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1 TECNOLOGIA ASSISTIVA 2 FACULESTE A história do Instituto Faculeste, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Faculeste, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A Faculeste tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Sumário FACULESTE ............................................................................................................. 2 Introdução ................................................................................................................ 5 Tecnologia Assistiva (TA) ....................................................................................... 7 Surgimento, conceitos e objetivos.......................................................................................... 7 Classificação dos recursos de TA ............................................................................................ 8 ISO 9999 .............................................................................................................................. 9 Classificação HEART ........................................................................................................... 10 Classificação Nacional de Tecnologia Assistiva, do Instituto Nacional de Pesquisas em Deficiências e Reabilitação, dos Programas da Secretaria de Educação Especial - Departamento de Educação dos Estados Unidos, 2000. .................................................. 12 Categorias de Tecnologia Assistiva ..................................................................... 13 Auxílios para a vida diária e vida prática .............................................................................. 13 CAA - Comunicação Aumentativa e Alternativa ................................................................... 14 Recursos de acessibilidade ao computador.......................................................................... 15 Sistemas de controle de ambiente ....................................................................................... 16 Projetos arquitetônicos para acessibilidade ......................................................................... 17 Órteses e próteses ................................................................................................................ 18 Adequação Postural .............................................................................................................. 18 Auxílios de mobilidade .......................................................................................................... 19 Auxílios para ampliação da função visual e recursos que traduzem conteúdos visuais em áudio ou informação tátil. .................................................................................................... 20 Auxílios para melhorar a função auditiva e recursos utilizados para traduzir os conteúdos de áudio em imagens, texto e língua de sinais. .................................................................... 21 Mobilidade em veículos ........................................................................................................ 22 4 Esporte e Lazer ...................................................................................................................... 22 A inserção da TA no ambiente educacional......................................................... 23 Salas de Recursos Multifuncionais ...................................................................... 24 Desenho universal x Acessibilidade x Tecnologia Assistiva ............................. 26 Referências............................................................................................................. 30 5 Introdução Depois de todo um arcabouço teórico, recheado de conceitos, legislações e reflexões acerca das Pessoas com Deficiência (PcD), do desenvolvimento cognitivo, das contribuições das Neurociências para o processo de inclusão, podemos falar das ajudas técnicas que são muitas e podem ser utilizadas nas mais variadas deficiências. Aliás, para ser mais exatos, vamos falar da Tecnologia Assistiva. Porém, precisamos de imediato, distinguir Acessibilidade, Tecnologia Assistiva e Ajudas Técnicas. Figura 1 - Tecnologias Assistivas Quando falamos de acessibilidade, muitos acreditam tratarmos somente dos recursos “típicos” para pessoas com deficiência. Contudo, a acessibilidade universal é diferente da acessibilidade especializada. A acessibilidade universal se caracteriza por soluções ergonômicas (simples, mecanizadas ou informatizadas) para se criar ambientes que sirvam de base para o benefício de todas as pessoas. Já a acessibilidade especializada é voltada para pessoas com deficiência e advém de soluções incomuns no uso do ambiente, pensadas para atender características peculiares. 