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Dimensoes psicologicas da ed fsc aula 1

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DIMENSÕES PSICOLÓGICAS 
DA EDUCAÇÃO FÍSICA 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. a Fabiana Maria Alexandre 
Prof.a Taís Glauce Fernandes de Lima Pastre 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, veremos as diferentes dimensões psicológicas e sua relação 
com o esporte e a atividade física, desde o contexto histórico da psicologia na 
educação física escolar até sua atuação no contexto esportivo. 
TEMA 1 – CONTEXTO HISTÓRICO DA PSICOLOGIA NA EDUCAÇÃO FÍSICA 
Como o curso de educação física trabalha com o corpo, a utilização da 
psicologia nesse contexto possibilita ao professor compreender que não se deve 
apenas considerar essa característica (Silva, 2016), devendo a matriz curricular 
levar em consideração o contexto escolar onde se irá trabalhar. Segundo 
Iaochite et al. (2004, p. 154), apenas adequar um curso de acordo com suas 
características não resolve o problema, sendo necessário compreender, 
analisar, criar, empreender e ser. 
O debate em torno da disciplina de psicologia no curso de educação física 
teve início em 1960 nos Estados Unidos e nos anos 1970 no Brasil (Iaochite et 
al., 2004). No entanto, Carvalho (2016) acredita que durante a Era Vargas, nos 
anos 1930, os desdobramentos políticos, econômicos e sociais iniciaram as 
primeiras tentativas da inserção da psicologia no contexto escolar. O foco do 
Estado nesse período era a saúde, higiene e educação, e foi quando surgiram 
as primeiras escolas de educação física no Brasil, permitindo a presença da 
psicologia. Assim, caminhavam lado a lado a medicina, o exército e a educação 
física, construindo novas e duradouras relações, e encontrando “um terreno 
propício para transmitir e construir uma nova prática voltada para a realidade da 
atividade física e esporte” (Carvalho, 2016, p. 77). 
Nesse período, o exército foi importante para o desenvolvimento do 
esporte, pois envolvia a noção de controle e disciplina. Assim, fundada em 1932, 
a Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx), anteriormente chamada de 
Centro Militar de Educação Física (CMEF), localizada na Vila Militar na cidade 
do Rio de Janeiro, tinha como objetivo formar o homem ideal para a nação 
brasileira (Carvalho, 2016). A psicologia recebeu, “a convite” da educação física, 
a possibilidade de tentar intervir na relação entre mente e corpo, sendo os artigos 
científicos muitos eficazes nesse processo de fusão. 
Veja a seguir alguns periódicos brasileiros produzidos entre os anos 1930 
e 1950, nos quais militares, médicos e educadores discorriam sobre o tema: 
 
 
3 
• Educação Physica Revista Technica de Esportes e Athletismo (1932-
1944): primeira revista de educação física do Brasil, publicada 
semestralmente pela Companhia Brasil Editora S/A, Rio de Janeiro. 
• Revista de Educação Física (1932 até hoje): criada pela Escola de 
Educação Física do Exército (EsEFEx) para ajudar na construção da raça 
brasileira. Atualmente divulga atividades desportivas do exército. 
• Revista Brasileira de Educação Física (1944-1952): publicada 
mensalmente pela Empresa “A Noite”, Rio de Janeiro. 
• Revista Arquivos (1945-1972): fruto da Escola Nacional de Educação 
Física e Desportos (ENEFD), criada em 1939 como a primeira escola de 
formação em nível superior ligada a uma universidade, a Universidade do 
Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Possui 
caráter mais acadêmico e técnico em seus artigos. 
Entre 1930 e 1940, os estudos de eugenia e higienismo eram 
relacionados aos estudos da psicologia geral e experimental, baseando-se em 
autores como Willian James (1841-1910), que tratava das emoções; E. L. 
Thorndike (1874-1949); que descrevia a fadiga intelectual; e H. Bergson (1859-
1941), que estudava os sentimentos (Carvalho, 2016, p. 78). 
Entre 1930 e 1960, podemos citar alguns artigos nos quais a psicologia 
passou a ser solicitada: 
• “Psicologia e educação física” (1935), traduzido por Amélia de Oliveira. 
• “A educação física sob o ponto de vista psicológico” (1938), publicado pelo 
1º tenente Airton Salgueiro de Freitas, instrutor de Educação Física e 
Desportos da EsEFEx e técnico da equipe brasileira de pentatlo moderno 
nos Jogos Olímpicos de Londres em 1948. 
• “Psicologia aplicada aos desportistas” (1946), por Inezil Penna Marinho, 
professor de Metodologia da ENEFD. 
• “Investigação psicológica no controle científico das atividades esportivas” 
(1955) e “Condições psicológicas para aplicação do ensino de qualidade 
à higiene, educação física e recreação” (1964), por Carlos Queiroz. 
• “A importância da investigação psicológica no controle científico das 
atividades desportivas” (1953), “Necessidade de orientação na prática de 
atividades desportivas” (1962) e “Contribuição da psicologia à orientação 
desportiva” (1964), por Cecília Torreão Stramandinoli. 
 
