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Autor: Prof. Altair da Silva Colaboradores: Prof. Santiago Valverde Profa. Cláudia Palladino Centro de Distribuição: Estratégias e Localização Professor conteudista: Altair da Silva Professor Altair da Silva Graduado em Logística Empresarial e técnico em Processamento de Dados. Possui MBA em Gestão Empresarial pela Faculdade Radial de São Paulo. É professor titular e coordenador dos cursos de Logística na modalidade em EaD da UNIP em São Paulo. Atua com orientação dos Projetos Integrados Multidisciplinares, liderança de disciplinas e desenvolvimento de livros‑textos, como Centro de Distribuição – Estratégia e Localização e Gerenciamento de Transportes. Desenvolveu vários projetos de treinamentos e implantação de sistemas ERP em todo o território nacional para empresas como VW, Ford, Scânia e Rede Globo. Atuou como supervisor de logística em TI em organizações ligadas à área de livros e alimentos. Possui muita experiência no mercado corporativo (logística, produção e serviços), treinamento e educação. Trabalhou em diversas universidades no Estado de São Paulo, lecionando disciplinas como Produção e Logística em cursos de especialização (MBA). © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) S586c Silva, Altair da Centro de distribuição: estratégias e localização / Altair da Silva. – São Paulo: Editora Sol, 2021. 136 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517‑9230. 1. Logística. 2. Estratégia. 3. Centro de distribuição. I.Título. CDU 658.78 U510.18 – 21 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcello Vannini Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Virgínia Bilatto Vitor Andrade Sumário Centro de Distribuição: Estratégias e Localização APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 10 Unidade I 1 ESTRATÉGIA – CONCEITOS ........................................................................................................................... 11 1.1 A estratégia logística .......................................................................................................................... 13 1.2 Centro de distribuição ........................................................................................................................ 14 1.3 O que é globalização? ......................................................................................................................... 24 1.4 Comércio .................................................................................................................................................. 25 1.5 Indústria ................................................................................................................................................... 27 2 TIPOS DE CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO .................................................................................................... 29 2.1 Centro de distribuição avançado ................................................................................................... 29 2.2 Transit point............................................................................................................................................ 29 2.3 Cross docking ......................................................................................................................................... 29 2.4 Merge in transit .................................................................................................................................... 30 2.5 Centro de distribuição terceirizado ............................................................................................... 31 2.6 Por que terceirizar e quais atividades são objeto de terceirização? ................................ 32 2.7 Como avaliar se a empresa deve terceirizar serviços logísticos? ...................................... 33 2.7.1 Operadores logísticos ............................................................................................................................ 33 2.7.2 Quando decidir por um operador logístico? ................................................................................ 34 2.8 Prestadores de serviços logísticos ................................................................................................. 35 2.8.1 Conceitos .................................................................................................................................................... 35 2.8.2 Classificação dos prestadores de serviços logísticos ................................................................ 36 2.9 Que prestadores de serviços logísticos a empresa deve considerar em sua análise? .................................................................................................................................................... 37 2.9.1 Quais ferramentas de controle utilizar? ........................................................................................ 39 2.9.2 Como administrar a parceria? ........................................................................................................... 40 2.9.3 Reintegrar as atividades logísticas? ................................................................................................ 41 2.9.4 Desafios aos prestadores de serviços logísticos ......................................................................... 42 Unidade II 3 PLATAFORMA LOGÍSTICA .............................................................................................................................. 47 3.1 Vantagens e desvantagens de uma plataforma logística .................................................... 48 3.2 Plataformas logísticas em alguns países .................................................................................... 49 3.3 Plataforma multimodal ..................................................................................................................... 51 3.4 Benefícios aos usuários da plataforma ....................................................................................... 54 3.5 Exemplos de plataforma internacional ....................................................................................... 55 3.6 Investimento .......................................................................................................................................... 56 3.7 Plataforma Logística Multimodal de Goiás ............................................................................... 59 3.7.1 Acessos e conexões ................................................................................................................................ 60 3.7.2 Descrição da plataforma ......................................................................................................................61 3.7.3 Mercados potenciais .............................................................................................................................. 63 4 CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO ........................................................................................................................... 64 4.1 Tipos e funções – evolução das formas de distribuição ....................................................... 65 4.2 Atacado e varejo ................................................................................................................................... 66 Unidade III 5 TIPOS DE INTERMEDIÁRIOS E FUNÇÕES ................................................................................................ 73 5.1 Grossista ................................................................................................................................................... 73 5.2 Retalhista ................................................................................................................................................. 73 5.3 Objetivos e funções dos canais de distribuição ....................................................................... 75 5.4 Canais verticais...................................................................................................................................... 76 5.5 Canais híbridos ...................................................................................................................................... 77 5.6 Canais múltiplos ................................................................................................................................... 77 5.7 Propriedades dos canais de distribuição ..................................................................................... 78 5.8 Encurtando os canais.......................................................................................................................... 80 5.9 Definindo os canais de distribuição .............................................................................................. 81 6 PROCESSOS DE DISTRIBUIÇÃO .................................................................................................................. 86 6.1 A distribuição varia de produtos para produto ........................................................................ 87 6.2 Distribuição física ................................................................................................................................. 87 6.3 Recebimento de produtos ................................................................................................................ 88 6.4 Armazenagem de produtos .............................................................................................................. 88 6.5 Expedição de produtos ....................................................................................................................... 