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1 Victoria Diniz Magalhães HORMÔNIOS TIROIDIANOS Tireoide Localizada abaixo da laringe, ocupando as regiões laterais e anterior da traqueia. É uma das maiores glândulas endócrinas (15 a 20g no adulto). Secreta 2 hormônios principais: tiroxina (T4) e tri-iodotironina (T3) aumentam o metabolismo do organismo. Sua é controlada pelo hormônio estimulante da tireoide (TSH), secretado pela hipófise anterior. A tireoide também secreta calcitonina, hormônio importante para o metabolismo do cálcio. Síntese e secreção dos hormônios tireoidianos Praticamente toda T4 é convertida em T3 nos tecidos. As funções desses hormônios são qualitativamente iguais, mas diferem na velocidade e na intensidade de ação. A T3 é cerca de quatro vezes mais potente que a T4, mas está presente no sangue, em menor quantidade e persiste por um tempo muito menor meia vida da T4 é maior. Anatomia e fisiologia da tireoide Composta por grandes folículos fechados, cheios de substância secretora – chamada coloide (tireoglobulina) – e revestidos por células epiteliais cuboides que secretam seus produtos para o interior dos folículos. A secreção chega aos folículos e é reabsorvida através do epitélio folicular para o sangue. O fluxo sanguíneo tireoidiano é cerca de 5x maior que o peso da glândula a cada minuto maior do que qualquer outra área do corpo. O iodo é necessário para a formação da tiroxina (T4) O iodo é necessário para a formação de T3 e T4 ingerir 1 mg por semana (50 no ano). Para evitar a deficiência, é adicionado no sal de cozinha. O iodo ingerido é absorvido pelo TGI para o sangue. A maior parte do iodeto é rapidamente excretada pelos rins, mas cerca de 1/5 é removido do sangue circulante pelas células da tireoide e usado para a síntese dos hormônios tireoidianos. Bomba de iodo – simporte de sódio-iodeto Ocorre o transporte de iodeto do sangue para as células e folículos glandulares da tireoide a membrana basal das células tireoidianas tem a capacidade de bombear, ativamente, iodeto para o interior da célula. Isso é realizado pela ação do simporte de sódio-iodeto (NIS), que cotransporta um íon iodeto junto com 2 Victoria Diniz Magalhães dois íons sódio, através da membrana basolateral (plasma) para a célula. A energia para esse transporte vem da bomba de sódio-potássio-ATPase, que bombeia sódio para fora da célula. Captação de iodeto: processo de concentração do iodeto na célula a concentração de iodeto é cerca de 30x maior que a do sangue (pode chegar até 250x). A captação de iodeto pela tireoide é influenciada pelo TSH (estimula a atividade da bomba de iodeto nas células tireoidianas). A hipofisectomia reduz essa atividade de forma considerável. O iodeto é transportado para fora das células da tireoide, pela membrana apical, para o folículo, por meio de molécula chamada de pendrina. Tireoglobulina e formação de T3 e T4 Formação e secreção da tireoglobulina pelas células tireoidianas O retículo endoplasmático e o complexo de Golgi sintetizam e secretam a tireoglobulina (glicoproteína). Cada molécula de tireoglobulina contém cerca de 70 AA tirosina se combinam com o iodo para formar os hormônios tireoidianos (se formam no interior da molécula de tireoglobulina – fazendo parte dela). Oxidação do íon iodeto Conversão dos íons iodeto para a forma oxidada de iodo (iodo nascente I3) se combina com a tirosina. A oxidação da tirosina é promovida pela peroxidase, acompanhada de peróxido de hidrogênio (oxida iodo). A peroxidase se localiza na membrana apical da célula ou ligada a ela, produzindo o iodo oxidado, no ponto da célula em que a molécula de tireoglobulina surge. O iodo oxidado se liga a tireoglobulina (organificação), sendo armazenado no coloide da