 
4 
Em 1935, foi publicado um artigo sem autoria na Revista EsEFEx, com o 
título de “Objetivos psicólogos na educação física”, o qual dizia que não existia 
na época uma relação entre a educação física e a educação intelectual. Assim, 
cabe à educação moderna relacionar os dois conceitos, corpo e espírito, pois a 
prática da educação física, segundo Carvalho (2016), é a única capaz de realizar 
um verdadeiro desenvolvimento físico e psíquico. Ela desenvolve o controle 
emocional, torna as pessoas moralmente equilibradas e é capaz de corrigir 
anormalidades psíquicas (idem, p. 81). 
TEMA 2 – CONTEXTO HISTÓRICO DA PSICOLOGIA NO ESPORTE 
O desenvolvimento do uso da psicologia no esporte, segundo Vieira et al. 
(2010), acompanha a utilização da psicologia geral no Brasil. Ou seja, é uma 
prática emergente, reconhecida e regulamentada pela resolução n. 02/01 
(Carvalho, 2016). 
Para Vieira et al. (2010, p. 393), a Grécia Antiga é considerada o berço da 
psicologia esportiva, sendo que estudiosos como Aristóteles e Platão 
especulavam sobre a função perceptual e motora do movimento por meio dos 
conceitos de corpo e alma. Foi em função dessa associação que a prática 
esportiva, controle do corpo, atividade física, exercício e esporte passaram a ser 
objetos de estudo, e, a partir da Revolução Industrial, as primeiras práticas de 
exercícios começaram a ser observadas (Telles et al., 2016). Mundialmente 
falando, os primeiros estudos relacionados à psicologia e ao exercício físico 
ocorreram no final do século XIX e começo do século XX, como o de Norman 
Triplett em 1898, que verificou que o desempenho de ciclistas tendia a ser melhor 
quando pedalavam com outras pessoas. 
Segundo Oliveira (2018), a psicologia do esporte e do exercício físico foi 
desenvolvida com base em conhecimentos científicos da própria psicologia, das 
ciências dos esportes e de eventos esportivos como os Jogos Olímpicos. Além 
disso, para Telles et al. (2016), a psicologia do esporte compõe uma das sete 
áreas do esporte, sendo as demais: medicina, biomecânica, história, sociologia, 
pedagogia e filosofia do esporte. 
 
 
 
5 
Figura 1 – Relação entre conhecimentos nos domínios da ciência do esporte e 
da psicologia com o campo da psicologia do esporte e do exercício 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Weinberg; Gould, 2017. Créditos: Oneo/Shutterstock; Illustration Forest/Shutterstock. 
 
Tenenbaum et al. (2013) destacam que a psicologia do esporte se 
desenvolveu com base em fatos internacionais que mantêm relação direta em 
sua história: 
• 1879 – fundação do primeiro laboratório de psicologia experimental em 
Leipzig, na Alemanha, por Wilhelm Wundt; 
• 1896 – realização da primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era 
Moderna, organizados por Pierre de Coubertin, que em 1913 também 
organizou o Primeiro Congresso Internacional sobre a Psicologia e a 
Fisiologia do Esporte; 
 Psicopatologia 
Psicologia clínica 
Psicologia para aconselhamento 
Psicologia do desenvolvimento 
Psicologia experimental 
Psicologia dapersonalidade 
Psicologia fisiológica 
Domínios de conhecimentos da psicologia 
 
biomecânica 
fisiologia do exercício 
desenvolvimento motor 
aprendizagem e controle motores 
Medicina do esporte 
Pedagogia do esporte 
Sociologia do esporte 
Domínios de conhecimentos da ciência do esporte 
 
