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, CONCEITOS TÉCNICOS DE VIA PERMANENTE Operação Sul 2017 2 Sumário 1. BITOLA 4 2. VIA PERMANENTE 6 3. SUPERESTRUTURA DAS ESTRADAS DE FERRO 7 4. LASTRO 8 5. DORMENTES 19 6. TRILHOS 24 7. CONCEITOS DE TRILHO CURTO, TRILHO LONGO E TRILHO CONTÍNUO 51 8. ACESSÓRIOS DOS TRILHOS 65 10. GEOMETRIA DA VIA 75 TREINAMENTO DE INFRAESTRUTURA 89 1. CONCEITOS DE INFRAESTRUTURA FERROVIÁRIA 89 2. OBRAS DE TERRAPLENAGEM 99 3. ESTRUTURAS DE DRENAGEM 104 4. TÚNEIS 115 5. VIADUTOS E PONTES 117 6. MUROS DE CONTENÇÃO 128 7. PASSAGENS SUPERIORES E INFERIORES 129 TREINAMENTO DE AMV - PARELHO DE MUDANÇA DE VIA 131 1. INTRODUÇÃO 131 2. AMV - PARELHO DE MUDANÇA DE VIA 131 3. COMPOSIÇÃO BÁSICA DE UM AMV 132 4. CHAVE 133 5. ANÁLISE DAS RODAS E RODEIROS 134 6. FUNÇÃO E RECONHECIMENTO DOS COMPONENTES DO AMV 137 7. COTAS DE SALVAGUARDA NO AMV 138 8. GEOMETRIA DO AMV SIMPLES 141 9. MEDIDAS AMV BITOLA MÉTRICA 142 10. VELOCIDADE DE CIRCULAÇÃO EM AMV 143 11. ESQUADRO DAS AGULHAS 143 12. LIMITES DE DESGASTE DE AGULHA E TRILHO ENCOSTO 143 13. LIMITES DESGASTE DA AGULHA 144 14. LIMITES DESGASTE DO JACARÉ 145 3 VIA PERMANENTE A via permanente de uma ferrovia é composta pelos elementos representado no desenho acima e é formada por duas partes: a infraestrutura e a superestrutura. Numa primeira observação tendemos a constatar que este conjunto é perfeitamente estável e equilibrado, mas a aparente estabilidade da via permanente esconde uma imensidão de tensões e esforços que são provocados pelos mais diversos fatores que tendem a quebrar esta estabilidade. Deve o profissional de manutenção da via permanente saber e compreender como agem estes esforços e tensões bem como ter a noção exata das principais funções que cada elemento exerce para o equilíbrio da via. O objetivo principal desta etapa do programa é recapitular os principais conceitos técnicos da VP. O profissional da manutenção deve olhar e pensar a via permanente como um todo, conhecer a interdependência que cada elemento tem com o outro, a infra com a super. A superestrutura depende de uma base resistente para suportar as cargas que ela transmite, depende de uma drenagem que funcione, que afaste e conduza as águas para fora da plataforma, bueiros desentupidos, enfim, nossa intenção neste treinamento é debatermos esta inter-relação dos elementos da via permanente, as suas funções e o que devemos fazer manter o equilíbrio da via. 4 1. BITOLA Denomina-se “bitola” a distância entre as faces internas das duas filas de trilhos. Para medir a bitola, localizamos a linha de bitola. 1.1. Linha de Bitola A linha teórica na face interna do boleto paralela ao eixo do trilho, que se origina em um ponto situado a 16 mm de distância da parte superior do boleto do trilho. 5 Pela Conferência Internacional de Berna (Suíça), em 1907, ficou oficialmente adotada como “bitola internacional” a bitola de 1,435 m. Na atualidade é adotada pela maioria dos países, apesar de continuarem existindo outras bitolas. Não há justificativa de ordem técnica para adoção da bitola de 1,435 m. No Brasil existem várias bitolas: 1,60 m Bitola Larga 1,435 m Bitola Internacional (Universal) 1,00 m Bitola Métrica 0,76 m 0,60 m No Brasil, pelo Plano Nacional de Viação, a “bitola padrão” é a de 1,60 m chamada “bitola larga”, porém, é predominante a “bitola métrica” de 1,00 m também chamada de “bitola estreita”. Na RUMO usa-se “LARGA” e “MÉTRICA”. 1.2. Bitola das Linhas Férreas Bitola Teórica Em alinhamento reto e em curvas a bitola da linha será de: 1000 mm para a bitola métrica; 1600 mm para a bitola padrão. 6 1.3. Limites de Bitola ENG-ETS-E003/03.00 - LIMITES GEOMÉTRICOS DE SEGURANÇA DA SUPERESTRUTURA FERROVIÁRIA 2. VIA PERMANENTE Via Permanente é o conjunto das instalações e equipamentos que compõem as partes da via por onde circulam os trens. A via permanente é formada por duas partes: a superestrutura e a infraestrutura. 7 Superestrutura: É um conjunto de trilhos montados sobre dormentes, lastro e sublastro, em duas fileiras, separados por determinada distância (bitola). Infraestrutura: É composta pelo conjunto de obras de terraplanagem e de arte, construídas para suportar a superestrutura da Via Permanente. Cortes e aterros são obras de terraplanagem. Túneis, ponte, viadutos, etc., são obras de arte. 3. SUPERESTRUTURA DAS ESTRADAS DE FERRO Como vimos, a superestrutura é a parte superior da via. Sua função é permitir o rolamento suave e seguro dos trens. A superestrutura das estradas de ferro está sujeita a ação de desgaste das rodas dos veículos, dos esforços provocados pela passagem dos trens e do meio (intempéries). É constituída de modo a ser renovada, quando o seu desgaste atingir o limite de tolerância exigido pela segurança e conforto da circulação e ser mesmo substituída em seus principais elementos, quando assim o exigir a intensidade de tráfego ou o aumento de peso do material rodante (trens). Os três elementos principais da superestrutura são: Lastro Dormentes Trilhos Devemos incluir também como elemento da superestrutura o sublastro, embora nem sempre esteja presente. 8 Além dessas partes existem ainda os aparelhos de via. 4. LASTRO É o elemento da superestrutura, situado entre os dormentes e a plataforma (sublastro) e tem as seguintes funções: a) Distribuir convenientemente sobre a plataforma (sublastro) os esforços resultantes das cargas dos veículos, produzindo uma taxa de trabalho menor na plataforma; b) Formar um suporte, até certo limite elástico, atenuando as trepidações resultantes da passagem dos veículos; c) Sobrepondo-se a plataforma, suprimir suas irregularidades, formando uma superfície contínua e uniforme para os dormentes e trilhos; d) Impedir os deslocamentos dos dormentes, seja no sentido longitudinal, seja no transversal; 9 e) Facilitar a drenagem da superestrutura. Para bem desempenhar suas funções, o lastro deve ter as seguintes qualidades: a) Suficiente resistência aos esforços transmitidos pelos dormentes. b) Possuir elasticidade limitada para abrandar os choques. c) Ter dimensões que permitam sua interposição entre os dormentes e abaixo dos mesmos. d) Ser resistente aos agentes atmosféricos. e) Deve ser francamente permeável para uma boa drenagem. f) Não produzir pó: Pó é incômodo aos passageiros; Prejudicial ao material rodante. DESLOCAMENTO LONGITUDINAL DESLOCAMENTO TRANSVERSAL 10 4.1. Materiais para Lastro a) TERRA É o mais barato, mas também o pior. É freqüente a água saturá-la, provocando desnivelamento da linha b) AREIA É pouco compressível, mas é facilmente levada pela água. Inconveniente por produzir uma poeira de grãos muito duros (quartzo), que se introduzido entre as partes móveis dos veículos, produz o desgaste dos mesmos. c) CASCALHO É um bom tipo de lastro, quando quebrado forma arestas vivas. Pode-se usar como se encontram nas cascalheiras, mas deve ser lavado para separá-lo da terrae impurezas, quando aplicado em linhas de maior tráfego. d) ESCÓRIAS Algumas escórias de usinas siderúrgicas têm dureza e resistência suficiente para este uso. São utilizadas em linhas próximas das usinas. A RUMO não utiliza este material . e) PEDRA BRITADA É o melhor tipo de lastro. É resistente/inalterável aos agentes atmosféricos. É permeável, permitindo o perfeito nivelamento (socaria) do lastro. É limitadamente elástico e não produz poeira. A RUMO utiliza este tipo de lastro. Deve-se escolher a pedra britada de rochas duras. As principais rochas utilizadas para a britagem são: Basalto; Granito; Diabase; Gneiss. 11 4.2. Especificações São várias as especificações para lastro, tais como: Resistência à ruptura; Desgaste; Granulometria, etc. Veremos apenas a questão da granulometria porque terá muito a ver com nosso dia a dia. As especificações adotadas em nosso país seguem tanto quanto possível as especificações da AREA (American Railway Engineering Association). Granulometria - As pedras de lastro não devem ter grandes dimensões, pois nesse caso funcionariam como “cunhas” e o nivelamento seria pouco durável. Por outro lado, dimensões muito pequenas acarretariam uma rápida “colmatagem” do lastro, perdendo este a sua função drenante. As “especificações modernas determinam que as pedras de lastro tenham dimensões entre 3/4” e 2 1/2”( 2 - 6 cm ). 