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PATOLOGIA GERAL INFLAMAÇÃO Reação básica de defesa, de contenção e reparação que ocorre em qualquer tecido vascularizado em resposta a agressões. Ocorre em todas as espécies de animais vertebrados. Causada por uma agressão primária como um trauma, picada de abelha, agentes infecciosos (vírus, bactérias, parasitas, fundo sporothrix sp.), aspiração de alimento, neoplasmas, necrose Objetivo de Diluir, isolar e eliminar a causa do dano e reparar o tecido lesionado pela agressão. Isolar agentes infecciosos muito grandes ou resistentes à fagocitose, diluir, por exemplo, toxinas inoculadas no organismo, eliminar sempre que possível e reparar o tecido danificado. É incitada por diversos tipos de agressão Periodontite – inflamação da gengiva que circunda o dente com tártato. Agentes infecciosos (parasitas) *Dioctophyme renale: infecta o rim e atrofia o parênquima renal a ponto o rim se transformar em um saco de tecido fibroso contendo o parasita. Aspiração de alimento *Pneumonia aspiratória Corpos estranhos: ex.: pedaço de gaze esquecida dentro da cavidade. Geralmente não causa infecção por serem instrumentos estéreis. O corpo tenta formar uma cápsula para isolar o agente. Formação de tecido fibrosos ao redor. Macrófagos tentam fagocitar. Neoplasmas *Lipossarcoma (raro) Necrose *Pancreatite aguda – comum em cães obesos que comem alimentos muito gordurosos. Doença bem aguda. Vomita, tem dor abdominal, pâncreas com tumefação. Provoca alterações morfológicas nos tecidos Macroscópicas e histológicas *Tumefação, avermelhado e quente Pode evoluir de aguda para crônica se a agressão não for retirada *Fígado de um cão com Leptospirose, avermelhado, grande, com bordas arredondadas, inflamação aguda por Leptospira. *Hepatite crônica com fígado irregular em um gato. Na imagem já tem fibrose – não reversível. É nomeada de acordo com o órgão afetado Miocardite *Cão possuía uma prostatite: bactérias entraram na corrente sanguínea – bacteremia – parando em vários órgãos inclusive no encéfalo. Região mais esbranquiçada – neutrófilos e bactérias. Pneumonia *Cão com cinomose, pneumonia viral, vírus abre portas para infecção bacteriana, por isso são tratados com antibióticos junto. Enterite *Cão com parvovírus. Sangramento para luz intestinal – cão com diarréia sanguinolenta. Mastite É classificada de acordo com o tipo de células e exsudato envolvidos Inflamação hemorrágica *intestino da parvo. Enterite hemorrágica. Inflamação purulenta *piotórax em um gato. Pode ser mais danosa do que benéfica PIF – peritonite infecciosa felina Peritonite fibrinosa. Efusão abdominal. Dificuldades respiratórias, sinais neurológicos.. Sem a inflamação, a sobrevivência não é possível, mas como outros processos vitais, pode tornar-se aberrante e lesiva. Pode causar danos permanentes aos tecidos Fígado cirrótico com nódulos que distorcem a arquitetura, e parênquima atrofia. É seguida da fase de reparo tecidual INFLAMAÇÃO AGUDA Tem início rápido e duração relativamente curta (poucos minutos a vários dias). Caracterizada por: - Vasodilatação dos vasos locais, permitindo aumento do fluxo sanguíneo para o local. - Aumento da permeabilidade vascular, permitindo a saída de líquido para o interstício. - Migração de grande quantidade de granulócitos e monócitos para os tecidos. - Fase efetora das células que migram para os tecidos. *A coagulação sanguínea muitas vezes ocorre simultaneamente a estas fases, quando há hemorragia na inflamação. Fases e macanismo - Vasodilatação dos vasos Rubor e calor Expansão do leito vascular Provocado por mediadores inflamatórios, relaxamento do músculo liso da parede vascular, aumenta o fluxo sanguíneo para o local. Exemplos de vasodilatadores: óxido nítrico, bradiquinina, histamina, prostaglandinas e leucotrienos. Qual o mecanismo de rubor e do calor na inflamação aguda? Caudados por Vaso dilatado, por mediadores inflamatórios. Quais os mediadores inflamatórios envolvidos? Aumento da permeabilidade vascular Provocado por mediadores inflamatórios, células endoteliais se contraem e formam GAPS entre elas, líquido deixa o vaso e preenche o espaço intersticial. Exemplos de causas: histamina, serotonina, substância P, bradiquinina, C5a e C3a, prostaglandinas, leucotrienos, fator agregador plaquetário, II-I e TNF. - Diluir o possível agressor. Edema (transudato) e dor (compressão de receptores da dor) Qual o mecanismo do edema e da dor na inflamação aguda? Aumento da permeabilidade vascular. Quais os mediadores