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Relatório 8 - Síntese do corante Magneson II e tingimento do tecido com o corante vermelho de Monolite

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DEPARTAMENTO DE QUÍMICA – ICEx – UFMG
QUI031 – Química Orgânica Experimental
CURSO PRÁTICO REMOTO – 1º SEMESTRE DE 2020
Título da Prática: Síntese de Corantes e Emprego no Tingimento de Tecidos – Síntese do corante Magneson II e tingimento do tecido com o corante vermelho de Monolite.
RELATÓRIO
1) Objetivos
· Ilustrar experimentalmente uma sequência de síntese orgânica;
· Obter um composto de interesse industrial a partir de um composto orgânico simples comercialmente disponível.
2) Reações envolvidas na prática/técnicas de laboratório utilizadas.
Síntese Orgânica
É a área da química orgânica que se ocupa com a criação de moléculas orgânicas complexas a partir de moléculas mais simples, por meio de reações químicas sucessivas.
Compostos aromáticos - Benzeno
O benzeno foi isolado pela primeira vez em 1825, por Michael Faraday, através do aquecimento de óleo de baleia com objetivo de produzir gás para iluminação de edifícios. Em 1834, sua fórmula molecular foi determinada. Faz parte da classe de compostos aromáticos, assim denominados inicialmente devido ao seu aroma agradável, mas essa classificação atualmente está relacionada a estrutura dos compostos.
O benzeno é uma substância composta por seis átomos de carbono e seis átomos de hidrogênio, dispostos em uma estrutura cíclica e planar, com uma nuvem de elétrons deslocalizados acima e abaixo do plano do anel. Todas as ligações possuem o mesmo comprimento, sendo este, um valor intermediário entre o comprimento de uma dupla ligação em típica em hidrocarbonetos alifáticos e o comprimento de uma ligação simples típica em hidrocarbonetos alifáticos. É uma substância particularmente estável, devido a sua alta energia de ressonância. Sendo assim, reações envolvendo o benzeno necessitam de condições mais específicas, como por exemplo, elevadas condições de temperatura e/ou pressão e a presença de catalisadores de reação.
A presença de elétrons deslocalizados indica que o benzeno é um nucleófilo, e que reagirá com um eletrófilo. A ligação do eletrófilo ao benzeno, gera a formação de um carbocátion intermediário. Após a formação do intermediário, este perde o próton do sítio do ataque eletrofílico e a aromaticidade é restaurada. Essa reação é chamada de Substituição eletrofílica aromática e ocorre em duas etapas. Na primeira, ocorre a reação do benzeno com o eletrófilo e formação do intermediário, essa etapa é lenta. Na segunda, ocorre a retirada do próton por uma base, e é uma etapa rápida. A figura abaixo demonstra o mecanismo de substituição eletrofílica do benzeno.
Figura 1 – Mecanismo genérico de substituição eletrofílica aromática.
Fonte: Bruice, 2006.
Existem cinco reações de substituição aromática mais comuns, a saber: halogenação, nitração, sulfonação, acilação de Friedel-Crafts e alquilação de Friedel-Crafts. A figura abaixo, mostra os produtos obtidos através de cada reação.
Figura 2 – Reações de substituição eletrofílica aromática.
Fonte: Solomons & Fryhle, 2008.
	
Nitração
	A nitração do benzeno com ácido nítrico (HNO3) é catalisada por ácido sulfúrico (H2SO4). Para gerar o eletrófilo necessário, o ácido sulfúrico protona o ácido nítrico. Ocorre a liberação de água pelo ácido nítrico protonado, formando um íon nitrônio, o eletrófilo deste reação. A base que remove o próton, pode ser qualquer base presente na mistura reacional (H2O, HSO4- ou solvente). O mecanismo dessa reação é apresentado na figura abaixo.
Figura 3 – Mecanismo da reação de nitração.
Fonte: Solomons & Fryhle, 2008.
Redução de Substituinte Nitro
	Um substituinte amino pode ser gerado a partir da redução do substituinte nitro. Essa redução pode ocorrer, por exemplo, por hidrogenação catalítica, com a adição de H2, com catalisador de paládio, ou ainda por um metal (estanho, ferro ou zinco) e um ácido (HCl). Em condições ácidas, é necessário adicionar uma base para obter a anilina na sua forma básica. A figura abaixo, apresenta as reações de redução do nitrobenzeno em anilina.