 
 
6 
• 1920 – primeiro laboratório de psicologia do esporte foi criado por Robert 
Werner Schulte em Berlim, Alemanha; 
• 1925 – Coleman Griffith cria em Illinois, Estados Unidos, mais um 
laboratório de psicologia do esporte (Tenenbaum et al, 2013); 
• 1958 – primeiro trabalho de intervenção realizado no Brasil por João 
Carvalhaes, psicólogo do São Paulo Futebol Clube; 
• 1965 – criação da Sociedade Internacional de Psicologia do Esporte 
(ISSP) por iniciativa da Federação Italiana de Medicina Esportiva; 
• 1966 – criação da Sociedade Norte-Americana para a Psicologia do 
Esporte e Psicologia da Atividade Física; 
• 1970 – criação da primeira revista específica dessa especialidade, a 
International Journal of Sport Psychology; 
• 1979 – surge no Brasil a Psicologia do Esporte e a Sociedade Brasileira 
de Psicologia do Esporte, da Atividade Física e da Recreação 
(SOBRAPE); 
• 2006 – surge no Brasil a Associação Brasileira de Psicologia do Esporte 
(ABRAPESP); 
• Presente – no Brasil, os psicólogos passaram a fazer parte das equipes 
olímpicas e paraolímpicas, e, em nível mundial, houve um aumento das 
pesquisas em psicologia do exercício e do esporte, por conta dos 
benefícios que o esporte traz à saúde e à qualidade de vida. 
A psicologia do esporte se consolidou nos anos 1970, sendo reconhecida 
pela American Psychology Association (APA) somente em 1986. E devido ao 
grande destaque dado ao esporte no Brasil, foi em 1990 que ela se destacou, 
trabalhando com atletas de diversas modalidades, e não apenas no momento de 
competições, mas também durante treinamentos, individuais ou em equipe. 
TEMA 3 – PSICOLOGIA E EXERCÍCIO FÍSICO 
A psicologia do esporte é considerada uma subdisciplina que pode ser 
ministrada tanto em cursos de psicologia quanto no curso de ciência do esporte, 
orientando profissionais a como trabalhar com seus atletas quanto ao 
treinamento, competições, como lidar com as perdas e vitórias, e também o 
retorno aos treinamentos e competições após tratamento médico. 
 
 
7 
Veja na Figura 2 a seguir o esporte e o exercício físico em sua perspectiva 
psicológica. 
Figura 2 – Psicologia do esporte e suas inter-relações profissionais 
 
 
 
 
PSICOLOGIA PSICOLOGIA DO ESPORTE CIÊNCIAS DO ESPORTE 
 
 
 
 
 ESPORTE 
 
 
Fonte: Vieira et al. 2010, p. 392. 
Segundo Vieira et al. (2010, p. 395), a psicologia do esporte e do exercício 
é reconhecida em todo o mundo tanto como disciplina educacional quanto como 
campo da área clínica. No entanto, a formação no Brasil é um processo um 
pouco complexo, por ser difícil de encontrar profissionais específicos para a 
formação desses cursos (ibidem). Assim, o campo de atuação dos profissionais 
da psicologia do esporte e do exercício inclui o esporte de rendimento, esporte 
educacional, esporte recreativo e esporte de reabilitação, como mostra a Figura 
3: 
Figura 3 – Áreas de atuação do psicólogo do exercício e do esporte 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Samulski, 2009; adaptado por Alexandre; Pastre, 2020. 
PSICOLOGIA DO 
ESPORTE E DO 
EXERCÍCIO 
 