tireoide. Quando o sistema da peroxidase é bloqueado ou quando está hereditariamente ausente das células, a formação de hormônios tireoidianos cai a zero. Iodização da tirosina e formação dos hormônios tireoidianos A ligação do iodo com a molécula de tireoglobulina é chamada de organificação da tireoglobulina. Se liga a 1/6 de tireoglobulina até ser secretado no folículo. O principal produto é a tiroxina (T4). O acoplamento de molécula de monoiodotirosina com uma de di-iodotirosina, formando a tri-iodotironina (representa cerca de 1/15 do total de hormônios). Pequenas quantidades de T3 reverso (RTJ) são formadas pelo acoplamento de di-iodotirosina com monoiodotirosina, mas não função. Armazenamento da tireoglobulina Cada molécula de tireoglobulina contém cerca de 30 moléculas de tiroxina e poucas de tri-iodotironina são armazenados nos folículos em quantidade suficiente para suprir as necessidades do organismo por 2 a 3 meses. Quando a síntese de hormônios tireoidianos é interrompida, os efeitos só são observados vários meses depois. 3 Victoria Diniz Magalhães Liberação da T4 e T3 pela tireoide A tireoglobulina não é liberada para a circulação em quantidades mensuráveis é clivada formando T4 e T3 e esses hormônios livres são liberados. A superfície apical das células da tireoide emite pseudópodes que cercam o coloide e formam vesículas pinocíticas que penetram pelo ápice da célula. Os lisossomos no citoplasma se fundem com as vesículas, formando vesículas digestivas contêm enzimas digestivas dos lisossomos misturadas com o coloide. A tireoglobulina é clivada e digerida por múltiplas proteases liberam T4 e T3 em sua forma livre. Se difundem pela base da célula tireoidiana para os capilares adjacentes liberados no sangue. ¾ da tirosina iodada na tireoglobulina jamais se torna hormônio permanece como monoiodotirosina e di-iodotirosina são clivadas pela enzima deiodinase, que disponibiliza praticamente todo o iodo para a formação de novas moléculas de hormônios tireoidianos. Na ausência da deionidase, muitas pessoas podem apresentar deficiência de iodo devido à falha desse processo de reciclagem. Intensidade diária da secreção de T4 e T3: dos hormônios secretados pela tireoide 93% são T4 e 7% T3. Contudo, metade da T4 é lentamente desiodada, formando mais T3. T4 e T3 estão ligadas a proteínas plasmáticas: mais de 99% da T4 e T3, ao serem liberadas no sangue, se combinam imediatamente com diversas proteínas plasmáticas. Principalmente com globulina ligadora de tiroxina, pré-albumina e albumina. Transporte de T4 e T3 para os tecidos T4 e T3 são liberadas lentamente para as células teciduais: devido à alta afinidade dos hormônios tireoidianos com as proteínas plasmáticas. Metade de T4 sanguínea é liberada a cada 6 dias, enquanto a metade de T3 é liberada em cerca de 1 dia devido a sua menor afinidade pelas proteínas. Nas células alvo, se ligam novamente a proteínas intracelulares (ligação de T4 é mais forte) são novamente armazenadas e usadas lentamente. Ação de início lento e de longa duração: início de ação após 3 dias longo período de latência de T4. Após a atividade se iniciar, o pico se dá 10 a 12 dias; depois disso, declina com meia vida de cerca de 15 dias. Ação pode permanecer por até 2 meses. A ação da T3 começa 4 vezes mais rápido, com latência de 6 a 12 horas e pico entre 2/3 dias. O período de latência e o prolongado período de ação se dá devido as suas ligações com proteínas plasmáticas e celulares e seu modo de ação. Efeitos fisiológicos dos hormônios tireoidianos O efeito geral dos hormônios tireoidianos consiste em ativar a transcrição nuclear de grande número de genes aumento generalizado da atividade funcional de todo o organismo. 