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UNIVERSIDADE DE VASSOURAS PRÓ-REITORIA DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS E EXATAS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL ALVARO HENRIQUE CADETE CARAMEZ ANÁLISE DA CONFIABILIDADE E SEGURANÇA DA MANUTENÇÃO FERROVIÁRIA Vassouras/RJ 2020 UNIVERSIDADE DE VASSOURAS PRÓ-REITORIA DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS E EXATAS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL ALVARO HENRIQUE CADETE CARAMEZ ANÁLISE DA CONFIABILIDADE E SEGURANÇA DA MANUTENÇÃO FERROVIÁRIA Trabalho de conclusão de curso (TCC), apresentado ao curso de Engenharia Civil da Universidade de Vassouras, com requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Engenheiro Civil. Vassouras/RJ 2020 Sistema Gerador de Ficha Catalográfica On-line - Universidade de Vassouras Caramez, Alvaro Henrique Cadete ANÁLISE DA CONFIABILIDADE E SEGURANÇA DA MANUTENÇÃO FERROVIÁRIA / Alvaro Henrique Cadete Caramez. - Vassouras: 2020. xli, 42 f. : il. ; 29,7 cm. Orientador: Priscila Marques Monteiro. Trabalho de Conclusão de Curso para Obtenção do Grau de Bacharel em Engenharia Civil - Universidade de Vassouras, 2020. Inclui Ilustrações, Bibliografias e Material Anexo. 1. transporte ferroviário. 2. manutenção periódica. 3. dormentes; ferrovia. 4. comparativos geométricos. I. Monteiro, Priscila Marques. II. Universidade de Vassouras. III. Título. 2 UNIVERSIDADE DE VASSOURAS PRÓ-REITORIA DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS E EXATAS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL ALVARO HENRIQUE CADETE CARAMEZ ANÁLISE DA CONFIABILIDADE E SEGURANÇA DA MANUTENÇÃO FERROVIÁRIA Trabalho de conclusão de curso (TCC), apresentado ao curso de Engenharia Civil da Universidade de Vassouras, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Engenheiro Civil. Data de Apresentação: Resultado: Banca Examinadora Prof. Priscila Marques Monteiro (Orientador) Prof. Barbara Braga Barbosa da Rosa (Primeiro Membro) Prof. Gustavo José da Costa Gomes (Segundo Membro) Vassouras/RJ 2020 AGRADECIMENTO Agradeço a Deus, que meu deu saúde e forças para superar todos os momentos difíceis com que eu me deparei ao longo da minha graduação. Ao meu pai, Alexandre, minha mãe, Luciane e meu irmão, José Inácio, por serem essenciais na minha vida e a toda minha família e amigos por me incentivarem a ser uma pessoa melhor e não desistir dos meus sonhos. A minha namorada, Andressa, que ao longo desses 7 anos teve muita paciência comigo, me incentivou em cada passo que eu dava, sendo certo ou não, uma verdadeira companheira. Obrigado por ser a minha melhor amiga. A minha orientadora, Priscila, por todo apoio e paciência ao longo da elaboração do meu projeto final. Também gostaria de deixar um agradecimento especial a MRS Logística por possibilitar a execução deste trabalho. A todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização da minha pesquisa, obrigado! RESUMO Este trabalho engloba uma avaliação quantitativa e qualitativa de dados anteriores e posteriores a uma manutenção realizada pela empresa MRS no ano de 2019, onde houve a troca completa de dormentes em um trecho da ferrovia. No final do século XVIII deu-se início aos primeiros passos para a implementação do transporte ferroviário no mundo, mas somente em 1852 que ele de fato chegou ao Brasil com a construção da primeira linha férrea. É inegável a sua importância atualmente no país, pois o mesmo além do transporte de passageiros, atua diretamente sob a comercialização nacional de produtos e matérias primas mesmo sem ter seu potencial completamente explorado. Apesar dos múltiplos benefícios, uma das desvantagens do transporte ferroviário é o alto risco de acidentes que por consequência podem gerar altos prejuízos financeiros. Na tentativa de evitar esses episódios, foram realizadas manutenções pontuais e periódicas com o objetivo de agregar segurança e confiabilidade e tornar a realização do transporte e toda a estrutura da linha férrea segura como um todo. Tendo como base o número de solicitações de serviços e falhas, além dos comparativos geométricos no trecho avaliado, buscou-se comparar os dados obtidos e comprovar os benefícios deste tipo de manutenção que ao final se mostrou viável tanto em execução quanto financeiramente. Palavras-chave: transporte ferroviário; manutenção periódica; dormentes; ferrovia; comparativos geométricos. ABSTRACT This work encomps a quantitative and qualitative evaluation of previous and laters informations to a maintenance performed by the company MRS in 2019, where there was a complete exchange of dormant on a stretch of the railroad. At the end of the 18th century, started the first steps for the implementation of the rail transport in the world. It is undeniable its currently importance in the countrie, because the same, beyond transportation of passengers, operates directly at the national commercialization of products and raw materials even without having its potential completely exploited. Although the several benefits, one of the disadvantages of the rail transport is the high risk of accidents that, consequently, can generate high financial losses. In the attempt to avoid these episodes, punctual and periodic maintenance were fulfilled, with the objective of add security and reliability and make the achievement of the transport and all the structure of the railway line safe as a whole. Based on the number of service requests and failures, beyond the geometric comparative in the rated stretch, sought to compare the obtained informations and prove the benefits of this type of maintenance that, at the end, showed up viable both in execution and financially. Key words: rail transport; periodic maintenance; dormant; railroad; geometric comparatives. Lista de Figuras Figura 1: Composição da Via Permanente ................................................................................... 