 
ESPORTE DE 
REABILITAÇÃO 
 
ESPORTE DE 
RENDIMENTO 
ESPORTE 
EDUCACIONAL 
OU ESCOLAR 
 
ESPORTE 
RECREATIVO 
 
 
8 
a) Esporte de rendimento: a psicologia do exercício e do esporte é mais 
atuante no esporte de alto nível ou de alto rendimento. Nessa área, são 
investigados os fenômenos psicológicos determinantes do rendimento, ou 
seja, a psicologia é utilizada como ferramenta para aperfeiçoar o processo 
de recuperação e para otimizar o desempenho do atleta. 
b) Esporte educacional ou escolar: a psicologia analisa os processos de 
ensino e de aprendizagem, bem como os processos de educação e 
socialização. Enfoca a questão socioeducativa do esporte e do exercício. 
c) Esporte recreativo: tem em vista o bem-estar do indivíduo; estuda os 
motivos, atitudes e interesses de grupos recreativos de diferentes faixas 
etárias, atuações profissionais e classes socioeconômicas. 
d) Esporte de reabilitação: engloba o trabalho tanto de atletas lesionados 
quanto de atletas deficientes físicos ou mentais; a psicologia investiga os 
aspectos preventivos e terapêuticos do esporte e do exercício. 
Pode-se citar ainda a atuação dos psicólogos em projetos sociais, com o 
intuito da prática de esporte como meio de educação e socialização de crianças 
e jovens em situação e vulnerabilidade. 
Segundo Weinberg e Gould (2008), o objetivo do psicólogo do esporte é: 
• entender como os fatores psicológicos afetam o desempenho físico de um 
indivíduo; 
• entender como a participação em esportes e exercício afeta o 
desenvolvimento psicológico, saúde e bem-estar de uma pessoa. 
A prática de exercícios físicos e esporte, além de construir corpos 
perfeitos, também é capaz de contribuir para a formação de uma mente forte 
(Kelleor, 1908). Vieira et al. (2010) destacam que o campo do profissional da 
psicologia do esporte é amplo e diversificado, mesmo estando sua denominação 
unida ao da psicologia. 
TEMA 4 – BENEFÍCIOS DA PSICOLOGIA NA EDUCAÇÃO FÍSICA 
A inserção da psicologia no contexto escolar veio para auxiliar os 
profissionais da educação, pois, muitas vezes, é na escola que se inicia o 
treinamento dos futuros atletas. É na educação física escolar que porventura 
aparecerão os grandes talentos, ou quando se dará início a formação esportiva, 
ética e moral das crianças (Zanetti, 2020, p. 38). 
 
 
9 
Assim, o profissional de educação física e o psicólogo do contexto escolar 
vão atuar com as crianças e jovens, abordando temas como vergonha, medo, 
ansiedade, relações humanas, motivação, liderança, competição, cooperação e 
formação de grupos na educação física escolar. 
4.1 Vergonha 
De acordo com Zanetti (2010, p. 38), a “vergonha é desencadeada pela 
realização do indivíduo de algo que ele não domina ou sabe muito pouco e ao 
mesmo tempo este está sendo exposto ou observado por outros”. Ou seja, pode 
ser considerado um sentimento negativo, de fracasso e impotência (Almeida, 
2015, p. 8). 
Esse sentimento pode ser classificado em vergonha-pura, vergonha-
padrão, vergonha-meta, vergonha-ação, vergonha-norma, vergonha-
humilhação, ou vergonha-contágio. Ao ser trabalhado na educação física 
escolar, é importante que o professor, segundo Zanetti (2010, p. 38), “lance mão 
de estratégias que permitam com que os alunos fortaleçam sua autoestima, o 
que contribuirá de maneira eficaz para a superação desta questão”. 
4.2 Medo 
Zanetti (2010) destaca que o medo é um estado que merece destaque e 
que tem tomado a atenção em muitas pesquisas, por ser inerente a todos os 
seres humanos. É um sentimento de tensão, nervosismo ou opressão que 
provoca reações fisiológicas, como alterações na frequência cardíaca e 
respiratória, aumento na pressão sanguínea, sudorese e excessiva ou nenhuma 
salivação, e também pode levar a alterações em nível motor, como contrações 
(idem, p. 38). O medo ainda pode interferir negativamente no rendimento e 
aprendizado dos indivíduos devido à desorganização psíquica que é capaz de 
provocar. 
Machado (2006) divide o medo em seis níveis distintos que podem ocorrer 
na esfera do esporte: medo realístico, medo do desconhecido, ansiedade, medo 
ilógico, medo divertido e medo do fracasso. Este último é uma das situações 
mais terríveis que o atleta pode ter de enfrentar, pois a derrota não pode ser 
evitada a todos os momentos. 
 
