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M1 – 4001 | Lucas Ferreira PR2 Sistemas Orgânicos Integrados I - Histologia PR2 Tecido Nervoso § Origem embrionária: Ectoderma É dividido em sistema nervoso central (SNC – encéfalo e medula espinhal), o encéfalo que é constituído pelo cérebro, cerebelo, mesencéfalo, ponte, bulbo e medula espinhal, e sistema nervoso periférico (SNP – nervos e gânglios que podem sair do encéfalo e da medula, esse sistema é responsável por detectar e transmitir informações sensitivas e motoras), constituído por nervos e gânglios nervosos. O tecido nervoso é constituído basicamente por células, existem muito pouca matriz extracelular e as células, os neurônios interagem entre si a partir de sinapses. Então há os neurônios, células condutoras, e células da glia, células que estão relacionadas a um suporte físico, nutrição e sustentação dos neurônios. Funções: • Receber e transmitir informações oriundas de outros neurônios e de estímulos sensoriais. • Analisar, coordenar e organizar, direta e indiretamente o funcionamento do organismo – movimento voluntários e involuntários. • Manter a homeostase, estabilizando as condições intrínsecas do organismo, como pressão arterial, tensão de oxigênio e gás carbônico, além de participar dos padrões de comportamento relacionados com a alimentação, reprodução e defesa. Componentes celulares: Células da glia ( ) § Tanto o SNC, quanto o SNP, possui os seguintes componentes celulares: • Neurônios são células condutoras, ou seja, conduzem os estímulos elétricos, passando de uma célula nervosa para a outra. Compõem a unidade básica do sistema nervoso. • Células da glia, ou neuroglias, são células acessórias que estão vinculadas ao suporte metabólico e estrutural. Neurônios: Função: excitabilidade e condutividade. • São células sintetizadoras de proteínas tanto para reposição das proteínas de membrana, quanto para proteínas de exportação, já que neurônios se comunicam com outros neurônios através de sinapses e a grande maioria dessas sinapses são químicas, isto é, são feitas através de neurotransmissores peptídicos. • Alguns neurônios além da transmissão de neurotransmissores produzem hormônios, como é o caso dos neurônios hipotalâmicos que produz hormônios que atuam na neurohipófise. • O corpo celular, ou pericárdio, é área do citoplasma ao redor do núcleo. É o centro trófico o neurônio, pois é onde se concentram ou a grande maioria das organelas, na síntese proteica ou de neurotransmissores, como retículo endoplasmático rugoso e complexo de golgi, e a degradação desses neurônios se dá pelos lisossomos, além ainda de M1 – 4001 | Lucas Ferreira PR2 Sistemas Orgânicos Integrados I - Histologia PR2 mitocôndrias e a presença do retículo endoplasmático liso. Por isso, a maioria das funções hormonais de síntese e degradação acontecem no corpo. Todas as atividades principais hormonais acontecem no corpo do neurônio, sendo uma estrutura importante. Estruturalmente, no corpo celular, o núcleo do neurônio é grande, esférico e claro, por conta da cromatina frouxa e o nucléolo é bem evidente. No citoplasma observa-se manchas no corpo do neurônio que são áreas que representam a presença do retículo endoplasmático rugoso e ribossomos livres (corpúsculos de Nissl). Ultraestruralmente, observa-se uma grande quantidade de mitocôndrias. RER bem desenvolvido e ribossomos livres abundantes. Complexo de Golgi, que está envolvido no empacotamento dessas proteínas e citoesqueleto, que vai ser observado tanto no corpo como nos prolongamentos e é constituído por neurotúbulos (microtúbulos) e neurofilamentos (filamentos intermediários). Essas estruturas estão envolvidas em outra função além de suporte estrutural. • Citoesqueleto - no corpo, possuem função estrutural e, principalmente, nos axônios, os microtúbulos vão ser abundantes, mais que os neurofilamentos, funcionando no transporte