13 Figura 2: Trilho (TR-68) .................................................................................................................... 13 Figura 3: Fixação Elástica ................................................................................................................ 14 Figura 4: Fixação Rígida .................................................................................................................. 14 Figura 5: Tipos de Dormentes ......................................................................................................... 15 Figura 6: Corte da linha ferroviária ................................................................................................. 15 Figura 7: Desalinhamento em tangente e curva .......................................................................... 18 Figura 8: Desnivelamento transversal e longitudinal ................................................................... 18 Figura 9: Superelevação .................................................................................................................. 19 Figura 10: Tipos de Bitolas .............................................................................................................. 20 Figura 11: Entrevia ............................................................................................................................ 21 Figura 12: Esforços atuantes durante a passagem dos trens .................................................... 21 Figura 13:Trackstar ........................................................................................................................... 24 Figura14: Curva do KM 100............................................................................................................ 27 Lista de Gráficos Gráfico 1: Solicitações de Serviço - Antes .................................................................................... 30 Gráfico 2: Solicitações de Serviço - Depois .................................................................................. 30 Gráfico 3: Falhas - Antes ................................................................................................................. 32 Gráfico 4: Falhas - Depois ............................................................................................................... 32 Gráfico 5: Alinhamento ..................................................................................................................... 34 Gráfico 6: Bitola Estática .................................................................................................................. 35 Gráfico 7: Bitola Dinâmica ............................................................................................................... 35 Gráfico 8: Nivelamento Longitudinal .............................................................................................. 36 Gráfico 9: Superelevação ................................................................................................................ 37 Gráfico 10: Empeno .......................................................................................................................... 37 Gráfico 11: Torção ............................................................................................................................ 38 Lista de Tabelas Tabela 1: Número de Inspeções x Ano .......................................................................................... 24 Tabela 2: Tolerâncias para os Defeitos Geométricos .................................................................. 25 Tabela 3: Tolerâncias para os Defeitos Geométricos em destaque .......................................... 28 Tabela 4: Relatório de Solicitações de Serviço ............................................................................ 29 Tabela 5: Relatório de Falhas - Um ano antes ............................................................................. 31 Tabela 6: Relatório de Falhas - Um ano depois ........................................................................... 31 Tabela 7: Relatório do Trackstar ..................................................................................................... 33 Sumário 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 10 1.1 OBJETIVO ........................................................................................................................... 11 1.1.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 11 1.1.2 Objetivos específicos ................................................................................................. 11 1.2 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA .................................................................................... 11 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................................... 12 2.1 A HISTÓRIA DA FERROVIA ............................................................................................ 