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2 FUNDAMENTOS DE FARMACOCINÉTICA: METABOLIZAÇÃO METABOLIZAÇÃO A metabolização ou biotransformação tem como finalidade a conversão dos fármacos em moléculas mais polares, mais solúveis e menos lipossolúveis, tornando as moléculas inativas, permitindo, desta forma, sua posterior excreção. O fígado é o principal local de biotransformação, mas ela pode ocorrer, para certos fármacos, em outros tecidos, como os rins e o intestino. Metabolismo - transforma fármaco em molécula: Menos lipossulúveis Mais polares Mais hidrossolúveis Inativos* A metabolização ocorre em duas fases: As reações de Fase I que convertem moléculas lipofílicas em moléculas mais polares, introduzindo ou desmascarando um grupo funcional polar, como –OH ou –NH2. A biotransformação de Fase I pode aumentar, diminuir ou deixar inalterada a atividade farmacológica do fármaco. Já as reações de Fase II consistem em reações de conjugação. Se o metabólito resultante da Fase I é suficientemente polar, ele pode ser excretado pelos rins. Contudo, vários metabólitos de Fase I são muito lipofílicos para serem retidos pelos túbulos renais. Uma reação subsequente de conjugação com um substrato endógeno, como ácido glicurônico, ácido sulfúrico, ácido acético ou aminoácido, produz um composto polar em geral mais hidrossolúvel e terapeuticamente inativo. 3 ATENÇÃO: Nem sempre a metabolização transforma o fármaco em uma molécula inativa. Lembre-se dos PRÓ-FÁRMACOS (como o enalapril, clopidogrel, etc). Tais moléculas dependem do metabolismo para tornarem-se ATIVAS. FASE 1 • Ocorre no Retículo Endoplasmático; • Ocorre reações de Oxidação (maioria) ou Redução ou Hidrólise, gerando um derivado; • Há a adição ou expressão de um grupo polar (normalmente um OH), que será o ponto de ataque na conjugação (Fase 2), tornando já neste momento a molécula menos lipossolúvel e com menor capacidade de ser reabsorvida; • As reações de Oxidação ocorrem nas enzimas do Citocromo P450 (grande maioria dos fármacos); • Uma minoria de fármacos na fase 1 não é metabolizada pelo CYP 450, sendo metabolizados por outras enzimas (como CYP 2D6, entre outros). FASE 2 • Ocorre no citoplasma; • Ocorre a CONJUGAÇÃO, sendo que, a maioria destas reações ocorre com ÁCIDO GLICURÔNICO, por meio da enzima glucoronil transferase. • Os glicoronídeos, em geral, são INATIVOS, podendo, desta forma, serem eliminados. Fármaco 4 Fármaco Derivado Conjugado Fase I Fase II Oxidação Redução Hidrólise (Citocromo p450) Conjugação (glicoronidação) Fatores que alteram o metabolismo dos fármacos • Variabilidade Genética - A diversidade genética é um importante fator capaz de alterar o metabolismo dos fármacos, através de variações alélicas das enzimas catalíticas. Muitos indivíduos podem apresentar em sua herança genética de modo recessivo autossômico o Polimorfismo Genético, que consiste na múltipla capacidade de metabolização de fármacos. • Fatores Mórbidos - Doenças hepáticas, no geral, (Hepatites, doenças hepática por uso de álcool, cirrose, etc.) irão diminuir a capacidade de metabolização. • Idade - No geral, há diminuição da capacidade de metabolização (diminui o fluxo sanguíneo hepático) e, portanto, o uso de alguns fármacos necessita de redução de dose para impedir exacerbação da resposta terapêutica e de efeitos adversos. • Interação medicamentosa - Alguns fármacos podem provocar indução ou inibição enzimática (dos sistemas enzimáticos do Citocromo P450 [CYP-450]). Indução Enzimática do fármaco A para o B (substrato) Aumenta a SÍNTESE e atividade do CYP Aumenta o metabolismo do fármaco B Diminui o efeito terapêutico do fármaco B Exemplo: Fenitoína é um forte indutor enzimático. Se usada em conjunto com omeprazol, aumentará a metabolização do omeprazol, diminuindo seu efeito. Por vezes, a depender da condição clínica do paciente, há necessidade de ajuste de dose do omeprazol (para cima). 5 Inibição Enzimática do fármaco A parao B Bloqueio do CYP - diminui atividade Diminui o metabolismo do fármaco B Aumenta os efeitos terapêuticos e adversos do fármaco B Exemplo: Sinvastatina x Anlodipino. A anlodipino atua como inibidor metabólico da sinvastatina. Assim, aumenta a concentração sérica de sinvastatina, podendo também aumentar seu principal efeito adverso (rabdomiólise). O aumento dos efeitos adversos e terapêuticos vale para fármacos, mas não para pró-fármacos. Lembre-se que o pró-fármaco precisa da metabolização para se tornar ativo. Logo, se a metabolização não ocorre ou ocorre em menor grau, a substância disponível é a inativa. Exemplo: Clopidogrel e Omeprazol. Omeprazol é INIBIDOR enzimático e Clopidogrel é PRÓ-FÁRMACO. O uso concomitante dos fármacos impede a conversão de clopidogrel em seu metabólito ativo, portanto, diminui o efeito terapêutico de antiagregação plaquetária. APRENDENDO NA PRÁTICA QUESTÃO: Fármacos indutores enzimáticos podem exibir tolerância metabólica. Assinale a alternativa correta que representa esta afirmação: a) Necessitar de doses menores dos fármacos para evitar intoxicação e sobredose. b) Manter a dose e monitorar os efeitos destes fármacos no fígado e nos rins. c) Necessitar de doses maiores no uso crônico dos fármacos indutores enzimáticos, pois a velocidade de metabolização e eliminação serão maiores, para que se consiga atingir o objetivo terapêutico (efeito terapêutico desejado). d) Fármacos indutores enzimáticos só podem ser utilizados concomitantemente com fármacos inibidores enzimáticos para anular o efeito tóxico. e) Necessitar de doses maiores, pois os fármacos indutores enzimáticos interferem diretamente no processo farmacocinético de absorção e distribuição. Resposta: C 6 Quais os tipos possíveis de metabólitos biotransformados de fármacos? • Ativos • Inativos • Reativos ou tóxicos Essa foi a nossa aula de Fundamentos De Farmacocinética: Metabolização Um abraço, Professor Rodrigo Taminato
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