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Eutanásia DEFINIÇÃO A palavra eutanásia foi criada no século XVII, pelo filósofo inglês Francis Bacon. Na sua etimologia estão duas palavras gregas: “eu”, que significa bem, e “thanásia” equivalente à morte. Em sentido literal, eutanásia significa “boa morte”, “morte apropriada”, “morte tranqüila”. “Compreende-se que a eutanásia é a ação médica intencional de apressar ou provocar a morte – com exclusiva finalidade benevolente – de pessoa que se encontre em situação considerada irreversível e incurável, consoante os padrões médicos vigentes, e que padeça de intensos sofrimentos físicos e psíquicos.” TIPOS DE EUTÁNASIA Atualmente a eutanásia pode ser classificada de várias formas, de acordo com o critério considerado. Quanto ao tipo de ação: Eutanásia ativa: o ato deliberado de provocar a morte sem sofrimento do paciente, por fins misericordiosos. Eutanásia passiva ou indireta: a morte do paciente ocorre, dentro de uma situação de terminalidade, ou porque não se inicia uma ação médica ou pela interrupção de uma medida extraordinária, com o objetivo de minorar o sofrimento. Eutanásia de duplo efeito: quando a morte é acelerada como uma conseqüencia indireta das ações médicas que são executadas visando o alívio do sofrimento de um paciente terminal. Quanto ao consentimento do paciente: Eutanásia voluntária: quando a morte é provocada atendendo a uma vontade do paciente. Eutanásia involuntária: quando a morte é provocada contra a vontade do paciente. Eutanásia não voluntária: quando a morte é provocada sem que o paciente tivesse manifestado sua posição em relação a ela. PROS E CONTRA Quem é a favor da eutanásia, acredita que esta seja um caminho para evitar a dor e o sofrimento de pessoas que estejam em fase terminal ou sem qualidade de vida. Defendem que a pessoa morre de uma forma pouco dolorosa significando que teve uma morte digna. https://www.ufrgs.br/bioetica/eutanasi.htm https://www.ufrgs.br/bioetica/duploef.htm https://www.ufrgs.br/bioetica/consent.htm https://www.ufrgs.br/bioetica/humbert.htm Existem muitos argumentos contra a eutanásia, desde os religiosos, éticos até os políticos e sociais. Do ponto de vista religioso a eutanásia é vista como uma usurpação do direito à vida humana, devendo ser um exclusivo reservado ao “Criador”, ou seja, só Ele pode tirar a vida de alguém. LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E MUNDIAL No Brasil e em os outros países a legislação é bastante diferenciada no que diz respeito à prática de eutanásia. O principal ponto de semelhança com alguns países é a religiosidade, os países de fé cristã consideram a eutanásia ilegal assim como no Brasil. O Código Penal brasileiro não faz referência à eutanásia”. Desta feita, por falta de previsão legal, ou seja, por falta de uma lei incriminando a eutanásia, tal tarefa ficou à cargo dos doutrinadores, a cargo dos estudiosos em direito, para que assim, pudesse definir o tratamento a ser dispensado ao instituto da eutanásia. Segundo a melhor doutrina, para o direito brasileiro, a eutanásia é vista como crime. Importante salientar que em nosso ordenamento jurídico não há um tipo específico definindo a conduta da eutanásia, como demonstrado anteriormente. Isso não significa que a referida prática seja legalizada no Brasil. Quem pratica tal conduta responderá criminalmente como incurso no artigo 121, § 1º, pelo artigo 122 ou pelo artigo 135, todos do Código Penal vigente, a depender do caso. O que se faz na realidade, é moldar a conduta daquele que comete a eutanásia, em algumas de suas modalidades, a algum tipo penal já existente na legislação, mais precisamente ao auxílio ao suicídio (artigo 122 do código penal), ao homicídio privilegiado (artigo 121, § 1º do código penal) ou à omissão de socorro (artigo 135 do código penal) como forma de suprir essa lacuna. Na sua imensa maioria, é taxado como crime de homicídio