4 Victoria Diniz Magalhães Antes de agir sobre os genes, átomo de iodo é removido de quase todas as moléculas de T4, formando T3 receptores intracelulares de hormônio tireoidiano têm afinidade muito alta pela T3. Mais de 90% das moléculas de hormônio tireoidiano, que se ligam aos receptores, consistem em T3.Os hormônios tireoidianos ativam receptores nucleares Os receptores de hormônio tireoidiano estão ligados às fitas de DNA ou se localizam próximos a eles. Forma dímero com o receptor de retinoide X (RXR) nos elementos específicos de resposta hormonal tireoidiana no DNA. Ao se ligarem, os receptores são ativados e iniciam o processo de transcrição. É formado grande número de diferentes tipos de RNAm que são traduzidos nos ribossomos citoplasmáticos, formando novas proteínas intracelulares. Possuem efeitos celulares não genômicos, independentes dos seus efeitos na transcrição gênica Ocorrem no coração, hipófise e na gordura. O sítio de ação é a membrana plasmática, citoplasma e mitocôndrias. Entre as ações não genômicas estão a regulação de canais iônicos e fosforilação oxidativa e ativação de segundos mensageiros. Aumentam a atividade metabólica celular Aumenta entre 60-100% o metabolismo de quase todos os tecidos corporais. Aumenta a síntese e catabolismo de proteínas e a atividade mental e o crescimento em pessoas jovens; além da atividade endócrina. Aumentam o número e a atividade das mitocôndrias: a superfície total da membrana das mitocôndrias aumenta de modo quase diretamente proporcional ao aumento do metabolismo. Uma das principais funções da T4 pode ser, simplesmente, aumentar o número e a atividade das mitocôndrias, o que aumenta a formação de ATP para fornecer energia para as funções celulares. Entretanto, o aumento do número e da atividade das mitocôndrias poderia ser o resultado da maior atividade celular, assim como sua causa. Aumentam o transporte ativo de íons através das membranas celulares: a Na-K-ATPase eleva a velocidade de transporte de Na e K em resposta ao aumento dos hormônios tireoidianos utiliza energia e ↑ a quantidade de calor produzido pelo organismo aumenta o metabolismo corporal e a ativação da bomba. Efeito do hormônio tireoidiano sobre o crescimento Nas crianças com hipotireoidismo, o crescimento fica muito retardado. Nas com hipertireoidismo há crescimento esquelético excessivo. Importante efeito do hormônio é o crescimento e desenvolvimento do cérebro durante a vida fetal e nos primeiros anos de vida. Se o feto não secretar quantidades suficientes de hormônio, o crescimento e a maturação do cérebro ficam retardados (cérebro ↓ que o normal). Efeitos sobre mecanismos corporais específicos Estímulo do metabolismo de carboidratos: rápida captação de glicose pelas células, aumento da glicólise, gliconeogênese e absorção pelo TGI e secreção de insulina. 5 Victoria Diniz Magalhães Estímulo do metabolismo de lipídeos: mobilizados do tecido adiposo (reduz a gordura do organismo), aumenta ácidos graxos livres no plasma e acelera sua oxidação pelas células. Estímulo sobre os lipídeos plasmáticos e hepáticos: o aumento do hormônio tireoidiano reduz as concentrações de colesterol, fosfolipídios e triglicerídeos no plasma, embora aumente a de ácidos graxos livres. Ele reduz a concentração plasmática de colesterol pelo aumento da secreção de colesterol na bile e, consequentemente, sua perda nas fezes indução de maior número de receptores de lipoproteínas de baixa densidade nas células hepáticas rápida remoção de lipoproteínas do plasma e secreção do colesterol nessas lipoproteínas. Necessidade aumentada de vitaminas: hormônio tireoidiano aumenta a quantidade de muitas enzimas corporais e as vitaminas formam partes essenciais de algumas enzimas. Pode ocorrer deficiência relativa de vitaminas, quando