12 2.2 VIA PERMANENTE............................................................................................................ 12 2.2.1 Superestrutura ............................................................................................................ 13 2.2.2 Infraestrutura ............................................................................................................... 16 2.3 GEOMETRIA DA VIA PERMANENTE ............................................................................ 16 2.4 ESFORÇOS ........................................................................................................................ 21 2.5 TIPOS DE MANUTENÇÕES ............................................................................................ 22 2.6 MANUTENÇÃO FERROVIÁRIA ...................................................................................... 23 2.7 PARAMÊTROS ................................................................................................................... 23 2.8 CONFIABILIDADE E FALHA ............................................................................................ 26 3 METODOLOGIA ......................................................................................................................... 27 3.1 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................ 27 4 DISCUSSÃO E RESULTADO ................................................................................................. 29 4.1 COMPARATIVO ANTES E DEPOIS DA MANUTENÇÃO ........................................... 29 4.1.1 Solicitações de Serviço...................................................................................................... 29 4.1.2 Falhas ................................................................................................................................... 31 4.1.3 Geometria ............................................................................................................................ 32 5 CONCLUSÃO ............................................................................................................................. 39 6 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 40 10 1 INTRODUÇÃO Dentre os diversos meios de transporte utilizados atualmente no Brasil, o ferroviário pode ser considerado como uma importante ferramenta para a expansão e comercialização do país. Se comparado com o transporte rodoviário, possui custo menor de deslocamento e de tempo de entrega, além da possibilidade de transportar uma quantidade superior de material (ELLER et al, 2011). Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT, 2017), no Brasil, 29.075 quilômetros de malha ferroviária estão atualmente em operação, porém esse ainda é um meio pouco explorado e com enorme potencial de desenvolvimento. Nos próximos 10 anos, o governo federal irá investir cerca de 5 bilhões na ampliação e melhoria das ferrovias do Brasil, tornando-as uma alternativa maior ao escoamento da produção brasileira. O transporte ferroviário representa atualmente cerca de 15% da matriz de transporte brasileira e após esse investimento estima-se chegar a cerca de 30% (GOVERNO FEDERAL, 2020). Tendo em vista a importância e funcionalidade da linha férrea, também conhecida como via permanente, pode-se afirmar que diversas manutenções devem ser realizadas a fim de garantir a confiabilidade e segurança da mesma. Diante do exposto, este trabalho busca responder a seguinte questão problema: a troca de dormentes por meio de uma manutenção programada, melhora a estrutura da via permanente? Para responder a esta questão, o estudo tem como objetivo geral avaliar a manutenção para pontos de superestrutura ferroviária, a partir da troca de dormentes, baseado no exemplo da empresa MRS Logística S/A. Este levantamento acontecerá segundo dados disponibilizados por relatórios de serviços do Trackstar (veículo utilizado para inspeção da linha férrea), com resultados anteriores e posteriores a realização da manutenção. 11 1.1 OBJETIVO 1.1.1 Objetivo geral Avaliar a manutenção parapontos de superestrutura ferroviária, a partir da troca de dormentes, baseado no exemplo da empresa MRS. 1.1.2 Objetivos específicos • Realizar o levantamento bibliográfico que embasará esta pesquisa; • Estabelecer a metodologia de pesquisa para atender o objetivo geral; • Coletar dados do Trackstar com resultados anteriores e posteriores a manutenção; • Avaliar os relatórios disponíveis e verificar os resultados obtidos após a manutenção. 1.2 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA O transporte ferroviário é considerado perigoso devido aos inúmeros riscos. Qualquer deslize ou imprudência pode acarretar em acidentes com enormes prejuízos financeiros, além de transtornos logísticos e ferimentos aos operários. Devido a isso, entende-se a importância da manutenção bem realizada, visando garantir a confiabilidade e segurança da linha férrea e do transporte como um todo. 12 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 A HISTÓRIA DA FERROVIA Os primeiros passos para a implementação da linha férrea ocorreram no final do século XVIII e inicio do XIX, devido a crescente produção de mercadorias e necessidade de transportá-las. Em 1814, George Stephenson foi o primeiro que conseguiu resultados efetivos com o desenvolvimento das locomotivas e em 1825 construiu a