12 METRICA Dimensionamento do ombro do lastro. ENG-ETS-D005/01.00 - CONDIÇÕES MÍNIMAS DE LASTREAMENTO DA VIA PERMANENTE Dimensionamento da profundidade (altura) do lastro ENG-ETS-D005/01.00 - CONDIÇÕES MÍNIMAS DE LASTREAMENTO DA VIA PERMANENTE 13 OBSERVAÇÕES: 1) NÃO FOI DESCONTADO O VOLUME DOS DORMENTES (0,0704 m³/pc); 2) FOI ACRESECENTADO O VOLUME CORRESPONDENTE A INCLINAÇÃODA PLATAFORMA; 3) A DISTÂNCIA ENTRE LINHAS (EIXO A EIXO) DEVERÁ SER NO MÍNIMO 4.00m; 4) DORMENTAÇÃO RECOMENDADA: COMUM DE MADEIRA 0,16 x 0,22 x 2,00m; 5) 1.500 pçs PARA DESVIO (0,67m); 6) 1.750 pçs PARA LINHA PRINCIPAL (0,57m); 7) PERFIL RECOMENDADO PARA. * DESVIO ** LINHA PRINCIPAL *** LINHA PRINCIPAL (SEVERA) **** LINHA PRINCIPAL COM TLS – PERFIL CHEIO PARA TANGENTE E RAIO > 1.200 m ***** LINHA PRINCIPAL COM TLS – PERFIL REFORÇADO PARA RAIO 1.200 m 4.3. Altura do Lastro sob os Dormentes O cálculo da altura do lastro sob os dormentes requer a aplicação de dois conceitos: Como se distribuem no lastro as pressões transmitidas pelos dormentes; Qual a pressão admissível ou taxa de trabalho do solo (sublastro). 4.3.1. Distribuição da Pressão sob os Dormentes – Curvas de “TALBOT” Talbot desenvolveu um diagrama de distribuição de pressões no lastro, na forma de “bulbos” isobáricos (Ver Fig. 9 – Curvas de Talbot). Assim, chamando-se de “𝑝0”, a pressão média na face inferior dos dormentes em contato com o lastro, as curvas fornecem os valores esperados (𝑝), nas diversas profundidades, em porcentagens de “𝑝0”: 𝒌% = 𝒑 𝒑𝟎 𝒙 𝟏𝟎𝟎, onde: 𝑝 – pressão em um ponto qualquer, do perfil; 𝑝0 – pressão na face inferior do dormente. No gráfico da Fig. 9, as pressões distribuem-se, uniformemente, sendo que as pressões no centro são superiores às pressões nas extremidades dos dormentes (em três dimensões). 14 A curva de variação das pressões máximas no lastro (abaixo do centro dos dormentes), em função da altura do lastro, é dada por: 𝒑𝒉 = 𝟏𝟔,𝟖 𝒉.𝟏,𝟐𝟓 𝒙 𝒑𝟎, onde: 𝑝ℎ– pressão na profundidade “h”; 𝑝0– pressão na face inferior do dormente; ℎ – altura do lastro, em polegadas. Em unidades métricas, teríamos: 𝒑𝒉 = [ 𝟏𝟔, 𝟖 𝒉𝒄𝒎 𝟐, 𝟓𝟒 . 𝟏, 𝟐𝟓 ] 𝒙 𝒑𝟎 = [ 𝟏𝟔, 𝟖. 𝟐, 𝟓𝟒 (𝒉𝒄𝒎). 𝟏, 𝟐𝟓 ] 𝒙 𝒑𝟎 𝒑𝒉 = 𝟒𝟐,𝟔𝟕 𝒉.𝟏,𝟐𝟓 × 𝒑𝟎 (1), onde: ℎ: em cm; 𝑝0 e 𝑝ℎ: em kgf/cm². Determinação da pressão (𝑝0), na base do dormente: 𝒑𝟎 = 𝑷 (𝒃.𝒄) , onde: 𝑃 = carga a ser considerada sobre o dormente; 𝑏 = largura do dormente; 𝑐 = distância de apoio, no sentido longitudinal do dormente. 15 Apoio longitudinal, do dormente (Fonte: Brina) Observação: estes valores de “c” são adotados, em função do procedimento de “socaria”, (compactação do lastro, sob o dormente) que é executado com maior intensidade, sob os trilhos. Em virtude da distribuição de carga para os dormentes vizinhos, por causa da rigidez dos trilhos e da deformação elástica da linha, o peso “P”, deverá ser considerado, como segue: 𝑷 = 𝑷𝒄 = ( 𝑷𝒓 𝒏 ) × 𝑪𝒅 , onde: 𝑃𝑟 = peso da roda mais pesada, 𝑃 𝑒𝑖𝑥𝑜 2 ; 𝑛 = coeficiente adimensional. (𝑛 = 𝑑 𝑎 = distância entre eixos, do veículo / distância entre os centros, dos dormentes); 𝐶𝑑= 1,4 (valor recomendado). 4.3.2. Pressão Admissível 𝑃ℎ ≤ ƥ sendo: 𝑃ℎ = Pressão à profundidade ℎ ƥ = Pressão admissível da plataforma ou sub-lastro O valor de “𝑃ℎ” deve ser compatível com a capacidade de suporte da plataforma (sub- lastro): Assim sendo, a altura do lastro pode ser obtida de duas formas: 16 a) a partir da expressão (1): 𝒉 = [ 𝟒𝟐, 𝟔𝟕 𝒑. 𝒉 . 𝒑𝟎] . 𝟏 𝟏, 𝟐𝟓 b) Pelo Diagrama de Talbot, que fornece os valores de “ℎ”, em função de 𝒌% = 𝒑 𝒑𝟎 × 𝟏𝟎𝟎 Figura 9 - Diagrama de Talbot (Fonte: Brina) Determinação do Valor da Pressão Admissível, na plataforma (ƥ): O valor poderá ser obtido, por uma das seguintes maneiras: - Provas de carga, “in-situ”; - Teorias da Mecânica dos Solos: - Procedimento prático. Por estes métodos, obtemos um valor de “𝑝𝑟“, com o qual se calcula “ƥ “: ƥ = ( 𝒑𝒓 𝒏 ), onde: 𝑝𝑟 = pressão de ruptura do solo; 𝑛 = coeficiente de segurança, (variando entre 2 e 3). 17 Na falta de dados mais precisos sobre “ƥ” pode ser adotado o seguinte procedimento empírico, perfeitamente satisfatório, para fins práticos: Sendo conhecido o valor do CBR (utilizado na construção do sub-lastro): 𝑪𝑩𝑹 = ( 𝒑 𝟕𝟎 ) × 𝟏𝟎𝟎, logo: 𝒑 = ( 𝟕𝟎 × 𝑪𝑩𝑹 𝟏𝟎𝟎 ) Adota-se, então: 𝒑𝒓 = 𝒑 𝑵 , onde: 5 ≤ 𝑁 ≤ 6 Exemplo de Dimensionamento Dimensionar a altura do lastro, quando: - peso por eixo: 20 t; - dimensões do dormente: 2,0 x 0,20 x 0,16 (m); - coeficiente de impacto: 1,4; - faixa de socaria: 70 cm; - distância entre eixos, da locomotiva: 2,2 m; - taxa de dormentação: 1.750 pç/km; - CBR do sub-lastro: 20%. Solução: a) a = 1000 / 1750 = 0,57 m b) n = d / a = 2,20 / 0,57 = 3,86 c) Pc = (Pr / n) x Cd = (10.000 kg / 3,86) x 1,4 = 3.627 kgf d) po = Pc / (b x c) = 3.627 / (20 x 70) = 2,591 kgf/cm² 18 e) p = (CBR x 70) / 100 = (20 x 70) / 100 = 14 kgf/cm² f) ƥ = p / N = 14 / 5,5 = 2,55 kgf/cm2 g) ƥ = (42,67 / h1,25) x po ; 2,55 = (42,67 / h1,25) x 2,591 h = [(42,67 / 2,55) x 2,591] (1 / 1,25) = 24,5 cm = 25 cm h = 25 cm Fig. 10 – Gráfico para determinação de “h”, em função de “k%” (Fonte: Brina) - Graficamente: 𝒌% = 𝒑 𝒑𝟎 × 𝟏𝟎𝟎 = 𝟐, 𝟓𝟓 𝟐, 𝟓𝟗𝟏 × 𝟏𝟎𝟎 = 𝟗𝟖, 𝟒𝟐% 19 - entrando no gráfico da Fig.10, pela coluna da esquerda até a curva e descendo até a linha inferior, onde obtemos o valor: 𝒉 = 250 mm = 25 cm 5. DORMENTES O dormente é o elemento da superestrutura ferroviária que tem por função receber e transmitir ao lastro os esforços produzidos pelas cargas dos veículos, servindo de suporte dos trilhos, permitindo a sua fixação e mantendo invariável a distância entre eles (bitola). Para cumprir essa finalidade será necessário: a) As dimensões no comprimento e largura forneçam uma superfície de apoio suficiente para que a taxa de trabalho no lastro não ultrapasse certo limite; b) Sua espessura lhe dê necessária rigidez – permitindo, entretanto, alguma elasticidade; c) Que tenha suficiente resistência aos esforços; d) Que permita, com relativa facilidade, o nivelamento do lastro (socaria) na sua base P TRILHO DORMENTE LASTRO P 20 e) Que tenha durabilidade; f) Que se oponha eficazmente aos deslocamentos longitudinais e transversais da Via; g) Que permita uma boa fixação do trilho, isto é, uma fixação firme, sem ser excessivamente rígida. 5.1 TIPOS DE DORMENTES Quanto ao material de que é feito, os dormentes mais usados atualmente são de três tipos: Madeira Aço Concreto 5.1.1. DORMENTES DE MADEIRA A madeira reúne quase todas as qualidades exigidas para o dormente. Continua a ser, até o presente, o principal tipo de dormente. Estuda-se há alguns anos outros materiais para substituir este tipo de dormente, devido a alguns fatores como: Escassez e reflorestamentos deficientes Normas ambientais Madeiras de boa qualidade, utilizadas para fins mais nobres Preços mais elevados A RUMO adota o eucalipto como principal essência de madeira para os dormentes utilizados na manutenção da via. 5.1.1.1. ESPECIFICAÇÕES PARA OS DORMENTES DE MADEIRA As estradas de ferro estabelecem especificações a serem observadas nas aquisições de dormentes, fixando as qualidades da madeira, dimensões, tolerância, etc. A respeito disto, existem normas da ABNT. Quanto às dimensões, as “normas” estabelecem: 21 a) Para bitola de 1,60 m: b) Para bitola de 1,00 m: Os dormentes para emprego nas pontes e nos aparelhos de mudança de Via são em dimensões especiais e por isso são chamados de Dormentes Especiais. 5.1.1.2. DURABILIDADE DOS DORMENTES DE MADEIRA Além da qualidade da madeira, outros fatores tem influência na durabilidade, tais como: Clima; Drenagem da Via; Peso e velocidade dos trens; Época do ano em que a madeira foi cortada; Grau de secagem; Tipo de fixação do trilho; Tipo de lastro; Tipo de placa de apoio do trilho no dormente etc. Ainda com respeito à DURABILIDADE, deve-se distinguir: “Resistência ao apodrecimento”; “Resistência ao desgaste mecânico”. A vida útil do dormente de madeira é em função da resistência ao apodrecimento e ao desgaste mecânico. O ponto mais vulnerável do dormente é o local de fixação do trilho. b 2,8 X 0,24 X 0,17m c h b 2 X 0,24 X 0,17m c h 22 A escolha do dormente de madeira está, portanto, condicionada a estes fatores: a) Pela sua resistência à destruição mecânica - pela dureza e coesão da madeira; b) Pela sua resistência ao apodrecimento (ação de fungos); c) Pela maior ou menor facilidade de obtenção; d) Por razões de ordem econômica. 5.1.1.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS umidade - retratibilidade e peso específico. 5.1.1.4 CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS Compressão, flexão, tração, fendilhamento, dureza e cisalhamento da madeira. 5.2. DORMENTES - VANTAGENS E DESVANTAGENS 5.2.1. VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS DORMENTES DE MADEIRA VANTAGENS: menor custo inicial; resistem grandes cargas por eixo; flexibilidade; rolamento suave; elasticidade; fácil manuseio; bom isolamento elétrico; permite uso nas juntas; aceita T.L.S. ou T.C.S.; absorvem melhor os descarrilamentos; permite uso de bitola mista; aceitam reemprego em outras linhas e bitolas inferiores; uso de todo tipo de fixação; possibilidade de mudança de perfil do trilho sem perda do dormente. 