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LEI PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO

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Penal
Lei Penal no Tempo e no Espaço
· EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO
· Introdução:
Em decorrência do princípio da legalidade, aplica-se, em regra, a lei penal vigente ao tempo da realização do fato criminoso (tempus regit actum), que deverá ter sido editada antes da prática da conduta que busca incriminar. 
a) Extra-atividade: Trata-se da possibilidade conferida à lei de se movimentar no espaço, subdividindo-se em:
1. Retroatividade: Capacidade que a lei penal de ser aplicada a fatos praticados antes de sua vigência;
2. Ultratividade: Possibilidade de aplicação da lei penal mesmo após sua revogação ou cassação de efeitos. 
· Tempo do crime:
a) Teorias:
	Atividade – ADOTADA PELO CP
	Do resultado / do evento / do efeito
	Mista / ubiquidade
	Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
	Considera-se praticado o crime quando da ocorrência do seu resultado.
	Considera tempo do crime tanto o momento da ação ou da omissão quanto o momento da produção do resultado.
	Local do disparo
	Local do óbito
	Local do disparo ou do óbito.
1. Princípio da coincidência / congruência / simultaneidade: Todos os elementos do crime (fato típico, ilicitude e culpabilidade) devem estar presentes no momento da conduta. 
· Sucessões de leis no tempo:
O art. 5º, inciso XL, da CRFB/88, enuncia, como regra geral, que “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. Assim, é consagrada a irretroatividade da lei penal, salvo quando esta lei beneficiar de algum modo o acusado/condenado. 
No entanto, a regra possui algumas exceções, podendo ser construído o seguinte quadro:
	TEMPO DA
REALIZAÇÃO DO ATO
	LEI POSTERIOR
	FENÔMENO
	FATO ATÍPICO
	Torna o fato típico
	Lei incriminadora – Irretroatividade.
	FATO TÍPICO
	Mantem o fato típico, mas, de qualquer modo, prejudica o acusado
	Novatio legis in pejus – Irretroatividade
	FATO TÍPICO
	Supressão da figura criminosa
	Abilitio criminis[footnoteRef:1] - Retroatividade [1: Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984] 
	FATO TÍPICO
	Mantém o fato típico, mas, de qualquer modo, favorece o acusado
	Novatio legis in mellius[footnoteRef:2] -Retroatividade [2: Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984.] 
	FATO TÍPICO
	Conteúdo típico migra para outro tipo penal
	Princípio da continuidade normativo-típica.
	
1. Crime permanente/continuado: 
· Permanente: A consumação se prolonga no tempo. 
· Continuado: Trata-se de ficção jurídica através da qual, por motivos de política criminal, dois ou mais crimes da mesma espécie, praticados nas mesmas condições de tempo, lugar e maneira de execução, devem ser tratados, para fins de pena, como crime único, majorando-se a pena. 
Súmula 711, STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
2. Abolitio criminis e efeitos da condenação: Os efeitos extrapenais, previstos nos artigos 91 a 92 do CP, não são extintos com o abolitio criminis, apenas os efeitos penais.
Efeitos genéricos e específicos
Art. 91 - São efeitos da condenação:
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé:
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito;
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.
§ 1o Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito do crime quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior.
§ 2o Na hipótese do § 1o, as medidas assecuratórias previstas na legislação processual poderão abranger bens ou valores equivalentes do investigado ou acusado para posterior decretação de perda.
Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por patrimônio do condenado todos os bens: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o benefício direto ou indireto, na data da infração penal ou recebidos posteriormente; e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação irrisória, a partir do início da atividade criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou a procedência lícita do patrimônio. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º A perda prevista neste artigo deverá ser requerida expressamente pelo Ministério Público, por ocasião do oferecimento da denúncia, com indicação da diferença apurada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença apurada e especificar os bens cuja perda for decretada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações criminosas e milícias deverão ser declarados perdidos em favor da União ou do Estado, dependendo da Justiça onde tramita a ação penal, ainda que não ponham em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimento de novos crimes. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 92 - São também efeitos da condenação:
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: 
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; 
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos.
