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QUÍMICA ORGÂNICA

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA ORGÂNICA 
1- Efeito indutivo na cadeia carbônica 
2- Algumas consequências do efeito indutivo 
 - A estabilidade dos carbocátions 
 - Força de ácidos e bases 
3- Efeito mesomérico na cadeia carbônica 
 - Efeito mesomérico em fenóis e aminas aromáticas 
4- Comparação da força ácida 
 
AS REAÇÕES ORGÂNICAS 
1- Rupturas de ligações 
 - Ruptura homolítica 
 - Ruptura heterolítica 
2- Classificação dos reagentes 
3- Mecanismos de reações orgânicas 
4- Classificação das reações orgânicas 
 - Reações de adição 
 - Reações de substituição 
 - Reações de eliminação 
 
HIDROCARBONETOS 
1- Nomenclatura 
2- Radicais livres 
3- A cadeia principal 
4- Sub funções 
ALCANOS 
1- Nomenclatura e exemplos 
2- As conformações moleculares 
3- Algumas fontes naturais e aplicações dos alcanos 
4- Propriedades físicas 
5- Métodos de obtenção 
6- Propriedades químicas 
ALCENOS 
1- Nomenclatura e exemplos 
2- A dupla ligação 
3- Isomeria geométrica 
4- Propriedades físicas 
5- Métodos de obtenção 
6- Propriedades químicas 
DIENOS 
1- Nomenclatura e exemplos 
2- Classificação dos dienos 
3- Propriedades físicas 
4- Métodos de obtenção 
5- Propriedades químicas 
ALCINOS 
1- Nomenclatura e exemplos 
2- A ligação tripla 
3- Propriedades físicas 
4- Métodos de obtenção 
5- Propriedades químicas 
HIDROCARBONETOS ALICÍCLICOS 
1- Nomenclatura e exemplos 
2- Teoria das tensões de Baeyer 
3- As ligações no ciclohexano 
4- Isomeria geométrica 
5- Propriedades físicas 
6- Métodos de obtenção 
7- Propriedades químicas 
HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS 
1- Nomenclatura e exemplos 
2- Estrutura e estabilidade do benzeno 
3- A aromaticidade 
4- Propriedades físicas 
5- Métodos de obtenção 
6- Propriedades químicas 
7- Orientação da segunda substituição no benzeno 
CARBENOS 
 
ISOMERIA ÓPTICA 
Parte 1 
1- A luz polarizada 
2- A atividade óptica 
3- Assimetria e Quiralidade molecula 
4- Rotação específica 
5- Elementos de simetria molecular 
 - Plano de simetria 
 - Eixo de simetria 
 - Centro de simetria 
Parte 2 
6- Moléculas com mais de um carbono assimétrico 
7- Configuração relativa 
8- Configuração absoluta 
 - Configuração absoluta na representação de Fischer 
9- Estereoquímica de reações 
 - Reação no carbono assimétrico 
 - Reação em carbono não-assimétrico 
10- Resolução de racematos 
 
HALETOS DE ALQUILA/ARILA 
1- Nomenclatura e exemplos 
2- Propriedades físicas 
3- Métodos de obtenção 
4- Propriedades químicas 
5- Aplicações dos haletos 
 
ÁLCOOIS 
1- Nomenclatura, classificação e exemplos 
2- Propriedades físicas 
3- Métodos de obtenção 
4- Propriedades químicas 
5- Aplicações dos álcoois 
 
FENÓIS 
1- Nomenclatura e exemplos 
2- Propriedades físicas 
3- Métodos de obtenção 
4- Propriedades químicas 
5- Sais de fenóis 
6- Aplicações dos fenóis 
 
ÉTERES 
1- Nomenclatura e exemplos 
2- Propriedades físicas 
3- Métodos de obtenção 
4- Propriedades químicas 
5- Aplicações dos éteres 
 
ALDEÍDOS E CETONAS 
1- Nomenclatura e exemplos 
2- Propriedades físicas 
3- Métodos de obtenção 
4- Propriedades químicas 
5- Aplicações dos aldeídos e cetonas 
 
ÁCIDOS CARBOXÍLICOS 
1- Nomenclatura e exemplos 
2- Propriedades físicas 
3- Métodos de obtenção 
4- Propriedades químicas 
5- Sais de ácidos carboxílicos 
6- Aplicações dos ácidos carboxílicos 
 
ÉSTERES 
1- Nomenclatura e exemplos 
2- Propriedades físicas 
3- Métodos de obtenção 
4- Propriedades químicas 
5- As gorduras e o sabão 
6- Aplicações dos ésteres 
 
ANIDRIDOS E HALETOS DE ÁCIDOS 
1- Nomenclatura e exemplos 
2- Propriedades físicas 
3- Métodos de obtenção 
4- Propriedades químicas 
5- Aplicações dos anidridos e dos cloretos de ácidos 
 
AMINAS 
1- Nomenclatura, classificação e exemplos 
2- Propriedades físicas 
3- Métodos de obtenção 
4- Propriedades químicas 
5- Sais e hidróxidos de amina quaternária 
6- Sais de diazônio 
7- Aplicações das aminas 
 
AMIDAS 
1- Nomenclatura, classificação e exemplos 
2- Propriedades físicas 
3- Métodos de obtenção 
4- Propriedades químicas 
5- Aplicações das amidas 
 
NITRILAS E ISONITRILAS 
1- Nomenclatura e exemplos 
2- Propriedades físicas 
3- Métodos de obtenção 
4- Propriedades químicas 
5- Aplicações das nitrilas e isonitrilas 
 
NITROCOMPOSTOS 
1- Nomenclatura e exemplos 
2- Propriedades físicas 
3- Métodos de obtenção 
4- Propriedades químicas 
5- Aplicações dos nitrocompostos 
 
ÁCIDOS SULFÔNICOS 
1- Nomenclatura e exemplos 
2- Propriedades físicas 
3- Métodos de obtenção 
4- Propriedades químicas 
5- Aplicações dos ácidos sulfônicos 
 
TIO-COMPOSTOS 
1- Nomenclatura e exemplos 
2- Propriedades físicas 
3- Métodos de obtenção 
4- Propriedades químicas 
5- Aplicações dos tio-compostos 
 
COMPOSTOS HETEROCÍCLICOS 
1- Nomenclatura e exemplos 
2- A estabilidade dos compostos heterocíclicos 
3- Propriedades físico-químicas 
4- Principais ocorrências dos compostos heterocíclicos 
5- Algumas aplicações dos compostos heterocíclicos 
6- Os Alcalóides 
 
A ESPECTROMETRIA 
Parte 1 
1- Definição e conceitos importantes 
2- A absorção de energia 
3- Espectrometria no Ultravioleta 
 - O gráfico de absorção 
 - Cálculos teóricos de absorção 
Parte 2 
4- Espectrometria no Infravermelho 
 - Os picos de absorção no Infravermelho 
 - Identificação de bandas caracteríticas 
5- Espectrometria de Massa 
Parte 3 
6- Espectrometria de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) 
 - A origem do sinal 
 - O deslocamento químico 
 - Identificação dos tipos de hidrogênio 
 - O desdobramento do sinal 
Parte 4 
6- Espectrometria de RMN do carbono 13 
 - Os sinais do espectro de RMN 13C 
 - O deslocamento químico do 13C 
 - Cálculos teóricos de deslocamento químico do 13C 
 
POLÍMEROS 
1- Introdução 
2- Classificação dos polímeros 
 - Quanto à ocorrência 
 - Quanto à natureza da cadeia 
 - Quanto à estrutura final do polímero 
3- As reações de polimerização 
 - Polímeros de Adição 
 - Copolímeros 
 - Polímeros de Condensação 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA ORGÂNICA 
 
 1- Efeito Indutivo na cadeia carbônica 
 Analise o esquema abaixo: 
 
 Na ligação C - C numa sucessão só de átomos de carbono os elétrons da ligação estão equidistantes de cada 
átomo. Já numa sucessão de carbonos terminada por um elemento muito eletronegativo, como o cloro, por 
exemplo, ocorre uma deslocalização de elétrons das ligações C - C por causa do efeito da ligação C - Cl. Esse 
efeito é chamado efeito indutivo. O cloro funciona com um ponto de atração eletrônica, "puxando" para si os 
elétrons da ligação com o carbono ligado a ele. É como uma trilha de dominó em que as peças caem umas sobre as 
outras: o cloro atrai para si os elétrons da ligação com o carbono ligado a ele; este, por sua vez, fica com uma 
certa "deficiência eletrônica" e, por isso, atrai para si os elétrons da ligação com o carbono seguinte, tentando 
compensar essa deficiência, e assim sucessivamente. Isso acaba gerando uma polarização na cadeia carbônica. 
 Do ponto de vista do efeito indutivo, existem duas espécies de grupos que podem se ligar a uma cadeia 
carbônica: 
 Grupos elétron-atraentes (efeito indutivo -I): São aqueles que atraem os elétrons das ligações em sua 
direção. Os mais importantes grupos elétron-atraentes são aqueles que possuem elementos muito eletronegativos 
em relação ao carbono (F, O, N, Cl, Br, I etc.) ou radicais insaturados. Os radicais insaturados possuem ligações pi, 
que por efeito de ressonância, irão atrair os elétrons das ligações em sua direção. 
 Grupos elétron-repelentes (efeito indutivo +I): São aqueles que "empurram" os elétrons das ligações em 
direção oposta a eles. Os mais importantes grupos elétron-repelentes são os radicais saturados (alquila) e os que 
possuem carga elétrica negativa. Nos radicais alquila, quanto mais átomos de C e H (com simples ligações)tiver o 
radical mais elétron-repelente ele será. 
 
 2- Algumas consequências do Efeito Indutivo 
 
 2.1) A estabilidade dos carbocátions: 
 Uma consequência importantíssima do efeito indutivo relaciona-se com a estabilidade do carbocátion numa 
reação química em que há formação desta espécie como intermediária no processo. O tipo de carbocátion formado 
pode determinar que produtos serão formados e em que proporções relativas. O carbocátion é um íon que possui 
um carbono com apenas três ligações (sp2), isto é, possui uma carga positiva. Experimentalmente verifica-se uma 
grande facilidade de se formarem carbocátions terciários (cuja carga positiva está num carbono terciário) em 
relação a carbocátions secundários ou primários. Essa estabilidade diminui do carbocátion terciário para o 
secundário e deste para o primário. Veja abaixo a possível explicação para esse fato: 
 
 Nesse caso, a carga positiva funciona como o centro de atração eletrônica na cadeia. Perceba que no 
carbocátion primário apenas um sentido de corrente eletrônica está disponível para compensar a deficiência de 
elétrons do carbono sp2. Já no secundário existem dois sentidos de corrente, e no terciário, três sentidos. 
Logicamente, quanto maior a disponibilidade eletrônica para compensar a carga positiva, maior a facilidade do 
carbocátion e maior a facilidade de ser formado. Muitas vezes, devido à alta instabilidade, os carbocátions 
primários nem chegam a se formar. A não ser que as condições do meio em que ocorre a reação sejam favoráveis à 
sua formação. Maiores detalhes serão vistos adiante nas reações químicas que passam por carbocátions. 
 