6 A acessibilidade especializada transforma ambientes de modo personalizado e diferenciado e assegura, assim, respostas mais eficazes para problemas individuais. Já uma tecnologia assistiva se reporta a instrumentos, meios ou equipamentos criados especificamente para compensar os efeitos de uma deficiência e ampliar, manter ou melhorar a capacidade funcional na interface com o ambiente. Como tecnologia assistiva, equipamentos de mobilidade como muletas, bengalas, cadeira de rodas e seus acessórios eletrônicos passam a ser esse elo dessa relação. Uma cadeira de rodas motorizada pode permitir a um tetraplégico a passagem por uma porta ampla ou a utilização de uma rampa suave com conforto e segurança. Acessórios eletrônicos podem ser acoplados à cadeira motorizada para que a pessoa amplie seu poder de controle à distância. Por fim, no Decreto n. 5296 de 2004, mais especificamente no Capítulo VII, Das Ajudas Técnicas, o art. 61 define as mesmas como: os produtos, instrumentos, equipamentos ou tecnologia adaptados ou especialmente projetados para melhorar a funcionalidade da pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida, favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistida. § 1 Os elementos ou equipamentos definidos como ajudas técnicas serão certificados pelos órgãos competentes, ouvidas as entidades representativas das pessoas portadoras de deficiência. § 2 Para os fins deste Decreto, os cães-guia e os cães-guia de acompanhamento são considerados ajudas técnicas (BRASIL, 2004). Estas breves distinções serão entendidas ao longo do caderno. 7 Tecnologia Assistiva (TA) Surgimento, conceitos e objetivos O termo Assistive Technology, traduzido no Brasil como Tecnologia Assistiva, foi criado oficialmente em 1988 como importante elemento jurídico dentro da legislação norte-americana, conhecida como Public Law 100-407, que compõe, com outras leis, o ADA - American with Disabilities Act. Este conjunto de leis regula os direitos dos cidadãos com deficiência nos EUA, além de prover a base legal dos fundos públicos paracompra dos recursos que estes necessitam. Houve a necessidade de regulamentação legal deste tipo de tecnologia, a TA, e, a partir desta definição e do suporte legal, a população norte-americana, de pessoas com deficiência, passa a ter garantido pelo seu governo o benefício de serviços especializados e o acesso a todo o arsenal de recursos que necessitam e que venham favorecer uma vida mais independente, produtiva e incluída no contexto social geral (BERSCH, 2005). No âmbito europeu, o conceito de Tecnologia Assistiva é, com frequência, também traduzido pelas expressões Ajudas Técnicas ou Tecnologia de Apoio. O Consórcio EUSTAT - Empowering Users Through Assistive Technology, por exemplo, na tradução dos seus documentos para o português, utiliza a expressão Tecnologias de Apoio, que, para ele, “engloba todos os produtos e serviços capazes de compensar limitações funcionais, facilitando a independência e aumentando a qualidade de vida das pessoas com deficiência e pessoas idosas” (EUSTAT, 1999 apud GALVÃO FILHO, 2009). Segundo Bersch (2008), a evolução tecnológica caminha na direção de tornar a vida mais fácil. Sem nos apercebermos utilizamos constantemente ferramentas que foram especialmente desenvolvidas para favorecer e simplificar as atividades do cotidiano, como os talheres, canetas, computadores, controle remoto, automóveis, telefones celulares, relógio, enfim, uma interminável lista de recursos, que já estão 8 assimilados à nossa rotina e, num senso geral, “são instrumentos que facilitam nosso desempenho em funções pretendidas”. O Comitê de Ajudas Técnicas (BRASIL, 2009) define Tecnologia Assistiva (TA) como uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social. A aplicação de Tecnologia Assistiva abrange todas as ordens do desempenho humano, desde as tarefas básicas de autocuidado