23 DESVANTAGENS: necessidade de tratamento; possibilidade de queima; necessitam grandes imobilizações de área e capital para secagem e tratamento; necessidade de reflorestamento constante; perda da resistência ao deslocamento das fixações rígidas (correção de bitola); necessidade de transporte a longa distância; maior interferência com manutenção de linha; vida útil decrescente; crescente escassez de matéria prima. 5.2.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS DORMENTES DE CONCRETO MONOBLOCO VANTAGENS: previsão de vida útil elevada; grande estabilidade da Via; invulnerável a fungos e fogo; possibilidade de fabricação próxima ao local de emprego; possibilidade ilimitada de produção; manutenção rígida da bitola; facilidade de inspeção e controle; menor taxa de aplicação por Km; admite várias opções de fixação elástica. DESVANTAGENS: custo do investimento inicial; dificuldade de manuseio; maior probabilidade de quebra nos descarrilamentos; falta de comprovação da vida útil; exige maior cuidado com lastro para evitar apoio na parte central; exigência de socaria com maior cuidado; exige boa infraestrutura; não permite aproveitamento em condições acima do projetado; necessita de maior volume de lastro. 24 6. TRILHOS O trilho é o elemento da superestrutura que constitui o apoio e é ao mesmo tempo a superfície de rolamento para as rodas dos veículos ferroviários e que também as guiam. Considerado o elemento nobre da superestrutura, vem sofrendo uma evolução permanente desde os primórdios das estradas de ferro até os dias atuais com o grande desenvolvimento da tecnologia do aço. A forma e o comprimento evoluíram gradativamente até atingirem os perfis modernos de grande seção e também permitir as pesadas cargas por eixo dos trens modernos. Desde o início da era comercial das estradas de ferro, pensou-se em dar ao trilho a forma de duplo T, a mais econômica para as peças sujeitas a flexão. Tendo em vista o grande desgaste a que está sujeito, deu-se as duas mesas uma espessura considerável, para permitir o seu uso mesmo depois de apreciável desgaste. Esses estudos levaram Robert Stephenson em 1838 a criar o trilho de duas cabeças. Devido, sobretudo, as dificuldades de fixação desse trilho ao dormente, este foi abandonado e substituído pelo tipo idealizado pelo Engenheiro inglês Vignole, passando a ser denominado tipo VIGNOLE. O trilho tipo VIGNOLE é composto de 3 partes: Boleto Alma Patim 25 Partes do trilho do tipo VIGNOLE: Existem vários tipos de trilhos. Citamos como exemplo o trilho de fenda, usado nas linhas de bondes, cuja forma tem a finalidade de permitir ao calçamento das ruas encostarem-se aos trilhos, sem danificar o pavimento. Os frisos das rodas correm no canal existente no trilho (boleto). TRILHO DE FENDA Na RUMO, encontramos somente o trilho VIGNOLE. 6.1. COMPOSIÇÃO DO AÇO PARA FABRICAÇÃO DE TRILHOS Para exercer a sua função é necessário que o trilho tenha dureza, tenacidade, elasticidade e resistênciaà flexão. Entre todos os materiais, é o aço o que oferece as melhores vantagens para o emprego na fabricação dos trilhos. 26 Os principais componentes do aço são: a) FERRO b) CARBONO c) MANGANÊS d) SILÍCIO e) FÓSFORO f) ENXOFRE O elemento básico do aço é o FERRO com valores em torno de 98% da composição do trilho, dando-lhe suas principais qualidades. Os demais elementos combinados entre si irão influenciar nas características fundamentais do aço, tais como: dureza, elasticidade e outras. A maioria dos trilhos fabricados em todo o mundo é de aço-carbono, apesar de serem fabricados em vários países trilhos especiais de “aço-liga”. 6.2. FABRICAÇÃO DOS TRILHOS Os trilhos são laminados a quente, a partir dos blocos provenientes dos lingotes. A seção do trilho é obtida pela passagem sucessiva do bloco aquecido, numa série de cilindros de laminação (9 passos). C S N – Brasil. São projetadas de tal modo, que a forma retangular do bloco é gradualmente desenvolvida na seção do trilho. Esta operação requer precisão de desenho dos diversos contornos dos cilindros e uma supervisão constante na fase de laminação, para obter a seção desejada. Geralmente são fabricados nos comprimentos padrão de 12, 18 ou 24 m. Os trilhos tipo Vignole podem ter vários tamanhos, uns mais altos, outros mais baixos. Assim, o peso de um metro ( 1m ) de trilho também pode variar. Observe um trilho mais baixo e um trilho mais alto: De acordo com o peso por metro de trilho há vários tipos de trilho Vignole. 27 Os tipos mais comuns são 32, 37, 45, 50, 57, 60 e 68. Assim, para o trilho tipo 57, cada metro desse trilho pesa 57 kg. O tipo de trilho também é denominado TR ( exemplo: TR-37 ). 6.3. IDENTIFICAÇÃO DOS TRILHOS Na maioria das instituições normatizadoras, nacionais e internacionais, a identificação é feita por marcas estampadas em relevo de um lado do trilho e do outro uma inscrição estampada a quente. Os itens de identificação também são praticamente os mesmos. Vamos tomar como exemplo a identificação por estampagem segundo padrão ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Os trilhos que seguem o padrão ABNT são identificados por marcas estampadas na alma, da seguinte forma: Marcas Estampadas em Relevo - em um dos lados da alma do trilho, na seguinte ordem: Onde: i. - marca do fabricante (iniciais da usina siderúrgica); ii. - país de origem (código ISO 3166 / 74); iii. - método de redução do teor de hidrogênio (processo de resfriamento); iv. - processo de fabricação; v. - tipo (classe) de trilho (de acordo com a CB-23); vi. - ano de fabricação (os dois últimos algarismos); vii. - mês de fabricação. Exemplo (i) (ii) (iii) (iv) (v) (vi) (vii) 28 Identificação: Trilho fabricado pela CSN, no Brasil, com resfriamento controlado, pelo processo LD, do tipo TR-57, em 1979, em abril. As marcas (iv) e (v) são facultativas, sendo procedidas mediante acordo entre produtor e comprador. Onde: i. - número da corrida; ii. - posição do trilho no lingote; iii. - número do lingote na ordem de lingotamento; iv. - sentido de laminação; v. - qualidade do aço (de acordo com a CB-23). A marca do processo de fabricação é dispensada sempre que a numeração da corrida permita identificá-lo. Exemplo: Identificação: Trilho da corrida 950238, posição do lingote B, lingote n° 12, com sentido de laminação do trilho, aço de qualidade de carbono comum. 6.4. TRILHOS ESPECIAIS As altas tonelagens por eixo passaram a exigir dos trilhos maior resistência ao desgaste, fator que onera em muito as ferrovias. (i) (ii) (iii) (iv)¹ (v)¹ 29 Pode-se lançar mão de dois meios para aumentar a vida útil dos trilhos, no que se refere, sobretudo, ao desgaste, aumentando a dureza dos mesmos: a) O tratamento térmico dos trilhos Tratamento térmico por imersão - todo trilho Tratamento térmico por chama - só o boleto Tratamento térmico por indução - energia elétrica boleto b) Utilizando-se aços especiais (aços-liga) No Brasil, a CSN fabricou trilho de aço-liga com excelentes resultados à base de nióbio, manganês e silício, chamado trilho NIOBRÁS. 6.5. A SEÇÃO TRANSVERSAL DOS TRILHOS Os perfis do boleto do trilho e do aro da roda foram estudados de modo a realizar as melhores condições de rolamento e assegurar, da melhor maneira a função do friso de “guiar” a roda. O trilho é colocado, inclinado de 1:20 sobre a vertical e oferece uma superfície de rolamento levemente “boleada”, reduzindo o desgaste do trilho e do aro. O ângulo do friso da roda é geralmente 60º, pois, constata-se que se > 60º há mais facilidade da roda subir nas juntas, se houver discordância de alinhamento das pontas dos trilhos e se < 60º, facilita-se a subida nos trilhos provocando o descarrilamento. 30 6.6. RELAÇÕES ENTRE AS DIMENSÕES DA SEÇÃO TRANSVERSAL Conforme já foi visto anteriormente procurou-se dar ao trilho a forma de duplo T, por ser a mais conveniente, em vista do trabalho que o mesmo desempenha na Via. Entretanto, para torná-lo mais apto a resistir a esse trabalho de modo econômico, deve-se estudar a sua seção de modo a se ter a melhor distribuição da massa entre suas três partes: boleto, alma e patim. O boleto do trilho está sujeito a desgaste lateral e vertical. Sua largura C e sua altura E são estabelecidas para atender do melhor modo ao trabalho a que está sujeita aquela parte do trilho. O desgaste lateral é mais acentuado nas curvas. A altura do boleto deve ser superior ao exigido pelas condições de segurança, a fim de atender ao desgaste, que pode atingir até 12 mm em vias principais e 15 mm em vias secundárias.(Ver tabela “W” , modo de desgaste) A largura do boleto deve guardar com sua altura uma relação tal que o desgaste lateral não obrigue a substituição do trilho antes que o mesmo tenha atingido o limite de desgaste vertical. A relação 𝐶 𝐸 é de aproximadamente 1,6 e 1,8. 