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Eficácia da Lei Penal no Tempo

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EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO
A lei penal, como todas, nasce, vive e morre. 
Ela nos apresenta quatro momentos em expressões jurídicas: 
1) sanção, que lhe dá integração formal e substancial; 
2) promulgação, que lhe confere existência e proclama a sua executoriedade; 
3) publicação, de que deriva a sua obrigatoriedade (ou eficácia), entrando em vigência; e 
4) revogação, que a extingue, total ou parcialmente.
Sanção, na técnica jurídica, é o ato pelo qual, no regime constitucional, o Chefe do Governo, o Presidente da República, aprova e confirma uma lei. Com ela, a lei está completa. Não obstante, para se tornar obrigatória, faltam-lhe a promulgação e a publicação. 
 Promulgação é o ato pelo qual se atesta a existência da lei e se determina a todos que a observem. Tem a finalidade de conferir-lhe o caráter de autenticidade. Dela deriva o cunho de executoriedade, i. e., ordem do poder governamental de que deve ser aplicada. 
Publicação é o ato pelo qual se torna conhecida de todos, impondo a sua obrigatoriedade.
No Brasil, “salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o País quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada”, conforme preceitua o art. 1.º da LINDB. Na maioria das vezes, porém, a lei penal entra em vigor na data de sua publicação.
Se, entre a publicação e a entrada em vigor, ocorrer alteração da lei, o prazo do texto alterado começará a correr da nova publicação.
Ao lapso entre a publicação e a efetiva vigência da lei dá-se o nome de vacatio legis. 
Revogação é expressão genérica que traduz a ideia de cessação da existência de regra obrigatória, em virtude de manifestação, nesse sentido, do poder competente. 
A revogação compreende: a derrogação e a ab-rogação, que expressam, respectivamente, a revogação parcial e a integral da lei.
A revogação pode ser: 
a) expressa; 
b) tácita. 
Ocorre a primeira quando a lei, expressamente, determina a cessação da vigência da norma anterior. 
A revogação é tácita (implícita ou indireta) quando o novo texto, embora de forma não expressa, é incompatível com o anterior ou regula inteiramente a matéria precedente.
A lei, entretanto, pode trazer em seu texto o término de sua vigência. É a lei de “vigência temporária”. 
Essas leis são denominadas: 
a) temporárias; e 
b) excepcionais. 
Leis temporárias são aquelas que trazem preordenada a data da expiração de sua vigência. (Ex. Lei dos Jogos Olímpicos)
Leis excepcionais são as que, não mencionando expressamente o prazo de vigência, condicionam a sua eficácia à duração das condições que as determinam (guerra, epidemia etc.).
Qual é o tempo do crime?
 
Existem 3 teorias:
 
a) teoria da atividade; 
b) teoria do resultado; 
c) teoria mista ou da ubiquidade.
Pela teoria da atividade, tempo do crime será o da ação ou da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
 
Já a teoria do resultado determina que o tempo do crime será o da ocorrência do resultado.
 
A teoria mista ou da ubiquidade concede igual relevo aos dois momentos apontados pelas teorias anteriores, asseverando que o tempo do crime será o da ação ou da omissão, bem como o do momento do resultado.
 
O Código Penal adotou a teoria da atividade, conforme se verifica no seu art. 4º.
 Exemplo:
Suponhamos que uma pessoa tenha dirigido finalisticamente sua conduta a causar a morte de alguém, atirando em direção à vítima, vindo a atingi-la numa região letal. No momento da conduta, o agente contava com apenas 17 anos e 11 meses de idade, sendo que a morte da vítima ocorrera três meses depois, quando aquele já havia atingido a maioridade penal. No caso em tela, ficará afastada a aplicação da lei penal, uma vez que ao tempo do crime o agente era tido como inimputável.
- NOVATIO LEGIS IN MELLIUS E NOVATIO LEGIS IN PEJUS
Nova Lei em Melhoria (Benefício) para o Réu e Nova Lei em Prejuízo para o Réu
Lei mais benéfica (melhor) = Lex Mitior
Lei mais grave = Lex Gravior
 
Pode a lei nova prejudicar o agente: ampliando o rol das circunstâncias agravantes, criando causas de aumento de pena, aumentando o prazo de prescrição ou mesmo trazendo novas causas interruptivas ou suspensivas etc. 
Poderá beneficiá-lo quando: trouxer causas de diminuição de pena, reduzir os prazos prescricionais, condicionar as ações penais à representação do ofendido etc.
 