 
 
10 
4.3 Ansiedade 
Segundo Barbante (1994, p. 18), “ansiedade é um estado emocional de 
temor, de apreensão, uma sensaçãode desastre iminente, sem nenhuma 
explicação racional”. Esse tema também merece ser tratado no contexto escolar 
e do esporte, no qual pode haver respostas negativas, provocando alguns 
sintomas físicos e psicológicos: 
• físicos: aceleração da pulsação por minuto, aumento da pressão 
sanguínea, aumento da tensão muscular, dificuldades respiratórias, 
sudoreses, enjoos e boca seca; 
• psicológicos: desconfianças, pensamentos negativos, preocupação, 
irritabilidade, dificuldades em estabelecer atenção, aumento de conflitos 
pessoais, diminuição da capacidade de processar a informação, 
alterações de pensamento, diminuição do comportamento de 
autocontrole, cansaço, insônia, dificuldades de relaxar, distração, 
preocupação e irritação. 
4.4 Relações humanas 
Se na escola houver intolerância, ódio, raiva, rancor nas relações 
humanas, ela poderá ser considerada um ambiente hostil e insalubre para alunos 
e professores (Zanetti, 2010, p. 40). Nesse contexto, também pode ser citado o 
bullying na forma de ofensas, apelidos, exclusão, isolamento, humilhação, 
discriminação e assédio. Por outro lado, se as relações envolverem o interesse 
de participar e ajudar, com alegria e cordialidade, o processo de aprendizado 
será mais sadio. 
Outro fator de grande importância é a relação entre professor e aluno ou 
treinador e atleta, para que haja um ótimo rendimento e aprendizado esportivo e 
para a satisfação interpessoal desse aluno/atleta (Zanetti, 2010, p. 41). 
4.5 Motivação 
Segundo Weinberg e Gould (2008), a motivação pode ser entendida como 
a direção e a intensidade dos esforços humanos – a palavra deriva do verbo 
latim movere, que significa movimento. Dessa forma, a motivação é o fato de 
uma pessoa ser influenciada, por estímulos internos ou externos, a fazer ou 
 
 
11 
realizar alguma coisa. Ela compreende cinco diretrizes para a prática profissional 
da educação física: 
Quadro 1 – Modelo interacional de motivação para a prática profissional de 
educação física 
Diretrizes Concepções 
Indivíduo-situação Percebe a motivação como sendo um resultado da combinação 
de fatores pessoais e situacionais. 
Motivos para o 
envolvimento 
Investiga os motivos que levam o indivíduo a realizar uma 
prática esportiva. 
Mudança no ambiente Compreende a importância de se estruturar ambientes de 
ensino e de treinamento que satisfaçam as necessidades de 
todos os participantes. 
Influência dos líderes Aponta o papel fundamental do técnico e/ou professor de 
educação física que por meio de suas atitudes, influenciam a 
motivação dos participantes. 
Mudanças de 
comportamento para alterar 
motivos indesejáveis 
Percebe mudanças nos motivos que levam os participantes a 
desenvolver a atividade, com o objetivo de promover maior 
interação entre eles. 
Fonte: Fundação Vale adaptado de Weinberg; Gould, 2008. 
4.6 Liderança 
Para Zanetti (2010), a “liderança no contexto esportivo e da educação 
física escolar pode ser pautada sobre a afirmativa de que líderes simpáticos e 
experientes tendem a favorecer altas taxas de adesão e motivação dos 
participantes em programas esportivos ou de atividade física”. Os técnicos, 
nesse sentido, devem ser os principais motivadores dos atletas. 
4.7 Competição 
A competição é natural do ser humano, e restringi-la ou negá-la no 
processo de formação esportiva dos atletas iniciantes é um erro gravíssimo, pois 
pode comprometer o desenvolvimento físico, psicológico e social do aluno/atleta. 
Existem algumas controvérsias com relação à competição entre crianças, mas a 
competição precoce permite que elas superem suas próprias dificuldades e 
obstáculos, mostrando suas potencialidades e se preparando para os desafios 
da vida adulta (Zanetti, 2010). 
 