inflamatórios envolvidos? Inflamação como mecanismo do edema O tipo de líquido que se acumula fora dos vasos depende da quantidade de proteína e células que ele contém. O que determina isso: o tecido agredido, o agente agressor, o tempo de inflamação. Transudato: se forma na fase inicial da inflamação aguda. Translúcido, densidade <1.012, <3g de proteínas/dl, <1500 leucócitos/mL Exsudato: se forma à medida que a inflamação aguda evolui. Opaco, densidade >1.012, >3g de proteínas/dl, >1500 leucócitos/mL Existem diferentes tipos de exsudato. Fibrinogênio: proteína plasmática importante que sai do vaso, se transforma em fibrina e forma o exsudato. *Pela estase urinária as bactérias colonizaram a bexiga. Paraplegia – sem micção espontânea. Migração de grande quantidade de granulócitos e monócitos para os tecidos Aproximadamente 1h após o início da inflamação aguda, uma grande quantidade de neutrófilos invade o local. Um pouco depois, os monócitos também começam a chegar, mas a chegada destas células é mais vagarosa e eles levam no mínimo dois dias para povoar o local inflamado. Para saírem dos vasos, os leucócitos se espremem através dos poros dos capilares sanguíneos e saem destes por diapedese. Mesmo que um poro seja muito menor que a célula, pequena porção da célula desliza pelo poro a cada vez. Como os leucócitos sabem para onde ir ou quando devem sair do vaso: Quimiotaxia Agentes quimiotáticos: produtos bacterianos, C5a (componente do sistema complemento), Leucotrieno (vem do ácido aracdônico), Fator agregador plaquetário (PAF), IL-8 (é uma citocina). Resumo da migração leucocitária A migração para fora do vaso ocorre em capilares e vênulas. Sangue do local está mais viscoso (pela saída de líquido) e circula vagarosamente, o que faz com que os componentes sólidos dentro dos vasos sofram marginação. Contato dos leucócitos com o endotélio e ação de mediadores inflamatórios começam a induzir a expressão de moléculas de aderência na superfície do endotélio. Leucócitos passam a expressar moléculas de superfície complementares às do endotélio. As moléculas e endotelinas se ligam e levam à aderência do leucócito no vaso. Ligações fracas que se formam e se rompem (rolamento) Rolamento ativa um receptor da ICAM-I chamado integrina. Fase efetora das células que migram para os tecidos - Quimiotaxia e migração até o local - Características e funções das células envolvidas na inflamação aguda. - Opsonização e fagocitose - Desgranulação Quimiotaxia e migração até o local Movimentos amebóides (emissão de pseudópodes) De que forma as células inflamatórias se movimentam? Características e funções das células envolvidas na inflamação aguda Células endoteliais Mastócitos, neutrófilos, monócitos/macrófagos, eosinófilos e células NK. - Células endoteliais: permeabilidade vascular e migração leucocitária. - Mastócitos: permeabilidade vascular e vasodilatação. - Neutrófilos: primeiros a chegar (medula óssea), fagocitose e degranulação, formação de pus.- Monócitos e macrófagos: segunda célula a chegar no local (sangue/medula óssea), fagocitose e alguns macrófagos são residentes. - Eosinófilos: alergias, infecções por parasitas. - Células Natural Killer: ataque a células infectadas por vírus. Neutrófilos e macrófagos/monócitos são as principais células envolvidas na inflamação aguda. Eles vem da medula óssea e são transportados pelo sangue para o local inflamado. Macrófagos Existem dois tipos: - Inflamatórios (chegam ao tecido quando há inflamação) - Residentes (residem nos tecidos normais) Antes de chegar ao tecido, os macrófagos se chamam monócitos. Depois que chegam aos tecidos, eles se ativam, ficam maiores e tornam-se os macrófagos. Depois que são liberados da medula óssea, os monócitos ficam até 20h no sangue. Podem durar meses nos tecidos. Macrófagos inflamatórios Chegam ao tecido após um estímulo inflamatório por quimiotaxia. Em menos de 48h, podem constituir o tipo celular predominante em uma inflamação aguda. Quando chegam, precisam ser ativados para exercerem suas funções. Ativação ocorre por citocina, opsoninas, microrganismos ou fragmentos de microrganismos. Após ativados: tornam-se maiores, mais enzimas lisossomais, metabolismo mais ativo, maior capacidade de fagocitar. Exemplos de macrófagos residentes: micróglia (SNC), células de kupffer (fígado), macrófagos alveolares (pulmões) e osteoclastos (ossos). Funções dos macrófagos (inflamatórios e residentes): Fagocitose (principal) - Microrganismos e células mortas Secreção de citocinas para