A novatio legis in mellius será sempre retroativa, sendo aplicada aos fatos ocorridos anteriormente à sua vigência, ainda que tenham sido decididos por sentença condenatória já transitada em julgado.
- Abolitio Criminis
 
Quando o legislador, atento às mutações sociais, resolve não mais continuar a incriminar determinada conduta, retirando do ordenamento jurídico-penal a infração que a previa, pois passou a entender que o Direito Penal não mais se fazia necessário à proteção de determinado bem, ocorre o fenômeno jurídico conhecido por abolitio criminis
 
Com o Abolitio Criminis é declarada a extinção da punibilidade (art. 107, III, do CP) de todos os fatos ocorridos anteriormente à edição da lei nova (independente da fase em que estiver sendo analisada a possível ocorrência do crime – fase policial, judiciário, Ministério Público ou em fase de execução (prisão)). 
CONCURSO (OU CONFLITO) APARENTE DE NORMAS PENAIS
Fala-se em concurso (conflito) aparente de normas quando, para determinado fato, aparentemente, existem duas ou mais normas que poderão sobre ele incidir
 
O conflito, porque aparente, deverá ser resolvido com a análise dos seguintes princípios: 
  
a) princípio da especialidade; 
Pelo princípio da especialidade, a norma especial afasta a aplicação da norma geral. É a regra expressa pelo brocardo lex specialis derrogat generali
 
Como exemplo podemos fazer uma comparação entre os crimes de homicídio e infanticídio. Fala-se em homicídio quando o agente produz a morte de um homem. No infanticídio, embora também ocorra a morte de uma pessoa, determinadas elementares contidas no tipo do art. 123 do Código Penal fazem com que, se presentes, o fato deixe de se amoldar ao art. 121 do Código Penal para fazê-lo, com perfeição, ao tipo do art. 123, que prevê o infanticídio
b) princípio da subsidiariedade; 
só se pune por determinado crime se não houver outro mais grave que o afaste, ou seja, determinada conduta pode se enquadrar nas características de mais de um crime, nesse caso opta-se por enquadrá-la no do crime mais grave.
na ausência ou impossibilidade de aplicação da norma principal mais grave, aplica-se a norma subsidiária menos grave. É a aplicação do brocardo lex primaria derrogat legi subsidiariae.
 
A subsidiariedade pode ser expressa ou tácita.
Diz-se expressa a subsidiariedade quando a própria lei faz a sua ressalva, deixando transparecer seu caráter subsidiário. 
Ex: nos termos do preceito secundário do art. 132 do Código Penal, somente se aplica a pena prevista para o delito de perigo para a vida ou a saúde de outrem se o fato não constituir crime mais grave.
Fala-se em subsidiariedade tácita ou implícita quando o artigo, embora não se referindo expressamente ao seu caráter subsidiário, somente terá aplicação nas hipóteses de não ocorrência de um delito mais grave, que, neste caso, afastará a aplicação da norma subsidiária.  
Como exemplo, podemos citar o art. 311 do Código de Trânsito Brasileiro, que proíbe a conduta de trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de escolas, hospitais, estações de embarque e desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde houver grande movimentação ou concentração de pessoas, gerando perigo de dano. 
Se o agente, deixando de observar o seu exigido dever de cuidado, imprimindo velocidade excessiva em seu veículo, próximo a um dos lugares acima referidos, vier a atropelar alguém, causando-lhe a morte, não será responsabilizado pelo citado art. 311, mas, sim, pelo art. 302 do mesmo Código, que prevê o delito de homicídio culposo na direção de veículo automotor.
c) princípio da consunção (consunção – ato de consumir – um ato preparatório é consumido/absorvido pelo ato final); 
Podemosfalar em princípio da consunção nas seguintes hipóteses: 
c.1) quando um crime é meio necessário ou normal fase de preparação ou de execução de outro crime; 
 