primeira estrada de ferro entre Stockton e Darlington, a qual possuía 15 quilômetros de distância. Devido a esses fatos, ele é considerado o criador da locomotiva a vapor e da primeira estrada ferroviária (DNIT, 2009). No Brasil, a partir de 1835, houve diversas tentativas de implementação das ferrovias, onde o governo cedia favores a quem quisesse construir e explorar o mercado ferroviário, porém, por ser tratar de um negócio arriscado ninguém demonstrou interesse. Somente em 1852, o empreendedor Irineu Evangelista de Souza, conhecido como Barão de Mauá, construiu a primeira linha férrea do Brasil, sendo inaugurada por D. Pedro II, em 30 de abril de 1854, localizada entre o Porto de Mauá (interior da Baía de Guanabara) e a Raiz de Serra (Petrópolis) com uma extensão de 14,5 quilômetros (BRINA, 1979). Recentemente, em 2017, segundo a Agencia Nacional de Transportes Terrestres, a extensão da malha concedida é de 29.075 quilômetros, divididos entre quinze empresas que possuem distintas numerações de bitolas e concessões da ferroviária. 2.2 VIA PERMANENTE Entende-se por via permanente, um conjunto de equipamentos, construções e instalações que compõe a superestrutura e a infraestrutura conforme representado na Figura 1, sendo estas destinadas a garantir confiabilidade e segurança ao tráfego dos veículos ferroviários (BRINA,1979). 13 Figura 1: Composição da Via Permanente Fonte: BRINA (1979) 2.2.1 Superestrutura A superestrutura é a primeira divisão da via permanente, sendo responsável pela transferência de cargas durante o fluxo do trem. É composta pelo trilho, fixação, dormente, lastro e o sub lastro (BRINA,1979). Representado na Figura 2, o trilho é considerado, tecnicamente, o principal elemento da superestrutura, servindo como guia e suporte dos veículos ferroviários. Além disso, detém o maior custo entre os elementos estruturais da via, podendo ser dividido em alguns tipos específicos, como por exemplo:TR-68, TR-57, TR-50,TR-45, TR-40, TR-37 e TR-32 (BRINA,1979). Figura 2: Trilho (TR-68) Fonte: Adaptado de DNIT(2016) 14 Na linha férrea são utilizadas as fixações do tipo elástica e rígida. A Figura 3 representa a fixação elástica, sendo a mesma composta por elementos com a capacidade de manter a pressão de contato ao trilho constante, o que garante a contenção da via, absorvendo também os impactos e vibrações característicos do tráfego ferroviário. Pode ser categorizada em: placas de apoio, tirefonds, grampos, arruelas duplas de pressão, dentre outros (BRINA,1979). Figura 3: Fixação Elástica Fonte: Elaborado pelo autor (2020) Ainda segundo Brina (1979), a fixação do tipo rígida, representada pela Figura 4, tem em sua composição elementos capazes de fixar o trilho, porém sem absorver as vibrações e impactos advindos do tráfego ferroviário. Entretanto, existem limitações em relação ao impedimento do deslocamento longitudinal dos trilhos. Pode-se citar como exemplos: placas de apoio, tirefonds, pregos, etc. Figura 4: Fixação Rígida Fonte: Elaborado pelo autor (2020) 15 Os dormentes devem suportar os trilhos, absorver as cargas horizontais e verticais recebidas pelos mesmos provenientes do tráfego e transmiti-las ao lastro, além de manter a estabilidade da via no plano vertical e horizontal e a conformação geométrica especificada do Aparelho de Mudança de Via (AMV). Representado pela Figura 5, os dormentes podem ter as seguintes composições: madeira, aço, concreto e polímero (BRINA,1979). Figura 5: Tipos de Dormentes Fonte: Adaptado de Professor Cristiano Jorge, UNBD (2013) O lastro constitui-se em uma camada de material granular localizada acima do sublastro e abaixo dos dormentes, ocupando os espaços entre eles, podendo avançar além do topo do dormente. Os materiais granulométricos que compõem o lastro podem ser: granito, basalto, diorito, gnaisse e o quartzito (BRINA,1979). A Figura 6 mostra um corte transversal da linha ferroviária com o detalhamento do lastro, sublastro e subleito. Figura 6: Corte da linha ferroviária Fonte: Mecânica do Pavimento Ferroviário, Professor Antonio Merheb (2019) 16 O sublastro é o elemento da superestrutura intimamente ligado à infraestrutura, com características especiais que comprovam a sua inclusão na superestrutura, sendo elas: aumento na capacidade de suporte, impede que o lastro adentre na plataforma, aumento na capacidade contra infiltrações e resistência do leito à erosão. O mesmo deve ser compactado e geralmente uma espessura de 20 centímetros é o suficiente para atender aos projetos (BRINA,1979). 2.2.2 Infraestrutura A infraestrutura é a segunda e última divisão da via permanente, "composta pelas obras de terraplenagem, arte corrente e de artes especiais, situadas, normalmente, abaixo do greide de terraplenagem” (NETO, 2012). A terraplenagem, como o próprio nome já diz, trata-se da ação de terraplenar, ou seja, tornar o terreno plano. Para tal, faz-se necessário, primeiramente, adequar a topografia original de um terreno ao projeto de construção (GUIA DA OBRA, 2007). Em seguida, ocorre a obra de arte corrente que tem como objetivo direcionar corretamente a água através de tubos, túneis, canais, valas e fossas, além da proteção contra os intempéries causados pela natureza, permitindo assim correções de nível e compactação do solo, favorecendo a implantação do objeto estradal (GUIA DA OBRA, 2007). Ainda de acordo com o Guia da Obra (2007), as obras de artes especiais fazem parte do conjunto de itens da infraestrutura e tem como objetivo transpor a via permanente perante rodovias e desníveis de solo, podendo também ser aplicada na construção de pontes, quando não é possível desviar o curso da água através da obra de arte corrente. Pode-se citar como exemplos: pontes, viadutos e túneis. 