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Eutanásia Beatriz Bento Gaia da Silva Beatriz Gentile Lucena de Medeiros Costa Isabella Araújo de Oliveira Nogueira Júlia Fernanda Grignoli Augusto Marianne Carneiro Barone Bomfim Nayara Simões Santos Renato Nakahara Samuel Flávio Fernandes Bioética e Deontologia I Introdução Introdução • Eutanásia, segundo a definição do dicionário Michaelis, é "ação de provocar a morte rápida e sem sofrimento de um ser humano (ou animal), em caso de moléstia incurável." • Etimologia: a palavra origina de duas palavras gregas: - EU: significa bem ou boa; - THANASIA: equivalente a morte; • Portanto, a eutanásia tem como seu sentido literal uma "Boa Morte", dita como uma morte calma, piedosa e humanitária. Introdução • Foi uma palavra proposta Francis Bacon, em 1623 em sua obra ‘’História Vitae et Mortis’’ (Tratamento das doenças incuráveis), uma obra escrita sob a influência de pensamentos filosóficos experimentais, baseado no empirismo; • Ele acreditava que as doenças que eram consideradas incuráveis, o ato mais humano a seguir era permitir uma boa morte e, com isso, terminar com o sofrimento dos doentes. Tipos de Eutanásia Tipos de Eutanásia • Eutanásia ativa ou direta: trata-se do ato de causar ou acelerar a morte, em que se são atendidos os desejos do paciente que está no fim de sua vida, abrangendo o auxílio ao suicídio como uma forma de causar uma morte sem sofrimento; Ex: overdose por medicamento aplicada por um médico Quanto ao tipo de ação: • Eutanásia passiva ou indireta: não realiza-se alguma ação direta ao paciente, mas sim a retirada de subsídios que terminam por ocasionar a morte do paciente, ou seja, por omissão. Ex: suspensão da oxigenação do paciente Tipos de Eutanásia • Eutanásia voluntária: ocorre quando o paciente está lúcido e em plenas condições mentais, apresentando uma vontade própria e consciente ao pedir que seja interrompida a sua vida; Quanto ao tipo de consentimento do paciente: • Eutanásia involuntária: ocorre quando a morte é realizada contra a vontade do paciente; • Eutanásia não-voluntária: ocorre quando a morte é realizada sem que o paciente tivesse manifestado sua posição em relação a ela, seja esta a favor ou contra. Ortotanásia x Eutanásia x Distanásia Ortotanásia x Eutanásia x Distanásia Aspectos Legais no Brasil Aspectos legais • A grande controvérsia da discussão é se o procedimento de eutanásia deve ser aceito e incorporado ao ordenamento legal; • O sistema normativo penal brasileiro não tem legislação específica no que tange à eutanásia; • Quem a pratica incorrerá criminalmente no artigo 121, parágrafo primeiro, artigo 122 ou no artigo 135, todos do Código Penal vigente, a depender das particularidades do caso concreto; Aspectos legais • O Código Penal de 1940, atualmente em vigência, prevê pena de reclusão de 2 a 6 anos ao agente que "induzir ou instigar alguém a suicidar-se", conforme o artigo 122; • Enfoque da eutanásia a partir do art. 121 do Código Penal: equipara-se ao crime de homicídio, nos seguintes termos: "Matar alguém. Pena: reclusão, de seis a vinte anos". No que tange o art. 121, consta uma atenuante insculpida no parágrafo 1° do referido artigo, que prevê a possibilidade de minoração da pena, se considerado "homicídio privilegiado"; • Nos termos do art. 135 do Código Penal: parte da doutrina faz alusão a crime de omissão de socorro. Sanção de detenção de um a seis meses ou multa. Aspectos legais • Ou seja, a prática pode ser enquadrada como auxílio ao suicídio, homicídio praticado por motivo piedoso ou até mesmo como omissão de socorro; • Raquel Dodge diz: "a Eutanásia sempre foi considerada conduta ilícita no Direito brasileiro. [...] O consentimento do paciente à prática da Eutanásia ou a motivação impiedosa de quem a pratica não retiram a ilicitude do ato, tampouco exoneram de culpa quem a praticou." Eutanásia em outros países Em outros países • Holanda, o primeiro país a legalizar e regulamentar a prática, em abril de 2002. Pode ser pedida por menores de idade a partir dos 12 anos, com o consentimento dos pais até os 16; • Luxemburgo, em 2009, foi o terceiro país europeu a despenalizar a eutanásia e suicídio assistido; • A Bélgica também legalizou a prática em 2002, e em 2014 se tornou o primeiro pais a autorizar a eutanásia em menores de qualquer idade, desde os responsáveis legais autorizem e após avaliação do médico responsável e um psiquiatra infantil; Em outros países • Na Colômbia foi descriminalizada em 1997, mas somente em 2015 foi definido como poderia ocorrer. É o único pais na América Latina a legalizar a eutanásia; Em