31 A altura h dever ser estudada, de modo que o trilho possa suportar elasticamente as cargas, mesmo depois de desaparecer a parte do boleto que se desgastou. A relação entre a altura h e a largura do patim L também é importante porque o trilho está sujeito a um esforço vertical P e a um esforço lateral𝐹𝑡, e este último provoca um momento de reviramento do trilho: 𝑭𝒕. 𝒉 que é combatido além do momento resistente devido a fixação do trilho pelo momento: 𝑷. 𝑳 𝟐 (tomando-se os momentos em relação a extremidade do patim). Para haver o equilíbrio de esforços, igualamos as duas expressões: 𝑭𝒕. 𝐡 = 𝐏. 𝑳 𝟐 Onde se conclui que a relação ideal ℎ 𝐿 , está entre 1 e 1,1. Verificamos que as maiorias dos perfis em uso se enquadram nessa condição. 32 6.7. Esforços Atuantes no Perfil O perfil do trilho estará submetido a dois esforços principais: 𝑃 – peso da roda; 𝐹𝑡 - esforço lateral. Estes esforços causam momentos, na seção: 𝑴𝒕 = 𝑭𝒕 × 𝒉 (que causa o tombamento – reviramento - do trilho na direção do esforço e é combatido pela fixação e resistido, internamente, pela ligação entre alma e patim e equilibrado pelo 𝑀𝑃); 𝑴𝑷 = 𝑷 × 𝑳 𝟐 (que atua, favoravelmente, à estabilidade do trilho). 6.7.1. Momento de Inércia e Coeficiente de Utilidade O momentode inércia das seções dos trilhos é fornecido nos catálogos dos fabricantes, além de aparecer na maioria dos livros de Resistência dos Materiais. Coeficiente de Utilidade (𝐶) é um índice que permite comparar dois perfis diferentes, em relação a uma dada aplicação. O que apresentar o maior valor para “𝐶”, será o mais econômico. 𝑪 = 𝑾 𝑷 Onde: 𝑊 – módulo resistente; 𝑃 – peso do trilho, em kgf/m. 6.8. DEFEITOS DOS TRILHOS Assunto de grande importância na operação ferroviária, por afetarem não só sua segurança, como sua economia. SEGURANÇA - uma fratura de trilho pode acarretar acidentes de grandes proporções, sobretudo em trens de passageiros. ECONOMIA - desgaste e avarias prematuras marcam pesadamente os custos de manutenção. 33 Conhecer bem esses defeitos, a fim de evitá-los ou às suas conseqüências é de fundamental importância. Estes podem ser de dois tipos: Defeitos de Fabricação Defeitos Originados em Serviço 6.8.1 Defeitos de Fabricação Vazio (Bolsa de Contratação) É um defeito grave, porque durante a laminação as paredes do vazio não se soldam, ficando uma trinca ou fenda, diminuindo a resistência da peça. É de difícil identificação a olho nu. Segregações Consiste na localização de impurezas. Predominam os compostos de fósforo e enxofre. Podendo ser causa de fissuras ou fendas. A identificação pode ser a “olho nu” ou através de macrografias. Inclusões Inclusões não metálicas, provenientes da escória do forno, do revestimento da soleira e do revestimento da panela. Particularmente perigosa por ser de difícil descoberta. Fontes potenciais de enfraquecimento do trilho pela sua presença quebram a homogeneidade do metal. Existem também as inclusões gasosas, devidas aos gases que ficam na massa do lingote. 34 Fissuras Transversais São pequenas cavidades formadas no final da laminação que podem dar origem, posteriormente, quando o trilho estiver sob carga, a uma fratura. Quando a fissura está ao nível do boleto, dando um escamação ou mesmo ruptura em forma de concha, os americanos chamam-na de Shelling. Defeitos de Laminação São perceptíveis à simples vista, no fim da laminação e não tem a princípio influência na segurança. Consistem freqüentemente em ondulações, rebarbas, pregas, etc. Tendo em vista o grande perigo que esses defeitos oferecem ao tráfego de trens, foram pesquisados processos para detectar defeitos internos nos trilhos, após sua fabricação. Um dos processos mais utilizados pelos fabricantes atualmente é a ultra-sonografia (ultra- som). 6.8.2 Avarias Originadas em Serviço Deformação das Pontas Devido aos choques e flexões nas juntas. desnivelamento dos dormentes deformação permanente das pontas dos trilhos, que ficam mais baixas. Regime elástico para o plástico. Autotêmpera Superficial É um fenômeno provocado pela patinação das rodas das locomotivas, e às vezes pelo efeito de fricção energética provocada pela frenagem. Desgaste da Alma e do Patim por Ação Química Determinadas mercadorias transportadas pela estrada de ferro podem provocar por ataque químico, o desgaste do aço: Enxofre; Sal; 35 Salitre; Carvão; etc. Nas proximidades do mar, a “maresia”. Nos túneis úmidos, também se observa o ataque dos trilhos por oxidação. Desgaste dos Trilhos por Atrito Dá-se principalmente nas curvas, acentuando-se nas de pequeno raio devido ao atrito dos frisos das rodas. Desgaste Ondulatório O trilho adquire ondulações de frações de milímetro, atingindo até alguns milímetros. Fraturas dos Trilhos Estas são originadas normalmente por defeitos internos, já mencionados, principalmente as fissuras, mas podem originar-se também em virtude de envelhecimento do trilho por “fadiga” do metal. 6.8.3. Tipos de Defeitos de Trilho – Ultrassom Os defeitos nos trilhos terão sua classificação conforme seu nome original em inglês; para facilitar a consulta em “papers” e literatura internacional, bem como evitar divergências e erros de interpretação na identificação e estudo dos mesmos. Utilizar como referencia a especificação técnica – serviço: ENG-ETS-T008/01.00 - INSPEÇÃO EM TRILHOS POR ULTRASSOM VSH - VERTICAL SPLIT HEAD VSH (também utilizado para os antigos VSJ) - VERTICAL SPLIT HEAD (Trinca vertical no boleto): É uma fratura no plano vertical, se desenvolve de modo progressivo e longitudinalmente ao centro do boleto. Podendo atingir acima de 2m ao longo do comprimento do trilho. O seu crescimento é rápido até que a trinca aflore em algum ponto da extensão do trilho já trincado. 36 Trinca vertical no boleto ou VSH. HSH - HORIZONTAL SPLIT HEAD HSH (também utilizado para as antigas HSJ) - HORIZONTAL SPLIT HEAD é uma fratura no plano horizontal que se desenvolve de modo progressivo, longitudinalmente e paralela ao topo do boleto, distanciando da superfície de rolamento no mínimo 1/3 da altura do boleto. Pode atingir acima de 20 cm ao longo do trilho. O seu crescimento é rápido ao longo do seu comprimento, podendo mudar sua orientação para o plano transversal. Trinca horizontal no boleto ou HSH 37 EBF - ENGINE BURN FRACTURE EBF - ENGINE BURN FRACTURE (Trinca de patinação de roda) é uma fratura no plano transversal, provocada pela patinação de roda, que se desenvolve logo abaixo da marca de patinação, se encaminha em direção a alma do trilho de modo rápido e no sentido da parte externa do boleto. Trinca de patinação de roda ou EBF HWS - HEAD & WEB SEPARATION HWS (antigos HWO, HWJ, SWO e SWJ) - HEAD & WEB SEPARATION (Separação boleto alma), é uma fratura no filamento boleto / alma que se desenvolve inicialmente no plano horizontal de modo progressivo, podendo atingir até 25 cm de extensão e então se encaminha rapidamente para baixo em direção ao patim. Trinca HWS. 38 HSW – HORIZONTAL SPLIT WEB HSW (antigo TDC) – HORIZONTAL SPLIT WEB (Trinca na alma) é uma fratura no plano horizontal que se desenvolve de modo progressivo, rápido e longitudinalmente, no meio da alma irradiando para todas as direções do trilho. Trinca HSW ou horizontal split web. TD - TRANSVERSE DEFECT TD (antigos TTF, TDFS, TDFC, PRO, PRJ e TDW) - TRANSVERSE DEFECT (Trinca Transversal) é uma fratura no plano transversal, de modo progressivo, se desenvolve somente na seção transversal do trilho. Inicia-se a partir de um ponto, núcleo ou imperfeição do boleto. Desenvolve-se de forma circular, exibindo anéis de crescimento, até atingir substancial porção do boleto. Seu crescimento inicial é relativamente lento até atingir 20% a 25% do boleto, e muito rápido a partir deste estágio. Fratura TD ou fratura transversal. 39 TDX – TRANSVERSE DEFECT TDX (antigo TTF) – TRANSVERSE DEFECT (Trincas Transversais Múltiplas) são trincas no plano transversal, de modo progressivo, se desenvolvem somente na seção transversal do trilho. Sendo consideradas múltiplas quando estiverem dentro de uma mesma barra de 12 ou 24m. Trincas TDX ou trincas transversais múltiplas BHC – BOLD HOLE CRACK BHC (antiga BHO e BHJ) – BOLD HOLE CRACK (Trinca nos furos) são trincas que ocorrem no plano longitudinal que se iniciam nos furos e sua propagaçãotende a ocorrer diagonalmente para o boleto, patim ou em direção ao outro furo. Trinca BHC ou trinca nos furos. 40 DWP ou DWPCO - DEFECTIVE WELD PLANT DWP ou DWPCO - DEFECTIVE WELD PLANT (Trinca em solda elétrica) é uma trinca que se desenvolve no plano transversal ou longitudinal, a partir de algum defeito interno da solda de estaleiro (Inclusão, incrustação e ou colapso de material). Fratura DWP ou fratura em solda elétrica. DWF ou DWFCO - DEFECTIVE WELD FIELD DWF ou DWFCO (também utilizado para antigos DWJ) - DEFECTIVE WELD FIELD (Trinca em solda aluminotérmica) é uma trinca que se desenvolve no plano transversal ou longitudinal, a partir de algum defeito interno da solda de campo (Inclusão, incrustação e ou colapso de material). Trinca DWF ou trinca em solda aluminotérmica. 