2.3 GEOMETRIA DA VIA PERMANENTE Conforme Lataliza (2015), a geometria da ferrovia equivale a aplicação de conceitos matemáticos e técnicas, considerando as leis da física, com o intuito de descrever e referenciar a superfície de rolamento dos trens suportada pela via permanente. Essa geometria de linha tem as seguintes composições: Tangente, curva, alinhamento, nivelamento, superelevação, bitola, entrevia. 17 • Tangente Segundo Silva (2006), a tangente nada mais é do que segmentos de reta que unem duas curvas subsequentes, tangenciando-as em projeção horizontal. • Curva A existência de curvas na ferrovia gera certos transtornos paraa circulação dos trens. Tendo isso como base, entende-se a necessidade de haver um estudo mais detalhado com o intuito de proporcionar maior segurança e conforto na circulação. As curvas mais utilizadas pelos veículos ferroviários são as de transição, pois possibilitam uma passagem gradual entre a tangente e a curva circular, além de conceder a distribuição da superelevação também de forma gradativa, o que permite que a mesma atinja seu valor pleno no inicio da circular, evitando assim os inconvenientes da colocação da superelevação em parte da tangente, como acontece nas curvas sem transição (BRINA,1979). • Alinhamento As tangentes e curvas formam o eixo da linha, em que o alinhamento é a correspondência da paralela do trilho com o eixo (LATALIZA, 2015). De acordo com Coimbra et al. (2008), o desalinhamento, retratado na Figura 7, é considerado quando o trilho em paralelo ultrapassa os limites de parâmetros estabelecidos por cada classe da ferrovia, sendo causado por ombro do lastro insuficiente, dormente laqueado, deformação ou quebra dos trilhos, entre outros. 18 Figura 7: Desalinhamento em tangente e curva Fonte: LEITE (2020) • Nivelamento O nivelamento é a harmonia da cota dos trilhos em relação as seções transversal e longitudinal e qualquer alteração nestas pode ser classificada como desnivelamento. O desnivelamento dividi-se em transversal e longitudinal, como descritos na Figura 8. O transversal é a desarmonia da cota dos trilhos na mesma seção transversal e medido na tangente, porém em curva se dá o nome de superelevação. Já o longitudinal é a desarmonia da cota no sentido longitudinal dos trilhos sendo caracterizado pela existência de pontos altos e baixos ao longo da via, podendo ou não ser em ambos os trilhos (LATALIZA, 2015). Figura 8: Desnivelamento transversal e longitudinal Fonte: LEITE (2020) • Superelevação 19 Como dito anteriormente, superelevação em tangente é uma anomalia que é denominada como desnivelamento transversal. No entanto, ao percorrer um trajeto em curva, ocorre a presença da força centrifuga, que tende a deslocar o corpo para fora do trajeto. Na ferrovia essa força desloca o trem em direção ao trilho externo e, a fim de eliminá-la, é realizada a elevação desse trilho através da inclinação do dormente. Essa relação da elevação do trilho externo para o interno se denomina superelevação (BRINA, 1979). A Figura 9 representa os pontos de uma curva com a presença da superelevação. Figura 9: Superelevação Fonte: LATALIZA (2015) • Bitola "É a distância entre as faces internas dos trilhos medidas a 16 mm abaixo das faces superiores de cada trilho" (LATALIZA, 2015). Segundo Leite et al. (2020), os 3 tipos mais usados no Brasil são: Bitola Larga, Métrica ou Estreita e Standard, onde suas medidas são respectivamente 1,60, 1 e 1,435 metros. Os defeitos que podem estar presentes são as variações de bitola do tipo aberta e fechada. A Figura 10 apresenta a medida padrão da bitola e o valor máximo e mínimo das bitolas. 20 Figura 10: Tipos de Bitolas Fonte: Adaptado de LEITE (2020) � Aberta: quando a medida interna é maior do que o limite do parâmetro especificado para a classificação da via, podendo ser causada por um dormente com fissura e/ou trinca, alargamento no furo do tirefond, excesso de esforço lateral, entre outros (LEITE, 2020). � Fechada: quando a medida interna é menor do que o limite do parâmetro especificado para a classificação da via, podendo ser causada por tirefond danificado, desgaste nas placas, desgaste no trilho, dormentes ruins, entre outros (LEITE, 2020). • Entrevia É a distância entre os eixos de duas linhas paralelas. Usualmente a cota da entrevia varia entre 3,80 a 5,60 metros, sendo influenciada diretamente pela velocidade dos trens. Quanto mais rápido, maior o balanço do trem e consequentemente maior será a distância da entrevia (LATALIZA, 2015). A Figura 11 demonstra uma medida de entrevia e simula dois trens passando nas linhas 1 e 2. 