outros países • Canadá foi um dos países mais recentes a legalizar a prática, em 2016; • Suíça é conhecida como o país que oferece “turismo da morte”. Não apresenta legislação a cerca da eutanásia, porém o suicídio assistido é permitido, mesmo que não regulamentado de maneira clara; • Embora nos Estados Unidos a eutanásia seja criminalizada, o suicídio assistido é permitido em cinco estados: Oregon, Washington, Vermont, Montana e Califórnia. Em outros países • Na Alemanha a eutanásia ativa é vista como crime, e a eutanásia passiva é permitida desde 1997; Aspectos religiosos Aspectos Religiosos • Preceitos cristãos: 6º mandamento. A religião cristã demonstra grande aversão a eutanásia. Segundo o Vaticano, nenhum médico tem o direito abreviar a vida mas, quando em extrema dor e agonia e iminência de morte, não é obrigado a prolonga-la; • Islamismo: proíbe a eutanásia e a enxergam como um crime; Visão geral das principais religiões: • Judaísmo: o judaísmo proíbe a eutanásia ativa por entender o papel do médico como curador, porém, permite a eutanásia passiva; • Budismo: não tem posição definida. Aspectos Religiosos Grupos religiosos contra eutanásia: Grupos e ONGs que lutam a favor: Aspectos Religiosos • Federação Mundial do Direito de Morrer reune ONGs pró-eutanásia de 52 países; • Da América Latina, apenas a Colômbia faz parte. Eutanásia na visão Visão do Médico • No momento em que um médico se vê frente a frente à um pedido de eutanásia, o sentimento interno é muita vezes contrário pois esse desejo do paciente envolve diversas esferas da vida profissional médica. O sentimento de proporcionar o melhor tratamento para o seu paciente, a visão religiosa e a esfera jurídica entram em conflito; • No ano de 2019, a BBC, acompanhou três procedimentos de Eutanásia realizados pelo Dr. Yves Locht que trabalha na Bélgica. Na entrevista o médico conta que só consegue realizar um procedimento por mês devido a carga emocional envolvida, no entanto, ele acredita que não está matando o seu paciente mas sim que está encurtando a sua agonia e fornecendo o cuidado final; Visão do Médico • A carga emocional é tão notável que, em 2017, em uma reportagem para o El Pais, um médico que optou por permanecer no anonimato, relatou que tinha parado de fumar a anos, porém, toda vez que realizava uma eutanásia, pega sua bicicleta, pedalava para longe da cidade e fuma um maço de cigarros em poucas horas; • Também em 2019, porém em Portugal, foi feita uma pesquisa com 251 médicos e 55% deles disseram ser a favor da eutanásia voluntária. Na matéria é relatado que a maioria que votou a favor são profissionais mais novos, com menos experiência profissional e sem crenças religiosas. Visão do Paciente • Ao perguntar sobre o medo da morte, muitas pessoas costumam responder que, na verdade, têm medo do sofrimento, da dor física e psicológica e de ter que continuar vivendo em condições insuportáveis; • Alguns exemplos de pacientes e suas visões sobre a eutanásia: - Michel, de 82 anos tem câncer terminal na mandíbula. Sua dor é tão insuportável que ele já pensou em suicídio, mas não deu o passo final porque, de acordo com ele, queria partir com dignidade. “Não é o câncer que me leva, sou eu quem decide.”; - Fabiano Antoniani, um tetraplégico, sabia que aindapodia viver bastante tempo, mas não queria seguir assim. “Sinto-me preso numa jaula”; Visão do Paciente - Louise tem 79 anos e está em bom estado de saúde. Porém, ela quer ter certeza de que a eutanásia será uma possibilidade caso seja necessária, pois para ela, isso é uma maneira mais humana e eficiente de acabar com a vida. “É algo que afeta a todos nós, porque todos nós vamos morrer, mas eu tenho o direito de exigir qualidade ao final da minha vida."; • O que resume a vontade dos pacientes a favor da eutanásia é: uma doença incurável e um sofrimento que não pode ser aliviado. Cuidados Paliativos e Eutanásia O que são cuidados paliativos? • Os cuidados paliativos, como uma disciplina que inclui assistência, ensino e pesquisa, começaram a ser organizados há cerca de quarenta anos, tendo em seu arcabouço teórico - conhecido como filosofia do moderno movimento hospice - o cuidar de um ser humano que está morrendo, e de sua família, com compaixão e empatia; O que são cuidados paliativos? • Fundamentam-se na busca incessante do alívio dos principais sintomas estressores do paciente, em intervenções centradas no paciente e não em sua doença, o que significa na participação autônoma do paciente nas decisões que dizem respeito a intervenções sobre sua doença, em cuidados que visam a dar uma vida restante com mais