Figura 4 – Duas das reações possíveis para redução do nitrobenzeno em anilina.
Fonte: Bruice, 2006.
Efeitos dos substituintes na reatividade
	Os substituintes podem tornar o anel mais ou menos reativo, dependendo da sua estrutura e irão orientar a posição em que o segundo substituinte será adicionado. A presença de substituintes capazes de doar elétrons ao anel benzênico e ajudar na estabilização do carbocátion intermediário e o estado de transição que o forma, aumentando a velocidade de substituição eletrofílica e são conhecidos como ativantes do anel. Por outro lado, a presença de substituintes retiradores de densidade eletrônica do anel benzênico prejudicarão a estabilização do carbocátion intermediário e o estado de transição que o forma, reduzindo a velocidade de substituição eletrofílica e são conhecidos como desativantes do anel benzênico. Os grupos ativantes orientam a inserção de novos substituintes nas posições orto (o) e para (p). Os grupos desativantes orientam a inserção de novos substituintes na posição meta. O grupo amino (-NH2) da anilina é um ativante muito poderoso do anel, logo, orienta a inserção de substituintes em orto e para.
Grupos de proteção e bloqueio – obtenção da acetanilida
	O grupo amino, assim como o grupo hidroxila, são ativantes muito bons e tornam o anel benzênico tão reativo, que podem ocorrer reações indesejadas, como por exemplo, provocam a oxidação do anel benzênico diante da presença de fortes agentes oxidantes, como o ácido nítrico. A nitração direta da anilina, que em teoria seria uma boa forma de obtenção de o-nitroanilina e p-nitroanilina, na prática, não é um bom método, pois ocorre uma destruição considerável do anel benzênico via oxidação por ácido nítrico. A solução para este problema, é utilizar os grupos protetores ou grupos de bloqueio, que são ativadores moderados, reduzindo-se assim, a possibilidade de reações secundárias indesejadas. 
Para o caso da anilina, tratá-la com anidrido acético (CH3CO)2O, cloreto de acetila (CH3COCl) ou ácido acético (CH3COOH) converte a anilina em acetanilida. O grupo amino é convertido no grupo acetamida que orienta principalmente na posição para, devido ao volume do grupo a posição orto não é favorecida (-NHCOCH3). A nitração da acetanilida fornece a p-nitroacetanilida com rendimento maior que 90% e, após a nitração, a hidrólise ácida (com ácido sulfúrico e calor, por exemplo) do composto remove o grupo acetila, gerando a p-nitroanilina, com um bom rendimento. A figura abaixo demonstra o processo de obtenção da p-nitroanilina através da anilina, passando pela sua conversão em acetanilida.
Figura 5 – Obtenção da para-nitroanilina através da anilina usando o grupo acetamida como como protetor.
Fonte: Solomons & Fryhle, 2008.
	Esta é uma reação envolvendo substâncias carboniladas. A reatividade desta classe de compostos está relacionada a polaridade do grupo carbonila: onde o oxigênio é mais eletronegativo que o carbono, sendo assim, o carbono da carbonila é um eletrófilo, e será atacado por um nucleófilo durante uma reação.
Reações de substituição nucleofílica acílica
	Quando um nucleófilo ataca o carbono da carbonila de um derivado de ácido carboxílico, a ligação π carbono-oxigênio é rompida e forma-se um intermediário tetraédrico pouco estável, pois o átomo recém-ligado ao carbono, é um átomo eletronegativo, assim como o oxigênio já presente. Diante disso, um par de elétrons livres no oxigênio da carbonila, refaz a ligação π e ocorre a saída do grupo abandonador. Este grupo de saída será a base mais fraca, pois a ligação da base mais fraca é mais facilmente rompida em relação a base mais forte. Essa reação é chamada de substituição nucleofílica acílica ou reação de transferência acílica. 