Nesse caso, não se deve confundir progressão criminosa com crime progressivo. 
Na progressão criminosa, o dolo inicial do agente era dirigido a determinado resultado e, durante os atos de execução, resolve ir além, e produzir um resultado mais grave (ex. o agente entra na casa de alguém para roubar um objeto e resolve estuprar a vítima). 
No crime progressivo, o agente possui, desde o princípio, o mesmo escopo e o persegue até o final, ou seja, pretendendo um resultado determinado de maior lesividade (ex. a morte de alguém), pratica outros fatos de menor intensidade (ex. sucessivas lesões corporais) para atingi-lo
 
Na progressão criminal, o agente poderá ser responsabilizado, em concurso material, pelas duas infrações penais, mas se um crime for consequência do outro (ex. o objetivo era praticar lesões corporais, mas acaba matando a vítima), o crime de homicídio absorve o de lesões corporais, sendo punido apenas pelo homicídio.
No crime progressivo, os crimes que ocorrem antes do resultado final pretendido pelo agente são reconhecidos como crimes de ação de passagem, que terão de ser levados a efeito a fim de possibilitar o crime progressivo. Ou seja, o crime meio é absorvido pelo crime fim, sendo o agente punido apenas pelo crime fim (necessariamente mais grave que o crime meio). 
 
c.2) nos casos de antefato e pós-fato impuníveis
 
Antefato impunível seria a situação antecedente praticada pelo agente a fim de conseguir levar a efeito o crime por ele pretendido inicialmente e que, sem aquele, não seria possível. Para se praticar um estelionato com cheque que o agente encontrou na rua, é preciso que ele cometa um delito de falso, ou seja, é preciso que o agente o preencha e o assine. O preenchimento e a falsa assinatura aposta ao cheque são considerados antefatos impuníveis, necessários para que o agente cometa o delito-fim, isto é, o estelionato.
Os fatos posteriores que significam um aproveitamento e por isso ocorrem regularmente depois do fato anterior são por este consumidos. É o que ocorre nos crimes de intenção, em que aparece especial fim de agir. Se o agente falsifica moeda e depois a introduz em circulação pratica apenas o crime de moeda falsa (art. 289, CP).
d) princípio da alternatividade. – não é um conflito de normas, mas um conflito existente dentro de uma mesma norma
Tal princípio terá aplicação quando estivermos diante de crimes tidos como de ação múltipla ou de conteúdo variado, ou seja, crimes plurinucleares, nos quais o tipo penal prevê mais de uma conduta em seus vários núcleos. Exemplo de tais tipos penais é aquele previsto no art. 33 da Lei nº 11.343/2006
 
Suponhamos que o agente adquira, tenha em depósito e venda drogas, praticando, dessa forma, três dentre as condutas previstas pelo mencionado artigo. No caso em tela, não poderá ser punido como se tivesse cometido o delito, por exemplo, em concurso material, mas, sim, uma única vez, sem que se possa falar em concurso de infrações penais.
EFICÁCIA DA LEI PENAL NO ESPAÇO
Aqui trataremos do conflito de normas entre crimes ocorridos em países diferentes, ou seja, para sabermos quando se aplica a lei brasileira e quando não se aplica (sendo válida apenas lei estrangeira).
- Lugar do Crime
 
a) teoria da atividade; 
b) teoria do resultado; 
c) teoria mista ou da ubiquidade
 
Pela teoria da atividade, lugar do crime seria o da ação ou da omissão, ainda que outro fosse o da ocorrência do resultado.
Já a teoria do resultado despreza o lugar da conduta e defende a tese de que lugar do crime será, tão somente, aquele em que ocorrer o resultado.
A teoria da ubiquidade ou mista adota as duas posições anteriores e aduz que lugar do crime será o da ação ou da omissão, bem como onde se produziu ou deveria se produzir o resultado.
 