estimular outras células - Ex.: recrutamento de mais monócitos. Células apresentadoras de antígenos (APC), importantes na inflamação crônica Promovem o reparo tecidual (antiogênese e síntese de fibroblastos/colágeno) - Importante na inflamação crônica e fase de reparo tecidual. Macrófagos também podem ser maléficos aos tecidos onde atuam: Produzem radicais livres para matar os organismos fagocitados, produzem proteases, que digerem a matriz extracelular e produzem fatores de crescimento que estimulam a fibrose. *Macrófago: Vacúolo que nem sempre está presente. Muito citoplasma e núcleo mais periférico. Neutrófilos São as primeiras células a chegar na inflamação. Em algumas circunstâncias formas o pus. Chegam aos tecidos já maduros, prontos para exercer a sua função. Tem a capacidade de exercer fagocitose dentro do vaso. Depois que são liberados da medula óssea, os neutrófilos ficam até 8h no sangue. Nos tecidos, os neutrófilos duram cerca de 4-5 dias. *Glomérulo de um potro. Seta = bactéria. Septicemia neonatal por falha na transferência de imunidade passiva. Opsonização e fagocitose Fagocitose: - Macrófagos: quando ativados, são fagócitos muito mais potentes que neutrófilos. Em geral, é capaz de fagocitar até 100 bactérias. São capazes de fagocitar partículas muito maiores (ex.: hemácias). Após a digestão das partículas, são capazes de eliminar os produtos residuais e muitas vezes sobrevivem e funcionam por muitos meses. - Neutrófilos: fagócitos menos potentes. Em geral, é capaz de fagocitar de 3-20 bactérias. Não são capazes de fagocitar partículas muito maiores. Após a digestão, são inativados e morrem. - Fagocitose: uma vez fagocitadas, a maioria das partículas é digerida por enzimas digestivas e agentes oxidantes (radicais livres). Seletividade dos macrófagos e neutrófilos: células normais do corpo não são fagocitadas pois os receptores destas as identificam como próprias. Os macrófagos e neutrófilos reconhecem células necróticas e microrganismos com seus receptores e sabem que precisam fagocitá-los. O que facilita a ligação do macrófago/neutrófilo ao microrganismo: aderência de agentes opsonizantes à superfície do microrganismo, C3B (sistema complemento) e Anticorpos. Ligação dos receptores às proteínas de superfície do microrganismo Formação de uma vesícula fagocítica Liberação das enzimas digestivas e agentes bactericidas dentro da vesícula contendo o microrganismo digestão do microrganismo. Enzimas digestivas dos macrófagos e neutrófilos (mecanismo independente do Oxigênio) - Proteína que aumenta a permeabilidade bacteriana (BPI) – macrófagos e neutrófilos. - Lisozima que digere a parede das bactérias – macrófagos e neutrófilos. - Elastase e colagenase que digerem proteínas em geral – neutrófilos. - Defensinas que criam poros na membrana das bactérias – leucócitos em geral. - Lactoferrina que seqüestra o ferro da bactéria – macrófagos e neutrófilos - Lipase que digere as membranas lipídicas das bactérias – macrófagos. Alguns microrganismos não morrem com as enzimas digestivas liberadas no fagolisossomo. Para isso, há um segundo mecanismo de morte de microrganismos: produção de agentes oxidantes (mecanismo dependente do oxigênio). Mecanismos dependentes do oxigênio: - Espécies reativas do oxigênio (ROS) ou radicais livres: agentes oxidativos altamente reativos. Destroem os microrganismos (e células do hospedeiro, se liberados). São formados a partir de uma enzima (oxidase fagocitária) que se forma a partir da membrana do fagolisossomo de fagócitos ativados. A enzima reduz o oxigênio molecular, presente no local em ROS. ROS são utilizados para produção de ácidos hipohaletos (tóxicos para bactérias). Desgranulação - Mecanismo de morte de microrganismos por neutrófilos. Liberam no ambiente os seus grânulos (com PBI, lisozina, elastase, colagenase, etc.), Morrem após a desgranulação. E pode danificar o tecido em que ela ocorre. Entretanto, algumas bactérias como o bacilo da tuberculose tem revestimentos resistentes à digestão lisossômica e também secretam substâncias que resistem parcialmente aos efeitos de neutrófilos e macrófagos. Essas bactérias são responsáveis por muitas doenças crônicas como a tuberculose. Mediadores inflamatórios Substâncias químicas que mediam os diversos eventos envolvidos na inflamação aguda. Após ativados ou secretados possuem meia-vida curta e são destruídos enzimaticamente ou bloqueados após sua ação. Alguns são produzidos por várias células do organismo: Metabólitos do ácido aracdônico. Alguns