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2021 SUELLAINE MATIAS DE MIRANDA DEGASPERI INCLUSÃO ESCOLAR DE CRIANÇAS AUTISTAS Trabalho de conclusão de curso apresentado como exigência parcial para obtenção da colação de grau do curso Licenciatura em Letras pelo Centro Universitário Internacional (UNINTER). 2021 SUMÁRIO 1. OBJETIVOS ................................................................................................... 1 2. PROBLEMÁTICA ........................................................................................... 2 3. PROFESSOR ................................................................................................. 4 4. ENTENDENDO O AUTISMO ......................................................................... 5 4.1. Causas ..................................................................................................... 6 5.2. Diagnóstico .............................................................................................. 6 5. INCLUSÃO ESCOLAR ................................................................................... 9 5.1. Políticas públicas para inclusão social ................................................... 10 6. CONSIDERAÇOES FINAIS ......................................................................... 13 2021 Dedico este trabalho aos pais que buscam uma sociedade democrática com relações mais humanas, e de modo especial, dedico com carinho, alegria e muito respeito, aos estudantes com autismo e aos professores que oferecem ensino público com qualidade. Saibam vocês que permaneceremos de mãos dadas (e ninguém solta). 2021 AGRADECIMENTOS A Deus, por todos os momentos da minha vida, pela certeza de que sua proteção me trouxe tranquilidade nesta jornada e tudo em volta se manteve em harmonia. Assim, pude me distrair em meus pensamentos, compreendi o silêncio, aprendi a estar comigo e silenciosamente despertei. Aos meus filhos, Annelice, Davi e Stella, por serem pacientes e bondosos, e docemente me ensinarem o que é o amor. Sem o Amor deles eu nada seria. Gostaria de aproveitar e exibir minha gratidão aos dois primeiros que me fizeram ter curiosidade pelo assunto a ponto de querer me aperfeiçoar mais sobre isso. Sou eternamente grata a Deus pela oportunidade que Ele me concedeu de cuidar de vocês. O que me faz colocar no plural uma frase da escritora Rafaela de Carvalho: ‘E de todas as pessoas do mundo que poderiam ser, vocês vieram para mim e eu para vocês.” Gostaria de agradecer a compreensão da última por inúmeras vezes estar ausente cuidando dos irmãos, espero que você entenda que as vezes a necessidade é grande, mas o amor por vocês é maior. Ao meu marido Lucas, por acreditar que era possível e se dedicar em oferecer o seu melhor ao cuidar de mim, deles e de nós. A minha mãe, pela perseverança, pelo apoio e carinho que me possibilitaram um olhar mais sensível para tudo que existe. Aprendi que dedicação aos filhos permanece por toda a vida. A minha irmã e sobrinhos, que sem perceberem me ensinaram o respeito à família. Aos meus sogros, por compreenderem minha ausência e perdoarem. Agradeço porque aprendi que uma única palavra de incentivo pode mover montanhas, que o equilíbrio físico e espiritual é prioridade, que o essencial realmente é invisível aos olhos. Constatei que, de fato, as sonhadas transformações acontecem na coletividade e compreendi, enfim, que o desejo e a angústia sempre caminharão lado a lado, mas não há o que temer. Ao meu pai, in memorian. 2021 - Vou pegar esse cílio que caiu no seu rosto para fazermos uma brincadeira. - Pronto, agora coloca o seu dedo aqui. - Vamos, coloca o dedo em cima do meu. Isso! - Agora você faz o seu pedido e depois eu faço o meu. - Eu quero ser Blu. ... (disse ela sorrindo). - E eu quero sair voando! (sorrindo). Vamos soltar os dedos, quem ficar com o cílio vai ter o pedido realizado. - Espera! E eu desejo que Mariana esteja dentro da bolha. - Dentro da bolha? Então vamos lá. Tira o dedo...agora! Olha!!! É o meu pedido que vai se realizar. E agora eu vou sair voando? - Não vai não. Eu desejei para você. Lembra? Dentro da bolha. - Ah não... o que eu vou fazer dentro de uma bolha? (Ela riu). - Calma Bolinha de Sabão, vai ficar tudo bem.. 2021 RESUMO O presente Trabalho de Conclusão de Curso objetivou conhecer as conquistas e os impasses dos docentes durante a inclusão dos alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) dentro da sala de aula do ensino regular, analisando suas