 
12 
4.8 Cooperação 
A utilização de jogos cooperativos tende a despertar a consciência de 
cooperação, sendo uma alternativa saudável nas relações sociais, 
principalmente por unir pessoas, compartilhar e despertar a coragem em correr 
riscos com pouca preocupação com o fracasso. 
4.9 Formação de grupos na educação física escolar 
Mesmo que uma equipe seja um grupo, um grupo não necessariamente 
compõe uma equipe, ainda que compartilhe os mesmos objetivos, devendo 
depender e apoiar uns aos outros, interagindo entre si e incorporando elementos 
de interdependência. Para Zanetti (2010), para que um grupo se torne uma 
equipe são necessárias características estruturais nas quais se destacam os 
papéis sociais e as normas do grupo. 
Assim, a atuação do profissional da educação física ou do psicólogo na 
escola tem como objetivo preparar seus praticantes para a cidadania e para o 
lazer, buscando compreender e analisar os processos de ensino, educação e 
socialização inerente ao esporte e seu reflexo no processo de formação e 
desenvolvimento da criança, jovem ou adulto praticante” (Souza; Souza; 
Ferreira, 2011, p. 3). 
TEMA 5 – BENEFÍCIOS DA PSICOLOGIA NO ESPORTE E EXERCÍCIO FÍSICO 
A psicologia do esporte e do exercício físico, como campo da ciência, vem 
crescendo e ampliando suas áreas de atuação nos últimos anos, pois “muitos 
são os apelos para que a prática de atividade física se torne uma necessidade” 
(Telles et al., 2016). Mesmo apresentando cem anos de estudo, a área ainda 
vem ganhando espaço, porque se preocupa com as pessoas envolvidas com a 
prática de exercícios físicos, ou seja, com o movimento humano (Oliveira, 2018). 
Ela pode ser encontrada em diferentes contextos, tais como escolas, hospitais, 
academias, centros de treinamento das mais diversas modalidades esportivas, 
entre atletas iniciantes, amadores e atletas de ponta, profissionais e aqueles que 
buscam o alto rendimento (Pinho, 2016, p. 4). 
Segundo Pesca e Cruz (2011, p. 11) 
 
 
 
13 
A psicologia do esporte é o estudo científico das pessoas e seus 
comportamentos no contexto esportivo e de exercício, bem como as 
aplicações práticas derivadas dos conhecimentos gerados por esses 
estudos. Nesse sentido, a psicologia do esporte é, ao mesmo tempo, 
uma ciência aplicada e um campo de intervenção dos psicólogos, cujas 
competências podem auxiliar na compreensão dos processos 
psicológicos instalados ou geridos no âmbito da atividade esportiva em 
geral. Cabe ao psicólogo especialista nesta área desenvolver e operar 
conhecimentos e métodos, visando compreender em que medida a 
participação em esportes afeta o desenvolvimento psicológico, a saúde 
e o bem-estar dos atletas. 
Segundo Souza et al. (2018, p. 175), “os psicólogos esportivos têm 
buscado identificar princípios e diretrizes que possam ser usados para auxiliar 
os atletas a participarem e obterem benefícios em suas práticas esportivas, pois 
muitos possuem técnica, força e preparo físico, mas nem sempre a maturidade 
psíquica”, necessitando de um grande preparo psicológico para suportar a 
pressão de uma competição. As funções dos psicólogos do esporte são bastante 
rigorosas e abundantes, baseando-se em fundamentos éticos indispensáveis na 
sua função (Paiva; Carlesso, 2018, p. 3). 
Assim, pode-se definir a função do psicólogo do esporte como a de 
entender e ajudar atletas de elite, crianças, indivíduos física e mentalmente 
incapacitados, idosos e praticantes a alcançar o máximo de participação e 
desempenho, satisfação pessoal e desenvolvimento mediante as atividades. 
Podemos citar então as seguintes áreas em que o psicólogo poderá atuar: 
• manutenção da atenção; 
• memória; 
• foco e concentração; 
• motivação e automotivação; 
• diminuir a tensão e aliviar a ansiedade esportiva; 
• estabelecer ou melhorar a autoconfiança; 
• autocontrole e autoconhecimento; 
• alcance de metas esportivas (curto, médio e longo prazo); 
• contribuir para a prevenção de lesões, burnout e overtraining. 
Sendo assim, é importante diferenciar um psicólogo do esporte do 
psicólogo clínico, pois ele trabalha para ensinar os atletas ou futuros atletas a 
explorar o máximo de suas habilidades esportivas,aprendendo a enfrentar as 
diversas emoções e sentimentos que ocorrem durante treinos e competições, 
 