o hormônio tireoidiano é secretado em excesso. Aumento do metabolismo basal: aumenta o metabolismo em quase todas as células, logo, seu excesso pode aumentar o metabolismo basal; quando a sua produção cessa, o metabolismo basal caí à metade. Redução do peso corporal: quantidade muito elevada de hormônio tireoidiano quase sempre reduz o peso corporal e quantidade muito reduzida, quase sempre, aumenta. Efeitos sobre o sistema cardiovascular Aumento do fluxo sanguíneo e do DC: aumento do metabolismo provoca a utilização mais rápida de oxigênio e a liberação de quantidade aumentada de produtos metabólicos. Causam vasodilatação, aumentando o fluxo sanguíneo, principalmente na pele (eliminação de calor). Como consequência do ↑ fluxo sanguíneo, o DC também ↑. No hipotireoidismo grave, caí para 50% do normal. Aumento da frequência cardíaca: hormônio tireoidiano apresenta um efeito direto sobre a excitabilidade do coração, o que eleva a frequência cardíaca. Aumento da força cardíaca: a elevação da atividade enzimática provocada por apenas ligeiro aumento da secreção do hormônio tireoidiano já é capaz de aumentar a força de contração cardíaca. Contudo, quando a secreção de hormônio tireoidiano é acentuadamente elevada, a força do músculo cardíaco fica deprimida devido ao catabolismo proteico excessivo, por longos períodos. Pressão arterial média: se mantém. Efeitos sobre o sistema respiratório: maior metabolismo aumenta a utilização de oxigênio e a formação de dióxido de carbono ativam todos os mecanismos que aumentam a frequência e a profundidade da respiração. Efeitos na motilidade GI: aumentam o apetite, a produção de secreções digestivas e a motilidade. O hipertireoidismo, portanto, frequentemente resulta em diarreia, enquanto a falta de hormônio tireoidiano pode causar constipação. 6 Victoria Diniz Magalhães Efeitos no SNC: aumenta a velocidade do pensamento. No hipertireoidismo nervosismo, tendências psiconeuróticas, como complexos de ansiedade, preocupação excessiva e paranoia. Efeito sobre a função muscular: quantidade de hormônio excessiva os músculos são enfraquecidos devido ao excesso de catabolismo proteico. Ao contrário, a falta do hormônio torna os músculos vagarosos, relaxando lentamente, após contração. Um dos sinais mais característicos do hipertireoidismo é o tremor muscular leve (freq. 10-15x /s). O tremor pode ser observado, facilmente, pela colocação de folha de papel sobre os dedos estendidos do paciente e notando-se o grau de vibração do papel. Isso se dá devido a atividade aumentada das sinapses neuronais nas áreas da medula espinhal que controlam o tônus muscular. Efeito sobre o sono: hipertireoidismo= queixa de cansaço constante; entretanto, devido aos efeitos excitatórios dos hormônios tireoidianos sobre as sinapses, o sono é dificultado. Hipotireoidismo= sonolência extrema, o sono chega a durar até 12 a 14 horas por dia. Efeitos sobre outras glândulas endócrinas: a elevação do hormônio tireoidiano aumenta a secreção de várias outras glândulas endócrinas, mas também aumenta as necessidades teciduais pelos hormônios. Por exemplo, o aumento da secreção de tiroxina eleva o metabolismo da glicose em todo o organismo, portanto, provoca elevação correspondente na necessidade de secreção de insulina pelo pâncreas. Além disso, o hormônio aumenta muitas atividades metabólicas relacionadas com a formação óssea e, com isso, a necessidade de paratormônio. O hormônio aumenta a inativação de glicocorticoides adrenais pelo fígado, isto leva à elevação, por feedback, da produção de hormônio ACTH pela hipófise anterior e, portanto, ao aumento da secreção de glicocorticoides pelas adrenais. Efeitos sobre a função sexual: em homens, a falta do hormônio frequentemente causa a perda