Obtenção de Sal de Arenodiazônio
Uma amina primária, como a anilina, pode ser convertida em sal de diazônio pelo tratamento com ácido nitroso (HNO2). Por ser instável, a geração do ácido nitroso ocorre in situ, utilizando-se uma solução aquosa de nitrito de sódio com ácido (HCl, por exemplo). O N2 é um grupo de saída muito bom, porisso, o sal de diazônio é sintetizado a 0 °C e utilizado imediatamente sem isolamento. Para gerar o eletrófilo necessário, o ácido clorídrico protona o ácido nitroso. Ocorre a liberação de água pelo ácido nitroso protonado, formando um íon nitrosônio, o eletrófilo deste reação. O íon nitrosônio aceita compartilhar o par de elétrons livres do nitrogênio amino. Uma base do sistema reacional, retira um próton do nitrogênio amino, formando a nitrosamina. Posteriormente, o par de elétrons livres do nitrogênio amino se desloca em direção à ligação N-N, formando uma dupla ligação e consequentemente ocorre a protonação do oxigênio, formando o derivado N-hidroxiazo protonado. Essa substância está em equilíbrio com a forma não protonada, que poder ser protonada no oxigênio ou reprotonada no nitrogênio. A protonação no oxigênio promove a eliminação de água formando-se o íon diazônio e depois, o cloreto de benzenodiazônio. O mecanismo para a reação de aminas com ácido nitroso é apresentado na figura a seguir.
Figura 6 – Mecanismo de formação do sal de arenodiazônio a partir de anilina e nitrito de sódio.
Fonte: Bruice, 2006.
	Essa reação deve ocorrer a 0 °C, porque íons arenodiazônio são instáveis em temperaturas mais altas, podendo haver, neste caso, a liberação de gás nitrogênio (N2).
Íon Arenodiazônio como eletrófilo
	Íons arenodiazônio podem ser utilizados como eletrófilo em reações de substituição eletrofílica em aromáticos, desde que essas reações sejam realizadas abaixo da temperatura ambiente e próximo de 0 °C. Para que a reação de substituição aromática ocorra com este íon como eletrófilo, o nucleófilo deve ser um anel benzênico altamente ativado, como por exemplo, derivados de fenóis ou anilinas. O produto obtido é uma substância azo, isto é, com a presença da ligação (N=N). Como o eletrófilo é bastante volumoso, a substituição ocorre preferencialmente na posição para, devido ao menor impedimento estérico. O mecanismo desta reação é semelhante ao de qualquer reação de substituição eletrofílica aromática.
	Caso o nucleófilo desta reação seja um dos isômeros do naftol (naftalen-1-ol ou naftalen-2-ol) haverá a formação de dois azocorantes de grande importância: o Magneson II, para a reação do íon arenodiazônio com o naftalen-1-ol, e o Vermelho de Monolite, para a reação do íon arenodiazônio com o naftalen-2-ol. As figuras abaixo apresentam as estruturas do cloreto de p-nitrobenzenodiazônio, do naftalen-1-ol, do naftalen-2-ol, do Magneson II e do Vermelho de Monolite.
Figura 7 – Estrutura do cloreto de para-nitrobenzenodiazônio.
Fonte: Roteiro da aula prática, 2020.
Figura 8 – Estrutura do naftalen-1-ol (a) e do naftalen-2-ol (b).
(a)
(b)
Fonte: Merck, 2020.
Figura 9 – Estrutura do Magneson II.
Fonte: Roteiro da aula prática, 2020.
Figura 10 – Estrutura do Vermelho de Monolite.
Fonte: Roteiro da aula prática, 2020.
Corantes orgânicos são substâncias com grande aplicação industrial e têm por mecanismo de ação, a fixação em materiais com objetivo de conferir cor. Sendo assim, são compostos que absorvem energia na região visível do espectro eletromagnético, entre 400 e 700 nm de comprimento de onda (4,3 a 7,5 *1014 Hz de frequência), região de absorção típica de compostos possuidores de longos sistemas π-conjugados, isto é, sistemas que possuem deslocalização eletrônica na cadeia, causadas pela presença de duplas ligações ocorrendo alternadas às ligações simples. Os sistemas π-conjugados apresentam uma sequência de carbonos com hibridização sp2. Esses três orbitais híbridos apresentam a mesma energia, sendo esta, menor que a energia do orbital p remanescente que não passou por hibridização e é denominado, orbital p-puro. Os orbitais sp2 interagem frontalmente com outros orbitais sobrepondo-se efetivamente e formando ligações σ, enquanto o orbital p remanescente interage lateralmente com outro orbital p-puro, formando ligação π.