41 WFS – WEB & FOOT SEPARATION WFS (antigo PBO e PBJ) – WEB & FOOT SEPARATION (Separação alma patim) é uma fratura no filamento alma / patim que se desenvolve no plano horizontal de modo progressivo, podendo atingir até 25 cm de extensão e então se encaminha rapidamente para cima em direção a alma. Predominantemente existe quebra do patim. Fratura WFS ou fratura de separação alma e patim. TDF – TRANSVERSE DEFECT ON FOOT TDF – TRANSVERSE DEFECT ON FOOT (Trinca transversal no patim) é uma trinca no patim do trilho que se desenvolve no plano transversal, apresenta uma pequena mancha escura no local da origem da descontinuidade, geralmente após atingirem dimensões próximas de 10 mm a propagação da trinca ocorre de forma praticamente instantânea. É uma trinca com grande dificuldade de identificação por inspeção de ultrassom. Fratura TDF ou fratura por trinca transversal no patim. 42 6.9. DURABILIDADE DOS TRILHOS - LIMITES DE USO O aumento da velocidade e das cargas altera a dinâmica do contato e, com isso, os defeitos têm aumentado muito nas últimas décadas, e os desgastes evoluíram rapidamente, tornando-se uma preocupação para os engenheiros ferroviários. Com a maior incidência desses defeitos e com o rápido desgaste da via, aumentam os cuidados com a manutenção requerida pelo sistema. Assim, o desgaste dos trilhos, quando atinge determinado limite, passa a exigir a substituição dos mesmos. Devido ao alto custo do material e da manutenção envolvidos na operação, a engenharia ferroviária busca meios de atenuar estes problemas sem afetar o desenvolvimento do sistema. Uma questão que sempre preocupa os técnicos ferroviários é a referência ao limite de uso dos trilhos, isto é, saber até que limite pode ser permitido o desgaste dos trilhos, sem afetar a segurança dos trens. É um assunto de grande importância, pois vem afetar muito de perto a economia da exploração ferroviária, tendo em vista o custo desse material, somando ao custo de sua substituição. Várias indicações têm sido adotadas, para se fixar esse limite. Algumas estradas de ferro admitem o limite de 12 mm de desgaste vertical do boleto para linhas principais e 15 a 20 mm para linhas secundárias. Para o desgaste lateral do boleto admitem que o ângulo de desgaste possa atingir de 32º a 34º. O ângulo é medido a partir da extremidade de A do boleto. A perda de peso admitida é de 10% para trilhos até 45 kg/m e 15 a 20% para trilhos mais pesados. De modo geral, é aceita como limite de desgaste uma perda de 25% da área do boleto. A RUMO também tem um critério para uso dos trilhos, sobretudo no que diz respeito aos trilhos assentados na linha principal. Para cada perfil de trilho há uma tabela correspondente quanto aos limites de desgaste (ver tabela para substituição / inversão de trilhos ). 6.9.1 Medição do Desgaste do Trilho Gabarito medidor de desgaste, prancheta para anotações, formulários de prospecção de trilho e Limites de reemprego, coerentes para o trecho prospectado, escova de aço e espátula. a) Escolher os pontos críticos de desgaste das curvas e em casos especiais, em tangentes também, principalmente onde se realizou serviços de reta x curva. Se visualmente for difícil definir estes pontos, realizar várias medidas em pontos diferentes e anotar o maior desgaste. Não medir em defeito localizado, patinado, por exemplo. Se for necessária a substituição anotar a quantidade no campo Ondulado/Patinado. 43 b) Posicionar o medidor na posição correta, tomando o cuidado de limpar o patim com a escova ou espátula se houver muita sujeira, encostando de maneira firme o medidor sobre o patim sempre do lado em que se fizer a medida. c) Segurando firmemente o medidor contra o trilho, fazer as medidas de desgaste vertical e desgastes horizontais (dois lados do boleto) no trilho para o superior e inferior (no caso da bitola mista, filas 1, 2 e 3) , anotando no formulário de prospecção de trilho somente as medidas dos pontos críticos. d) A medida de desgaste horizontal deve ser feita nos dois lados do boleto do trilho, conforme demonstrado na figura abaixo. Os desgastes horizontais das medidas internas e externas devem ser anotados no formulário de prospecção de trilhos. e) Para usar a tabela de desgaste somar os desgastes horizontais internos e externo. f) Anotar ainda a Quantidade de trilho a ser substituído (m), do formulário de prospecção de trilho, informando o número total de barras necessárias para substituição (qtd de barra) e o comprimento de barra desejado (comp. da barra). Por exemplo, qtd de barra = 3 e comp. da barra = 324, para cada caso especificado na planilha (Desg. vertical - Desg. horizontal/ - Com defeito US - Com Corrosão - Ondulado Patinado - Inversão). Utilizar como referencia a especificação técnica – serviço: ENG-ETS-T004/03.00 - REMODELAÇÃO DE PERFIS DE TRILHOS 44 45 46 Desgaste Vertical Tabela de Trilhos 6.10. Contato roda-trilho O contato roda-trilho representa a interação da Via Permanente com os Materiais Rodantes, os quais são os dois itens de maior custo de manutenção da Ferrovia. Qualquer imperfeição em um destes componentes vai afetar o outro direta e indiretamente e todos os demais componentes da infra e superestrutura da via, gerando um maior custo com manutenção da ferrovia, afetando a confiabilidade do sistema, e aumentando os riscos. O contato roda-trilho se dá pelo contato direto das rodas do trem com os trilhos, ambos metálicos. Isso provoca um desgaste considerável dessas partes devido à grande magnitude da carga que solicita as rodas. 47 A zona de contato roda-trilho, segundo Magel (1999), apresenta inter-relações muito complexas, já que envolve mais de 60 variáveis. Muitas destas variáveis estão além do controle da engenharia, porém as mais significativas, como a geometria de contato rodatrilho, podem ser controladas. Contato roda-trilho Se dois sólidos esféricos, elásticos e ideais, não exercem qualquer pressão entre si, então o contato entre eles se resume a um único ponto. Quando pressionados, um contra o outro, produz-se, na região de contato, uma pequena deformação de configuração elíptica, conforme indicado na figura 16. A distribuição de esforços, dentro desta elipse de contato, não éhomogênea e, pelo contrário, se verifica de forma aproximadamente parabólica. A tensão máxima de compressão ocorre na parte central da elipse e sua intensidade se calcula segundo a equação de Hertz (MAGALHÃES, 2000). Nas ferrovias, segundo Rives; Pita e Puente (1977), o contato roda-trilho gera solicitações em ambos os elementos. Esse contato se converte em uma elipse quando a roda atua comprimindo o trilho com uma força igual à carga que suporta (Figura 16). A tensão de compressão máxima na superfície de contato (s1), segundo Hertz é calculada pela equação abaixo apresentada por Schramm (1977), sendo Q a carga estática de uma roda sobre a superfície de rolamento do trilho, R o raio da roda e r o raio de arredondamento do boleto. 𝑆1 = 178 × [( 1 𝑅 + 1 𝑟 ) × 2𝑄] × 1 3 48 A área de contato é definida de forma aproximada, ainda segundo Schramm (1977), pela equação a seguir. 𝒇𝟏 = 𝟐𝑸 𝑺𝟏 Figura 16 – Superfície de contato roda-trilho A roda possui um perfil tronco-cônico, que propicia o auto-direcionamento do rodeiro, e um friso que limita os deslocamentos laterais máximos, tocando, em um único ponto, a face lateral do boleto do trilho. O contato duplo se dá quando o rodeiro aproxima-se da extremidade da folga lateral e o friso encosta no flanco lateral do trilho. No caso de contato em um único ponto, a carga Q e a força lateral Y atuam no mesmo ponto. No caso de dois pontos de contato, os pontos de aplicação das forças não coincidem. O desgaste do trilho e das rodas decorrente do atrito faz com que a geometria de contato se altere, podendo comprometer a estabilidade do veículo ferroviário. Nesse contato roda-trilho atuam forças permanentes e forças dinâmicas. Essas forças permanentes são forças de atrito, que ocorrem nos pontos de contato das superfícies de rolamento e pontos de contato no canto da bitola, e força centrífuga, quando em curva. As forças dinâmicas são constituídas pela força vertical (𝑉2), igual a “𝑃” e pela força lateral (𝐿1), igual a “𝐹𝑡” na figura Abaixo: 49 A força vertical (𝑉2) resulta do peso próprio do veículo que trafega sobre as irregularidades da via, ou seja, da interação veículo-via. Este valor é majorado por coeficientes dinâmicos. A inscrição do veículo em curva e seu próprio movimento produzem esforços laterais (𝐿1). A relação entre estes esforços 𝐿1 𝑉2 determina a tendência para a roda descarrilar. É, portanto, um indicador de segurança da via. 6.10.1. Porque as Rodas Descarrilam? A causa determinante de