axo- plasmático, transporte que acontece nos axônios. Transporte axo-plasmático: neurotransmissores são produzidos no corpo do neurônio e vão ser transportados através dos axônios até os terminais axonais, onde vão acontecer as sinapses, ou seja, através desse microtúbulo no citoesqueleto do axônio, essas vesículas contendo neutransmissores vão sendo transportadas ate os terminais axonais. Tanto num transporte anterógrado, do corpo para os terminais, quanto retrógrado, dos terminais para o corpo celular, pois toda degradação através da digestão lisossomal, acontece no corpo celular. Microtúbulos promovem o transporte axônico, junto a proteína de transporte (anterógrado – cinesina, mais rápido / retrógrado – dineína), gerando um transporte ativo com gasto de ATP. Já nos dendritos, os neurofilamentos são mais abundantes que os microtúbulos. Ultraestruturalmente, locais no corpo do neurônio onde essas organelas, RER e ribossomos livres que são estruturas envolvidas na síntese proteica, ficam concentradas. Numa coloração de rotina, no microscópio óptico, ou seja, estruturalmente, esses locais com organelas concentradas apresentam manchas basófilas e essas manchas basófilas são chamadas de corpúsculos ou substâncias de Nissl. • Prolongamentos: Dendritos - apresentam algumas organelas, a grande maioria fica mais próxima, exceto Golgi pouco evidenciado nos dendritos, ao corpo do neurônio e quanto mais distante a esse corpo, menos organelas se encontram nesses dendritos (ultraestrutura). - Superfície receptora, isto é, são as terminações aferentes que recebem os estímulos do meio, de células epiteliais sensoriais ou de outros neurônios. - Se ramificam em bastante quantidade e a cada ramificação, vão se tornando mais delgado. - Não sofrem mielinizados, normalmente. Axônios - em toda a sua porção, encontra-se pouquíssimas organelas, possuindo mitocôndrias e algumas vesículas do retículo sarcoplasmático liso. - Estruturalmente, possui um aspecto claro, calibroso. Ultraestruturalmente, possui poucas organelas, principalmente mitocôndrias e vesículas de REL, o que predomina são elementos do citoesqueleto, principalmente microtúbulos. - Superfície condutora. É um prolongamento eferente, ou seja, conduz os impulsos a outro neurônio. - Mantém o seu calibre em toda a sua extensão e se ramifica pouco, basicamente apenas nos terminais axonais ocorre ramificação e essa ramificação terminal é chamada de telodendro, fica próximo das áreas sinápticas. Eventualmente, um axônio pode emitir um colateral (ramificação) ao longo de sua extensão. - Sofrem mielinização (acelera o movimento do potencial de ação, presença de vesículas do retículo sarcoplasmático liso. § Bainha de mielina: é um isolante elétrico e isolante elétrico, vão existir alguns pontos desprovidos desse isolamento elétrico, produzindo os nós de ranvier. Nesses nós, vão acontecer as despolarizações ou trocas de íons e dessa forma, como há várias áreas isoladas, o impulso é saltatório e mais rápido pois tem poucas áreas sem isolamento elétrica. A fibra mielínica faz com que o impulso passe mais rapidamente. Quanto mais mielínica/calibrosa for a fibra, mais rápida a passagem de impulso. M1 – 4001 | Lucas Ferreira PR2 Sistemas Orgânicos Integrados I - Histologia PR2 • Constituição Lipoproteica. • Envolve os tratos nervosos no Sistema Nervoso Central e Periférico. • Atua como isolante elétrico e facilita a transmissão do impulso nervoso. • SNC é produzida por células chamadas oligondendrócitos e sua produção é iniciada a partir de estímulos de outras células do SNC, os astrócitos. • SNP é produzida pelas células de Schwann, sua produção é iniciada a partir da presença do axônio. Potencial de ação e mielinização: o potencial de ação chega à parte inicial do axônio, conhecida como segmento inicial, porém, esse potencial não pode passar pelos pontos mielinizados doaxônio, pulando para os pontos