a prática da eutanásia. Rego (2009, p. 111) aduz que “de modo análoga ao previsto para o aborto, o Código Penal brasileiro penaliza a eutanásia por entendê-la como homicídio (crime contra a vida); de acordo com seu artigo 121, é crime matar alguém”. “No Brasil, o atual Código Penal, não especifica o crime de eutanásia, o médico que tira a vida do seu paciente por compaixão, comete o homicídio simples tipificado no art. 121, sujeito a pena de 6 a 20 anos de reclusão, ferindo ainda o princípio da inviolabilidade do direito à vida assegurado pela Constituição Federal.” Um dos primeiros países, a legalizar a eutanásia foi a Holanda. A legalização da eutanásia no referido país, que se deu em abril do ano de 2001, estimulou a discussão sobre a descriminalização dessa prática em outros países do mundo.Ressalta-se que também foi legalizada na Holanda o suicídio assistido. Essa legalização na Holanda é apoiada amplamente tanto pelo público geral quanto pelos médicos holandeses. Apenas uma faixa de 10% são contrários à legalização, que diga-se de passagem, como já afirmado acima, já está legalizada. Mais de 50% dos médicos da Holanda assistiram suicídios e tiraram ativamente a vida de muitos pacientes. Imperioso asseverar que a legalização da eutanásia e do suicídio assistido aplicam-se somente aos médicos. Assim, não houve um aumento significativo nos índices de morte na Holanda por conta da legalização dos institutos da eutanásia bem como do suicídio medicamente assistido, ao contrário do que se temia por aqueles contrários a tais legalizações. Ressalta-se que não é simples a prática da eutanásia na Holanda, pois a Associação Médica Holandesa estabeleceu diretrizes, quais sejam: 1) a decisão também deve ser decisão do paciente. 2) a solicitação do paciente de suicídio medicamente assistido/eutanásia deve ser voluntária. O médico não pode sugerir o suicídio/eutanásia como uma opção. 3) O paciente deve ter um entendimento claro e correto da situação médica e do prognóstico. 4) O paciente deve estar passando por um sofrimento interminável e insuportável, mas não necessita estar na fase final. 5) O médico e o paciente devem concluir que não há outra alternativa aceitável para o paciente. 6) Um segundo médico, independente do primeiro, deve ser consultado e deve examinar o paciente e confirmar que as condições foram atendidas. 7) O médico deve abreviar com a vida do paciente de maneira medicamente apropriada. Já no ano de 2002, no mês de maio, mais precisamente, a Bélgica seguiu o exemplo da Holanda, quando o Parlamento Belga aprovou uma lei permitindo aos médicos abreviarem a vida dos pacientes que se encontravam nas condições semelhantes às adotadas pela legislação da Holanda. Na Bélgica o médico pode praticar a eutanásia desde que atendidas as seguintes condições: quando o paciente consente com a intervenção, quando está sofrendo uma dor constante e insuportável, física ou psicológica e está na fase final. Vale ressaltar, que a legalização da eutanásia na Bélgica, deve ser realizada única e exclusivamente por médico habilitado e autorizado para tanto, como já timidamente alegado acima. Além das condições fáticas acima expostas, deve-se seguir os procedimentos formais expressamente exigidos pelo artigo 3º da referida lei, tendo sido criada, para tanto, uma Comissão Federal de Controle e de Avaliação (art. 6º). Ressalta-se que o processo legislativo de legalização da eutanásia na Bélgica galopou velozmente, uma vez que esse processo fora iniciado no ano de 1999, no mês de novembro, tendo a referida lei sido aprovada em 28 de maio de 2002, entrando em vigor em 23 de setembro do mesmo ano. Não havia nesse país nenhuma jurisprudência relevante sobre o tema da eutanásia, o que trazia grande insegurança para os médicos que praticavam tal conduta, pois não sabiam ao certo que era sua situação frente à justiça.
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