 2.2) Força de ácidos e bases: 
 Outra consequência interessante do efeito indutivo relaciona-se com a força de ácidos e bases orgânicos. 
 Caráter ácido - Vejamos um ácido carboxílico que possui um grupo de indução ligado à cadeia. Esse grupo 
pode ser elétron-atraente ou elétron-repelente: 
 
 No primeiro caso (a) o grupo X é elétron-atraente. O efeito indutivo é -I e, portanto, deixa a carbonila com 
déficit eletrônico, o que leva a um enfraquecimento da ligação com o hidrogênio ácido. Logo, será mais fácil a 
liberação do próton. Assim, o caráter ácido aumenta. 
 No segundo caso (b) o grupo X é elétron-repelente. O efeito indutivo é +I e, portanto, deixa a carbonila 
com superávit eletrônico, o que leva a um aumento da força de ligação com o hidrogênio ácido. Logo, será mais 
difícil a liberação do próton. Assim, o caráter ácido diminui. 
 Caráter básico - Vejamos agora o que ocorre com uma amina (base orgânica): 
 
 Segundo a teoria de Lewis, base é uma espécie química que possui um ou mais pares eletrônicos não-
ligantes, ou seja, é capaz de coordenar pares eletrônicos. Dessa forma, assim como a força de um ácido está 
relacionada com a sua capacidade de receber elétrons, a "força" de uma base relaciona-se com sua capacidade de 
coordenar elétrons. Logo, quanto maior a disponibilidade eletrônica em uma espécie química, maior será seu 
caráter básico. 
 No primeiro caso (a) o grupo X é elétron-atraente. O efeito indutivo é -I e, portanto, deixa o grupo amino 
com déficit eletrônico, o que leva a uma diminuição do seu caráter básico. 
 No segundo caso (b) o grupo X é elétron-repelente. O efeito indutivo é +I e, portanto, deixa o grupo amino 
com superávit eletrônico, o que leva a um aumento do seu caráter básico. 
 
 3- Efeito Mesomérico na cadeia carbônica 
 O efeito mesomérico está diretamente relacionado com o fenômeno da ressonância. Para que exista 
ressonância é preciso que haja na espécie química uma movimentação de elétrons que resulte em duas ou mais 
estruturas equivalentes, isto é, estruturas idênticas, mas que possuem arranjos eletrônicos diferentes. E sempre 
que essas estruturas tiverem aproximadamente o mesmo conteúdo energético, a ressonância será muito 
importante na estabilidade da espécie química. Veja o esquema abaixo: 
 
 Com o deslocamento do par de elétrons da ligação pi, aparece uma carga positiva em um carbono e uma 
carga negativa no outro. Embora a estrutura carregada eletricamente (da direita) não contribua para a 
estabilidade da molécula, ela é possível, e a estrutura real da molécula seria um híbrido das duas estruturas acima 
- uma estrutura parcialmente ionizada. As setas indicam apenas uma movimentação de elétrons e não a 
transformação de uma estrutura na outra. Essa polarização foi provocada pelo fenômeno da ressonância. Se a 
carbonila estiver ligada a outros átomos ela poderá transmitir essa polarização através da cadeia. Esse fenômeno 
é chamado efeito mesomérico ou efeito mesômero. 
 
 3.1) Efeito mesomérico em fenóis e aminas aromáticas: 
 Uma consequência muito interessante do efeito mesômero relaciona-se com a força ácido-básica dos fenóis 
e das aminas aromáticas. Por efeito de ressonância, o anel aromático é um híbrido de várias estruturas 
equivalentes. Esse fenômeno irá acarretar algumas consequências nestes compostos. O esquema abaixo mostra um 
exemplo de cada um destes compostos (fenol e anilina), descrevendo as possíveis estruturas de ressonância em 
cada um deles: 
 
 No primeiro caso (a) os pares eletrônicos não-ligantes do oxigênio participam da ressonância do anel 
aromático. O efeito mesomérico é +M, porque "empurra" os elétrons para o anel e, portanto, deixa a hidroxila com 
déficit eletrônico. Isso leva a um enfraquecimento da ligação O-H, dando assim um caráter ligeiramente ácido aos 
fenóis. 
 O segundo caso (b) é semelhante ao primeiro: o par eletrônico não-ligante do nitrogênio também participa 
da ressonância do anel, porém, a consequência disso é diferente, por se tratar de uma base. O efeito +M diminui a 
capacidade do grupo amino de coordenar elétrons. Assim, seu caráter básico é baixo. 
 
 4- Comparação da força ácida 
 Façamos agora uma comparação do caráter ácido entre algumas espécies químicas. Vejamos as bases 
conjugadas do fenol, do ácido acético e do etanol: 
 
 Veja que, para o fenol existem três estruturas de ressonância possíveis para estabilizar o ânion. Para o 
ácido acético existem apenas duas estruturas, e para o álcool, não há estruturas de ressonância. Sabemos que a 
ressonância é um importante fator de estabilidade química. Logo, quanto maior o número de estruturas possíveis 
de ressonância, mais estável deverá ser a espécie. Assim, a força ácida do fenol é realmente maior que a do 
etanol, porém, menor do que a do ácido acético. Ora, pelo número de estruturas, deveríamos esperar justamente o 
contrário, ou seja, que o fenol fosse mais ácido que o ácido acético. no entanto, um outro fator predomina nessa 
disputa: a semelhança canônica - quando as estruturas de ressonância são equivalentes (como no caso do ácido 
acético), a espécie adquire uma incrível estabilidade se comparada a uma espécie cujas estruturas canônicas 
apresentam diferenças (como no fenol). 
 É claro que, numa espécie química, a presença ou ausência de grupos de indução poderá determinar uma 
força ácida mais ou menos intensa. Um bom exemplo é o 2,4,6 - trinitrofenol (ácido pícrico): seu caráter ácido é 
tão forte quanto os ácidos inorgânicos. Normalmente, porém, em espécies mais simples, pode-se generalizar: 
 força ácida: ácido carboxílico > fenol > álcool 
 
AS REAÇÕES ORGÂNICAS 
 
 1- Rupturas de ligações 
 Nas reações orgânicas é muito comum a formação de grupos intermediários instáveis, sendo, portanto, de 
existência transitória, nos quais o carbono não tem efetuadas suas quatro ligações. Estes grupos se originam da 
ruptura de ligações entre átomos, que pode ocorrer de modo homogêneo ou heterogêneo. 
 
 1.1) Ruptura Homolítica: 
 Quando a ruptura é feita igualmente, de modo que cada átomo fique com seu elétronoriginal da ligação, 
temos uma ruptura homolítica, que resulta na formação de radicais livres. Radical livre, portanto, é um átomo ou 
grupo de átomos com elétrons desemparelhados, e têm carga elétrica igual a zero. As rupturas homolíticas 
frequentemente ocorrem em moléculas apolares ou com baixa diferença de eletronegatividade entre os átomos 
das ligações e exigem alta energia. Veja o exemplo abaixo: 
 
 
 1.2) Ruptura Heterolítica: 
 Quando a ruptura é feita de modo desigual, ficando o par eletrônico com apenas um dos átomos da ligação, 
temos uma ruptura heterolítica, resultando na formação de íons. As rupturas heterolíticas frequentemente 
ocorrem em ligações polarizadas, em presença de solventes polares, à custa de pouca energia. Veja os seguintes 
exemplos: 
 
 a) Rompendo-se heteroliticamente a ligação entre o carbono e o bromo, de modo que o bromo, sendo mais 
eletronegativo, leve consigo o par eletrônico, temos a formação do íon brometo e do carbocátion. 
 b) Rompendo-se heteroliticamente a ligação entre o carbono e o hidrogênio, de modo que o carbono leve 
consigo o par eletrônico, temos a formação de um carbânion ou carboânion, e um íon H+ (próton). 
 
 2- Classificação dos reagentes 
 As espécies químicas que se combinam com os compostos orgânicos são classificados em dois tipos, 
conforme utilizem os elétrons ou os forneça para efetuar a ligação com o composto orgânico: 
 Reagente eletrófilo (E) - O eletrófilo é uma espécie que possui afinidade por elétrons, e se liga a espécies 
capazes de fornecer-lhe esses elétrons (ver teoria de Lewis). O eletrófilo pode ser um cátion ou uma molécula 
com deficiência eletrônica (com orbital vazio para receber um par eletrônico). Quando um eletrófilo se combina 
com um reagente orgânico (substrato), temos uma reação eletrofílica. Pelo conceito de Lewis, o reagente 
eletrófilo é um ácido e o substrato é uma base. 
 Reagente nucleófilo (:Nu) - O nucleófilo é uma espécie que possui par de elétrons disponíveis para efetuar 
uma ligação, e se liga a espécies capazes de comportar esses elétrons (ver teoria de Lewis). O nucleófilo pode ser 
um ânion ou uma molécula com disponibilidade eletrônica (com orbital preenchido para coordenar elétrons não-
ligantes). Quando um eletrófilo se combina com um reagente orgânico, chamado de substrato (S), temos uma 
reação nucleofílica. Pelo conceito de Lewis, o reagente nucleófilo é uma base e o substrato é um ácido. 
 