amielinizados, os nós de Ranvier, assim promovendo rapidez ao impulso. Formação da bainha de mielina Etapa 1 - axônio penetra no sulco existente no citoplasma da célula de Schwann. Etapa 2 - as bordas do sulco fundem-se para formar um mesaxônio, havendo também fusão das camadas externas das membranas plasmáticas. Etapa 3 - o mesaxônio enrola-se várias vezes em torno do axônio, o número de voltas é que determina a espessura da bainha de mielina. Mielinização das fibras Fibras mielínicas: formação de bainha de mielina pelos oligodendrócitos e células de Schwann. Fibras amielínicas: no SNC não são envolvidas pelos oligodendrócitos e no SNP podem ficar em reentrâncias das células de Schwann, porém não formam uma bainha de mielina. Várias fibras amielínicas podem ficar entre recessos das células de Schwann, são classificadas como amielínicas por não ter camadas concêntricas. Em resumo, no SNP, tanto as fibras amielínicas quanto as mielínicas tem uma relação muito próxima com a células de Schwann. As amielínicas não tem a bainha de mielina, no entanto ficam no recesso do citoplasma da célula de Schwann. Classificação dos neurônios quanto ao seu prolongamento: • Multipolar – é o mais abundante do sistema nervoso, está em quase todas as áreas do sistema nervoso, na medula espinhal, ponte, cerebelo, etc. Possui vários ramos dendríticos e um único ramo axonal saindo do corpo do neurônio, ou seja, vários dendritos e um axônio. • Bipolar – Se tiver um ramo dendrítico e um ramo axonal saindo do corpo celular do neurônio, isto é, possuem um pólo dendrítico e axonal. Não são muito abundantes, existem em algumas áreas restritas como na retina. • Pseudo-unipolar – Possui um único prolongamento saindo do seu corpo e esse prolongamento se bifurca e um desses prolongamento funciona como dendrito, que vai pra periferia, e o outro como axônio, que vai para o sistema nervoso central. É tipo de uma estrutura do SNP que são os gânglios sensitivos ou gânglios da raiz dorsal do SNP. Classificação dos neurônios quanto à função: • Sensoriais, sensitivos ou recebem aferência (aferentes) – geralmente está fora do SNC e se contacta com um neurônio do SNC. Numa perfuração do dedo com um alfinete, essa informação vai em direção ao sistema nervoso central, portanto, é um neurônio sensorial. Isto é, recebem estímulos sensoriais do meio e do próprio organismo e os conduzem para o SNC central para o processamento. • Interneurônios – Neurônios integradores que estão em meio a um circuito, ou seja, estabelecem conexões entre um neurônio aferente e um neurônio eferente, como o exemplo do reflexo motor ao colocar as mãos em uma superfície quente ou espetar o dedo. • Motores (eferentes) – Geralmente, os neurônios motores são os que saem do SNC, ou seja, o corpo deles está no SNP e o axônio deles vai manter contato com outros neurônios fora do SNC ou com, por exemplo, uma glândula ou um músculo estriado esquelético. Podem estar na medula espinhal e no córtex cerebral. M1 – 4001 | Lucas Ferreira PR2 Sistemas Orgânicos Integrados I - Histologia PR2 Aplicação clínica: A Esclerose Múltipla (EM) trata- se de uma doença neurológica desmielinizante autoimune crônica provocada por mecanismos inflamatórios e degenerativos que comprometem a bainha de mielina que revestem os neurônios das substâncias branca e cinzenta do sistema nervoso central. Alguns locais no sistema nervoso podem ser alvo preferencial da desmielinização característica da doença, o que explica os sintomas mais frequentes: o cérebro, o tronco cerebral, os nervos ópticos e a medula espinhal. A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma doença neuromuscular progressiva causada pela morte dos neurônios motores do córtex cerebral, do tronco encefálico e da medula espinhal. A perda do controle nervoso dos músculos estriados esqueléticos leva à sua degeneração e posterior atrofia. Classificação dos neurônios