são produzidos por células inflamatórias: histamina, bradiquinina, serotonina, substância P, óxido nítrico, fator ativador plaquetário. Alguns são produzidos pelo fígado e ficam circulando inativos no sangue até que sejam ativados: sistema complemento. Histamina - Produzida por mastócitos, basófilos e plaquetas (está presente em seus grânulos) e liberada n ambiente inflamatório. Estímulo para liberação: frio, calor, trauma, ligação de anticorpos aos mastócitos (IgE – alergia), Ligação de alguns mediadores inflamatórios aos mastócitos (C3a e C5a, substância P, fator ativador plaquetário PAF). - Se liga a endotélio vascular (receptores HI), leucócitos, dentre outros. Funções: aumento da permeabilidade vascular (edema, dor), vasodilatação (calor, rubor), coceira, quimiotaxia de eosinófilos, broncoconstrição (efeito sistêmico), taquicardia (efeito sistêmico). Efeitos vasculares são imediatos e duram 30-90 min (transitórios) Bradiquinina - Produzida por células endoteliais e leucócitos. Funções: aumento da permeabilidade vascular (edema, dor), vasodilatação (calor, rubor), contração do músculo liso, estímulo ao metabolismo do ácido aracdônico, hipotensão, broncoconstrição. Serotonina - Produzida por mastócitos, basófilos e plaquetas. Funções: aumento da permeabilidade vascular (edema, dor). Metabólitos do ácido aracdônico Agressão à membrana da célula lipídeos dão origem ao ácido aracdônico desdobrado em metabólitos que atuam localmente na área inflamada. *Produzidos por membranas de várias células do corpo, mas principalmenteendotélio e leucócitos. Ácido aracdônico: integrante dos fosfolipídios da membrana celular, forma: - Ciclogenases (COX) prostaglandinas: permeabilidade vascular (edema, dor), febre, pró-coagulação (trombose) - Lipoxigenases leucotrienos e lipoxinas: vasodilatação, migração de leucócitos e outras ações pró-inflamatórias. Fator ativador plaquetário (PAF) Agressão à membrana celular lipídeos dão origem ao fator ativador plaquetário, produzido a partir de membranas de plaquetas, basófilos, mastócitos, neutrófilos, macrófagos e células endoteliais. Funções: quimiotaxia de leucócitos, degranulação de leucócitos, vasoconstrição, broncoconstrição e agregação plaquetária. Sistema complemento Sequência de eventos moleculares que ocorre dentro do sistema vascular em que proteínas plasmáticas inativas (sintetizadas pelo fígado) são ativadas após dano tecidual, inflamação, coagulação ou respostas imunológicas. Funções: - Morte da bactéria por plasmólise: Perda de água e íons pelo complexo de ataque à membrana (MAC – C9) O MAC pode danificar células do hospedeiro como em algumas anemias hemolíticas. - Quimiotaxia (C5a) - Opsonização (C3b) - Permeabilidade vascular (C3a) - Pró-inflamatório (todas as proteínas) - Ativação e migração de leucócitos (C5a, C3a, C4a) O que ativa o sistema complemento: - Via clássica: presença de complexo antígeno-anticorpo. - Via alternativa: produtos de microrganismos (ex.: LPS , polissacarídeos na parede de fungos..) Citocinas Classe de proteínas produzida por diferentes células, modulam/mediam a resposta inflamatória e agem na própria célula ou em células vizinhas. Células produtoras incluem linfócitos, macrófagos, células endoteliais, neutrófilos, basófilos, mastócitos, eosinófilos, células epiteliais e células do tecido conjuntivo. Classes de citocinas: - Fatores de crescimento hematopoiético: IL-3, G-CSF, GM-CSF, possibly IL-9, IL-II, fator de células tronco. - Mediadores inflamatórios: IL-I, IL-6, TNF-a, TNF-b, IFN. - Citocinas quimiotáticas: IL-8. - Proliferação, ativação e diferenciação de linfócitos T: IL- 2, IL-4, IL-5, IL-7, IL-9, IL-10, IL-12, IL-17, IL-29. Óxido nítrico Produzido por células endoteliais e macrófagos. Vasodilatação pelo relaxamento do músculo liso dos vasos (calor, rubor). Também atua na agregação plaquetária. Resumo dos eventos da inflamação aguda: Vasos dilatados, acúmulo de líquido com proteínas, acúmulo de células efetoras, exercício da função das células. Sendo que os mediadores inflamatórios agem em todas as fases. Consequências visíveis da inflamação aguda: sinais cardinais da inflamação Calor, rubor, dor, tumor e perda de função. Calor, rubor e dor: Dor e tumor: Perda de função: Inflamação serosa - Fluído translúcido e bem líquido, densidade <1.012, pouca proteína plasmática e poucas células, liberado por espaços pequenos entre as células endoteliais dos vasos sanguíneos. Mais comum em: alergias e queimaduras de pele. Inflamação catarral ou mucoide/mucosa - Fluído