 3- Mecanismos de reações orgânicas 
 Mecanismo de uma reação é a descrição das várias etapas pelas quais ela passa, como a ruptura das 
ligações, os ataques eletrofílicos e nucleofílicos ao reagente orgânico, a formação de novas ligações e de 
compostos intermediários etc. Um mecanismo proposto é sempre um modelo que se baseia em evidências 
experimentais, mas nem sempre é a única maneira de se explicar a formação de determinado produto. No 
mecanismo da reação influem fatores eletrônicos (polaridade das ligações, deslocalização de elétrons etc), 
fatores estéricos (presença ou não de grupos volumosos envolvendo o centro reativo da molécula etc) e a natureza 
do solvente. Uma reação orgânica pode ocorrer basicamente de duas maneiras: ionicamente ou via radicais livres. 
 Mecanismo iônico - Inicia-se com a ruptura heterolítica de uma ligação covalente, originando íons (entre 
eles, o carbocátion). Normalmente a ligação a ser rompida é polarizada e a reação ocorre em solvente polar. Assim, 
os íons formados se estabilizam por solvatação. 
 Mecanismo via radicais livres - Inicia-se com a ruptura homolítica de uma ligação covalente, formando 
radicais livres, em geral, muito instáveis, portanto, muito reativos. Por não possuírem carga elétrica, não podem 
ser estabilizados por solvatação, e tendem a se combinar instantaneamente com outros radicais para adquirir 
estabilidade. 
 Muitas vezes, num sistema em reação, existem, por exemplo, mais de uma espécie de nucleófilo ou 
eletrófilo, que então competem para a reação com o substrato. No entanto, vários fatores físicos e químicos vão 
determinar qual deles é que vai efetivamente reagir, como por exemplo, reagentes muito volumosos, força ácido-
básica etc. Antes de se realizar uma reação, todas as características dos reagentes são verificadas e os 
reagentes são escolhidos convenientemente, dependendo do produto que se deseja obter. Deve-se deixar bem 
claro: O mecanismo de uma reação é uma maneira didática de explicar passo a passo a formação de determinado 
produto. Não importa se existem possibilidades de formação de outros produtos. O mecanismo tem que explicar o 
que aconteceu realmente na prática. 
 
 4- Classificação das reações orgânicas 
 Quando uma reação orgânica efetua-se em diversas etapas, é a primeira etapa que irá classificar essa 
reação. 
 
 4.1) Reações de Adição: 
 Nas reações de adição dois reagentes originam um único produto: A + B C 
 Adição nucleofílica - Reação comum dos compostos carbonilados, ocorre quando o substrato adiciona na 
primeira etapa um reagente nucleófilo. 
• 1o etapa: adição nucleofílica 
• 2o etapa: adição eletrofílica 
 Vejamos como se comporta um aldeído (ou cetona) quando em contato com HCN. Primeiramente ocorre uma 
cisão heterolítica do HCN, que é um ácido fraco (dissociação): HCN H+ + CN - 
 
 Adição eletrofílica - Reação comum em alcenos e alcinos, ocorre quando o substrato adiciona na 
primeira etapa um reagente eletrófilo: 
• 1o etapa: adição eletrofílica 
• 2o etapa: adição nucleofílica 
 Veja um exemplo: 
 
 É importante dizer que a entrada do nucleófilo se dá na posição trans em relação ao eletrófilo 
anteriormente adicionado. Isso ocorre devido às repulsões intereletrônicas entre os dois átomos de cloro. A 
posição trans é a mais estável. 
 
 4.2) Reações de Substituição: 
 Nas reações de substituição, o substrato tem um de seus ligantes substituído por outro: A-B + C A-C 
+ B 
 Substituição nucleofílica - Essa reação é típica dos haletos, e em sua primeira etapa um dos grupos do 
substrato é substituído por um reagente nucleófilo. 
 Substituição Nucleofílica bimolecular ou de 2o ordem (SN2) - Nesse mecanismo ocorrem dois fatos 
importantes: ataque nucleofílico, formando um estado de transição (etapa lenta) e eliminação do grupo 
abandonador (etapa rápida). Nesse mecanismo, a velocidade da reação depende da concentração dos dois 
reagentes - o nucleófilo e o substrato. Isso porque a primeira etapa, que é lenta e por isso determina a velocidade 
da reação, depende dos dois reagentes para ocorrer - a formação do estado de transição. Veja um exemplo: 
 
 A reação por SN2 origina um produto cuja configuração absoluta é oposta à inicial (inversão total de 
configuração). Isso porque a entrada do nucleófilo (no caso do exemplo acima, o OH-) se dá em lado contrário ao 
grupo anbandonador (no caso do exemplo acima, o Br), devido às repulsões entre pares eletrônicos dos grupos 
ligantes. O carbono, incialmente tetraédrico, adquire uma estrutura radial, no estado de transição, com cinco 
ligantes: a ligação com o Br está sendo desfeita e, simultaneamente, está se formando a ligação com o OH. EM 
seguida, após a saída do Br, o carbono reassume a forma tetraédrica, mas em configuração invertida à original. 
 Veja abaixo alguns fatores que favorecem o mecanismo SN2: 
• Pressão - Como o mecanismo SN2 depende da concentração de ambos os reagentes, é fundamental um 
grande número de choques entre eles para que a reação ocorra. Por isso, quanto maior a pressão mais 
intensas serão as colisões intermoleculares. 
• Solvente apolar - Como o estado de transição (complexo ativado) no mecanismo SN2 é uma estrutura sem 
carga elétrica, um solvente polar poderia desestabilizar a estrutura, por distorcer a nuvem eletrônicadessa estrutura. Nesse caso, um solvente apolar seria o ideal para manter o estado de transição durante a 
reação. 
• Cadeia pequena - Se a cadeia carbônica for pequena, sem ramificações, será mais fácil a aproximação do 
nucleófilo, para efetuar a ligação com o substrato e formar o estado de transição, sem a necessidade de 
eliminar antes o grupo abandonador. O mecanismo SN2, portanto, é favorecido. 
• Efeito indutivo -I - Quando a cadeia carbônica apresenta grupos elétron-atraentes, que "puxam" elétrons 
para eles, esses elétrons "parcialmente retirados" contribuirão para desestabilizar o carbocátion que 
possivelmente se forme. Portanto, o mecanismo mais favorecido será o SN2, que não forma carbocátion. 
 Substituição Nucleofílica monomolecular ou de 1o ordem (SN1) - Nesse tipo de reação, ocorrem dois 
fatos importantes: formação do carbocátion, eliminando o grupo abandonador (etapa lenta) e ataque nucleofílico 
(etapa rápida). Nesse mecanismo, a velocidade da reação depende da concentração de apenas um dos reagentes - o 
substrato. Isso porque a primeira etapa, que é lenta e por isso determina a velocidade da reação, não depende do 
nucleófilo, pois a formação do carbocátion acontece pela absorção de energia, não envolvendo outras estruturas. 
Veja um exemplo: 
 
 A reação por SN1 origina uma mistura de enantiômeros: ocorre retenção e inversão de configuração. Isso 
porque o carbocátion tem geometria trigonal plana, oferecendo dois lados para a entrada do nucleófilo. No 
entanto, a racemização não é completa, e geralmente predomina o enantiômero de configuração invertida. Isto 
ocorre provavelmente devido ao fato de o haleto, durante sua saída, proteger (por causa das repulsões inter-
eletrônicas com o OH-) esse lado do carbono contra o ataque do nucleófilo, que então entra preferencialmente, 
pela retaguarda. 
 Veja abaixo alguns fatores que favorecem o mecanismo SN1: 
• Temperatura - Como no mecanismo SN1 o estado intermediário é um carbocátion, um estado altamente 
energético, quanto maior a disponibilidade de energia no meio, mais favorecida será a formação desse 
carbocátion. 
• Solvente polar - Por possuir carga elétrica, o carbocátion pode ser estabilizado por um solvente polar. A 
atração eletrostática que as moléculas polares do solvente exercem sobre o carcocátion facilita a 
formação do carbocátion. 
• Cadeia ramificada - Se a cadeia carbônica for muito ramificada, criar-se-á uma certa "dificuldade" de 
aproximação e ligação do nucleófilo com o substrato, ou seja, será mais difícil a formação de um estado de 
transição. Logo, o mecanismo SN1 será favorecido. Essa dificuldade é denominada impedimento estérico. 
Atente para o seguinte fato: A molécula volumosa do (CH3)3C - Br tem geometria tetraédrica, de difícil 
aproximação do nucleófilo para formar o complexo ativado. Porém, com a saída do Br ela adquire uma 
geometria trigonal plana (carbocátion), menos volumosa, facilitando a entrada do nucleófilo. 
• Efeito indutivo +I - Quando a cadeia carbônica do carbocátion apresenta grupos elétron-repelentes, ou 
seja, que "empurram" elétrons para o carbono sp2, esses elétrons contribuirão para estabilizar o 
carbocátion. 
 Substituição eletrofílica - Essa reação, típica dos compostos aromáticos, e em sua primeira etapa um 
dos grupos do substrato é substituído por um reagente eletrófilo. 
• 1o etapa: adição eletrofílica 
• 2o etapa: eliminação 
 A primeira etapa consiste no ataque do substrato a um eletrófilo , formando um carbocátion. Em seguida o 
carbocátion elimina um próton (desprotonação), neutralizando a estrutura. 
 Veja um exemplo: 
 
 
 Substituição por radical livre - Nessa reação, típica de alcanos, o substrato sofre na primeira etapa 
um ataque por radical livre. Veja um exemplo: 
 
 
 4.3) Reações de Eliminação: 
 Geralmente, nas reações de eliminação, o substrato tem dois de seus ligantes retirados, formando uma 
insaturação: B-A-A-C A=A + B + C 
 Eliminação E1 ou de primeira ordem - O mecanismo E1 tem certa semelhança com a reação SN1. 
Forma-se um carbocátion na primeira etapa e a velocidade da reação só depende da concentração do substrato. 
Os fatores que favorecem esse mecanismo são os mesmos que favorecem SN1. Vejamos um exemplo: 
 
 Eliminação E2 ou de segunda ordem - O mecanismo E2 tem certa semelhança com a reação SN2. 
Forma-se um estado intermediário na primeira etapa e a velocidade da reação depende da concentração de ambos 
os reagentes. Os fatores que favorecem esse mecanismo são os mesmos que favorecem SN2. Vejamos um 
exemplo: 
 
 
 4.4) Substituição x Eliminação: 
 Uma comparação importante pode ser feita entre os mecanismos SN e E. Isto porque, sempre existirão, 
durante uma substituição nucleofílica ou uma eliminação, porcentagens de produtos de substituição e eliminação, 
em quantidades variadas. Tome como exemplo a reação acima, do 2- bromo butano com o íon hidróxido. Se o OH- 
atacar o carbono, a reação será de substituição e o produto será um álcool; mas se atacar um hidrogênio, será de 
eliminação e o produto será um alceno. Tanto maior será a porcentagem de produto de eliminação quanto mais 
ramificado for o alceno que puder ser formado, devido à estabilidade dos alcenos ramificados. Assim, no caso dos 
haletos, os haletos primários sofrerão mais rapidamente substituição e os haletos terciários (mais ramificados) 
sofrerão mais rapidamente eliminação. 
 