quanto à forma: • Piramidal – São os do córtex cerebral que possuem uma forma triangular, os ramos dendríticos saem dos vértices do triângulo e o axônio sai da base, sendo multipolar, piramidal. • Estrelado – Como a maioria dos neurônios da medula espinhal. Lembra uma estrela e é multipolar pois possui vários dendritos e um axônio. • Piriforme – Lembra a forma da pêra. Multipolar, tendo vários dendritos saindo da parte mais delgada e o axônio saindo da base. Sinapse: Os locais de contato entre dois neurônios ou entre um neurônio e a célula efetora (músculo) são as sinapses. As que envolvem a passagem de íons através de canais entre as membranas das células são elétricas, e aquelas com a liberação de mediadores químicos são as químicas. Nas sinapses elétricas, os íons são transmitidos de uma célula à outra por junções comunicantes, enquanto nas químicas, é necessário a despolarização da membrana para liberação de vesículas que contém neurotransmissores. Dependendo do neurotransmissor, a sinapse pode ter uma resposta excitatória ou inibitória. Axossomática: quando é entre um axônio e outro. Axodendrítica: quando é entre um axônio e um dendrito. Axoaxônica: quando é entre dois axônios Axônio-fibras musculares: quando é entre um axônio e uma célula efetora (fibra muscular). Também há a comunicação feita com as fibras musculares. Para o músculo contrair, é necessário um estímulo nervoso. Geralmente, tem-se um axônio numa região chamada de placa motora, contactando uma fibra muscular e nesse local a região pré- sinaptica vai conter mitocôndrias, vesículas contendo neurotransmissores e esses neurotransmissores (acetilcolina - ACh) são lançados nesse espaço que é a fenda sináptica na junção mioneural e alí se ligando a receptores na membrana da fibra muscular, causando a despolarização da membrana da fibra muscular. Os túbulos T que são invaginações do sarcolema estão próximos a cisternas terminais do retículo sarcoplasmático e essa despolarização estimula a liberação de cálcio desse retículo sarcoplasmático para o sarcoplasma da fibra muscular esquelética, promovendo a mudança de conformação de proteínas do citoesqueleto importantes no processo de contração. Neurônio tem função de conduzir estímulos elétricos e essa condução se dá pela despolarização da membrana que vai até o terminal pré-sináptico. Terminal pré sináptico em geral, vai ser um terminal axonal (axônio). Vai haver abertura de canais de cálcio na área do terminal pré sináptico, canais que estão na membrana desse terminal. A entrada de cálcio nessa área vai promover o direcionamento e fusão das vesículas que contêm neurotransmissores na membrana pré-sináptica, ou seja, vão se fusionar na membrana pré-sináptica a partir da entrada de cálcio nesse local. E esses transmissores vão ser M1 – 4001 | Lucas Ferreira PR2 Sistemas Orgânicos Integrados I - Histologia PR2 liberados no espaço denominado fenda sináptica, se ligando a receptores (enzimas e complexos proteicos) na área do terminal pós sináptico e partir dessa ligação há a passagem do estímulo elétrico. Terminal pós-sináptico pode ser o corpo celular ou o dendrito (normalmente). Muitas vezes restos dos neurotransmissores podem permanecer na fenda, podendo ser recuperados e conduzidos até o corpo celular do neurônio novamente, há uma certa recuperação das membranas de algumas moléculas e isso é conduzido ao corpo do neurônio. Local pré-sináptico possui muitas mitocôndrias, elementos de citoesqueleto (microtúbulos e neurofilamento) e vesículas contendo neurotransmissores. Em resumo, pode acontecer entre neurônios, como também pode acontecer entre neurônios e fibras musculares. O Sistema Nervoso Central é formado por duas porções: (1) a substância branca e (2) a substância cinzenta, que se arranjam diferentemente na medula espinal e no encéfalo. 