noções sobre o processo escolar e as adaptações curriculares. Para tanto, adotamos a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo. Esta última ocorreu dentro de casa, tendo por sujeitos: filhos estudantes com Transtorno do espectro Autista, professores e cuidadores responsáveis pelos alunos com TEA. Durante a pesquisa de campo foram utilizados o instrumento de observação com registro em diário de campo e o questionário aplicado junto aos professores dos alunos com TEA, cujo foco foi conhecer seus conhecimentos acerca do TEA e das metodologias que podem favorecer a inclusão desses alunos no ambiente escolar. Os resultados da pesquisa nos revelaram que existe um enfraquecimento visível referente à formação e capacitação dos docentes e que essa se reflete na inclusão dos alunos com TEA, se tornando um impasse significativo para inclusão desses alunos na rede regular de ensino. Além disso, outro aspecto a ser considerado diz respeito à presença dos acompanhantes especializados, cujas formações precisam ser compatíveis com a responsabilidade que assumem. Tais resultados nos levam a repensar sobre os reais significados da inclusão e da necessidade urgente que as políticas públicas assumam a responsabilidade sobre a formação docente, como instrumento principal em favor dos alunos que necessitam de olhar diferenciado e da regulamentação da profissão de acompanhante especializado. Sem isto, consideramos que não será possível falar sobre inclusão, mas, somente de inserção e matrícula de estudantes com deficiência ou transtornos na escola, sem que se atendam suas necessidades e se garanta seus direitos, conforme prevê a legislação brasileira. Palavras-chave: TEA. Inclusão. Formação Docente. Diagnostico. 1 2021 1. OBJETIVOS Mostrar a importância de os profissionais da educação terem pleno conhecimento para um início de diagnóstico da doença e intervenção em sala de aula. A informação traz o diagnóstico precoce e isso é fundamental para a vida. A educação especial no Brasil possui uma trajetória consideravelmente significativa em termos de surgimento, porém ainda na atualidade percebe-se que existem muitas resistências e despreparo de profissionais em relação ao ensino de crianças autistas. 2 2021 2. PROBLEMÁTICA A dificuldade de acesso aos serviços de saúde da criança com transtorno do espectro autista no sistema de saúde ainda é muito deficiente, embora a Lei 8.080 estabeleça que a saúde é um direito de todos e um dever do estado, (Constituição Federal 1988, art. 196), a realidade é bem diferente para quem vive o dia-a-dia com pessoas com transtorno do espectro autista (TEA). Ainda existe um agravante, a procura das famílias pelo tratamento é maior que as ofertas oferecidas nesses locais (MELLO, HO, DIAS, ANDRADE, 2013). Pensando nisso, podemos comparar a falta de profissionais de educação capacitados para lidar com os casos de autismo. Se faltam vagas e profissionais de saúde, a situação se agrava quando comparada com a educação. Sabe-se que a criança com o TEA necessitará de uma diversidade de atenção e como o número de vagas é insuficiente, algumas criançasficam sem tratamento, ocasionando com isso nessas crianças incapacidades cognitivas além da perda da autonomia para promoverem seu autocuidado gerando o sofrimento familiar, existindo ainda a preocupação sobre o futuro destas, já que serão dependentes. Só recentemente o Autismo passou a aparecer oficialmente na agenda política de saúde, com a aprovação da Lei N. 12.764, de 27 de dezembro de 2012, que estabeleceu diretrizes para sua execução. A referida lei considera toda pessoa com transtorno do espectro autista (TEA) como deficiente, apesar das políticas de saúde existirem e estarem disponíveis a sociedade, ainda percebemos o grande déficit de atenção voltada para a área em estudo, principalmente no que tange o conhecimento do profissional do professor, outro agravante é o diagnostico tardio que pode gerar sérios prejuízos sem reversão, pois o tempo que se perde é significativo para criança que necessita de intervenções imediatas para sua possível melhora em sua qualidade de vida (BRASIL, 2013). 