88 6.6 Processo de recebimento .................................................................................................................. 89 Unidade IV 7 PROCESSO DE ARMAZENAGEM ................................................................................................................ 93 7.1 Processo de expedição ....................................................................................................................... 94 7.2 Transporte ................................................................................................................................................ 95 7.3 Instalação do produto ........................................................................................................................ 96 7.4 Fatura e recebimento de pagamento ........................................................................................... 96 7.5 Sistema de distribuição “uma para um” ..................................................................................... 97 7.6 Sistema de distribuição compartilhada ou “um para muitos” .........................................100 7.7 Modalidades de transporte na distribuição de produtos ...................................................102 7.8 Conferências de fretes......................................................................................................................106 8 PROJETANDO UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO ...................................................................................109 8.1 Aspectos importantes para projetar um centro de distribuição .....................................109 8.2 Classificação ABC ...............................................................................................................................112 8.3 Alguns impostos que são decisivos na escolha de um local ............................................114 8.4 Alternativas tributárias nas operações de logística .............................................................115 8.5 Armazém geral de mercadorias ....................................................................................................115 8.6 Fluxo fiscal do armazém geral ......................................................................................................116 8.7 Operações logísticas dentro da própria empresa ..................................................................117 8.8 Gestão integrada de estoque: Just‑in‑time ............................................................................117 8.9 Centro de distribuição em regiões incentivadas ...................................................................119 8.9.1 Mercadoria em trânsito no operador logístico ........................................................................ 120 8.9.2 Armazém da zona franca de Manaus .......................................................................................... 120 8.9.3 Programação de necessidades ........................................................................................................ 122 9 APRESENTAÇÃO Caro aluno, Neste livro‑texto, realizamos um trabalho direcionado ao que existe de mais atual em termos de informações sobre as estratégias de definições de um centro de distribuição, suas vantagens e formas de atuação nesse mercado extremamente competitivo. O objetivo deste estudo é demonstrar como os centros de distribuição (CDs) têm papel fundamental e estratégico nas atividades logísticas e empresariais. Ao longo deste curso, vamos discutir assuntos ligados aos novos comportamentos e tendências das atividades de distribuição e suas estratégias. A distribuição física de produtos constitui‑se em permanente desafio logístico. A escolha do posicionamento e da função das instalações de armazenagem é uma definição estratégica. É parte de um conjunto integrado de decisões, que envolvem políticas de serviço ao cliente, políticas de estoque, de transporte e de produção que visam prover um fluxo eficiente de materiais e produtos acabados ao longo de toda a cadeia de suprimentos (LACERDA, 2000). Atualmente, essa definição tem passado por transformações profundas, envolvendo serviços que vão muito além da tradicional estocagem de curto e médio prazo. As empresas procuram cada vez mais agilizar o fluxo de materiais, comprimindo o tempo entre o recebimento e a entrega dos pedidos, para reduzir os investimentos em estoque. Nesse ambiente, o papel da armazenagem é ter a capacidade de resposta rápida, e muitos dos serviços executados visam justamente reduzir as necessidades de estoque. Acompanhando esse cenário, o mercado está migrando para a centralização de estoque, facilitando a entrega direta e contínua em cada ponto de venda, fazendo os CDs assumirem um papel de relevância logística. Com o passar dos anos, percebemos que a indústria, o comércio, bem como o atacado e o varejo, passaram por mudanças em relação aos hábitos dos consumidores, suas necessidades, expectativas e, claro, os seus próprios direitos como consumidores. O Brasil atual é amplamente diferente daquelede décadas passadas. Existe crescimento das classes sociais e evolução nas indústrias, e o consumo por novos produtos tem aumentado ao longo dos anos. A evolução tecnológica é outro fator predominante no crescimento e no consumo populacional. A preocupação com a sustentabilidade, o meio ambiente e a imagem da empresa reforçam a necessidade de melhoria e aprimoramento de suas atividades. As instituições criam novos formatos e aprimoramentos de suas atividades operacionais, comerciais e de negócios. Busca‑se a qualidade total nos setores produtivos e de serviços. Evoluir é algo tão necessário quanto introduzir novos serviços, melhorar as atividades existentes e, principalmente, buscar a redução de seus custos sem perder a qualidade. Os CDs das pequenas, médias e grandes organizações exercem um papel fundamental nesse contexto. Você, estudante e profissional da área, tem sua parcela de contribuição, afinal, é a partir deste estudo, assim como da prática, que trilharemos o caminho das mudanças e do aprimoramento de nossas atividades. 10 Unidade I INTRODUÇÃO No Brasil, os nossos custos logísticos são altos, e a maioria ou parte das empresas não vê na logística uma forma de tornar o seu negócio próspero e competitivo. Muitas tratam‑na como um custo, ou seja, apenas gasto. Não existe uma infraestrutura favorável; e a falta de investimento em alguns setores estratégicos, como o transporte, podem ser fatores determinantes para que empresas encarem a logística com um ar de desconfiança. Desafio ou oportunidade? Cabe ao estrategista e ao profissional da área acreditar no potencial e na capacidade que as atividades logísticas podem proporcionar às empresas que conseguirem mudar esse conceito. Para aumentar a competitividade e aprimoramento das atividades logísticas, é necessário pensar e agir na Logística Integrada, desenvolvendo esse trabalho pensando nos custos menores de produção. Ainda, é importante possuir um cenário ideal para venda e entrega das mercadorias, alinhar todas as atividades internas, bem como ver no cliente um gerador de negócios para a empresa. As atividades desenvolvidas em um centro de distribuição, alinhadas às grandes estratégias das empresas em termos de desenvolvimento de novas ferramentas e habilidades, serão os grandes diferenciais em termos de competição nesse mercado extremamente competitivo. 11 CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO: ESTRATÉGIAS E LOCALIZAÇÃO Unidade I 1 ESTRATÉGIA – CONCEITOS Antes de iniciarmos nossos estudos sobre CD, vamos entender primeiramente o que é estratégia e sua localização dentro do conceito logístico. A definição de logística é algo rotineiro para os profissionais da área. O jargão “produto certo, no lugar certo, na quantidade certa e ao menor custo possível” deve, hoje, fazer parte de nossas atividades. É algo tão comum e obrigatório quanto as nossas necessidades diárias, como um bom e merecido descanso. Gostaria de sinalizar a você, futuro gestor da área, sobre a importância e a necessidade de ser um estrategista hoje, ou seja, aquele profissional capaz de buscar soluções sem perder a qualidade de seus serviços e a presteza com que realiza e assume as responsabilidades diárias em suas atividades. Estratégia Vamos, inicialmente, adotar a estratégia do ponto de vista do dicionário Aurélio: Observação Estratégia – 1. A arte de dirigir ou aplicar os recursos bélicos, planificar as operações de guerra etc. 2. Habilidade em dispor as coisas para alcançar uma vitória; ardil; manha; astúcia. Estrategista – Pessoa perita em estratégia. Você percebeu que estratégia está associada à arte e à habilidade em dispor seus recursos para alcançar uma determinada vitória. Ser um estrategista é buscar recursos e agir com habilidade. Será que um profissional precisa ser um estrategista? Observação Neste exato momento, você deve estar se questionando: será que sou um estrategista? Se ainda não tenho essa habilidade, como consegui‑la? 12 Unidade I Passemos a discutir e a tratar a estratégia sob o ponto de vista empresarial e logístico. Estratégia empresarial Estratégia é uma palavra de origem grega que significa general no comando das tropas, e seu uso era comum há muitos anos. Está associada à estratégia militar e estrategista. O termo estratégia foi muito difundido e usado por Napoleão Bonaparte em suas atividades militares. Atualmente, Napoleão é considerado um grande estrategista, devido às glórias conquistadas e suas habilidades em utilizar estratégias para derrotar seus inimigos. Esta personagem história, antes de tudo, conhecia os pontos fortes e fracos de seus adversários. Alguma semelhança com nossas atividades atuais? O termo estratégia teve seu significado associado à atividade empresarial a partir da Revolução Industrial, período em que a concorrência