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Tecido muscular cardíaco

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4001 – Lucas Ferreira 
 
Tecido muscular estriado cardíaco 
 
Origem embriológica: 
• O tecido muscular esquelético surge do 
mesoderma somático - Folheto parietal) 
• O tecido muscular cardíaco surge do mesoderma 
esplancnopleura - Folheto visceral 
• O músculo liso surge do mesoderma 
esplancnopleura e, algumas partes do 
mesoderma somático. 
 
O coração é um órgão predominantemente muscular 
pois é a atividade contrátil do músculo cardíaco que 
dá o coração a sua função de bombeador de sangue 
do organismo. 
 
Localização: 
• Presente no coração e em alguns vasos que estão 
saindo coração, ou seja, nas porções próximas das 
veias pulmonares e da aorta e no restante do vaso 
é músculo liso. 
 
Tipo de contração: 
• contínua e involuntária. O músculo cardíaco tem 
estriações, semelhantes ao músculo esquelético, 
porém não é tão bem destacado como no músculo 
esquelético. O músculo cardíaco é involuntário, 
sendo controlado pela atividade parassimpática e 
simpática do sistema nervoso autônomo. 
 
CC: Após um infarto de miocárdio, encontra-se 
proteínas circulantes no sangue. São exemplos, a 
troponina e mioglobina – que auxilia a hemoglobina 
na oxigenação muscular, com maior afinidade de 
ligação com o oxigênio. 
No infarto, falta vascularização, deixando de levar 
oxigênio e nutrientes em determinado ponto do 
coração. As células que deixaram de ser nutridas e 
oxigenadas vão morrer e vão ser substituídas por 
tecido conjuntivo. Os miócitos cardíacos não tem a 
capacidade regenerativa, caso haja alguma lesão ao 
tecido muscular cardíaco, fibroblastos irão proliferar 
no espaço lesionado e preenchê-lo com fibras de 
colágeno, formando uma espécie de tecido cicatricial 
fibroso (conjuntivo). A partir daí, as células 
musculares ao redor do tecido cicatricial, vão ter uma 
demanda maior de trabalho, pois o tecido conjuntivo 
não possui capacidade contrativa, induzindo uma 
hipertrofia compensatória, aumento de volume 
celular. 
 
Essa hipertrofia compensatória se dá pelo aumento de 
síntese proteica que vai ser estimulado pela alta 
demanda de trabalho pelas células musculares. As 
miofibrilas formam a fibra muscular e elas são 
formadas por unidades morfofuncionais, os 
sarcômeros, que são quase que essencialmente 
proteicos. Então, esse aumento de síntese proteica vai 
acarretar no aumento do volume dos sarcômeros, das 
miofibrilas e, consequentemente, das fibras 
musculares. 
 
§ Não faz mitose se não teríamos uma hiperplasia 
(aumento de número celular). 
 
 
Características estruturais: 
• Presença de estrias, estruturas do citoesqueleto 
que cortam transversalmente as células 
musculares - estrias transversais. 
 
• Um ou dois núcleos ovais e no centro da célula. 
O núcleo das fibras musculares cardíacas está no 
centro da fibra e, ao contrário as fibras musculares 
esqueléticas que são multinucleadas, essas fibras 
costumam ter um ou dois núcleos apenas. 
 
• Células alongadas, grandes, porém menores do 
que as da musculatura estriada esquelética. 
• Ramificadas - dicotomia. 
• Anastomosada (uma célula unida a uma outra 
célula). 
• Discos intercalares ficam entre as células fazendo 
essa anastomose: linhas transversais fortemente 
coradas que aparecem em intervalos irregulares 
ao longo das 
• Células com morfologia irregular por conta das 
ramificações, num corte transversal. 
 
 
Características ultraestruturais: 
• Sarcômeros - esses sarcômeros são as estrias 
vistas nas características estruturais. 
• Muitas mitocôndrias, bem volumosas e bem 
desenvolvidas. 
As fibras musculares cardíacas também apresentam 
uma quantidade muito maior de mitocôndrias em seu 
sarcoplasma, do que se comparado com as fibras 
musculares esqueléticas. São bem desenvolvidas por 
conta da alta demanda de ATP na contração contínua. 
• Complexos juncionais, estruturalmente, são os 
discos intercalares e são junções comunicantes ou 
do tipo GAP, zônulas de adesão e desmossomos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4001 – Lucas Ferreira 
 
 
 
 
 
Esses complexos juncionais vão ser importantes na 
união e adesão das células musculares, pois durante 
a contração e relaxamento elas devem estar aderidas 
e no processo de contração, por conta da passagem 
de íons sinapse elétrica, ou seja, passagem de 
estímulo através dessas junções comunicantes. 
 