3 2021 Estima-se que 90% dos brasileiros com autismo não foram diagnosticados, obter o diagnostico diferencial no Brasil é uma problemática e uma das causas desse atraso é a falta de conhecimento dos sinais e sintomas do autismo e se conhecem desvalorizam e menosprezam, os sinais muitas vezes evidentes. Já nos estados unidos os pediatras são ensinados para identificar e diagnosticar precocemente o autismo pelo menos até os 03 anos, no Brasil o diagnostico em média é feito dos 05 aos 07 anos (SILVEIRA, 2013). Diante do exposto elaboramos a seguinte pergunta: O profissional de saúde encontra-se capacitado para detectar casos suspeitos de autismo no programa de crescimento e desenvolvimento da criança de 0 a 5 anos na Atenção Básica ou a melhor escolha seria a escola fazer esse rastreio e encaminhar para o profissional de saúde? 4 2021 3. PROFESSOR O interesse pelo Autismo Infantil tem sido crescente no Brasil, uma prova disso é o grande número de congressos, encontros e grupos de estudos que têm se dedicado a este assunto. Apesar de todas as dúvidas que cercam esta síndrome, cabe, neste momento, abordarmos conhecimentos fundamentais sobre suas características e procedimentos metodológicos utilizados em sala de aula. Os profissionais de saúde da atenção básica familiar muito pouco acompanha a criança. Já o professor tem contato diário com todos os sintomas da criança sem qualquer interferência que um setting terapêutico poderia camuflar o transtorno. Não é tirando a responsabilidade do medico ou psicólogo, mas evidencia-se que a escola é quem mais acompanha a criança e merece ser ouvida independente de qualquer outra coisa. A colaboração também dos pais no histórico escolar do aluno deve ser reconhecida pela escola e a mesma deve auxiliar a família a desempenhar o seu papel na educação e evolução de seus filhos. Escola e família são duas instituições fundamentais para a evolução física, intelectual e social da pessoa. 5 2021 4. ENTENDENDO O AUTISMO O termo AUTISMO tem origem da palavra grega (autos) que quer dizer por si mesmo e foi criado pelo psiquiatra Eugen Bleuler, em 1911, o primeiro a difundir o termo para caracterizar a pessoa com grande dificuldade ou impossibilidade de comunicação, que não tinha distinção da realidade e apresentava dificuldade em se relacionar com os demais, o que definiu o autismo como uns dos sintomas da esquizofrenia (GADIA; TUCHMAN; ROTTA, 2004, p.83) e (MENALI, 2015, p.14). Os primeiros estudos sobre o Autismo que se tem registro, foram publicados pelo médico psiquiatra austríaco Leo Kanner (1943), e o austríaco Hans Asperger (1944), observando o comportamento de crianças que atendiam, uma inabilidade interpessoal e incapacidade de estabelecer relações de maneira normal com as pessoas e na fase inicial de suas vidas. Para Baptista e Bosa (2002) tanto Kanner quanto Asperger empregaram o termo para chamar a atenção sobre a qualidade do comportamento social que perpassa a simples questão de isolamento físico, timidez ou rejeição do contato humano, mas se caracteriza, sobretudo, pela dificuldade em manter contato afetivo e recíproco. As síndromes autísticas e a de Asperger são síndromes originadas de alterações precoces e fundamentais no processo de socialização, levando a uma cascata de impactos no desenvolvimento da atividade e adaptação, da comunicação e imaginação sociais, entre outros comprometimentos. Muitas áreas do funcionamento cognitivo estão frequentemente preservadas e, às vezes, os indivíduos com essas condições exibem habilidades surpreendentes e até prodigiosas. (KLIN, 2006, p.10). O Autismo é definido por Mello (2007), como um desenvolvimento anormal caracterizado por alterações presentes desde idade muito precoce, geralmente antes dos três anos de idade, com impacto múltiplo e variável em áreas nobres do desenvolvimento humano afetando a comunicação, interação social, aprendizado e capacidade de adaptação. 6 2021 Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5): O transtorno do espectro autista caracteriza-se por déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, incluindo déficits na reciprocidade social, em comportamentos não verbais de comunicação usados para interação social e em habilidades para desenvolver, manter e compreender relacionamentos. Além dos déficits na comunicação social, o diagnóstico do transtorno do espectro autista requer a presença de padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. Considerando que os sintomas mudam com o desenvolvimento, podendo ser mascarados por mecanismos compensatórios, os critérios diagnósticos podem ser preenchidos com base em informações retrospectivas, embora a apresentação atual deva causar prejuízo significativo” (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014 p.75). O autismo é um transtorno que afeta toda a família, pois a criança autista, dependo do grau do acometimento, demanda muitas vezes dedicação exclusiva de seu cuidador ou educador. 