um descarrilamento está definida matematicamente como a relação que há entre a força Lateral e Vertical existente em um jogo de rodas rodando sobre o boleto do trilho. A força lateral em alguns casos: O friso da roda é empurrado sobre o boleto levantando a roda sobre o lado interno do trilho; O friso da roda empurra o trilho com tal força que o inclina e o faz girar; Se a força vertical é baixa, favorecerá que a roda suba no trilho; Se a força horizontal é alta, favorecerá para que o trilho gire. 6.10.2. Fatores que Influenciam a Subida de uma Roda. Força Lateral aumentada; Força Vertical aliviada; Ângulo do friso da roda (roda nova ou friso desgastado) 50 Lubrificação dos trilhos ou das rodas (falta); Ângulo de ataque das rodas (Jogo do truque); Desgaste horizontal dos trilhos nas curvas; Força lateral alta dos truques que forçam o trilho (tombar); Trilho gasto e friso da roda nova. Modelos matemáticos e experimentos de campo indicaram que, com uma taxa de: 𝐿 𝑉 igual a 0,64, o trilho é forçado para fora; 𝐿 𝑉 de 0,75, a roda pode subir no trilho desgastado; 𝐿 𝑉 igual a 0,82, a roda se eleva do trilho; 𝐿 𝑉 igual a 1,29 a roda pode subir em trilho novo. O valor de 0,8 é o limite aceito, em geral, além do qual a roda começa a se elevar no trilho. Quando há desgaste do trilho, o ângulo de inclinação da face ativa do trilho é substituído pelo ângulo de desgaste, na prática menor que o ângulo para frisos e trilhos novos. Isto facilita a condição de escalada das rodas, resultando no descarrilamento, sendo, portanto, essencial o estudo deste ângulo. O ângulo da face ativa do trilho novo (β) (Figura 18) é igual a 60° para que a relação entre os esforços laterais e verticais (L/V ou Y/Q) seja menor ou igual a 0,8, ou seja, o limite crítico para que a roda comece a se elevar do trilho. O ângulo de desgaste (δ) (figura 19) é menor que o ângulo da face ativa do trilho novo (b). Com a ocorrência do desgaste, o ângulo (d) pode atingir valores inferiores a 50°, tornando críticas as condições de escalada das rodas. O ângulo de desgaste é limitado a 32° para prevenir a subida da roda no trilho. Ângulo Trilho novo Ângulo trilho desgastado A pior configuração no contato roda-trilho para o descarrilamento é a associação entre roda nova e trilho com desgaste próximo ao limite último de desgaste lateral. A possibilidade de 51 escalada da roda seria maior nesta situação devido à região de contato. Conforme a figura 20, o contato entre roda e trilho novos se dá na região superior do friso (2), onde o ângulo é maior. Com roda nova e trilho desgastado, o contato ocorre na região inferior do trilho (1), onde o ângulo é menor, reduzindo o limite crítico de L1/V2. Figura 20 – Roda nova e trilho usado 7. CONCEITOS DE TRILHO CURTO, TRILHO LONGO E TRILHO CONTÍNUO Trilho curto, aquele que quando as folgas nas juntas são suficientes para permitir a dilatação e contração dos mesmos, isto é, nos trilhos curtos, os trilhos adjacentes não exercem, entre si, pressões através dos topos e das talas. Trilho longo, aquele cuja folgas citadas anteriormente , ou são inexistentes ou são insuficientes para permitir a dilatação dos mesmos. Assim sendo, sempre ocorrerão esforços transmitidos entre si por trilhos sucessivos da mesma fila. Trilho contínuo, aquele que atendendo às condições de trilho longo, possui um comprimento tal, que em sua parte central existe uma extensão fixa que não se movimenta, e em estado de tensão máxima. 7.1. FAIXA DE TEMPERATURA NEUTRA PARA INSTALAÇÃO DE TLS Ao utilizarmos trilhos longos soldados ou trilhos contínuos soldados é necessário que a sua fixação se proceda a uma temperatura (no trilho) cujos desvios em relação aos seus valores mínimos e máximos não gerem esforços capazes de provocar a flambagem da linha à temperatura máxima ou ruptura dos trilhos, soldas ou dos parafusos de junta à temperatura mínima, tal condição é satisfeita, dentro de certo limite com a fixação aplicada à temperatura média de acordo as normas de ALÍVIO DE TENSÕES TÉRMICAS (ATT). Entretanto, na prática, se aceita que o reajuste de barras se realize dentro de uma faixa confiável de temperatura (faixa de temperatura neutra) ou fora dela, quando se impõe ao trilho as condições a que estaria 52 submetido à temperatura neutra, nos utilizando de artifícios. Normalmente se prefere que os trilhos sejam submetidos a maiores tensões de tração do que de compressão uma vez ser mais temerosa uma flambagem da linha do que uma ruptura de trilhos, soldas ou de parafusos de juntas, isto porque, o primeiro é impossível de ser detectado em linha sinalizada pelo Centro de Controle deTráfego enquanto que a fratura de trilhos e soldas o são. Em contrapartida, fraturas de trilhos, soldas e parafusos de juntas, embora indesejáveis, não implicam em maiores riscos a segurança da linha, e demonstrada no presente trabalho. Sendo isto um fato, a grande maioria das ferrovias usa adotar a neutralização de tensões (processo natural) dentro de uma faixa de temperatura onde a mínima de assentamento é posicionada acima da média. 7.1.1. CÁLCULO DE TEMPERATURA NEUTRA DE REFERÊNCIA A temperatura Neutra de Referência e a faixa de temperatura neutra para assentamento de trilho e alívio de tensão nas linhas serão calculadas de acordo com as considerações abaixo e baseada nas expressões que se seguem: TNR = Temperatura Neutra de referência Tmax = Temperatura máxima do trilho Tmin = Temperatura mínima do trilho A TNR (temperatura neutra de referência) será dada pela expressão: 𝑇𝑁𝑅=𝑇𝑚𝑎𝑥+𝑇𝑚𝑖𝑛2+5 (°𝐶) A faixa de temperatura (Ftn) para assentamento dos trilhos e execução dos serviços de alívio de tensão nos trilhos sem utilização de tensor térmico será calculada pela expressão: Ftn = TNR ± 5 (°C) A temperatura máxima de assentamento e alívio de tensão será: Ftn max = TNR + 5 (°C) A temperatura mínima de assentamento e alívio de tensão será: Ftn min = TNR - 5 (°C) Verificar a temperatura do trilho antes de iniciar o alívio de tensão; caso esteja dentro da FTN, prosseguir com o alívio; se a temperatura do trilho estiver abaixo da FTN, usar o tensor hidráulico; se a temperatura do trilho estiver acima da FTN, não prosseguir com o alívio. 53 7.2. ALGUNS ASPECTOS DA TEORIA DA DILATAÇÃO LIMITADA Antigamente, quando se discutia a questão do estabelecimento de uma linha com trilhos longos, era frequentemente levantada a seguinte questão: se para trilhos com (12m) é necessário o estabelecimento de uma folga nas juntas de digamos 1/4" para trilhos com 36m e 240m, seriam necessárias então folgas respectivamente 3 e 20 vezes maiores. Isto porque acreditava-se que os trilhos estariam sujeitos à livre dilatação. Verificou-se como sabemos, que tal não era verdade, pois desde que os trilhos estejam firmemente fixados aos dormentes as restrições impostas à dilatação ou à contração do trilho através do atrito trilho-dormente ou dormente-lastro, fazem com que o trilho não esteja sujeito a livre dilatação. Nestas circunstâncias passou-se a aceitar a teoria da dilatação limitada complexo fenômeno na qual entram em jogo as distintas resistências que se opõem ao deslocamento do trilho, permitindo a manutenção de folgas normais nas juntas com trilhos de comprimentos consideráveis. Assim, para o estabelecimento de uma linha de trilhos de comprimentos cada vez maiores, mantendo-se as juntas com aberturas normais, torna-se pois necessário desenvolver-se esforços que contrariem o movimento do trilho decorrente da variação de temperatura. Esses esforços serão obtidos aumentando-se o atrito entre trilho-dormente e/ou transferindo-se os esforços térmicos para o lastro, através do dormente, com a utilização de retensores. Apresentamos, a seguir, alguns aspectos da teoria da dilatação limitada, unicamente para posteriormente poder abordar o cálculo do retensionamento necessário para combate aos efeitos da variação da temperatura. Consideramos uma linha construída por trilhos de grande extensão teoricamente de comprimento infinito. Sobre um trilho nestas condições poder-se-ão distinguir com relação aos efeitos da variação da temperatura zonas com características diferentes: uma zona central que não experimenta movimento por mais que a temperatura varie; e duas zonas extremas onde se verificam contrações e dilatações quando a temperatura varia. Os comprimentos dessas zonas extremas poderão ser obtidas a partir do estabelecimento do equilíbrio entre o esforço interno resultante da variação de temperatura por um lado, e as reações de atrito entre trilho-dormente ou dormente-lastro, por outro. As reações de atrito entre trilho-dormente ou dormente-lastro, aumentam da ponta do trilho para o centro, ou melhor, vão se somando à medida que se caminha da extremidade do trilho para o seu centro; assim é que fatalmente existirá um