não era tão acirrada; porém a quantidade de fábricas, o número reduzido de produtos e o temor sobre a espionagem e que os grandes industriais da época utilizassem a estratégia como um diferencial competitivo. O assunto e a palavra são, de certo, vastos e polêmicos. Existem múltiplas definições sobre estratégia que foram incorporadas ao seu repertório semântico ao longo do tempo. Alguns exemplos ajudam a esclarecer a evolução do conceito e suas interpretações: Von Newmann e Morgenstei – estratégia está associada a atividades empresariais. Drucker – analisar a atual situação e possível mudança quando necessário. Ansoff – uma possível regra para decisões no mercado. Ackoff – a estratégia será adotada e definida a partir dos objetivos de longo prazo e os meios para alcançá‑los. Michael Porter – um meio que as empresas adotam para tornarem‑se competitivas. A tese de Porter é que a noção que fundamenta o conceito de estratégia como um todo está na vantagem competitiva e no âmago de qualquer estratégia e, para obtê‑la, é preciso que uma empresa faça uma escolha (trade off), ou seja, trata‑se de uma estratégia de caráter financeiro. Se uma organização deseja obter uma vantagem competitiva, ela deve fazer uma escolha sobre o tipo de vantagem competitiva que busca obter e sobre o escopo dentro do qual irá alcançá‑la. Ser competitivo é buscar soluções para que uma instituição seja, acima de tudo, lucrativa. Lembrete Trade off – é uma ação de caráter econômico. Em algumas ações empresariais, ou até mesmo na logística, é adotada como estratégica, ou seja, 13 CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO: ESTRATÉGIAS E LOCALIZAÇÃO muitas vezes é necessário abrir mão (perder) em alguns momentos para lucrar em outra situação. Citamos como exemplo um jogo de damas. Em determinada jogada, o jogador deixa o adversário “comer” uma pedra para que depois possa ganhar duas, três pedras ou até mesmo, em alguns casos, finalizar a partida. Estratégia é criar meios e formas para que uma empresa saia do lugar comum e passe a fazer parte do conceito de competição, é ser e fazer a diferença em um mercado competitivo. A essência da estratégia é fazer algo diferente, inovar, criar e buscar soluções para as atividades determinadas pela empresa. Em estratégia, o tudo é nada. O menos é mais. O profissional da área deve pensar na evolução de suas atividades e no negócio da organização. É preciso inovar sempre e buscar ser competitivo. Lembrete “As batalhas são ganhas ou perdidas por generais, não oficiais ou soldados.” Ferdinand Foch Agora que definimos o que são estratégias, peço que pensem em suas novas estratégias que serão adotadas a partir deste momento, para solucionar os problemas de transporte, distribuição e estoques existentes em sua empresa. Seguindo nossos estudos, vamos destacar outro aspecto da estratégia: a estratégia logística. 1.1 A estratégia logística Um dos maiores objetivos da logística é ser competitivo e buscar a redução de seus custos em atividades que às vezes nos parece simples. São tarefas que necessitam de mudanças e aprimoramento na busca da redução de seus custos. A ideia da redução de custos e competitividade pode ser reforçadapor várias atividades em segmentos da logística. O ramo automobilístico e suas atividades de crossdocking, a inovação da tecnologia aplicada em controle de estoques, o aprimoramento das atividades de transporte, a abertura do mercado, enfim, são as atividades voltadas para atender às necessidades de nossos clientes. No mundo globalizado, existem países que utilizam ferramentas e estudos na busca do aprimoramento de suas atividades logísticas, a fim de tornarem‑se mais competitivos e crescerem no mercado cada vez mais exigente. Segundo Paulo Roberto Bertaglia, a essência da estratégia é realizar atividades de modo diferente da concorrência e manter a vantagem competitiva. Essa afirmação não é recente, foi feita por Michael Porter em 1985. 14 Unidade I A confusão que permeia o conceito é que muitas vezes se entende por estratégia a forma mais eficiente de se realizar determinada tarefa. Isso não é estratégia competitiva, mas uma maneira de ser eficiente operacionalmente. Estratégia é realizar de maneira diferente as atividades que os concorrentes realizam e que, por conseguinte, geram uma vantagem competitiva. Localização A partir deste momento, o termo estratégia faz parte do contexto logístico. Para prosseguirmos com nossa introdução, vamos tratar de um novo conceito: localização. Escolher um centro de distribuição é mais do que simplesmente definir o local. Em geral, é uma decisão que cabe aos gestores de logística, e um dos objetivos principais é obter ganhos e reduzir os seus custos, principalmente no que tange às atividades de transporte. Tal atividade de localização envolve outros departamentos, como a cadeia de suprimentos e as atividades de marketing. A definição de um CD consiste em algumas análises para a sua localização, definição do mercado de atuação, produtos, clientes, preços, além dos custos fixos e variáveis nas mais diversas atividades logísticas. Nessa área, o termo é visto como uma atividade de cunho estratégico e, como tal, deverá ser adotada por parte dos gestores de cada empresa. Vejamos outras definições sobre o tema localização: segundo o dicionário Aurélio, a palavra localização é a forma substantiva do verbo localizar, que significa: Observação Localizar – 1. Colocar em determinado lugar; situar; ubiquar. 2. Descobrir o paradeiro de (alguém ou alguma coisa). 3. Fixar‑se em determinado lugar. Assuntos para reflexão: • Quais as importâncias de um CD? • Você é capaz de atuar como um estrategista? • Quais oportunidades você é capaz de visualizar hoje em sua empresa? • Hoje, qual o diferencial que sua empresa tem em relação ao seu concorrente? 1.2 Centro de distribuição O que é um centro de distribuição (CD)? Vamos a algumas definições: Os centros de distribuição têm como objetivo o recebimento, armazenamento, o controle de estoques e a distribuição de mercadorias para o cliente final. É responsável pela documentação, por contratação 15 CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO: ESTRATÉGIAS E LOCALIZAÇÃO e despacho dessas mercadorias. Fazem o transporte e gestão desses produtos para atender de forma eficiente ao consumidor final. O CD é um conceito moderno cuja função difere das tradicionais funções dos depósitos, galpões ou almoxarifados; estas não são adequadas dentro do sistema logístico. Existe uma grande diferença entre os depósitos e os CDs: • Depósitos – são instalações cujo objetivo principal é armazenar produtos para ofertar aos clientes. Podemos sinalizar empresas que fabricam os produtos e depois os enviam aos seus clientes previamente cadastrados. • CDs – são instalações cujo objetivo é receber produtos e atender às necessidades dos clientes. Como exemplo, temos os operadores logísticos que compram de vários fornecedores, estocam as mercadorias e disponibilizam‑nas aos clientes. Definição de CD segundo alguns autores Segundo Lacerda (2000), uma questão básica do gerenciamento logístico é utilizar os centros de distribuição como atividades estratégicas, para atender aos clientes nos mais distantes pontos a partir de uma base central. Segundo Lima (2002), várias indústrias encaminharam as suas atividades de distribuição aos centros de distribuição por ser uma atividade estratégica. O mercado competitivo, a demanda crescente, assim como o número em expansão de novos produtos no mercado fez com que as empresas direcionassem seus esforços ao seu negócio principal, ou seja, o produto como uma ferramenta estratégica. Já para Calazans (2001), o objetivo principal do CD é manter um estoque, a fim de suprir a cadeia logística e atender aos clientes de forma rápida e eficiente, melhorando os níveis de serviços e a imagem da empresa no mercado. Segundo Moura (2002), os centros de distribuição podem oferecer outros tipos de serviços, como armazenagem, retrabalho e atividades ligadas ao produto acabado e semiacabado. Como você pode notar, um CD é extremamente estratégico dentro das atividades empresariais, pois além de tratar das atividades ligadas à distribuição e ao controle de estoques de mercadorias, é também o responsável pela integração entre o que é produzido, comercializado e, principalmente, entregue. A realidade atual em nosso país é totalmente diferente a de algumas décadas passadas. Pensar no cliente não é mais algo relativo apenas ao jargão popular; pensar no cliente como um estrategista é a grande vantagem competitiva de empresas que almejam o caminho do sucesso. A evolução dos CDs Assim como a indústria, o comércio e os serviços evoluíram ao longo dos anos, a logística também passou por grandes transformações. No século passado, as necessidades do comércio, empresas e clientes eram outras. 