II – a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado; (Redação dada pela Lei nº 13.715, de 2018)
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso.
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença. 
3. Combinações de leis: No caso em que a lei nova é em parte favorável e noutra parte desfavorável ao réu é possível conjugar ambas as leis? A Resposta é depende:
	‘’
	DOUTRINA
	STF
	STJ
	OPINIÃO
	A FAVOR
	Basileu Garcia
Celso Delmanto
Damásio de Jesus
	RE 596.152*
HC 95.435
	HC 111.306
	Se todo Juiz pode aplicar o “todo” de uma ou de outra lei para favorecer o réu, não vemos por que não possa escolher parte de uma e de outra para o mesmo fim aplicando o preceito constitucional?
	CONTRA
	Nelson Hungria
Heleno Cláudio Fragoso
Aníbal Bruno
	HC 94.687
HC 103.833
	Rcl 3.546/SP
HC 220.589/SP
HC 179.915
Súmula 501**
	Em nenhum caso será possível tomar de uma e outra lei as disposições que mais beneficiem o réu, aplicando ambas parcialmente, sob pena de o Juiz se investir na condição de legislador, criando uma terceira lei.
	* Julgado pelo Pleno do STF, o RE resultou em empate, beneficiandoo réu para possibilitar a combinação de leis penais. Não se trata, portanto, de entendimento consolidado no STF.
	**Súmula 501, STJ: É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis.
· Lei Temporária e Lei Excepcional: 
Conforme determina o CP:
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
Essas leis, possuem ultratividade gravosa, não sendo sujeitas aos efeitos da abolitio criminis, salvo se houver expressa previsão legal. 
· Retroatividade no caso de norma penal em branco:
Existem 4 correntes. O STF, no HC 73168 e 68904, adotou o entendimento de que, tratando-se de norma penal em branco homogênea (complementada por lei) sempre ocorrerá efeitos retroativos, uma vez que a norma complementar, por ser lei, também é submetida a rigoroso processo legislativo. 
Tratando-se de norma complementar não sujeito a excepcionalidade, como é o caso das portarias sanitárias, caso seja revogada ou modificada, poderá conduzir à descriminalização, retroagindo. 
Todavia, no caso de normas de caráter excepcional, como é o caso de portarias de ordem econômica, se revogada ou modificada, não importa em descriminalização.
· Aplicação de lei intermediária mais favorável:
O STF entende que se a lei intermediária, ou seja, a que teve vigência entre a data do fato e a data da sentença deverá ser aplicada, sob pena de retroatividade da lei mais gravosa, conforme entendimento do RE418876, Rel. Min. Sepúlveda Pertence:
“(…) II. Lei penal no tempo: incidência da norma intermediária mais favorável. Dada a garantia constitucional de retroatividade da lei penal mais benéfica ao réu, é consensual na doutrina que prevalece a norma mais favorável, que tenha tido vigência entre a data do fato e a da sentença: o contrário implicaria retroação da lei nova, mais severa, de modo a afastar a incidência da lei intermediária, cuja prevalência, sobre a do tempo do fato, o princípio da retroatividade in melius já determinara (…).
· EFICÁCIA DA LEI PENAL NO ESPAÇO:
· Princípios aplicáveis:
Eventualmente, um fato punível pode atingir os interesses de dois ou mais Estados igualmente soberanos, gerando, um conflito internacional de jurisdição. Nesses casos, 06 princípios podem ser aplicáveis:
a) Territorialidade: Aplica-se a lei penal do local do crime, não importando a nacionalidade do agente, da vítima, ou do bem jurídico. É a adotada, ainda que de forma temperada pelo CP:
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
Assim, aplica-se o princípio da territorialidade, com exceções. 