ponto no qual esses esforços de atrito combinados contrabalançam, ou equilibram, o esforço desenvolvido pela variação da temperatura. Em qualquer seção do trilho localizada entre esse ponto de equilíbrio e a extremidade do trilho, o esforço de atrito se lhe opõem, desequilíbrio este que se traduz em movimento. Por outro lado em qualquer seção da zona central existirá um equilíbrio de esforços, sendo esta, pois uma zona altamente tensionada, na qual não existirão movimentos por mais que a temperatura varie entre a temperatura máxima e a mínima. Assim os dormentes desta zona não serão necessários para 54 exercer nenhuma força restritiva aos efeitos da variação de temperatura, a não ser em casos de fratura do trilho, quando se rompe o estado de equilíbrio. Vimos que os trilhos, tal como se colocam para construir as linhas férreas, não se contraem nem se dilatam livremente, além das reações trilho-dormente ou dormente-lastro existem ainda as reações tala-trilho, fatores esses que determinam restrições aos seus movimentos, dando origem ao aparecimento de tensões internas. Vimos que poderíamos calcular as expressões das zonas extremas do trilho, que se movem em um sentido ou em outro, estabelecendo o equilíbrio entre o esforço total interno desenvolvido no trilho pelas variações de temperatura, e as reações de atrito entre trilho-dormente ou dormente-lastro e mais o atrito trilho-tala. Assim, chamando de Ld o comprimento da parte extrema que se movimenta sob a ação da variação da temperatura: Ro a reação de atrito trilho-dormente ou dormente-lastro, por unidade de comprimento do trilho; NL esforço interno, da compressão e tração, desenvolvido no trilho restringindo de se movimentar pela ação da variação de temperatura; RT atrito da tala devemos ter: 𝑳𝒅. 𝑹𝒐 = 𝑵𝑳 − 𝑹𝑻 𝐿𝒅 = 𝑵𝑳−𝑹𝑻 𝑹𝒐 (1) onde: 𝑵𝑳 = 𝑺𝑬∝ ∆𝑻 Levando o valor de NL em (1) teremos as expressões que darão os comprimentos máximos que dilatam ou se contraem, designados respectivamente por Ldc e Ldt. 𝑳𝑫𝒅𝒄 = 𝑺𝑬∝(𝑻𝒎á𝒙−𝒕′𝒄)−𝑹𝑻 𝑹𝒐 Compressão 𝑳𝑫𝒅𝒄 = 𝑺𝑬∝(𝒕′𝒄á𝒙−𝑻𝒎𝒊𝒏)−𝑹𝑻 𝑹𝒐 Tração 55 onde: tmáx.: - temperatura máxima trilho; tmin. : - temperatura mínima trilho; t´c : - temperatura mínima de colocação; t” c : - temperatura máxima de colocação; RT : - resistência oferecida pelas talas de junção; Ro : - resistência longitudinal por metro de trilho. A condição de trilho longo será satisfeita se L > 2 𝐿𝑑 sendo L – 2. Ld o trecho fixo, sem dilatação. Em caso contrário, os esforços devidos às variações de temperaturas poderão se distribuir na barra de forma não simétrica e a barra poderá se deslocar no seu total de um lado ou outro e provocar nas suas extremidades, concentrações anormais de esforços. Os esforços desenvolvidos nos trilhos são independentes do comprimento do trilho. Os esforços são os mesmos quer a barra tenha 300m ou vários quilômetros de comprimento. Existe, pois vantagem em estabelecer os TLS tão longos quanto possível, a fim de não só diminuir o número de zonas de respiração que se constituem em zonas instáveis como também para suprimir as juntas que são os pontos fracos da via. O valor de RT (resistência da tala) poderá ser negligenciado,no caso de talas mal apertadas e lubrificadas ou no caso de juntas especiais de dilatação, colocadas no extremo do TLS. Tanto o valor de RT como de Ro devem ser pesquisados, experimentalmente, para cada tipo de superestrutura da Via. Podemos indicar os seguintes valores para essas resistências: a) Nas ferrovias Alemãs, Schramm cita os seguintes valores (“Técnica e Economia na Via Permanente”): RT = 5.000 Kg – valor médio para superestrutura “GEO”; Ro = 4 Kg/ cm/ trilho-dormente de madeira; Ro = 5 Kg/ cm/ trilho-dormente de concreto; Ro = 6 Kg/ cm/ trilho-dormente de aço. (resistência em cada fila de trilho) b) Para os Estados Unidos, segundo as experiências da AREA: Dormentes de madeira, com retensionamento alternado: 680 a 907 Kg/ dormente/ trilho; 56 Dormentes de madeira, com retensionamento consecutivo: 317 a 544 Kg/ dormente/ trilho; c) Para as ferrovias italianas, Corini indica o valor: 307 Kg/ metro de trilho; d) Garcia Lomas indica o valor: 600 Kg/ m de via, ou seja, 300 Kg/ metro de trilho com dormente de madeira; e) Para o Brasil a “Sofrerail” indicou os seguintes valores: 300 Kg/ dormente a 700 Kg/ dormente; de acordo com o estado do lastro, o que equivale a 150 a 350 quilograma/ dormente/ trilho. Como vemos, os valores são discrepantes, pois dependem do tipo da superestrutura da via, principalmente do lastro. Nota: Adotamos no presente trabalho mkgRo /400 de trilho kgfeFRT 12000122403,0.6800.6..6 onde: 6 – n.º. parafusos; F – força aplicada para apertar os parafusos e – coeficiente de atrito estático Podemos mostrar graficamente a determinação da zona extrema do trilho. Determinação da Zona Extrema do Trilho 57 Apresentaremos a seguir um exemplo numérico para cálculo da zona respiro: 𝑳𝒅 = 𝑺𝑬∝𝑻 𝑹𝒐 Onde: Ro = 400 kg/ m trilho E = 2,1 . 10 6 kg/ cm2 α= 115 . 10 -7 ºC -1 Tmáx. = 52º C Tmín. = 3º C TN = 32,5º C t´C = 27,5 t´C = 37,5 Obs.: será desprezada a resistência da tala. 1º CASO: COMPRESSÃO m Ro cttSE dL máx 108 400 50,24.10.115.10.10,2.58,72)´( ´ 76 2º CASO: TRAÇÃO m Ro tctSE dL 151 400 50,34.10.115.10.10,2.58,72)´´( ´´ 76 min Então conclui-se que os trechos extremos do trilho longo soldado que dilatam são 108m na compressão e 151m na tração quando atingir a temperatura mínima. Neste caso, o comprimento mínimo do trilho longo seria: L = 2 . 151 = 302m 300m. 58 A seguir apresentamos um quadro resumo para diversos T e Ro. Extensão Ld (metros) 7.3. LIBERAÇÃO DE TENSÕES 7.3.1. Frequência de utilização O alívio de tensão nos trilhos deverá ser obrigatoriamente executado quando: Da construção de linha nova; Da instalação de TLS novos; Em linhas já existentes, de acordo com os critérios abaixo: Sempre que as medições do VERSE identificarem níveis de tensão na faixa Amarela (abaixo da temperatura mínima de trabalho definida ou acima da temperatura neutra) efetuar alívio completo de tensão em toda a extensão da curva. Quando o instrumento Verse não acusar medição seguir o seguinte procedimento: Verificar as condições de fixação do trilho e o estado da dormentação; Caso estas estejam deficientes deverá ser recomendado serviço de consolidação da fixação e substituição de dormentes neste trecho, para melhoria do retensionamento; Nos trechos com histórico de flambagem, o alívio completo deverá ser executado em toda a extensão da curva; Nos trechos circulares de curva com raios ≤ 300 m, o alívio completo deverá ser executado em toda a extensão da curva; Os trechos circulares de curva com raios > 300m deverão ser acompanhados pelo ronda de linha; Os trechos sem histórico de fratura e/ou flambagem deverão ser acompanhados pelo ronda de linha. *** Peso S Ro Ro Ro Ro Ro Ro Ro Ro Ro Ro Ro Ro Ro Ro Ro kg/m cm 2 300 400 500 300 400 500 300 400 500 300 400 500 400 1000 400 37 47,3 95 71 57 114 86 69 133 100 80 152 114 91 45 56,9 115 86 69 137 103 119 160 120 96 183 137 110 129 57 72,6 146 110 106 175 131 105 204 153 123 234 175 140 164 66 151 68 86,1 173 130 104 208 156 125 243 182 146 277 208 166 TR DT = 25ºC DT = 30ºC DT = 35ºC DT = 40ºC *DT=37ºC 59 7.3.2. Execução do procedimento Compreende as seguintes operações: I. Controle da temperatura do trilho, para identificação do momento adequado à execução do alívio, bem como do procedimento a ser utilizado em função da temperatura neutra calculada para o local. II. Desmontagem da(s) junta(s) na extremidade da barra, desalinhando os topos dos trilhos para permitir o livre caminhamento da barra de acordo com o método a ser empregado; caso não exista junta na extremidade da barra, será efetuado o corte do trilho neste local com a utilização de maçarico ou máquina com disco de corte. III. Remoção da fixação do trilho 120 m para cada lado de trilho, a partir da junta de alívio. IV. Na execução de alívio, com temperatura abaixo da faixa neutra, e uso de tensores hidráulicos, deve-se marcar o patim do trilho e as placas de apoio para permitir o controle do caminhamento da barra; para o alívio de tensão na faixa de temperatura neutra, o uso de tensores é dispensável. V. O alívio de tensão não será executado quando a temperatura medida no trilho estiver acima da faixa de temperatura neutra, devendo ser programado para horário em que possa ser obtida a faixa correta para a sua execução. VI. Limpeza de detritos entre o patim do trilho e a placa de apoio, permitindo o livre caminhamento da barra. VII. Colocação de roletes sob o trilho (inclusive com utilização de roletes especiais para curva), espaçados de tal maneira a permitir o caminhamento livre de qualquer atrito. VIII. Percussão da barra com marreta de cobre ou bronze, permitindo através da vibração provocada o livre caminhamento da barra. IX. Regulagem da folga(s) da junta(s) através do corte ou deslocamento do trilho, para permitir a execução/ montagem da mesma ou para se obter espaçamento recomendado para a soldagem. X. Retirada dos roletes e restabelecimento das fixações, no sentido junta-meio da barra; na zona de respiração da barra, a fixação deverá ser recolocada de forma completa. XI. Execução e montagem da(s) junta(s), ou execução da(s) solda(s), conforme o método utilizado e condições do local; em caso da solda ser de fechamento deverá ser feita dentro da faixa de temperatura neutra estabelecida para o trecho e até no máximo 72 (setenta e duas) horas após a execução do alívio de tensão. XII. Retirada do tensor hidráulico, em caso de utilização do mesmo, após verificação do alongamento correto da(s) barra(s) de trilho. 