Dentre as aplicações de corantes orgânicos têm-se, por exemplo, uso nas indústrias têxteis, alimentos, papéis, cosméticos, plásticos, tintas etc. Os corantes derivados de anilina são especialmente importantes e utilizados amplamente nas indústrias madeireira e têxtil.
3) 
Metodologia.
Materiais
Béqueres, provetas, bastão de vidro, termômetro, vidro de relógio, funil de Büchner, kitassato, espátulas, suporte universal, garras, mufas, papel de filtro, trompas para filtração a vácuo e espátula, chapa de aquecimento, panela (com gelo) e papel de pH.
Reagentes
2-Naftol, p-nitroanilina, ácido clorídrico (HCl), nitrito de sódio (NaNO2), 1-naftol, cloreto de sódio, solução aquosa hidróxido de sódio (NaOH) a 40%, hidróxido de sódio sólido.
Procedimentos
Preparação do tecido a ser tingido
Colocou-se o béquer na balança, tarou-se e pesou-se 0,25 g de 2-naftol no recipiente.
Adicionou-se, gota a gota, a solução de NaOH até a dissolução do sólido.
Os cristais de 2-naftol foram macerados e, com uma proveta, adicionou-se 50 mL de água destilada ao béquer.
0
O tecido foi embebido com a solução aquosa de 2-naftol e colocado para secar, em local apropriado.
Obtenção do cloreto de p-nitro-benzenodiazônio
Colocou-se o vidro de relógio na balança, tarou-se, pesou-se 1,8 g de p-nitroanilina e transferiu-se para um béquer.
Na capela, mediu-se, em uma proveta, 3,6 mL de HCl concentrado.
Mediu-se, com uma proveta, 3,6 mL de água destilada e se adicionou ao mesmo béquer.
0
Adicionou-se o HCl ao béquer contendo p-nitroanilina e agitou-se para solubilizar o sólido.
A mistura foi aquecida, utilizando-se uma chapa de aquecimento até tornar-se homogênea. 
Pesou-se, em um béquer tarado, 11,7 g de gelo pilado, que foi juntado à mistura.
Colocou-se um béquer na balança, tarou-se, pesou-se 0,32 g de NaNO2.
Mediu-se, com auxílio de uma proveta, 5,4 mL de água destilada e adicionou-se ao NaNO2.
Os béqueres foram resfriados em banho de gelo, e a temperatura foi monitorada até o atingimento de 0-5 °C.
Adicionou-se, lentamente e sob agitação, a solução de NaNO2 ao béquer contendo p-nitroanilina, HCl e água.
.
A mistura (meio reacional) foi mantida em repouso no banho de gelo por 10 minutos.
Obtenção de Corante Magneson II
Colocou-se o béquer na balança, tarou-se e pesou-se 1,35 g de NaOH sólido.
Mediu-se, com uma proveta, 4,5 mL de água destilada e adicionou-se ao béquer contendo NaOH e agitou-se.
Colocou-se o béquer na balança, tarou-se e pesou-se 0,90 g de 1-naftol no recipiente.
Adicionou-se, lentamente e sob agitação, HCl concentrado à mistura contendo 1-naftol até observar o meio fortemente ácido por meio do papel de tornassol.
Verteu-se, lentamente e sob agitação, um dos béqueres contendo a suspensão de cloreto de p-nitro-benzenodiazônio na mistura contendo 1-naftol.
Adicionou-se a solução de NaOH ao béquer contendo 1-naftol e agitou-se.
A mistura foi resfriada em banho de gelo até a atingimento da temperatura de 5 °C.
A suspensão de cloreto de p-nitro-benzenodiazônio foi dividida em dois béqueres, que foram mantidos no gelo.
Após aparecimento da cor azul no papel de tornassol, interrompeu-se a adição de HCl e resfriou-se a mistura em banho de gelo.
Cortou-se o papel de filtro a ser colocado, de forma que não tocasse as paredes.
Iniciou-se a montagem do sistema de filtração à pressão reduzida.
Encaixou-se o funil de Büchner sobre o kitassato e conectou-se a mangueira da bomba de vácuo na saída do kitassato.
Lavou-se o béquer e o funil com água destilada fria e deixou-se o sólido escorrer bastante e secar ao ar.
Verteu-se o conteúdo do béquer no funil de Büchner.
Jogou-se água destilada fria no funil, de forma a fixar o papel de filtro e ligou-se a bomba de vácuo.