16 Unidade I Segundo Antonio Galvão Novaes, as relações interpessoais no comércio varejista não ocorrem de forma aleatória ou sem nexo, mas dependem de um conjunto de forças de natureza econômica, social e tecnológica que estão por trás do comportamento dos fabricantes e dos consumidores finais dos produtos. Vamos tratar de alguns temas que contribuíram para a evolução dos processos logísticos e dos CDs. Vale lembrar que esses são apenas alguns exemplos dos muitos que podemos considerar como fatores decisórios em nosso processo evolutivo. A logística é uma das atividades que mais evoluíram ao longo dos anos em todo e qualquer ramo de atuação. Como definição, adotaremos o seguinte: Lembrete Logística – é a área responsável por prover recursos para controlar estoques, armazenar e receber mercadorias, controlar a compra de matéria‑prima, bem como administrar atividades de caráter estratégico, com o objetivo de desenvolver atividades pensando no produto e na necessidade do mercado e do cliente. A forma como a logística é difundida dentro das empresas também sofre com o aspecto “mudanças”. Você já se questionou sobre em que momento nasce a necessidade da logística? Algumas respostas são intuitivas. Ela nasce da necessidade do cliente, da necessidade de atender ao mercado, de comprar matéria‑prima. Sim, todas essas respostas estão corretas, porém nenhuma dessas ações será possível sem a informação. A logística nasce a partir da informação. Sem esta, não saberemos o que comprar, quanto e quando precisaremos de suprimentos, qual a necessidade de nossos clientes, quando e como fazer a distribuição dos produtos, quem vai distribuir, quanto e como cobrar. Pense nisso! O segredo é simples. Evolução histórica da indústria brasileira: desafios, oportunidades e formas de gestão A indústria brasileira A indústria nacional pode ser considerada nos dias de hoje um sucesso. Com a ajuda de seus empreendedores de garra, aprendeu que todo o caminho percorrido não era em vão. Se, em seu início, havia um compasso de “lentidão” nos processos de crescimento e desenvolvimento, após esse período, de um país basicamente agrícola, quatro séculos mais tarde apresenta uma fisionomia inteiramente diversa. 17 CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO: ESTRATÉGIAS E LOCALIZAÇÃO Apesar das dificuldades e lacunas ainda hoje detectadas,o Brasil fabrica a maior parte daquilo que consome, como também produz muitas mercadorias de consumo internacional, por exemplo, aviões e máquinas industriais, passando pelos produtos manufaturados. “A evolução tecnológica experimentada nas últimas décadas permitiu a criação de indústrias de ponta em áreas como informática, biotecnologia e química fina” (IEL, 2002, p.13‑14). Ainda, de acordo com o IEL, “este país, rotulado emergente, há vários anos monitora seu território utilizando satélites espaciais para previsão de tempo. Hoje projeta e monta seus próprios satélites e está em via de fazer o mesmo com seus foguetes” (2002, p.14). Assim, quando se vê o made in brazil estampado em rótulos, embalagens e caixas, pode‑se ter a certeza de que, por trás de todo o processo, há uma história de coragem, de empreendedorismo e, principalmente, de vontade dos pioneiros em enfrentar desafios que se interpunham no país novo. A Indústria Brasileira – Trajetória da Indústria Nacional O IEL – Instituto Euvaldo Lodi –, organismo ligado à Confederação Nacional da Indústria, comemorou seus 30 anos de história editando o seguinte livro: Instituto Euvaldo Lodi – 30 anos de parceria universidade‑empresa. Dessa forma, foi possível buscar informações relevantes para historiar a evolução da indústria nacional. Desde os primórdios da Colonização do Brasil à República, muitos foram os desafios que os governos que se sucediam tiveram de enfrentar. Desde a extração do ouro à metalurgia, da tecelagem do algodão aos primeiros estaleiros, as tentativas de industrialização do Brasil Colônia representaram iniciativas isoladas. A exceção foi a industrialização do açúcar, que fez do país o maior produtor mundial ainda no século XVII. Durante o período de Brasil Colônia (1530 a 1822), a industrialização não fora prioridade. Pelo contrário, os políticos de Lisboa viam o outro lado do Atlântico como uma enorme fazenda, um fornecedor de produtos que não podiam ser encontrados na Europa. As possibilidades de lucro dos portugueses, até meados do século XVIII, baseavam‑se no comércio de especiarias com a Ásia e a economia brasileira, que, por sua vez, era secundária. O Brasil era somente utilizado para atividade de extrativismo, como do pau‑brasil, do açúcar e da mineração de ouro e diamante. Após 1815, quando findou o período das guerras napoleônicas, os brasileiros iniciaram os contatos com produtos industrializados na Europa, como artigos de luxo franceses e instrumentos de precisão dos estados alemães. Assim, a visualização desses produtos industrializados despertou na sociedade brasileira emergente o desejo de iniciar o processo fabril. Então, houve várias tentativas de se industrializar o país, segundo IEL (2002). Mas é somente em 1827, cinco anos após a Independência do Brasil, que foi concretizada a SAIN – Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional, primeira entidade a ser criada com o objetivo de desenvolver a indústria brasileira. 18 Unidade I “Um surto de industrialização mais consistente, só surgiu depois de 1844, quando o governo baixou a Tarifa Alves Branco, conferindo certo grau de protecionismo à nascente indústria brasileira” (IEL, 2002, p. 20). Esse ato criou certo desconforto internacional, por representar “um desafio à poderosa Inglaterra, pois denunciava o tratado vigente entre os dois países. Mas foi fundamental para diminuir o déficit público e aliviar as finanças do Brasil” (IEL, 2002, p. 20) Entretanto, a Tarifa Alves Branco estimulou o surgimento de uma série de fábricas de tecidos no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e na Bahia, além do segmento de metalurgia, em Pernambuco. Em 1850, em decorrência das facilidades ou motivações da Tarifa Alves Branco, entra em funcionamento, no Rio de Janeiro, o primeiro grande conglomerado industrial e financeiro do país. O grupo do Visconde de Mauá, Irineu Evangelista de Souza, instalou uma fundição e um estaleiro, que iriam produzir 72 embarcações, utilizando‑se de uma tecnologia avançada para a época, a navegação a vapor. No início de 1910, o número de fábricas crescera significativamente: eram 3.910. Mas ainda estava aquém do potencial de mercado, que também aumentara com a urbanização e o afluxo dos colonos assalariados que substituíram os escravos. “Apenas 5% da demanda de produtos industriais era atendida pelas fábricas instaladas no Brasil. Mesmo no ramo dos tecidos, um dos mais tradicionais da indústria brasileira, essa proporção era insatisfatória: 50% da demanda deixava de ser atendida” (IEL, 2002, p. 22). Contudo, o impulso decisivo veio com a Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918). As dificuldades dos países europeus para manter o fluxo das exportações com destino ao Brasil levaram à abertura de uma série de indústrias, cujos produtos iriam substituir os importados. A exportação do café foi um marco para desencadear as indústrias, pois, com sua fonte geradora de recursos, foi possível financiar os novos empreendimentos. Já nos anos seguintes, o ritmo de crescimento diminuiu, mas não parou. Na década de 1920, a produção industrial brasileira cresceu em média 3% ao ano, alcançando índice próximo da década anterior, que ficara numa taxa de crescimento de 4,6%. Em 1929, houve a dramática queda no preço das ações na Bolsa de Nova York, que lançou o mundo na chamada Grande Depressão. As consequências não foram diferentes no Brasil. O café, responsável por 71% do total das exportações e pela entrada de divisas, teve seus preços reduzidos drasticamente. E isso foi intencional, era a crise dos anos 1930 – a chamada grande depressão –, quando o PIB (Produto Interno Bruto) per capita manteve‑se praticamente inalterado entre 1929 e 1933. Se levarmos em consideração os dados dos anos seguintes, esse desempenho pode ser considerado excelente. A Segunda Guerra Mundial proporcionou um novo surto de instalação de fábricas para substituir os produtos que o Brasil importava. Conforme dados 19 CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO: ESTRATÉGIAS E LOCALIZAÇÃO (IEL, 2002, p.30), “de 1940 a 1945, ano em que terminou o conflito, a indústria brasileira cresceu em média 9,2% ao ano”. A produção de aço, insumo básico para manufatura pesada, ganhou um impulso decisivo com a construção da Companhia Siderúrgica Nacional e da grande usina de Volta Redonda, no Estado do Rio de Janeiro. A estatal criada em 1941, que começou a funcionar em 1946, trouxe alento às preocupações e estratégias de crescimento, pois, com mais produção de aço e geração de energia, logo foram sendo criadas outras usinas, particulares e estatais. Em 1953, fundou‑se a Petrobrás, quando do retorno de Getúlio ao poder. Este defendia o espírito nacionalista: desenvolvimento industrial centralizado e limitações à entrada de capitais estrangeiros. Já naquela época, as empresas multinacionais cobiçavam o mercado emergente brasileiro. No biênio 1956‑1957, o valor da produção industrial brasileira superava pela primeira vez o da produção agrícola. Com o presidente Juscelino Kubitschek no poder (1955), o Brasil abriu portas para mais empresas estrangeiras, acelerando o crescimento da indústria nacional. Assim, o caminho não poderia ser alterado. Nunca mais a produção agrícola, mesmo com todos os seus progressos, aplicando‑se novas tecnologias, superaria o da produção industrial. O setor fabril sofreu muitas transformações, agregando novos conhecimentos nos processos produtivos, tecnologia e inovação, mesmo que incipiente, mas já mostrando diferenças. Setores tradicionais continuaram a se expandir, como o de tecidos, bebidas e de móveis. Também houve crescimento no setor automobilístico, petroquímico e de bens de produção. No entanto, o Brasil tinha um grande problema: a inflação. Somente a partir de 1967, quando o governo militar conseguiu “domar” a inflação, graças a medidas como a instituição da correção monetária e a criação do Banco Central (no final de 1964), houve certa estabilidade na economia. No período 1967‑73, houve uma retomada da expansãoindustrial tão grande, que o fato ficou conhecido como o “milagre‑brasileiro”. Segundo Serra (2002), “um dos principais fatores desse crescimento foi o dinamismo na demanda de bens de consumo duráveis” ( apud IEL, 2002, p. 35), pois o brasileiro passou a gastar mais em bens de maior valor, como automóveis. Houve também outros fatores indiretos, como a criação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico – BNDE, órgão do governo que passou a financiar até fábricas inteiras, além de equipamentos que permitiam acesso a novas tecnologias. Novos rumos – novos tempos da indústria brasileira Após todo o período de crescimento experimentado pela indústria nacional nas décadas anteriores, foi preciso adequar aquele desenvolvimento a novos modelos de gestão, novas tecnologias de gerir o avanço alcançado e, ainda, preparar a indústria nacional para um crescimento ainda maior, objetivo de toda organização e de qualquer governo. 