 
14 
emoções estas que podem ajudar ou atrapalhar seu rendimento (Vittude, 2018, 
p. 1). 
Segundo Falcão (2012), o treinamento psicológico acontece em três fases 
distintas: 
Quadro 3 – Fases do treinamento psicológico 
Educação Quando atletas reconhecem a importância do treinamento psicológico e sua 
influência no desempenho esportivo 
Aquisição Quando atletas adquirem as habilidades mentais e aprendem a utilizá-las 
Treino Quando atletas são capazes de automatizar as habilidades mentais e implementá-
las em treinos e competições 
Fonte: Eu Atleta, 2019. 
O psicólogo Willian Falcão (2012) aponta que qualquer atleta pode se 
beneficiar do treinamento psicológico. Como iniciantes, os atletas aprendem a 
se manter motivados e se concentrar durante a realização de um movimento 
técnico, ajudando a evoluir em sua modalidade. Já o atleta de alto nível poderá 
aperfeiçoar sua técnica e a suportar o estresse associado às expectativas do alto 
rendimento. Falcão (2012, p. 1) ainda descreve algumas técnicas que podem ser 
aplicadas durante o treinamento psicológico: controle da ansiedade, 
estabelecimento de metas e metalização, as quais, treinadas da maneira correta, 
contribuem para o sucesso esportivo do atleta, tornando-o um atleta com “força 
mental”. 
No entanto, para Telles (2016), independentemente do motivo pelo qual o 
indivíduo venha a realizar um exercício físico ou esporte, é importante que todos 
compreendam que a prática se faz necessária para melhorar a saúde física e 
mental. Em uma pesquisa realizada por Liz e Andrade (2014), sobre os 
benefícios psicológicos da musculação entres praticantes e ex-praticantes, foi 
observado que a prática de fato proporciona benefícios psicológicos, como a 
melhora no bem-estar, na autoestima e com relação à imagem corporal. 
NA PRÁTICA 
A psicologia é uma área importante no contexto esportivo, pois influencia 
o desenvolvimento físico e mental de quem pratica. Assim, é importante que o 
profissional dessas duas áreas, psicologia e esporte, consiga encontrar técnicas 
 
 
15 
ou propor atividades para que os alunos e atletas consigam tirar proveito de seus 
benefícios da melhor maneira possível. 
Ao elaborar uma atividade, o professor deve estar ciente de que a 
atividade proposta deve propiciar ou estimular o autocontrole e a autoestima. O 
aluno deve compreender que nem sempre a vitória e o corpo perfeito são o que 
mais importa em uma atividade competitiva ou como estilo de vida. Assim sendo, 
ao propor a atividade, o professor deverá levar em consideração o tipo de 
atividade a ser trabalhada, para que o contexto não seja mal interpretado e o que 
era pretendido seja descontextualizado. 
FINALIZANDO 
Podemos concluir que a psicologia do esporte é de fundamental 
importância para a prática esportiva, seja ela uma atividade física, exercício físico 
ou esporte. Ao se exercitar, a pessoa esquece dos problemas relacionados ao 
trabalho, família ou até mesmo saúde, e muitas vezes encontra uma solução 
para contornar esses problemas. Além disso, o exercício eleva a autoestima e o 
bem-estar, controla o mau humor, e pode também controlar algumas 
enfermidades, como diabetes, hipertensão, obesidade e depressão. 
O campo de atuação do profissional psicólogo em conjunto com o 
profissional de educação física é bastante vasto, podendo acompanhar desde 
atletas profissionais a um praticante de atividade física que busca a melhora da 
saúde física e mental. 
Mesmo sendo recente, a prática da psicologia do esporte tanto no 
contexto escolar como no meio esportivo auxilia o aluno e o atleta a encontrar 
confiança na permanência nas atividades assim como iniciar e permanecer em 
um novo projeto esportivo. 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
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