espesso, gelatinoso, translúcido a levemente opaco, contém mucina, produzida por células caliciformes (mucosas), vias aéreas e intestino. Inflamação fibrinosa - Alta concentração de proteína plasmáticas e baixa concentração de leucócitos. Densidade >1.012, GAPS maiores entre as células endoteliais, que deixam passar proteínas (fibrinogênio), mas não células. Fibrinogênio fibrina Peritonite fibrinosa: Inflamação purulenta ou supurativa - Alta concentração de proteínas plasmáticas e alta concentração de leucócitos, densidade >1.012, exsudato formado é chamado de pus. Flegmão (Tecido SC), abscesso, bactérias piogênicas. Exsudato com pus, precisa de GAPS maiores, pois é formado por neutrófilos e bactérias, podendo formar pus só com neutrófilos (pois seu componente é o neutrófilo). Pus com mais eritrócitos – cor mais amarronzada. Inflamação hemorrágica - Há extravasamento de muitos eritrócitos pelos GAPS entre as células endoteliais. Geralmente causado por agentes específicos. Carbúnculo sintomático: Parvovirose canina: Pancreatite hemorrágica e necrosante: Destinos da inflamação aguda Severidade do dano, habilidade das células de regenerar, características físicas e biológicas do agressor determinam o destino da inflamação. - Resolução: retorno à estrutura e funções normais. Caso clínico apresentado cão com mordida no focinho: Remoção das células e do exsudato, neutralização dos mediadores inflamatórios, células necróticas são substituídas por células de regeneração. Morte e remoção do agente agressor, degradação ou neutralização dos mediadores químicos, vasos retornam ao calibre e permeabilidade normais, cessa a migração de leucócitos para fora do vaso, neutrófilos remanescentes sofrem apoptose, macrófagos removem o exsudato e são drenados para linfonodos locais, regeneração. - Cura pela fibrose: deposição de tecido fibroso no local agredido (cicatriz). Impossibilidade de regeneração. - Formação de abscesso: tentativa de encapsular a área inflamada na falta de resolução do problema. Impossibilidade em eliminar o agente. - Progressão para inflamação crônica: na impossibilidade de resolução ou cura pela fibrose. Severidade do dano, habilidade das células de regenerar, características físicas e biológicas do agressor determinam o destino da inflamação. Severidade do dano Habilidade de regeneração do tecido agredido Parvovirose canina – cinomose canina (cérebro sem capacidade grande de regeneração, cinomose gosta do tecido cerebral, cérebro com desmielinização na foto) Características do agente *1.Bactéria mais resistente vai evoluir para inflamação crônica. *2.Facilmente fagocitado e destruído pelos macrófagos. Inflamação aguda INFLAMAÇÃO CRÔNICA Apesar de ser difícil de definir a duração, é considerada como um processo prolongado (semanas a meses) no qual a inflamação ativa, a destruição do tecido e as tentativas de reparar os danos ocorrem simultaneamente. *a hepatite crônica tem chances de evoluir para insuficiência, pois as células repostas, fibroblastos, não possuem a ação das células do órgão. Persistência do agente - Agentes que persistem ou evitam a fagocitose ou, uma vez fagocitados, conseguem sobreviver dentro dos macrófagos. Ex.: Mycobacterium spp., Rhodococcus equi, Nocardia asteróides, fungos, larvas de parasitas como toxocara. Isolamento Não resistentes à fagocitose, mas conseguem se proteger da resposta imunológica e das terapias antimicrobianas ficando escondidos ou isolados em meio ao pus. Ex.: Streptococcus spp., Staphylococcus spp. Ausência da resposta aos mecanismos inflamatórios Alguns corpos estranhos são considerados virtualmente indestrutíveis e, por isso, acabam não respondendo ao sistema imunológico. Ex.: fibras vegetais, pó de sílica, fibras de amianto, alguns fios de sutura e algumas próteses cirúrgicas. Autoimunidade e defeitos imunológicos Alterações na regulação do sistema imunológico. Mecanismos desconhecidos Doenças em que ainda não se entende o mecanismo que estimula a inflamação crônica. Ex.: meningoencefalite granulomatosa canina. Características morfológicas: Infiltrado de células mononucleares (incluindo macrófagos, linfócitos e plasmócitos) – tecido branco/cinza. Destruição tecidual induzida pela persistência do agente nocivo ou pelas células inflamatórias. Tentativas de cicatrização pela substituição do tecido danificado por tecido conjuntivo (proliferação de pequenos vasos sanguíneos e fibrose) – tecido firme e branco/cinza. Firme, Branco/cinza Fígado de um bovino com tuberculose.Exceção: fígado