20 Unidade I A gestão desse processo é estudada pela Administração e pela Engenharia da Produção, para facilitar os processos em uma organização, sistematizando ações, otimizando recursos aplicados, visando ao atendimento das expectativas das empresas. Para Slack (1996), a administração da produção trata da maneira pela qual as organizações produzem bens e serviços. Tudo o que você veste, come, usa, lê chega a você graças aos gerentes de produção, pois estes organizaram sua fabricação. Todos os livros que você toma emprestado da biblioteca, os tratamentos recebidos no hospital, os serviços esperados e as aulas nas universidades também foram produzidos. Embora nem sempre as pessoas que supervisionaram sua “produção” são chamadas de gerentes de produção, isso é o que eles realmente são. Sob essa perspectiva, percebe‑se que a gestão da produção deve estar contida num plano maior da instituição, nos planos estratégicos, pois depende diretamente de seu desempenho eficaz o sucesso de determinada organização, já que o sistema produtivo busca otimizar custo, flexibilidade, confiabilidade, qualidade e rapidez nos seus processos industriais. Em decorrência do crescimento, da competitividade acirrada, de novos modelos de gestão que se apresentam, a indústria de manufatura necessita pensar também em estratégias de desenvolvimento integrado. Diante dessas situações, muito se pensa em o que fazer. Por isso, toda organização precisa estabelecer critérios para não “afundar o barco” logo na largada. Como a grande massa das indústrias brasileiras concentra‑se em pequenas e médias empresas, é necessário dispensar‑lhes uma atenção especial, mesmo que usemos grandes instituições como benchmarking em processos ou ferramentas. Dentre muitas formas de se desenvolver empresas consideradas médias e pequenas, há um modelo que parece um tanto especial ao segmento e, defendo que, se bem aplicado, há uma troca informal de técnicas que atende às expectativas de toda uma rede. É o desenvolvimento das pequenas e médias empresas em clusters (grupos, agrupamentos ou aglomerados – são concentrações geográficas de empresas de determinado setor de atividade e companhias correlatas – de fornecedores de insumos a instituições de ensino e clientes). Segundo artigo publicado no site: Clusters e competitividade Em uma economia globalizada, muitas vantagens competitivas dependem de fatores locais e, por isso, ganham importância as concentrações geográficas de empresas. Contudo, existe um paradoxo que precisa ser entendido. Há empresas que podem adquirir capital, bens, informações e tecnologias em todo o mundo, muitas vezes apenas com um clique no mouse. 21 CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO: ESTRATÉGIAS E LOCALIZAÇÃO Nesse sentido, grande parte do conhecimento acumulado sobre a concorrência de negócios e países precisa ser revista. Teoricamente, mercados internacionais mais abertos, transportes e comunicações mais velozes deveriam diminuir a importância, para a competição, da localização geográfica das empresas. O paradoxo está no sentido de que, se a localização geográfica perdeu a importância, por que as chances de descobrir uma administradora de fundos de padrão internacional em Boston, por exemplo, são muito maiores do que em vários outros lugares? Por que o mesmo pode ser dito nas tecelagens da Carolina do Norte e da Carolina do Sul, dos fabricantes de veículos de alto desempenho do sul da Alemanha ou, ainda, dos fabricantes de calçados sofisticados do norte da Itália, ou, ainda, das tecelagens do Vale do Itajaí, em Santa Catarina? Para uma abordagem mais globalizada, fomos buscar explicação em Porter (1999), que diz que o mapa econômico do mundo é dominado hoje pelo que chamo de cluster: agrupamento de empresas em uma região com sucesso extraordinário em determinado setor de atividade. O cluster é uma característica marcante de praticamente todas as economias, principalmente nos países desenvolvidos. Seus exemplos mais famosos talvez sejam o Vale do Silício e Hollywood, ambos na Califórnia, EUA. Assim, a concorrência moderna depende da produtividade, não do acesso a insumos ou da economia de escala de empreendimentos isolados. A produtividade, por sua vez, depende de como as empresas concorrem, não dos campos em que disputam. O grau de sofisticação dos processos produtivos em uma organização pode ser influenciado pelas condições do ambiente empresarial local. As empresas não podem empregar técnicas avançadas de logística, por exemplo, sem uma infraestrutura de transporte de alta qualidade, como também não podem concorrer de forma eficaz oferecendo serviços sofisticados se não tiverem funcionários bem formados. Nesse sentido, segundo Porter (1999, p. 104), os clusters afetam a capacidade de competição de três maneiras principais: “aumentando a produtividade das empresas sediadas na região; indicando a direção e o ritmo da inovação, que sustentam o futuro crescimento da produtividade; estimulando a formação de novas empresas, o que expande e reforça o próprio cluster. Além de melhorar a produtividade, os clusters desempenham um papel crucial na capacidade de inovação permanente das empresas. Além disso, quem trabalha nessa modalidade pode perceber mais facilmente as lacunas em produtos ou serviços, o que não deixa de ser um bom motivo para se montar uma empresa. As barreiras para entrada no mercado são menores do que em outras regiões, enquanto os ativos necessários ao novo empreendimento – capacidades, insumos, mão de obra, conhecimento e formação –, geralmente estão à disposição na região do cluster. 22 Unidade I A fábrica do futuro Imagine‑se em uma feira de automóveis, desenhando o carro de seus sonhos na tela de um computador e, dias depois, recebendo em sua casa exatamente esse veículo, construído conforme suas especificações. Talvez esse sonho possa se tornar realidade já no início desse século, por meio de um processo conhecido como fabricação automatizada – automated fabrication ou “auto‑fab”. De acordo com Burns (1998, p. 112), “a fabricação automatizada é um conjunto de tecnologias que informatiza o processo de construção de objetos tridimensionais sólidos a partir de matéria‑prima”. O impacto da fabricação automatizada sobre a sociedade e a economia pode ser ainda maior e mais significativo do que o exercido pelos computadores quando de sua implantação. Burns (1998, p. 113) complementa: “a introdução e a consequente evolução dos computadores têm sido vistas por alguns como prenúncios de uma nova era da história humana, a Era da Informação”. Diante dessas perspectivas que se descortinam, para implantar melhoramentos na estrutura industrial, é necessário dinamizar o sistema logístico, que engloba o suprimento de materiais e componentes, a movimentação e o controle de produtos e o apoio ao esforço de vendas dos produtos finais, até a colocação do produto acabado no consumidor. Atualmente, os administradores estão reconhecendo a necessidade de se estabelecer um conceito bem definido de logística industrial, umavez que começam a compreender melhor o fluxo contínuo dos materiais, as relações tempo‑estoque na produção e na distribuição e os aspectos relativos ao fluxo de caixa no controle de materiais. A verdade é que o enfoque da administração de materiais está mudando o tradicional “produza, estoque, venda” para um conceito mais atualizado, que envolve “definição de mercado, planejamento do produto, apoio logístico” (BURNS, 1998). Além disso, os administradores também estão reconhecendo que devem coordenar suprimentos, produção, embalagem, transporte, comercialização e finanças em uma atividade de controle global, capaz de apoiar com solidez cada fase do sistema, com um máximo de eficiência e um mínimo de capital investido. Existem muitas maneiras de definir a logística, mas o conceito principal poderia ser: “a logística é o processo de gerenciar estrategicamente a aquisição, movimentação e a armazenagem de materiais, peças e produtos acabados (e os fluxos de informações correlatas) por meio da organização e seus canais de marketing, a fim de poder maximizar as lucratividades presentes e futuras através do atendimento dos pedidos a baixo custo” (BALLOU, 1993). 