21 Figura 11: Entrevia Fonte: Adaptado de LATALIZA (2015) 2.4 ESFORÇOS Quando fala-se em esforços, primeiramente se deve ter em mente o conceito de descarrilamento que é a mais grave falha e manifestação pública de fracasso da ferrovia, ou seja, o ato da roda deixar de fazer contato com os trilhos. Nesse processo, geralmente se segue uma ordem de três ações: friso da roda externa escala o trilho externo, depois percorre o topo do mesmo e por fim a roda interna, externa ou ambas caem na via e rodam sobre os dormentes e lastro. Esse fenômeno ocorre devido aos esforços atuantes longitudinais, transversais e verticais (VIDON, 2020). A Figura 12 demonstra as direções das forças presentes na linha férrea. Figura 12: Esforços atuantes durante a passagem dos trens Fonte: Apostilha de Trilhos - Professor: Ernani Durval (2001) 22 � Longitudinal: ocorre devido a aceleração e frenagem dos trens, além da variação de temperatura (MERHEB, 2019). � Transversal: "esforço secundário de torção devido à excentricidade de aplicação de carga e à existência de uma folga entre o friso das rodas e o trilho" (MERHEB, 2019). � Vertical: cargas impostas à via devido a passagem dos trens. Pode ser classificada como estática ou dinâmica (MERHEB, 2019). 2.5 TIPOS DE MANUTENÇÕES Durante a passagem do trem, sua carga é transferida para os trilhos, logo após para os dormentes e lastro, para enfim ser dissipada ao solo. Essa carga gera esforços transversais, laterais e longitudinais nos trilhos e com o passar do tempo acabam surgindo inúmeras imperfeições e falhas, que podem atrapalhar o transporte ferroviário. A fim de diminuir e eliminar essas ocorrências a ABNT 5462 (1994) determina três tipos de manutenções distintas: � Manutenção corretiva: "efetuada após a ocorrência de uma pane, destinada a colocar um item em condições de executar uma função requerida" (ABNT 5462, 1994); � Manutenção preventiva: "efetuada em intervalos predeterminados, ou de acordo com critérios prescritos, destinada a reduzir a probabilidade de falha ou a degradação do funcionamento de um item" (ABNT 5462, 1994); � Manutenção preditiva: "com base na aplicação sistemática de técnicas de análise, utilizando-se de meio de supervisão centralizados ou de amostragem, para reduzir ao mínimo a manutenção preventiva e corretiva" (ABNT 5462, 1994). 23 2.6 MANUTENÇÃO FERROVIÁRIA A estrutura ferroviária pode ser variável ao longo do tempo, com dimensionamento e vida de acordo com as tarefas ou serviços do momento. Suas atividades, que tem como característica a execução de serviços programáveis, de grandes volumes e em grandes extensões da linha, incluem basicamente algumas manutenções (PAULA, 2001): De trilhos: substituição; soldagem; esmerilhamento; De dormentes/fixação: substituição de materiais; De lastro: recuperação ou limpeza; substituição; complementação; socaria; Geométrica da linha: alinhamento; nivelamento longitudinal; nivelamento transversal; socaria. De AMV: substituição/recuperação de componentes; recuperação da geometria; Infraestrutura: controle da vegetação no leito; plataforma; cortes; aterros; obras de arte correntes e especiais. 2.7 PARAMÊTROS A gestão de inspeção e defeitos de geometria e bitola ocorre em ciclos de manutenção conforme preconiza o procedimento padrão da empresa. Tem como objetivo identificar as taxas de degradação geométrica e produzir uma base de dados para estudo, além de verificar as condições da via com tempo suficiente para a fiscalização preditiva, determinando os planos de manutenção a médio e longo prazo. O número de inspeções do Trackstar, veículo representado pela Figura 13, por ano, é determinadopela classificação de via, que é dada de acordo com a velocidade máxima autorizada (VMA) e o volume em milhões de toneladas brutas transportadas (MTBT), conforme a Tabela 1. 24 Figura 13:Trackstar Fonte: MRS (2016) Tabela 1: Número de Inspeções x Ano Classe da Via Número de Inspeções ao ano MTBT < 25 25 < MTBT < 50 MTBT > 50 Classe 1 (0 - 16 km/h) 0 a 1 1 a 2 2 a 4 Classe 2 (17 - 40 km/h) 0 a 1 1 a 2 2 a 4 Classe 3 (41 - 64 km/h) 1 a 2 2 a 4 3 a 6 Classe 4 (65 - 96 km/h) 1 a 2 2 a 4 3 a 6 Fonte: PG-ENG-0031 VER.04.00 (2018) Durante o tempo em que as linhas não são contempladas com a inspeção do Trackstar, as coordenações de via permanente, afim de verificar a geometria da linha, devem abrir solicitações de serviço através do Trolley ou régua aplicadora de carga, com prazo de conclusão de até 6 meses. Na tabela abaixo estão as tolerâncias para os defeitos geométricos (Tabela 2). 25 Tabela 2: Tolerâncias para os Defeitos Geométricos Fonte: Adaptado de PG-ENG-0031 VER.04.00 (2018) Após essa identificação, acontece a fase de classificação das solicitações, que determina a criticidade das anomalias, sendo distribuídas da seguinte forma (MN-ENG-2001): • Criticidade 0 - "condição da via que gere risco iminente de descarrilamento, sendo necessário interdição do trecho", consideradas de alta criticidade. • Criticidade 1 - "condição da via que gere risco de descarrilamento, sendo necessário restringir a velocidade na Linha tronco para 20km/h e na Linha Pátio de manobra para 10km/h", consideradas de média criticidade. 26 • Criticidade 2 - "condição da via que gere necessidade de intervenção programada", consideradas de baixa criticidade. 2.8 CONFIABILIDADE E FALHA Conforme a NBR 5462 (1994), confiabilidade é a competência de um objeto executar uma responsabilidade sob condições únicas, durante um determinado espaço de tempo. Segundo Oliveira et al (2019), esta é uma característica essencial ao equipamento, sistema ou projeto, sendo definida como a probabilidade dos mesmos de atuar de modo satisfatório durante um estipulado intervalo de tempo. Ainda de acordo com Oliveira et al (2019) a falha de via permanente está relacionada a confiabilidade, em que um equipamento da linha férrea deixa de executar a função para o qual foi planejado, produzindo assim bloqueio e interdição da via para o tráfego ferroviário. Segundo a NBR 5462 (1994), falha é quando um equipamento não é mais capaz de desempenhar a função requerida e, geralmente após a falha, ocorre a pane do mesmo. De acordo com seus critérios, para que seja considerado falha devem seguir um conjunto de regras para determinar sua gravidade, como exemplo: crítica, não crítica, por uso incorreto, por manuseio, degradação, não relevante, de projeto, entre outras. 