até o desempenho de atividades profissionais. A Tecnologia Assistiva deve ser entendida como um auxílio que promoverá a ampliação de uma habilidade funcional deficitária ou possibilitará a realização da função desejada e que se encontra impedida por circunstância de deficiência ou pelo envelhecimento, diz Bersch (2008). Pode-se dizer então, ainda segundo Bersch (2008), que o objetivo maior da Tecnologia Assistiva é proporcionar à pessoa com deficiência maior independência, qualidade de vida e inclusão social, através da ampliação de sua comunicação, mobilidade, controle de seu ambiente, habilidades de seu aprendizado e trabalho. Classificação dos recursos de TA Os recursos de tecnologia assistiva são organizados ou classificados de acordo com objetivos funcionais a que se destinam. Várias classificações de TA foram desenvolvidas para finalidades distintas. No Manual de Ajudas Técnicas elaborado pela Subsecretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência (BRASIL, 2009) encontramos três importantes referências que apresentam focos diferentes de organização e aplicação. São elas: 9 ISO 9999. Classificação Horizontal European Activities in Rehabilitation Technology – HEART. Classificação Nacional de Tecnologia Assistiva, do Instituto Nacional de Pesquisas em Deficiências e Reabilitação, dos Programas da Secretaria de Educação Especial, Departamento de Educação dos Estados Unidos. ISO 9999 A classificação da ISO 9999 é largamente usada em vários países, em bases de dados e catálogos, sendo focada especificamente em recursos, que são organizados em classes que se desdobram em itens de produtos (ISO 9999:2007, 2008). A ISO - International Organization for Standardization (Associação Internacional de Normalização) é uma federação mundial composta por associações nacionais. O trabalho de preparar as normas internacionais é geralmente executado pelos comitês técnicos da ISO. Cada representante interessado em um assunto para o qual o comitê técnico foi criado tem o direito de estar representado naquele comitê. Organizações internacionais, governamentais e não-governamentais, em colaboração com a ISO, também tomam parte neste trabalho de elaboração de normas. Na 4ª edição da norma ISO 9999:2007, o título anterior - “Ajudas técnicas para pessoas com deficiência - Classificação e terminologia” - mudou para “Produtos Assistivos para pessoas com deficiência - Classificação e terminologia”. Assim, “Ajudas Técnicas” são citadas agora como “Produtos Assistivos”. A classificação apresenta-se em três níveis diferentes: classe, subclasse e detalhamento da classificação, com explicações e referencias. O primeiro nível mais geral de classificação tem onze classes de produtos assistivos, respectivamente, para: 04 - Tratamento médico pessoal 10 05 - Treinamento de habilidades 06 - Órteses e próteses 09 - Proteção e cuidados pessoais 12 - Mobilidade pessoal 15 - Cuidados com o lar 18 - Mobiliário e adaptações para residenciais e outras edificações 22 - Comunicação e informação 24 - Manuseio de objetos e equipamentos 27 - Melhorias ambientais, ferramentas e máquinas 30 – Lazer. Classificação HEART O modelo de classificação Horizontal European Activities in Rehabilitation Technology - HEART surgiu no âmbito do Programa Technology Initiative for Disabled and Elderly People – TIDE, da União Europeia, que propõe um foco em Tecnologia Assistiva, com base nos conhecimentos envolvidos na sua utilização. Esse modelo entende que devem ser consideradas três grandes áreas de formação em Tecnologia Assistiva: componentes técnicos, componentes humanos e componentes socioeconômicos. Nos componentes técnicos, quatro áreas principais de formação são identificadas, com igual importância: a) Comunicação b) Mobilidade c) Manipulação d) orientação 11 O grupo dos componentes humanos inclui tópicos relacionados com o impacto causado pela deficiência no ser humano. As noções adotadas pelas ciências biológicas, pela psicologia e pelas ciências sociais, podem ajudar na compreensão das transformações da pessoa, e como esta se relaciona com o espaço em que vive, como resultado de uma deficiência, e como é que a TA pode facilitar a autonomia dessa pessoa. a) Tópicos sobre a deficiência b) Aceitação da Ajuda Técnica c) Seleção da Ajuda Técnica d) Aconselhamento sobre as Ajudas Técnicas e) Assistência