Retirou-se o papel de filtro com o produto e colocou-se em um vidro de relógio, previamente pesado.
Desligou-se a bomba e removeu-se a mangueira do kitassato.
Pesou-se o sólido, anotou-se o resultado e calculou-se o rendimento. Transferiu-se para um recipiente adequado.
Tingimento de tecido com o corante vermelho de monoliteEsperou-se a secagem do sólido, pesou-se, anotou-se o resultadoe calculou-se o rendimento. 
O sólido foi transferido para um recipiente adequado, que foi identificado e armazenado.
Lavou-se o erlenmeyer e o funil com água fria e deixou-se escorrer.
Retirou-se o papel de filtro com o produto e colocou-se em um vidro de relógio, previamente pesado.
Ligou-se a bomba de vácuo e verteu-se o conteúdo do erlenmeyer no funil de Büchner.
Retirou-se o tecido da suspensão e lavou-se com um pouco de água destilada e secou-se apropriadamente.
O tecido, previamente tratado com 2-naftol, foi mergulhado na suspensão diluída.
A suspensão de cloreto de p-nitro-benzenodiazônio foi diluída com cerca de 180 mL de água destilada.
0
4) Discussões.
Pesou-se o 2-naftol e macerou-se os cristais maiores. A maceração ocorreu com o objetivo de homogeneizar o sólido e permitir uma melhor dissolução deste. Quando se adicionou água destilada, formou-se uma suspensão e a adição da solução de hidróxido de sódio 40% permitiu a solubilização do 2-naftol no sistema. O tecido foi embebido na solução contendo o 2-naftol, de forma a absorver o álcool aromático e permitir o tingimento posteriormente, e a secagem ao ambiente foi promovida para retirada do excesso de solução.
Adicionou-se a p-nitroanilina sólida ao recipiente e quando se adicionou água destilada, formou-se uma suspensão, visto que o sólido é insolúvel neste meio. A adição de ácido clorídrico concentrado, promoveu a solubilização parcial da mistura. Para que ocorresse a solubilização total, promoveu-se o aquecimento na chapa sob agitação manual constante, obtendo-se desta forma, uma mistura homogênea entre os reagentes, percebida pelo escurecimento da solução de p-nitroanilina.
A adição de gelo pilado à mistura e o resfriamento do béquer em banho de gelo ocorreu com objetivo de reduzir a temperatura do meio reacional e permitir o obtenção do sal de arenodiazônio. A formação do cloreto de p-nitro-benzenodiazônio ocorre por meio do tratamento da p-nitroanilina com ácido nitroso (HNO2). Devido a instabilidade do HNO2, este é gerado e consumido no próprio meio reacional. A geração ocorre por meio da adição de nitrito de sódio, que reage com o HCl presente. Para este fim, ocorreu a preparação de uma solução aquosa de NaNO2 que foi pesado e dissolvido em água destilada. O béquer contendo a solução do sal, também foi colocado em banho de gelo. O consumo de HNO2 ocorre por meio da formação do íon nitrônio, que reage com a p-nitroanilina, ocorrendo a formação do sal de arenodiazônio.
A reação de síntese do cloreto de p-nitro-benzenodiazônio deve ocorrer em temperaturas próximas a 0 °C, devido a instabilidade do composto produzido, que deve ser utilizado imediatamente após a síntese, sem isolamento ou purificação, pois pode haver a decomposição do composto, por meio da saída de N2 . Quando a temperatura ideal é atingida, a solução de NaNO2 é adicionada ao meio reacional, lentamente (para evitar mudanças bruscas de temperatura) e sob agitação manual constante e mantém-se o meio reacional em banho de gelo por cerca de dez minutos (para permitir que a reação ocorra de forma efetiva). O mecanismo de formação do íon nitrosônio é apresentado abaixo.
Figura 11 – Mecanismo de formação do íon nitrosônio a partir do nitrito de sódio.
Na primeira etapa, o íon nitrito, base forte presente no sistema reacional, ataca o próton do ácido clorídrico, um ácido forte, formando-se o ácido nitroso e cloreto de sódio. Então, o ácido nitroso, atuando como base fraca frente ao ácido forte, ataca o próton de outra molécula de HCl e neste momento ocorre a saída de água e formação do íon nitrosônio, que será o eletrófilo na reação com a p-nitroanilina. O mecanismo de formação do sal de arenodiazônio é apresentado na figura abaixo.