com inflamação crônica. Testículos com tungra penetrans. Inflamação crônica com fibrose. Macrófagos Origem: medula óssea Fazem parte do sistema fagocitário mononuclear. Ficam no sangue (monócitos) ou moram nos tecidos (macrófagos residentes). Em menos de 48h, podem constituir o tipo celular predominante em uma inflamação. Ao chegar no tecido é ativado: Como o organismo consegue manter o nível de macrófagos teciduais na inflamação crônicaw - Recrutamento de macrófagos vindos do sangue (medula óssea) é constante. - Macrófagos que já chegaram no tecido podem se dividir dando origem a novos macrófagos. - Macrófagos presentes no tecido ficam imobilizados (impossibilitados de sair da área inflamada – efeito de citocinas locais). Funções dos macrófagos na inflamação crônica Resultados: destruição do agressor, do tecido e fibrose. - Produzem intermediários reativos do oxigênio para matar os organismos fagocitados. - Produzem proteases, que digerem a matriz extracelular. - Produzem fatores de crescimento que estimulam a fibrose. - Chamam mais macrófagos e outras células - Fagocitose - Ativação de macrófagos e linfócitos T Linfócitos e plasmócitos Linfócitos B e T - Mobilizados nas reações imunológicas humorais e celulares. Possuem memória. Relação bidirecional entre macrófagos e linfócitos. - Apresentam antígenos aos LT - Produzem citocinas (II-L2) que ativam e estimulam linfócitos. - Produzem citocinas (IFN-y) que ativam macrófagos. Plasmócitos - Se desenvolvem a partir de linfócitos B ativados. - Produzem anticorpos direcionados contra o antígeno. - Possuem memória. Celulas Natural Killer (NK) - Matam células reconhecidas como estranhas - Células neoplásicas, infectadas por vírus. - Mecanismo: produção de perforinas ou indução de apoptose. Eosinófilos - Inflamação aguda e crônica - Grânulos facilitam o seu reconhecimento nos tecidos. - Reações mediadas por IgE e infecções parasitárias. - Proteína básica principal é tóxica. Macrófagos epitelioides e células gigantes multinucleadas Em resposta a alguns agentes, os macrófagos desenvolvem uma resposta diferente do comum: - Ficam maiores, com núcleo que lembra uma célula epitelial (chamados macrófagos epitelioides) - Dois ou + macrófagos podem se fundir, formando células gigantes multinucleadas. Este tipo de inflamação ocorre em um número limitado de doenças e é chamado inflamação granulomatosa. Inflamação granulomatosa: número limitado de condições que podem ser a causa. Doenças infecciosas: tuberculose, paratuberculose, PIF, infecções fúngicas e parasitárias. Doenças imunológicas: MEG (meningoencefalite granulomatosa canina), intoxicação por ervilhaca, síndrome do granuloma e piogranuloma estéril. Reações a corpo estranho: cálcio, pelos, ceratina e fios de sutura. Bovino com pulmão e linfonodos mediastinicos afetados. Histologia: No Centro agente infeccioso e periferia células inflamatórias granulomatosas (células gigantes multinucleadas, macrófagos epitelioides) Nematoide de pulmão de gato. Focos de inflamação granulomatosa. Ptiose: parente de fungo. Cavalo, intestino (Não muito comum). Tipos de inflamação granulomatosa: Granuloma e manto de células. Granuloma: Centro com agente causador, camada de células gigantes multinucleadas, de macrófagos epitelioides, parte periférica com linfócitos e por fora uma cápsula. Forma de isolar o agente. Manto de células: sem se organizar. Rugas formadas no intestino da vaca com grande quantidade de inflamação difusa. Subtipo de infl. granulomatosa: Piogranulomatosa. Ex.: PIF e corpo estanho contaminado com bactérias. Adicionado às células inflamatórias que estão ali – neutrófilos. Granumola + neutrófilos. Fibroblastos - Não é célula inflamatória, mas participa da inflamação crônica. - Contribuem para a integridade estrutural dos tecidos. - Sintetizam colágeno e produzem citocinas que regulam a qualidade do tecido formado. Células endoteliais - Essenciais para a neovascularização (processo de angiogênese) Vasos linfáticos e linfonodos na inflamação aguda e crônica Importância do sistema linfático: drena o edema, os leucócitos e restos celulares. Em alguns casos, carreia o agente nocivo para os linfonodos. - Os linfonodos e vasos linfáticos podem se tornar secundariamente infectados (linfadenite e linfagite). - Os linfonodos podem aumentar apenas por hiperplasia dos folículos linfóides e das células fagocitárias (linfadenite reativa). Efeitos sistêmicos da inflamação Febre: elevação da temperatura corporal – síntese de prostaglandinas nas células do