Pessoal O grupo de componentes socioeconômicos indica que a tecnologia afeta as interações dentro do contexto social (pessoas, relacionamentos e impacto no usuário final). Os socioeconômicos também enfatizam as vantagens e desvantagens dos diferentes modelos de prestação de serviços. São eles: a) Noções básicas de Ajudas Técnicas b) Noções básicas do Desenho Universal c) Emprego d) Prestação de Serviços e) Normalização/Qualidade f) Legislação/Economia g) Recursos de Informação Para Galvão Filho (2009), essa classificação, embora menos utilizada que a da Norma Internacional ISO 9999, parece responder melhor a uma concepção de 12 Tecnologia Assistiva que vá além dos produtos e dispositivos que a compõem, e também parece responder melhor aos processos formativos a ela relacionados. Classificação Nacional de Tecnologia Assistiva, do Instituto Nacional de Pesquisas em Deficiências e Reabilitação, dos Programas da Secretaria de Educação Especial - Departamento de Educação dos Estados Unidos, 2000. A Classificação Nacional de Tecnologia Assistiva do Departamento de Educação dos Estados Unidos foi desenvolvida a partir da conceituação de Tecnologia Assistiva que consta na legislação norte-americana e integra recursos e serviços.Além de catalogar 10 itens de componentes de recursos, por áreas de aplicação, esta classificação apresenta um grupo de serviços de Tecnologia Assistiva que promove o apoio à avaliação do usuário, o desenvolvimento e customização de recursos, a integração da TA com ação e objetivos educacionais e de reabilitação e os apoios legais de concessão. Esses 10 itens são: 1) Elementos arquitetônicos 2) Elementos sensoriais 3) Computadores 4) Controles 5) Vida independente 6) Mobilidade 7) Órteses e próteses 8) Recreação, lazer e esportes 9) Móveis adaptados e mobiliários 13 10)Serviços. É bem visível que não existe uma única forma de classificar Tecnologia Assistiva e as várias classificações existentes são aplicadas de acordo com os objetivos de catalogação de recursos, ensino, trocas de informação, organização de serviços de aconselhamento e concessão. O importante é ter claro o conceito de TA e os objetivos para os quais as classificações foram criadas (BRASIL, 2009). Categorias de Tecnologia Assistiva Auxílios para a vida diária e vida prática Materiais e produtos que favorecem desempenho autônomo e independente em tarefas rotineiras ou facilitam o cuidado de pessoas em situação de dependência de auxílio, nas atividades como se alimentar, cozinhar, vestir-se, tomar banho e executar necessidades pessoais. São exemplos os talheres modificados, suportes para utensílios domésticos, roupas desenhadas para facilitar o vestir e despir, abotoadores, velcro, recursos para transferência, barras de apoio, etc. Figura 2 – Vestuário (abotoador, argola para zíper e cadarço mola) Também estão incluídos nesta categoria os equipamentos que promovem a independência das pessoas com deficiência visual na realização de tarefas como: 14 consultar o relógio, usar calculadora, verificar a temperatura do corpo, identificar se as luzes estão acesas ou apagadas, cozinhar, identificar cores e peças do vestuário, verificar pressão arterial, identificar chamadas telefônicas, escrever etc. Figura 3 - Materiais escolares (aranha mola para fixação da caneta, pulseira de imã estabilizadora da mão, plano inclinado CAA - Comunicação Aumentativa e Alternativa Destinada a atender pessoas sem fala ou escrita funcional ou em defasagem entre sua necessidade comunicativa e sua habilidade em falar, escrever e/ou compreender. Recursos como as pranchas de comunicação, construídas com simbologia gráfica (BLISS, PCS e outros), letras ou palavras escritas, são utilizados pelo usuário da CAA para expressar suas questões, desejos, sentimentos, entendimentos. A alta tecnologia dos vocalizadores (pranchas com produção de voz) ou o computador com softwares específicos e pranchas dinâmicas em computadores tipo tablets, garantem grande eficiência à função comunicativa. 