da libido; e o excesso pode causar impotência. Nas mulheres, a falta pode causar menorragia e polimenorreia (sangramento menstrual excessivo e frequente) e, sem a tireoide pode ocorrer amenorreia. Mulheres com hipertireoidismo podem apresentar oligomenorreia (grande redução nos ciclos), ocasionando amenorreia. Regulação da secreção de hormônio tireoidiano Deve ocorrer uma secreção precisa do hormônio pelo hipotálamo e pela hipófise anterior. O TSH (tireotropina) aumenta a secreção de T4 e T3 pela tireoide. Seus efeitos são: 1) Aumento da proteólise da tireoglobulinajá armazenada nos folículos, com o resultante aumento da liberação dos hormônios tireoidianos para o sangue e diminuição da própria substância folicular. 2) Aumento da atividade da bomba de iodeto que aumenta a “captação de iodeto” pelas células glandulares, às vezes, elevando a proporção entre as concentrações intra e extracelular de iodeto na substância glandular, para até 8x o normal. 3) Aumento da iodização da tirosina, formando os hormônios tireoidianos. 4) Aumento do tamanho e atividade secretória das células tireoidianas. 7 Victoria Diniz Magalhães 5) Aumento do número de células tireoidianias, além da transformação de células cuboides em colunares e grande pregueamento do epitélio tireoidiano nos folículos. O TSH aumenta todas as atividades secretórias conhecidas das células glandulares tireoidianas. AMPc medeia o efeito estimulador do TSH: efeitos sobre as células tireoidianas resultam da ativação do AMPc. TSH se liga a seus receptores específicos, na superfície da membrana basal das células tireoidianas. Essa ligação ativa a adenilciclase na membrana, que aumenta a formação de AMPc no interior da célula. Este atua como segundo mensageiro, ativando a proteinocinase que provoca fosforilações múltiplas em toda a célula aumento imediato da secreção de hormônios tireoidianos e o crescimento prolongado do próprio tecido glandular. Secreção de TSH pela hipófise anterior: é controlada pelo hormônio hipotalâmico, o hormônio liberador de tireotropina (TRH), secretado por terminações nervosas na eminência mediana do hipotálamo. O TRH afeta diretamente as células da hipófise anterior, aumentando sua secreção de TSH. O mecanismo molecular pelo qual o TRH provoca a produção de TSH pelas células secretoras da hipófise anterior, consiste na ligação com receptores de TRH na membrana das células hipofisárias. Isso ativa o sistema de segundo mensageiro da fosfolipase no seu interior, produzindo grande quantidade de fosfolipase C, que é seguido por cascata de outros segundos mensageiros, incluindo íons cálcio e diacilglicerol que provocam a liberação de TSH. O frio é capaz de aumentar a secreção de TRH e de TSH excitação dos centros hipotalâmicos de controle da temperatura corporal. Agitação e ansiedade causam redução aguda da secreção de TRH e de TSH, talvez porque esses estados aumentem o metabolismo e a temperatura corporal e, portanto, exercem efeito inverso sobre o centro de controle da temperatura. Todos esses efeitos são mediados pelo hipotálamo. Efeito de feedback do hormônio tireoidiano A elevação do hormônio tireoidiano reduz a secreção de TSH pela hipófise anterior. A secreção de TSH caí quase a zero quando a secreção do hormônio se eleva para 1,75 do normal. Quase todo esse efeito depressor por feedback ocorre até mesmo quando a hipófise anterior é separada do hipotálamo. Substâncias antitiroidianas Tiocianato, perclorato e nitrato: promovem inibição competitiva do transporte de iodeto para a célula inibe o mecanismo de captação de iodo. A menor disponibilidade de iodeto, nas células glandulares, não 8 Victoria Diniz Magalhães impede a formação de tireoglobulina; impede a tireoglobulina formada de ser iodada