Figura 12 – Mecanismo de formação do cloreto de p-nitro-benzenodiazônio.
Nesta etapa, átomo de nitrogênio da amina presente no composto aromático ataca o íon nitrosônio, formando uma ligação simples N-N e deixando este nitrogênio com três ligações, isto é, a amina encontra-se protonada. A base mais forte do sistema, que no caso é a água, ataca e retira o próton da amina, e resultando na formação do íon hidrônio. Então, o par de elétrons disponível após a saída do próton, aproxima-se da ligação N-N, aumentando a densidade eletrônica do nitrogênio ligado ao oxigênio e tornando um dos pares de elétrons da ligação dupla, mais disponível ao oxigênio, que é mais eletronegativo. 
A movimentação eletrônica e aumento da densidade eletrônica em torno do oxigênio permite o rompimento da ligação π N-O, que agora disponível, ataca um próton do ácido clorídrico, formando uma ligação O-H. O resultado desse arranjo, gera novamente a protonação do nitrogênio ligado ao anel aromático, pois o par de elétrons disponível, foi compartilhado na formação da ligação azo. Novamente, a base mais forte disponível no sistema reacional, a água, ataca o próton do nitrogênio, retirando-o e formando-se, mais uma vez, o íon hidrônio e o derivado N-hidroxiazo. 
Um dos pares de elétrons disponíveis do oxigênio ataca o próton do ácido clorídrico, formando-se a hidroxila protonada na molécula. A protonação da hidroxila, a torna um bom grupo de saída, que abandona a molécula na forma de água. Com a saída do grupo abandonador, o par de elétrons disponível no nitrogênio ligado ao anel aromático se aproxima da dupla ligação e a ligação tripla é formada. Vale ressaltar que, o derivado N-hidroxiazo protonado está em equilíbrio com a forma não protonada, que poder ser protonada no oxigênio ou reprotonada no nitrogênio. A protonação no oxigênio promove a eliminação de água e ocorre a formação do o íon diazônio. 
Diante da necessidade de estabilização de carga, ocorre a aproximação do íon cloreto presente no meio reacional, formando-se o cloreto de p-nitro-benzenodiazônio. O produto obtido foi separado em dois recipientes, e mantidos em banho de gelo, para evitar a decomposição do sal.
O NaOH sólido foi pesado e adicionou-se água destilada, formando-se uma solução, que foi utilizada para dissolver o 1-naftol. A agitação manual foi necessária para que ocorresse a solubilização completa. Essa solução também foi resfriada em banho de gelo e quando a temperatura atingiu 5 °C, uma das soluções de cloreto de p-nitro-benzenodiazônio foi vertida, lentamente e sob agitação manual constante, no béquer contendo 1-naftol. Após a adição da suspensão contendo o sal, adicionou-se HCl concentrado a mistura, lentamente e sob agitação manual vigorosa.
Quando o 1-naftol entrou em contato com o hidróxido de sódio, ocorreu uma reação ácido-base, com o íon hidroxila atacando o próton do álcool e formando-se o íon alcóxido. Posteriormente, o cloreto de p-nitro-benzenodiazônio reage com o íon e forma-se o magneson II na forma básica. A adição de ácido clorídrico concentrado, provoca a protonação do íon, restituindo-se o corante na forma neutra. O mecanismo desta reação é mostrado a seguir. 
Figura 13 – Reação de formação do Magneson II.
A formação do azocorante ocorre por meio de uma reação de substituição eletrofílica aromática. A dupla ligação do anel aromático do 1-naftol desprotonado, ataca o nitrogênio positivo do íon arenodiazônio, ocorrendo a ligação entre o nitrogênio e o carbono para em relação à hidroxila. A aromaticidade do anel aromático é momentaneamente perdida, até que a base mais forte do sistema reacional, que no caso é o OH-, retira o próton no carbono aromático, e o par de elétrons migra para restituir a ligação e reestabelecer a aromaticidade do sistema. No 1-naftol, o grupo hidroxila é um ativante do anel aromático e orientador orto-para. Somente a posição para e uma das posições orto estavam disponíveis, mas devido ao impedimento estérico provocado pelo grupo OH, que seria muito grande na posição orto, a substituição em para gera um produto mais estável, e por isso, é a posição onde efetivamente a substituição ocorre. A reação do formação do íon alcóxido por meio da captura do próton da molécula de álcool pelo hidróxido de sódio, ocorreu para favorecer a reação e permitir que elaocorresse mais rapidamente. O íon alcóxido favorece a reação em comparação à hidroxila pois, devido ao seu excesso de densidade eletrônica, o íon arênio pode ser estabilizado por ressonância.