15 Figura 4 – Prancha de comunicação impressa Recursos de acessibilidade ao computador Conjunto de hardware e software especialmente idealizado para tornar o computador acessível a pessoas com privações sensoriais (visuais e auditivas), intelectuais e motoras. Inclui dispositivos de entrada (mouses, teclados e acionadores diferenciados) e dispositivos de saída (sons, imagens, informações táteis). São exemplos de dispositivos de entrada os teclados modificados, os teclados virtuais com varredura, mouses especiais e acionadores diversos, software de reconhecimento de voz, dispositivos apontadores que valorizam movimento de cabeça, movimento de olhos, ondas cerebrais (pensamento), órteses e ponteiras para digitação, entre outros. Como dispositivos de saída teremos softwares leitores de tela, software para ajustes de cores e tamanhos das informações (efeito lupa), os softwares leitores de texto impresso (OCR), impressoras braile e linha braile, impressão em relevo, entre outros. 16 Figura 5 - Teclado expandido e programável IntelliKeys, diferentes modelos de mouse Sistemas de controle de ambiente Através de um controle remoto as pessoas com limitações motoras, podem ligar, desligar e ajustar aparelhos eletro-eletrônicos como a luz, o som, televisores, ventiladores, executar a abertura e fechamento de portas e janelas, receber e fazer chamadas telefônicas, acionar sistemas de segurança, entre outros, localizados em seu quarto, sala, escritório, casa e arredores. O controle remoto pode ser acionado de forma direta ou indireta e neste caso, um sistema de varredura é disparado e a seleção do aparelho, bem como a determinação de que seja ativado, se dará por acionadores (localizados em qualquer parte do corpo) que podem ser de pressão, de tração, de sopro, de piscar de olhos, por comando de voz etc. As casas inteligentes podem também se auto ajustar às informações do ambiente como temperatura, luz, hora do dia, presença de ou ausência de objetos e movimentos, entre outros. Estas informações ativam uma programação de funções como apagar ou acender luzes, desligar fogo ou torneira, trancar ou abrir portas. No campo da Tecnologia Assistiva a automação residencial visa a promoção de maior independência no lar e também a proteção, a educação e o cuidado de pessoas idosas, dos que sofrem de demência ou que possuem deficiência intelectual. 17 Figura 6 - Representação esquemática de controle de ambiente a partir do controle remoto. Projetos arquitetônicos para acessibilidade São projetos de edificação e urbanismo que garantem acesso, funcionalidade e mobilidade a todas as pessoas, independentemente de sua condição física e sensorial. Adaptações estruturais e reformas na casa e/ou ambiente de trabalho, através de rampas, elevadores, adequações em banheiros, mobiliário entre outras, que retiram ou reduzem as barreiras físicas. Figura 7 - Projeto de acessibilidade no banheiro, cozinha, elevador e rampa externa 18 Órteses e próteses Próteses são peças artificiais que substituem partes ausentes do corpo. Figura 8 – Prótese e órtese Órteses são colocadas junto a um segmento corpo, garantindo-lhe um melhor posicionamento, estabilização e/ou função. São normalmente confeccionadas sob medida e servem no auxílio de mobilidade, de funções manuais (escrita, digitação, utilização de talheres, manejo de objetos para higiene pessoal), correção postural, entre outros. Adequação Postural Ter uma postura estável e confortável é fundamental para que se consiga um bom desempenho funcional. Fica difícil a realização de qualquer tarefa quando se está inseguro com relação a possíveis quedas ou sentindo desconforto. Um projeto de adequação postural diz respeito à seleção de recursos que garantam posturas alinhadas, estáveis, confortáveis e com boa distribuição do peso corporal. 19 Indivíduos que utilizam ‘cadeiras de rodas’ ou cadeiras motorizadas serão os grandes beneficiados da prescrição de sistemas especiais de assentos e encostos que levem em consideração suas medidas, peso e flexibilidade ou alterações músculo-esqueléticas existentes. Figura 9 - Desenho representativo da adequação postural, módulo postural em cadeira de rodas Recursos que auxiliam e estabilizam a postura deitada e de pé também estão incluídos, portanto, as almofadas no leito ou os estabilizadores ortostáticos, entre outros, fazem parte deste grupo de recursos da TA. Quando utilizados precocemente os recursos de adequação postural auxiliam na prevenção de deformidades corporais. Auxílios de mobilidade A mobilidade pode ser auxiliada por bengalas, muletas, andadores, carrinhos, cadeiras de rodas manuais ou elétricas, scooters e qualquer outro veículo, equipamento ou estratégia utilizada na melhoria da mobilidade pessoal. 