Nosso Código Penal adotou a teoria da ubiquidade, conforme se verifica no seu art. 6º.
Basta que uma porção da conduta criminosa tenha ocorrido em nosso território para ser aplicada nossa lei.
- Princípio da Territorialidade
 
O art. 5º, caput, do Código Penal determina a aplicação da lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de Direito Internacional, ao crime cometido no território nacional.
 
Percebe-se que no Brasil não se adotou uma teoria absoluta da territorialidade, mas sim uma teoria conhecida como temperada, haja vista que o Estado, mesmo sendo soberano, em determinadas situações, pode abrir mão da aplicação de sua legislação, em virtude de convenções, tratados e regras de direito internacional
 
o território abrange o solo (e subsolo) sem solução de continuidade e com limites reconhecidos, as águas interiores, o mar territorial, a plataforma continental e o espaço aéreo
O § 1º do art. 5º do Código Penal considerou, para efeitos penais, como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
Esta segunda parte do artigo significa que onde não houver soberania de qualquer país, como é o caso do alto-mar e o espaço aéreo a ele correspondente, se houver uma infração penal a bordo de uma aeronave ou embarcação mercante ou de propriedade privada, de bandeira nacional, será aplicada a legislação brasileira.
 
O § 2º do art. 5º do Código Penal determinou, também, a aplicação da lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se as aeronaves em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente e as embarcações, em porto ou mar territorial do Brasil.
- Extraterritorialidade
 
O princípio da extraterritorialidade preocupa-se com a aplicação da lei brasileira às infrações penais cometidas além de nossas fronteiras, em países estrangeiros.
 
A extraterritorialidade pode ser incondicionada ou condicionada.
 
Incondicionada - é a possibilidade de aplicação da lei penal brasileira a fatos ocorridos no estrangeiro, sem que, para tanto, seja necessário o concurso de qualquer condição.
Art. 7º Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
I – os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República (princípio da defesa, real ou de proteção); 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
* Vale para as alíneas a, b ou c: Princípio da Defesa: Se o interesse nacional foi afetado de algum modo, justifica-se a incidência da legislação pátria. 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil.
Em qualquer das hipóteses do inciso I do art. 7º do Código Penal, o agente será punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. Em caso de condenação, terá aplicação a regra insculpida no art. 8º do Código Penal, que diz que “a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas”, evitando-se, dessa forma, o bis in idem, ou seja, ser o agente punido duas vezes pelo mesmo fato.
# Nos termos do art. 6º do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, entende-se por “genocídio”, qualquer um dos atos que a seguir se enumeram, praticado com intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, enquanto tal: a) homicídio de membros do grupo; b) ofensas graves à integridade física ou mental de membros do grupo; c) sujeição intencional do grupo a condições de vida com vista a provocar a sua destruição física, total ou parcial; d) imposição demedidas destinadas a impedir nascimentos no seio do grupo; e) transferência, à força, de crianças do grupo para outro grupo.
 
Condicionada - encontra-se prevista no inciso II do art. 7º do Código Penal, que diz sujeitar-se à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
II – os crimes: 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir (princípio da universalidade, da justiça universal ou cosmopolita); 
*Princípio da Universalidade: Todo Estado tem o direito de punir qualquer crime, seja qual for a nacionalidade do delinquente e da vítima ou o local de sua prática, desde que o criminoso esteja dentro de seu território. É como se o planeta se constituísse em um só território para efeitos de repressão criminal. Cuida dos crimes denominados internacionais, como tráfico de pessoas, de entorpecentes, difusão de publicações obscenas, e destruição ou danificação de cabos submarinos.
 b) praticados por brasileiro (princípio da personalidade ativa); 
* Princípio da Personalidade Ativa: Não importa se o sujeito passivo é brasileiro ou se o bem jurídico afeta interesse nacional, pois o único critério levado em conta é o da nacionalidade do sujeito ativo
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados (princípio da representação). 
* Princípio da Representação: determina a aplicação da lei do país quando, por deficiência legislativa ou desinteresse de outro que deveria reprimir o crime, este não o faz
As condições para a aplicação da lei brasileira nos casos previstos pelo inciso II do art. 7º do Código Penal (acima), que possuem a natureza jurídica de condições objetivas de punibilidade, são as seguintes, de acordo com o § 2º do mesmo artigo: 
  