23 CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO: ESTRATÉGIAS E LOCALIZAÇÃO Missão da logística A logística de uma empresa é um esforço integrado para ajudar a criar valor para o cliente pelo menor custo total possível. “A logística existe para satisfazer às necessidades do cliente, facilitando as operações relevantes de produção e marketing” (BWERSOX, 2001, p. 23). Do ponto de vista estratégico, os executivos de logística procuram atingir uma qualidade predefinida de serviço ao cliente por meio de uma competência operacional que represente o estado da arte. Segundo Bwersox (2001, p. 37), “a competência logística é alcançada pela coordenação de um projeto de rede, informação, transporte, estoque, mais armazenagem, manuseio de materiais e embalagem”. O desafio está em gerenciar o trabalho relacionado a essas áreas funcionais de maneira orquestrada, com o objetivo de gerar a capacidade necessária ao atendimento das exigências logísticas. A indústria e a questão tecnológica É inegável que a inovação tecnológica, como o principal motor do aumento da produtividade, é estratégica para as empresas brasileiras. É fundamental para elevar a sua capacidade de atuar na competição global e conquistar novos mercados e consumidores. As organizações brasileiras expostas a uma vigorosa competição, que resultou da abertura comercial e da maior integração à economia internacional, têm buscado respostas para aumentar a sua capacidade competitiva, a qual envolve um crescente recurso à inovação. Na segunda metade dos anos 1990, a introdução de novos produtos foi a principal estratégia de negócios priorizada pelo setor industrial, indicada por 70% das empresas. Já a estratégia que mereceu menor preocupação e investimento por parte dos industriais foi a área da logística, com 12% das indicações na pesquisa. Adaptado de : <http://www.abenge.org.br/CobengeAnteriores/2004/artigos/08_190.pdf>. Acesso em: 17 out. 2012. O Brasil viveu uma época em que nossos produtos não tinham competitividade com aqueles do mercado internacional. Havia várias razões para isso: • produtos defasados; • tecnologias ultrapassadas; • indústrias que viviam a época da “geração carroça”; • falta de matéria‑prima; • necessidade de mão de obra especializada; 24 Unidade I • volume alto de estoque; • concorrência interna; • economia em fase de transição. Enfim, vivemos um período de verdadeiro atraso, principalmente na economia. A evolução da indústria vem junto ao desenvolvimento da própria logística, e um dos grandes colaboradores foi a abertura do mercado, com a consequente chegada de grandes indústrias de transformação, serviços, tecnologias e, principalmente, empresas ligadas à área de logística. Com isso, a evolução do que antes denominávamos como expedição passa a ter um enfoque diferenciado, afinal, a concorrência aumentou, chegaram novos produtos, novas tecnologias e o cliente tornou‑se o foco principal. Algumas outras atividades fazem parte desse processo evolutivo Globalização é a forma como os países e os povos se integram e buscam, por meio do comércio, nas relações pessoais e de negócios, uma integração e proximidade nas relações. 1.3 O que é globalização? Em síntese, a globalização, ou, em alguns casos, a mundialização, é o crescimento da interdependência de países e povos dentro da superfície da terra. Alguns estudiosos chamam esse termo ou moda como aldeia global. Parece‑me que a cada dia o mundo fica menor em termos de conhecimento e informações, não existe mais distância entre povos, sociedade, principalmente com relação aos acontecimentos no mundo. Vários são os exemplos que podemos sinalizar sobre esse aspecto global. Um deles é a indústria de automóvel, pois um mesmo modelo de veículo é fabricado em países diferentes, com o mesmo padrão e é comercializado em outros países, ou seja, não existe restrição ou barreiras para produzir e comercializar meus produtos. O início da globalização Ao visualizar o aspecto econômico e social nos dias atuais, parece fácil a compreensão do conceito global. Contudo, a globalização está associada a fatos históricos como o período do Império Romano e sua luta por conquistas de outros povos. A globalização pode ser compreendida na constituição do Império Chinês e na civilização egípcia, a qual manteve domínio sobre os africanos por várias décadas. Há vários exemplos de fatores importantes na história que nos mostra esse período da “globalização”, porém a mais visível é Roma e suas conquistas como instrumento de poder; na medida em que novas terras eram conquistadas, era preciso fazer o controle, a comercialização e a comunicação entre esses povos. 25 CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO: ESTRATÉGIAS E LOCALIZAÇÃO Outro fato também importante está associado ao povo português e às suas descobertas. Em função das constantes guerras com os espanhóis, eram necessárias novas rotas de comercialização, até porque existia um descompasso entre a capacidade produtiva e de consumo naquela época, fato que impactou na falta de alimentos para a população urbana, e a solução estava exatamente em explorar novos mercados (que estavam além do mar). Cita‑se também o imperialismo e neocolonialismo. No século XIX, a chamada crise da Europa fez com que as fábricas produzissem mais mercadorias em menor tempo, o que acarretou uma superprodução e, consequentemente, a queda dos preços e juros baixos. Com toda essa problemática, foi preciso buscar novos mercados para escoar essa mercadoria. Perceba que existe uma dependência do que chamamos de economia e a luta das empresas pela sua sobrevivência. Na verdade, não existe nenhum país que faz algo favorável ao outro, tudo tem um interesse. Atualmente, não se toma mais nada na força, é necessário criar mecanismos e formas de manter uma relação de amizade e negócios entre as nações, ultrapassando as barreiras e estreitando os laços comerciais. A globalização como vantagem O processo de globalização mundial quebra barreiras, incentiva a economia, cria novos valores sociais e mercadológicos entre os países. Hoje as empresas conseguem comprar seus produtos sem sair do lugar. A tecnologia está associada a essa evolução e, como tal, devemos acompanhar esse processo para sermos competitivos nas empresas e em nossas atividades profissionais. 1.4 Comércio O comércio é baseado na troca voluntária de produtos, que envolve duas ou mais pessoas. Pode ser realizado por meio de indústrias de bens de consumo, assim como serviços. Antigamente, não havia dinheiro no comércio, havia apenas a troca de mercadorias (escambo). O escambo era uma forma de comércio que tinha um problema sério, pois um vendedor sempre considerava seu produto superior ao do concorrente. Hoje ocorre a troca indireta, em que utilizamos o dinheiro como forma de compra e venda de mercadoria, além de outrosrecursos como crédito, cartões etc. O comércio é uma prática que visa beneficiar todos os envolvidos para garantir que a relação possa ser mantida de uma forma saudável e lucrativa. Ao longo dos anos, vários aspectos mudaram na relação do que chamamos de comércio, principalmente com o aumento de indústrias e o comércio global. Com a expansão do comércio, surge a necessidade de controle dessa modalidade. Exemplo: o comércio mundial é regulamentado pela Organização Mundial do Comércio. No Brasil, existe alguns órgãos, como o Ministério da Economia, que visa ao bem‑estar econômico do país associado, por exemplo, ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. 26 Unidade I Atualidades Secretário de Comércio e Serviços defende a competitividade do setor supermercadista 10/05/2011 O secretário de Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Humberto Ribeiro, participou, nesta segunda‑feira (9/5), em São Paulo, da abertura do 27º Congresso de Gestão e Feira Internacional de Negócios em Supermercados, em que defendeu o fortalecimento do segmento para a geração de competitividade, qualidade de vida e preços acessíveis no mercado brasileiro. Humberto Ribeiro destacou a participação dessas empresas na nova política de desenvolvimento produtivo do governo. “Os supermercados representam um importante setor de nossa economia, ligando a indústria com o consumidor, além de gerar emprego e renda. O motor do desenvolvimento desse segmento deve ser a inovação, o destino, a competitividade, a estrada e o bem‑estar do cidadão”, ressaltou. Promovido pela Associação Paulista de Supermercados (Apas), o encontro reuniu autoridades em torno do painel “Inovação – Simplificando a Vida do Consumidor”. Ainda participaram do debate o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab, o presidente da Associação Latino‑americana de Supermercados (Alas), João Carlos de Oliveira, o presidente da Associação Brasileira de Supermercado (Abras), Sussumu Honda, entre outras autoridades. O Congresso de Gestão e Feira Internacional de Negócios é realizado anualmente pela Apas. O evento supermercadista é considerado um dos maiores do mundo e a melhor oportunidade de negócios em autosserviço da América Latina. A feira, que acontece até quarta‑feira (11/5), conta com mais de 550 expositores, público estimado de cerca de 80 mil visitantes e expectativa de negócios acima dos R$ 5 bilhões. De acordo com dados da Abras, em 2010, o setor supermercadista brasileiro teve um crescimento de 4,2% nas vendas acumuladas. O segmento abrange mais de 78 mil lojas e emprega mais de 900 mil trabalhadores de forma direta e quase quatro vezes este número indiretamente, o que o transforma em um dos que mais emprega no país. Adaptado de : <http://www.mdic.gov.br>. Acesso em: 18 out. 2012. Angra dos Reis lidera exportações brasileiras de janeiro a abril 23/05/2011 Brasília (23 de maio) – De janeiro a abril de 2011, 2.138 municípios realizaram operações de comércio exterior e movimentaram US$ 137,782 bilhões em exportação e importação. 27 CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO: ESTRATÉGIAS E LOCALIZAÇÃO No período, Angra dos Reis (RJ) aparece em primeiro lugar entre as cidades exportadoras, com US$ 3,465 bilhões, seguida por Parauapebas (PA) – US$ 3,020 bilhões; São Paulo (SP) – US$ 2,026 bilhões; Rio de Janeiro (RJ) – US$ 1,738 bilhão; e Vitória (ES) – US$ 1,622 bilhão. Os municípios que mais importaram no primeiro quadrimestre do ano foram: São Paulo (SP) – US$ 5,072 bilhões; Manaus (AM) – US$ 3,805 bilhões; São Sebastião (SP) – US$ 2,657 bilhões; Rio de Janeiro (RJ) – US$ 2,299 bilhões; e Itajaí (SC) – 2,017 bilhões. Com relação ao saldo, os destaques, no período, ficaram para os municípios de Parauapebas (PA) – US$ 2,894 bilhões; Angra dos Reis (RJ) – US$ 2,364 bilhões; Itabira (MG) – US$ 1,313 bilhão; Anchieta (ES) – US$ 1,195 bilhão; e Nova Lima (MG) – US$ 1,140 bilhão. Na sequência da corrente de comércio aparecem: São Paulo (SP) – US$ 7,098 bilhões; Angra dos Reis (RJ) – US$ 4,566 bilhões; Manaus (AM) – US$ 4,086 bilhões; Rio de Janeiro (RJ) – US$ 4,038 bilhões; e Vitória (ES) – US$ 3,419 bilhões. Fonte: <http://www.mdic.gov.br>. Acesso em: 18 out. 2012. Saiba mais Para obter mais informações sobre o Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior, acesse: <http://www.mdic.gov.br>. 