20 Figura 10 - Carrinho de transporte infantil, cadeira de rodas de auto-propulsão Auxílios para ampliação da função visual e recursos que traduzemconteúdos visuais em áudio ou informação tátil. São exemplos: Auxílios ópticos, lentes, lupas manuais e lupas eletrônicas; os softwares ampliadores de tela. Material gráfico com texturas e relevos, mapas e gráficos táteis, software OCR em celulares para identificação de texto informativo, etc. Figura 11 - Lupas manuais, lupa eletrônica 21 Figura 12 - leitor autônomo mapa tátil em relevo, representação tátil de uma obra de arte em museu. Auxílios para melhorar a função auditiva e recursos utilizados para traduzir os conteúdos de áudio em imagens, texto e língua de sinais. Auxílios que incluem vários equipamentos (infravermelho, FM), aparelhos para surdez, sistemas com alerta táctil-visual, celular com mensagens escritas e chamadas por vibração, software que favorece a comunicação ao telefone celular transformando em voz o texto digitado no celular e em texto a mensagem falada. Livros, textos e dicionários digitais em língua de sinais. Sistema de legendas (close- caption/subtitles). Avatares LIBRAS Figura 13 - Aparelho auditivo; celular com mensagens escritas e chamadas por vibração, aplicativo que traduz em LIBRAS mensagens de texto, voz e texto fotografado. 22 Mobilidade em veículos Acessórios que possibilitam uma pessoa com deficiência física dirigir um automóvel, facilitadores de embarque e desembarque como elevadores para cadeiras de rodas (utilizados nos carros particulares ou de transporte coletivo), rampas para cadeiras de rodas, serviços de autoescola para pessoas com deficiência. Figura 14 - Adequações no automóvel para dirigir somente com as mãos e elevador para cadeiras de rodas. Esporte e Lazer Recursos que favorecem a prática de esporte e participação em atividades de lazer Figura 15 - Cadeira de rodas/basquete, bola sonora, auxílio para segurar cartas e prótese para escalada no gelo. 23 A inserção da TA no ambiente educacional Quanto à inserção da Tecnologia Assistiva na escola, quer seja os recursos humanos ou materiais, ambos requerem ações programadas e políticas públicas que possam garantir a implementação e acompanhamento das diferentes atividades previstas para atender as diferentes especificidades dos alunos com deficiência. Podem-se conceituar os tipos de equipamentos utilizados em Tecnologia Assistiva da seguinte maneira (BERSCH, 2008): Alta Tecnologia: equipamentos sofisticados que necessitam de controle de computadores ou dispositivos eletrônicos. Produzidos em indústrias, em série e por profissionais especializados. Baixa Tecnologia: pouca sofisticação e feitos com materiais de baixo custo disponíveis no dia a dia. Produzidos de forma artesanal e individual. Hoje, praticamente todas as áreas de aprendizado se utilizam de softwares para apoiar ou reforçar o aprendizado, pois sem dúvida, além de toda a praticidade com muitos recursos reunidos em algumas operações em um mesmo equipamento, também há o interesse pelos alunos em lidar com novos equipamentos e situações diferentes para tarefas rotineiras. Em se tratando da perspectiva da educação especial no Brasil e a inclusão de crianças e indivíduos em um contexto social, o uso de softwares é de grande importância tanto para alunos quanto para os profissionais envolvidos. O uso de aparatos tecnológicos de comunicação alternativa e aumentativa no ensino especial não se refere só à correção de algum tipo de problema intelectual ou físico, mas sim a oferta de uma ferramenta que auxilie a comunicação e desenvolvimento de seus potenciais cognitivo, criativo e humano (LUCCHINI, 2001 apud DELIBERATO; OLIVEIRA, 2013). A construção e a elaboração dos softwares e equipamentos tecnológicos para a área da educação especial que se utilizem ferramentas de AAC necessitam de 24 uma atenção mais que primordial, pois além das dificuldades naturais do levantamento e engenharia de requisitos para qualquer área, as necessidades individuais e especificas da área de saúde são de suma importância para o bom aproveitamento do software ou ferramenta em questão. Não há dúvidas de que a Tecnologia Assistiva vem se tornando uma importante ferramenta na área educacional, pois cada vez mais serve como uma ponte para abertura