27 3 METODOLOGIA No segundo trimestre de 2019, ocorreu no trecho entre a Ferrovia de Morsing e a Ferrovia Santana de Barra, na linha principal (FMGFSBL1), a substituição completa dos dormentes de madeira (manutenção corretiva classe 3) em uma curva com extensão de 500 metros, afim de melhorar as características e diminuir anomalias presentes no local. O trabalho visa justificar de maneira simples e fácil a substituição completa dos dormentes e verificar os benefícios dessa manutenção do ponto de vista econômico e técnico. Figura 14: Curva do KM 100 Fonte: Elaborado pelo autor (2020) 3.1 MATERIAIS E MÉTODOS A pesquisa e coleta de dados para os comparativos e análises serão feitas através de relatórios do sistema da MRS, utilizando o software do Excel para montagem de gráficos e análises. Os comparativos abordados serão os números de solicitações de serviço, falhas e um comparativo geométrico do ativo através do relatório do Trackstar. 28 Os parâmetros geométricos serão analisados seguindo a Tabela 2, demonstrada na página 26, de Tolerâncias para os Defeitos Geométricos e de acordo com a Classe 3, onde o mesmo se enquadra. Tabela 3: Tolerâncias para os Defeitos Geométricos em destaque Fonte: Adaptado de PG-ENG-0031 VER.04.00 (2018) 29 4 DISCUSSÃO E RESULTADO 4.1 COMPARATIVO ANTES E DEPOIS DA MANUTENÇÃO Buscando demonstrar o ganho com a troca dos dormentes, foram elaborados gráficos comparativos com as solicitações e falhas, tendo como base os dados do sistema da empresa MRS, um ano antes e um após a troca. Já os parâmetros geométricos foram uma comparação usando os dados do Trackstar de uma inspeção antes e uma depois da manutenção completa do trecho. 4.1.1 Solicitações de Serviço As Solicitações de serviços são pedidos de manutenção abertos para garantir a confiabilidade e segurança da linha férrea. Os pedidos podem ser feitos pelos rondas, gerente e/ou coordenador, além daqueles feitos pelo Trackstar, Ultrassom, dentre outros aparelhos durante as inspeções. Os dados de solicitações de serviço foram emitidos pelo relatório abaixo: Tabela 4: Relatório de Solicitações de Serviço Fonte: MRS (2020) 30 No Gráfico 1, pode-se perceber um elevado número de solicitações, além de ampla variedade de ocorrências, totalizando 211 solicitações criadas. Gráfico 1: Solicitações de Serviço - Antes Fonte: Elaborado pelo autor (2020) Já no Gráfico 2 verifica-se uma queda de aproximadamente 66%, totalizando apenas 71 solicitações, além da diminuição da quantidade de variações, demonstrando que a troca dos dormentes forneceu maior segurança e confiabilidade. Gráfico 2: Solicitações de Serviço - Depois Fonte: Elaborado pelo autor (2020) 31 4.1.2 Falhas Como citado na fundamentação teórica, a confiabilidade do trecho está diretamente ligada à presença de falhas, pois quando não tratada corretamente pode gerar uma série de problemas e até mesmo acidentes. Os dados de falhas um ano antes, foram emitidos pelo relatório abaixo: Tabela 5: Relatório de Falhas - Um ano antes Fonte: MRS (2020) Os dados de falhas um ano depois, foram emitidos pelo relatório abaixo: Tabela 6: Relatório de Falhas - Um ano depois Fonte: MRS (2020) Conforme apresentado no Gráfico 3, pode-se verificar um total de quatro falhas e no Gráfico 4 apenas duas, ou seja, uma redução de 50%. Porém, destacam-se as falhas de drenagem insuficiente e defeito de Ultrassom protegido, sendo estas eliminadas com a troca dos dormentes e evitando assim problemas futuros. Já as outras falhas são decorrentes da quantidade de trens que percorrem a ferrovia. 32 Gráfico 3: Falhas - Antes Fonte: Elaborado pelo autor (2020) Gráfico 4: Falhas - Depois Fonte: Elaborado pelo autor (2020) 4.1.3 Geometria Abaixo segue a planilha utilizada como base para geometria que foi extraída do Trackstar 33 Tabela 7: Relatório do Trackstar Fonte: MRS (2020) • Alinhamento Os comparativos de geometria no Gráfico 5 foram extraídos de duas inspeções de Trackstar, sendo uma antes e outra logo após a manutenção. A linha amarela indica a primeira inspeção e a linha azul a segunda. No gráfico de alinhamento abaixo, pode-se perceber que não houve uma melhora significativa e isso pode ser explicado devido ao fato do mesmo não se encontrar fora dos parâmetros, além de se tratar de uma curva, o que torna essa variação normal. Tendo em vista as tolerâncias apresentadas na Tabela 2, a variação teria que ultrapassar 44 mm para ser considerada um desalinhamento e, no 34 entanto, o Gráfico 5 demonstra que a máxima presente na primeira inspeção foi de 16 mm e na segunda de 14 mm. Gráfico 5: Alinhamento Fonte: Elaborado pelo autor (2020) Os gráficos que demonstram as informações sobre a bitola do local, foram divididos em duas partes:• Bitola estática O Gráfico 6 apresenta a bitola estática: ao contrário da dinâmica, a estática é a medida da bitola sem uma carga sendo aplicada no local. No gráfico foram colocados três marcos: a medida padrão (1600), bitola fechada (1587) e bitola aberta (1632), sendo que os dois últimos são parâmetros que não podem ser atingidos, pois uma extensão grande deles ou até mesmo uma rápida variação de um para o outro podem ocasionar acidentes. Antes do serviço, boa parte da curva estava entre 1610 e 1620, tendo um ponto que se aproximava de 1632 e, após a atuação da equipe, grande parte dessa variação passou para 1600 a 1610. 