4.1. Causas As causas do autismo são desconhecidas, para Mello (2007), podem estar relacionadas a fatos ocorridos durante a gestação ou no momento do parto. Acredita-se que esteja em anormalidades em alguma parte do cérebro ainda não definida de forma conclusiva e, provavelmente, de origem genética. Martins (2010), também afirma que tanto os genes como fatores ambientais estiveram correlacionados com muitos casos diagnosticados. 5.2. Diagnóstico O transtorno do espectro autista somente é diagnosticado quando os déficits característicos de comunicação social são acompanhados por comportamentos excessivamente repetitivos, interesses restritos insistência nas mesmas coisas (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014). Mello (2007) complementa que o diagnóstico de autismo é feito basicamente através da avaliação do quadro clínico e que não existem testes laboratoriais específicos para a detecção do 7 2021 autismo. Por ser um diagnóstico difícil e complexo de se concluir, as crianças com sinais sugestivos de TEA, devem ser encaminhadas a uma equipe de profissionais da saúde para avaliar criteriosamente as habilidades da criança incluindo os perfis de desenvolvimento, cognição, comunicação, sensorialidade, motricidade e comportamento. De um modo geral, as manifestações comportamentais de uma criança autista, são: Isolamento social; Hiperatividade; Não possui o contato visual; Possui movimentos estereotipados e repetitivos; Usa objetos de forma incomum; Usa as pessoas como ferramenta; Distúrbios sensoriais, e entre outros. O TEA é uma subclassificação do transtorno do neurodesenvolvimento onde engloba outros transtornos como: o transtorno de Asperger, o transtorno desintegrativo da infância, otranstorno de Rett e o transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação da American Psychiatric Association, (2014, p.853). Ele é caracterizado em 3 níveis centrais (descritos no quadro 1), por déficits em dois domínios centrais: 1) déficits na comunicação social e interação social e; 2) padrões repetitivos e restritos de comportamento, interesses e atividades. Os níveis de gravidade do transtorno são avaliados de acordo com a comunicação social e o comportamento restritivo e repetitivo que o indivíduo apresenta, veja no quadro 01: Quadro 01 - Níveis de gravidade para transtorno do espectro autista Nível de gravidade Comunicação social Comportamento restrito e repetitivo Nível 3 “Exigindo apoio muito substancial” Déficits graves nas habilidades de comunicação social verbal e não verbal causam prejuízos graves de funcionamento, grande limitação em dar início a interações sociais e resposta mínima a aberturas sociais que partem de outros. Inflexibilidade de comportamento, extrema dificuldade em lidar com a mudança ou outros comportamentos restritos/repetitivos interferem acentuadamente no funcionamento em todas as esferas. Grande 8 2021 sofrimento/dificuldade para mudar o foco ou as ações. Nível 2 “Exigindo apoio substancial” Déficits graves nas habilidades de comunicação social verbal e não verbal; prejuízos sociais aparentes mesmo na presença de apoio; limitação em dar início a interações sociais e resposta reduzida ou anormal a aberturas sociais que partem de outros. Inflexibilidade do comportamento, dificuldade de lidar com a mudança ou outros comportamentos restritos/repetitivos aparecem com frequência. Sofrimento e/ou dificuldade de mudar o foco ou as ações. Nível 1 “Exigindo apoio Na ausência de apoio, déficits na comunicação social causam prejuízos notáveis. Dificuldade para iniciar interações sociais e exemplos claros de respostas atípicas ou sem sucesso a aberturas sociais dos outros. Pode parecer apresentar interesse reduzido por interações sociais. Inflexibilidade de comportamento causa interferência significativa no funcionamento em um ou mais contextos. Dificuldade em trocar de atividade. Problemas para organização e planejamento são obstáculos à independência. 