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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - UFMG Relatório 7 - Síntese de Corantes: Obtenção da p-Nitro-Acetanilida Carlos Eduardo Costa Dos Santos Lara Raquel Silva Maria Luiza Martins Rodrigues Vinícius Costa Cruz QUI210 - Diurno Belo Horizonte, 02 de fevereiro 2021 1. Introdução teórica Os hidrocarbonetos aromáticos são conhecidos, em geral, como arenos. Os arenos são simbolizados por ArH, tal como os alcanos são por RH. As reações mais características dos arenos benzenóides são as reações de substituição que ocorrem quando reagem com reagentes eletrofílicos. Os eletrófilos são reagentes que procuram elétrons de modo alcançar uma camada de valência estável como a de um gás nobre. Para a obtenção da P-nitroacetanilida o eletrófilo será íon nitrônio. Fonte: autor Como dito, as reações de substituição são reações importantes para compostos aromáticos e dentre elas destaca-se as reações de substituição eletrofílica, uma vez que, por meio desta reação será obtido o produto desta prática. Estas reações são caracterizadas pela adição de um eletrófilo ao anel aromático, com posterior eliminação de um próton, levando ao produto substituído. Dentre as reações de substituição eletrofílica aromática, tem-se a reação de nitração. O método mais comum para a nitração aromática é através da reação entre um substrato aromático e o ácido nítrico em vários meios: ácido, orgânico ou aquoso. Em qualquer destes meios parece indiscutível a participação do íon NO2+ como principal agente nitrante. Fonte: https://sites.google.com/site/scientiaestpotentiaplus/concentracao-de-acido-nitrico-com-acido-sulfurico https://sites.google.com/site/scientiaestpotentiaplus/concentracao-de-acido-nitrico-com-acido-sulfurico A nitração do anel aromático desativa o anel, dificultando novas nitrações, em uma reação que é irreversível e cujos produtos são facilmente separados e analisados. A reação de nitração geralmente ocorre sem isomerização, o que permite identificar as proporções entre os isômeros orto, meta e para formados. Estes aspectos simplificam o estudo experimental desta reação. 2. Objetivos Obter a p-Nitro-Acetanilida através de uma reação de nitração, a partir da Acetanilida sintetizada anteriormente. 3. Materiais e reagentes Bacia com gelo (1); provetas (2); erlenmeyer de 250 mL (3); termômetro (4); béqueres (5); bastão de vidro (6); espátula (7); mufa (8); garra (9); suporte universal (10); vidro de relógio (11); funil de Buchner (12); kitasato (13); trompas para filtração a vácuo. Figura 1 - Materiais necessários para os procedimentos Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=JbqCN99ltk8&feature=youtu.be Acetanilida (14); ácido sulfúrico concentrado (15); ácido acético glacial (16); ácido nítrico concentrado (17); gelo pilado. Figura 2 - Reagentes utilizados. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=JbqCN99ltk8&feature=youtu.be 4. Métodos a) Preparação Em um erlenmeyer de 250 mL previamente seco, foram pesados, com o auxílio da espátula, 5g de acetanilida seca obtida na aula anterior e já foram adicionados 6 mL, medido em uma proveta, de ácido acético glacial. Após a adição, o erlenmeyer contendo a acetanilida e ácido acético glacial foi agitado, de modo a obter uma suspensão. Em seguida, com auxílio de uma proveta, foram adicionados, lentamente e sob agitação, 13 mL de ácido sulfúrico concentrado à suspensão. Assim, com a obtenção da mistura homogênea, ela foi deixada em repouso no banho de gelo, a fim de atingir 0-2 °C, como mostra a figura 3. Ainda foi adicionado um pouco de cloreto de sódio para diminuir ainda mais a temperatura. Figura 3 - Resfriamento e repouso da mistura homogênea Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=JbqCN99ltk8&feature=youtu.be Após, foram adicionados a um erlenmeyer, com auxílio de uma proveta, 3 mL de ácido nítrico concentrado, seguido de 2 mL de ácido sulfúrico concentrado no mesmo erlenmeyer. Então, essa mistura de ácidos foi submetida ao banho de gelo (Figura 4). Em seguida, essa mistura foi adicionada lentamente e sob agitação, ao frasco contendo a solução de acetanilida. Essa adição foi feita em temperatura menor que 10 °C, necessário para o meio reacional e após a adição, a mistura foi deixada em repouso na temperatura ambiente por 60 minutos. Figura 4 - Resfriamento da mistura de ácido nítrico concentrado e ácido sulfúrico concentrado Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=JbqCN99ltk8&feature=youtu.be b) Elaboração Após a reação se completar, a mistura obtida foi derramada, com agitação, sobre um béquer contendo 60 mL de gelo pilado e água. Assim, a mistura foi deixada em repouso por 10 minutos e em seguida filtrado, os precipitados formados, em funil de Buchner. Foram lavados os precipitados restantes no béquer e o sólido no funil com água gelada, para remoção do resíduo ácido. A montagem do sistema de filtração a vácuo foi efetuada como ilustrado na Figura 5. Com auxílio de uma espátula, todo o sólido filtrado a vácuo foi transferido para um vidro de relógio e pesado em uma balança analítica previamente tarada. Figura 5 - Esquema ilustrativo do sistema de filtração à vácuo Fonte: material de apoio 5. Resultados Figura 6 - Sólido de