e, portanto, de formar os hormônios tireoidianos. Essa deficiência de hormônios tireoidianos leva à ↑ secreção de TSH pela hipófise anterior, provocando o supercrescimento da tireoide que, apesar disso, continua incapaz de formar quantidade adequada de hormônios causa bócio. Propiltiuracil, metimazol e carbimazol: impede a formação de hormônio tireoidiano a partir do iodeto e tirosina. Bloqueiam a enzima peroxidase, necessária para a iodização da tirosina e outra parte consiste em bloquear a conjugação de duas tirosinas iodadas para formar tiroxina ou tri-iodotironina. Não impede a formação de tireoglobulina. A ausência de tiroxina e tri-iodotironina, na tireoglobulina, pode levar a grande aumento, por feedback, da secreção de TSH pela hipófise anterior, promovendo o crescimento do tecido glandular e a formação de bócio. Alta concentração de iodeto: a maior parte das atividades da tireoide é reduzida. Diminui a captação de iodeto a iodização da tirosina, para a formação de hormônios tireoidianos também reduz. Paralisa a endocitose normal de coloide, a partir dos folículos, pelas células glandulares da tireoide interrupção quase imediata da secreção de hormônio tireoidiano para o sangue. A alta concentração de iodeto reduz todas as fases da atividade tireoidiana, o tamanho da tireoide e, principalmente, sua irrigação sanguínea. Hipertireoidismo Aumento do volume da tireoide (bócio) por 2 a 3 vezes e a sua atividade em até 15 vezes. Doença de Graves Forma mais comum de hipertireoidismo. Doença autoimune, na qual anticorpos – imunoglobulinas estimulantes da tireoide (TSIs) – se formam contra o receptor de TSH na glândula tireoide. TSI atua por até 12 horas e, o alto nível de secreção do hormônio tireoidiano, causado pelo TSI, suprime a formação de TSH pela hipófise anterior. Adenoma Tumor que se desenvolve no tecido tireoidiano não associado a doença autoimune. Secreta grande quantidade de hormônio tireoidiano que suprime a produção de TSH pela hipófise, então enquanto ele continuar secretando, vai inibir a função secretória de todo o restante da tireoide Sintomas: excitabilidade, intolerância ao calor, redução da sudorese, perda de peso, diarreia, fraqueza muscular, nervosismo/transtornos psíquicos, fadiga extrema, insônia e tremores nas mãos. Exoftalmia: protrusão dos globos oculares. Ocorre em 1/3 dos pacientes e pode provocar estiramento do nervo óptico, suficiente para causar danos à visão. Os olhos podem ser lesados, pois as pálpebras não se 9 Victoria Diniz Magalhães fecham completamente ressecamento, irritação, infecção e até mesmo ulceração da córnea. A causa da protrusão ocular é o edema dos tecidos retro orbitais e alterações degenerativas nos músculos extraoculares. Regride com o tratamento para hipertireoidismo. Exames diagnósticos: medição da concentração de tiroxina livre (mais preciso). Dosagem de TSH e de TSI. Tratamento: remoção cirúrgica da maior parte da tireoide. Preparo prévio do paciente com propiltiouracil até o metabolismo basal se normalizar e então administrar iodeto 2 semanas imediatamente antes da cirurgia reduz o tamanho e a irrigação da glândula. Tratamento com iodo radiativo: a tireoide hiperplásica tóxica absorve o iodo radioativo, que destrói a maior parte das células secretórias da tireoide. As injeções são realizadas até a tireoide atingir a normalidade. Hipotireoidismo Efeitos opostos aos do hipertireoidismo. Provavelmente é iniciado por autoimunidade contra a tireoide (doença de Hashimoto), mas que destrói a glândula em vez de estimulá-la tireoidite autoimune (inflamação da tireoide) deterioração progressiva, fibrose da glândula redução ou ausência da secreção do hormônio tireoidiano. Bócio coloide endêmico Deficiência de iodo impede a produção de T4 