Assim, permite-se a ocorrência de Intraterritorialidade, ou seja, a aplicação da lei penal estrangeira a fato praticado em território brasileiro, como ocorre, por exemplo, na imunidade diplomática. 
O fenômeno não se confunde com a extraterritorialidade, que versa sobre hipóteses em que a lei brasileira é aplicável a condutas praticadas no estrangeiro, conforme artigo 7º, do CP. 
Sistematizando, temos:
	‘’
	TERRITORIALIDADE
	EXTRATERRITORIALIDADE
	INTRATERRITORIALIDADE
	LOCAL DO CRIME
	Brasil
	Estrangeiro
	Brasil
	LEI A SER APLICADA
	Brasileira
	Brasileira
	Estrangeira*
	Diferente do que ocorre no Cível, O JUÍZO CRIMINAL BRASILEIRO JAMAIS PODERÁ APLICAR A LEI PENAL ESTRANGEIRA. 
No caso de intraterritorialidade, o fato criminoso, embora seja praticado no Brasil, será punido pela lei estrangeira aplicada pelo Judiciário daquele país.
1. Território Brasileiro: Engloba o espaço físico (geográfico) e o jurídico (espaço físico por ficção, por equiparação, por extensão ou território flutuante). Temos:
· Território físico: Espaço terrestre, marítimo ou aéreo sujeito à soberania do Estado, tais como solo, rios, lagos …., faixa do mar exterior ao longo da costa, espaço aéreo correspondente e Zona Econômica Exclusiva, definidos pela Lei 8.617/83 como:
	Art. 1º O mar territorial brasileiro compreende uma faixa de doze milhas marítima de largura, medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular, tal como indicada nas cartas náuticas de grande escala, reconhecidas oficialmente no Brasil.
	Art. 6º A zona econômica exclusiva brasileira compreende uma faixa que se estende das doze às duzentas milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial.
2. Aeronaves e embarcações: Nos termos do art. 5º, do CP:
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
Assim, temos que:
	Embarcações e aeronaves
	Será aplicada a lei brasileira:
	Públicas ou a serviço do Governo Brasileiro
	Em território nacional ou estrangeiro, em mar ou espaço aéreo correspondente. 
	Mercantes ou particulares brasileiras
	Se estiverem em território nacional, mar ou no espaço aéreo correspondente.
	Estrangeiras
	Apenas quando privadas em território brasileiro. 
	CUIDADO!!!
Os navios de passagem inocente não incidem na lei brasileira.
Art. 3º, da Lei 8.617/93: É reconhecido aos navios de todas as nacionalidades o direito de passagem inocente no mar territorial brasileiro.
§ 1º A passagem será considerada inocente desde que não seja prejudicial à paz, à boa ordem ou à segurança do Brasil, devendo ser contínua e rápida.
§ 2º A passagem inocente poderá compreender o parar e o fundear, mas apenas na medida em que tais procedimentos constituam incidentes comuns de navegação ou sejam impostos por motivos de força ou por dificuldade grave, ou tenham por fim prestar auxílio a pessoas a navios ou aeronaves em perigo ou em dificuldade grave.
§ 3º Os navios estrangeiros no mar territorial brasileiro estarão sujeitos aos regulamentos estabelecidos pelo Governo brasileiro.
3. Embaixada: O CP não dispôs de forma expressa. Assim, embora a embaixada seja inviolável, não é considerada território estrangeiro, logo, aos crimes lá praticados, será aplicada a lei brasileira, salvo incidência de convenção, tratado ou regra de direito internacional.
b) Nacionalidade ou personalidade ativa: Aplica-se a lei do país a que pertence o agente, pouco importando o local do crime, a nacionalidade da vítima ou do bem jurídico violado.
c) Nacionalidade ou personalidade passiva: Aplica-se a lei penal da nacionalidade do ofendido. Nesse caso, exige-se que o agente ofenda bem jurídico de seu próprio Estado ou de um concidadão não importando o local do delito.