HIDROCARBONETOS 
 
 1- Nomenclatura 
 A nomenclatura dos hidrocarbonetos, assim como a de todos os compostos orgânicos está baseada na 
utilização de prefixos, infixos e sufixos. O prefixo indica o número de carbonos existente na cadeia: 
 1 C - MET 5 C - PENT 9 C - NON 
 2 C - ET 6 C - HEX 10 C - DEC 
 3 C - PROP 7 C - HEPT 11 C - UNDEC 
 4 C- BUT 8 C - OCT 12 C - DODEC 
 O infixo está relacionado com à saturação do composto e o sufixo designa a subfunção do hidrocarboneto 
(alcano, alceno, alcadieno, alcino, alcenino etc.): 
• A cadeia não contém insaturações - prefixo + ANO 
• A cadeia contém uma dupla - prefixo + ENO 
• A cadeia contém uma tripla - prefixo + INO 
• A cadeia contém uma duas duplas - prefixo + ADIENO 
• A cadeia contém uma dupla e uma tripla - prefixo + ENINO 
 
 2- Radicais livres 
 Imagine uma ligação covalente entre carbono e hidrogênio. Se houver uma ruptura homolítica dessa ligação, 
teremos a formação de um radical livre: 
 
 Os radicais são nomeados usando-se o prefixo do número de carbonos seguido do sufixo IL (a) (o). Abaixo 
estão representados os principais radicais livres derivados dos hidrocarbonetos. Veja mais sobre radicais livres 
aqui. 
 
 
 3- A cadeia principal 
 Um hidrocarboneto é nomeado de acordo com sua cadeia principal. A escolha da cadeia principal segue, em 
ordem de prioridade, as seguintes exigências: 
• Deve conter o maior número de insaturações 
• Deve ter a maior sequência de carbonos possível 
• Deve apresentar o maior número de radicais e os menos complexos possíveis 
 Os átomos de carbono restantes são considerados como radicais. A numeração da cadeia começa 
preferencialmente da extremidade mais próxima da insaturação, se houver. Caso contrário inicia-se da 
extremidade mais próxima do carbono que contém mais radicais, dando preferência aos menos complexos. Veja o 
exemplo abaixo - a cadeia principal está em vermelho e os radicais em azul: 
 
 É fundamental localizar a insaturação na cadeia, numerando-a no final do nome. Veja que no exemplo acima, 
a dupla ligação está na quarta posição. Os radicais são colocados em ordem de complexidade ou em ordem 
alfabética, no caso de igual complexidade. Se o composto tiver cadeia fechada e esta contiver maior número de 
carbonos que a maior ramificação dá-se preferência a ela como principal e as ramificações sãoconsideradas 
radicais. Daí acrescenta-se o termo CICLO antes do prefixo: 
 
 
 4- Subfunções 
 Os hidrocarbonetos são divididos em várias classes ou subfunções, baseadas na saturação ou insaturação do 
composto, o que lhes confere propriedades físico-químicas muito diferentes. São as principais classes de 
hidrocarbonetos: 
ALCANOS ALCENOS DIENOS ALCINOS ALICÍCLICOS AROMÁTICOS 
 
ALCANOS ou PARAFINAS 
 
 1- Nomenclatura e exemplos 
 Nomenclatura oficial IUPAC: prefixo + ano 
 
Alguns exemplos importantes: 
 
 OBS: é comum também a denominação n-alcano para os alcanos cadeias normais, para diferenciá-los dos 
isômeros de cadeia ramificada. Ex: n-propano. 
 
 2- As conformações moleculares 
 Os alcanos são hidrocarbonetos saturados, ou seja, todos os seus carbonos realizam quatro ligações simples. 
A hibridação nesse caso é sp3, o que lhes confere uma geometria tetraédrica. Veja abaixo duas posições espaciais 
para a molécula de etano: 
 
 Trata-se de duas posições completamente opostas entre si. no entanto, entre essas duas posições existe 
uma infinidade de outras posições possíveis. essas posições são chamadas de conformações. Mas qual seria então a 
verdadeira conformação do etano? A resposta é: todas elas. 
 A ligação sigma que une dois átomos de carbono tem simetria cilíndrica - a sobreposição de orbitais e a 
energia da ligação, portanto, deve ser a mesma em todas as disposições possíveis. Se os vários arranjos possíveis 
não diferem entre si quanto aos valores correspondentes de energia, a molécula não ficará restrita a um, entre 
eles, mas poderá mudar livremente de um arranjo para outro. Dado que a passagem de uma conformação para 
outra se faz por meio da rotação da ligação sigma carbono-carbono, dizemos que existe uma rotação livre à volta 
da ligação simples carbono-carbono. 
 Certas propriedades físicas indicam que a conformação eclíptica, no caso do etano, aumenta a energia do 
sistema em 3 kcal/mol, devido à repulsões que surge entre os pares de elétrons que mantêm os hidrogênios em 
posição. Essa repulsão é chamada de interação não-dirigida, e desestabiliza o sistema. A maioria das moléculas do 
etano, portanto, deve existir na conformação interpolada, que é mais estável. Contudo, a barreira de 3 kcal não se 
pode considerar alta. mesmo à temperatura ambiente, é bastante elevada a fração de choques entre as moléculas 
que se dão com energia suficiente para operar a passagem de uma conformação à outra. 
 A interconversão de uma estrutura na outra é tão rápida que não se pode separá-las. A temperaturas muito 
baixas, porém, a energia dos choques entre as moléculas é baixa. isso explica o fato de se ter conseguido separar 
dois isômeros do composto CHBr2CHBr2 em que há considerável aglomeração atômica. 
 
 3- Algumas fontes naturais e aplicações dos alcanos 
 O metano, o mais simples dos alcanos, e outros alcanos com poucos átomos de carbono constituem a parte 
principal dos gases emanados presentes nos terrenos petrolíferos e em locais pantanosos, onde há muita matéria 
orgânica em decomposição, ou nas minas de sais potássicos, onde se notam, frequentemente, formações de gases 
ricos em metano. Outra fonte natural de alcanos é o petróleo, geralmente formado por uma mistura de 
hidrocarbonetos nos quais os átomos de carbono variam de 1 a 40. Também em algumas essências vegetais 
verifica-se a presença de alcanos, em especial o heptano normal. Outros alcanos, de elevada massa molecular, 
encontram-se em pequenas porcentagens na cera de abelha, principalmente o heptacosano (C27H56) e o 
hentriacotano (C31H64). 
 
 4- Propriedades físicas 
 Por serem compostos completamente apolares, as forças (de Van der Waals) que mantêm unidas as 
moléculas dos alcanos são muitas fracas e de curto raio de ação - atuam apenas entre partes de moléculas vizinhas 
que se encontrem em contato, ou seja, entre as superfícies das moléculas. Deve-se esperar, portanto, que quanto 
maior for a molécula, e consequentemente a área superficial, maiores serão as forças intermoleculares. Assim, 
algumas propriedades físicas, como o ponto de fusão (PF) e o ponto de ebulição (PE) crescem à medida que 
aumenta o número de carbonos na cadeia dos alcanos. 
 À temperatura ambiente os n-alcanos com até 4 carbonos são gasosos; de 5 a 16 carbonos são líquidos e 
acima de 17 são sólidos. Os alcanos isômeros apresentam diferenças no PE e PF. Por exemplo, o butano tem PE = 
0,8o C e o isobutano tem PE = -11,7o C. Pode-se generalizar que, para alcanos isômeros, aquele que tiver maior 
número de ramificações terá menor ponto de ebulição. Imagina-se que, pela inserção de cadeias laterais, a 
molécula tende a aproximar-se da forma esférica; isso produz um decréscimo da área superficial relativa e, 
consequentemente, enfraquecimento das forças intermoleculares, as quais podem, assim, ser vencidas a 
temperaturas mais baixas. 
 Quanto à solubilidade, os alcanos, sendo moléculas apolares, dissolvem-se apenas em solventes apolares 
como benzeno e em outros alcanos líquidos (gasolina, querosene etc). A densidade dos alcanos aumenta 
inicialmente com o peso molecular, mas tende depois para um limite de cerca de 0,778, sendo todos, portanto, 
menos densos que a água. 
 
 5- Métodos de obtenção 
 Os alcanos mais baixos, desde o metano até o n-pentano, podem ser obtidos em estado puro, pela destilação 
fracionada do petróleo e do gás natural. As frações separadas do petróleo, no entanto, são constituídas de 
misturas complexas de vários hidrocabonetos com diferentes números de átomos de carbono e, sob a forma de 
diversos isômeros. Os demais alcanos têm de ser preparados em laboratório. O uso que se dá a cada uma das 
frações depende essencialmente da respectiva volatilidade ou viscosidade dos compostos. 
 Fração Temperatura de ebulição Número de átomos de carbono 
 Gás abaixo de 20o C 1 a 4 
 Éter de petróleo 20 - 60o C 5 a 6 
 Ligroína (nafta leve) 60 - 100o C 6 a 7 
 Gasolina natural 40 - 205o C 5 a 10 e cicloalcanos 
 Petróleo de iluminação 175 - 325o C 12 a 18 e aromáticos 
 Gasóleo acima de 275o C 12 ou mais 
 Óleo de lubrificação líquidos não voláteis cadeias longas ligadas a ciclos 
 Asfalto ou coque do petróleo sólidos não voláteis estruturas policíclicas 
 
 6- Propriedades químicas 
 Os alcanos são compostos naturalmente pouco reativos. Para fazer reagir um alcano é preciso fornecer 
grande quantidade de energia, pois sua estrutura é muito estável e muito difícil de ser quebrada. Só uma partícula 
extremamente reativa, como um átomo ou um radical livre, consegue atacar a molécula do alcano. As reações 
geralmente se dão pela subtração de hidrogênios do alcano, rompendo homoliticamente a ligação. Forma-se então 
um radical livre, que continua a sequência da reação. A molécula do alcano, todavia, possui diversos átomos de 
hidrogênio, e o produto, que efetivamente se forma, depende de qual desses hidrogênios é removido. 
PRINCIPAIS REAÇÕES DOS ALCANOS 
1- Craque ou Pirólise 
2- Halogenação 
3- Nitração 
4- Sulfonação 
 
 1- Craque ou Pirólise 
 Os alcanos, quando convenientemente aquecidos, sofrem ruptura homolítica na cadeia, simétrica ou não, 
resultando outros alcanos e alcenos de cadeias menores. Essa reação é muito usada para se obter gasolina 
(mistura de octanos) a partir de querosene e óleo diesel (alcanos com mais de 16 carbonos). O alcano passa 
através de uma câmara aquecida a cerca de 400 a 600o C, utilizando geralmente um catalisador formado por 
óxidos metálicos. Essas reações também produzem certa quantidade de hidrogênio. 
 