1.5 Indústria Indústria é toda atividade de transformação de matéria‑prima em produto acabado. Compreende toda a atividade humana que, por meio do trabalho, pode transformar a matéria‑prima em produtos acabados ou semiacabados visando à sua comercialização e, consequentemente, à lucratividade da empresa. O capital investido pela organização depende basicamente da tecnologia empregada, bem como a forma de suas atividades, compreendendo o setor industrial, artesanal, manufatureiro ou fabril. Dentro da cadeia produtiva, existem os chamados setores; na indústria, há o setor secundário, por se tratar de uma atividade de transformação. A agricultura é conhecida como setor primário, e o comércio e ou serviços são enquadrados no setor terciário ou quaternário, como é denominado em alguns países por razões e uso do serviço de tecnologia. As indústrias de bens de produção ou as denominadas indústrias de base são aquelas que trabalham e transformam a matéria‑prima bruta e as fornece para outras indústrias. Essas atividades industriais são comuns nas petroquímicas e nas indústrias siderúrgicas. Existe ainda a indústria de bens intermediários ou bens de capital, cuja função principal é equipar as indústrias com outros tipos de produtos, como ferramentas e máquinas que serão utilizados por outras 28 Unidade I indústrias no processo de transformação. Finalmente, cita‑se a indústria de bens de consumo, que é responsável por produzir ao mercado consumidor, neste caso, a indústria têxtil. Observamos que em nosso mercado existem indústrias para atender a todas as necessidades de clientes e de consumidores. Saiba mais Acesse: <http://www.mdic.gov.br>. • Serviços – compreende o comércio de trabalhos que podem ser prestados às empresas, ao comércio, atendendo a pessoas físicas e/ou jurídicas. É uma atividade em que o comprador não obtém a posse daquilo que adquire. Na economia moderna, existe uma série de serviços que são prestados às empresas, ao comércio e ao consumidor em geral. • Tecnologia – são recursos utilizados para facilitar a vida do homem, da indústria e do comércio. É utilizada para facilitar a vida das pessoas e das empresas e pode ser classificada de acordo com seu campo de estudo, por exemplo: — Ciências – visa à aplicação do conhecimento humano para a solução de possíveis problemas, sendo também utilizada para o desenvolvimento da tecnologia. — Tecnologia da Informação – é um conjunto de atividades e recursos da computação que visa à solução de problemas em âmbito computacional. — Engenharia – é a ciência que aplica os conhecimentos matemáticos, técnicos e científicos visando à criação e ao aperfeiçoamento de produtos e utilidades para facilitar a vida do homem, bem como das atividades industriais. • Necessidades dos clientes – é o ato de buscar no mercado produtos e/ou serviços que atendam à sua necessidade básica. Atualmente, a maioria das empresas busca a melhoria de seus serviços para exatamente atender a essa exigência de nosso mercado, que está cada vez mais competitivo. • Expectativas dos clientes – é o desejo que o cliente tem em relação ao que compra no mercado. Normalmente, ele adquire algo por necessidade e sua expectativa é de que tal produto supra às suas necessidades. • Concorrência – uma forma que empresas e prestadores de serviços utilizam para levar ao consumidor um diferencial de seus serviços: pode ser um melhor preço, uma vantagem competitiva, um benefício, ou seja, cada empresa adota a sua estratégia de ser melhor que o seu “competidor”. • Informação– é o resultado do processamento, manipulação e organização de dados. Muitas vezes, as empresas determinam suas ações com base nesse conjunto de informações. 29 CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO: ESTRATÉGIAS E LOCALIZAÇÃO • Custos – são medidas monetárias dos sacrifícios financeiros com os quais uma organização, uma pessoa ou um governo têm de arcar para atingir seus objetivos. Os custos têm um caráter de investimento e um retorno de igual ou maior proporção. • Operações logísticas – são as diversas atividades que uma organização adota para realizar suas funções internas e externas. Como exemplos de operações, temos: carga e descarga, definição de área de picking, embalagem de mercadorias etc., ou seja, todas as atividades desenvolvidas em um CD. 2 TIPOS DE CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO 2.1 Centro de distribuição avançado Os centros de distribuição avançados (CDAs) são unidades de armazenagens próprias do sistema de distribuição, em que o estoque é posicionado em vários elos de uma cadeia de suprimentos. Um de seus objetivos é atender de forma eficiente os clientes, nos mais diversos pontos do mercado. Trabalham para manter o controle desses estoques, impedindo que os produtos ultrapassem o prazo de validade, evitando trocas de mercadorias. Os CDAs atentam‑se principalmente à área de alimentos, que são comercializados em pontos de vendas específicos. Ainda, administra os locais onde há comercialização e um controle maior sobre produtos que são altamente perecíveis, como: • trigo; • produtos resfriados; • sucos; • doces; • frutas; • legumes. Parece‑nos que o grande problema em um CDA é justamente os custos dos estoques. Como resolvê‑los ou minimizá‑los? Neste livro‑texto, trataremos de algumas alternativas para a redução desses custos. 2.2 Transit point O Transit point é bastante similar aos centros de distribuição avançados, a diferença é que não mantém estoques e opera como uma instalação de passagem (ponto de trânsito), recebe os carregamentos consolidados, distantes do centro produtor, separando‑os para entregas locais (pequenas distâncias) a clientes individuais, evitando que a mercadoria fique em estoques. 2.3 Cross docking É uma alternativa que evita que a mercadoria seja acondicionada para depois ser entregue ao cliente final. O produto entra na empresa sendo armazenado em um ponto estratégico, para envio em prazos inferiores a 48 horas. 30 Unidade I Essa operação envolve múltiplos fornecedores, os quais atendem a clientes comuns. Consiste, basicamente, no fracionamento de cargas, isto é, divide‑se uma ou mais cargas maiores em outras menores. As instalações dessas atividades deve permitir uma entrada e saída por meio de docas, para um escoamento rápido e seguro. Embora sua operação pareça simples, são necessários recursos de tecnologia para viabilizar essa operação. Existem várias vantagens em utilizar um método como esse. Um dos principais benefícios é a redução de seus custos na armazenagem, uma rotatividade maior de mercadoria e uma vantagem competitiva para o cliente, afinal, o produto não está parado em estoques, e há garantia de que ele esteja no ponto de venda. Alguns estudiosos apontam algumas desvantagens nesse método, como o surgimento de custos proveniente de outros elos da cadeia para o melhor desempenho deste processo, ou seja, a necessidade de buscar recursos e especialistas fora da empresa. 2.4 Merge in transit Outra solução seria utilizar dentro da logística de distribuição o que chamamos de merge in transit, uma atividade dentro da cadeia logística que tem como objetivo montar produtos ao longo da cadeia. Exemplo: montagens de equipamentos de informática e de brinquedos. Vários componentes são levados aos CDs e, a partir das necessidades desses clientes, inicia‑se a montagem, a embalagem e o envio dessas mercadorias. Centro de distribuição próprio As indústrias de transformação e de serviços atuam e desenvolvem suas atividades no planejamento de novos produtos, buscando novas tecnologias para implantar em seus produtos e em suas atividades no atacado e varejo. Uma vez desenvolvidas essas mercadorias, estas são acondicionadas em CDs próprios e enviadas aos clientes de acordo com a sua necessidade. A realidade em um mercado altamente competitivo mostra sinais de que as empresas estão em busca de um melhor desempenho em suas atividades produtivas, operacionais, comerciais e logísticas. Os CDs têm um papel fundamental nesse processo por permitir a(o): • redução de custos; • agilidade ao processo de entrega de produtos; • melhoria no uso dos recursos; • apoio ao processo de venda e pós‑venda; • cumprimento do tempo de entrega; • precisão no atendimento. No mercado atual, existem várias empresas que adotam sua distribuição própria – isso ocorre por uma necessidade estratégica. 31 CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO: ESTRATÉGIAS E LOCALIZAÇÃO 2.5 Centro de distribuição terceirizado Muitas instituições buscam a eficácia de seus produtos e o tratam como o seu “bem maior”, porém, quando o assunto é a distribuição efetiva de sua mercadoria até o cliente final, optam por terceirizar esse tipo de atividade. A terceirização tem seus aspectos positivos e negativos. Vantagens: • concentração dos negócios da empresa na sua área de atuação; • diminuição dos desperdícios; • redução das atividades‑meio; • aumento da qualidade; • ganhos de flexibilidade; • aumento da especialização do serviço; • aprimoramento do sistema de custeio; • maior esforço de treinamento e desenvolvimento profissional; • maior agilidade nas decisões; • menor custo; • maior lucratividade e crescimento; • favorecimento da economia de mercado; • otimização dos serviços; • redução dos níveis hierárquicos; • aumento da produtividade e competitividade; • redução do quadro direto de empregados; • diminuição da ociosidade das máquinas; • maior poder de negociação; • possibilidade de crescimento sem grandes investimentos. Desvantagens: • risco de desemprego e não absorção da mão de obra na mesma proporção; • resistências e conservadorismo; • risco de coordenação dos contratos; 32 Unidade I • falta de parâmetros de custos internos; • demissões na fase inicial; • custo de demissões; • dificuldade de encontrar a parceria ideal; • falta de cuidado na escolha dos fornecedores; • aumento do risco a ser administrado; • conflito com os sindicatos; • mudanças na estrutura do poder; • aumento da dependência de terceiros; • perca do vínculo com o empregado; • desconhecimento da legislação trabalhista; • dificuldade de aproveitamento dos empregados já treinados; • perda da identidade cultural da empresa, em longo prazo, por parte dos funcionários. A decisão por terceirizar ou não qualquer atividade no ramo empresarial, industrial, logístico, comercial, de serviços, enfim, cabe ao alto escalão da companhia. Quanto aos riscos, o caso é diferente. 