para-nitroacetanilida Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=JbqCN99ltk8&feature=youtu.be 6. Discussão A etapa de preparação na obtenção da p-nitroacetanilida requer cuidados especiais: adição controlada de reagentes e baixas temperaturas; evitando a aparição de subprodutos indesejáveis como os produtos dinitrados no meio reacional, além da possível decomposição dos reagentes envolvidos. Ao Erlenmeyer contendo a acetanilida o ácido acético glacial, outrora usado como catalisador, é adicionado para evitar que ocorra a desacetilação do grupo acetamido frente ao ácido sulfúrico adicionado logo em seguida. Nesse momento, a solução deve ser mantida a baixas temperaturas (abaixo de 10°C, como descrito) para se evitar uma reação muito vigorosa quando a mistura nitrante é adicionada. O cloreto de sódio é adicionado ao gelo do banho (figura 7) pois se trata de um composto iônico não volátil que interage com as moléculas de água do gelo diminuindo seu ponto de solidificação. Assim, ocorre uma reação endotérmica que absorve calor do meio, resfriando mais rapidamente o que estiver imerso ou ao redor dele. Figura 7 - Adição de cloreto de sódio ao banho de gelo Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=JbqCN99ltk8&feature=youtu.be Em outro Erlenmeyer, a mistura nitrante (ácido nítrico + ácido sulfúrico) que, posteriormente, é vertida sob a solução de acetanilida, gera o íon nitrônio de acordo com a reação representada na figura 8. Figura 8 – Mecanismo da formação do íon nitrônio Fonte: autoral Existem dois ácidos fortes envolvidos nessa reação ácido base, no entanto o ácido sulfúrico possui um caráter mais ácido, agindo propriamente como ácido da reação, enquanto o ácido nítrico atua como a base. O par de elétrons do oxigênio do ácido nítrico captura o H ácido do ácido sulfúrico enquanto o par de elétrons da ligação O-H migram para o átomo de oxigênio. Acontece então a perda do ânion hidrogenosulfato e a formação do ácido nítrico protonado que possui um bom grupo abandonador. O par de elétrons do oxigênio forma uma ligação π com o átomo de nitrogênio e o par de elétrons da ligação N-O vão migrar para o átomo de oxigênio. Uma molécula de água é perdida e o íon nitrônio é gerado sendo um excelente eletrófilo: nitrogênio com carga positiva entre dois átomos eletronegativos (oxigênio). . Após o preparo e resfriamento de ambas as misturas separadamente, a solução nitrante é vertida sobre a mistura de acetanilida, nessa ordem necessariamente, pois a concentração do íon nitrônio deve ser a menor possível. Caso contrário, em altas concentrações do eletrófilo uma reação muito rigorosa pode acontecer, ocasionando na dinitração da acetanilida como um subproduto indesejado. Além disso, deve-se manter as baixas temperaturas, uma vez que se trata de uma reação altamente exotérmica. A reação segue o mecanismo representadona figura 9 Figura 9 – Mecanismo da reação de substituição eletrofílica aromática Fonte: autoral A acetanilida possui o grupo acetamido que é um doador de densidade para o anel aromático e orienta as posições de entrada do eletrófilo na posição orto e para (figura 10). Figura 10 – Acetanilida Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Acetanilida Como o grupo acetamido é demasiado volumoso, as posições orto estão mais impedidas, direcionando a substituição na posição para. A etapa lenta da reação corresponde a quebra da aromaticidade do anel: o par de elétrons da ligação π ataca o nitrogênio eletrofílico. Assim o grupo NO2 se adiciona ao anel agregando uma carga a ele. A carga positiva do anel aromático vai estar em ressonância, parando exatamente no carbono ligado ao átomo de nitrogênio. A estrutura é bem favorecida, uma vez que o par de elétrons do nitrogênio pode transferir a ressonância para um grupo externo ao anel. A aromatização do anel retorna acontece agora, quando qualquer nucleófilo no meio pode remover o próton. Assim que ele for removido o anel aromático, uma espécie muito estável, será formada. A água existente no meio atuará como nucleófilo, retirando o hidrogênio do anel e propiciando a aromatização do anel. Assim é formada a p-nitroacetanilida. . Na etapa de elaboração a nova solução deve ser mantida a baixas temperaturas o que facilita a precipitação da p-nitroacetanilida que é insolúvel em água gelada. O processo de filtração a vácuo envolve várias lavagens com água fria, mais uma vez controlando a temperatura de precipitação da p-nitroacetanilida, além de remover demais contaminantes ácidos que estavam no meio reacional. 7. Conclusão Foi possível produzir p-nitroacetanilida a partir de acetanilida através de uma reação de substituição eletrofílica aromática, realizando a nitração da acetanilida. As etapas da reação saíram como o esperado, bem como o produto final, um sólido amarelo pálido evidenciando a formação da p-nitroacetanilida. 8. Referências bibliográficas 1.JUNIOR, J.N.S. Síntese da p-nitro-acetanilida. Fundação Edson Queiroz. CCS Ciências farmacêuticas. 2.SOLOMONS, T.W.GRAHAM. Química Orgânica volume 1. 10 edição. Rio de Janeiro: LTC, 2012. 616p. 3.CARDOSO, S.P. CARNEIRO, J.W.M. Nitração aromática: substituição eletrofílica ou reação de transferência de elétrons? Química Nova Vol.24no.3 São Paulo. Maio Junho de 2001
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