qualidade e um processo de morrer sem sofrimentos em princípio evitáveis, estes, freqüentemente agregados a práticas médicas tradicionais, na organização de uma equipe interdisciplinar, a qual se propõe a amparar o paciente e seu cuidador/sua família 24 horas por dia. Cuidados paliativos x Eutanásia • Deve-se ponderar, entretanto, que esta tensão entre cuidados paliativos e eutanásia tende a ser desproporcional, visto que os cuidados paliativos, ao contrário da eutanásia, não são, em essência, nem necessariamente, fruto de uma opção autônoma do paciente, mas um conjunto de ações decididas por quem cuida, diferentemente do que ocorre nos casos de eutanásia e de suicídio assistido por médico, partindo-se, nestes casos, do pressuposto de que "o melhor" já teria sido feito. Obrigada! MORAES, Henrique. Da eutanásia no direito comparado e na legislação brasileira. Jus, 2012. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/23299/da-eutanasia-no-direito-comparado-e-na-legislacao-brasileira>. Acesso em: 10 de outubro de 2020. Fontes Eutanásia. Michaelis On-line. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=eutan%C3%A1sia>. Acesso em: 10 de outubro de 2020. BRAIAN, Artur. Da questão da Eutanásia à luz da Bioética. 2015. Disponível em <https://arturbraian.jusbrasil.com.br/artigos/245692784/da-questao-da-eutanasia-a-luz-da-bioetica>. Acesso em: 10 de outubro de 2020. OLIVA, Milagros Pérez. Quem decide como devemos morrer?. El País, 01 de abril de 2017. Disponível em <https://brasil.elpais.com/brasil/2017/03/31/ciencia/1490960180_147265.html>. Acesso em: 09 de outubro de 2020 "A vida de um médico especialista em eutanásia: 'Não sinto que estou matando o paciente'". BBC News Brasil, 24 de junho de 2019. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-48705051>. Acesso em: 09 de outubro de 2020. Fontes Declaração Sobre Eutanásia. La Santa Sede. Disponível em: <https://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_19800505_euthanasia_ po.html>. Acesso em: 10 de outubro de 2020. JONQUIERE, Rob. Eutanásia, um ato de amor. Veja, 31 de maio de 2017. Disponível em <https://complemento.veja.abril.com.br/pagina-aberta/eutanasia-um-ato-de-amor.html>. Acesso em: 10 de outubro de 2020 Religião é principal barreira na discussão sobre eutanásia. Jornal da USP, 09 de março de 2019. Disponível em: <https://jornal.usp.br/atualidades/religiao-e-principal-barreira-na-discussao-sobre-eutanasia/>. Acesso em: 10 de outubro de 2020. ANDRADE, Otávio Morato de. Status Legal da Eutanásia e Ortotanásia no Brasil. 2020. Disponível em <http://lexcultccjf.trf2.jus.br/index.php/revistasjrj/article/view/301/219>. Acesso em: 09 de outubro de 2020. AIRES, Elaine. Entenda o que é Eutanásia, Ortotanásia e Distanásia. Tua Saúde. Disponível em <https://www.tuasaude.com/distanasia/>. Acesso em: 11 de outubro de 2020 Fontes STOUPA, Chirlei Rosa Martins. Eutanásia, Ortotanásia e Distanásia, significados e definições. JUS, novembro de 2017. Disponível em <https://jus.com.br/artigos/62239/eutanasia-distanasia-e-ortotanasia-significados-e-definicoes>. Acesso em: 11 de outubro de 2020 Agência Lusa. Maioria dos médicos é a favor da legalização da eutanásia. Observador, 29 de julho de 2019. Disponível em <https://observador.pt/2019/07/29/maioria-dos-medicos-e-a-favor-da-legalizacao-da-eutanasia/>. Acesso em: 10 de outubro de 2020 Supremo Tribunal da Holanda expande lei da Eutanásia. Veja, 13 de junho de 2016. Disponível em <https://veja.abril.com.br/mundo/supremo-tribunal-da-holanda-expande-lei-de-eutanasia/>. Acesso em: 11 de outubro de 2020 Eutanásia e suicídio assistido em países ocidentais: revisão sistemática. Revista Bioética, vol. 24, núm. 2, 2016, Conselho Federal de Medicina, 13 de junho de 2016. Disponível em: <https://www.redalyc.org/jatsRepo/3615/361546419019/html/index.html>. Acesso em: 11 de outubro de 2020. Fontes SAMBADO, Cristina. Em que países a eutanásia não é considerada crime?. RTP Notícias, 20 de fevereiro de 2020. Disponível em <https://www.rtp.pt/noticias/pais/em-que-paises-a-eutanasia-nao-e-considerada-crime_es1206076>. Acesso em: 11 de outubro de 2020. JUNQUEIRA, Andre. Quem você vai ser quando morrer?. Veja, 02 de agosto de 2019. Disponível em <https://saude.abril.com.br/blog/com-a-palavra/quem-voce-vai-ser-quando-morrer/>. Acesso em: 13 de outubro de 2020 JFLORIANI, Ciro Augusto. Cuidados paliativos: interfaces, conflitos e necessidades. Scielo, dezembro de 2008. Disponível em <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232008000900017>. Acesso em: 13 de outubro de 2020
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