de novos horizontes nos processos de ensino-aprendizagem e desenvolvimento de alunos com deficiências até bastante severas. Se essa importância da tecnologia na educação já é verdadeira em relação a qualquer tipo de aluno, ela é muito mais ainda em se tratando de alunos com diferentes deficiências, pois se entendemos a cidadania como lugar maior do que estar ou ocupar em espaço físico dentro do meio social, devemos pensar que a escola deve possibilitar a todos, inclusive às pessoas com necessidades especiais, a participação nas ações e decisões que visem ao bem da comunidade. Portanto o uso da Tecnologia Assistiva é de grande importância para que aconteça realmente a inclusão dentro de nossa sociedade. Conhecer quais são os recursos disponíveis que garantem autonomia e independência as pessoas deficientes é garantir a todos os direitos de ir e vir e de uma educação plena e de qualidade, que possibilite a formação de cidadãos críticos e participativos dentro da sociedade (GALVÃO FILHO, 2009). Salas de Recursos Multifuncionais O Programa Sala de Recursos Multifuncionais apoia os sistemas públicos de ensino na organização e oferta do Atendimento Educacional Especializado. Já sabemos que o Atendimento Educacional Especializado é aquele que identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando as suas necessidades específicas. As ações desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a 25 formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela. (BRASIL, 2009). É na Sala de Recursos Multifuncionais e pela ação do professor do Atendimento Educacional Especializado que o serviço de Tecnologia Assistiva se constitui na escola. Abaixo temos dois exemplos de sala de recursos multifuncionais. Figura 16 – Salas de Recursos Multifuncionais 26 Desenho universal x Acessibilidade x Tecnologia Assistiva Embora já tenhamos falado do Desenho Universal na perspectiva de Vygotsky, vale lembrar que o Decreto 5296/2004 também traz o conceito de Desenho Universal, um conceito importante para a construção de uma sociedade mais inclusiva, principalmente relacionando-o à Acessibilidade e à Tecnologia Assistiva. Nesse Decreto, Desenho Universal é considerado como uma concepção de espaços, artefatos e produtos que visam atender simultaneamente todas as pessoas, com diferentes características antropométricas e sensoriais, de forma autônoma, segura e confortável, constituindo-se nos elementos ou soluções que compõem a acessibilidade. (BRASIL, 2004). Esse mesmo decreto define Acessibilidade como as condições para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos 27 dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida. (BRASIL, 2004). O conceito de Desenho Universal, ou “Universal Design”, ou, também chamado, “Desenho para todos”, é estudado a partir de sete princípios: 1. Equiparação nas possibilidades de uso: o design é útil e comercializável às pessoas com habilidades diferenciadas. 2. Flexibilidade no uso: o design atende a uma ampla gama de indivíduos, preferências e habilidades. 3. Uso Simples e intuitivo: o uso do design é de fácil compreensão. 4. Captação da informação: o designcomunica eficazmente, ao usuário, as informações necessárias. 5. Tolerância ao erro: o design minimiza o risco e as consequências adversas de ações involuntárias ou imprevistas. 6. Mínimo esforço físico: o design pode ser utilizado de forma eficiente e confortável. 7. Dimensão e espaço para uso e interação: o design oferece espaços e dimensões apropriados para interação, alcance, manipulação e uso (SERPRO, 2007). Conforme a “Carta do Rio”, elaborada na Conferência Internacional sobre Desenho Universal “Projetando para o Século XXI”, em dezembro de 2004; O propósito do desenho Universal é atender às necessidades e viabilizar a participação social e o acesso aos bens e serviços a maior gama possível de usuários, contribuindo para a inclusão das pessoas que estão impedidas de interagir na sociedade e para o seu desenvolvimento. Exemplos desses grupos excluídos são: as pessoas pobres, as pessoas marginalizadas por uma condição cultural, social, ética, pessoas com diferentes tipos de deficiência, pessoas muito obesas e mulheres grávidas, pessoas muito altas ou muito baixas, inclusive crianças, e outros, que por diferentes razões são também excluídas da participação social (CARTA DO RIO, 2004). 