1) Substância branca: formadaessencialmente por axônios com mielina e células da glia (muitos oligodendrócitos no SNC), não possui corpos celulares. No encéfalo está localizado internamente enquanto que na medula está externo à substância cinzenta. Nervos: estruturas do SNP onde estão concentrados os axônios, portanto são análogos às substâncias brancas no SNC. É o conjunto de fibras nervosas. • Fibras nervosas mielínicas, cor esbranquiçada é dada pela abundancia de mielina. • Células neurogliais. Núcleos profundos do cerebelos ou núcleos da base do cérebro - são áreas onde tem concentrados corpos celulares de neurônios com conexões anatômica e funções dentro do substância branca no SNC, ou seja, grupo de neurônios localizados em meio a substância branca do SNC. 2) Substância cinzenta: formada por: corpos celulares dos neurônios e células da glia, como astrócito protoplasmáticos, poucos oligodendrócitos e micróglias; axônios sem bainha de mielina. No encéfalo está localizado na periferia ou mais externa e na medula é central. Gânglios: são áreas do SNP onde estão concentrados os corpos do neurônio, portanto são análogas às substâncias cinzentas no SNC. • Agregados de corpos neuronais. • Fibras amielínicas. • Células neurogliais. Tratos ou fascículo - conjuntos de axônios no SNC, conjunto de fibras nervosas que normalmente apresentam a mesma origem, destino e função no SNC. Geralmente tem a mesma origem, destino e função. TRATO no SNC é conjunto de axônio, enquanto no SNP é nervo. Células da neuróglia: possuem a função de proteger, nutrir e sustentar os neurônios. São 5 principais: • Astrócitos: na substância cinzenta, vão ser chamados de astrócitos protoplasmáticos e na substância branca vão ser chamados de astrócitos Junção mioneural ou neuromuscular Substância cinzenta Substância branca M1 – 4001 | Lucas Ferreira PR2 Sistemas Orgânicos Integrados I - Histologia PR2 fibrosos. São as maiores e mais numerosas células da glia do SNC, são estrelados, possuem um núcleo grande, ovoide, cromatina frouxa e nucléolo central. Seu citoplasma contém a proteína ácida fibrilar glial e os astrócitos comunicam-se uns com os outros por junções gap. São classificados em protoplasmáticos ou fibrosos segundo a quantidade e o comprimento dos prolongamentos. - Os protoplasmáticos apresentam ramificações, ou seja, muitos prolongamentos, curtos e espessos, encontrados na substância cinzenta. - Os fibrosos exibem menos prolongamentos, porém mais alongados, ou seja, mais longos, encontrados na substância branca. Apesar dessas diferenças morfológicas, os astrócitos possuem a mesma função. Tais células promovem a sustentação e nutrição dos neurônios, participam no controle da composição iônica do ambiente extracelular e realizam a comunicação entre neurônios e capilares sanguíneos. Quando os prolongamentos tocam os vasos sanguíneos e os neurônios, eles sofrem uma dilatação chamada de pé vascular, que funciona como uma barreira, de modo que a passagem de substâncias entre o sangue e os neurônios é feita seletivamente. Essa barreira hemato-encefálica é constituída também pela lâmina basal e pela própria baixa permeabilidade do vaso sanguíneo, promovendo dessa forma, a nutrição neuronal a partir dos astrócitos. Barreira hemato-encefálica: limita o acesso de substâncias ao SNC, deve ser um ambiente controlado e isolado, caso contrário, pelo fluxo de íons no plasma sanguíneo, poderia se excitar muito ou pouco (toxinas), causando disfunções. Existem experimentos que dizem que, quando há astrócitos, há a manutenção das junções de oclusão entre as células endoteliais. - Substâncias lipossolúveis, CO2, O2, H2O, vitaminas, glise, algumas drogas e íons atravessam a barreira por difusão. Barreira ou membrana pio-glial: a pia-máter recebe numerosos prolongamentos dos astrócitos do tecido nervoso, constituindo assim a barreira pio- glial. Denomina-se gliose o aumento no número e/ou volume dos astrócitos e deposição de fibrilas gliais no tecido