• Zônulas de adesão: ao contrário do epitélio, são 
dispostas de forma irregular. 
• Desmossomos: atuam tanto na zônula de 
adesão quanto nas regiões onde existem junções 
gap e sua importância é de impedir que as células 
cardíacas se desarranjem durante a atividade 
contrátil. 
• Junções comunicantes tipo gap: são essenciais 
para o bom funcionamento contrátil do coração 
pois são por essas junções comunicantes que 
passam íons que fazem com que uma célula excite 
a outra, de tal forma que o potencial de ação 
gerado em apenas um ponto do coração - células 
marca-passo, possa se propagar para todas as 
células do coração, como em uma forma sincicial 
(sincício cardíaco). 
 
• Grânulos de glicogênio: armazenamento de 
glicose. Com contração contínua há a alta 
demanda de glicose para a produção de ATP na 
respiração celular. 
 
Contração Muscular: 
§ Retículo sarcoplasmático e sistema de 
túbulos T: o retículo sarcoplasmático é 
conectado com os túbulos das cisternas 
transversais de forma menos intensa e 
desenvolvida do que nas fibras musculares 
esqueléticas de tal forma que além das tríades, 
exista a presença das díades. Vão ser díades pois 
os túbulos T, invaginações transversais do 
sarcolema - membrana plasmática do músculo, 
ficam na linha Z, isso vai fazer com que ele só 
precise de um túbulo T e uma cisterna terminal 
de retículo sarcoplasmático. Já no músculo 
estriado esquelético, os túbulos T e duas 
cisternas de retículo (tríades) ficavam entre a 
banda A e banda I. 
 
O retículo sarcoplasmático funciona como 
reservatório, armazenando íons de Ca++ e é uma 
especialização do retículo endoplasmático liso, ou 
seja, é um retículo endoplasmático liso modificado. Ele 
é menos desenvolvido no músculo. Então, há pouco 
cálcio armazenado e muita disponibilidade de cálcio no 
sarcoplasma, pois esse músculo está contraindo e 
relaxando continuamente, sem necessidade de grande 
armazenamento. 
 
Mecanismo do complexo retículo sarcoplasmático-
túbulos T: despolarização acontecendo a partir do 
estímulo nervoso passando pelos túbulos T, fazendo 
com que se abram os canais de cálcio do retículo 
sarcoplasmático e o cálcio saia do retículo para o 
sarcoplasma. 
 
Etapas do processo de contração muscular 
cardíaca: 
Etapa 1 – Estímulo nervoso chega pelos túbulos T, 
provocando a despolarização de membrana. Os 
estímulos chegam e se propagam através da 
membrana e também, através das junções 
comunicantes, para todas as células musculares 
cardíacas, tonando o músculo cardíaco um sincício e 
levando a abertura dos canais de cálcio e a saída 
desse íon, do retículo sarcoplasmático para o 
sarcoplasma. 
 
Etapa 2 – O cálcio disponível no sarcoplasma, se liga 
a subunidade TnC da troponina. A partir dessa 
ligação, a troponina vai mudar de conformação, 
empurrando a tropomiosina pro sulco entre os dois 
filamentos de actina, expondo os sítios de ligação da 
actina. 
 
Etapa 3 – E então, com a exposição dos sítios de 
ligação, a cabeça da miosina se liga a actina com 
uma atividade ATPase, ou seja, hidrolisando ATP, 
puxando para o centro os filamentos finos, 
promovendo o encurtamento do sarcômero. O 
somatório de encurtamentos das unidades 
morfofuncionais (sarcômeros) é chamado de 
contração muscular. 
 
Sarcômero: 
• Unidade morfofuncional do músculo. Formado 
por bandas claras e escuras que são compostas 
por filamentos contráteis (actina e miosina) e 
intermediários (de ancoragem). 
• As linhas Z delimitam a unidade repetitiva das 
miofibrilas, o sarcômero, que apresenta a 
metade de duas bandas I e uma banda A central 
e mede 2,5μm de comprimento no músculo em 
repouso. A contração muscular vai se dar pela 
aproximação daslinhas Z, que é provocada pela 
aproximação dos filamentos finos e espessos. 
 
 
Organização morfofuncional dos sarcômeros: 
• Filamentos finos de actina e filamentos espessos 
de miosina se organizam em bandas. No centro 
tem-se a banda A (anisotropia/banda 
anisotrópica: dependendo de onde faça o corte 
histológico, haverá substâncias diferentes – 
filamentos finos e espessos) que tem filamentos 
espessos e finos. Banda clara, ou, banda I 
(isotropia/banda isotrópica: mesma substância) 
formada por filamentos finos. No centro da 
banda A, tem-se a banda H, apenas de 
filamentos espessos. No intermédio da banda H, 
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tem-se uma linha M, que é composta por 
proteínas acessórias dos filamentos 
intermediários, a miomesina. 
 