2.6 Por que terceirizar e quais atividades são objeto de terceirização? A primeira etapa é definir quais atividades serão terceirizadas. Em termos mais teóricos, três razões principais são apresentadas para que as instituições busquem soluções externas para atividades antes realizadas por elas próprias: a necessidade de manter o foco nas funções que formam as competências centrais da empresa, uma relação custo/eficiência desfavorável das atividades objeto de subcontratação e problemas financeiros. A empresa deve acreditar que a terceirização será um bom negócio. Alguns exemplos de terceirização Uma fábrica de helicópteros localizada no Sul da França, por exemplo, terceiriza grande parte de suas atividades logísticas de suprimento, mas, em alguns casos, esta é obrigada a realizar tais atividades, dado o caráter confidencial e de segurança de alguns equipamentos. É o caso, por exemplo, de alguns helicópteros de guerra fornecidos para as forças armadas de outros países. Nas indústrias químicas, nem todas as atividades logísticas são objeto de terceirização. Uma grande empresa fabricante de polímerossó considera a terceirização de atividades logísticas na movimentação de materiais embalados, que apresentam pouco perigo de contaminação. É considerado estratégico para a organização o controle do serviço, por se tratar de produtos muito sensíveis. 33 CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO: ESTRATÉGIAS E LOCALIZAÇÃO Observação Na primeira fase do processo, a empresa deve adotar medidas estratégicas, ou seja, uma vez definida a terceirização, deve‑se ter ciência de que o processo não poderá ser revertido, o que será mais delicado. 2.7 Como avaliar se a empresa deve terceirizar serviços logísticos? Ao definirmos a área a ser terceirizada, devemos analisar quais os benefícios que essa atividade de terceirização irá trazer para a instituição em termos de custos. O uso da tecnologia pode definir como uma transação de terceirização irá refletir no mercado. Nos custos de transação, incluem‑se os associados à identificação de possíveis candidatos no mercado, à contratação propriamente dita e ao acompanhamento do desempenho. A especificidade dos ativos é uma das características associadas à transação e aos investimentos no mercado. Assim, quanto mais investimentos forem exigidos para atender a peculiaridades de serviços muito específicos, mais altos serão os custos de adaptação dos ativos para atender um único cliente. Isso pode inviabilizar a prestação do serviço, haja vista que os contratados de serviços têm prazos limitados. Essa dimensão, de certa forma, determina se a instituição deve terceirizar ou não as atividades. Atualmente, as empresas ligadas a atividades na área de logística buscam a redução dos custos de seus serviços e encontram na terceirização uma forma dessa redução. A decisão de terceirizar será resultado dessa ampla análise dos custos e benefícios totais associados à relação e quais serão as vantagens para a empresa. 2.7.1 Operadores logísticos Na distribuição, algumas atividades poderão ser definidas pela empresa ou por um operador logístico – um fornecedor de atividades logísticas –, e uma de suas maiores habilidades é gerenciar parte ou um todo dos serviços logísticos. Esse fornecedor basicamente trabalha com três atividades essenciais na logística, ou seja, precisa controlar os estoques da empresa, armazenar a mercadoria e garantir um transporte eficiente e seguro. Um operador logístico é uma organização externa à empresa produtora e responsável por toda a atividade de distribuição de mercadoria, a qual era realizada pela empresa. Normalmente, busca‑se no mercado uma empresa desse porte por falta de espaço, falta de controle de estoques, falta de tecnologia e a falta de conhecimento do mercado. Além das atividades já sinalizadas, um operador logístico, poderá, a partir de um contrato de serviços, realizar outras atividades, como: • administrar mercadorias oriundas de pontos dispersos; • gerenciar o transporte e seus meios associando a vários armazéns existentes; 34 Unidade I • desenvolver ferramentas e meios para que as mercadorias possam ser mais bem acondicionadas dentro da estrutura da empresa; • definir mecanismos e controle gerencial para que os produtos estejam no local de entrega ou venda. Uma empresa de prestação de serviços logísticos, além das atividades conhecidas e encaradas como convencionais, são empresas que têm conhecimento, habilidade e ferramentas estruturais para desenvolver outras atividades, como: • transporte interno e externo quando houver necessidade do cliente; • centros de distribuição, armazéns ou depósitos; • serviços de mão de obra, bem como especialistas na área; • administração e gestão de estoques e inventários; • atividades e necessidades de serviços na área de produção; • desenvolvimento de mecanismos e formas para elaboração e planejamento de distribuição; • atuação como intermediador em negociações e trabalhar na busca da compra de locais de vendas; • percepção para dispor ao mercado quando necessário a locação de um armazém ou um CD. 2.7.2 Quando decidir por um operador logístico? Eis uma questão extremamente delicada. Antes de optar por uma decisão e seleção de um operador logístico, devemos analisar algumas questões direcionadas à redução dos custos, mantendo a eficiência e qualidade de nossos serviços. Veja algumas delas: • Qual o valor a ser pago por cada uma das atividades logísticas que serão contratadas? • Será necessário repassar todas as minhas atividades a terceiros? • É necessário contratar uma empresa totalmente direcionada para as atividades logísticas? • A redução de meus custos será algo concreto? • Vou conseguir manter a qualidade de meus produtos e serviços logísticos ao contratar uma empresa terceirizada? • Será um bom negócio esquecer que as atividades logísticas fazem parte do passado de minha estrutura? • Ao terceirizar as minhas atividades logísticas, estarei perdendo o contato e a relação com os meus clientes? Observação Terceirizar é uma decisão extremamente delicada, difícil e sem volta. A imagem da empresa perante o mercado define em que lugar ela vai chegar. 35 CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO: ESTRATÉGIAS E LOCALIZAÇÃO Benefícios Um dos maiores benefícios relaciona‑se à dedicação ao aprimoramento de um produto, à busca de novos fornecedores e matéria‑prima, à inovação em tecnologia e à perspectiva de abertura de novos mercados, sem contar, é claro, o fator lucro. 2.8 Prestadores de serviços logísticos 2.8.1 Conceitos Diversas definições de prestadoras de serviço logístico são normalmente apresentadas na literatura técnica. Muitas empresas associam essas atividades essenciais a empresas que realizam apenas o transporte e a armazenagem de mercadorias, ou seja, o termo prestador de serviço logístico abarca todo o tipo de atividade logística, por mais simples que seja, não refletindo necessariamente os avanços tecnológicos e operacionais que dão sustentação ao moderno conceito da cadeia de abastecimento. Um prestador de serviço logístico é uma instituição especializada que atua no mercado de forma a associar a relação entre fornecedor e cliente. Entretanto, qualquer que seja a amplitude da terceirização, o processo deve ser tratado de maneira integrada, a fim de permitir a visão de todo o fluxo. Lembrete Para serem consistentes com a maioria das interpretações do conceito de logística, as atividades deveriam ser idealmente conduzidas de uma maneira integrada e coordenada. Essa seria a grande diferença entre o simples prestador de serviços e o operador logístico. Levando em conta a natureza das atividades logísticas oferecidas pelos prestadores de serviços logísticos, devemos destacar o seguinte: • o produto a ser transportado deverá ter um meio de transporte adequado; • é preciso acondicionar o produto de forma segura e longe de avarias; • vários operadores logísticos desenvolvem atividades que estão associadas ao acabamento de produtos; • o operador logístico tem habilidades relacionadas à produção, por exemplo, a análise de qualidade de mercadoria; • a realização de operações comerciais e marketing é um diferencial competitivo; • administrar os produtos, controlar seus estoques e saber em que local estão; • um operador logístico deve ter sensibilidade e conhecimento em áreas estratégicas para administrar todas as atividades de seu cliente. 36 Unidade I Para descrever o conjunto de atividades logísticas realizadas pelos PSLs, é necessário combinar três critérios: • a natureza das atividades (descrita anteriormente); • características de circulação dos produtos: canais de distribuição, restrições físicas (peso, volume, temperatura) e restrições de gestão (frequência, valor dos produtos, rotatividade de estoques); • área geográfica servida. Dessa forma, a gama de prestações de serviços oferecidas por um PSL pode ser estruturada a partir da combinação desses três aspectos. 2.8.2 Classificação dos prestadores de serviços logísticos A partir de pesquisas, surgem classificações para os prestadores de serviços logísticos. Identificam‑se
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