nervoso central. Uma área de gliose recente contém muitos astrócitos gemistocíticos. Em uma área de gliose antiga o tecido tem aspecto ricamente fibrilar (tecido cicatricial fibroso), sendo as fibrilas delicadas e eosinófilas. Podem ocorrer por vários fatores, como o avançar da idade (envelhecimento normal), e/ou associação com as doenças crônicas relatadas acima. Outras vezes, pode ter sido um pequeno AVC, devido a pequenas isquemias prévias (como se fossem pequenos focos do cérebro onde faltou oxigenação, e aquela área “morre”), e o que se vê no exame de ressonância magnética ou tomo é uma alteração do sinal ou densidade do tecido do cérebro semelhante à gliose. Obs: A forma estrelada dos astrócitos não é evidente por HE, sendo necessário o uso de métodos especiais, como a impregnação por prata. Normalmente, num corte histológico, não é possível observar diferenciar os subtipos de células gliais. É possível ver os núcleos apenas. • Micróglia: Estão presentes na substância cinzenta e na substância branca do SNC. Faz parte do sistema mononuclear fagocitário, sendo assim, células apresentadoras de antígeno, ou seja, são macrófagos especializados responsáveis por fagocitar substâncias e organismos que conseguem ultrapassar a barreira hematoencefálica. Atuam contra vírus, bactérias e tumores no SNC. São células pequenas e alongadas, com prolongamentos curtos e irregulares. Seus núcleos são escuros e alongados, contrastando com os núcleos esféricos das células ao redor. • Oligodendrócitos: Vão estar relacionados à formação da bainha de mielina no SNC, ou seja, vai estar na região de substância branca. Apresenta prolongamentos e esses prolongamentos podem contactar um seguimento de um axônio promovendo a mielinazação daquele seguimento. São responsáveis produzir a bainha de mielina, um isolante elétrico para os neurônios do SNC, visto que seus prolongamentos se enrolam em volta do axônio produzindo uma região com várias camadas de membrana proveniente dos prolongamentos contendo lipídeos e proteínas. Um único oligodendrócito pode produzir a bainha de mielina em inter-nós de vários axônios diferentes (observe abaixo). Contudo, o envolvimento por mielina não é contínuo ao longo do axônio, entre pequenos segmentos há uma área nua, o nódulo de Ranvier, com alta densidade de canais de Na+ (permitindo o impulso saltatório). São pequenos e com poucos prolongamentos. Ao M1 – 4001 | Lucas Ferreira PR2 Sistemas Orgânicos Integrados I - Histologia PR2 microscópio eletrônico, observam-se RER, ribossomos e mitocôndrias em abundância, mas não há filamentos intermediários, nem lâmina basal. • Células de Schwann: são células exclusivas do SNP. Vão estar nos nervos, promovendo a função de mielinização no SNP, ou seja, também possuem a função de produzir a bainha de mielina, porém se localizam em volta dos axônios do SNP. Cada célula de Schwann forma a mielina (derivada de sua membrana plasmática) em torno de um segmento de um único axônio. Ela abraça o axônio, se funde e dá várias voltas formando camadas concêntricas em espiral. Um axônio mielínico tem vários inter-nós, cada inter- nó é mielizado por uma célula de Schwann diferente. O citoplasma da célula e o núcleo ficam para periferia. Até mesmo as fibras amielínicas ficam em reentrâncias das células de Schwann, num sulco citoplasmático da célula. São alongadas, não possuem prolongamentos, com núcleo elíptico, Golgi pouco desenvolvido e poucas mitocôndrias. Contêm GFAP (proteína ácida fribrilar glial) e são circundadas pela lâmina externa. • Células ependimárias ou ependimócitos: possuem um arranjo epitelióide e revestem as cavidades do SNP, sejam os ventrículos encefálicos, sejam o canal central da medula. Significa dizer que elas se colocam lado a lado e unem-se por desmossomos, lembrando um tecido epitelial,mas não se apoiam sobre uma lâmina basal. Sua função é a de revestir os ventrículos