 
 
Filamento fino: 
• É formado por actina, troponina e tropomiosina. 
Vários monômeros de actina G que se agregam 
em dupla hélice formando a actina F. Presos a 
actina F, tem-se os filamentos da proteína 
tropomiosina que tem, por sua vez, presas a ela, 
as proteínas globosas de troponina. 
 
• Actina: sítio de ligação com a miosina, ou seja, 
se liga a miosina. 
• Tropomiosina: esconde os sítios de ligação da 
actina e miosina, ou seja impede a ligação 
actina-miosina. 
• Troponina: tem afinidade ao cálcio, se ligando 
ao íon de cálcio. 
 
Tem 3 subunidades: 
TnI - se liga a actina, inibindo a interação entre a 
actina e miosina, pois quando ela estiver exposta, a 
tropomiosina vai estar “tampando” os sítios de 
ligação da actina 
TnT - subunidade da troponina que está ligada a 
tropomiosina. 
TnC - subunidade que está ligada a afinidade com os 
íons de cálcio. 
 
 
 
Filamento espesso: 
• É formado por miosina I, proteína que parece um 
bastão de golfe. 
 
• Tem a região de cabeça, que vai ter uma 
atividade ATPase, pois ela que vai quebrar ATP e 
é essa cabeça da miosina que se liga a actina e 
tem a região da haste do bastão fica esticada 
formando o filamento espesso. 
 
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Filamentos intermediários: proteínas acessórias 
que servem de ancoragem com a função de 
promover o alinhamento dos filamentos no 
sarcômero, aumentando a eficiência e velocidade da 
contração muscular. 
Em resumo: são uma serie de proteínas 
importantes que mantém essa unidade ou 
organização dos filamentos de actina e miosina. 
 
Exemplos: 
• Distrofina: proteínas que vão conectar o 
citoesqueleto da fibra esquelética (filamentos de 
actina) à matriz proteica extracelular. Essa 
ligação MEC-Distrofina se dá através do auxilio 
da laminina, assim, prendendo o sarcômero 
(filamentos de actina) ao sarcolema (MEC). 
A ausência dessa proteína causa distrofia de 
Duchenne - doença neuromuscular 
caracterizada por fraqueza e perda de massa 
muscular rapidamente progressiva, devido a 
degeneração dos músculos esquelético, liso e 
cardíaco. 
• As proteínas acessórias dos filamentos 
intermediários vão estar formando a linha M, 
como a miomesina que é importante para a 
ancoragem do filamento espesso de miosina no 
centro. 
• Esses filamentos intermediários, vão permitir a 
ancoragem dos filamentos finos de actina na 
linha Z, com a proteína alfa-actinina auxiliada 
pela nebulina. 
• As tropomodulinas que vão modular a formação 
do filamento fino, pois deve parar o crescimento 
a partir da anexação dos monômeros de actina. 
• A titina que vai prender o filamento espesso de 
miosina a linha Z. 
 
Fibra Muscular: 
 
As fibras musculares cardíacas são mais curtas 
(90 µm e cumprimento) e ramificadas, de tal forma 
que uma fibra faz projeções para as outras e as fibras 
podem se projetar longitudinalmente, 
transversalmente e obliquamente na mesma 
lamina. Significa dizer, então, que são curtas, 
ramificadas e com estriações transversais. 
 
• Uma característica peculiar das fibras musculares 
cardíacas é a presença marcante de lipofuscina - 
um pigmento castanho dourado constituído por 
fosfolipídeos e proteínas localizada próximo ao 
núcleo da célula. A lipofuscina costuma estar 
presentes em células que não se multiplicam e 
tem vida longa, como é o caso das fibras 
musculares cardíacas. 
 
Vários sarcômeros reunidos formam uma miofibrila e 
várias miofibrilas reunidas formam uma fibra 
muscular. Essa fibra muscular é envolvida pelo 
sarcolema. 
 
 
Endomísio: 
• conjuntivo frouxo associado a lâmina basal. 
Núcleos periféricos (marcado de amarelo na 
imagem em HE abaixo) de células conjuntivas 
que revestem cada fibra muscular e não da 
célula muscular. Além disso, nesse conjuntivo 
que chegam vasos para oxigenação e nutrição 
dessas células musculares, sendo importante pra 
manutenção do tecido. No tecido muscular 
esquelético, além do endomísio, encontra-se o 
perimísio e o epimísio. No cardíaco vai ter mais o 
endomísio, trazendo vascularização ao tecido 
muscular cardíaco.

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