9 2021 5. INCLUSÃO ESCOLAR A inclusão escolar, na postura de protótipo educacional objetiva a implantação de uma escola acolhedora, livre de critérios ou exigências de qualquer natureza, nem formas de seleção ou discriminação para a entrada e a existência de todos os alunos (ALVES, BARBOSA, 2006). Segundo Brasil (2005), as escolas predispostas a integrar consistem em uma forma mais eficaz de combate às atitudes discriminatórias, criando e construindo uma sociedade acolhedora e inclusiva fornecendo educação para todos, além de propiciarem uma educação satisfatória à maioria das crianças, melhorando a eficácia e a relação custo- benefício do sistema educacional. Para Nassar (2009, p. 113) “Incluir é compreender, inserir, introduzir, fazer parte; ao realizarmos a inclusão, estamos todos fazendo parte de um mesmo movimento o da igualdade social. ” A desmedida desigualdade social no Brasil precisa ser refutada e a igualdade deve guiar toda ação política que possa interessar em combatê-la (KUPFER, 2005). Legitima-se que a dificuldade encontrada pelos sistemas de ensino pode tornar evidente a primordialidade de enfrentar as condutas discriminatórias e gerar possibilidades para a superação das mesmas, a educação inclusiva alcança o espaço central na discussão da sociedade moderna e do papel da escola no domínio da dialética da exclusão (BRASIL, 2008). O trabalho desenvolvido pela educação inclusiva reflete na ideia de que esse trabalho é a resposta para qualquer escola, porque incita a educação a se desenvolver para ser capaz de acolher as diversidades de todas as crianças (MONTELLANO et al., 2009). Conforme Kupfer (2005) quando se fala de inclusão escolar remete-se involuntariamente a igualdade e diferença, em um momento preza-se pela igualdade e em outro as suas diferenças, tal conflito chega à sala de aula onde a professora não sabe de qual lado se encontra, a situação piora quando esta tem diante de si uma criança com um distúrbio e que não se resigna às regras. 10 2021 A inclusão escolar inicia-se na educação infantil, onde a estruturação de desenvolvimento e conhecimento são expandidas como base indispensável e quando se trata da educação de jovens e adultos essa é mantida como uma extensão das chances de escolarização, bem como mercado de trabalho (BRASIL, 2008). Para Marchesi (2004) a conceituação de escola inclusiva se concebe como uma forma extrema de compreender a reposta educativa às diferenças dos alunos e no amparo aos seus direitos à integralização e na necessidade da transformação das escolas, para que possibilite a qualidade da educação, sem exclusão. A escola comum pode ser considerada inclusiva quando ela considera a diversidade do aluno diante o método educativo e procura fazer com que todos participem e evoluam de acordo com os novos mecanismos pedagógicos. Sabe- se que tal mudança não acontece instantaneamente, pois tais mudanças transcendem às salas de aula e a escola (ROPOLI et al., 2010). A inclusão implica dedicação para que se reestruture as condições atuais em que a maioria das escolas se encontram, ao reconheceram que as dificuldades não giram somente em torno dos alunos, mas também de como o ensino é ministrado e de como a aprendizagem é formada e avaliada (MANTOAN, 2003). Para que as demandas de integrar o aluno com necessidade especial sejam atendidas, faz-se necessário uma reformulação da escola regular, dessa maneira o aluno seria transferido da escola especial para a escola regular reformulada e capaz de recebe-lo e integrá-lo (MARCHESI, 2004). Afim de que a escola comum inclusiva se concretize torna-se necessário o desenvolvimento de novas concepções, bem como o redirecionamento das práticas pedagógicas que sejam adaptáveis a inclusão (BRASIL, 2010) 5.1. Políticas públicas para inclusão social Quando se fala em inclusão, o sentido é muito intenso, não se limita somente à escola, mas refere-se a toda área que uma pessoa ocupa, seja escolar, profissional, pessoal ou social. (OLIVEIRA, 2008). O Decreto federal nº 3.956/2001 (BRASIL, 2001), com base na Convenção Interamericana para a 11 2021 Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, declara que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que as demais pessoas, definindo como discriminação com base na deficiência, toda diferenciação ou exclusão que possa impedir ou anular o exercício dos direitos humanos e de suas liberdades fundamentais. Esse Decreto tem importante repercussão na educação, exigindo uma reinterpretação da educação especial, compreendida no contexto da diferenciação adotada para promover a eliminação das barreiras que impedem o acesso à escolarização. Quando se pensa em termos de inclusão, é comum a ideia de simplesmente colocar uma criança que tem autismo em uma escola regular, esperando assim que ela comece a imitar as crianças normais, e não crianças iguais a ela ou crianças que apresentam quadros