Art. 7º Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
[...]; 
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável
 
O § 3º do art. 7º do Código Penal dispõe, ainda, que a lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se reunidas as condições previstas no § 2º do mesmo artigo: 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. (acolhe-se, aqui, o chamado princípio da defesa ou da personalidade passiva)
* Princípio da Defesa: Se o interesse nacional foi afetado de algum modo, justifica-se a incidência da legislação pátria.
* Princípio da Personalidade Passiva: Nesta hipótese, o que interessa é a nacionalidade da vítima. Sendo brasileira, aplica-se a lei de nosso país, mesmo que o crime tenha sido realizado no exterior
 
Alguns conceitos pertinentes:
■ Extradição: consiste na entrega de uma pessoa que cometeu uma infração penal, por parte do Estado em cujo território se encontre, a outro que a solicita. 
Espécies: extradição ativa, quando o Brasil faz o requerimento a outro país, visando a entrega de um nacional, e extradição passiva, quando alguma nação requer ao Brasil que entregue o infrator. 
■ Expulsão: não se deve confundir extradição com expulsão. Esta ocorrerá quando algum estrangeiro ingressar em nosso território irregularmente ou nele praticar atentados à ordem pública (notadamente à segurança nacional, ordem política ou social, ou nocividade aos interesses nacionais).
- Sentença Penal Estrangeira
 
O art. 9º do Código Penal cuida do tema relativo à eficácia da sentença estrangeira, dizendo que esta, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para: 
I – obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; 
II – sujeitá-lo à medida de segurança. 
O parágrafo único do citado art. 9º do Código Penal diz que a homologação depende: 
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; 
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça
 
Compete ao Superior Tribunal de Justiça, nos termos da alínea i, acrescentada ao inciso I do art. 105 da Constituição Federal, pela Emenda nº 45/2004, a homologação das sentenças estrangeiras.
De acordo com as inovações trazidas pela Emenda Constitucional nº 45/2004, compete aos juízes federais processar e julgar as causas relativas aos direitos humanos a que se refere o § 5º do art. 109 da Constituição Federal, que diz: 
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.
EFICÁCIA DA LEI PENAL EM RELAÇÃO A PESSOAS QUE EXERCEM DETERMINADAS FUNÇÕES PÚBLICAS
 
A ordem jurídica brasileira fixa o princípio da obrigatoriedade da lei penal a todos os cidadãos que se encontrem em nosso território. As condutas puníveis nele cometidas sujeitam os seus autores à aplicação do preceito sancionador das normas penais incriminadoras, sem distinção pessoal. Esse princípio se funda na igualdade de todos perante a lei.
 
Tal princípio, porém, não se aplica a determinados casos, em face de funções públicas exercidas por certas pessoas.
 
Esses privilégios funcionais não são concedidos em relação à pessoa, mas à função que ela exerce.
Os representantes diplomáticos não se sujeitam à jurisdição criminal do país onde estão acreditados porque suas condutas permanecem sob a eficácia da lei penal do Estado a que pertencem. (ou seja, um diplomata de outro país, que esteja exercendo sua função no Brasil, se sujeita à jurisdição criminal (leis e competência para julgamento) do seu país de origem) Os funcionários do corpo diplomático também gozam dessa imunidade, acontecendo o mesmo com os componentes da família do representante. Não se estende, porém, aos cônsules, em face de suas funções meramente administrativas.
 