28 Com diz Galvão Filho (2009), o conceito de Desenho Universal é importante para discussão sobre Tecnologia Assistiva, porque traz consigo a ideia de que todas as realidades, ambientes, recursos, etc., na sociedade humana, devem ser concebidos, projetados, com vistas à participação, utilização e acesso de todas as pessoas. Essa concepção, portanto, transcende a ideia de projetos específicos, adaptações e espaços segregados, que respondam apenas a determinadas necessidades. Por exemplo, para superar a ideia de se projetarem banheiros adaptados e especiais para pessoas com deficiência, que se projetem banheiros acessíveis a todas as pessoas, com ou sem deficiência. Ou, então, quando se projeta um software aplicativo para realizar determinada atividade, que nele estejam previstos recursos que o torne acessível também a pessoas com diferentes limitações, motoras ou sensoriais. Portanto, com a aplicação do conceito de Desenho Universal, se faz a transição de uma realidade de segregação, de tutela, de paternalismo, para uma realidade de cidadania, de equiparação de oportunidades e de sociedade inclusiva (GALVÃO FILHO, 2009). Anote aí: O Atendimento Educacional Especializado – AEE aos alunos com necessidades educativas especiais ocorrem em Salas de Recursos Multifuncionais, que tratam de espaços implantados na própria unidade escolar em parceria com as esferas de governo: federal, estadual e municipal. As Salas de Recursos Multifuncionais são espaços da escola onde se realiza o atendimento educacional especializado para os alunos com necessidades educacionais especiais, por meio de desenvolvimento de estratégias de aprendizagem centradas em um novo fazer pedagógico que favoreçam a construção de conhecimentos pelos alunos, subsidiando-os para que desenvolvam o currículo e participem da vida escolar (BRASIL, 2007). 29 O trabalho realizado com as pessoas portadoras de necessidades especiais acontece, quase que sempre com o auxílio da tecnologia assistiva por meio de contribuições dirigidas nas limitações dos portadores de deficiências. O Atendimento Educacional Especializado complementa o atendimento às necessidades específicas de cada educando, assegurando a garantia de uma melhor assistência nas limitações e contribui na integração social e educacional destes educandos. 30 Referências BERSCH, R. Introdução à Tecnologia Assistiva. Porto Alegre: Tecnologia Assistiva, 2005. BERSCH, R. Tecnologia assistiva e educação inclusiva. In: Ensaios Pedagógicos, Brasília: SEESP/MEC, p. 89-94, 2006. BRASIL. Decreto n. 5296 de 02 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis no. 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5296.htm BRASIL. Ministério da Educação. Atendimento Educacional Especializado – Deficiência Física. Formação Continuada a Distância de Professores para o Atendimento Educacional Especializado. SEESP / SEED / MEC. Brasília: Distrito Federal, 2007. BRASIL. Subsecretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Comitê de Ajudas Técnicas Tecnologia Assistiva. Brasília: CORDE, 2009. CARTA DO RIO, 2004. Desenho Universal para um Desenvolvimento Inclusivo e Sustentável. Disponível em: http://www.rollingrains.com/2005/01/carta-do-rio- desenho-universal-para-um-desenvolvimento-inclusivo-e-sustentavel---portuguese- version.html 31 DELIBERATO, D.; OLIVEIRA, J. L. V. de. Recursos de Tecnologia Assistiva: descrição das funcionalidades de alta tecnologia entre os sistemas operacionais de dispositivos móveis na Educação Especial (2013). Disponível em: http://www.uel.br/eventos/congressomultidisciplinar/pages/arquivos/anais/2013/AT04 -2013/AT04-019.pdf GALVÃO FILHO, T. A. Tecnologia Assistiva para uma Escola Inclusiva: Apropriação, Demandas e Perspectivas. Salvador: UFBA, 2009. GUIMARÃES, M. P. Acessibilidade, tecnologia assistiva e ajuda técnica: qual a diferença? (2013). Disponível em: https://www.diversa.org.br/artigos/acessibilidade- tecnologia-assistiva-ajuda-tecnica/ ROCHA, A. N. D. C. DELIBERATO, D. Tecnologia Assistiva para a criança com paralisia cerebral na escola: identificação das necessidades. Revista Brasileira Educação Especial, Vol.18, no.1. Marília/SP, 2012. SERPRO, Acessibilidade e “Universal Design” (2007). Disponível em <http://www.serpro.gov.br/acessibilidade/duniversal.php>
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