é um processo
que, muitas vezes, mostra ser necessária uma
homogeneização da língua, embora saibamos que
a língua não é e não pode adquirir tal característica.
A fonética e a fonologia proporcionam a
ocorrência do reconhecimento das variantes do
português falado discernido do português
escrito. As análises fonética e fonológica podem,
também, evidenciar quais os tipos de obstáculos
com quais o aprendiz poderá se deparar ao ser
alfabetizado ao tentar estabelecer as relações
entre fonemas e grafemas.
o No segundo momento, será apresentada uma
redação escrita por um alfabetizando, e a
respectiva análise que foi realizada após as aulas
da disciplina de Fonética e Fonologia, ministradas
pela professora doutoranda Sílvia Letícia
Matievicz Pereira, no curso de Letras da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná –
Unioeste, no campus de Foz do Iguaçu; em que
discutimos a importância da fonética e da
fonologia o processo que envolve alfabetizador e
alfabetizando.
o Sendo tal análise o objetivo central do presente
trabalho, no terceiro momento serão apresentadas
as conclusões finais, em que mostraremos os
resultados obtidos.
No presente trabalho, realizamos a análise de uma
redação escrita por um aluno do segundo ano do
Ensino Fundamental I, estudante da Escola Municipal
Dr. Dirceu Lopes, localizada na cidade de Foz do
Iguaçu/PR, levando em consideração os três tipos de
falhas – falhas de primeira ordem, falhas de segunda
ordem e falhas de terceira ordem.
A redação foi elaborada a pedido da professora da
turma, que desenvolveu tal atividade alguns dias
antes da comemoração do Dia das Crianças, pedindo
aos alunos que descrevessem o que gostariam de
receber de presente na data comemorativa.
OBJETO DE ANÁLISE
Apresentamos abaixo a redação: ¹
1.O presente
2. Eu ia gosta di ganhar un carrinho de corrida azul que 
amda bem rrápido e ganha do carrinho do meu irmão. 
3. No otro dia das criança pidi pro meu pai mi dar un 
elicopitero mais* ele não deu.
4. Minha vó mi deu uma camizeta do Ben 10. Mais eu 
fiquei brabo porque eu 
5. queria mesmo um elicopitero. 
6. Quero esse ano ganha o que eu pedi que é un carrinho 
de corrida azul que corre ben rrápido.
__________________________
¹Apresentamos as linhas enumeradas para uma melhor compreensão e dispomos os desvios de tal 
maneira: Expressões em negrito representam os desvios encontrados; expressões sublinhadas 
representam desvios de concordância; a expressão mais (linha 4) apresenta o símbolo *, pois é uma 
forma de escrita válida; entretanto, há alteração em seu significado.
A análise: Na língua portuguesa escrita, ao se
escrever, principalmente na alfabetização, pode-se
ocorrer deslizes. Esses desvios podem ser
classificados em três ordens:
1a Ordem: Acontece quando há a supressão de
uma letra; inversão de uma determinada letra ou
ainda a troca de uma letra onde ocorra a
mudança do som produzido.
2a Ordem: Dá-se cada vez que se troca uma
letra, porém não há uma mudança total do som,
e sim apresenta marcas da oralidade.
3a Ordem: Sucede sempre que há a troca de
letra por grafemas em que não se altera o som,
a sonoridade permanece a mesma na oralidade.
o Agora que temos as respectivas classificações dos
desvios ortográficos, podemos analisar o texto
acima. Inicialmente vamos observar todos os
desvios de primeira ordem, que totalizam cinco,
com repetição da expessão elicópitero.
• O primeiro deles é a expressão gosta (gostar)
[linha 2], em que há a supressão do grafema r.
• O segundo deles é a palavra di (dei) [linha 2], que
pode ser classificado como um erro de primeira
ordem, pelo fato de haver a supressão de um
fonema, no caso, e.
• O terceiro se encontra no vocábulo elicopitero
(helicóptero) [linhas 3 e 5], que ocorre duas vezes
no texto e é um desvio tanto de primeira quanto de
segunda ordem; pois há a supressão de uma letra
(h), e apresenta-se a marca da oralidade, grafada
na sílaba pi.
• O quarto desvio ocorre no vocábulo brabo
(bravo) [linha 4], que apresenta a troca do
fonema /v/ pelo fonema /b/. Com tal desvio, há
mudança no som pronunciado.
