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3) Roubo qualificado (art. 157, § 3º) Se da violência resulta: I – lesão corporal grave (7 a 18 anos e multa) Esta figura pressupõe que o agente provoque lesão grave durante o roubo e que fique provado que a intenção do agente não era de matar a vítima, pois se existisse essa intenção o crime seria o de tentativa de latrocínio. O roubo qualificado pela lesão grave não consta no rol dos crimes hediondos, pois a Lei 8.072/90 só confere essa qualidade ao latrocínio consumado ou tentado. II – morte (20 a 30 anos e multa) É o latrocínio. O tipo penal só admite a tipificação do latrocínio quando a morte for consequência de alguma violência empregada durante o roubo. Não existe o latrocínio quando a morte é decorrência da grave ameaça utilizada para roubar. (*) Se o agente aponta uma arma para roubar a vítima e ela tem um ataque do coração e morre, o agente responde por roubo em concurso formal com homicídio culposo. Por sua vez, como o texto legal não faz restrição, haverá latrocínio sempre que a morte seja consequência da violência empregada durante o roubo, quer tenha havido dolo, quer tenha havido culpa, em relação ao resultado morte. Quando a morte é uma decorrência culposa da violência, o latrocínio é crime preterdoloso, mas quando é uma decorrência dolosa, o latrocínio não é preterdoloso. Mesmo nesta última hipótese, em que a morte contida no latrocínio é dolosa, o julgamento é feito pelo juízo singular com o argumento de que o latrocínio é um crime contra o patrimônio (Súmula 603 do STF). Para a configuração do latrocínio, exige-se que a violência causadora da morte tenha sido empregada durante o roubo e em razão dele. Entende-se que a violência se deu em razão do roubo e que o crime é o de latrocínio, quando ela é empregada como meio para a subtração ou quando é empregada para o agente garantir a sua impunidade ou a detenção do bem (desde que ocorram durante o roubo). O latrocínio pode, portanto, se originar de um roubo próprio e também de um roubo impróprio. (*) Quando o agente mata alguém para garantir a impunidade por um roubo que ele praticou há alguns dias, ele responde por roubo em concurso material com homicídio qualificado. (*) Também não há latrocínio quando o agente está praticando um roubo e ele percebe que em um bar nas proximidades encontra-se um antigo inimigo e o agente se aproveita da ocasião para matá-lo, embora o inimigo tenha sequer tentado interferir no roubo em andamento. Neste caso, o agente responde por homicídio (contra o inimigo) em concurso material com o roubo. (*) Presentes os requisitos do latrocínio acima estudados, o crime se aperfeiçoa qualquer que seja a vítima fatal. Ex: o próprio dono do bem ou alguém que o acompanhava; um funcionário da empresa roubada; um policial que tentou prender o ladrão em flagrante. (*) Não haverá latrocínio, e sim roubo em concurso material com homicídio, se durante o delito surgir uma discussão entre dois assaltantes e um deles matar o outro, já que neste caso a vítima fatal era uma das autoras do roubo. (*) Caso, entretanto, o comparsa tenha atirado na vítima do roubo e, por erro de pontaria, tenha matado o coautor, ele responde por latrocínio, porque nesses casos de “aberratio ictus”, o art. 73 do CP diz que o agente responde como se tivesse matado quem ele pretendia. EXTORSÃO (art. 158) Este crime consiste em constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar, ou deixar de fazer algo. Ex: obrigar a vítima a lhe entregar dinheiro; a efetuar compras em seu favor; a lhe entregar um cheque preenchido e assinado; a não entrar com uma ação de cobrança; a tolerar o uso de um objeto de sua propriedade sem pagar por isso. A pena é de 4 a 10 anos de reclusão e multa (mesma do roubo). A chamada “chantagem”, em que alguém exige dinheiro para não divulgar prova de relação extraconjugal tem sido interpretada como crime de extorsão. Se o agente empregar fraude e grave ameaça para obter uma única vantagem econômica, o crime praticado é o de extorsão, porque nestes casos a vítima se sente atemorizada. Ex: falso policial que faz uma abordagem e exige dinheiro para não prender alguém; telefonar para a vítima e mentir que está em poder de seu filho e exigir dinheiro para não o matar; o filho que simula o próprio sequestro e, fingindo-se de sequestrador, exige dinheiro para o pai (o filho responde por extorsão porque o art. 183, I, CP exclui qualquer imunidade para o filho quando o crime contra o patrimônio é praticado com violência ou grave ameaça). Quem emprega violência ou grave ameaça para obter vantagem indevida pratica extorsão. Mas, se a vantagem visada é devida, o crime é o de exercício arbitrário das próprias razões (art. 345 do CP). O constrangimento ilegal se diferencia da extorsão unicamente pela intenção do agente, pois na extorsão ele visa a uma vantagem econômica, enquanto no constrangimento ilegal sua intenção é outra qualquer. Roubo e Extorsão. Quando é o próprio agente quem subtrai, o crime é o de roubo. Quando o agente exige que a vítima entregue um bem ou valor, o crime pode ser de roubo ou de extorsão. Será roubo, se ficar claro que o agente poderia, de imediato, subtrair o bem, caso a vítima se recusasse a entregá-lo. Ex: apontar uma arma para alguém e mandar a vítima entregar o relógio. O crime será de extorsão, todavia, se o agente exigir a entrega e ficar claro que, se a vítima se recusar a efetuá-la, o agente não terá condições de imediatamente subtrair o que pretende. Por isso, configura extorsão exigências feitas por telefone ou por carta. É possível também praticar extorsão na presença da vítima, como ocorre no chamado “sequestro-relâmpago”, em que a vítima é obrigada a fornecer a senha de seu cartão bancário para o agente efetuar saque no caixa eletrônico. Entende-se que a colaboração da vítima é imprescindível e, por isso, o crime é de extorsão. Consumação e tentativa. Pela própria redação do art. 158, pode-se concluir que o crime de extorsão se consuma independentemente da efetiva obtenção da vantagem econômica visada. Nesse sentido existe, inclusive, a Súmula 96 do STJ. Também, pelo texto legal, pode-se concluir que a extorsão só se consuma no momento em que a vítima, coagida, faz ou deixa de fazer aquilo que o agente exigiu. Em suma, a consumação ocorre no momento da ação ou omissão da vítima. Se o agente faz a ameaça e a exigência, mas não obtém a ação ou omissão da vítima, o crime se considera tentado. Art. 158, § 1º e § 2º. A pena da extorsão será aumentada de 1/3 até metade, se o crime for praticado com emprego de arma ou mediante concurso de duas ou mais pessoas. Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no art. 157, § 3º. Isto é, tudo que foi estudado quanto ao roubo qualificado pela lesão grave ou morte aplica-se à extorsão. A extorsão qualificada pela morte, bem como sua figura tentada constituem crime hediondo, o que não ocorre com as demais figuras de extorsão. Art. 158, § 3º. Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa. Se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009).
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