35 Gráfico 6: Bitola Estática Fonte: Elaborado pelo autor (2020) • Bitola dinâmica O Gráfico 7 apresenta a bitola dinâmica: representa a medição da bitola com uma carga sendo aplicada nos trilhos. Mesmo não estando fora do parâmetro da Classe 3, que seria de 39 mm, é possível identificar que a maior parte da curva estava variando entre 1610 e 1620 e, após o trabalho no local, a variação passou a ficar entre 1600 e 1610. Gráfico 7: Bitola Dinâmica Fonte: Elaborado pelo autor (2020) 36 • Nivelamento É notável a melhoria no nivelamento longitudinal, como mostrado no Gráfico 8, do trecho onde a manutenção ocorreu. Anteriormente, existiam pontos em que a variação era alta (cerca de 35 mm) e que se aproximava do limite de 57mm, o que geralmente acontece quando há uma sequência grande de dormentes inservíveis (dormentes que não estão realizando suas funções com total confiabilidade e segurança, como: garantir a geometria, estabilidade do plano vertical e horizontal, entre outras). A troca de todos os dormentes no local diminuiu essa variação e atribuiu ao trecho maior segurança, além de garantir a confiabilidade do componente da superestrutura ferroviária. Gráfico 8: Nivelamento Longitudinal Fonte: Elaborado pelo autor (2020) • Superelevação Como o trajeto estudado é uma curva, a superelevação presente (chamada de nivelamento transversal em tangentes) é normal, sendo de suma importância para vencer a força centrífuga encontrada. No entanto, como demonstrado no Gráfico 9, mesmo não ultrapassando a superelevação máxima permitida (80 mm), o valor estava bastante elevado, o que pode ser confirmado pelo fato da curva não apresentar um raio de curvatura apertado, considerando-se que quanto menor o raio da curva, maior deverá ser a superelevação e vice-versa, além de apresentar algumas desconformidades. Como 99% das curvas da ferrovia são compostas, as mesmas devem possuir uma suavização antes e depois que é denominada transição, sendo possível observar seus efeitos no gráfico com um aumento no inicio, uma conformidade no meio e um declive no fim. 37 Gráfico 9: Superelevação Fonte: Elaborado pelo autor (2020) Os Gráficos de empeno e torção, 10 e 11, consecutivamente, estão diretamente ligados a melhoria na superelevação, pois com a troca dos dormentes, foi necessário arrumar o posicionamento dos trilhos. • Empeno Sua maior variação, na Classe 3, seria de 51 mm. Na primeira inspeção é possível verificar picos de empenos chegando na marca de 35 mm, o que após a troca diminuiu para 25 mm e no restante do percurso apresentou redução, mantendo-se uma variação constante, representado no Gráfico 10. Gráfico 10: Empeno Fonte: Elaborado pelo autor (2020) 38 • Torção Havia alguns picos elevados, porém um ponto específico se aproximava de 25 mm, perto do limite de 32 mm visto anteriormente na Classe 3 da Tabela 2. No entanto, apesar das medidas de torção não serem consideradas altas no geral, após a manutenção houve uma melhora considerável nesse ponto. Gráfico 11: Torção Fonte: Elaborado pelo autor (2020) 39 5 CONCLUSÃO Os comparativos apresentados pelo presente trabalho demonstram que a troca completa dos dormentes na curva da ferrovia assegurou os parâmetros geométricos necessários para circulação dos trens, suprindo assim a principal demanda, o que consequentemente diminuiu o número de falhas e a quantidade de solicitações de serviços. Isso comprova que a troca além de ser tecnicamente viável, atua reduzindo acidentes que causam transtornos. Economicamente, esses transtornos resultam em gastos excessivos pois demandam retrabalho, uso de mais material e deslocamento de funcionários, o que foi reduzido devido a qualidade do serviço apresentado. Contudo, concluiu-se que a manutenção dos dormentes da via permanente proporciona maior segurança e confiabilidade ao trajeto, agregando qualidade ao transporte ferroviário. 40 6 REFERÊNCIAS AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES (ANTT). Evolução do transporte ferroviário. Disponível em: <http://www.antt.gov.br/ferrovias/arquivos/Concessoes_Ferroviarias.html>. Acesso em: 19 abril. 2020. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5462: Confiabilidade e mantenabilidade: Terminologia. Rio de Janeiro, p. 07. 1994 BORGES NETO, Camilo. A ferrovia e sua inserção no moderno sistema de transportes do Brasil: A ferrovia no Brasil. In: BORGES NETO, Camilo. 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Estudo Da Confiabilidade Operacional Da Malha Ferroviária Na Região Dos Convertedores Da Arcelormittal Tubarão. Curitiba, 2019. PAULA, E. D. B. Conceitos de Manutenção - PUC Minas: Curso de Pós Graduação em Engenharia Ferroviária, 2001 PG-ENG-0031/04.00, Gestão de Inspeção e de Defeitos de Geometria e Bitola na Malha Ferroviária da MRS - Gerência Geral de Engenharia da Manutenção, 2018. SILVA, E. T. S. Análise da evolução dos defeitos da via permanente da MRS para planejamento de intervenções preditivas de manutenção. Monografia apresentada ao curso de especialização em Transporte Ferroviário de Carga do Instituto Militar de Engenharia. Rio de Janeiro, 2006.
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