encefálicos e o canal medular da medula espinhal. Como são ciliadas, movimentam o líquido cefalorraquidiano ou liquor no interior dos ventrículos e do canal medular. Os microvilos estão ligadas a reabsorção do liquor. São células cilíndricas ou cúbicas, com microvilos e, muitas delas, ciliadas, conectadas por desmossomos. O núcleo é ovoide, basal e com cromatina condensada. Ependimócitos revestindo o canal medular: • Nervos: No sistema nervoso periférico, o análogo a substância branca é o nervo. Lá no SNP, as fibras nervosas, conjunto de axônios agrupam-se em feixes, dando origem aos nervos. Devido ao seu conteúdo em mielina e colágeno, os nervos são esbranquiçados. O principal componente neural encontrado no nervo é o axônio, mielínico ou amelínicos. Presença de células de Schwann em ambas as fibras. Nervos podem ser mistos, motores ou sensoriais, depende do tipo de fibra que passa pelo nervo. No nervo vão ter células gliais também, as células de Schwann. Os nervos vinculados a medula espinhal, os nervos raquidianos, são, na sua totalidade, nervos mistos, porém alguns nervos cranianos podem ser apenas motores e alguns podem ser apenas sensoriais. Qual a importância dos nervos? O terminal do axônio chamado de telodendro contacta uma fibra muscular estriada esquelética e essa relação entre o nervo e músculo é muito importante para o processo de contração muscular, ou seja, para que aja contração, é importante que haja inervação que promove a despolarização da membrana da fibra muscular em função da ligação de neurotransmissores (acetilcolina – Ach) com os receptores de membrana da fibra muscular. A placa motora é ramificação do axônio, cada um dos seus ramos se contactam com uma fibra muscular estriada esquelética. Relembrando: acetilcolina é lançada na região da fenda sináptica na junção mioneural e alí se liga a M1 – 4001 | Lucas Ferreira PR2 Sistemas Orgânicos Integrados I - Histologia PR2 receptores de membrana da fibra muscular, causando a despolarização da membrana da fibra muscular, os túbulos T que são invaginações do sarcolema estão próximos a cisternas terminais do retículo sarcoplasmático e essa despolarização libera cálcio desse retículo sarcoplasmático para o sarcoplasma da fibra muscular estriada esquelética, promovendo, então, a mudança de conformação de proteínas do citoesqueleto importantes para realização do processo de contração. A neurotransmissão da fibra muscular finaliza quando a acetilcolina é removida da fenda sináptica. Bainhas conjuntivas dos nervos: O tecido de sustentação dos nervos é constituído por uma camada fibrosa mais externa de tecido conjuntivo denso, o epineuro, que reveste o nervo e preenche os espaços entre os feixes de fibras nervosas. Cada um desses feixes é revestido por uma bainha de várias camadas de células achatadas, justapostas, que se unem por junções oclusivas, o perineuro, ou seja, envolve cada feixe de axônio. Essa barreira à passagem de muitas macromoléculas é um importante mecanismo de defesa contra agentes agressivos. Bainha perineural: Células epitelióides do perineuro que são unidas por junções de oclusão. Dentro da bainha perineural encontram-se os axônios constituintes dos feixes, com um envoltório conjuntivo constituído principalmente por fibras reticulares sintetizadas pelas células de Schwann, chamado endoneuro. Em resumo: • Epineuro: Tecido Conjuntivo denso colágeno, não modelado; envolve todo o nervo (vários feixes de axônio). • Perineuro: Tecido Conjuntivo menos Denso; envolve um feixe de axônios ou fibras nervosas. • Endoneuro: Tecido Conjuntivo de Fibras reticulares; envolve cada uma das fibras nervosas. • Gânglios: estrutura encapsulada (cápsula conjuntiva fina de tecido conjuntivo normalmente denso) do sistema nervoso periférico onde observa- se a presença de muitos corpos de neurônios e, além desses corpos, os núcleos menores ao redor do corpo do neurônio são