 
 2- Halogenação 
 A halogenação de um alcano se dá por substituição de um átomo de hidrogênio por um halogênio, resultando 
em um haleto de alquila. Por exemplo,na cloração do metano e do etano os produtos são, respectivamente, cloro 
metano e cloro etano. Para alcanos com mais de dois carbonos existe mais de uma possibilidade para o halogênio se 
posicionar. Deste modo o produto da reação será uma mistura de isômeros de posição. Entretanto, as quantidades 
dos isômeros formados diferem-se na mistura. A reação ocorre via radicais livres. 
 Tomemos como exemplo a bromação do propano. As quantidades de 1- bromo propano e 2- bromo propano 
obtidas dependem das velocidades relativas a que os radicais n-propil e isopropil se formam. Se os radicais 
isopropil se formarem mais rapidamente será também o 2- bromo propano o que se formará mais rapidamente e o 
que constitui, portanto, a maior parte dos produtos da reação. Devemos então comparar as velocidades relativas 
em que os hidrogênios primários e secundários são subtraídos do propano. Para se calcular a porcentagem de cada 
um dos produtos devemos usar a seguinte regra: 
 
 Velocidades relativas de subtração do hidrogênio: 
 H primário = 1,0 
 H secundário = 3,8 
 H terciário = 5,0 
 O propano tem seis hidrogênios primários e dois hidrogênios secundários, portanto: 
 para H primário: 6 x 1,0 = 6,0 
 para H secundário: 2 x 3,8 = 7,6 
total: 6,0 + 7,6 = 13,6 
 13,6 corresponde a 100% das velocidades relativas. Logo, por regra de três simples, temos que 7,6 (H 
primário) corresponde a aproximadamente 55,9% e que 6,0 (H secundário) corresponde a 44,1%. Essas porcentagens 
são as quantidades relativas dos radicais n-propil e isopropil formados e, consequentemente, também dos 
produtos formados. Percebe-se então que o radical substituído no carbono secundário, isto é, o radical isopropil, 
forma-se mais rapidamente que o n-propil, o que leva a uma maior rapidez na formação do 2-bromo propano. 
 Essa regra funciona bem para a monohalogenação dos alcanos e os resultados são geralmente porcentagens 
não muito discrepantes entre si, pois na maioria dos alcanos o número de hidrogênios menos reativos é maior, quer 
dizer, a menor reatividade está compensada por um fator de probabilidade de ataque mais alto e disto resulta que 
se obtenham quantidades apreciáveis de todos os isômeros. 
Alguns aspectos estereoquímicos da halidrificação de alcenos. 
ESTEREOQUÍMICA DE REAÇÕES 
Formação de racematos 
 
 
 1- Adição de HX ao 1- buteno 
 
 Veja aqui o mecanismo de adição de HX em alcenos para compreender as etapas iniciais desta 
reação. Depois de adicionado o H, liga-se ao carbocátio o íon Br-. No caso do 1-buteno, como o 
carbono fica assimétrico, forma-se uma mistura de enantiômeros: 
 
 
 
 2- Halogenação do n-butano 
 
 Veja aqui o mecanismo de halogenação dos alcanos para compreender as etapas iniciais desta 
reação. Depois de homolisado o Cl2, os radicais livres se ligam. No caso do butano, o carbono fica 
assimétrico e forma-se uma mistura de enantiômeros: 
 
 
 3- Halogenação do 2- buteno 
 
 Veja aqui o mecanismo de halogenação de alcenos para compreender as etapas desta reação. 
No caso da halogenação do cis - 2 - buteno obtém-se uma mistura de enantiômeros de configuração 
RR e SS. Veja: 
 
 
 
 Agora veja a halogenação do trans - 2 - buteno. Perceba que os enantiômeros agora têm 
configuração RS: 
 
 
 
 
 4- Hidrogenação da butanona 
 
 A hidrogenação da butanona. Depois da ação do catalisador (Ni) sobre a molécula de 
hidrogênio, ocorre a combinação desta com a molécula da cetona, formando um álcool. Como o 
carbono fica assimétrico, temos a formação de um racemato: 
 
 
 
 5- Racemização por tautomerização 
 
 Alguns compostos que apresentam tautomeria podem constituir racematos através da 
interconversão das estruturas isômeras. Veja o exemplo do 2-metil butanal (tautomeria aldo-
enólica): 
 
 
 
 6- Oxidação do ciclopenteno 
 
 O mecanismo desta reação é semelhanta à que ocorre na oxidação de alcenos por KMnO4. 
Veja aqui os detalhes. A oxidação do ciclopenteno é um caso de formação de mesocomposto. O 
glicol formado apresenta mais de um centro assimétrico e possui um plano de simetria. Não há 
enantiomeria e o produto é opticamente inativo: 
 
 
 
 7- Retenção de configuração 
 
 Nestas reações a configuração absoluta do composto é mantida. Isto ocorre porque um dos 
ligantes do carbono assimétrico é substituído por outro de mesmo número atômico ou de número 
atômico que não altere a ordem de numeração dos ligantes, portanto, a configuração permanece a 
mesma. Veja o exemplo abaixo: 
 
 
 
 A entrada do grupo hidroxila no lugar do iodo não altera a numeração da configuração 
absoluta, porque o oxigênio ainda tem maior número atômico que os outros ligantes, e continua 
sendo o número 1. Veja outro exemplo abaixo - a reação do 2 - butanol com cloreto de tionila: 
 
 
 
 8- Inversão de configuração 
 
 Nestas reações a configuração absoluta do composto é invertida, isto é, se era R, passa a ser 
S e vice-versa. Isto ocorre devido à adição ou substituição de um dos ligantes do carbono assimétrico 
por outro cujo número atômico seja diferente e que altere a ordem de numeração dos ligantes. Veja 
o exemplo abaixo (a configuração foi invertida): 
 
 
 
 
 
 
 
 3- Nitração 
 Os alcanos podem ser nitrados utilizando-se ácido nítrico concentrado em condições enérgicas (aprox. 400o 
C), produzindo nitro-compostos: 
 
 
 4- Sulfonação 
 Os alcanos podem ser sulfonados utilizando-se ácido sulfúrico concentrado a altas temperatura, produzindo 
ácidos sulfônicos: 
 
 
HALETOS DE ALQUILA /ARILA 
 
 1- Nomenclatura e exemplos 
 Nomenclatura oficial IUPAC: halogênio + hidrocarboneto 
 Nomenclatura usual: ânion do halogênio + de + radical orgânico 
 
Alguns exemplos importantes: 
 
 
 3- Propriedades físicas 
 Em virtude da polaridade existente na ligação carbono-halogênio, os haletos possuem pontos de ebulição 
levemente mais elevados do que os alcanos de mesmo peso molecular. Apesar da polaridade, no entanto, os haletos 
não são solúveis em água, provavelmente por não terem possibilidade de formarem ligações de hidrogênio. 
Dissolvem-se apenas em solventes orgânicos. Os haletos mais simples, com até dois cerbonos na cadeia, são gases. 
À medida que a massa molecular aumenta, eles se tornam líquidos e, posteriormente, sólidos. Os haletos mais 
importantes são líquidos incolores de cheiro agradável, porém, tóxico. Apresentam pontos de ebulição próximos 
aos alcanos de mesma massa molecular. 
 O PE varia com o aumento da massa molecular do haleto, seja pelo aumento do radical orgânico, seja pelo 
aumento da massa do halogênio. Consequentemente, o PE aumenta ao passarmos dos fluoretos para cloretos, 
brometos e iodetos. Aumenta também passando de um mono para um di, tri etc e para um polihaleto. Os 
monofluoretos e os monocloretos são menos densos que a água; já os brometos e os iodetos são mais densos. Os 
polihaletos em geral são bastante densos. Em particular, o CH2I2 é o líquido de maior densidade (d = 3,32 g/ml). 
Ele é usado como "líquido de contraste" no estudo dos minerais ao microscópio. 
 
 4- Métodos de obtenção 
 A grande maioria dos haletos são sintetizados em laboratório para serem usados como ponto de partida para 
a obtenção de outros compostos orgânicos de maior interesse. 
PRINCIPAIS MÉTODOS DE OBTENÇÃO DOS HALETOS 
1- Halogenação de alcanos 
2- Halidirificação de alcenos 
3- Halogenação de alcenos 
4- Halidrificação de alcinos 
5- Halogenação de alcinos 
6- Halidrificação de cicloalcenos 
7- Halogenação de cicloalcenos 
8- Halogenação de anéis aromáticos 
9- Halidirificação de dienos conjugados (adição 1,4) 
10- Reação de álcoois com HX diluído11- Reação de álcoois com cloreto de tionila 
12- Reação de álcoois com haletos de fósforo 
 
 1- Halogenação de alcanos 
 A halogenação de um alcano se dá por substituição de um átomo de hidrogênio por um halogênio, resultando 
em um haleto de alquila. Veja aqui os detalhes desse processo. 
 
 
 2- Halidrificação de alcenos 
 O HCl, o HBr e o HI transformam os alcenos nos correspondentes haletos de alquila. A reação consiste em 
fazer passar o haleto de hidrogênio, gasoso e anidro, diretamente através do alceno. Alcenos com mais de dois 
carbonos poderiam dar origem a mais de um produto. Veja aqui os detalhes desse processo. 
 
 
 3- Halogenação de alcenos 
 O cloro e o bromo transformam facilmente os alcenos em dihaletos vicinais, dissolvidos normalmente em um 
solvente inerte, como o tetracloreto de carbono. O iodo, em geral, não reage. A adição prossegue rapidamente, à 
temperatura ambiente ou inferior, constituindo a melhor maneira de se obter di-haletos vicinais. Sabemos que as 
moléculas de um halogênio qualquer é apolar, ou seja, não há diferença de eletronegatividade entre os átomos na 
molécula. Sabemos também que a adição em alcenos se dá pelo ataque dos elétrons pi a um eletrófilo. Neste caso, 
não há um eletrófilo com carga real. No entanto, as moléculas do halogênio criam um dipolo induzido pelo forte 
campo elétrico gerado pelas nuvens pi das moléculas do alceno que se encontram no meio. A densa nuvem 
eletrônica da dupla ligação tende a repelir a nuvem eletrônica do halogênio, fazendo com que o átomo de halogênio 
que estiver mais próximo da dupla seja relativamente mais positivo e o mais afastado relativamente negativo. 
 