• O quinto lapso ocorre no termo ganha (ganhar)
[linha 6], tal desvio pode ser considerado tanto
de primeira quanto de segunda ordem. De
primeira ordem, pois cujo deslize é também a
supressão de um grafema, nesse caso a letra r;
e de segunda ordem por haver marca de
oralidade.
o Em sequência apresentamos a análise dos
desvios de segunda ordem, os quais
apresentam maioria na redação, e totalizam
quinze, mas com repetições.
• A primeira expressão presente é un (um) [linhas
2, 3 e 6], temos aqui a troca de uma letra, no
caso a m pela n, porém ambas possuem o som
nasalizado e assim há a troca da letra, mas não
ocorre mudança total do som.
• Nas expressões amda (anda) [linha 2], e ben
(bem) também vemos a troca de grafemas
devido a nasalidade de ambos.
• Nas palavras pidi (pedi) [linha 3], mi (me) [linha
3 e 4], mais (mas) [linha 3], o aluno levou para a
escrita a forma como ele pronuncia estes
vocábulos.
Este fenômeno de transcrição de acordo com a
fala também é expresso na grafia da palavra
rrápido (rápido) [linhas 2 e 6], em que o
alfabetizando demonstra que ainda não
compreendeu totalmente o uso devido da letra r;
apresentando em sua escrita confusão com a
troca de [R forte] por [r].
o Por fim, apresentamos os desvios de terceira
ordem, que consistem na troca de uma letra por um
grafema em que o som permanece o mesmo. No
texto analisado constatamos apenas um deslize de
tal natureza.
• O equívoco está presente no termo camizeta
(camiseta) [linha 4], que está grafado com o
fonema /z/ em vez do fonema /s/. Neste caso o
alfabetizando demostra que ainda utiliza a ideia
de monogamia (uma letra para cada som),
grafando a sílaba ze em vez de se por acreditar
que somente a letra z desempenha tal som.
CONCLUSÕES
A partir deste trabalho, concluímos que na importante
fase de alfabetização é fundamental que o professor
possua um papel ímpar para que o alfabetizando seja
bem orientado e conclua tal trajetode aprendizagem
alcançando o sucesso nas totalidades das etapas que
constituem o processo em questão.
É preciso que o profissional da educação possua um
conhecimento amplo dos aspectos – nada simples - que
envolvem a etapa de alfabetização. A fonética e a
fonologia contribuem, de modo significativo, para que o
professor compreenda melhor as dificuldades e barreiras
que os educandos podem enfrentar no processo de
aquisição das noções de alfabetização.
Um alfabetizador, que não possui ao menos
algumas noções básicas de fonética e fonologia,
pode se prender à certeza de que a melhor
maneira de alfabetizar seus alunos é seguir os
passos defendidos pela maioria dos padrões
existentes; dando sequência, assim, ao processo
de apresentar, inicialmente, em sala de aula, as
vogais (a, e, i, o, u), e posteriormente as sílabas –
seguindo também as ordens das consoantes.
Realizando seu trabalho de tal maneira, o
alfabetizador pode, ao invés de esclarecer as
dúvidas que surgem na cabeça de seus alunos,
contribuir para o surgimento de novas confusões.
Conhecimentos básicos de fonética e fonologia
podem, além de abrir a visão do educador para
que o mesmo possa inovar em sala de aula,
apresentando métodos que levem em
consideração as facilidades de aprendizagem dos
alunos, contribuir para que o alfabetizador
compreenda mais rápida e profundamente os
motivos reais dos diversos deslizes que ocorrem
durante a alfabetização; não caindo no senso
comum de nomear tais equívocos como erros
oriundos da falta de inteligência dos educandos.
Sendo assim, podemos afirmar com clareza que é
de real significância o envolvimento do profissional
da educação com as áreas da Fonética e da
Fonologia, pois ambas tendem a acrescentar e
aperfeiçoar os conhecimentos já dominados pelos
alfabetizadores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• LEMLE, Miriam. Guia teórico do alfabetizador. São Paulo:
Ática, 1987.
• MORAES, Artur Gomes de, (org). O aprendizado da
ortografia. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.
• ROJO, Roxane. Letramentos múltiplos, escola e inclusão
social. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.