O Presidente da República, depois que a Câmara dos Deputados declarar procedente a acusação pelo voto de dois terços de seus membros, será submetido a julgamento perante o STF, nos crimes comuns, ou perante o Senado Federal, nos de responsabilidade (Const. Federal, art. 86, caput).
O Senado Federal, na apuração e julgamento dos crimes de responsabilidade funciona sob a presidência do Presidente do Supremo Tribunal, e só proferirá sentença condenatória pelo voto de dois terços dos seus membros. (art. 80, parágrafo único da Lei 1.079/1950)
*Crimes de responsabilidade:http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/L1079.htm
Ex. servir-se das autoridades sob sua subordinação imediata para praticar abuso do poder, ou tolerar que essas autoridades o pratiquem sem repressão sua; 
- Imunidade Parlamentar
São causas funcionais de exclusão de pena e, em parte, prerrogativa processual
 
A imunidade parlamentar pode ser: 
1.ª) material; 
2.ª) formal.
 
A imunidade parlamentar material constitui causa funcional de isenção de pena. Por isso, será estudada na extinção da punibilidade. (Direito Penal, no próximo semestre)
A imunidade parlamentar formal constitui prerrogativas processuais. Por esse motivo, será apreciada na ação penal. (Direito Processual Penal, no 7º semestre)
CONTAGEM DE PRAZO
 
Um prazo tem início em certo dia porque nessa data ele tem o seu termo a quo; termina em determinado dia porque aí está situado o seu termo ad quem. Assim, um prazoque começa no dia 1.º de janeiro e termina em 31 de dezembro tem nesses extremos os termos a quo e ad quem.
 
O art. 10 do CP estabelece regras a respeito. 
Determina a primeira que “o dia do começo inclui-se no cômputo do prazo”.
 
Qualquer que seja a fração do primeiro dia, dia do começo, é computada como um dia inteiro. Assim, se o réu começa a cumprir a pena privativa de liberdade às 15h, esse dia é contado por inteiro, não se levando em conta que, realmente, durante ele, ficou encarcerado somente nove horas.
 
Diversa é a forma da contagem dos prazos processuais. Nos termos do art. 798, § 1.º, do CPP, não se inclui no prazo o dia do começo, computando-se o do vencimento. Qual a razão da diferença?
 
No Processo Penal, quanto mais longo o prazo ou demorado o seu início, tanto mais beneficiará o réu. Daí não ser incluído o dia do começo. Assim os prazos para a defesa prévia, alegações finais e interposição de recursos.
  
no que respeita aos prazos determinados do CP em relação a certos efeitos jurídicos do crime, quanto mais curtos, mais favoráveis serão ao agente. Dessa forma, os prazos de cumprimento de pena, de suspensão condicional de sua execução, de livramento condicional, de prescrição, de medidas de segurança, quanto mais curtos, mais favoráveis.
 
Os meses não são contados como sendo o período sucessivo de 30 dias (ex numero), mas sim de acordo com o número característico de cada um (ex numeratione dierum). Em outros termos: para o CP, o mês não tem 30 dias, mas 28, 29, 30 ou 31, conforme o calendário. A mesma regra é aplicada em relação ao ano. Assim, terá 365 dias, ou 366, se bissexto
- FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA 
Determina o art. 11: “Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro”. 
Nos termos da primeira regra, nas penas privativas de liberdade e restritivas de direito devem ser desprezadas as frações de dia, que são as horas. Assim, se o juiz tiver de aumentar de metade a pena de 15 dias, o quantum será de 22 dias, e não de 22 dias e 12 h. Estas, frações de dia, deverão ser desprezadas.
De acordo com o segundo princípio, na pena de multa devem ser desprezadas as frações de real. Fração é parte de um todo. Assim, frações de dia são as horas; frações de real, os centavos. Nestes termos, cumpre, na fixação e liquidação da pena pecuniária, desprezar os centavos. 
Por coerência com o primeiro princípio é necessário estabelecer uma terceira regra: na fixação da pena pecuniária deve ser desprezada a fração do dia-multa. Assim, uma pena de dez dias-multa, acrescida de um terço, perfaz treze dias-multa e não 13,33 dias-multa

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