hipotálamo. - II-I e TNF induzem a formação destas prostaglandinas a partir do ácido araquidônico. Inflamação aguda. Icterícia: em alguns casos, quando células inflamatórias causam colestase intrahepática. Leucocitose: elevação dos leucócitos circulantes, quando a demanda aumenta. Principalmente inflamação aguda. Aumento das proteínas de fase aguda: aumento do fibrinogênio e redução do tempo de hemossedimentação, aumento do amilóide sérico (amiloidose). Inflamação crônica. O que acontece quando a inflamação é muito ampla, afetando todo o organismo: - Situações: septicemias, parasitemia, queimaduras extensas, traumas graves. - Efeitos da inflamação afetam diferentes órgãos e causam mudanças vasculares sistêmicas. - Consequência: Síndrome da resposta inflamatória sistêmica. SÍNFROME DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA SISTÊMICA (SIRS) Principal causa agentes infecciosos. Cão que fez prostatite bacteriana. Miocardite e encefalite. Equino com enterólito. Pedra que se forma no intestino. Lesões crônicas no cólon. Bacteremia pela úlcera do intestino – coagulação intravascular disseminada e choque. Nomenclatura da inflamação De acordo com: Exsudato ou tipo de célula envolvida, distribuição, evolução, órgão afetado e intensidade. Exsudato ou tipo de célula Inflamação fibrinosa – exsudato amarelo. Hemorrágica Músculo com clostridiose – carbúnculo sintomático. Purulenta ou supurativa Traqueia – cão com broncopneumonia. Granulomatosa Piogranulomatosa PIF Distribuição: focal (uma área afetada), focalmente extensa (subtipo focal, área grande), multifocal (várias áreas afetadas – gravidade maior) e difusa (todo órgão afetado). Distribuição focal Pneumonia granulomatosa focal – bovino. Focalmente extensa Fígado de um bovino. Multifocal Pulmão com pneumonia hemorrágica multifocal. Difusa Pneumonia hemorrágica difusa – todo pulmão afetado. Evolução Aguda X crônica Órgão afetado Prefixo ite Otite, encefalite, Mielite, Cistite... Mielite Cistite Hepatite Periodontite Enterite e Gastrite Clostridiose, gastrite cão ingeriu AINES. Peritonite Piometra Endometrite supurativa? Prostatite Linfadenite Celulite Inflamação Tecido subcutâneo – mordedura – inflamação com pus. Pleurite Pneumonia Cão com cinomose com pneumonia viral e após bacteriana. Arterite Inflamação das artérias. Equino com parasita strongylus. Laminite Osteíte, Osteomielite, Artrite, Osteoartrite Nomenclatura mais específica Inflamação córnea Combinações de mais de um tecido inflamado Inflamação da córnea, comum cinomose. Pelve e parênquima renal. Pielite – pelve; nefrite – rim. Intensidade: Leve, moderada e acentuada. Grave acentuada gato pif Diagnóstico morfológico Órgão inflamado, exsudato, tipo de célula envolvida, evolução, distribuição e intensidade. Miocardite neutrofílicaou supurativa focal moderada e subaguda. Pneumonia granulomatosa focal leve crônica Resolução e reparo Processos de regeneração e reparo tentam restaurar a integridade anatômica e funcional do tecido. Habilidade do corpo em substituir células lesionadas ou mortas e reparar tecidos após a inflamação. Constitui-se de regeneração e cicatrização (reparo). A cura de uma ferida é uma cascata complexa de eventos bioquímicos e celulares em resposta à lesão tecidual. O processo de resolução e reparo se aplica a qualquer tecido e cada tipo de tecido tem particularidades que envolvem este processo. Regeneração: crescimento de células e tecido idênticos para substituir o tecido perdido. Ex.: crescimento de um novo epitélio renal após a necrose. Cicatrização: resposta tecidual a um ferimento, inflamação ou necrose, em que há formação de tecido fibroso – cicatricial. Alguns tipos de tecidos, como as superfícies epiteliais, regeneram de forma bastante satisfatória depois de uma lesão tecidual. Em outros tipos, entretanto, a regeneração não ocorre, ao invés, processos de reparo preenchem a área lesionada com uma matriz extracelular simples, mas elástica, a cicatriz de tecido conjuntivo. Função da hemostasia na resolução e reparo Formação de um coágulo é um dos primeiros eventos após dano tecidual. Função: controlar a hemorragia local e servir de base ou matriz para o processo de reparo subseqüente. Função das células inflamatórias no processo de resolução e reparo: Neutrófilos são os primeiros a chegar na inflamação aguda. No entanto, a sua chegada não é essencial para que venham a ocorrer os processos de resolução e reparo. Macrófagos possuem uma função essencial (o elemento mais crítico da inflamação aguda) na indução