A adição de HCl concentrado no meio reacional serviu para neutralizar a carga da molécula, por meio da doação de um próton ao íon alcóxido, tornando o corante uma espécie neutra permitindo que o Magneson fosse obtido na sua forma “protonada”. Em seguida, a mistura foi colocada em banho de gelo, com objetivo de reduzir a temperatura para que ocorresse a precipitação total do azocorante, até que fosse filtrada à pressão reduzida, obtendo-se o maior rendimento possível. A mistura foi filtrada a vácuo e lavou-se o sólido com água fria com objetivo de retirar impurezas presentes neste. Deixou-se os cristais escorrerem no sistema de filtragem, com objetivo de reduzir a quantidade de água presente no sólido, reduzindo-se assim, o tempo de secagem. O sólido obtido apresenta coloração amarronzada.
A suspensão de cloreto de p-nitro-benzenodiazônio restante foi diluída em cerca de 180 mL de água e o tecido previamente embebido com 2-naftol, agora seco, foi mergulhado na suspensão contendo o sal de arenodiazônio, ocorrendo a formação do vermelho de monolite na superfície do pano. O tecido foi retirado, lavado com água destilada e posto para secar. Imediatamente após a imersão do tecido, este adquiriu uma coloração vermelho alaranjada intensa, indicando a formação do Vermelho de Monolite. A reação de formação do azocorante é mostrada na figura a seguir.
Figura 14 – Reação de formação do Vermelho de Monolite.
Novamente, a formação do azocorante ocorre por meio de uma reação de substituição eletrofílica aromática. A dupla ligação do anel aromático do 2-naftol ataca o nitrogênio positivo do íon arenodiazônio, ocorrendo a ligação entre o nitrogênio e o carbono para em relação à hidroxila. A aromaticidade do anel aromático é momentaneamente perdida, até que a base mais forte do sistema reacional, que no caso é o Cl-, retira o próton no carbono aromático, e o par de elétrons migra para restituir a ligação e reestabelecer a aromaticidade do sistema. No 2-naftol, o grupo hidroxila é um ativante do anel aromático e orientador orto-para. Neste caso, diferentemente do anterior, a posição em que a substituição ocorre efetivamente, é a posição orto pois a posição para está ocupada pela junção do segundo anel aromático. Essa reação ocorreu na superfície do tecido, que leva a uma maior fixação do corante e consequentemente da cor, sendo esta uma técnica bastante relevante, principalmente na indústria têxtil.
5) Conclusões.
Através deste experimento, foi possível obter o cloreto de p-nitro-benzenodiazônio, um intermediário da produção de azocorantes obtido por meio da reação da p-nitroanilina com nitrito de sódio em meio ácido, e este, foi utilizado para preparar o corante magneson II e realizar o tingimento de um tecido utilizando-se o corante vermelho de monolite. A obtenção desses corantes ocorreu por meio da reação de substituição eletrofílica aromática do sal de arenodiazônio com os isômeros do naftol. Assim, foi possível ilustrar todo o desenvolvimento de uma síntese orgânica, voltada para a obtenção de compostos importantes industrialmente, partindo a anilina, um composto comercial relativamente simples, e passando por diversos intermediários de síntese. 
6) Referências Bibliográficas.
BRUICE, P. Y. Química Orgânica Volume 1. 4ª Edição. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.
MERCK. 1-Naftol. Disponível em < https://www.merckmillipore.com/BR/pt/product/1-Naphthol,MDA_CHEM-822289>. Acesso em: 10 de out. de 2020.
MERCK. 2-Naftol. Disponível em < https://www.merckmillipore.com/BR/pt/product/2-Naphthol,MDA_CHEM-822290>. Acesso em: 10 de out. de 2020.
SOLOMONS, T. W. G.; FRYHLE, C.B. Química Orgânica Volumes 1 e 2. 7ª Edição. Rio de Janeiro: LTC, 2008.

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