núcleos de células gliais, as células satélites. Gânglios intramurais - vão possuir neurônios multipolares, ou seja, dependendo do gânglio pode- se ter neurônio multipolar ou até pseudo-unipolar, não são capsulados e possuem camada de células satélite incompletas. M1 – 4001 | Lucas Ferreira PR2 Sistemas Orgânicos Integrados I - Histologia PR2 Gânglios sensoriais - gânglios sensitivos ou da raiz dorsal da medula espinha - neurônios pseudounipolares, sendo o axônio mielinizado (cranianos e espinhais). Gânglios sensoriais do nervo acústico tem neurônios bipolares. Gânglios motores - sistema nervoso autônomo (neurônios multipolares ou pós-ganglionar). O axônio desses neurônios é, na maioria das vezes, amielínicos. Tanto gânglios motores como sensoriais possuem cápsula de tecido conjuntivo que representa continuação do epineuro e são rodeados por células satélites, que assim como as células de Schwann, derivam das células pluripotentes da crista neural. Bainha perineural: Células epitelióides do perineuro que são unidas por junções de oclusão. Essas células satélites se dispõem em torno do corpo de cada neurônio e da porção proximal de seu axônio, formando uma bainha em torno de cada corpo celular. Cada corpo celular rodeado pela bainha de células satélite formam uma unidade morfológica e funcionalmente distinta. Essas células gliais satélites estão, ainda, acopladas entre si por junções aderentes e separadas da bainha perineural vizinha. Processo de regeneração do nervo: • No nervo lesionado deve-se diferenciar a parte da fibra que na lesão sofrida foi desligada do seu neurônio e a parte que continua unida ao neurônio. • Quando ocorre a lesão, uma pequena extensão da fibra lesada que está ligada ao pericário degenera, mas seu crescimento se inicia logo que os restos alterados são removidos por macrófagos. • As células de Schwann vão se proliferar formando colunas celulares compactas e essas colunas vão servir de guias para os axônios que iram crescer durante a fase de regeneração. • A parte que ficou unida ao axônio cresce e ramifica formando vários filamentos que vão progredir em direção as colunas de células de Schwann. • A eficiência funcional da regeneração vai depender das fibras ocuparem as colunas de células de Schwann destinadas aos locais certos. M1 – 4001 | Lucas Ferreira PR2 Sistemas Orgânicos Integrados I - Histologia PR2 Aplicação clínica: Durante uma fratura ou deslocamento da coluna, as vértebras que normalmente protegem a medula podem matar ou danificar as células. Teoricamente, se o dano for confinado à massa cinzenta, os distúrbios musculares e sensoriais poderão estar apenas nos tecidos que recebem e mandam sinais aos neurônios “residentes” no nível da fratura. Por exemplo, se a massa cinzenta do segmento da medula onde os nervos rotulados C8 for lesada, o paciente só sofrerá paralisia das mãos, sem perder a capacidade de andar ou o controle sobre as funções intestinais e urinárias. Nesse caso, os axônios levando sinais para “cima e para baixo” através da área branca adjacente continuariam trabalhando. Em comparação, se a área branca for lesada, o trânsito dos sinais será interrompido até o ponto da fratura. Infelizmente, a lesão original é só o começo. Os danos mecânicos promovem rompimento de pequenos vasos sanguíneos, impedindo a entrega de oxigênio e nutrientes para as células não afetadas diretamente, que acabam morrendo; as células lesadas extravasam componentes citoplasmáticos e tóxicos, que afetam células vizinhas, antes intactas; células do sistema imunológico iniciam um quadro inflamatório no local da lesão; células da Glia proliferam criando grumos e uma espécie de cicatriz, que impedem os axônios lesados de crescerem ereconectarem. O vírus da poliomielite causa lesões na raiz ventral dos nervos espinhais, o que leva à paralisia e atrofia dos músculos.
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