dos mecanismos de resolução e reparo. *Salamandra que consegue regenerar até membros. Regeneração: Tecido precisa ter a capacidade de regenerar: tipo de tecido, arquitetura do tecido conjuntivo precisa estar intacta (depende do grau de lesão). ID X Miocárdio Lesão leve X grave (preservação do TConjuntivo) Grave: Derme e subcutâneo, lesão de membrana basal. Diferenças na capacidade de regeneração entre órgãos Neurônios e miócitos – células terminais – não se replicam. Fígado e rim – células quiescentes – capazes de proliferação quando necessário. - Intestino, pele, medula óssea – células não se replicam, mas estes órgãos produzem muita célula nova a partir das células tronco. O que estimula uma célula a se proliferar na regeneração tecidual? Lesões inflamação, morte celular, alterações mecânicas. Insuficiência renal aguda. Intoxicação por lírio. Regeneração: fatores de crescimento e proteínas regulatórias, células tronco dão origem a novas células diferenciadas, própria população de células diferenciadas sofre mitoses e prolifera. Fator de crescimento epidérmico (plaquetas, macrófagos) e F. transformador do crescimento. F. de crescimento do hepatócito (células mesenquimais). F. de cresc. Endotelial vascular (células mesenquimais). F. de cresc. De fibroblasto (macrófagos, mastócitos, LT, células endoteliais, fibroblastos, etc) F. de cresc. Derivado das plaquetas (plaquetas, macrófagos, células endoteliais, ceratinócitos, miócitos e músculo liso). Citocinas. Importância da membrana basal no reparo tecidual: muito mais fácil regeneração quando ela é mantida. Cicatrização Resposta tecidual a um ferimento, inflamação ou necrose, em que há formação de tecido fibroso (cicatricial). Todos os processos envolvidos particularmente na cicatrização devem ser controlados com precisão. Em caso contrário, os processos de reparo poderiam se descontrolar com conseqüências deletérias. O acúmulo de quantidade excessiva de colágeno pode gerar uma cicatriz proeminente e elevada conhecida como queloide. Deposição de tecido fibroso quando a regeneração não é suficiente. Formação de cicatriz. 2 Fases: granulação (proliferação) e fase do remodelamento (maturação e contração). Pode durar 3-4 semanas (depende do tamanho da ferida). Caracterizada por proliferação de novo endotélio (angiogênese), de epitélio (epitelização) e de tecido conjuntivo (fibroplasia/desmoplasia). Fatores importantes produzidos pelos macrófagos: substâncias angiogênicas, fatores de crescimento dos fibroblastos (FGFs). Tecido de granulação: vermelho escuro, granular, sangra com facilidade. Histologia: muito celular, muitas mitoses e fibroblastos são muito móveis. Fase do remodelamento Começa 3-4 semanas após a agressão. Só inicia após as fases de inflamação e proliferação terem sido completadas com sucesso. Pode durar 2 anos ou +. Inclui remodelamento do tecido fibroso imaturo e maturação do tecido fibroso imaturo. Fibras de colágeno se organizam e se alinham de maneira a tornar a cicatriz mais resistente. Celularidade diminui. Cicatrização por primeira ou segunda intenção O sucesso da cicatrização da pele depende do processo ocorrer por 1ª ou 2ª intenção. Cicatrização por Primeira intenção Extremidades da ferida estão próximas. Rápida 2-3 dias. Precisa ser uma ferida limpa, sem corpos estranhos ou micróbios. Cicatriz é discreta. Cicatrização por Segunda Intenção Extremidades da ferida não estão próximas ou há contaminação. Ferida cicatriza por deposição de muito tecido fibroso. Demorada e cicatriz grande. Fatores que podem prejudicar a cicatrização Contaminação do local, corpo estranho no local, quimioterapia, diabetes mellitus (cria lesões vasculares – açúcar em grande quantidade dentro do vaso; dificulta cicatrização), caquexia ou má nutriçao. Cicatrizes hipertróficas Ocorrem quando há falha na cicatrização adequada. Proliferação excessiva de fibroblastos e produção excessiva de colágeno. Exemplos: tecido de granulação exuberante (animais e humanos), queloide (humanos). Tratamentos para de cicatrizes hipertróficas em humanos e animais: Corticosteroides tópicos, compressão, laser, criocirurgia, cirurgia, radiação, quimioterapia, silicone tópico, interferon. Açúcar pode ser utilizado em cicatrização de segunda intenção: ajuda na limpeza da ferida contaminada por bactérias – desidrata as bactérias, utilizar por uns minutos para agir, retirar e lavar após. Se ele permanecer ali na ferida úmido, servirá de substrato para novas bactérias.
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