mais graves. Podemos dizer, inicialmente, que a criança com autismo, quando pequena, raramente imita outras crianças, passando a fazer isto apenas após começar a desenvolver a consciência dela mesma, isto é, quando começa a perceber relações de causa e efeito do ambiente em relação a suas próprias ações e vice-versa. (MELLO,2007, p.41). A Lei Federal 12.764/2012 (BRASIL, 2012) institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista dentre outros direitos, dá acesso à educação e ao ensino profissionalizante [...]também determina que o gestor escolar, ou autoridade competente, que recusar a matrícula de aluno com transtorno do espectro autista, ou qualquer outro tipo de deficiência, será punido com multa, e em caso de reincidência deverá haver a perda do cargo. Apesar da existência da legislação, a falta de profissionais qualificados e informados sobre este assunto ainda é um fator que impede que a lei possa ser cumprida e impede essa interação social aos portadores do TEA. Para que haja a inclusão social para todos, é preciso mudar a forma de pensar e agir, respeitando o outro como ele é, observando as diferenças e o tempo de aprendizagem de cada ser (OLIVEIRA, 2008, p.43). 12 2021 Como o ambiente escolar é lugar de formação de indivíduos para a vida, não se deve esquecer que crianças especiais e, também, aquelas que possuem certos déficits de aprendizagem, como os alunos de salas de recursos, também necessitam de uma metodologia que lhe seja capaz de transmitir conhecimentos, pois, como estão em um ambiente diverso, cabe ao professor ser o mediador de um conteúdo propício a todos. (PELIN, 2013, p.23). A inclusão só é de fato verdadeira quando o indivíduo é tratado como um ser único, para que suas necessidades sejam atendidas evitando a generalização ou a padronização de métodos de ensino-aprendizagem. A escola para ser inclusiva precisa se adaptar a todos os alunos, não só ao especial, reestruturando sua organização escolar e pedagógica para que cada aluno faça parte da instituição, receba um atendimento especializado e de qualidade para que possa estudar e viver socialmente. Contudo, quando ocorre apenas o processo de integração ao aluno especial possibilita-se a inserção em uma sala de aula onde irá interagir com os demais, participando das aulas, cumprindo seu “dever” de aluno, mas a escola não muda a sua estrutura para que isso aconteça; simplesmente o aluno com necessidades especiais será tratado como igual a todas outras crianças (MARTINS, 2011, p.13). 13 2021 6. CONSIDERAÇOES FINAIS Com base nas informações coletada, fica evidente que a formação de professores é essencial para que a educação inclusiva ocorra de modo efetivo e adequado. Entender e suprir as necessidades educacionais especiais de pessoas com deficiência é garantir um direito legal. Há uma diversidade de falas e saberes que precisam ser trabalhados no cotidiano escolar para que os profissionais se apropriem do saber e tornem suas atividades mais próximas do que se deseja, a inclusão escolar. Mediante os resultados observados e analisados, constatou-se que, para haver de fato uma aprendizagem significativa, é necessário desenvolver programas de formação continuada, que qualifiquem os professores e outros profissionais para trabalharem na Educação Inclusiva, contribuindo, assim, para a melhoria da qualidade do ensino. Trata-se de um processo, o que significa entender, que terá um caminho a ser percorrido para que o mesmo esteja em efetivação com segurança. Estamos neste momento, e a formação docente, sendo colocada como uma preocupação materializada em ações concretas, consequentemente, trará efeitos para uma prática educativa que contemple todas as crianças. Para que a inclusão aconteça, apenas a criação da lei que dá direitos igualitários de benefícios e programas sociais, não será válida, se não capacitarem profissionais para atenderem as necessidades desses indivíduos. A inclusão educacional não deve ser apenas dada por leis e modismos. A inclusão é direito da criança e dever do Estado, visto que a educação é um direito de todos. Todos os direitos que o portador de necessidade especial conquistou, e vem conquistando, é uma luta árdua que já vem sido trabalhada há muito tempo (MENALI, 2015, p.25). Assim como o indivíduo autista precisa do convívio social, também necessita de atendimento diferenciado, pois possuem limitações acentuadas de acordo com sua particularidade.
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