 
 4- Halidrificação de alcinos 
 Quando reagidos com HX, os alcinos produzem haletos e, se existir excesso de HX poderemos obter 
dihaletos germinados. Veja o exemplo da reação entre acetileno e HBr: 
 
 
 5- Halogenação de alcinos 
 Quando reagidos com halogênios, os alcinos produzem dihaletos. Caso exista halogênio em excesso, 
poderemos obter um derivado tetrahalogenado. Veja o exemplo: 
 
 
 6- Halidrificação de cicloalcenos 
 Os cicloalcenos podem reagir com HX, da mesma forma como os alcenos, produzindo haletos: 
 
 
 7- Halogenação de cicloalcenos 
 Os cicloalcenos podem reagir com halogênios, da mesma forma como os alcenos, produzindo dihaletos 
vicinais: 
 
 
 8- Halogenação de anéis aromáticos 
 O benzeno e outros anéis aromáticos podem ser halogenados, em presença de AlCl3 ou FeCl3 (ácidos de 
Lewis). À primeira vista, acharíamos que a reação se iniciasse como na halogenação de um alceno ou de um 
cicloalcano: devido à alta reatividade da ligação pi, esta atacaria o halogênio simplesmente pela existência das 
cargas formais na molécula desse halogênio (dipolos induzidos). No entanto, como já vimos, os anéis aromáticos, 
por serem estruturas ressonantes, possuem menor reatividade que alcenos e ciclenos. Por isso é necessário 
"potencializar" essa carga formal do halogênio. Para isso, usa-se, por exemplo, o AlCl3, que é um ácido de Lewis, e 
age recebendo um par de elétrons de um dos átomos do halogênio. Veja aqui mais detalhes desse processo. 
 
 
 9- Halidrificação de dienos conjugados (adição 1,4) 
 A ressonância dos dienos conjugados deslocaliza a nuvem pi e produz formas canônicas do composto, 
tornando possíveis mais duas posições para os reagentes adicionados - a posição 1,2 e a posição 1,4. Por este 
motivo, os produtos de uma reação desse tipo são chamados produto de adição 1,2 e produto de adição 1,4. Veja 
abaixo a reação entre o butadieno - 1,3 e o HBr: 
 
 As quantidades relativas de cada um dos produtos formados depende da temperatura em que a reação foi 
efetuada. Quando ela se realiza a baixas temperaturas (aprox. -80o C) obtém-se uma mistura de 20% do produto 
1,4 e 80% do produto 1,2. Se ela for realizada em temperaturas mais elevadas (aprox. 40o C), porém, obtém-se 
uma mistura de composição inversa: 20% do produto 1,2 e 80% do produto 1,4. A temperaturas intermediárias 
obtém-se uma mistura cuja composição se situa entre as duas indicadas. Outra observação importante é a de que 
qualquer um dos compostos separadamente se transforma na mistura dos dois isômeros, por aquecimento, 
indicando que ela resulta do equilíbrio entre os dois compostos. 
 
 10- Reação de álcoois com HX diluído 
 Os álcoois podem ser tratados com ácidos halogenídricos (HX), produzindo haletos. Veja: 
 
 
 11- Reação de álcoois com cloreto de tionila 
 Com cloreto de tionila, os álcoois produzem haletos: 
 
 
 12- Reação de álcoois com haletos de fósforo 
 Pode-se obter haletos pela reação de um álcool com haletos de fósforo, especialmente, os cloretos. Veja: 
 
 
 
 
 5- Propriedades químicas 
 Os haletos de alquila são muito reativos e a partir deles pode-se obter praticamente todas as funções 
orgânicas. Isto torna-os importantíssimos nas sínteses orgânicas. Essa grande reatividade dos haletos é explicada 
pela forte polaridade da ligação entre o halogênio e o carbono, causando na cadeia um efeito indutivo -I. Já os 
haletos aromáticos são menos reativos, pois o efeito indutivo -I é contrabalanceado pelo efeito mesomérico +M, 
que aparece devido à ressonância de um par eletrônico livre do halogênio com o anel aromático. A reatividade dos 
haletos de alquila cresce da seguinte maneira: R-I > R-Br > R-Cl > R-F. Isso porque quanto maior o haleto, mais 
polarizável ele se torna, logo, reage com mais facilidade. 
PRINCIPAIS REAÇÕES DOS HALETOS 
1- Desalidrificação 
2- Desalogenação de haletos vicinais com zinco 
3- Desalogenação de dihaletos vicinais 
4- Eliminação por nucleófilo em haletos cíclicos 
5- Desalogenação de dihaletos não-vicinais com zinco 
6- Eliminação com sódio metálico em haletos cíclicos 
7- Substituição nucleofílica interna 
8- Reação com alcóxidos 
9- Reação com sais de ácidos carboxílicos 
10- Hidroxilação de haletos aromáticos 
 
 1- Desalidrificação 
 Tratando os haletos com uma solução alcoólica aquecida de uma base inorgânica (KOH, por exemplo) é 
possível transformá-los em alcenos. É importante notar que, no caso de haletos com mais de três carbonos, podem 
se formar produtos diferentes, em quantidades variadas. No exemplo abaixo, o 2- Bromo butano dá origem a uma 
mistura de dois alcenos isômeros: 
 
 
 2- Desalogenação de haletos vicinais com zinco 
 Os dihaletos vicinais, quando tratados com zinco metálico, podem ser desalogenados, originando alcenos. 
Veja o exemplo abaixo: 
 
 
 3- Desalogenação de dihaletos vicinais 
 Os dialetos vicinais, quando tratados com OH - em meio alcoólico, sofrem eliminação, produzindo alcinos. 
Nesse caso, o hidrogênio atacado é o secundário. Veja: 
 
 Caso o hidrogênio capturado seja o primário, teremos a formação de dienos conjugados: 
 
 
 4- Eliminação por nucleófilo em haletos cíclicos 
 Tratando um haleto cíclico com bases pode-se obter um hidrocarboneto alicíclico. Veja: 
 
 
 5- Desalogenação de dihaletos não-vicinais com zinco 
 Os dihaletos não-vicinais podem ser tratados com zinco metálico, obtendo-se hidrocarbonetos alicíclicos. 
Veja: 
 
 
 6- Eliminação com sódio metálico em haletos cíclicos 
 Com sódio metálico, os haletos cíclicos podem produzir hidrocarbonetos alicíclicos binucleados. Veja: 
 
 
 7- Substituição nucleofílica interna 
 Quando um composto possui em sua molécula um grupo de fácil saída e um nucleófilo, pode ocorrer um tipo 
especial de substituição nucleofílica. Veja o exemplo abaixo - a hidratação do conhecido "gás mostarda". Nesse 
caso a reação desse gás com a água é acelerada pela existência do enxofre(nucleófilo), que causa um rearranjo 
estrutural na molécula, facilitando a saída do cloro. Esse "auxílio" dado pelo nucleófilo interno é chamado ajuda 
anquimérica. 
 
 
 8- Reação com alcóxidos (síntese de Williamson) 
 Com alcóxidos os haletos podem produzir éteres: 
 
 
 9- Reação com sais de ácidos carboxílicos 
 Com os sais de ácidos carboxílicos os haletos produzem ésteres: 
 
 
 10- Hidroxilação de haletos aromáticos 
 Os haletos aromáticos podem ser hidroxilados, de modo que o ataque nucleofílico ocorra no carbono 
polarizado da ligação com o haleto, e não capturando um próton. Veja: 
 
 
 6- Aplicações dos haletos 
 Em geral, os haletos são usados como: 
• Matéria-prima para sínteses orgânicas 
• Solventes 
• Desengraxantes para metais 
• Composto para lavegem de roupas a seco 
 Em particular, o cloro-etano é usado como: 
• Anestésico 
• Reagente na produção do chumbo-tetraetila - antidetonante para gasolina 
 Alguns haletos polifluorados são usados como: 
• Lubrificantes inertes 
• Matéria-prima para fabricação de plásticos de alta resistência química (teflon) 
 Alguns haletos aromáticos policlorados são usados como: 
• Inseticidas (BHC, DDT, lindane, dieldrin etc) 
• Medicamentos (cloromicetina) 
 
ALCENOS ou OLEFINAS 
 
 1- Nomenclatura e exemplos 
 Nomenclatura oficial IUPAC: prefixo + eno + posição da dupla ligação 
 
Alguns exemplos importantes: 
 
 
 2- A dupla ligação 
 A principal característica de um alceno é, sem dúvida, a dupla ligação. Toda ligação dupla é formada a partir 
de uma ligação sigma e uma ligação pi. A hibridação do carbono ligado pela dupla é sp2, o que lhe confere uma 
estrutura geométrica trigonal plana. A energia contida numa ligação dupla carbono-carbono está em torno de 100 
kcal (sigma: 60 ; pi: 40), evidentemente, mais forte que uma ligação simples. O fato de os carbonos estarem mais 
fortemente ligados entre si faz com que a distância da ligação seja menor. 
 
 3- Isomeria geométrica 
 3.1) Isomeria geométrica cis-trans A-B: 
 Analise as duas estruturas abaixo: 
 
 Se os carbonos estivessem ligados por uma ligação simples, poder-se-ia interconverter uma estrutura na 
outra simplesmente girando essa ligação carbono-carbono. Portanto, as duas estruturas seriam apenas 
conformações espaciais diferentes para uma mesma molécula. No entanto, ao contrário de uma ligação simples, a 
dupla ligação não permite esse giro entre os átomos ligados, pois a rotação impediria a sobreposição de orbitais p 
e destruiria a ligação pi. Conclui-se então que as estruturas apresentadas são moléculas diferentes. Esse 
fenômeno é chamado isomeria geométrica A-B, e ocorre quando existe uma dupla ligação, sendo que nos carbonos 
estão ligados dois pares iguais de grupos diferentes, como o exemplo acima. 
 As duas estruturas são isômeros geométricos, e recebem nomes ligeiramente diferentes: a estrutura I é 
chamada Cis 1,2- dicloro eteno e a estrutura II é chamada Trans 1,2- dicloro eteno. O prefixo cis indica que os 
grupos iguais estão do mesmo lado no plano que corta a dupla ligação. O prefixo trans indica que os grupos iguais 
estão em lados opostos no plano que corta a dupla ligação. Os isômeros geométricos diferem entre si em algumas 
propriedades químicas, especialmente quanto à velocidade das reações, mas diferem principalmente nas 
propriedades físicas, tais como PF e PE, índices de refração, solubilidade, densidade etc. 
 