60 7.4. RETENSIONAMENTO DE LINHA COM T.L.S. O retensor é uma peça metálica, em geral patenteada, que ajustada ao patim do trilho apoia na face lateral do dormente se opõe ao deslocamento longitudinal do trilho. Sua função é, pois, manter o trilho em uma posição fixa com relação ao dormente. Apoiado na face lateral do dormente ele transmite a força de caminhamento que se desenvolve no trilho ao dormente e através deste, ao lastro. O tipo de retensor que mais utilizamos é o de uma peça única metálica,sendo fabricado de aço de mola de alto teor de carbono ou aço liga, com cuidadoso tratamento térmico, tendo seção chata ou retangular, se destinando para cada tipo de trilho. Quando aplicados abraçam o patim do trilho com uma “ação de agarramento”, este poder de garra se mantêm pela ação de mola da seção do aço. A força do caminhamento do trilho solicitando o retensor faz com que esse “poder de garra” aumente, prevenindo assim o deslizamento do retensor. O retensor deverá apresentar as seguintes características básicas: a) Poder ou capacitação de retensão: deve ser superior a resistência ao deslocamento do dormente no lastro; b) Eficiência em reaplicação sucessiva: não deverá perder de maneira sensível seu poder de retensão quando reaplicado várias vezes; c) N.º de partes: um bom retensor de ser constituído de uma única parte. Facilidade de aplicação: alguns retensores são aplicados com marreta comum, outros exigem ferramentas especiais para a sua colocação; d) Simplicidade de projeto: Utilizamos basicamente dois tipos de retensores, FAIR “V” e o do tipo FAIR “T”. De acordo com testes realizados pelo Departamento Técnico da Via Permanente da S.G.I – RFFSA, na década de 60, verificou-se o “poder de retensão” e a “perda de eficiência sob aplicações sucessivas”, de uma amostra representativa de retensores do tipo FAIR “V”, FAIR “T” e ainda dos tipos “M & S” e WOODINGS”. Nesses testes foi utilizada uma prensa vertical, com dispositivo a ela adaptado para medição dos deslocamentos relativo trilho – retensor. Cada retensor era aplicado 100 vezes em um pedaço de trilho. Após a centésima aplicação, o trilho com retensor aplicado apoiando-se na face de um pedaço de madeira ( representativo do dormente ) era colocado entre os pratos da prensa. Permanecendo o dormente fixo, cargas eram gradualmente aplicadas no topo do trilho. No decorrer do teste determinavam: a) o valor da carga que, aplicada no topo do trilho, provocava o deslocamento inicial (de 1mm) do retensor (na 1ª e na 100ª aplicação); b) a curva carga-deslocamento, indicativa do comportamento do retensor sob cargas crescentes; c) o valor de carga limite para a qual o retensor perde totalmente o seu poder de retensão, deslocando-se sob ação de carga estacionária. Pela análise dos resultados obtidos concluíram “que um qualquer bom retensor pode cumprir a exigência de resistir a 1500 kg na 1ª aplicação, e que, quando convenientemente 61 produzido e aplicado com técnica recomendável, poderá perder menos de 20% após com aplicações sucessivas”. Em ensaios de laboratório realizados em junho/87 no Batalhão Ferroviário em Lages, nos mesmos moldes do ensaio citado anteriormente, verificou-se que atualmente os retensores suportam uma força superior a 4.000 kgf. A AREA na década de 60 propôs através da “Comissão Especial para Trilhos Contínuos Soldados” que para tráfego médio nas duas direções se aplicasse retensores em caixão na proporção de um em cada quatro (1 sim, 3 não) dormentes. Nessa proporção teríamos uma taxa aproximada de 1.500 retensores/km, o que é bastante aceitável. No caso da zona de respiro, havíamos previsto um retensionamento para absorver os esforços devido a temperatura na forma de um dormente em caixão a cada três (1 sim, 2 não) no comprimento de 107,36 (60 dormentes retensionados) e nos 43,82 (24 dormentes retensionados) só retensores contra a tração. Entretanto levando-se em conta outros esforços e risco de fraturas, é aconselhável utilizar em toda a zona de respiro o retensionamento em caixão para um dormente a cada três (1 sim, 2 não). 7.4.1. CÁLCULO DO RETENSIONAMENTO O cálculo do retensionamento necessário para absorção dos efeitos de variação da temperatura e do retensionamento adicional em vista das ações de tráfego e de outras condições será abordado a seguir. Tendo em vista a experiência em Trilhos Longos Soldados ser relativamente restrita, o problema será apresentado principalmente sob seu aspecto teórico, tentando-se aproximar, tanto quanto possível da prática. Em uma linha provida com fixações diretas, o combate a movimentação do trilho devido a variação de temperatura é realizado pela aplicação de retensores, e consequentemente pela resistência do dormente a se deslocar no lastro. Já foi mostrado que ambas as extremidades do trilho deverão ser ancorados. Resta determinarmos como poderemos e em que extensão deveremos fazer o retensionamento da barra. De acordo com experiências realizadas na “Milwankee Rood” em 1955, sob auspícios da AREA obteve-se os seguintes resultados: Utilizando retensionamento alternado: a resistência ao deslocamento do dormente no lastro atingia de 675 a 900 kgf/ dormente/ trilho (1.500 a 2.000 lb./ dormente/ trilho); Utilizando retensionamento consecutivo: a resistência ao deslocamento do dormente no lastro atinge a faixa de 315 a 540 kgf/ dormente/ trilho (700 a 1.200 lb./ dormente/ trilho); 62 Escolha da taxa de retensionamento na zona de respiro: cada retensor tem capacidade para resistir a uma força entre 1200 kgf e 4000 kgf, ou mais. Estas resistências são muito superiores ao valor considerado para a resistência do dormente em relação ao lastro (Ro= 400 kgf/m). Sabe-se que o retensionamento consecutivo não é indicado pelos resultados das experiências de laboratório acima descritas, pois teríamos provavelmente a criação de um plano de cizalhamento na face inferior dos dormentes. No retensionamento alternado cada dormente não retensionado ancora de alguma forma os dormentes retensionados, aumentado a resistência da via. No trecho Eng.º Bley-Uvaranas, TR-57, dormente madeira com fixação rígida, linha onde existem vários quilômetros com trilhos longos, temos aplicado a alguns anos um sistema de retensionamento na forma de caixão em um dormente a cada três (1 sim, 2 não), apresentando excelentes resultados. Com base na experiência e nos ensaios de laboratórios, adotaremos, com segurança, o retensionamento na forma de caixão em um dormente a cada três (1 sim, 2 não). Números de dormentes a retensionar: a) Número mínimo de dormentes a serem retensionados, alternados, para impedir a dilatação: 𝑳𝒅𝒄 = 𝑵𝒄𝒎á𝒙 𝑹𝒐 𝐿𝑑𝑐 = 42.944 400 = 107,36𝑚 Retensionando 1 sim, 2 não, o espaçamento entre dormentes retensionados será. me 80,1 e Ld n cc 60cn dormentes Número mínimo de dormentes a serem retensionados, alternados, para impedir a contração: mLd ro máxNt Ld t t 18,151 400 472.60 . sendo: 63 84 80,1 18,151 80,1 t t t n e Ld n me 84nt dormentes. Pelos cálculos acima, para combater os efeitos da temperatura seria necessário retensionar em caixão 60 dormentes, numa extensão de 107,36m e os 24 (84-60) dormentes ou 43,82 m restantes seriam retensionados somente contra a contração dos trilhos, sempre alternadamente (1 sim, 2 não). Utilizaríamos numa quantidade igual a 3364.244.60 retensores por extremidade do T.L.S. (já para ambas as filas do trilho) para absorver os esforços devido a variação de temperatura. 7.4.1.1 Retensionamento Adicional Como na linha atuam outros esforços além da variação de temperatura (devido ao tráfego, obras de arte, etc.) torna-se necessário retensionar toda a barra do T.L.S., ainda que com uma taxa de aplicação menor. Esse retensionamento adicional, servirá também como segurança para no caso de uma eventual fratura de trilho, quando sob baixas temperaturas, manter a abertura de corrente dessa fratura dentro de determinados limites de segurança. Assim,
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