d) Defesa ou real: Aplica-se a lei penal da nacionalidade do bem jurídico lesado/colocado em perigo, não importando o local da infração ou a nacionalidade do sujeito ativo.
e) Justiça penal universal ou da justiça cosmopolita: O agente fica sujeito à lei do país onde for encontrado, independentemente de sua nacionalidade, do bem jurídico lesado ou do local do crime. Geralmente está presente nos tratados internacionais de cooperação de repressão a determinados delitos de alcance transinternacionais.
f) Representação, do pavilhão, da substituição ou da bandeira: A lei penal nacional aplica-se aos crimes cometidos em aeronaves e embarcações privadas, quando praticados no estrangeiro e aí não sejam julgados.
· Lugardo crime: 
Art. 6º, do Código Penal: Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
Adotou-se a teoria da ubiquidade, híbrida ou mista.
	Outras teorias que não foram adotadas
	Atividade
	Resultado, do efeito ou do evento
	Considera praticado o crime no local em que o agente desenvolveu a atividade criminosa.
	Considera lugar o crime o da ocorrência do resultado.
Aqui, cabe, ainda, trazer algumas distinções:
	Crimes à distância (ou de espaço máximo)
	Crimes em trânsito
	Crimes plurilocais
	O crime percorre territórios de dois Estados soberanos.
	O crime percorre territórios de mais de dois países soberanos
	O crime percorre dois ou mais territórios de um Estado soberano.
	Conflito internacional de jurisdição
	Conflito internacional de jurisdição
	Conflito interno de competência.
	Aplica o art. 6º do CP.
	Aplica o art. 6º, do CP.
	Aplica o art. 70 do CPP:
	Art. 70, CPP: A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
§ 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução.
§ 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado.
	§ 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
· Extraterritorialidade: 
Em casos excepcionais, o CP determina que nossa lei poderá extrapolar os limites do território, alcançando crimes cometidos exclusivamente no estrangeiro. 
NÃO É APLICÁVEL ÀS CONTRAVENÇÕES PENAIS.
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
· Pena cumprida no estrangeiro: 
Da aplicação da extraterritorialidade surge a hipótese de o agente ser condenado tanto do estrangeiro como no Brasil, podendo cumprir a pena no estrangeiro total ou parcialmente. Assim, aplica-se o art. 8º do CP:
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
 
O Dispositivo relativiza o princípio do non bis in idem.
Leva-se em conta a espécie de pena aplicada no estrangeiro. Exemplo: Se a condenação for a pena de privativa de liberdade, no estrangeiro e no Brasil, quando do cumprimento de pena no Brasil, a pena cumprida no exterior será subtraída. 
Se a condenação for a pena distinta, servirá apenas para diminuir o quantum da condenação.
· Sentença estrangeira:
Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas conseqüências, pode ser homologada no Brasil para: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis;
II - sujeitá-lo a medida de segurança.
Parágrafo único - A homologação[footnoteRef:3] depende: [3: A homologação de sentença estrangeira pelo STJ segue o art. 788 do CPP. ] 
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.
Requer, ainda, nos termos da Súmula 520, do STF, a prova do trânsito em julgado no país de origem. 
· Prazo:
a) Processual Penal:
Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado.
§ 1o Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento.
§ 2o A terminação dos prazos será certificada nos autos pelo escrivão; será, porém, considerado findo o prazo, ainda que omitida aquela formalidade, se feita a prova do dia em que começou a correr.
§ 3o O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á prorrogado até o dia útil imediato.
§ 4o Não correrão os prazos, se houver impedimento do juiz, força maior, ou obstáculo judicial oposto pela parte contrária.
Súmula 310, STF: Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir.
b) Penal (prazo material): Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.
Além disso, os prazos penais são improrrogáveis.
1. Desprezo de frações: Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.

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