 3.2) Isomeria geométrica cis-trans E-Z: 
 Um tipo especial de isomeria geométrica - a isomeria geométrica E-Z - ocorre quando os carbonos de 
rotação impedida são ligados a dois grupos diferentes, podendo ser os quatro grupos diferentes entre si. Nesse 
caso a referência é o número atômico (Z) dos grupos ligados aos carbonos. Veja um exemplo: 
 
 No isômero cis, os grupos de maior Z (em vermelho) estão do mesmo lado do plano da dupla ligação e no 
isômero trans, estão em lados opostos. 
 
 4- Propriedades físicas 
 Os alcenos apresentam essencialmente as mesmas propriedades físicas dos alcanos: são insolúveis em água e 
solúveis em solventes apolares, são menos densos que a água e os pontos de ebulição escalonam-se igualmente 
segundo o número de carbonos na cadeia e dependem da maior ou menor ramificação que nela exista. Também o 
número de ramificações existentes no alceno podem conferir-lhe estabilidade: quanto maior o número de grupos 
alquilo ligados aos carbonos da dupla ligação, mais estável será o alceno. 
 Os alcanos são completamente apolares. Certos alcenos, ao contrário, podem ser fracamente polares, como, 
por exemplo, o H3C - CH = CH2. A ligação que une o grupo alquilo ao carbono da dupla ligação tem uma pequena 
polaridade, cuja orientação se julga ser do grupo alquil para o carbono da dupla. Por efeito indutivo +I, o grupo 
alquil pode ceder elétrons para o carbono parcialmente polarizado da dupla ligação. Visto não existir outro 
grupamento capaz de gerar um efeito indutivo equivalente em sentido oposto, cria-se na molécula um certo 
momento de dipolo (µ). Os alcenos que apresentam o fenômeno da isomeria geométrica podem apresentar 
diferenças em seus pequenos momentos de dipolo. Os isômeros trans geralmente apresentam µ = 0. Já os 
isômeros cis revelam um pequeno valor para µ. Isso porque os isômeros trans possuem grupos iguais em posições 
opostas, gerando portanto, efeitos indutivos equivalentes que se anulam, o que não ocorre com os isômeros cis. 
 
 5- Métodos de obtenção 
 Os alcenos mais simples, até cinco átomos de carbono, podem ser obtidos em forma pura, na indústria do 
petróleo. Os demais são produzidos em laboratório. 
PRINCIPAIS MÉTODOS DE OBTENÇÃO DOS ALCENOS 
1- Craque de alcanos 
2- Hidrogenação de alcinos 
3- Desidratação intramolecular de álcoois 
4- Desalidrificação de haletos 
5- Desalogenção de dihaletos vicinais com zinco 
6- Reação de aldeídos ou cetonas com ilídio 
 
 1- Craque de alcanos 
 Os alcanos, quando convenientemente aquecidos, sofrem ruptura homolítica na cadeia, simétrica ou não, 
resultando outros alcanos e alcenos de cadeias menores. Essa reação é muito usada para se obter gasolina 
(mistura de octanos) a partir de querosene e óleo diesel (alcanos com mais de 16 carbonos). O alcano passa 
através de uma câmara aquecida a cerca de 400 a 600o C, utilizando geralmente um catalisador formado por 
óxidos metálicos. Essas reações também produzem certa quantidade de hidrogênio. 
 
 
 2- Hidrogenação de alcinos 
 Os alcinos podem ser hidrogenados em presença de um catalisador. Este atua diminuindo a energia de 
ativação necessária para que a reação ocorra. Os reagentes são adsorvidos na sua superfície, rompendo as 
ligações pi e enfraquecendo as ligações sigma, o que facilita a reação. O paládio, a platina e o níquel podem servir 
como catalisadores da hidrogenação. Veja que, como a adição do hidrogênio ocorre como se fosse um "encaixe", no 
mesmo lado, o alceno formado terá sempre a configuração cis : 
 
 
 3- Desidratação intermolecular de álcoois 
 Os álcoois podem ser desidratados com ácido sulfúrico concentrado a quente ou com Al2O3 (alumina). O 
produto formado dependerá basicamente da temperatura em que a reação for realizada. A cerca de 180o C o 
produto principal é de eliminação - um alceno. Trata-se de uma desidratação intramolecular. Veja: 
 
 
 4- Desalidrificação de haletos 
 Tratando os haletos com uma solução alcoólica aquecida de uma base inorgânica (KOH, por exemplo) é 
possível transformá-los em alcenos. É importante notar que, no caso de haletos com mais de três carbonos, podem 
se formar produtos diferentes, em quantidades variadas. No exemplo abaixo, o 2- Bromo butano dá origem auma 
mistura de dois alcenos isômeros: 
 
 
 5- Desalogenação de haletos vicinais com zinco 
 Os dihaletos vicinais, quando tratados com zinco metálico, podem ser desalogenados, originando alcenos. 
Veja o exemplo abaixo: 
 
 
 6- Reação de aldeídos ou cetonas com ilídio 
 Os aldeídos e cetonas, quando reagidos com ilídios (compostos especiais de fósforo pentavalente: H2C = 
PR3), produzem alcenos. O ilídio mais comumente usado, por sua grande reatividade, é o metileno-trifenil-fósforo. 
Veja: 
 
 
 
 6- Propriedades químicas 
 Os alcenos sofrem principalmente reações de adição. Estes hidrocarbonetos caracterizam-se por possuírem 
uma dupla ligação entre carbonos, constituída de uma ligação sigma, forte, e uma ligação pi, fraca. É de se esperar, 
portanto, que as reações consistam na ruptura da ligação mais fraca. Tal previsão é confirmada 
experimentalmente: a química dos alcenos é basicamente a ruptura da ligação pi, fraca, e a formação de duas 
ligações sigma, fortes, na mesma molécula. Logo, são reações de adição. 
 Os elétrons da ligação pi contribuem menos que os elétrons da ligação sigma para manter os núcleos dos 
átomos unidos. Consequentemente, os próprios elétrons pi são menos fortemente atraídos pelos núcleos e, 
portanto, mais disponíveis, particularmente para um reagente deficiente de elétrons, ou seja, um eletrófilo. Veja 
abaixo o que ocorre com a insaturação, devido ao efeito da ressonância: 
 
 Como a estrutura é um híbrido que comporta tanto uma carga positiva quanto uma carga negativa, existem 
duas possibilidades: a adição nucleofílica e a adição eletrofílica. Verifica-se experimentalmente que, talvez devido 
à alta mobilidade dos elétrons pi, uma quase totalidade das reações dos alcenos é iniciada por um ataque desses 
elétrons a um eletrófilo. Portanto, as adições eletrofílicas são típicas dos alcenos. 
PRINCIPAIS REAÇÕES DOS ALCENOS 
1- Halidrificação 
2- Formação de haloidrina 
3- Halogenação 
4- Hidratação 
5- Reação com H2SO4 
6- Reação com perácidos 
7- Hidrogenação 
8- Oxidação por KMnO4 
9- Ozonólise 
 
 1- Halidrificação 
 O HCl, o HBr e o HI transformam os alcenos nos correspondentes haletos de alquila. A reação consiste em 
fazer passar o haleto de hidrogênio, gasoso e anidro, diretamente através do alceno. Alcenos com mais de dois 
carbonos poderiam dar origem a mais de um produto. No entanto, na grande maioria dos casos, apenas um deles se 
forma ou existe um deles que se forma em maior quantidade em relação ao outro. A orientação da adição nos 
alcenos depende da estabilidade do carbocátion. Veja o exemplo abaixo: 
 
 Como se percebe, o carbocátion que se forma é secundário, e não primário. Entretanto, a orientação da 
adição do HBr, em especial, depende exclusivamente da presença ou ausência de peróxidos. Se a reação for feita 
em ausência de peróxidos orgânicos, a orientação da adição segue a regra de estabilidade dos carbocátions. Caso 
seja feita em presença de peróxidos, a orientação da adição se dá exatamente de modo oposto, ou seja, o H se 
liga ao carbono secundário e o Br no carbono primário. isso porque a reação nestas condições não se dá por meio 
iônico, e sim via radicais livres. O peróxido utilizado, frequentemente derivado de ácidos carboxílicos, inicia a 
reação por radical livre, e não há formação do carbocátion. Veja: 
 
 O motivo pelo qual o radical formado é secundário e não primário é o mesmo da estabilidade dos 
carbocátions: o efeito indutivo +I causado pelos grupamentos alquila para compensar e deficiência eletrônica no 
carbono. 
Veja aqui alguns aspectos estereoquímicos da halidrificação de alcenos. 
 
 2- Formação de haloidrina (reação com H2O + Cl2) 
 Na adição de cloro ou bromo, em presença de água, podem formar-se compostos que possuem um halogênio e 
um grupo hidroxila em carbonos vicinais. Estes compostos denominam-se vulgarmente haloidrinas. Por escolha 
conveniente das condições da reação pode-se obtê-las como principais produtos. Veja: 
 
 
 3- Halogenação 
 O cloro e o bromo transformam facilmente os alcenos em dihaletos vicinais, dissolvidos normalmente em um 
solvente inerte, como o tetracloreto de carbono. O iodo, em geral, não reage. A adição prossegue rapidamente, à 
temperatura ambiente ou inferior, constituindo a melhor maneira de se obter di-haletos vicinais. Sabemos que as 
moléculas de um halogênio qualquer é apolar, ou seja, não há diferença de eletronegatividade entre os átomos na 
molécula. Sabemos também que a adição em alcenos se dá pelo ataque dos elétrons pi a um eletrófilo. Neste caso, 
não há um eletrófilo com carga real. No entanto, as moléculas do halogênio criam um dipolo induzido pelo forte 
campo elétrico gerado pelas nuvens pi das moléculas do alceno que se encontram no meio. A densa nuvem 
eletrônica da dupla ligação tende a repelir a nuvem eletrônica do halogênio, fazendo com que o átomo de halogênio 
que estiver mais próximo da dupla seja relativamente mais positivo e o mais afastado relativamente negativo. 
 
Veja aqui alguns aspectos estereoquímicos da halogenação de alcenos. 
 