e de T3. Como resultado, não há hormônios disponíveis para inibir a produção de TSH pela hipófise anterior, que passa a secretar quantidade excessiva desse hormônio. O TSH, então, estimula as células tireoidianas a secretar grande quantidade de coloide de tireoglobulina nos folículos e a glândula torna-se cada vez maior. Bócio coloide atóxico idiopático Pode ocorrer em pessoas que não apresentam deficiência de iodo. Podem secretar quantidade normal de hormônios tireoidianos; mas, sua secreção é reduzida, como no bócio coloide endêmico. A maioria dos pacientes que apresenta tireoidite leve. Podem apresentar: Deficiência do mecanismo de captação de iodeto: o iodeto não é bombeado adequadamente para as células tireoidianas. Deficiência do sistema da peroxidase: os iodetos não são oxidados para o estado de iodo. Deficiência da conjugação detirosinas iodadas na molécula de tireoglobulina: os hormônios tireoidianos finais não podem ser formados. Deficiência da enzima deiodinase: impede a recuperação do iodo das tirosinas iodadas que não são conjugadas para formar os hormônios tireoidianos (que representam cerca de dois terços do iodo), levando à deficiência de iodo. Alimentar: alguns alimentos contêm substâncias bociogênicas, encontradas especialmente em algumas variedades do nabo e do repolho. 1 0 Victoria Diniz Magalhães Sintomas: fadiga, sonolência, lentidão muscular, redução da frequência cardíaca, do débito cardíaco, do volume sanguíneo, aumento de peso, constipação, lentidão mental, alteração de cabelos e unhas, descamação de pele, rouquidão, mixedema, aterosclerose. Mixedema: ocorre em pacientes com ausência quase total da função do hormônio tireoidiano. Aparência edematosa em todo o corpo. Aterosclerose: a falta do hormônio o tireoidiano aumenta a concentração sanguínea de colesterol, devido à alteração do metabolismo dos lipídios e do colesterol e à redução de sua excreção hepática na bile. Exames diagnósticos: tiroxina livre baixa; TSH aumentado e dosagem de anticorpos. Tratamento: reposição do hormônio tiroidiano. Cretinismo É causado por hipotireoidismo extremo em fetos, bebês ou crianças. Ocorre deficiência do crescimento corporal e por retardo mental. Resulta da ausência congênita da tireoide (cretinismo congênito), de sua incapacidade de produzir hormônio tireoidiano devido a defeito genético, ou da ausência de iodo na dieta (cretinismo endêmico). Neonato sem tireoide pode ter aparência e função normais, por haver recebido alguma quantidade de hormônio tireoidiano materno. Mas, algumas semanas após o nascimento, os movimentos do neonato passam a ser lentos e seu desenvolvimento físico e mental ficam bastante retardados. O tratamento, em qualquer momento, do neonato com cretinismo por meio de quantidades adequadas de iodo ou tiroxina, geralmente provoca a normalização do crescimento físico; entretanto, a menos que o cretinismo seja tratado a partir de algumas semanas após o nascimento, o desenvolvimento mental permanece retardado de forma permanente. Isso ocorre devido ao retardo no crescimento, ramificação e mielinização das células neuronais do sistema nervoso central nesse momento crítico do desenvolvimento das capacidades mentais. O crescimento esquelético da criança com cretinismo está mais inibido que o do tecido mole. Como resultado dessa desproporcionalidade do crescimento, os tecidos moles apresentam probabilidade de crescer excessivamente, dando à criança aparência obesa, estrutura brevilínea e baixa estatura. Ocasionalmente, a língua se torna tão grande em relação ao crescimento esquelético, que obstrui a deglutição e a respiração, induzindo respiração gutural característica, que às vezes sufoca a criança.
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