 4- Hidratação 
 Em meio ácido, os alcenos reagem com a água formando álcoois: 
 
 
 5- Reação com H2SO4 
 Os alcenos podem reagir com ácido sulfúrico concentrado a quente, originando sulfatos ácidos: 
 
 
 6- Reação com perácidos 
 Pode-se tratar alcenos com perácido orgânico, resultando um processo de epoxidação, isto é, formação de um 
epóxido: 
 
 O epóxido formado pode ser tratado posteriormente hidratado em meio ácido ou básico, produzindo um 
glicol (diálcool vicinal): 
 
 
 7- Hidrogenação 
 Frequentemente utiliza-se a hidrogenação de alcenos para a produção de alcanos, isto é, quebra-se a dupla 
ligação, originando-se duas ligações simples. A adição de hidrogênio aos alcenos pode servir também como método 
de análise, para se determinar, por exemplo, o número de duplas ligações existentes no composto, através da 
verificação da quantidade de hidrogênio consumido na reação. A quantidade de calor liberado na hidrogenação de 
um mol de um composto insaturado chama-se calor de hidrogenação. Essa quantidade de calor em quase todos os 
alcenos gira em torno de 31 kcal por cada ligação dupla no composto. Os calores de hidrogenação podem também 
nos dar informações sobre as estabilidades relativas dos compostos insaturados. 
 Geralmente, quanto menor o calor liberado na hidrogenação, maior a estabilidade do composto. Por 
exemplo, o 2-buteno-cis libera 28,6 kcal/mol enquanto o isômero trans libera 27,6 kcal/mol. Isso significa que o 
isômero trans do 2-buteno é mais estável do que o cis. Também verificou-se que, quanto maior for o número de 
grupos alquilo ligados aos carbonos entre os quais existe a dupla ligação, mais estável será o alceno. Sendo a 
reação de hidrogenação exotérmica, não se dá, no entanto, mesmo a alta temperatura, se não estiver presente um 
catalisador. Este atua diminuindo a energia de ativação necessária para que a reação ocorra. Os reagentes são 
adsorvidos na sua superfície, rompendo as ligações pi e enfraquecendo as ligações sigma, o que facilita a reação. O 
paládio, a platina e o níquel podem servir como catalisadores da hidrogenação. 
 
 
 8- Oxidação por KMnO4 
 Os alcenos podem ser oxidados com permanganato de potássio em solução aquosa de duas maneiras: 
brandamente ou energicamente. As reações de oxidação e redução geralmente não apresentam um mecanismo bem 
explicado. Por isso não devemos nos preocupar muito com os detalhes destes processos. 
 Oxidação branda (Reação de Baeyer) - O permanganato em meio neutro ou levemente alcalino é oxidante 
brando, pois não chega a romper a dupla ligação, mas reage introduzindo oxigênios na cadeia. O permanganato éuma solução de coloração violeta intensa e quando ele passa para MnO2 precipita esse óxido marrom escuro. O 
resultado da oxidação branda de um alceno com KMnO4 é um diálcool vicinal (glicol). Como exemplo, vejamos a 
oxidação do propeno: 
 
 Oxidação enérgica - Em meio ácido o permanganato é oxidante bastante enérgico e leva à ruptura da dupla 
ligação, quebrando o alceno em moléculas menores. Os produtos formados na reação dependem do tipo de carbono 
da dupla ligação. Carbonos primários originam CO2 e H2O; carbonos secundários, ácidos carboxílicos, e carbonos 
terciários, cetonas. Vejamos o primeiro exemplo - a oxidação do buteno-2: 
 
 Perceba que o carbono da dupla na molécula inicial era secundário; daí a formação de ácidos carboxílicos. 
 O segundo exemplo é a oxidação do metil-propeno. Como os carbonos da dupla são terciário e primário, 
formam-se, respectivamente cetona e CO2 + H2O: 
 
 
 9- Ozonólise 
 Os alcenos, reagindo com o ozônio em meio aquoso, produzem aldeídos e/ou cetonas. Trata-se de uma 
reação que destrói completamente a dupla ligação, quebrando a molécula do alceno em moléculas menores. O 
ozônio é um oxidante bastante enérgico e entra em reação de adição com o alceno, formando o ozonídeo ou 
ozoneto, um produto intermediário instável, que então se decompõe nos produtos finais, por hidrólise. 
 Na prática, faz-se borbulha o gás ozônio numa solução do alceno em solvente inerte, como o tetracloreto de 
carbono. Por evaporação do solvente em seguida, obtém-se o ozonídeo, que tem a forma de um óleo viscoso. Por 
ser muito instável e explosivo, não se pode purificar esse ozonídeo, e faz-se reagir diretamente com a água, 
geralmente em presença de um agente redutor. A função desse agente redutor, geralmente a limalha de zinco, 
consiste em impedir a formação do peróxido de hidrogênio, que se aparecesse, reagiria com aldeídos e cetonas. O 
zinco captura um oxigênio, formando o óxido de zinco (ZnO). Veja o exemplo da ozonólise do metil propeno: 
 
 
DIENOS 
 
 1- Nomenclatura e exemplos 
 
 Nomenclatura oficial IUPAC: prefixo + adieno + posição das duplas ligações 
 
 
Alguns exemplos importantes: 
 
 
 
 2- Classificação dos dienos 
 Conforme a posição das duplas ligações, podemos dividir os dienos em três grupos: 
• De duplas acumuladas ou alênicos 
• De duplas conjugadas ou eritrênicos 
• De duplas isoladas 
 
 
 3- Propriedades físicas 
 
 As mesmas dos alcenos. 
 
 4- Métodos de obtenção 
 
PRINCIPAIS MÉTODOS DE OBTENÇÃO DOS DIENOS 
 
 1- Eliminação em dihaletos vicinais 
 Os dialetos vicinais, quando tratados com hidróxidos, produzem dienos conjugados: 
 
 
 
 
 2- Eliminação em dióis 
 Os diálcoois em meio ácido e a temperaturas elevadas podem produzir dienos: 
 
 
 
 
 
 5- Propriedades químicas 
 
 As propriedades químicas dos dienos dependem das posições em que se encontram as ligações 
duplas. Ligações duplas isoladas ou acumuladas pouco efeito exercem uma sobre a outra, e, por isso, 
cada uma delas reage como se fosse um alceno simples. Excetuando o consumo de maior quantidade 
de reagente, as propriedades químicas dos dienos não conjugados são idênticas às dos alcenos. Os 
dienos conjugados, porém, diferem dos alcenos simples em três aspectos: são mais estáveis, são 
mais reativos e apresentam adição 1,4. 
 Quando se compara os calores de hidrogenação de um dieno de duplas isoladas ou 
acumuladas com um dieno de duplas conjugadas, ambos com o mesmo número de carbonos, 
verificamos que os dienos conjugados liberam menos energia. Isso significa que contêm menos 
energia, ou seja, são mais estáveis. Por exemplo, o pentadieno -1,4 (duplas isoladas) tem calor de 
hidrogenação = 61 kcal/mol e o pentadieno -1,3 (conjugado), 54 kcal/mol. Portanto, este último, 
com menor calor de hidrogenação, é mais estável que o primeiro. 
 As duplas ligações em dienos isolados e acumulados assumem posições fixas, ou seja, a 
ressonância existente não deslocaliza a ligação pi. Estes dienos se comportam, então como alcenos 
simples, pois não há possibilidade de deslocalizar a ligação pi. Veja: 
 
 
 
 O contrário ocorre com os dienos conjugados: nesse caso há uma deslocalização de elétrons, 
mudando a posição da ligação pi. Isso lhes confere algumas propriedades químicas diferentes. Veja 
abaixo um esquema do movimento dos elétrons pi no butadieno - 1,2, gerando formas canônicas da 
estrutura: 
 
 
 
 Num dieno conjugado, os orbitais p (que fazem a ligação pi) dos carbonos vizinhos estão a 
uma mesma distância uns dos outros, devida à ressonância, que faz com que as ligações carbono-
carbono tenham o mesmo comprimento. As nuvens eletrônicas podem então assumir um aspecto 
contínuo, como mostrado abaixo: 
 
 
 
PRINCIPAIS REAÇÕES DOS DIENOS 
 
 1- Halidrificação de dienos conjugados (adição 1,4) 
 A ressonância dos dienos conjugados deslocaliza a nuvem pi e produz formas canônicas do 
composto, tornando possíveis mais duas posições para os reagentes adicionados - a posição 1,2 e a 
posição 1,4. Por este motivo, os produtos de uma reação desse tipo são chamados produto de adição 
1,2 e produto de adição 1,4. Veja abaixo a reação entre o butadieno - 1,3 e o HBr: 
 
 
 As quantidades relativas de cada um dos produtos formados depende da temperatura em que 
a reação foi efetuada. Quando ela se realiza a baixas temperaturas (aprox. -80o C) obtém-se uma 
mistura de 20% do produto 1,4 e 80% do produto 1,2. Se ela for realizada em temperaturas mais 
elevadas (aprox. 40o C), porém, obtém-se uma mistura de composição inversa: 20% do produto 1,2 
e 80% do produto 1,4. A temperaturas intermediárias obtém-se uma mistura cuja composição se 
situa entre as duas indicadas. Outra observação importante é a de que qualquer um dos compostos 
separadamente se transforma na mistura dos dois isômeros, por aquecimento, indicando que ela 
resulta do equilíbrio entre os dois compostos. 
 2- Hidratação de dienos acumulados (adição de H2O) 
 Os dienos que possuem duplas acumuladas reagem com água, produzindo cetonas. Veja um 
exemplo de reação, envolvendo o 1,2- butadieno: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ALCINOS 
 
 1- Nomenclatura e exemplos 
 
 Nomenclatura oficial IUPAC: prefixo + ino + posição da tripla ligação 
 
Alguns exemplos importantes: 
 
 
 2- A ligação tripla 
 
 A ligação tripla constitui a característica principal dos alcinos, e os carbonos ligados dessa 
forma possuem hibridação sp, que lhes confere uma geometria linear. A ligação tripla é formada por 
uma ligação sigma e duas ligações pi ortogonais, assumindo a forma de um tubo. A sua energia total 
é de 123 kcal. Mais forte, portanto, que a ligação dupla (100 kcal) e a ligação simples (83 kcal). Por 
estarem mais fortemente unidos, a distância da ligação entre os núcleos dos átomos de carbono é 
menor. A inexistência de isômeros geométricos do acetileno (HC CH) serve para confirmar a 
estrutura da ligação tripla. 
 
 
 3- Propriedades físicas 
 
 Os alcinos são compostos de baixa polaridade e apresentam essencialmente as mesmas 
propriedades físicas dos alcanos e dos alcenos: são insolúveis em água e solúveis em solventes 
apolares, são menos densos que a água e os pontos de ebulição escalonam-se igualmente segundo o 
número de carbonos na cadeia e dependem da maior ou menor ramificação que nela exista. 
 
 
 4- Métodos de obtenção 
 
 Não são muito importantes as reações que produzem alcinos, porém, vale a pena destacar a 
desalogenação de dihaletos vicinais. 
 
 
 5- Propriedades químicas 
 
 O carbono, quando em tripla ligação, comporta-se como se fosse um elemento mais 
eletronegativo do que o carbono que participa apenas

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